2. O Curso é composto por 1: Introdução aos
4 partes, nas quais Evangelhos Canônicos I
objetiva-se:
Apresentar os conceitos
2: Introdução aos
e questões concernentes Evangelhos Canônicos II
ao tema
Apresentar os
Evangelhos Sinóticos e 3: Introdução aos
Evangelhos Apócrifos I
João
Apresentar os
Evangelhos Apócrifos 4: Introdução aos
Evangelhos Apócrifos II
3. A Tradição Pré-Evangélica
A Formação dos Evangelhos
O Evangelho como Gênero Literário
Evangelho e Evangelhos
4.
5. A Tradição Pré-Evangélica
Antes da redação dos
documentos literários Evidências da Tradição
neotestamentários, a mais Remota
transmissão do evangelho:
• menções explícitas à tradição: I Co
era majoritariamente oral 11.23, 15.3;
realizada através do • indicações sobre o conteúdo da fé:
testemunho público: Rm 10.9s;
• estrutura firme, indicando
da fé transmissão oral: I Co 15.3-5, Rm
do culto 4.25;
da instrução à comunidade. • subdivisões por estrofes: Fl 2.6-11; Cl
1.15-20;
É possível encontrar • estilo participial: Rm 1.3s;
evidências dessa tradição • menções honoríficas: Rm 1.3s; II Tm
2.8;
no Novo Testamento • e expressões que indicam epifanias: I
Co 15.5; I Tm 3.16.
6. A Tradição Pré-Evangélica
Confissões de Fé
são testemunhos da Confissões de Fé
Igreja em seus
primórdios, a respeito • que apontam para Jesus crucificado e
de Jesus ressurreto como Senhor (I Co 16.19-
24, Hb 13.22);
• que apontam para a ação de Deus na
cruz e na ressurreição de Jesus (Rm
10.9, Lc 12.8s, Jo 1.20, Rm 1.16);
• que afirmam a ação de Deus agiu em
nosso benefício, através de Jesus (Rm
10.9, I Ts 4.14, Rm 4. 24s, 8.34, 14.9, II
Co 13.4, I Co 15.3-5);
• outras fórmulas apontavam para uma
tradição oral cristã primitiva (I Co
9.16ss, Rm 1.3s, Gl 4.4).
7. A Tradição Pré-Evangélica
Hinos da Cristandade
Primitiva Hinos Cristãos
São antigos hinos
conservados em formato
de texto no Novo • Fl 2.6-11: tem duas estrofes
(humilhação e exaltação de Cristo);
Testamento • Cl 1.15-20: convite ao louvor (12-14) e
duas estrofes que falam da soberania
de Cristo (15-20)
• I Tm 3.16: trata da revelação
preexistente na carne;
• Ef 1.3-14, 5.14, I Pe 2.22-24 (25) e Hb
5.7-10: hinos que evidenciam o louvor
a “Christo quase deo” (Plínio, o Moço,
Ep. X 96,7)
8. A Tradição Pré-Evangélica
Tradição Litúrgica
Textos que refletem o Tradição Litúrgica
culto da comunidade
cristã primitiva, • Evidências da influência da tradição
revelando a existência sinagogal: I Co 14.16, Ap 19.1,3,6;
• Evidências da influência dos cultos
da prédica, da confissão pagãos: I Co 14, 16.22
e do canto, organizados • Liturgia da Ceia: I Co 11.16,23-25; Mc
14.22-24;
livremente. • O batismo e o culto batismal: I Co
6.11, Rm 6.3, I Co 12.13, Rm 10.9, Fl
2.6-11, Cl 1.15-20, II Co 5.17;
• Linguagem litúrgica presente nas
doxologias do epistolário cristão: II
Co 1.3, Ef 1.3, Rm 1.25, II Co 11.31, Rm
9.5)
10. A Tradição Pré-Evangélica
Processo de Investigação da Tradição Evangélica
Elucidação Elucidação
Estágio 1
Estágio 4
Estágio 2
Estágio 3
Relação Busca das
entre os Fontes dos do método da natureza e
redacional do conteúdo
Sinóticos Sinóticos de cada do material
evangelista das fontes
11.
12. A Formação dos Evangelhos
Tácito afirma que a
O cristianismo do “superstitio” cristã havia
primeiro século é o chegado na cidade de Roma,
tendo sido perseguida por
resultado: Nero (Anais, XV, 44).
do impacto da vida e
do ensino de Jesus Plínio, o moço, legado do
Imperador na província do
de um movimento Ponto, na Bitínia, entre 111 e
113 d.C., relata a presença de
que, a partir da cristãos e qualifica o
Galiléia, rapidamente movimento como
“superstição” que se irradia
se ampliou e por cidades e em cada estrato
social (Cartas X, 96.8-10).
alcançou todo o vasto
Império Romano.
13. A Formação dos Evangelhos
Expansão do Cristianismo:
Teve um início humilde na
Palestina;
Alcançou “Roma,
Alexandria, Tiro, Éfeso e
Antioquia...”, levada pelos
“apóstolos de Jesus que
viajavam a pé... e a bordo
de galeras mercantes e
navios de passageiros”.
Chegou até outros centros
urbanos menores.
Enriqueceu-se através da
assimilação por diferentes
grupos sociais e culturas.
14.
15. A Formação dos Evangelhos
Primeira formação: através da Segundo Fitzmyer:
pregação e vida de Jesus; “a multiplicidade de relatos na
Segunda formação: através da tradição primitiva revela que eles
interferência dos apóstolos e líderes; não foram compostos com o simples
Adaptação: comunicação da tradição propósito de narrar fatos sobre
para os novos locais de missão, com Jesus”
a modificação e adaptação dessa FITZMYER, Joseph A., Catecismo
tradição para linguagens, categorias, cristológico: respostas do Novo
formas e temas mais compreensíveis Testamento, p. 20.
aos diferentes contextos.
Composição: tradições orais e
literárias foram compostas, em que
se conservam o mais antigo kérygma
jesuânico e são acrescidas
informações acessíveis aos novos
contextos, situações e culturas dos
grupos que aderiram ao
cristianismo.
16. A Formação dos Evangelhos
“A memória do processo de
intercâmbio, adaptação,
conservação e inovação pelo qual Intercâmbio
a tradição jesuânica foi sendo
enriquecida ainda no cristianismo
primitivo está acessível à pesquisa
contemporânea através da farta
produção literária deixada pelos
Adaptação
Inovação
grupos cristãos desde os
primórdios do movimento.“ Processos
“Essa literatura, diversificada em
forma e conteúdo, é uma forte
evidência da seleção e re-
significação das tradições,
inclusive as orais. “
FIORENZA, Elizabeth Schüssler, Conservação
Jesus e a política da interpretação,
p. 12.
17. A Formação dos Evangelhos
Fatores que moldaram a
formação dos Evangelhos
Entre os fatores
enumerados por Fitzmyer
que influenciaram as
mudanças na tradição
cristã estão:
os ecos de preocupações
religiosas tardias;
as controvérsias entre
grupos religiosos;
as necessidades
missionárias;
a perseguição.
18.
19.
20.
21. O Evangelho como Gênero
Literário
O Uso do Antigo
Testamento na Pregação
Neotestamentária
“A profissão de fé e
pregação cristã Diante da ressurreição, a
começam e se fundam, comunidade primitiva
outrora como hoje, na entendeu que a morte
ressurreição de Jesus.” tinha um sentido e
significado, e nisto a
ressurreição era uma
prova inconfundível.
22. O Evangelho como Gênero
Literário
A Via de Jesus “segundo
as Escrituras”
Para a comunidade
“A consciência da
primitiva, o destino de
conformidade da morte
Jesus deve corresponder
à Sagrada Escritura do Senhor com a
A pregação apostólica
Escritura reclamava:
assumiu o princípio de uma explicitação
ser expositora da um desenvolvimento
Escritura, pois a paixão, evidência: a história da
morte de ressurreição de paixão
Jesus estavam nela
23. O Evangelho como Gênero
Literário
Relações entre Antigo
Testamento e o Cristianismo
A Igreja exprime o que
aconteceu com Jesus com
palavras do Antigo
Testamento.
Exemplos na narrativa da Expressões da Igreja para
paixão: exprimir conceitos teológicos
é do Antigo Testamento:
divisão de vestes (Jo
Deus, salvação, juízo, justiça,
19.24 / Sl 22.18) graça, crer, escolher, verdade
Escárnio e convite do Salvador (Mt
zombarias(Lc 18.31-32 / 11.28-30)
Is 53.3) agradecimentos (Lc 1.46-55;
68-79)
o grito de Jesus (Mt
27.46 / Sl 22.1)
24. • Mc 8.2
Cristo
• Mt 11.2
“Filho de Davi” (Sl
2)
• Mc 1.11,9.7
“Filho do Homem” • Mc 8.28, 13.26
(Dn 7.13) • Jo 3.13
25.
26. O encômio (louvor, elogio, Segundo Cícero (106-43 a.C.),
panegírico) é uma apresentação um encômio deve conter:
laudatória de uma pessoa, sendo o nome
semelhante à biografia, ainda a origem
que não faça referência à o modo de vida
totalidade da vida do a fortuna
personagem narrado;
os hábitos
O primeiro a fazer em prosa tal os sentimentos
apresentação elogiosa foi os interesses
Isócrates (436-338 a.C.), nas
obras Nicócles, Os Ciprianos e as propostas
Evágoras. as realizações
os acidentes
A estrutura dos encômios foi
desenvolvida no período uma fala sobre os feitos.
helenístico, principalmente
entre os oradores romanos. CÍCERO, De Inventione, I, xxiv,
34.
27. Ordem cronológica do encômio Encômios do Novo Testamento
(narrativum) segundo K. Berger:
Proêmio
indicação de origem 1 Tm 3.16: Cl 2.9-15 Referências
formação e profissão Hb 7.1-10 ao gênero
Atos – virtudes, vícios e -escrito no I Tm 2.5-6 oposto ao
atitudes habituais). passivum Tt 2.11-15: encômio, a
As fontes mais abundantes dos divinum zombaria:
encômios: - próximo - textos em Mc 15.29-
inscrições aos que são 32,36
literatura judaico-helenista encômios citadas as Mt 27.40-44
modelo simplificado: mais principais Lc 23.35-
Natureza antigos obras 37,39
Origem - enumera dignas de Mc 15.18
Atos a origem – louvor, Mt 27.49
Fama.
“revelado primeiro as Lc 22.64
na carne” da graça, Jo 11.37, 19.3
- enumera depois as de Lc 4.23.
as ações Jesus Cristo.
28. As biografias greco- Um paradigma para a
romanas análise da biografia grego-
apresentam grande romana da época da
flexibilidade e redação dos Evangelhos é a
variabilidade no período obra do Plutarco (45-125?
compreendido entre o d.C.), autor grego de quem
século I a.C. e I d.C. pelo menos cinqüenta
conservam relações mais ‘Vidas’ foram preservadas e
próximas com o gênero são conhecidas hoje.
‘evangelho’.
desde a sua origem, foram
chamadas de ‘Vidas’ (em
grego, bíoi; em latim,
vitae).
29. concentravam- continham
se nos uma narrativa
detalhes do histórica
caráter do seu apenas
protagonista abreviada
apresentavam
grande
tinham caráter
diversidade de
moral
padrões
literários
30. prodígios
pessoais
relatos da
Genetlíaco Lc 2.25-38 sabedoria
Mt 2.1-12, Mc
Mt 1.20-21 14.3-8 Lc 2.41-52
Lc 1.1,13b
origem ultima
história de nobre do verba
infância herói relatos de
políticas Lc 23.46 sofrimento
Mt 1.18-25
Mt 2.16-18 Jo 19.30 e morte
Lc 2.1-5
31.
32. Em um sentido geral, a
palavra ‘evangelho’ é
proveniente do grego Conceito
euangélion, que Conceito Judaico
Pagão
significa:
“recompensa pela Conceito
do NT
transmissão de boas-
novas”
as próprias “boas-novas”.
Conceito da Igreja Antiga
33. • bāśar
Hebraico • Is 40.9; 52.7; 61.1; Sl 96.2
• euangelízesthai
LXX • Is 40.9; 52.7; 61.1; Sl 96.2
• Sempre no plural
Inscrições
34. • euangélion
Batalha de
Maratona
• Inscrição do calendário de Priene
• “o aniversário do deus [Augusto] marca
Culto ao
para o mundo o começo das boas novas”
Imperador
35. • Paulo é o autor neotestamentário que mais utiliza a palavra ‘evangelho’.
• Das 66 ocorrências no Novo Testamento do vocábulo, 60 estão nas epístolas paulinas.
• Paulo geralmente utiliza a palavra no singular, contrariando o uso corrente na LXX.
• Evangelho é um termo técnico utilizado por Paulo para se referir à sua própria
proclamação através e a respeito de Jesus.
Paulo • Em Paulo, “evangelho” significa a proclamação a respeito de Cristo e da salvação
trazida por ele (Rm 1.1ss; ICo 15.1ss etc.).
• Em Jesus (Mt 11.5), o evangelho é “boa nova” da salvação.
• “euangélion” é sempre a palavra viva da pregação, uma alusão à pregação oral sobre
Jesus.
• O termo “evangelista” é usado para designar o pregador itinerante (At 21.8; Ef 4.11; II
Tm 4.5).
Evangelhos • O único texto que faz referência ao seu próprio escrito chamando-o de evangelho no
Novo Testamento é Marcos (Mc 1.1), o que indica ser seu relato uma pregação salvífica.
36. • boa nova escrita da salvação
• Didaquê (Did 15.3) e em 2 Clemente (2 Clem 8.5), ambos
Didaquê e datados por volta do começo do século II.
Clemente
• Papias, bispo de Hierápolis do início do segundo século já
havia caracterizado o Evangelho de Marcos como
apomnemoneúmata de Pedro
• os evangelhos eram considerados escritos pertencentes a
Papias um tipo específico de literatura
37. • Justino, apologista cristão da segunda metade do século II, afirmou que os evangelhos
são “as memórias dos apóstolos” (Apologia, LXVII)
• Memórias (apomnemoneúmata ) são coleções de anedotas mais ou menos artísticas, que
formam um texto único (não necessariamente uma mesma narrativa) a respeito de uma
pessoa em particular
Justino • Justino é o primeiro autor cristão a chamar os escritos sobre Jesus de evangelhos (no
plural)
• os livros que tratavam de Jesus passaram a ser chamados de “evangelho segundo”
• essa também é uma evidência importante de que os livros passam a ser chamados pelo
nome dos seus autores, antecedidos da expressão: “Evangelho segundo” que até hoje é
utilizada.
p66 e Irineu
38. • No Cânon Muratori, o evangelho de Lucas é chamado de tertium evangelii
librum secundo lucan [o terceiro livro do evangelho é segundo Lucas]
• É comum o aparecimento em versões latinas da palavra katá sem tradução –
Cânon por exemplo, Cata Mateo [segundo Mateus].
Muratori
• O primeiro a chamar o autor de um evangelho de evangelista foi Taciano, e
por entender serem os evangelhos uma unidade
• Taciano compôs o Diatessaron em aproximadamente 170 d.C., sendo essa
obra uma harmonia dos evangelhos
• O Diatessaron foi o primeiro escrito sobre a vida de Jesus em latim, siríaco,
Taciano armênio, georgiano e arábico.