O documento discute vários tópicos relacionados à agricultura, incluindo a agricultura intensiva, suas consequências, a agricultura biológica, a proteção integrada e seus meios de luta como químicos, genéticos e culturais.
2. Introdução
O início das atividades agrícolas separa o período neolítico do
imediatamente anterior, o período da idade da pedra lascada.
Como são anteriores à história escrita, os primórdios da agricultura são
obscuros, mas admite-se que ela tenha surgido independentemente em
diferentes lugares do mundo, provavelmente nos vales habitados por
antigas civilizações.
3. Agricultura Intensiva
A agricultura intensiva é um sistema de produção agrícola de uso intensivo
dos meios de produção e na qual se produz grande quantidade de um único
tipo de produto (monocultura), em grandes áreas (latifúndio).
Plantação de eucaliptos
4. Consequências
•Intensificação do ataque de certas pragas
•Desenvolvimento de novas pragas
•Aparecimento e agravamento do fenómeno de resistência
•Aumento da poluição do ambiente
•Acréscimo nos custos da produção
•Diminuição da qualidade
Pulgões a atacar uma planta
5. A progressiva consciencialização do mal provocado pela agricultura intensiva
levou a concepção da protecção integrada que visa a uma melhor gestão de
factores componentes do ecossistema agrário, através de uma estratégia
limitativa ou corretiva em contraste com a luta química que preferência uma
estratégia preventiva ou curativa.
Para alem da produção integrada criou-se também a agricultura biológica, onde a
luta química é completamente banida.
6. Agricultura biológica
Simplificando, a agricultura biológica é um sistema agrícola que procura
fornecer-lhe ao consumidor, alimentos frescos, saborosos e autênticos e ao
mesmo tempo respeitar os ciclos de vida naturais.
7. As práticas tipicamente usadas em agricultura biológica incluem:
•Rotação de culturas, como um pré-requisito para o uso eficiente dos recursos locais
•Limites muito restritos ao uso de pesticidas e fertilizantes sintéticos, de antibióticos,
aditivos alimentares e auxiliares tecnológicos.
•Proibição absoluta do uso de organismos geneticamente modificados
•Aproveitamento dos recursos locais, tais como o uso do estrume animal como
fertilizante ou alimentar os animais com produtos da própria exploração
•Escolha de espécies resistentes a doenças e adaptadas às condições locais
•Criação de animais em liberdade
•Utilização de práticas de produção animal apropriadas a cada espécie
8.
9. Em que consiste?
Protecção integrada é uma modalidade
de protecção das plantas em que se
procede à avaliação da indispensabilidade
de intervenção, através da aplicação de
conceitos como níveis económicos de
ataque ou a modelos de desenvolvimento
dos inimigos das culturas e aos factores
de nocividade.
10. Meios de luta da protecção integrada:
•Meios de luta química
•Meios de luta cultural
•Meios de luta biológica
•Meios de luta biotécnica
Luta química
11. Objetivos e vantagens:
•Melhorar a qualidade dos produtos agrícolas
•Proteger a saúde do agricultor, com a manipulação de produtos menos tóxicos
•Respeito pela ecologia
•Minimizar a poluição da água, do solo e da atmosfera
• Manter ou aumentar a diversidade biológica nos ecossistemas agrários
•Melhorar o rendimento dos agricultores através da obtenção de produtos de
melhor qualidade.
13. Meios de luta Química
Substancias usadas como reguladores de crescimento:
Desfolhantes - são como os herbicidas, foto toxinas, isto é, agentes
destruidores dos vegetais.
Dessecante- é uma substância que absorve água e outros solventes específicos.
É mais comummente usado para remover humidade que normalmente degrada ou
pode destruir produtos.
14. Meios de luta Química
Como actuam?
Os pesticidas para poderem exercer a sua acção tóxica têm, previamente, de
penetrar no organismo e, só depois, afectam as suas funções metabólicas.
A forma como os pesticidas exercem a sua acção depende do pesticida em si
e do organismo contra o qual ele é aplicado.
15. Meios de luta Química
Classificação baseada no modo de aplicação/ absorção:
Estomacais - aplicação sobre o alimento a consumir pelo insecto e
penetração, no corpo deste, através do intestino médio após ingestão.
De contacto - aplicação sobre a superfície externa do corpo do insecto
e penetração através da cutícula e das traqueias.
Fumingantes - aplicação sob forma de fumo ou vapor que entra no corpo
dos insectos pelo sistema respiratório, através das traqueias e
traqueolas.
16. Meios de luta Química
Residuais - aplicação sobre as superfícies de permanência ou passagem dos
insectos e entrada posterior no corpo destes através da cutícula,
especialmente pelo tarso
Sistémicos - aplicação do insecticida no solo ou por pulverização sobre
plantas ou tratamento da semente e entrada no corpo do insecto por
ingestão durante a alimentação sobre plantas tratadas.
17. Meios de luta Química
-Toxidade dos pesticidas para o homem e animais
Riscos nos animais
O impacto de produtos químicos, como os pesticidas no ambiente é complexo, mas foi já
identificado em alguns estudos científicos. Nas aves e nos peixes, esse impacto inclui
defeitos à nascença, cancro e problemas no sistema nervoso, reprodutivo e imunitário.
Nos seres humanos
As pessoas estão expostas a inúmeras substâncias, o que torna difícil identificar
quais as que provocam efeitos mais graves.
18. Meios de luta Química
Classificação do pesticidas quanto:
natureza dos inimigos a combater
modo de actuação
tipo de formulação
técnica de aplicação
numero de substancias activas
composição química
19. Meios de luta Química
Por exemplo quanto á natureza dos inimigos a combater pode considerar-se os
seguintes grupos:
* Insecticidas - quanto as espécies - alvo são os insectos
* Herbicidas - quanto as espécies - alvo são plantas
* Fungicidas - se se destinam a eliminar fungos
* Acaricidas - para eliminação de ácaros
* Moluscicidas - utilizados para combater caracóis, lesmas e outros moluscos
* Nematodicidas - usados contra os nematodes
* Rodenticidas - para combater ratos e outros roedores
20. Meios de luta Química
Características e modo de actuação:
Insecticidas
Eliminam insectos e podem actuar por diferentes modos:
• contacto, Penetrando através da cutícula
• Ingestão, sendo absorvidos com os alimentos
• Asfixia
• Insecticidas sistémicos, são transportados pela seiva das plantas e são
absorvidos simultaneamente com a seiva pelos insectos consumidores
Lorsban
Um dos inseticidas de maior flexibilidade do
mercado podendo ser utilizado em aplicações
aérea, tractorizada e pivot central.
21. Meios de luta Química
Herbicidas
•Herbicidas totais, que eliminam todas as plantas, mas o seu uso na agricultura é
limitado.
•Herbicidas seletivos que actuam apenas sobre determinadas espécies e podem:
- inibir a germinação das sementes, impedindo o desenvolvimento das plântulas;
- Bloquear a fotossíntese
22. Meios de luta Química
Fungicidas
Combatem fungos, como o míldio, entre outros que parasitam plantas:
•Inibindo a germinação de esporos
•Destruindo os fungos que vivem sobre as plantas, impedindo a sua reprodução
Acaricidas
Os acaricidas são pesticidas usados no extermínio dos ácaros.
Um exemplo de um acaricida pode ser:
Não pode ser aplicado com temperaturas
elevadas porque pode causar fitotoxidade.
23. Meios de luta Química
Moluscicidas
Usados no controle de moluscos, como as lesmas e caracóis. Essas substâncias
geralmente incluem metaldeído e sulfato de alumínio, e devem ser usadas com cautela
para não causar danos a outros seres que não são alvo de sua aplicação. A maioria dos
moluscicidas não são usados na agricultura orgânica pois são proibidos, mas há exceções.
Nematicida
É um tipo de pesticida químico usado para matar nematoides parasitas (vermes).
24. Meios de luta Química
Rodenticidas
Ou Raticida é um veneno de elevada toxicidade utilizado para exterminar ratos e
roedores em geral. Os raticidas constituem um tipo de pesticida.
Por serem utilizados metais pesados em sua composição, essa substância acaba sendo
perigosa devido ao risco de intoxicação.
25. Meios de luta Química
Desvantagens Vantagens
• a destruição de • Custo reduzido de produção
espécies, animais e • Rapidez de acção
vegetais, que não são alvo do
• Não revolvimento dos solos
pesticida aplicado
• a contaminação ambiental, mais • Efeito residual
ou menos • Aumentar a produtividades
generalizada, afectando as
cadeias alimentares
• a indução de mecanismos de
resistência nos organismos-alvo
• Contaminação ambiental :
• Presenças de níveis
alarmantes de produtos
químicos nas águas
superficiais e subterrâneas.
• Uso continuado provoca a
acumulação destes agentes
nocivos no solo
26. Meios de luta Química
A eficácia é condicionada por um conjunto de factores em que em maior ou
menor grau, com ela interferem:
-finalidades (polivalência, selectividade)
-tipo de formulação
-quantidade de calda
-técnica de aplicação
-concentração ou dose
-condições de aplicação
-rapidez de acção
-mistura de produtos
27. Meios de luta Química
Variação do uso de pesticidas ao longo do tempo:
28. Meios de luta genética
Em que consiste?
A selecção genética de clone resistentes a agente nocivos tem sido
preocupação de muitos investigadores. As características genéticas de
algumas espécies florestais ou de clones podem contribuir para que as
plantas sejam menos susceptíveis aos ataques de um determinado agente
nocivo.
29. Meios de luta genética
- Meios genéticos de protecção contra doenças e pragas
Insectos - a procura de insecticidas biológicos com baixo impacto ambiental levou á
descoberta de toxinas produzidas por varias subespécies e estirpes de insectos. Já
a varias décadas que este insecticida natural tem sido utilizado para pulverizar
plantas. No entanto , esta forma de aplicação não é eficaz se o insecto atacar as
raízes ou os tecidos da planta.
Insecticida biológico
30. Meios de luta genética
Fungos e bactérias - os fungos e bactérias causam grandes prejuízo nas culturas
agrícolas. Estão em desenvolvimento vários métodos de transformação de plantas no
sentido de as tornar resistentes a fungos e a baterias. No caso de fungos as plantas são
transformadas com genes de proteínas PR. No caso das baterias as plantas são
transformadas com o gene da lisozima do fago T4.
31. Meios de luta genética
Vírus - Não existe um tratamento químico para os vírus que atacam plantas. A ocorrência
de fenómenos de protecção cruzada (em que a planta infectada com uma estirpe de vírus
pouco virulenta se torna resistência a infecção por outra estirpes mais violentas) levou ao
desenvolvimento de plantas transgénicas resistente ao vírus do mosaico do tabaco.
32. Meios de luta genética
Herbicidas - o crescimento de plantas infestantes provoca reduções na produção de
culturas agrícolas na ordem dos 10% , apesar de aplicação de herbicidas que as vezes
ate são tóxicos para as plantas de cultivo. A criação de plantas resistentes a
herbicidas permite o controlo de infestantes durante o ciclo cultural.
34. Meios de luta genética
-Meios de luta genética em Portugal
Cruzamento para tornar a planta
resistente a interacções externas
•Estação nacional de fruticultura de
vieira natividade – Melhoramento de
fruteiras
• Estação de melhoramento de plantas –
melhoramento de cereais
Resistência a pragas
•Núcleo de melhoramento do milho
35. Meios de luta cultural
Em que consiste?
È um meio de luta indirecto, baseado na manipulação do ambiente de
modo a torna-lo desfavoráveis á reprodução e desenvolvimento de
pragas.
36. Meios de luta cultural
Estratégias usadas:
•Selecção de espécies ou de clones resistentes pragas – Utilizando espécies bem
adaptadas ás condições ambientais, o risco da mortalidade por acção do clima diminui.
•Época das sementeiras – Muitas das sementeiras são feitas na Primavera. Nesta
estação do ano, muitos insectos entram em actividade, iniciando as posturas e as larvas
depois da eclosão começam a alimentar-se.
•Regas - A agua é um meio de transporte de nutrientes dentro da planta. È
indispensável á actividade da planta.
Rega
37. Meios de luta cultural
•Fertilização – A fertilização permite produzir plantas de grande qualidade e
enriquecendo o substrato em nutrientes. Afecta a fisiologia das plantas (crescimento,
fluxo de energia e síntese de complexos orgânicos moleculares).
•Repicagem - consiste na transplantação das plantulas dos alfobres para os
contentores ou para os plantorios.
•Podas – As feridas feitas pelas poda podem constituir locais de entrada de
organismos nocivos.
Terra Fertilizada
38. Meios de luta cultural
Rotação – Uma monocultura prolongada duma espécie florestal pode causar um
aumento populacional das pragas. Assim as espécies devem ser sujeitas a rotações
para evitar estes problemas.
Quebra ventos e plantas ornamentais – Muitas espécies utilizadas como quebra
vento podem ser hospedeiros intermediários de pragas . Algumas delas servem de
abrigo a insectos nocivos durante as horas de calor.
Zona de repouso
Terreno sujeito a rotação
39. Meios de luta biológica
Em que consiste?
Os Predadores naturais das pragas bem como os seus parasitas e agentes
patogénicos (bactérias e vírus) podem ser utilizados para regular as suas
populações.
40. Meios de luta biológica
Vantagens Desvantagens
• È especifica para a praga e • Pode levar anos de
doença a combater investigação ate se saber qual
• Pode perpetuar-se a sua acção é o melhor agente para
desde que as populações de combater a praga
predadores ou parasitas • A acção é lenta e mais difícil
estejam estabelecidas de aplicar do que os pesticidas
• Minimiza a resistência • Os auxiliares devem ser
genética protegidos dos pesticidas
• Não levanta problemas de aplicados nas áreas
toxicidade para outros circundantes
organismos • Podem multiplicar-se, actuando
noutras espécies tornando-se
uma praga.
41. Meios de luta biológica
Podem ser usadas diferentes estratégias na luta biológica das
quais destacaremos:
Organismos auxiliares – são seres vivos utilizados na luta contra pragas como por
exemplo mamíferos (ouriço cacheiro), aves (coruja), anfíbios (sapo), insectos
(joaninha), plantas fungos e mesmo microrganismos como certas bactérias que atacam
e destroem seres prejudiciais.
Joaninha Coruja
42. Meios de luta biológica
Uso de hormonas – os insectos tem ciclos reprodutores regulados por controlo
hormonal. O crescimento, o desenvolvimento e a reprodução estão dependentes de
presença de hormonas juvenis e hormonas de muda em diferentes estádios do ciclo
de vida.
Esterilização de insectos – Machos de insectos criados em laboratório, são
esterilizados (recorrendo a reacções ou a produtos químicos) e posteriormente
libertados numa área infectada.
Certas larvas de moscas podem causar
grandes prejuízos. O seu controlo pode
ser efectuado através da esterilização
de insectos
Larvas de mosca em citrinos
43. - Meios de luta biotécnica
Em que consiste?
Abrange todos os meios normalmente presentes no organismo e no habitat
da praga e que possam ser manipulados contra a praga. Mencionaremos as
antiquitinas, feromonas, fago-inibidores, hormonas e anti-hormonas .
44. Meios de luta biotécnica
Antiquitinas – são substancias que interferem na acção da hormona que regula a
formação da quitina. As antiquitinas impedem o endurecimento protector dos insectos,
tornando-as susceptíveis á intervenção de elementos externos.
Impede o endurecimento
protector dos insectos
45. Meios de luta biotécnica
Feromonas – São substancia
químicas produzidas por certos
animais que têm um efeito
comunicacional á distancia. As
feromonas desencadeiam uma
reacção fisiológica ou um
comportamento especifico
noutros animais da mesma
espécie, pois só estes possuem
receptores específicos para
essas substancias.
46. Meios de luta biotécnica
Feromonas de agressão – conduzem a formação de enxames de indivíduos
num lugar determinado.
Feromonas de dispersão – provocam o efeito contrario as feromonas de
agressão.
Feromonas sexuais – asseguram a aproximação do sexos. Actualmente
existem no mercado varias preparações para varias pragas.
Feromona de agressão
47. Meios de luta biotécnica
Anti-Hormonas – O seu efeito vai exercer-se ao nível da hormona juvenil ou da hormona
gonadotrofica responsável pelo desenvolvimento ovárico.
Hormonas – São mensageiros químicos que segregados em glândulas endócrinas e actuam
com efeito na morfologia e fisiologia, em especial com reguladores de mecanismos vitais, e
excecionalmente, também no comportamento.
Fago-inibidores – Estas substancias, inibidoras da alimentação, componentes de órgãos
das plantas ou sobre eles depositadas deliberadamente, impedem, ao desencadearem
reflexos negativos, o consumo pelas pragas desses mesmos órgãos conferindo-lhe, assim,
protecção mais ou menos complecta.
48. Medidas de quarentena
Quarentena compreende quaisquer medidas tendentes a impedir a entrada de pragas,
nomeadamente:
•A existência de certificados gerais ou especiais em que conste não haver determinados
inimigos na região de origem;
•Ter sido o material observado durante o tempo vegetativo e ter sido provada a ausência
de determinados inimigos;
•Ter sido o material submetido a tratamento no pais exportador
•Quarentena no sentido restrito