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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
        CURSO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
               2º ANO – 1º SEMESTRE
      CADEIRA DE EDUCAÇÃO COMPARADA
               DOCENTE NUNO FRAGA




          BULLYING:


PORTUGAL VS REINO UNIDO




                              Trabalho elaborado por:
                                                             Bárbara Silva
                                                        Carolina Fernandes
                                                         Catherine Barreto


             23 De Janeiro de 2010
Introdução


       No âmbito da cadeira de Educação Comparada leccionada pelo docente Nuno
Fraga foi-nos proposto a realização de um trabalho cujo tema principal é o bullying.
       Através da execução deste trabalho temos o intuito de analisar as influências do
seio familiar nesta problemática e como isto se reflecte no meio escolar, mais
concretamente em dois países: Portugal e Reino Unido.
       Pretendemos ainda dar a conhecer, se existe alguma influência dos
comportamentos, atitudes da família que possam posteriormente levar uma
criança/jovem à prática do bullying. E ainda quais as repercussões que a pratica do
bullying trás para o meio escolar.
       Apesar da prática de bullying já á acontecer há muito tempo, não era tido em
conta, era caracterizado como um comportamento normal entre crianças, mas
felizmente, mais recentemente o bullying foi caracterizado como um comportamento
grave e é crescente a preocupação com este problemas, assim como, a preocupação em
solucioná-lo.
Definição do tema


             Cada vez mais no deparamos com situações referenciadas por bullying, vindo a
ser gradualmente um motivo de interesse tanto para os próprios alunos como também
pais, e sem descurar a sua importância, os auxiliares de acção educativas. No presente
trabalho iremos abordar um tipo de violência que é referido como bullying. Mas qual o
seu significado?
             O termo bullying é tradicionalmente considerado por vários investigadores como
um acto de violência, seja ela física ou psicológica. Esta acção do agressor (bull) para
com a vítima manifesta-se por actos intencionais e repetidos, ou seja, não são actos
ocorridos ocasionalmente, mas sim deliberados um indivíduo, e em certos casos, com o
seu grupo de pares.
             Não existe ainda na língua portuguesa uma tradução de abrangesse todas as
características deste acto tal como os “atributos de personalidade dos sujeitos que
associados aos incidentes agressivos e por outro, as características que os
comportamentos desses mesmos sujeitos assumem” (Pereira, 2002, cit. Ferreira,
Elisabete, 2006). Deste modo, recorremos à utilização do termo em inglês.
             O bullying é considerado por Olweus (1993), o momento no qual "um aluno está
a ser provocado/vitimado quando ele ou ela está exposto, repetidamente e ao longo do
tempo, a acções negativas da parte de uma ou mais pessoas", isto é, segundo o autor
designa-se bullying a acção que um aluno provoca uma situação já planeada, em que
expõe um outro colega, saindo desse acto consequências negativas. Desta forma é
considerada uma consequência negativa, quando intencionalmente um indivíduo fere
outro.1
             Neste confronto é necessário mostrar a evidência de certas características
importantíssimas para detectar algum acto de bullying, sendo elas a intencionalidade do
comportamento; a repetição desse comportamento num espaço de tempo; se há um
“desequilíbrio de poder é encontrado no centro da dinâmica do bullying onde
normalmente os agressores vêm as suas vítimas como um alvo fácil” (DeHaan, 1997).




1
    http://www.externato-penafirme.edu.pt/Bol-Bullying.pdf
Problemática do tema


            Apesar de ainda poucos autores se terem debruçado sobre desta temática, e de
ainda não existir um grande conhecimento do bullying por parte de alunos, pais,
profissionais de educação, saúde e também comunicação social, existe pois uma
crescente preocupação incidente nos jovens entre os 10 e 18 anos.
            O bullying trespassa o tempo actual, ou seja, o bullying é tão arcaico como a
escola. A diferença situa-se no momento de maior foco deste problema em 1970, na
Suécia e também da sua universalização, no momento em que se assume um conjunto
de comportamentos característicos do bullying. Este problema não só atinge o contexto
escolar português como também a outros países, independentemente do grau de
escolaridade. 2
            Quando ocorre uma situação de confronto entre duas crianças, ainda existem
muitas escolas que negam um possível acto de bullying ou até mesmo aquelas que
mesmo conhecendo as consequências deste acto, negam enfrentá-lo e “tapam os olhos”.
É necessário realçar que mesmo não sendo “autor” directo deste confronto (agressor ou
vitima) existe ainda a possibilidade de estar inserido neste ambiente constrangedor,
fazendo papel de testemunha,3 passando a manifestar sentimentos de ansiedade e medo.
Em algumas situações, estas testemunhas que são num primeiro plano inocentes e
inofensivas, mas observarem os agressores a magoarem sem ter qualquer tipo de
punição, “oferecem-se” e acabam por seguir o exemplo do bull.
            Diversos estudos defendem, que crianças bull na infância têm a tendência a se
tornar possíveis criminosos e delinquentes. É necessário no entanto prevenir estes
possíveis cenários.4


            O bullying e o seio familiar


            A família é a instituição responsável pela primeira socialização da criança. A
partir desta primeira socialização à criança é transmitidas normas e valores para quês



2
    http://www.fafem.com.br/NOTICIAS/01_07_2008/bullying_pesquisa.pdf
3
    http://max.uma.pt/~a1221495/def_bully.htm
4
    http://max.uma.pt/~a1221495/def_bully.htm
esta possa posteriormente engajar-se na socialização secundária, que é administrada
pela escola.
             Assim, o seio familiar é considerado um elemento que influencia a integração
dos jovens no contexto sociocultural, logo, à que ter em consideração quais as suas
directrizes, normas e formas como encontra-se hierarquizada. A família apresenta-se
assim, como um grupo de indivíduos, que entre si desdobram a individualidade grupal e
autonomia, através da interacção, quando esta não existe e nem acontece a criança terá
sérios problemas na convivência com os outros.5


             As experiencias familiares revelam à criança a forma como esta deve interagir
com os outros indivíduos. 6Ou seja, revela a maneira como a criança deve relacionar-se
e integrar-se na sociedade. É através do convívio com o seio familiar, que se regulam a
formação dos valores, do auto conceitos e da auto-estima das crianças, que por sua vez
mais tarde poderão influenciar o comportamento social da criança. Se no seio familiar
um dos dois pais é agressivo, e por motivos absurdos parte para a violência, é provável
que o (s) filho (s) mais tarde venha a fazer o mesmo com qualquer pessoa, torna-se num
ciclo vicioso sem fim.
             "Um aluno que não tem uma relação saudável com os pais também não a vai ter
com o professor". 7
             Os alunos cujos pais são extremamente autoritários e não conhecem outra forma
de educar para além das sanções físicas e das agressões verbais, vão ser alunos cuja
personalidade              encontrar-se-á            influenciada      pela     forma   de   agir   dos   pais.
Consequentemente isto irá gerar na criança um baixo auto-conceito.
             O aluno depois da má experiência que teve com os seus pais, não quererá
relacionar-se com o professor, pois teme que este proceda da mesma forma que os pais.
Assim, uma boa relação com os progenitores irá providenciar uma maior aproximação
com os professores do que os alunos cuja relação com os pais é menos boa.




5
    https://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/1009/1/9649.pdf

6
    https://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/1009/1/9649.pdf
7
    http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/559250
O bullying e o meio escolar


“Abordar a agressividade em contexto escolar implica analisar e envolver todos os
fenómenos inter-relacionados e todos os intervenientes institucionais. A Agressividade
não ocorre no vazio, insere-se num grupo, numa escola, numa teia de comunicação.
Esta visão sistémica põe em evidência as redes de comunicação estabelecidas entre os
indivíduos, dotados de racionalidade e estratégias próprias, opondo-se a uma visão
linear e causualista”


                                                                            Santos, 2004


Antes de “desembarcar” na variável do meio escolar, de como esta influência a criança
bull, é indispensável deixar de realçar a importância que outros fenómenos têm sobre a
criança como também todos os outros intervenientes institucionais. O meio escolar não
é só o único agente que influencia como também a família, o grupo de pares, a
comunicação social, entre outros. Todo este conjunto de elementos actuam como um
todo, ou seja, a culpa não é só de uma parte mas sim de todo o conjunto. Daí a
“agressividade não ocorrer no vazio”.
            A violência não é inata no Homem, ou seja, o Homem não é violento por
natureza, apesar que o ser humano necessita da violência no seu dia-a-dia. A diferença
está sim na forma como o Homem usa a violência nas relações que estabelece com o
mundo exterior, nas suas relações diárias. “A Violência não está dentro do Homem nem
fora dele...está sim na relação do ser humano com a maneira como vivencia o mundo
em que habita”8
            Parte do quotidiano da criança desenrola-se na escola, sendo esta a instituição
que mais parte psicologicamente a maioria das crianças e jovens (Ribeiro dos Santos,
2004, cit. Ferreira, Elisabete).
            Ir à escola é um direito de criança como também um dever dos pais sendo uma
norma imposta pela sociedade. Deste modo esta instituição que transmite
conhecimentos e valores assume o papel normalizador de comportamentos da criança
mas de modo individualizado, ou seja, a escola é o agente que regula os

8
    http://violenciahumana.com.sapo.pt/Paginas%202/violencia%20humana.htm
comportamentos dos alunos mas para que, cada aluno cresça de forma diferente dos
outros, expressando o seu interior, gostos, aptidões.9
             O recreio no meio escola assume um papel fulcral no desenvolvimento da
criança, pois é aí, quando não está em tempo de aulas, manifesta o seu crescimento
social e cognitivo. Deste modo os recreios exercem um foco principal por parte dos
investigadores pois é aqui que a criança passa os melhores momentos do dia (pereira,
2002, cit., Ferreira, Elisabete) sendo também o recreio considerado por investigadores, o
local onde mais ocorre o fenómeno do bullying.
             Nesta mini-sociedade, onde as crianças brincam ao “faz de conta”, é também o
local onde existe uma grande observação tanto dos bons e dos maus comportamentos
das outras crianças, o que se veste melhor, o que tem certas atitudes, o que é mais
tímido e não consegue facilmente comunicar com as outras crianças, ou seja, é um dos
locais privilegiados pela criança bull para intimidar a outra mais fraca. Tudo isto
também acontece por as crianças serem muitas e não haver auxiliares de educação
suficiente para supervisionar todas elas, deixando escapar as artimanhas dos mais
experientes, que aproveitam para porem em prática os seus planos.
             “A indisciplina escolar não pode ser vista como existindo em si mesma, como
uma qualidade inerente ao próprio comportamento mas tem antes que ser analisada e
compreendida no contexto da relação pedagógica em que a situação surge” (Carita &
Fernandes, 1997; cit. Ferreira, Elisabete) Queremos com isto dizer, que há que ter em
conta todo o contexto em que a criança cresce e se desenvolve, pois ela será produto
desse meio em vive. Não podemos considerar a escola como uma ilha isolada e que
todo o comportamento mau da criança advém dela. 10 No entanto, uma vez que a escola
não é a única culpada no desenrolar deste fenómeno, ela não se pode fugir às suas
responsabilidades, tendo como um dos objectivos formar uma relação entre a família e a
própria escola, fornecendo, assim, em comum, um conjunto de soluções para o
problema do aluno. 11




9
    https://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/1009/1/9649.pdf
10
     http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=101&doc=8354&mid=2
11
     http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=101&doc=8354&mid=2
Bullying em Portugal
             O fenómeno do "bullying" é cada vez mais preocupante, uma realidade que vem
ocorrendo frequentemente nos estabelecimentos de ensino do nosso país. Esta
ocorrência não é privilégio de uma única instituição de ensino em particular, o bullying
é, de facto, um problema que afecta vários estabelecimentos escolares.
             Segundo um estudo português verificou-se que 47,4% dos indivíduos confirmam
já terem sido alvo de bullying. Já 36.2% afirmam que já praticaram bullying nos
sujeitos mais tímidos, fracos ou recém chegados à escola.12
             Comprova-se ainda neste estudo que o sexo masculino envolve-se mais nestas
práticas/comportamentos de agressão que o sexo feminino. Sendo que os acabados de
chagar a escola ou os mais pequeninos são as vítimas ideais para os agressores.
Consoante a evolução da idade e o nível de escolaridade os comportamentos de bullying
tornam-se menores.13
             Em Portugal, numa investigação com amostras nacionais representativas
realizada em 1998 constatou-se que, 42.5% dos alunos entre os 11 e 16 anos de idade,
nunca estiveram ligados ao bullying, sendo que, 10.2% declaravam-se como agressores,
e 22.1% assumiam-se como vitimas. Já em 2004, observou-se que 41.3% dos alunos
nunca se tinha envolvido em comportamentos de bullying, 9.4 consideravam-se
agressores e 22.1% vítimas. Portugal manteve os resultados num passar de seis anos
manteve os seus resultados. No entanto, e de concluir que o nosso pais apresenta
elevadas taxas de bullying nas escolas. Constata-se ainda que 23.5% dos alunos
portugueses com idades compreendidas entre as 10 e os 18 anos estão abrangidos em
comportamentos de bullying, efectuados duas a três vexes por mês ou até mais.14
             Recentemente, no dia 1 de Outubro, uma aluna de 14 anos, da Escola Secundária
Jorge Peixinho, no Montijo, foi vítima de bullying físico e psicológico, pelos colegas lá
da escola. Na consequência deste acto a jovem foi transportada para o Hospital. O caso
foi entregue às autoridades e ao conselho executivo da mesma escola, no entanto apesar
de todo este procedimento, o caso assumiu limites mais graves. A jovem adquiriu um
medo tremendo medo de ir a escola. Tudo isto, derivado a uma história de ciúmes, onde


12
     http://www.externato-penafirme.edu.pt/Bol-Bullying.pdf
13
     http://www.externato-penafirme.edu.pt/Bol-Bullying.pdf
14
     http://aaafpce.fpce.ul.pt/documentos/seminario_bullying/Resumo_Susana_Carvalhosa.pdf
um grupo de meninas juntaram-se para perseguir a jovem, que começando pelas
agressões verbais que rapidamente se transformarão em agressões físicas.15




O bullying/meio escolar no Reino Unido


          As escolas do Reino Unido numa recente notícia no jornal Guardian foram
caracterizadas como as piores escolas na Europa no que concerne à problemática do
bullying, este foi um estudo dirigido pelo British Council.
          Esta pesquisa consistiu na interrogação de três mil e quinhentas crianças, de
todas essas mil e quinhentas eram do Reino Unido. Apesar de ser no Reino Unido o
local onde as crianças mais reconhecem o problema existente é o país cujos números de
bullying são mais altos16.
          “Será o bullying praticado nas escolas aprendido em casa?”.17 A prática do
bullying está fortemente correlacionada com o ambiente em que a criança vive no seu
meio familiar. A criança no ensino básico, tem essencialmente duas famílias, a de casa
que o cria e a da escola, que o forma. Todos os comportamentos desempenhados pelos
seus modelos, nomeadamente os seus pais são reproduzidos pelas crianças, pois estas
aprendem essencialmente pela imitação.


          “ As crianças que experienciam, maus-tratos, hostilidade, sanções físicas pelos
seus pais, são as crianças que mais provavelmente irão praticar esse tipo de
comportamento.”18
                                                                                                   Sweeney


          Assim, as crianças tornam-se espelhos dos seus progenitores, agindo desta forma
no meio escolar, quando por exemplo deparam-se em situações onde não concordam,
agem da mesma forma que os pais agiriam com eles, através da agressividade. Então
uma família cujo modelo utilizado pelos pais é um modelo impulsionador de


15
   http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/bullying-violencia-agressao-montijo-tvi24/1109275-4071.html
16
   http://www.guardian.co.uk/education/2008/feb/29/schools.uk4
17
   http://behavioural-psychology.suite101.com/article.cfm/school_bullying_is_learned_at_home
18
   http://behavioural-psychology.suite101.com/article.cfm/school_bullying_is_learned_at_home
comportamentos que pretendia eliminar. Estes jovens ao terem toda esta raiva no seu
interior, descarregam-na da mesma forma que os pais fazem com eles, posteriormente
estes mesmos jovens serão pais e tudo este comportamento tornará a repetir-se
tornando-se num ciclo vicioso.


Soluções De Portugal
         As possíveis estratégias encontradas por Portugal para evitar o aparecimento do
bullying,      ou     amenizar        as     acções      agressivas        passam,       primeiramente,   pelo
reconhecimento por parte da sociedade, principalmente pelas escolas que o bullying
existe e acarreta consigo danos quer físicos quer psicológicos.
          Uma vez reconhecido o problema, há que incentivar as crianças, que são vítimas
desta problemática, a não se isolarem, a não terem medo de contar a situação em que se
encontram, ou seja, a “se abrirem” com os pais ou professores. Cabe assim aos
pais/professores revelarem-se disponíveis para ouvir o que as crianças têm para dizer.
Sendo importante confortar a criança de que esta não é culpada pelo que está
acontecendo, e que agora estará em segurança, erguendo assim a auto-estima da
vítima.19
“Todas as crianças devem ser informadas acerca da importância de contar a um adulto
que estão a ser intimidadas e saber que se deve lidar com estes incidentes de uma forma
imediata e eficaz.”20
         Posteriormente há que corrigir os erros do agressor, aplicando se necessário uma
punição adequada, que deverá ser aplicada no momento. Nos casos mais graves que
poderá ser a suspensão ou até mesmo a expulsão. Nos casos menos graves deverá ser
realizado um acompanhamento ao agressor na tentativa de alterar o seu comportamento,
responsabilizando-o pelos seus actos.21
         Tantos pais como professores deverão ensinar as crianças estratégias alternativas
para a resolução dos seus conflitos, como por exemplo, tentar conversar com o “colega”
e se não o conseguir pedir ajuda a um funcionário, professor ou pais. Ou seja, ao invés
de criança partir logo para a agressão física ou psicológica, terá em conta o que
aprendeu as “estratégias alternativas”22

19
   http://www.educacional.com.br/reportagens/bullying/solucoes.asp
20
   http://www.amcv.org.pt/amcv_files/pdfs/Bullying/Brochura%20Bullying-Escola.pdf
21
   http://www.amcv.org.pt/amcv_files/pdfs/Bullying/Brochura%20Bullying-Escola.pdf
22
   http://www.portalbullying.com.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=49&Itemid=60
Para que tudo corra bem há que ser estipulado desde cedo os limites, para que as
crianças não os ultrapassem. Estes limites devem estar bem definidos e sem rodeios
para não gerar ambiguidades. É também importante que existe uma concordância destes
limites, entre a disciplina de casa e a da escola.23
            Compete a escola estar atenta a estas situações de violência, avisando os pais do
sucedido, e nos casos mais graves alertar as autoridades policiais.
            E ainda promover debates sobre o bullying nas turmas, com o intuito de divulgar
esta problemática para que seja assimilada pelos alunos.24




Soluções do Reino Unido
            Na fase de crescimento da criança esta depara-se com sentimentos de
insegurança e frustração, manifestando-se posteriormente numa agressividade.
            Essa agressividade não “morre” só por mudar o agressor/vítima de ambiente,
não é suficiente transferir a criança para outro local, porque essa agressividade
manifestar-se-á em qualquer parte. Segundo que para alguns autores experientes na
matéria, tanto a criança agressora como a criança vitima pagam um preço muito alto.
Por um lado o agressor verificará que não o conseguem suportam então mudam-no de
escola, correndo o risco de aumentar este comportamento já na vida adulta, entrando
pelos caminhos da delinquência e marginalização. Já as vitimas, por já terem vivenciado
aquela experiência, mesmo mudando de escola, podem demonstrar um medo do que é
novo, uma angústia de que pode vir acontecer o mesmo que antes, esta postura por parte
delas implicitamente está a colocá-las novamente na posição de alvo fácil.25
            A prevenção é para qualquer fenómeno o primeiro comportamento a ter em
qualquer situação, pois só assim, mas não só, tentaremos evitar outro acontecimento. E
nesta sequência, importante, fomentar um ambiente tranquilo nas instituições de forma,
a que colaborando se consiga alcançar soluções para os problemas que se deparam
diariamente.
            Segundo Charnay, (1993) existe um conjunto de regras importantes para uma
plena eficácia e consequente preparação para vida em sociedade, na qual somos todos

23
     http://www.portalbullying.com.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=49&Itemid=60
24
     http://sites.google.com/site/bullyingcoisasdecrianca/solu%C3%A7%C3%B5es
25
     http://www.promenino.org.br/Ferramentas/Conteudo/tabid/77/ConteudoId/03c3c092-3860-409b-9ed9-3fdf5273d090/Default.aspx
cidadãos de uma comunidade diferente e iguais ao mesmo tempo: é importante
desenvolver competências comunitárias tornando possível a que todas as crianças
respeitam o outro como um ser com interesses, gostos, opiniões diferentes (Ginott,
1971); os valores na educação são de extrema importância possibilitando as crianças a
um esclarecimento dos valores que guiam as suas próprias vidas, tornando-os
autónomos. Estes valores devem pois integrar no denominado currículo oculto, ou seja,
os professores são importantes neste processo de desenvolvimento, pois é com eles que
as crianças passam a maior parte do seu tempo escolar, transmitindo indirectamente
atitudes e valores que não estão previstas no programa escolar mas que são transferidas
do professor para o aluno. Daí a ser dada extrema importância ao professor neste
processo.
       Os professores como os principais responsáveis das crianças nas escolas,
deverão ser capazes de mostrar aos seus alunos quais as formas de proceder, os
professores são então os modelos, assim é da responsabilidade do professor, arranjar
formas de aproximar-se dos seus alunos, ganhar a confiança destes para que possam
falar sem preconceito. Os professores deverão ter o espírito de iniciativa formando por
exemplo pequenos debates na turma, para saber o que os seus alunos pensam e o que
fariam para arranjar soluções. A entrevista informal e o questionário anónimo seriam
outras estratégias utilizadas tendo em vista o combate ao bullying. No Reino Unido os
pais dos alunos que pratiquem vandalismo, agressões físicas e verbais ou outros actos
de violência e indisciplina no espaço escolar serão multados em valores que rondam as
50 libras (aproximadamente 56 euros) em multas que quando acumuladas podem atingir
os 1450 euros.


Comparação Portugal vs Reino Unido


       Existem várias razões que levam as crianças a praticar este fenómeno chamado
de bullying. Entre as razões encontramos, o facto de o agressor encontrar-se rodeado de
violência, ou seja uma coisa acaba por levar à outra, pois um indivíduo que só conhece
uma forma de relacionar-se com os outros e é através da violência vai interceptar outros
e levá-los a participar neste ciclo. Outra razão desencadeadora seria numa situação
familiar revoltante por exemplo a morte de alguém, o desejo por ser aceite, e ser
considerado popular, os jovens quando passam pela adolescência sentem a necessidade
de pertença a um grupo qualquer que seja, acabando por sacrificar-se a si e aos outros
em prol do que pretendem atingir. O tipo de modelo que os pais utilizam para educar os
seus filhos nomeadamente o estilo autoritário é outro dos factores influenciadores do
bullying, pois ao serem criados num ambiente de tensão e não flexivo acabam por
reflectir o comportamento dos pais ao não aceitarem o que é diferente e por fim mas não
menos importante a auto-estima. Segundo conclusões de Olweus os agressores eram
aqueles que tinham a auto-estima alta e que se sentiam bem consigo mesmos, até
mesmo uma estrutura narcísica. Para Olweus o agressor com baixa auto-estima é um
mito. 26
            Tendo visto todas estas variáveis acima descritas, estas não variam de país para
pais, apesar de encontrarem-se inseridas em contextos educativos e sociais diferentes.
Embora as razões que levam à prática de bullying serem as mesmas, o mesmo não
acontece com as soluções propostas por cada país, até porque diferentes meios pedem
por diferentes soluções. No modelo comparativo de Bereday, primeiramente o
investigador terá que observar o meio que pretende analisar. A partir deste momento o
investigador iniciará a interpretação dos dados recolhidos, contrapondo o que encontra
no país em estudo e o que os mesmos influenciam os dados que recolheu, utilizando as
variáveis que observa como justificação dos valores.




26
     http://www.stopbullyingnow.com/Some%20reasons%20why%20%20kids%20bully.pdf
Fig.1 - Percentagem de crianças que praticaram bullying nos últimos 2 meses




Fonte: Craig, W.M., Pepler, D.J., Jiang, D., & Connolly, J. (in preparation). Victimization in Children and Adolescents: A
developmental and relational perspective. 2004




           Através da visualização dos dados referentes ao ano de 2004, concluímos que os
países cujas taxas de crianças que mais praticavam o bullying era, na Lituânia. No
presente gráfico o Reino Unido encontra-se discriminado, mas juntando os países que
de facto constituem o Reino unido veremos que este possui uma taxa superior à taxa de
Portugal.
           A frequência de comportamento caracterizados como bullying, segundo estudos
recentes de Carvalhosa & Matos (2004), apontam para um aumento gradual desta prática, sendo
estes comportamentos mais visíveis nas idades compreendidas entre os 10 e os 18 anos, tendo o
seu pico aos 13 anos. No ano de 2004 as investigações de Carvalhosa, realizadas a partir de
amostras nacionais, demonstram que 22,1% das crianças são vítimas de bullying.27
           Segundo uma pesquisa nacional feita no Reino Unido, referente ao bullying, em 2006,
este fenómeno afecta a maior parte das crianças que encontram-se integradas na escola,
afectando igualmente todos os intervenientes do meio escolar, como por exemplo a família. Os
dados recolhidos da pesquisa trazem-nos a dura realidade de que, apesar de existir diversas


27
  http://209.85.129.132/search?q=cache:yahpHYFk6qcJ:www.iefp.pt/formacao/formadores/formacao/
OfertaFormadores/Seminarios/Documents/Semin%C3%A1rio%2520Bullying/Dra.%2520Susana%2520Ca
rvalhosa%2520Resumo.doc+susana+carvallosa&cd=1&hl=pt-PT&ct=clnk&gl=pt&client=firefox-a
estratégias para combater este fenómeno tais como a semana Anti-Bullying, 69% das crianças
do Reino Unido continuam a ser agredidas, física, verbal e psicologicamente.28


             Apesar de os anos de comparação entre Portugal e Reino Unido serem diferentes,
conseguimos averiguar que o país que mais vitimas tem deste fenómeno é o Reino Unido.
             Com base no artigo 19 da Convenção das Nações Unidas sobre os direitos da criança,
toda a criança tem o direito de se sentir segura no meio escolar, devendo a escola fornecer
ambientes propícios à aprendizagem e ás relações saudáveis entre colegas. 29




28
      http://www.beatbullying.org/docs/resources/statistics.html

29
     http://www.gddc.pt/direitos-humanos/textos-internacionais-dh/tidhuniversais/dc-conv-sobre-dc.html
Referências Bibliográficas

Fontes:

http://www.fafem.com.br/NOTICIAS/01_07_2008/bullying_pesquisa.pdf
http://max.uma.pt/~a1221495/def_bully.htm
https://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/1009/1/9649.pdf
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/559250
http://violenciahumana.com.sapo.pt/Paginas%202/violencia%20humana.htm
https://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/1009/1/9649.pdf
http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=101&doc=8354&mid=2
http://www.externato-penafirme.edu.pt/Bol-Bullying.pdf
http://aaafpce.fpce.ul.pt/documentos/seminario_bullying/Resumo_Susana_Carvalhosa.p
df
http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/bullying-violencia-agressao-montijo-tvi24/1109275-
4071.html
http://www.guardian.co.uk/education/2008/feb/29/schools.uk4
http://behavioural-
psychology.suite101.com/article.cfm/school_bullying_is_learned_at_home
http://www.educacional.com.br/reportagens/bullying/solucoes.asp
http://www.amcv.org.pt/amcv_files/pdfs/Bullying/Brochura%20Bullying-Escola.pdf
http://www.portalbullying.com.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=49
&Itemid=60
http://sites.google.com/site/bullyingcoisasdecrianca/solu%C3%A7%C3%B5es
http://www.promenino.org.br/Ferramentas/Conteudo/tabid/77/ConteudoId/03c3c092-
3860-409b-9ed9-3fdf5273d090/Default.aspx
http://www.stopbullyingnow.com/Some%20reasons%20why%20%20kids%20bully.pdf
~
http://209.85.129.132/search?q=cache:yahpHYFk6qcJ:www.iefp.pt/formacao/formador
es/formacao/OfertaFormadores/Seminarios/Documents/Semin%C3%A1rio%2520Bully
ing/Dra.%2520Susana%2520Carvalhosa%2520Resumo.doc+susana+carvallosa&cd=1
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Trabalho Edu Comparada 23 01 2010

  • 1. DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO 2º ANO – 1º SEMESTRE CADEIRA DE EDUCAÇÃO COMPARADA DOCENTE NUNO FRAGA BULLYING: PORTUGAL VS REINO UNIDO Trabalho elaborado por: Bárbara Silva Carolina Fernandes Catherine Barreto 23 De Janeiro de 2010
  • 2. Introdução No âmbito da cadeira de Educação Comparada leccionada pelo docente Nuno Fraga foi-nos proposto a realização de um trabalho cujo tema principal é o bullying. Através da execução deste trabalho temos o intuito de analisar as influências do seio familiar nesta problemática e como isto se reflecte no meio escolar, mais concretamente em dois países: Portugal e Reino Unido. Pretendemos ainda dar a conhecer, se existe alguma influência dos comportamentos, atitudes da família que possam posteriormente levar uma criança/jovem à prática do bullying. E ainda quais as repercussões que a pratica do bullying trás para o meio escolar. Apesar da prática de bullying já á acontecer há muito tempo, não era tido em conta, era caracterizado como um comportamento normal entre crianças, mas felizmente, mais recentemente o bullying foi caracterizado como um comportamento grave e é crescente a preocupação com este problemas, assim como, a preocupação em solucioná-lo.
  • 3. Definição do tema Cada vez mais no deparamos com situações referenciadas por bullying, vindo a ser gradualmente um motivo de interesse tanto para os próprios alunos como também pais, e sem descurar a sua importância, os auxiliares de acção educativas. No presente trabalho iremos abordar um tipo de violência que é referido como bullying. Mas qual o seu significado? O termo bullying é tradicionalmente considerado por vários investigadores como um acto de violência, seja ela física ou psicológica. Esta acção do agressor (bull) para com a vítima manifesta-se por actos intencionais e repetidos, ou seja, não são actos ocorridos ocasionalmente, mas sim deliberados um indivíduo, e em certos casos, com o seu grupo de pares. Não existe ainda na língua portuguesa uma tradução de abrangesse todas as características deste acto tal como os “atributos de personalidade dos sujeitos que associados aos incidentes agressivos e por outro, as características que os comportamentos desses mesmos sujeitos assumem” (Pereira, 2002, cit. Ferreira, Elisabete, 2006). Deste modo, recorremos à utilização do termo em inglês. O bullying é considerado por Olweus (1993), o momento no qual "um aluno está a ser provocado/vitimado quando ele ou ela está exposto, repetidamente e ao longo do tempo, a acções negativas da parte de uma ou mais pessoas", isto é, segundo o autor designa-se bullying a acção que um aluno provoca uma situação já planeada, em que expõe um outro colega, saindo desse acto consequências negativas. Desta forma é considerada uma consequência negativa, quando intencionalmente um indivíduo fere outro.1 Neste confronto é necessário mostrar a evidência de certas características importantíssimas para detectar algum acto de bullying, sendo elas a intencionalidade do comportamento; a repetição desse comportamento num espaço de tempo; se há um “desequilíbrio de poder é encontrado no centro da dinâmica do bullying onde normalmente os agressores vêm as suas vítimas como um alvo fácil” (DeHaan, 1997). 1 http://www.externato-penafirme.edu.pt/Bol-Bullying.pdf
  • 4. Problemática do tema Apesar de ainda poucos autores se terem debruçado sobre desta temática, e de ainda não existir um grande conhecimento do bullying por parte de alunos, pais, profissionais de educação, saúde e também comunicação social, existe pois uma crescente preocupação incidente nos jovens entre os 10 e 18 anos. O bullying trespassa o tempo actual, ou seja, o bullying é tão arcaico como a escola. A diferença situa-se no momento de maior foco deste problema em 1970, na Suécia e também da sua universalização, no momento em que se assume um conjunto de comportamentos característicos do bullying. Este problema não só atinge o contexto escolar português como também a outros países, independentemente do grau de escolaridade. 2 Quando ocorre uma situação de confronto entre duas crianças, ainda existem muitas escolas que negam um possível acto de bullying ou até mesmo aquelas que mesmo conhecendo as consequências deste acto, negam enfrentá-lo e “tapam os olhos”. É necessário realçar que mesmo não sendo “autor” directo deste confronto (agressor ou vitima) existe ainda a possibilidade de estar inserido neste ambiente constrangedor, fazendo papel de testemunha,3 passando a manifestar sentimentos de ansiedade e medo. Em algumas situações, estas testemunhas que são num primeiro plano inocentes e inofensivas, mas observarem os agressores a magoarem sem ter qualquer tipo de punição, “oferecem-se” e acabam por seguir o exemplo do bull. Diversos estudos defendem, que crianças bull na infância têm a tendência a se tornar possíveis criminosos e delinquentes. É necessário no entanto prevenir estes possíveis cenários.4 O bullying e o seio familiar A família é a instituição responsável pela primeira socialização da criança. A partir desta primeira socialização à criança é transmitidas normas e valores para quês 2 http://www.fafem.com.br/NOTICIAS/01_07_2008/bullying_pesquisa.pdf 3 http://max.uma.pt/~a1221495/def_bully.htm 4 http://max.uma.pt/~a1221495/def_bully.htm
  • 5. esta possa posteriormente engajar-se na socialização secundária, que é administrada pela escola. Assim, o seio familiar é considerado um elemento que influencia a integração dos jovens no contexto sociocultural, logo, à que ter em consideração quais as suas directrizes, normas e formas como encontra-se hierarquizada. A família apresenta-se assim, como um grupo de indivíduos, que entre si desdobram a individualidade grupal e autonomia, através da interacção, quando esta não existe e nem acontece a criança terá sérios problemas na convivência com os outros.5 As experiencias familiares revelam à criança a forma como esta deve interagir com os outros indivíduos. 6Ou seja, revela a maneira como a criança deve relacionar-se e integrar-se na sociedade. É através do convívio com o seio familiar, que se regulam a formação dos valores, do auto conceitos e da auto-estima das crianças, que por sua vez mais tarde poderão influenciar o comportamento social da criança. Se no seio familiar um dos dois pais é agressivo, e por motivos absurdos parte para a violência, é provável que o (s) filho (s) mais tarde venha a fazer o mesmo com qualquer pessoa, torna-se num ciclo vicioso sem fim. "Um aluno que não tem uma relação saudável com os pais também não a vai ter com o professor". 7 Os alunos cujos pais são extremamente autoritários e não conhecem outra forma de educar para além das sanções físicas e das agressões verbais, vão ser alunos cuja personalidade encontrar-se-á influenciada pela forma de agir dos pais. Consequentemente isto irá gerar na criança um baixo auto-conceito. O aluno depois da má experiência que teve com os seus pais, não quererá relacionar-se com o professor, pois teme que este proceda da mesma forma que os pais. Assim, uma boa relação com os progenitores irá providenciar uma maior aproximação com os professores do que os alunos cuja relação com os pais é menos boa. 5 https://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/1009/1/9649.pdf 6 https://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/1009/1/9649.pdf 7 http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/559250
  • 6. O bullying e o meio escolar “Abordar a agressividade em contexto escolar implica analisar e envolver todos os fenómenos inter-relacionados e todos os intervenientes institucionais. A Agressividade não ocorre no vazio, insere-se num grupo, numa escola, numa teia de comunicação. Esta visão sistémica põe em evidência as redes de comunicação estabelecidas entre os indivíduos, dotados de racionalidade e estratégias próprias, opondo-se a uma visão linear e causualista” Santos, 2004 Antes de “desembarcar” na variável do meio escolar, de como esta influência a criança bull, é indispensável deixar de realçar a importância que outros fenómenos têm sobre a criança como também todos os outros intervenientes institucionais. O meio escolar não é só o único agente que influencia como também a família, o grupo de pares, a comunicação social, entre outros. Todo este conjunto de elementos actuam como um todo, ou seja, a culpa não é só de uma parte mas sim de todo o conjunto. Daí a “agressividade não ocorrer no vazio”. A violência não é inata no Homem, ou seja, o Homem não é violento por natureza, apesar que o ser humano necessita da violência no seu dia-a-dia. A diferença está sim na forma como o Homem usa a violência nas relações que estabelece com o mundo exterior, nas suas relações diárias. “A Violência não está dentro do Homem nem fora dele...está sim na relação do ser humano com a maneira como vivencia o mundo em que habita”8 Parte do quotidiano da criança desenrola-se na escola, sendo esta a instituição que mais parte psicologicamente a maioria das crianças e jovens (Ribeiro dos Santos, 2004, cit. Ferreira, Elisabete). Ir à escola é um direito de criança como também um dever dos pais sendo uma norma imposta pela sociedade. Deste modo esta instituição que transmite conhecimentos e valores assume o papel normalizador de comportamentos da criança mas de modo individualizado, ou seja, a escola é o agente que regula os 8 http://violenciahumana.com.sapo.pt/Paginas%202/violencia%20humana.htm
  • 7. comportamentos dos alunos mas para que, cada aluno cresça de forma diferente dos outros, expressando o seu interior, gostos, aptidões.9 O recreio no meio escola assume um papel fulcral no desenvolvimento da criança, pois é aí, quando não está em tempo de aulas, manifesta o seu crescimento social e cognitivo. Deste modo os recreios exercem um foco principal por parte dos investigadores pois é aqui que a criança passa os melhores momentos do dia (pereira, 2002, cit., Ferreira, Elisabete) sendo também o recreio considerado por investigadores, o local onde mais ocorre o fenómeno do bullying. Nesta mini-sociedade, onde as crianças brincam ao “faz de conta”, é também o local onde existe uma grande observação tanto dos bons e dos maus comportamentos das outras crianças, o que se veste melhor, o que tem certas atitudes, o que é mais tímido e não consegue facilmente comunicar com as outras crianças, ou seja, é um dos locais privilegiados pela criança bull para intimidar a outra mais fraca. Tudo isto também acontece por as crianças serem muitas e não haver auxiliares de educação suficiente para supervisionar todas elas, deixando escapar as artimanhas dos mais experientes, que aproveitam para porem em prática os seus planos. “A indisciplina escolar não pode ser vista como existindo em si mesma, como uma qualidade inerente ao próprio comportamento mas tem antes que ser analisada e compreendida no contexto da relação pedagógica em que a situação surge” (Carita & Fernandes, 1997; cit. Ferreira, Elisabete) Queremos com isto dizer, que há que ter em conta todo o contexto em que a criança cresce e se desenvolve, pois ela será produto desse meio em vive. Não podemos considerar a escola como uma ilha isolada e que todo o comportamento mau da criança advém dela. 10 No entanto, uma vez que a escola não é a única culpada no desenrolar deste fenómeno, ela não se pode fugir às suas responsabilidades, tendo como um dos objectivos formar uma relação entre a família e a própria escola, fornecendo, assim, em comum, um conjunto de soluções para o problema do aluno. 11 9 https://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/1009/1/9649.pdf 10 http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=101&doc=8354&mid=2 11 http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=101&doc=8354&mid=2
  • 8. Bullying em Portugal O fenómeno do "bullying" é cada vez mais preocupante, uma realidade que vem ocorrendo frequentemente nos estabelecimentos de ensino do nosso país. Esta ocorrência não é privilégio de uma única instituição de ensino em particular, o bullying é, de facto, um problema que afecta vários estabelecimentos escolares. Segundo um estudo português verificou-se que 47,4% dos indivíduos confirmam já terem sido alvo de bullying. Já 36.2% afirmam que já praticaram bullying nos sujeitos mais tímidos, fracos ou recém chegados à escola.12 Comprova-se ainda neste estudo que o sexo masculino envolve-se mais nestas práticas/comportamentos de agressão que o sexo feminino. Sendo que os acabados de chagar a escola ou os mais pequeninos são as vítimas ideais para os agressores. Consoante a evolução da idade e o nível de escolaridade os comportamentos de bullying tornam-se menores.13 Em Portugal, numa investigação com amostras nacionais representativas realizada em 1998 constatou-se que, 42.5% dos alunos entre os 11 e 16 anos de idade, nunca estiveram ligados ao bullying, sendo que, 10.2% declaravam-se como agressores, e 22.1% assumiam-se como vitimas. Já em 2004, observou-se que 41.3% dos alunos nunca se tinha envolvido em comportamentos de bullying, 9.4 consideravam-se agressores e 22.1% vítimas. Portugal manteve os resultados num passar de seis anos manteve os seus resultados. No entanto, e de concluir que o nosso pais apresenta elevadas taxas de bullying nas escolas. Constata-se ainda que 23.5% dos alunos portugueses com idades compreendidas entre as 10 e os 18 anos estão abrangidos em comportamentos de bullying, efectuados duas a três vexes por mês ou até mais.14 Recentemente, no dia 1 de Outubro, uma aluna de 14 anos, da Escola Secundária Jorge Peixinho, no Montijo, foi vítima de bullying físico e psicológico, pelos colegas lá da escola. Na consequência deste acto a jovem foi transportada para o Hospital. O caso foi entregue às autoridades e ao conselho executivo da mesma escola, no entanto apesar de todo este procedimento, o caso assumiu limites mais graves. A jovem adquiriu um medo tremendo medo de ir a escola. Tudo isto, derivado a uma história de ciúmes, onde 12 http://www.externato-penafirme.edu.pt/Bol-Bullying.pdf 13 http://www.externato-penafirme.edu.pt/Bol-Bullying.pdf 14 http://aaafpce.fpce.ul.pt/documentos/seminario_bullying/Resumo_Susana_Carvalhosa.pdf
  • 9. um grupo de meninas juntaram-se para perseguir a jovem, que começando pelas agressões verbais que rapidamente se transformarão em agressões físicas.15 O bullying/meio escolar no Reino Unido As escolas do Reino Unido numa recente notícia no jornal Guardian foram caracterizadas como as piores escolas na Europa no que concerne à problemática do bullying, este foi um estudo dirigido pelo British Council. Esta pesquisa consistiu na interrogação de três mil e quinhentas crianças, de todas essas mil e quinhentas eram do Reino Unido. Apesar de ser no Reino Unido o local onde as crianças mais reconhecem o problema existente é o país cujos números de bullying são mais altos16. “Será o bullying praticado nas escolas aprendido em casa?”.17 A prática do bullying está fortemente correlacionada com o ambiente em que a criança vive no seu meio familiar. A criança no ensino básico, tem essencialmente duas famílias, a de casa que o cria e a da escola, que o forma. Todos os comportamentos desempenhados pelos seus modelos, nomeadamente os seus pais são reproduzidos pelas crianças, pois estas aprendem essencialmente pela imitação. “ As crianças que experienciam, maus-tratos, hostilidade, sanções físicas pelos seus pais, são as crianças que mais provavelmente irão praticar esse tipo de comportamento.”18 Sweeney Assim, as crianças tornam-se espelhos dos seus progenitores, agindo desta forma no meio escolar, quando por exemplo deparam-se em situações onde não concordam, agem da mesma forma que os pais agiriam com eles, através da agressividade. Então uma família cujo modelo utilizado pelos pais é um modelo impulsionador de 15 http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/bullying-violencia-agressao-montijo-tvi24/1109275-4071.html 16 http://www.guardian.co.uk/education/2008/feb/29/schools.uk4 17 http://behavioural-psychology.suite101.com/article.cfm/school_bullying_is_learned_at_home 18 http://behavioural-psychology.suite101.com/article.cfm/school_bullying_is_learned_at_home
  • 10. comportamentos que pretendia eliminar. Estes jovens ao terem toda esta raiva no seu interior, descarregam-na da mesma forma que os pais fazem com eles, posteriormente estes mesmos jovens serão pais e tudo este comportamento tornará a repetir-se tornando-se num ciclo vicioso. Soluções De Portugal As possíveis estratégias encontradas por Portugal para evitar o aparecimento do bullying, ou amenizar as acções agressivas passam, primeiramente, pelo reconhecimento por parte da sociedade, principalmente pelas escolas que o bullying existe e acarreta consigo danos quer físicos quer psicológicos. Uma vez reconhecido o problema, há que incentivar as crianças, que são vítimas desta problemática, a não se isolarem, a não terem medo de contar a situação em que se encontram, ou seja, a “se abrirem” com os pais ou professores. Cabe assim aos pais/professores revelarem-se disponíveis para ouvir o que as crianças têm para dizer. Sendo importante confortar a criança de que esta não é culpada pelo que está acontecendo, e que agora estará em segurança, erguendo assim a auto-estima da vítima.19 “Todas as crianças devem ser informadas acerca da importância de contar a um adulto que estão a ser intimidadas e saber que se deve lidar com estes incidentes de uma forma imediata e eficaz.”20 Posteriormente há que corrigir os erros do agressor, aplicando se necessário uma punição adequada, que deverá ser aplicada no momento. Nos casos mais graves que poderá ser a suspensão ou até mesmo a expulsão. Nos casos menos graves deverá ser realizado um acompanhamento ao agressor na tentativa de alterar o seu comportamento, responsabilizando-o pelos seus actos.21 Tantos pais como professores deverão ensinar as crianças estratégias alternativas para a resolução dos seus conflitos, como por exemplo, tentar conversar com o “colega” e se não o conseguir pedir ajuda a um funcionário, professor ou pais. Ou seja, ao invés de criança partir logo para a agressão física ou psicológica, terá em conta o que aprendeu as “estratégias alternativas”22 19 http://www.educacional.com.br/reportagens/bullying/solucoes.asp 20 http://www.amcv.org.pt/amcv_files/pdfs/Bullying/Brochura%20Bullying-Escola.pdf 21 http://www.amcv.org.pt/amcv_files/pdfs/Bullying/Brochura%20Bullying-Escola.pdf 22 http://www.portalbullying.com.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=49&Itemid=60
  • 11. Para que tudo corra bem há que ser estipulado desde cedo os limites, para que as crianças não os ultrapassem. Estes limites devem estar bem definidos e sem rodeios para não gerar ambiguidades. É também importante que existe uma concordância destes limites, entre a disciplina de casa e a da escola.23 Compete a escola estar atenta a estas situações de violência, avisando os pais do sucedido, e nos casos mais graves alertar as autoridades policiais. E ainda promover debates sobre o bullying nas turmas, com o intuito de divulgar esta problemática para que seja assimilada pelos alunos.24 Soluções do Reino Unido Na fase de crescimento da criança esta depara-se com sentimentos de insegurança e frustração, manifestando-se posteriormente numa agressividade. Essa agressividade não “morre” só por mudar o agressor/vítima de ambiente, não é suficiente transferir a criança para outro local, porque essa agressividade manifestar-se-á em qualquer parte. Segundo que para alguns autores experientes na matéria, tanto a criança agressora como a criança vitima pagam um preço muito alto. Por um lado o agressor verificará que não o conseguem suportam então mudam-no de escola, correndo o risco de aumentar este comportamento já na vida adulta, entrando pelos caminhos da delinquência e marginalização. Já as vitimas, por já terem vivenciado aquela experiência, mesmo mudando de escola, podem demonstrar um medo do que é novo, uma angústia de que pode vir acontecer o mesmo que antes, esta postura por parte delas implicitamente está a colocá-las novamente na posição de alvo fácil.25 A prevenção é para qualquer fenómeno o primeiro comportamento a ter em qualquer situação, pois só assim, mas não só, tentaremos evitar outro acontecimento. E nesta sequência, importante, fomentar um ambiente tranquilo nas instituições de forma, a que colaborando se consiga alcançar soluções para os problemas que se deparam diariamente. Segundo Charnay, (1993) existe um conjunto de regras importantes para uma plena eficácia e consequente preparação para vida em sociedade, na qual somos todos 23 http://www.portalbullying.com.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=49&Itemid=60 24 http://sites.google.com/site/bullyingcoisasdecrianca/solu%C3%A7%C3%B5es 25 http://www.promenino.org.br/Ferramentas/Conteudo/tabid/77/ConteudoId/03c3c092-3860-409b-9ed9-3fdf5273d090/Default.aspx
  • 12. cidadãos de uma comunidade diferente e iguais ao mesmo tempo: é importante desenvolver competências comunitárias tornando possível a que todas as crianças respeitam o outro como um ser com interesses, gostos, opiniões diferentes (Ginott, 1971); os valores na educação são de extrema importância possibilitando as crianças a um esclarecimento dos valores que guiam as suas próprias vidas, tornando-os autónomos. Estes valores devem pois integrar no denominado currículo oculto, ou seja, os professores são importantes neste processo de desenvolvimento, pois é com eles que as crianças passam a maior parte do seu tempo escolar, transmitindo indirectamente atitudes e valores que não estão previstas no programa escolar mas que são transferidas do professor para o aluno. Daí a ser dada extrema importância ao professor neste processo. Os professores como os principais responsáveis das crianças nas escolas, deverão ser capazes de mostrar aos seus alunos quais as formas de proceder, os professores são então os modelos, assim é da responsabilidade do professor, arranjar formas de aproximar-se dos seus alunos, ganhar a confiança destes para que possam falar sem preconceito. Os professores deverão ter o espírito de iniciativa formando por exemplo pequenos debates na turma, para saber o que os seus alunos pensam e o que fariam para arranjar soluções. A entrevista informal e o questionário anónimo seriam outras estratégias utilizadas tendo em vista o combate ao bullying. No Reino Unido os pais dos alunos que pratiquem vandalismo, agressões físicas e verbais ou outros actos de violência e indisciplina no espaço escolar serão multados em valores que rondam as 50 libras (aproximadamente 56 euros) em multas que quando acumuladas podem atingir os 1450 euros. Comparação Portugal vs Reino Unido Existem várias razões que levam as crianças a praticar este fenómeno chamado de bullying. Entre as razões encontramos, o facto de o agressor encontrar-se rodeado de violência, ou seja uma coisa acaba por levar à outra, pois um indivíduo que só conhece uma forma de relacionar-se com os outros e é através da violência vai interceptar outros e levá-los a participar neste ciclo. Outra razão desencadeadora seria numa situação familiar revoltante por exemplo a morte de alguém, o desejo por ser aceite, e ser
  • 13. considerado popular, os jovens quando passam pela adolescência sentem a necessidade de pertença a um grupo qualquer que seja, acabando por sacrificar-se a si e aos outros em prol do que pretendem atingir. O tipo de modelo que os pais utilizam para educar os seus filhos nomeadamente o estilo autoritário é outro dos factores influenciadores do bullying, pois ao serem criados num ambiente de tensão e não flexivo acabam por reflectir o comportamento dos pais ao não aceitarem o que é diferente e por fim mas não menos importante a auto-estima. Segundo conclusões de Olweus os agressores eram aqueles que tinham a auto-estima alta e que se sentiam bem consigo mesmos, até mesmo uma estrutura narcísica. Para Olweus o agressor com baixa auto-estima é um mito. 26 Tendo visto todas estas variáveis acima descritas, estas não variam de país para pais, apesar de encontrarem-se inseridas em contextos educativos e sociais diferentes. Embora as razões que levam à prática de bullying serem as mesmas, o mesmo não acontece com as soluções propostas por cada país, até porque diferentes meios pedem por diferentes soluções. No modelo comparativo de Bereday, primeiramente o investigador terá que observar o meio que pretende analisar. A partir deste momento o investigador iniciará a interpretação dos dados recolhidos, contrapondo o que encontra no país em estudo e o que os mesmos influenciam os dados que recolheu, utilizando as variáveis que observa como justificação dos valores. 26 http://www.stopbullyingnow.com/Some%20reasons%20why%20%20kids%20bully.pdf
  • 14. Fig.1 - Percentagem de crianças que praticaram bullying nos últimos 2 meses Fonte: Craig, W.M., Pepler, D.J., Jiang, D., & Connolly, J. (in preparation). Victimization in Children and Adolescents: A developmental and relational perspective. 2004 Através da visualização dos dados referentes ao ano de 2004, concluímos que os países cujas taxas de crianças que mais praticavam o bullying era, na Lituânia. No presente gráfico o Reino Unido encontra-se discriminado, mas juntando os países que de facto constituem o Reino unido veremos que este possui uma taxa superior à taxa de Portugal. A frequência de comportamento caracterizados como bullying, segundo estudos recentes de Carvalhosa & Matos (2004), apontam para um aumento gradual desta prática, sendo estes comportamentos mais visíveis nas idades compreendidas entre os 10 e os 18 anos, tendo o seu pico aos 13 anos. No ano de 2004 as investigações de Carvalhosa, realizadas a partir de amostras nacionais, demonstram que 22,1% das crianças são vítimas de bullying.27 Segundo uma pesquisa nacional feita no Reino Unido, referente ao bullying, em 2006, este fenómeno afecta a maior parte das crianças que encontram-se integradas na escola, afectando igualmente todos os intervenientes do meio escolar, como por exemplo a família. Os dados recolhidos da pesquisa trazem-nos a dura realidade de que, apesar de existir diversas 27 http://209.85.129.132/search?q=cache:yahpHYFk6qcJ:www.iefp.pt/formacao/formadores/formacao/ OfertaFormadores/Seminarios/Documents/Semin%C3%A1rio%2520Bullying/Dra.%2520Susana%2520Ca rvalhosa%2520Resumo.doc+susana+carvallosa&cd=1&hl=pt-PT&ct=clnk&gl=pt&client=firefox-a
  • 15. estratégias para combater este fenómeno tais como a semana Anti-Bullying, 69% das crianças do Reino Unido continuam a ser agredidas, física, verbal e psicologicamente.28 Apesar de os anos de comparação entre Portugal e Reino Unido serem diferentes, conseguimos averiguar que o país que mais vitimas tem deste fenómeno é o Reino Unido. Com base no artigo 19 da Convenção das Nações Unidas sobre os direitos da criança, toda a criança tem o direito de se sentir segura no meio escolar, devendo a escola fornecer ambientes propícios à aprendizagem e ás relações saudáveis entre colegas. 29 28 http://www.beatbullying.org/docs/resources/statistics.html 29 http://www.gddc.pt/direitos-humanos/textos-internacionais-dh/tidhuniversais/dc-conv-sobre-dc.html
  • 16. Referências Bibliográficas Fontes: http://www.fafem.com.br/NOTICIAS/01_07_2008/bullying_pesquisa.pdf http://max.uma.pt/~a1221495/def_bully.htm https://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/1009/1/9649.pdf http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/559250 http://violenciahumana.com.sapo.pt/Paginas%202/violencia%20humana.htm https://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/1009/1/9649.pdf http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=101&doc=8354&mid=2 http://www.externato-penafirme.edu.pt/Bol-Bullying.pdf http://aaafpce.fpce.ul.pt/documentos/seminario_bullying/Resumo_Susana_Carvalhosa.p df http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/bullying-violencia-agressao-montijo-tvi24/1109275- 4071.html http://www.guardian.co.uk/education/2008/feb/29/schools.uk4 http://behavioural- psychology.suite101.com/article.cfm/school_bullying_is_learned_at_home http://www.educacional.com.br/reportagens/bullying/solucoes.asp http://www.amcv.org.pt/amcv_files/pdfs/Bullying/Brochura%20Bullying-Escola.pdf http://www.portalbullying.com.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=49 &Itemid=60 http://sites.google.com/site/bullyingcoisasdecrianca/solu%C3%A7%C3%B5es http://www.promenino.org.br/Ferramentas/Conteudo/tabid/77/ConteudoId/03c3c092- 3860-409b-9ed9-3fdf5273d090/Default.aspx http://www.stopbullyingnow.com/Some%20reasons%20why%20%20kids%20bully.pdf ~ http://209.85.129.132/search?q=cache:yahpHYFk6qcJ:www.iefp.pt/formacao/formador es/formacao/OfertaFormadores/Seminarios/Documents/Semin%C3%A1rio%2520Bully ing/Dra.%2520Susana%2520Carvalhosa%2520Resumo.doc+susana+carvallosa&cd=1 &hl=pt-PT&ct=clnk&gl=pt&client=firefox-a http://www.beatbullying.org/docs/resources/statistics.html http://www.gddc.pt/direitos-humanos/textos-internacionais-dh/tidhuniversais/dc-conv- sobre-dc.html