A Escola e a Abordagem Comparada. Novas realidades e novos olhares
1. Leitura a análise do texto: “A Escola e a Abordagem Comparada. Novas
realidades e novos olhares”i de Rui Canário
As transformações ocorridas nos últimos trinta anos, no campo da educação,
tiveram por base a construção da União Europeia. Este acontecimento levou a um
processo acelerado da integração económica supranacional, um processo de
Mundialização, onde se dá, a liberalização dos movimentos de capitais –
“Transnacionalização”do capital, retirando assim ao Estado a capacidade de controlar os
fluxos tanto no interior como no exterior das suas fronteiras.
Do ponto de vista social, cabe agora ao Estado assegurar a integração da sua
sociedade no quadro mundial, onde há um mercado único. Do ponto de vista político, a
racionalidade económica supranacional, predomina a racionalidade política nacional, ou
seja, há uma perda da política para o mercado.
Estes acontecimentos levaram a grandes alterações no campo educativo. Os
sistemas educativos concebidos anteriormente num quadro estreitamente nacional “
passaram à história”.
O sistema educativo passa e ter como função, criar políticas educativas de
carácter económico, próprias de mercado único e global. Tem que criar uma regulação
transnacional das políticas educativas, através da interacção entre países de conceitos,
políticas e medidas, ou então, por um efeito de “externalização”, isto é, tomar-se como
ponto de referência, o exterior.
Os séculos XIX e XX corresponderam aos séculos de imensa exploração, pois
foram datas que procederam a grandes mudanças de paradigma um pouco por todo o
mundo, como por exemplo a Revolução Francesa que trouxe consigo reformas
educativas e que deixaram um marco na História da educação e inclusive a Segunda
Grande Guerra Mundial. Após todos estes acontecimentos desesperantes, e com a paz
resposta os países puderam voltar a sua atenção para o progresso da humanidade em
geral.
Actualmente os temas relativos ao que se passa no mundo e da realidade
educativa, são cada vez mais discutidos e falados, pois como é a partir da educação que
se dão as reformas de mudanças por todo o mundo estes encontram-se relacionados.
2. Uma das mudanças no campo da educação seria possivelmente a educação para
todos. Esta educação para todos é promovida com o intuito de apagar as fronteiras entre
graúdos e miúdos, e nem só também pretende tornar os indivíduos pertencentes à
sociedade, sujeitos com conhecimentos, capazes de encontrarem melhores condições de
vida, pois uma sociedade ignorante é uma sociedade cujo progresso não faz parte e
acaba por estagnar. Mas esta educação para todos acaba por não ser fazer juízo ao seu
nome pois actualmente promovemos educação/formação, no fundo o que estamos a
promover são meios para que as pessoas possuam conhecimentos necessários e básicos
para que possam integrar-se na sociedade.
Daí haver um apelo à desinstitucionalização da escola pois da forma que está a
ser propagada, não é com o propósito que deveria ser, pois encontramos nos numa
sociedade extremamente capitalista, onde só interessa as habilitações que o sujeito
possui, passamos a desvalorizar a educação e fazer dela algo mercantil, pois após
adquirida a educação/formação poderemos ingressar nos mercados de trabalho.
Então o que outrora era defendido pelo movimento Escola permanente acaba por
ter outra interpretação, pois o mais importante é haverem “operários que saibam operar
as máquinas.”
A escola passa a ser marcada por uma tensão contraditória, entre os modos de
gestão participativos e os modos de gestão neotayloristas.
A divulgação do modelo profissional do docente, que é considerado um
“prático-reflexivo”, é produtora de injunções de natureza paradoxal, em que “os
professores são convidados a ser autónomos através de uma via definida de maneira
heterónima”. Isto faz com que os alunos façam aquilo que lhes é dito, fazem o que por
exemplo os governos impingem, sem que esta tenha em conta realmente a sua profissão
e os alunos que lecciona. Assim sendo, o professor, vai ser caracterizado como aquele
que não teve em conta os alunos que leccionava, acabando depois por ser questionado
pela sua eficácia e os resultados que obteve. Os governos servem-se então dos
professores para atingirem os seus fins e são os primeiros a apontar os resultados destes,
como é lógico os currículos e os métodos têm de ser adaptados a diferentes realidades e
não utilizá-los como algo irrefutável nem como um meio para atingir um fim.
A autonomia imposta pelo exterior é vivida pelos docentes como um
constrangimento, pois na realidade não se trata realmente de autonomia, trata-se de um
3. espaço de manobra que o Ministério cede aos docentes, mas um espaço que é
restringido pelo próprio.
Assim, apesar de haver uma descentralização da educação continuam a existir
amarras, que impõe aos professores como e o que deverão fazer.
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A presente análise foi realizada tendo por base o documento que encontra-se disponível na página
pessoal do docente Nuno Fraga