Calendário Econômico Pine: Combinação pouco animadora
Calendário Econômico Pine: Um mix de conjuntura
1. Calendário Econômico Pine: Um mix de conjuntura
22 de Julho de 2013
BRASIL
Setor externo - junho
O déficit em transações correntes deverá ser menor em junho frente ao mês anterior
(próximo a -$4,5bi versus -$6,4bi), pouco maior que o déficit para o mesmo período de 2012.
A melhora mensal é explicada especialmente pela ampliação no saldo comercial, positivo em
$2,4 bilhões, seu melhor desempenho em 9 meses. Com isso, no acumulado em 12 meses, o
nível do déficit como proporção do PIB apresentaria certa estabilização, em -3,2%.
O investimento estrangeiro direto (IED) subiria de US$3,9 bi em maio para US$5,0 bi no mês
passado, mantendo o IED acumulado em 12 meses próximo a 2,8% do PIB (mesmo patamar há
18 meses); uma operação de compra por um fundo de private equity norte-americano
contribui positivamente para o número. Por fim, o investimento estrangeiro em carteira
(renda fixa e renda variável), que vem gradativamente sendo ampliado desde meados do ano
passado (ver abaixo), deve estabilizar-se em 1,1% do PIB no acumulado em 12 meses. Em
junho (até dia 20), nós observamos uma entrada líquida em renda fixa acima da saída líquida
em renda variável.
O cenário externo seguirá desafiando o modelo de crescimento brasileiro, com consequências
diretas sobre o balanço de pagamentos por conta da necessidade crescente de financiamento
da conte corrente por meio do fluxo financeiro e de capitais. Por um lado, a desaceleração da
economia chinesa sugere recuperações limitadas das exportações de bens (tanto quantum
quanto preço) e serviços, o que se traduz na deterioração do saldo comercial via contenção
dos preços de nossas exportações. De fato, trabalhamos com um déficit em conta corrente de
US$85 bilhões nesse ano. Por outro lado, a perspectiva de redução dos estímulos monetários
nos EUA tende a reduzir a atratividade dos nossos ativos vis-à-vis os denominados em dólar.
Além da redução do QE3, vale lembrar que estamos mais próximos da elevação dos Fed Funds
que, a princípio, ocorreria em meados de 2015. Está longe, é verdade, mas os mercados não
esperam fatos para se ajustarem.
A perspectiva internacional rumo ao menor estímulo monetário nos EUA e a deterioração das
contas externa e fiscal no Brasil levam-nos a projetar o real entre 2,25/US$ e 2,30/US$ em
2013, aproximando-se da cotação 2,40/US$ no ano que vem.
Conta corrente x investimentos estrangeiros diretos e em carteira
Fonte: BCB; elaboração: PINE Macro & Commodities Research
-3.5%
-3.0%
-2.5%
-2.0%
-1.5%
-1.0%
-0.5%
0.0%
2009
2010
2011
2012
2013
acum. 12 meses/PIB
TRANSAÇÕES CORRENTES
-1.5%
-1.0%
-0.5%
0.0%
0.5%
1.0%
1.5%
2.0%
2.5%
3.0%
3.5%
4.0%
2009
2010
2011
2012
2013
acum. 12 meses/PIB
Investimento estrangeiro direto
Investimento estrangeiro em carteira
2. Pesquisa mensal do emprego - junho
No Brasil, a taxa de desemprego de junho deverá ficar em 5,9%, igualando a sua menor taxa
(original) para o mês em questão observada no ano passado. Nossa projeção é resultado do
crescimento anual tanto da taxa de ocupação da população (PO) quanto do crescimento da
população economicamente ativa (PEA), ambas iguais a 0,6% entre maio e junho. Vale
perceber que a tendência de elevação do desemprego (em resposta, por exemplo, à
continuidade da fraqueza de economia) é contida pelo baixo crescimento da força de
trabalho. Se estivermos corretos, a nossa estimativa aponta para a elevação da taxa de
desemprego ajustada sazonalmente de 5,4% para 5,6% no curto prazo, ainda próxima de sua
mínima histórica e abaixo do nível de pleno emprego (que estimamos em 6,0%), e para 6,0%
em 2014.
Os números recentes sugerem o enfraquecimento (lento e gradual) da ocupação em setores
relevantes: o setor de serviços (24% da população ocupada total) tem mostrado quedas
mensais graduais, contabilizadas por taxas de crescimento anuais declinantes há 2 meses
(serviços domésticos mais caros, por exemplo, têm influenciado negativamente a taxa de
ocupação no setor de serviços como um todo). Ao mesmo tempo, os setores de
“Intermediação financeira e atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados à empresa”
(16% da PO total) tiveram sua primeira retração em maio; a construção civil (que responde
por 8% da PO total) tem reduzido sistematicamente a ocupação desde a virada do ano; em
contraste, o comércio (19%) e a “Administração pública, defesa, seguridade social, educação,
saúde e serviços sociais” (16%), setores de peso relevante no mercado de trabalho, seguem
ampliando a ocupação a taxas saudáveis.
Neste segundo semestre, haverá a negociação salarial de setores relevantes. A conjuntura
atual implica a incapacidade de o setor real conceder aumentos de salários nominais muito
superiores à inflação acumulada em doze meses. O salário real médio tem subido muito acima
da produtividade unitária do trabalho, implicando tanto a consequente compressão das
margens operacionais quanto a redução do potencial de elevação adicional dos salários reais.
Assim, na margem, os efeitos inflacionários do nível de pleno emprego deverão ser mitigados
pela forte desaceleração do crescimento da massa real de salários.
Operações de Crédito - junho
Na sexta-feira, o BC divulgará sua nota à imprensa sobre as operações de crédito em junho. A
última divulgação mostrou que, até maio, o estoque total de crédito atingiu R$2.487 bilhões,
representando uma alta nominal anual de 16,1%. Ou seja, frente ao ano passado, continuamos
a ver uma desaceleração do saldo total. O crédito direcionado, mais uma vez, impediu um
maior resfriamento do estoque. De qualquer forma, segundo cálculos do BC, a relação
crédito/PIB atingiu 54,7% no mês retrasado, seu maior nível desde o início da nova série
histórica.
Os bancos públicos seguem ampliando seu market share. O fato explica a redução da taxa de
juros média cobrada nas operações de crédito a despeito da elevação dos custos de captação
dos bancos. De fato, mesmo com o início do ciclo de alta da Selic e a manutenção da
inadimplência em patamares altos, o spread voltou a ceder. No curto prazo, a agressividade
dos bancos públicos seguirá limitando o repasse do aumento de custos para as taxas finais. No
entanto, considerando de um lado a expectativa de continuidade do ciclo de alta da taxa
básica, que implica a elevação da taxa de captação e, de outro, a perspectiva de baixo
crescimento da economia, que sugere uma maior fragilidade de empresas e famílias, é
pertinente considerar uma ampliação das taxas de aplicações dos bancos e dos spreads ao
final do 2S13.
Por falar em inadimplência, a taxa referente a recursos livres destinados à PF estabilizou em
7,5% em maio depois de quatro quedas seguidas. Para a pessoa jurídica, a taxa permanece
próxima à máxima recente, em 3,7%. Para junho, a retomada das concessões foi mais
favorável do que a observada no início do ano, o que beneficia a solvência de empresas e
famílias. De fato, em maio, as concessões de crédito livre, depois de desacelerarem nos
primeiros meses do ano, voltaram a subir em maio (dados ponderados por dias úteis), com o
maior impulso concentrado no segmento da pessoa jurídica.
3. Em suma, os dados divulgados até agora trouxeram sinais mistos: se, de um lado, o saldo
continua desacelerando e a inadimplência parou de cair, de outro, o fluxo melhorou e as
taxas/spreads voltaram a recuar. A dependência do crédito direcionado e, de forma análoga,
do crédito público para sustentar o crescimento acima de 16% preocupa e sugere uma
inconsistência nesses níveis. O ciclo de alta da Selic conjugado com a perspectiva de baixo
crescimento da economia implica a ampliação dos spreads e, em um segundo momento, da
inadimplência ao final do 2S13. Sendo assim, mantemos nossa expectativa de continuidade do
desaquecimento do crédito livre.
Saldo de crédito e a agressividade dos bancos públicos
Fonte: BCB; elaboração: PINE Macro & Commodities Research
Marco Antonio Maciel
Economista-chefe
Banco Pine
Marco Antonio Caruso
Economista
Banco Pine
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Participação porcontrole de capital
Público Privado nacional Estrangeiro
10
12
14
16
18
20
22
24
26
jan/12
abr/12
jul/12
out/12
jan/13
abr/13
(% a/a)
Recursos livres
Recursos direcionados
Total
4. Horário País Indicador Data PINE Consenso Anterior
Segunda-feira, 22/07/2013
08:00 Brasil Sondagem da Industria (prévia) jul/13 - - -
15:00 Brasil Balança Comercial Semanal (USD) 21/jul - - -619
- Brasil Arrecadação Federal (BRL Bi) jun/13 - 86,7 87,9
- Brasil Indicador de Demanda das Empresas por crédito jun/13 - - -
09:30 EUA Índice de Atividade Nacional (CFNAI) jun/13 - 0,0 -0,3%
11:00 EUA Vendas de Moradias Usadas (MoM) jun/13 - 1,7% 4,2%
Terça-feira, 23/07/2013
08:00 Brasil Sondagem do Consumidor jul/13 - - 112,9
08:00 Brasil IPC-S (3ª Quadrissemana) 22/jul - -0,02% 0,07%
10:30 Brasil Nota à Imprensa: Setor Externo (Transações Correntes -USD Bi) jun/13 -4,5 -5,0 -6,4
10:30 Brasil Nota à Imprensa: Setor Externo (IED- USD Bi) jun/13 +5,0 +5,5 3,9
- Brasil Sondagem da Industria da Construção jun/13 - - 46,9
05:30 Espanha Leilão Bills - - - -
05:30 França Leilão Bills - - - -
10:00 EUA Preços Residenciais (MoM %) mai/13 - 0,8% 0,7%
11:00 EUA Sondagem Industrial - Richmond jul/13 - 9 8,0
11:00 Z. Euro Confiança do Consumidor (Preliminar) jul/13 - -18,3 -18,8
22:45 China Sondagem Industrial PMI (Preliminar) jul/13 - 48,5 48,2
Quarta-feira, 24/07/2013
09:00 Brasil Nota à imprensa: Mercado Aberto jun/13 - - -
09:00 Brasil PME : Pesquisa Mensal do Emprego jun/13 5,9% 5,8% 5,8%
12:30 Brasil Fluxo Cambial Semanal - - - -325
- Brasil Divida Pública Federal jun/13 - - -
05:00 Z. Euro Sondagem Industrial PMI (Preliminar) jul/13 - 49,1 48,8
05:00 Z. Euro Sondagem Serviços PMI (Preliminar) jul/13 - 48,7 48,3
05:00 Z. Euro Sondagem Composite PMI (Preliminar) jul/13 - 49,1 48,7
08:00 EUA Pedido de Hipotecas 19/jul - - -2,6%
11:00 EUA Vendas de Novas Moradias (MoM %) jun/13 - 1,9% 2,1%
Quinta-feira, 25/07/2013
05:00 Brasil IPC (3ª Quadrissemana) 23/jul - 0,05% 0,01%
- Brasil Indice Nacional de Expectativa do Consumidor (INEC) jul/13 - - -
- Brasil Reunião do CMN - - - -
05:00 Alemanha Clima de Negócios jul/13 - 106,1 105,9
09:30 EUA Pedidos de auxílio desemprego (mil) 19/jul - 340.000 334.000
09:30 EUA Encom. de Bens Duráveis jun/13 - 1,2% 3,6%
12:00 EUA Sondagem Industrial - Kansas City jul/13 - 2 -5,0
20:30 Japão Preços ao Consumidor (YoY) jun/13 - 0,1% -0,3%
Sexta-Feira, 26/07/2013
08:00 Brasil INCC-M jul/13 - 0,64% 1,96%
08:00 Brasil Sondagem da Construção jul/13 - - -
10:30 Brasil Nota à Imprensa: Operações de Crédito (BRL Trilhões) jun/13 - - 2,49
06:00 Itália Leilão Bonds - - - -
10:55 EUA Confiança do Consumidor (Revisão) jul/13 - 84,0 83,9
22:30 China Lucros Corporativos (YoY) jun/13 - - 12,3%
Na Semana
- Brasil Caged (Emprego Formal) jun/13 94,5 93,5 72,0
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