1. Departamento de Pesquisas e
Estudos Econômicos
Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos
Conjuntura Macroeconômica Semanal
20 de abril de 2012
Onde estamos, para onde vamos? Mobilidade social no Brasil na última década e
perspectivas para os próximos anos
Ana Maria Bonomi Barufi
• O movimento de mobilidade social no Brasil foi bastante intenso no período recente, em especial
quando é considerada a entrada de pessoas na Classe C. A grande questão que se coloca neste
momento é a possibilidade de continuidade deste processo nos moldes em que ele se conformou
até agora e o que esperar em termos do comportamento das famílias que ascenderam socialmente
nos últimos anos.
• A análise da evolução das classes sociais mostra que houve um ganho expressivo na última década
em direção à melhora da qualidade de vida das famílias brasileiras, baseado no crescimento acelerado
da renda acompanhado de significativa redução da desigualdade pessoal. A distribuição atual de renda
aponta que ainda existe um contingente relevante de pessoas que podem ascender para a Classe
CONJUNTURA MACROECONÔMICA SEMANAL
C, apesar do movimento já verificado nos últimos anos e do menor potencial de novos ingressantes.
Além disso, caso persista o cenário de crescimento da renda e redução da desigualdade, mais
pessoas deverão ingressar na Classe B.
Incerteza global mais elevada deve persistir no curto prazo, afetando o preço dos
principais ativos internacionais
Priscila Pereira Deliberalli
• Um mês atrás, os preços dos ativos estavam refletindo uma melhora com relação à expectativa de
recuperação da economia mundial, contudo, destacamos naquele momento que apesar da tendência
positiva para a atividade mundial, alguns riscos deveriam ser monitorados, ainda que nossa visão
fosse que a direção de recuperação global no médio prazo não estava alterada. De fato, esses
fatores de risco para o cenário de recuperação global voltaram ao centro das atenções nas últimas
semanas, abalando o nível de confiança dos agentes internacionais e elevando o grau de incerteza
e de aversão ao risco no curto prazo, com efeitos diretos sobre os preços dos ativos.
• A forte recessão enfrentada pela Espanha continua suscitando dúvidas no mercado com relação à
capacidade de o país realizar o ajuste fiscal necessário. Além disso, o mercado ainda questiona a
saúde do sistema bancário espanhol, carregado com um montante considerável de créditos duvidosos
decorrentes do estouro da bolha imobiliária em 2008, e também muito exposto à dívida pública do
país. Além disso, o resultado do PIB chinês do primeiro trimestre deste ano reforçou o processo de
desaceleração gradual em curso no país. Adicionalmente, o resultado mais fraco da criação de vagas
no mercado de trabalho nos EUA observado em março arrefeceu o clima de otimismo com relação
à velocidade de recuperação da economia norte-americana.
• Olhando para frente, embora o cenário internacional deva exercer efeitos deflacionistas sobre as
economias no curto prazo em virtude da postergação da consolidação da recuperação da economia
global, acreditamos que há espaço para a melhora dos preços dos ativos ao longo do ano, em linha
com nosso cenário de retomada gradual da atividade econômica. Contudo, além dos indicadores
econômicos, alguns eventos podem adicionar volatilidade no curto prazo.
1
2. Onde estamos, para onde vamos? Mobilidade social no Brasil na última década e
perspectivas para os próximos anos
Ana Maria Bonomi Barufi
O movimento de mobilidade social 1 no Brasil, de crescimento da renda e redução da desigualdade,
veiculado largamente nos meios de comunicação, mais pessoas deverão ingressar na Classe B.
foi bastante intenso no período recente, em especial
quando é considerada a entrada de pessoas na O processo de mobilidade social não parece ter se
Classe C. A grande questão que se coloca neste esgotado na nossa visão, enquanto continuarem
momento é a possibilidade de continuidade deste colocados os fatores que o possibilitam. Assim, por
processo nos moldes em que ele se conformou até mais que os ganhos relativos a programas sociais
agora e o que esperar em termos do comportamento e aos aumentos reais do salário mínimo já tenham
das famílias que ascenderam socialmente nos últimos sido em larga escala apropriados pelos grupos de
anos. renda mais baixa, é muito provável que tais estímulos
sejam mantidos nos próximos anos e que continuará
A análise da evolução das classes sociais mostra que impulsionando os movimentos da parte de baixo da
houve um ganho expressivo na última década em distribuição de renda. Adicionalmente, nosso cenário
direção à melhora da qualidade de vida das famílias inclui a nossa expectativa de que a renda continuará em
brasileiras, baseado no crescimento acelerado da renda uma trajetória ascendente, acompanhada por ganhos
acompanhado de significativa redução da desigualdade de produtividade em função da expansão atual da
pessoal. A distribuição atual de renda aponta que ainda educação. Todos estes elementos sustentam a nossa
existe um contingente relevante de pessoas que podem expectiva de que o consumo das famílias seguirá
ascender para a Classe C, apesar do movimento já se destacando na composição do PIB, mantendo o
verificado nos últimos anos e do menor Classes A, B e CdeSetembro de 2011 (MM12M): 120,2
potencial m mercado interno firme, a despeito das volatilidades de
novos ingressantes. Além disso, caso persista o cenário curto prazo características do ciclo macroeconômico.
65,0% 64,3% 65,5%
Classes A, B e C 60,8% Evolução das
59,2%
58,0%
Classe E
56,4% participações das
55,1%
Classes A, B e C
51,8%
51,0%
48,4%
e da Classe E na
46,3% população brasileira,
44,0%
Classes A, B e C em Fevereiro de 2012: 121,1 dados originais em
milhões de pessoas (74,1 em 2004)
média móvel 12
37,0% 35,2% Classe E em Fevereiro de 2012: 29,8 milhões de
pessoas (56,5 em 2004)
meses
30,0%
27,3%
23,3%
23,0% 21,5% 20,6%
18,8%
18,1%
Cenário Doméstico
16,0% 16,1%
jun/04
jun/05
jun/06
jun/07
jun/08
jun/09
jun/10
jun/11
fev/04
out/04
out/05
abr/04
fev/05
abr/05
fev/06
out/06
out/08
out/11
abr/06
fev/07
out/07
abr/07
fev/08
abr/08
fev/09
out/09
abr/09
fev/10
out/10
abr/10
fev/11
abr/11
fev/12
ago/04
dez/04
ago/05
dez/05
ago/06
dez/06
ago/07
dez/07
ago/08
dez/08
ago/09
dez/09
ago/10
dez/10
ago/11
dez/11
Fonte: PME, PNAD/IBGE
Elaboração: BRADESCO
De maneira mais específica, a Classe C foi a que um significativo percentual provém da ascensão social
apresentou os ganhos mais expressivos (em números (ou seja, pessoas que saíram das Classes D e E) e
absolutos), com quase 40 milhões de pessoas o restante do crescimento vegetativo da população
passando a compô-la nos últimos oito anos. Dessas, (novas famílias formadas).
1
Os critérios de classificação das pessoas em classes sociais aqui utilizados se baseiam na renda familiar, ou seja, contabilizam o número de pessoas cuja
renda familiar fica entre os seguintes intervalos: Classe E: menos de R$ 771; Classe D: R$ 771 a menos de R$ 1.276; Classe C: R$ 1.276 a menos de R$
5.104; Classe B: R$ 5.104 a menos de R$ 7.715; Classe A: R$ 7.715 ou mais, em valores reais de fevereiro de 2012.
DEPEC 2
3. 50,0
Variação do número
39,16
40,0 de pessoas em cada
classe social entre
30,0
jan/2004 e fev/2012
20,0
(em milhões de
pessoas)
10,0
4,87
2,95
0,0
-10,0 -7,71
-20,0
-30,0 -26,72
Fonte: PME, PNAD/IBGE
-40,0 Elaboração: BRADESCO
Classe E Classe D Classe C Classe B Classe A
A recente evolução das classes sociais está diretamente mais ricos da população em relação à massa de renda
associada aos ganhos reais de renda que foram dos 40% mais pobres passou de 19,9 em 2004 para
bastante disseminados entre os diversos grupos 16,7 em 2009 (ou seja, em 2009, a massa de renda dos
sociais, mas mais concentrados nos grupos de renda 10% mais ricos da população era 16,7 vezes maior do
mais baixa. Esse último fator, aliás, é o que proporciona que a massa de renda dos 40% mais pobres). Claro que
a redução da desigualdade social verificada ao longo ainda existe uma desigualdade bastante significativa,
dos últimos anos. As informações da PNAD mostram mas de fato os últimos anos vivenciaram mudanças
que a relação da massa de renda possuída pelos 10% interessantes.
31,0
30,0
Razão entre a renda
dos 10% mais ricos
e a dos 40% mais
27,0
pobres, 1981-2009
24,5
23,3 23,3
23,0
21,4
21,7
19,9
19,0
18,1 * Informações interpoladas pelo
fato da PNAD não ter ido a campo
(média entre o ano anterior e o ano
16,7 posterior).
15,0
1991*
1994*
2000*
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1992
1993
1995
1996
1997
1998
1999
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
Fonte: PNAD/IBGE, IPEADATA
Elaboração: BRADESCO
O conceito de classe social é definido pelo entre os indivíduos. Ainda assim, considerando que os
critério de renda familiar elementos acima mencionados permitam diferenciar os
níveis de bem-estar atingidos pelas pessoas, o conceito
Cenário Doméstico
Antes de prosseguir, é relevante discutir o conceito de de classe social busca capturar em que medida os
classe social aqui utilizado. De fato, diversos estudos indivíduos, dentro do contexto familiar, conseguem
sobre o tema apontam a necessidade de classificar as acessar determinados níveis de consumo.
famílias pelo bem-estar que elas conseguem atingir,
o qual está associado a seu acesso a bens duráveis, É importante destacar, que em virtude da falta de
infraestrutura, conforto relativo ao tamanho do domicílio, informações que melhor representem o consumo e a
entre outras características. Entretanto, o conceito posse de bens com a frequência desejada, utilizamos
de bem-estar é bastante relativo, dependendo das a renda familiar como variável definidora das classes
preferências de cada pessoa, e muito provavelmente sociais. Por mais que esta não seja a metodologia
o nível de felicidade atingido com a posse de bens ideal, acompanhar a evolução do número de pessoas
duráveis, por exemplo, pode variar significativamente em cada grupo, mantendo o critério de classificação
DEPEC 3
4. constante, garante que de uma maneira ou de outra Esta é uma ideia que já está bastante arraigada, mas
estejamos avaliando como a sociedade evoluiu ainda assim a diferença relativa de acesso ao nível
de modo a possibilitar que seus membros tenham superior de ensino é bastante surpreendente. Dessa
maior renda para atingirem níveis de consumo maneira, enquanto nas Classes D e E quase 75% das
mais elevados. Em que medida isto permite de pessoas não possuem instrução ou chegam apenas
fato avaliar quanto o bem-estar de tais indivíduos ao nível fundamental incompleto, nas Classes A e B
aumentou é uma questão maior, a qual deve ser 65% das pessoas possuem no mínimo ensino médio
contextualizada na avaliação dos fundamentos da completo ou superior incompleto. Nos três gráficos
teoria microeconômica neoclássica e não será alvo a seguir percebe-se também que entre 2004 e 2009
da presente análise. houve um aumento do acesso à educação em todos
os níveis de renda, destacando-se, entretanto, o
As classes sociais são caracterizadas também significativo crescimento das pessoas com ensino
pela diferença de escolaridade, fontes de renda e médio completo, ensino superior incompleto e completo
composição da renda do trabalho na Classe C. De fato, o forte crescimento do número
de estudantes universitários se deve majoritariamente
Milhões
O primeiro aspecto que chama a atenção é a diferença ao aumento de pessoas na Classe C que têm buscado
de escolaridade entre os distintos grupos de renda. maior nível educacional.
Número de pessoas por escolaridade e por classe social, (em milhões)
2004 - 2009
50
44,6
45
Classes E e D -2004
40
Classes E e D -2009
34,0
35
29,1
30
25 21,5
Milhões
20
15
10,5 9,5
10 7,6 8,8
5
0,3 0,5
0
Sem instrução Fundamental Fundamental Ensino médio Ensino superior
incompleto completo e ensino completo e completo
médio incompleto superior
incompleto
35
31,7 Classe C -2004
30 Classe C -2009
25,7 24,7
25
20 17,4
14,7 14,4
15
11,8
Milhões
11,1
10
4,9
5 3,3
0
Sem instrução Fundamental Fundamental Ensino médio Ensino superior
incompleto completo e ensino completo e superior completo
médio incompleto incompleto
7
6,1
Cenário Doméstico
6 Classes A e B -2004 5,7
Classes A e B -2009
5
4,3
3,9
4
2,9
3
2,4
1,9
2 1,6 1,4
1,2
1
0
Sem instrução Fundamental Fundamental Ensino médio Ensino superior Fonte: PNAD/IBGE
incompleto completo e ensino completo e superior completo Elaboração: BRADESCO
médio incompleto incompleto
DEPEC 4
5. O segundo aspecto avaliado se refere às fontes de relativamente mais importante para as Classes A e B. Já
renda das famílias em cada classe. O gráfico a seguir nas Classes D e E se destacam a aposentadoria federal,
mostra que a renda do trabalho constitui a principal pensões federais e outras transferências, com maior
fonte de renda para os três grupos analisados, mas é participação para este grupo do que para os demais.
90%
81,1% Classes E e D Participação de
78,4%
80%
Classe C
cada componente na
70% 66,2% Classes B e A
massa de renda das
famílias, por classe
60%
social
50% 2009
40%
30%
20% 18,4%
14,3% 14,1%
10% 7,0% 6,6%
4,7% 3,0%
0,1% 0,1% 0,5% 1,7% 1,1% 0,8% 1,3% 0,5%
0%
Renda do trabalho Aposentadoria Outras Pensões federais Outras pensões Outras Fonte: PNAD/IBGE
federal aposentadorias transferências
Elaboração: BRADESCO
Por fim, considerando apenas a renda do trabalho, para a Classe C o principal destaque é o empregado
é possível desvendar qual a posição na ocupação com carteira assinada (trabalho formal). Por fim, as
das pessoas ocupadas das classes sociais. Para Classes A e B se destacam pelo fato de que a ocupação
as Classes D e E, o emprego sem carteira assinada de seus componentes se dá de maneira significativa
e o conta própria (trabalho informal) apresentam no caso de empregadores e militares e funcionários
participação maior do que para os demais grupos. Já públicos estatutários.
Outras ocupações
0,4%
2,2%
Classes B e A Participação dos
Classe C
9,7% tipos de ocupação
15,3% Classes E e D
Empregador 3,9% das pessoas
1,1%
ocupadas por classe
16,5%
Conta própria 19,5% social 2009
26,7%
0,6%
Trabalhador sem carteira 4,9%
9,7%
0,4%
Trabalhador doméstico com carteira 2,5%
2,4%
11,5%
Outros empregados sem carteira 16,2%
22,0%
17,5%
Militar e funcionário público estatutário 7,8%
3,1%
37,7%
Empregado com carteira 43,0%
25,3% Fonte: PNAD/IBGE
Elaboração: BRADESCO
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0%
Continuamos apostando na perpetuação Em 2004, o contingente de pessoas na Classe D, perto
Cenário Doméstico
do processo de mobilidade social, com da divisão com a Classe C, era muito mais elevado do
destaque para a expansão relativa da classe B que em 2012, o que pode ter sido um dos fatores que
comparativamente à classe C facilitaram a ascensão social (ou seja, pessoas com
a renda familiar próxima ao limite inferior de definição
Por fim, é relevante compreender em que medida da Classe C tiveram maior facilidade para passar para
o processo de mobilidade social pode se perpetuar este grupo).
nos próximos anos. Utilizando a Pesquisa Mensal de
Emprego2, é possível avaliar quantas pessoas estão Com base no mesmo raciocínio, o número de pessoas
prestes a mudar de classe (para cima ou para baixo). prestes a ingressar na Classe B é maior em 2012
2
Na metodologia utilizada para avaliar a evolução mensal das classes sociais, o movimento mês a mês é dado pelas informações da PME, enquanto que
o nível é estabelecido pela PNAD.
DEPEC 5
6. do que era em 2004. Ou seja, a atual distribuição Em resumo, a situação atual quando comparada à de
de renda favorece mais a expansão da Classe B do 2004 traz os seguintes sinais: se a situação econômica
que a de 2004. Claro que o número de pessoas na se mantiver favorável, com expansão da renda e
vizinhança da Classe B é bem menor do que o de redução da desigualdade, o ingresso de pessoas na
pessoas na vizinhança da Classe C (mesmo em 2012). Classe C continuará a ser significativo em termos
Portanto, a comparação que deve ser feita é relativa absolutos, enquanto que a passagem de pessoas da
ao volume esperado de ingresso de pessoas em cada Classe C para a Classe B será maior do que foi até
classe. Ainda é importante destacar que existe um o momento. Entretanto, caso a conjuntura oposta se
significativo contingente de pessoas na Classe C que desenhe, ou seja, caso ocorra uma desaceleração
estão próximas ao seu limite inferior de renda. Isso mais forte da atividade econômica que tenha impactos
faz com que um choque negativo na economia tenha relevantes sobre a renda das famílias (o que não é o
o potencial de fazer um grupo relevante de pessoas nosso cenário), um grupo grande de pessoas pode
voltarem para a Classe D. retornar à Classe D.3
Distribuição das pessoas por renda familiar real, fevereiro de 2004 e fevereiro de 2012 (em pessoas)
5.000.000 E D C B A
4.500.000
4.000.000
3.500.000 fev/2004
3.000.000
2.500.000
2.000.000
1.500.000
1.000.000
500.000
-
1000 a 1500
1500 a 2000
2000 a 2500
2500 a 3000
3000 a 3500
3500 a 4000
4000 a 4500
4500 a 5000
5000 a 5500
5500 a 6000
6000 a 6500
6500 a 7000
7000 a 7500
7500 a 8000
8000 a 8500
8500 a 9000
9000 a 9500
500 a 1000
9500 a 10000
10000 ou mais
100 a 500
5.000.000 E D C B A
4.500.000
fev/2012
4.000.000
3.500.000
3.000.000
2.500.000
2.000.000
1.500.000
1.000.000
500.000
-
1000 a 1500
1500 a 2000
2000 a 2500
2500 a 3000
3000 a 3500
3500 a 4000
4000 a 4500
4500 a 5000
5000 a 5500
5500 a 6000
6000 a 6500
6500 a 7000
7000 a 7500
7500 a 8000
8000 a 8500
8500 a 9000
9000 a 9500
500 a 1000
9500 a 10000
10000 ou mais
100 a 500
Fonte: PME, IBGE
Elaboração: BRADESCO
Em resumo, a análise da evolução das classes sociais verificado nos últimos anos. Ou seja, o movimento
Cenário Doméstico
mostra que houve um ganho expressivo na última recente foi tão intenso que atualmente existe menor
década em direção à melhora da qualidade de vida número de pessoas que podem de fato ascender para
das famílias brasileiras, baseado no crescimento a classe média. Além disso, mantendo o crescimento
acelerado da renda acompanhado de significativa da renda e a redução da desigualdade, mais pessoas
redução da desigualdade pessoal. Como mencionado, deverão ingressar na Classe B.
a distribuição atual de renda aponta que ainda existe
um contingente relevante de pessoas que podem Uma ressalva a ser feita quanto ao escopo deste
ascender para a Classe C, apesar do movimento já trabalho é que ele não tem como objetivo desvendar
3
Um futuro trabalho do DEPEC objetivará analisar as condições estruturais que definem o direcional do movimento esperado das classes sociais na
próxima década.
DEPEC 6
7. o processo de inclusão social e os fatores que o sejam mantidos nos próximos anos e que continuem
engendraram. Ou seja, o alcance, a durabilidade e impulsionando os movimentos da parte de baixo
as consequências das políticas sociais serão alvo de da distribuição de renda. Adicionalmente, nosso
outro estudo a ser realizado pelo DEPEC-Bradesco. cenário comtempla a continuidade da renda em uma
trajetória ascendente, acompanhada por ganhos
O processo de mobilidade social não parece ter se de produtividade em função da expansão atual
esgotado na nossa visão, enquanto continuarem da educação. Todos estes elementos sustentam
colocados os fatores que o possibilitam. Assim, por a perspectiva de que o consumo das famílias
mais que os ganhos relativos a programas sociais e seguirá se destacando na composição do PIB,
aos aumentos reais do salário mínimo já tenham sido mantendo o mercado interno firme, a despeito das
em larga escala apropriados pelos grupos de renda volatilidades de curto prazo características do ciclo
mais baixa, é muito provável que tais estímulos macroeconômico.
Cenário Doméstico
DEPEC 7
8. Incerteza global mais elevada deve persistir no curto prazo, afetando o preço dos
principais ativos internacionais
Priscila Pereira Deliberalli
Um mês atrás, os preços dos ativos estavam e elevando o grau de incerteza e de aversão ao
refletindo uma melhora com relação à expectativa risco no curto prazo, com efeitos diretos sobre os
de recuperação da economia mundial, contando preços dos ativos. Ainda assim, embora o cenário
inclusive com notícias positivas vindas dos EUA, internacional deva exercer efeitos deflacionistas
além do alívio gerado pelo endereçamento da crise sobre as economias no curto prazo em virtude da
soberana grega e por sinais de relativa estabilização postergação da consolidação da recuperação da
da atividade na Zona do Euro. Contudo, destacamos economia global, mantemos nossa visão de que, a
naquele momento1 que apesar da tendência positiva despeito da volatilidade de curto prazo, a tendência
para a atividade mundial, alguns riscos deveriam de lenta e gradual retomada da atividade global não
ser monitorados, ainda que nossa visão fosse que está alterada.
a direção de recuperação global no médio prazo
não estava alterada. De fato, esses fatores de risco O comportamento do índice VIX de volatilidade reflete
para o cenário de recuperação global voltaram ao essa piora na percepção com relação ao cenário
centro das atenções nas últimas semanas, abalando externo; o indicador abriu mais de 5 pontos entre o
o nível de confiança dos VIX de volatilidade. Fonte:
índice agentes internacionais final de março e meados de abril.
bloomberg. elaboração: Bradesco
48,0
47 45,5
Índice VIX de
43,1 volatilidade
42 41,4
38,5
37
36,2
34,5
32
31,9 30,6
31,0
27 25,3 27,8
23,7 24,5 23,4
22 21,1 20,8 20,9 20,4
19,9
20,7 18,6
17 18,3
17,6
16,5 16,8 17,2
12 14,3
Fonte e Elaboração: Bradesco
19/06/11
19/07/11
19/08/11
19/09/11
19/10/11
19/11/11
19/12/11
19/01/12
19/02/12
19/03/12
19/04/12
A forte recessão enfrentada pela Espanha continua o que despertou ainda mais as incertezas quanto
suscitando dúvidas no mercado com relação à à capacidade dos governos regionais contribuírem
capacidade de o país realizar o ajuste fiscal necessário. para o ajuste fiscal necessário. Segundo informações
O atraso nas reformas, especialmente na entrega do divulgadas pela imprensa, o governo pode até assumir
orçamento, combinada com a decisão de alterar o déficit o controle das finanças de alguns governos regionais
Cenário Externo
fiscal no país (em dezembro anunciou déficit nominal com problemas de endividamento. Além disso, apesar
de 8,5% PIB versus 6,0% projetado anteriormente, das diversas reformas implementadas, o mercado
fixando depois a meta para 2012 em 5,3% PIB) já ainda questiona a saúde do sistema bancário espanhol,
haviam levado o mercado a questionar a credibilidade carregado com um montante considerável de créditos
do governo espanhol. Adicionalmente, o Partido Popular duvidosos decorrentes do estouro da bolha imobiliária
(PP) que assumiu em dezembro de 2011, venceu nas em 2008, e também muito exposto à dívida pública do
eleições regionais realizadas em 25 de março, mas país, exposição essa que aumentou ainda mais após
não conseguiu o controle dos 17 governos regionais, as operações de liquidez do Banco Central Europeu (a
1
Ver Conjuntura Macroeconômica Semanal de 23 de março de 2012.
DEPEC 8