Narração
A narração consiste em arranjar uma sequência de fatos na qual os personagens se movimentam num
determinado espaço à medida que o tempo passa.
O texto narrativo é baseado na ação que envolve personagens, tempo, espaço e conflito.
Seus elementos são: narrador, enredo, personagens, espaço e tempo.
Dessa forma, o texto narrativo apresenta uma determinada estrutura:
Esquematizando temos:
- Apresentação;
- Complicação ou desenvolvimento;
- Clímax;
- Desfecho.
Os Elementos da Narrativa
Os elementos que compõem a narrativa são:
- Foco narrativo (1º e 3º pessoa);
- Personagens (protagonista, antagonista e coadjuvante);
- Narrador (narrador-personagem, narrador-observador).
- Tempo (cronológico e psicológico);
- Espaço.
Tipos de Discurso na Narrativa
O discurso é direto quando são as personagens que falam. O narrador, interrompendo a narrativa, as coloca em cena e cede-
lhes a palavra. Exemplo:
"- Por que veio tão tarde? perguntou-lhe Sofia, logo que apareceu à porta do jardim, em Santa Teresa.
- Depois do almoço, que acabou às duas horas, estive arranjando uns papéis. Mas não é tão tarde assim, continuou Rubião,
vendo o relógio;são quatro horas e meia.
- Sempre é tarde para os amigos, replicou Sofia, em ar de censura."
(Machado de Assis, Quincas Borba, cap. XXXIV)
No discurso indireto não há diálogo, o narrador não põe as personagens a falar diretamente, mas faz-se o intérprete delas,
transmitindo ao leitor o que disseram ou pensaram. Exemplo:
"A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava muito conhecer Carlota e perguntou por que não a levei
comigo."
Para você ver como fica fácil vou passar o exemplo acima para o discurso direto:
- Desejo muito conhecer Carlota - disse-me Glória, a certo ponto da conversação. Por que não a trouxe consigo?
Discurso indireto livre: é uma combinação dos dois anteriores, confundindo as intervenções do narrador
com as dos personagens. É uma forma de narrar econômica e dinâmica, pois permite mostrar e contar os
fatos a um só tempo.
Veja o exemplo:
Enlameado até a cintura, Tiãozinho cresce de ódio. Se pudesse matar o carreiro... Deixa eu crescer!... Deixa
eu ficar grande!... Hei de dar conta deste danisco... Se uma cobra picasse seu Soronho... Tem tanta cascavel
nos pastos... Tanta urutu, perto de casa... se uma onça comesse o carreiro, de noite... Um onção grande, da
pintada... Que raiva!...
Mas os bois estão caminhando diferente. Começaram a prestar atenção, escutando a conversa de boi
Brilhante.
Tipos de textos narrativos
A narração é um dos gêneros literários mais fecundos, portanto, há atualmente diversos tipos de textos
narrativos que comumente são produzidos e lidos por pessoas de todo o mundo.
Entre os tipos de textos mais conhecidos, estão o Romance, a Novela, o Conto, a Crônica, a Fábula, a
Parábola, o Apólogo, a Lenda, entre outros.
O principal objetivo do texto narrativo é contar algum fato. E o segundo principal objetivo é que esse fato
sirva como informação, aprendizado ou entretenimento. Se o texto narrativo não consegue atingir seus
objetivos perde todo o seu valor. A narração, portanto, visa sempre um receptor.
Vejamos os conceitos de cada um desses tipos de narração e as diferenças básicas entre eles.
Romance: em geral é um tipo de texto que possui um núcleo principal, mas não possui apenas um núcleo.
Outras tramas vão se desenrolando ao longo do tempo em que a trama principal acontece. O Romance se
subdivide em diversos outros tipos: Romance policial, Romance romântico, etc. É um texto longo, tanto na
quantidade de acontecimentos narrados quanto no tempo em que se desenrola o enredo.
Novela: muitas vezes confundida em suas características com o Romance e com o Conto, é um tipo de
narrativa menos longa que o Romance, possui apenas um núcleo, ou em outras palavras, a narrativa
acompanha a trajetória de apenas uma personagem. Em comparação ao Romance, se utiliza de menos
recursos narrativos e em comparação ao Conto tem maior extensão e uma quantidade maior de
personagens.
Conto: É uma narrativa curta. O tempo em que se passa é reduzido e contém poucas personagens que
existem em função de um núcleo. É o relato de uma situação que pode acontecer na vida das personagens,
porém não é comum que ocorra com todo mundo. Pode ter um caráter real ou fantástico da mesma forma
que o tempo pode ser cronológico ou psicológico.
Crônica: por vezes é confundida com o conto. A diferença básica entre os dois é que a crônica narra fatos do
dia a dia, relata o cotidiano das pessoas, situações que presenciamos e já até prevemos o desenrolar dos
fatos. A crônica também se utiliza da ironia e às vezes até do sarcasmo. Não necessariamente precisa se
passar em um intervalo de tempo, quando o tempo é utilizado, é um tempo curto, de minutos ou horas
normalmente.
Fábula: É semelhante a um conto em sua extensão e estrutura narrativa. O diferencial se dá, principalmente,
no objetivo do texto, que é o de dar algum ensinamento, uma moral. Outra diferença é que as personagens
são animais, mas com características de comportamento e socialização semelhantes às dos seres humanos.
Parábola: é a versão da fábula com personagens humanas. O objetivo é o mesmo, o de ensinar algo. Para
isso são utilizadas situações do dia a dia das pessoas.
Apólogo: é semelhante à fábula e à parábola, mas pode se utilizar das mais diversas e alegóricas
personagens: animadas ou inanimadas, reais ou fantásticas, humanas ou não. Da mesma forma que as
outras duas, ilustra uma lição de sabedoria.
Anedota: é um tipo de texto produzido com o objetivo de motivar o riso. É geralmente breve e depende de
fatores como entonação, capacidade oratória do intérprete e até representação. Nota-se então que o
gênero se produz na maioria das vezes na linguagem oral, sendo que pode ocorrer também em linguagem
escrita.
Lenda: é uma história fictícia a respeito de personagens ou lugares reais, sendo assim a realidade dos fatos e
a fantasia estão diretamente ligadas. A lenda é sustentada por meio da oralidade, torna-se conhecida e só
depois é registrada através da escrita. O autor, portanto é o tempo, o povo e a cultura. Normalmente fala de
personagens conhecidas, santas ou revolucionárias.