1) O documento discute técnicas de análise de balanços, incluindo análise vertical, horizontal e por indicadores.
2) A análise vertical mostra a participação percentual de itens no ativo, passivo e resultados. A análise horizontal compara valores entre períodos.
3) Exemplos numéricos ilustram como aplicar essas análises e interpretar os resultados.
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ANÁLISE DE BALANÇOS (parte 2)
1) TÉCNICAS DE ANÁLISE
As principais técnicas de análise de balanço são: Análise Vertical, Análise Horizontal, Análise por
Indicadores e Análise Padrão. Vamos abordar cada uma delas detalhadamente.
4.1) Análise Vertical
Denominamos de análise vertical a análise de participação percentual ou de estrutura dos ele‐
mentos dos Demonstrativos Contábeis. Assume‐se como 100% um determinado elemento pa‐
trimonial, que, em princípio, deve ser o mais importante, e se faz uma relação percentual de
todos os demais elementos sobre ele. Para o Balanço Patrimonial, convencionou‐se adotar co‐
mo 100% o total do ativo e do passivo. Para a Demonstração de Resultados, convencionou‐se
adotar como 100% o valor do total da receita de vendas, líquida dos impostos, denominada
legalmente de Receita Operacional Líquida. A análise vertical da Demonstração de Resultados é
muito mais significativa do que a do Balanço Patrimonial, pois, pelo fato de atribuir 100% à re‐
ceita operacional, permite uma visão da estrutura de custos e despesas da empresa, em termos
de média sobre as vendas. Esta análise deve ser explorada ao máximo, já que permite extrair
informações muito úteis.
4.2) Análise Horizontal
É uma análise de crescimento (ou de variação). Tomam‐se como 100% todas as contas de um
determinado período e se faz uma relação percentual em cima dos dados deste período. O no‐
vo número relativo indica o quanto o dado do período subseqüente é maior ou menor que do
período anterior. Como é comum serem utilizados vários períodos, a variação seqüencial e con‐
secutiva acaba indicando uma tendência de crescimento (ou diminuição).
4.3) Exemplo Numérico – Análises Vertical e Horizontal
Nas tabelas a seguir apresentamos um exemplo de análises horizontais e verticais no Balanço
Patrimonial e da Demonstração de Resultados. As análises verticais e horizontais produzem
indicadores percentuais relativos. A análise vertical do Balanço Patrimonial deve ser feita com
muita cautela, para não serem tiradas conclusões errôneas ou óbvias demais. Como a base da
AV do Balanço Patrimonial é o total do ativo, qualquer alteração significativa deste valor, muito
diferente das operações tradicionais, pode modificar as estruturas percentuais, e sua análise
pode não fornecer informações úteis e conclusivas. Como exemplos dessas alterações não‐
costumeiras podemos citar a criação de reservas de reavaliação no Ativo Permanente com con‐
trapartida no Patrimônio Líquido, um investimento significativo em imobilizado com entrada de
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capital, uma aquisição de controlada etc. A AV da Demonstração de Resultados é extremamen‐
te significativa, pois deixa bem clara a estrutura de custos e despesas da empresa. A AH, por
indicar variação (crescimento ou diminuição do valor do elemento patrimonial em análise), por
si só já dá uma informação significativa e, além disso, deve ser enriquecida com a análise inter‐
relacionada das variações entre os elementos do Balanço Patrimonial que se integram com os
elementos da Demonstração de Resultados. As principais inter‐relações são:
Elementos da Demonstração de Elementos do Balanço
Resultados Patrimonial
Receita Operacional Bruta Contas a Receber de Clientes
Impostos a Recolher
Custo dos Produtos Vendidos Produção em Andamento e
Produtos Acabados
Consumo de Materiais Estoques de Materiais
Contas a Pagar a Fornecedores
Despesas de Pessoal Salários e Encargos a Pagar
Despesas Gerais Contas a Pagar
Depreciação Imobilizado
Despesas Financeiras Empréstimos e Financiamentos
Receitas Financeiras Aplicações Financeiras
Assim, caso ocorra um aumento de vendas de 10% seria admissível que Contas a Receber tam‐
bém aumentasse em 10%. Uma redução do consumo de materiais em 5% deveria promover
uma redução do estoque de materiais na mesma magnitude, e assim sucessivamente.
Obviamente, outros fatores poderão afetar esta relação direta. Por exemplo, no caso de au‐
mento de vendas, é possível que ele tenha sido conseguido com uma alteração da política de
crédito, com mais prazo para pagamento. Neste caso, Contas a Receber de clientes provavel‐
mente terá um aumento percentual maior que o da receita.
Um outro motivo que causa aumento da carteira de clientes, diferente do aumento de vendas,
é o aumento da inadimplência. Assim, caso a empresa tenha maiores problemas com duplicatas
em atraso, a carteira de clientes poderá crescer mais do que o aumento de vendas.
Na área de compras de materiais e custo dos produtos vendidos, a situação é semelhante. A
redução do prazo médio de pagamento poderá diminuir a conta de fornecedores, mesmo que o
consumo de materiais aumente. O inverso – um aumento do prazo de pagamento – aumentará
a conta de fornecedores em percentual maior do que o consumo de materiais.
4.3.1) Exemplo de avaliação – AV do balanço patrimonial
O ativo apresentou uma pequena alteração estrutural, com a participação do Permanente fi‐
cando menor que a do Ativo Circulante. O valor absoluto do Ativo Permanente diminuiu em
19X1 em relação a 19X0, basicamente porque as novas aquisições de imobilizados foram em
valor inferior ao total da depreciação lançada como despesa no ano.
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Este fato, aliado a um aumento geral do Passivo Circulante com o aumento do endividamento
financeiro e dos passivos de funcionamento, permitiu que as aplicações financeiras de 19X1
tivessem um aumento de 105,4% aumentando sua participação na estrutura do ativo.
A estrutura do passivo evidencia apenas uma pequena mudança do perfil da dívida, pois parce‐
la do endividamento de longo prazo foi transferida para o curto prazo.
4.3.2) Exemplo de avaliação – AV da demonstração de resultados
O ano de 19X0 apresenta um custo dos produtos vendidos médio de 78,9% da receita líquida,
aumentando para 80,8% em 19X1. A causa foi que o pequeno aumento das vendas de um ano
para outro – de 0,4% ‐ não permitiu uma boa diluição dos custos fixos industriais, que aumenta‐
ram em valor absoluto.
As despesas operacionais, administrativas e comerciais também tiveram um aumento do valor
absoluto em 19X1 e passaram a representar 13,1% da receita líquida de vendas contra 7,3% do
ano anterior.
Com isso, a margem operacional, que era de 9% em 19X0, passou a 6,1% em 19X1, prejudican‐
do o resultado da empresa. Os demais itens não tiveram alteração significativa, e o lucro líquido
após os impostos, sobre as vendas líquidas, caiu de 4% em 19X0 para 2,4% em 19X1.
4.3.3) Exemplo de avaliação – AH do balanço patrimonial e da demonstração de resultados
As variações de crescimento de contas a receber maiores que as variações do total das vendas
decorrem de ajuste de política de crédito. O mesmo acontece com as variações de fornecedo‐
res e contas a pagar, que decorrem de ajustes de prazos de pagamento.
O permanente teve uma variação negativa de 5,9% tendo em vista que o total bruto do imobili‐
zado aumentou 8,4%, enquanto a depreciação acumulada aumentou em 43,3%, provocando
uma redução no conjunto do imobilizado de 6,7%.
No passivo, o aumento de empréstimos de curto prazo (37,4%) decorre da contabilização de
juros e novos empréstimos superiores às amortizações. O aumento do Patrimônio Líquido de
6,8% se deu em virtude da retenção de lucros, resultados não‐distribuídos, de R$ 270.075.
A AH da Demonstração de Resultados indica um aumento da vendas de 0,4%. O custo das ven‐
das aumentou 2,8%, uma vez que, mesmo reduzindo em 0,5% o custo do consumo dos materi‐
ais, houve um aumento muito grande das despesas gerais (24,5%). Somado aos aumentos dos
custos de mão‐de‐obra, ao redor de 7%, houve um aumento médio do custo dos produtos ven‐
didos.
As despesas operacionais aumentaram na média 8,1% pois são, na maioria, custos fixos que
tiveram reajustes, principalmente mão‐de‐obra. Com isso, o Lucro Operacional caiu 31,4% e o
Lucro Líquido, 39,1%. Portanto, a avaliação final é que o resultado do ano de 19X1 foi compro‐
metido pelo pouco aumento das vendas e pelo aumento geral dos custos fixos, provocando
queda de margem e rentabilidade.
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Análises vertical e horizontal do balanço patrimonial
Elementos Patrimoniais 31.12.X0 (Em R$) AV (Em %) 31.12.x1 (Em R$) AV (Em %) AH (Em%)
Ativo Circulante 5.527.500 48,0 6.911.945 55,1 25,0
Caixa/Bancos 1.000 0,0 1.000 0,0 0,0
Aplicações Financeiras 777.160 6,7 1.596.167 12,7 105,4
Contas a Receber de Clientes 1.650.000 14,3 2.048.604 16,3 24,2
(‐) Provisão Devedores Duvidosos (30.000) ‐0,3 (43.899) ‐0,3 46,3
(‐) Títulos Descontados ‐ 0,0 ‐ 0,0 0,0
* Contas a Receber‐ Líquido 1.620.000 14,1 2.004.705 16,0 23,7
Estoques: 3.124.340 27,1 3.302.972 26,3 5,7
* de materiais ‐ bruto 1.800.000 15,6 1.788.347 14,2 ‐0,6
* (‐) provisão retificadora ‐ 0,0 ‐ 0,0 0,0
* de materiais ‐ líquido 1.800.000 15,6 1.788.347 14,2 ‐0,6
* em processo 625.940 5,4 839.145 6,7 34,1
* acabados 696.000 6,0 672.679 5,4 ‐3,4
Adiantamentos a fornecedores 2.400 0,0 2.800 0,0 16,7
Impostos a Recuperar 4.500 0,0 5.800 0,0 28,9
Despesas do Exercício Seguinte 500 0,0 1.300 0,0 160,0
Realizável a Longo Prazo 6.000 0,1 8.000 0,1 33,3
Depósitos Judiciais 5.000 0 7.000 0,1 40
Incentivos Fiscais 1.000 0 1.000 0 0
Permanente 5.990.000 52,0 5.634.775 44,9 ‐5,9
Investimentos em Controladas 200.000 1,7 230.000 1,8 15,0
* Imobilizado Bruto ‐ 0,0 ‐ 0,0 0,0
* Terrenos ‐ 0,0 ‐ 0,0 0,0
* Reavaliação de Terrenos ‐ 0,0 ‐ 0,0 0,0
* Outros Imobilizados 8.290.000 71,9 8.987.000 71,6 8,4
* (‐) Depreciação Acumulada (2.500.000) ‐21,7 (3.582.225) ‐28,5 43,3
Imobilizado Líquido 5.790.000 50,2 5.404.775 43,0 ‐6,7
Diferido ‐ 0,0 ‐ 0,0 0,0
ATIVO TOTAL 11.523.500 100,0 12.554.719 100,0 8,9
Elementos Patrimoniais 31.12.X0 (Em R$) AV (Em %) 31.12.x1 (Em R$) AV (Em %) AH (Em%)
Passivo Circulante 2.723.500 23,6 3.446.209 27,4 26,5
Fornecedores 460.000 4,0 679.377 5,4 47,7
Salários e Encargos a Pagar 200.000 1,7 264.981 2,1 32,5
Contas a Pagar 100.000 0,9 120.446 1,0 20,4
Impostos a Recolher ‐ sobre Mercadorias 460.000 4,0 475.203 3,8 3,3
Impostos a Recolher ‐ sobre Lucros 100.000 0,9 72.028 0,6 ‐28,0
Adiantamento de Clientes 3.500 0,0 5.000 0,0 42,9
Empréstimos 1.200.000 10,4 1.649.124 13,1 37,4
Dividendos a Pagar 200.000 1,7 180.050 1,4 ‐10,0
Exigível a Longo Prazo 4.800.000 41,7 4.838.435 38,5 0,8
Financiamentos 4.800.000 41,7 4.838.435 38,5 0,8
Patrimônio Líquido 4.000.000 34,7 4.270.075 34,0 6,8
Capital Social 4.000.000 34,7 4.000.000 31,9 0,0
Reservas de Capital ‐ 0,0
‐ 0,0 0,0
Reservas de Reavaliação ‐ 0,0
‐ 0,0 0,0
Reservas de Lucros/Lucros Acumulados ‐ 0,0
‐ 0,0 0,0
Lucro do Período ‐ 0,0 270.075 2,2 0,0
PASSIVO TOTAL 11.523.500 100,0 12.554.719 100,0 8,9
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Análises vertical e horizontal da demonstração de resultados
Discriminação 31.12.X0 (Em R$) AV (Em %) 31.12.x1 (Em R$) AV (Em %) AH (Em%)
RECEITA OPERACIONAL BRUTA 23.787.210 127,6 23.883.989 127,6 0,4
(‐) Impostos nas vendas ‐ ICMS ‐ PIS ‐ Cofins (5.149.931) ‐27,6 (5.170.884) ‐27,6 0,4
RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 18.637.279 100,0 18.713.105 100 0,4
Custo dos Produtos Vendidos 14.707.102 78,9 15.122.900 80,8 2,8
* Materiais Diretos 9.152.000 49,1 9.107.375 48,7 ‐0,5
* Materiais Indiretos 798.000 4,3 793.914 4,2 ‐0,5
Consumo de Materiais Total 9.950.000 53,4 9.901.289 52,9 ‐0,5
Mão‐de‐Obra Direta 1.721.000 9,2 1.842.222 9,8 7,0
Mão‐de‐Obra Indireta 1.380.000 7,4 1.474.799 7,9 6,9
Despesas Gerais 940.986 5,0 1.171.915 6,3 24,5
Depreciação 905.000 4,9 922.559 4,9 1,9
(+/‐) Variação dos Estoques Industriais (189.884) ‐1,0 (189.884) ‐1 0,0
Lucro Bruto 3.930.177 21,1 3.590.206 19,2 ‐8,7
Despesas Operacionais 1.358.678 7,3 2.444.596 13,1 79,9
Comerciais 1.442.731 7,7 1.442.731 7,7 0,0
* Mão‐de‐obra 150.000 0,8 163.816 0,9 9,2
* Materiais Indiretos 50.000 0,3 66.009 0,4 32,0
* Despesas 1.128.678 6,1 1.171.007 6,3 3,8
* Depreciação 28.000 0,2 28.000 0,1 0,0
* Provisão Devedores Duvidosos 2.000 0,0 13.899 0,1 594,9
Administrativos 902.000 4,8 1.001.865 5,4 11,1
* Mão‐de‐obra 512.000 2,7 591.558 3,2 15,5
* Materiais Indiretos 50.000 0,3 58.178 0,3 16,4
* Despesas 220.000 1,2 220.463 1,2 0,2
* Depreciação 120.000 0,6 131.667 0,7 9,7
Lucro Operacional I 1.669.499 9,0 1.145.610 6,1 ‐31,4
Receitas Financeiras de Aplicações 16.800 0,1 110.257 0,6 556,3
Outras Receitas Financeiras 30.000 0,2 56.400 0,3 88,0
Despesas Financeiras com Financiamentos (552.999) ‐3,0 (590.230) ‐3,2 6,7
Outras Despesas Financeiras (90.000) ‐0,5 (106.800) ‐0,6 18,7
Equivalência Patrimonial 2.000 0,0 30.000 0,2 1400,0
Lucro Operacional II 1.075.300 5,8 645.237 3,4 ‐40,0
Resultados não‐operacionais (19.000) ‐0,1 (2.200) 0 ‐88,4
* Valor de Venda de Imobilizados 1.000 0,0 800 0 ‐20,0
* (‐) Valor da Baixa de Imobilizados (20.000) ‐0,1 (3.000) 0 ‐85,0
Lucro Antes dos Impostos 1.056.300 5,7 643.037 3,4 ‐39,1
Impostos sobre o Lucro (316.890) ‐1,7 (192.911) ‐1 ‐39,1
Lucro Líquido depois do Imp. Renda 739.410 4,0 450.126 2,4 ‐39,1
4.4) Análise por Indicadores ou Índices
A análise dos indicadores financeiros deve considerar todos os aspectos conjuntamente. O ana‐
lista deve assumir alguns parâmetros e dizer se a empresa está bem ou não tanto em cada um
dos indicadores como no conjunto deles, e verificar entre outras coisas:
• Os índices de liquidez estão bons ou não?
• O endividamento é aceitável?
• O giro do ativo está melhorando?
• Os prazos médios de recebimento e pagamento são normais?
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• Os prazos médios de estocagem são aceitáveis para o setor? Não há excesso de estoques de
forma crônica?
• O lucro gerado apresenta um grau de segurança para pagamento do serviço da dívida (juros
dos financiamentos)?
• A rentabilidade do capital próprio está dentro da média do custo de oportunidade do mer‐
cado?
• A rentabilidade do capital próprio está dentro da média do custo de oportunidade do mer‐
cado?
• Os dividendos distribuídos satisfarão os acionistas e promoverão maior valor da empresa?
• A análise geral indica empresa em crescimento e potencial de geração de lucros?
Essas considerações têm por finalidade dar um grau de confiança maior tanto para o analista
como para o usuário dos relatórios da análise de balanço.
Apresentamos a seguir, a descrição detalhada dos indicadores mais conhecidos.
4.4.1) Indicadores de Liquidez
Os indicadores de liquidez visam medir a capacidade de pagamento da empresa, ou seja, se os
bens e direitos são suficientes para liquidar as obrigações assumidas perante terceiros. Convém
ressaltar que, uma empresa com bons índices de liquidez tem condições de ter boa capacidade
de pagar suas dívidas, mas não estará, obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia, em fun‐
ção de outros fatores, tais como prazo, renovação de dívidas etc.
a) Liquidez Corrente
Esse índice é considerado o principal e o mais utilizado para avaliar a capacidade de pagamento
da empresa. É resultado do quociente entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante. Em outras
palavras, é o confronto do total de bens e direitos realizáveis ou conversíveis em moeda no
prazo de 360 dias (curto prazo) e as obrigações exigíveis no mesmo prazo. É apurado pela se‐
guinte fórmula:
Ativo Circulante
Fórmula =
Passivo Circulante
b) Liquidez Seca
Trata‐se de um indicador bastante conservador para avaliar a situação de liquidez da empresa.
Este índice é um teste de força aplicado à empresa, visando medir o grau de excelência da situ‐
ação financeira. É uma variante do índice de liquidez corrente, que elimina do numerador da
fórmula, os Estoques e as Despesas Antecipadas. Em síntese, indica o quanto a empresa poderá
dispor de bens e direitos realizáveis no curto prazo, sem vender seus estoques e sem amortizar
suas despesas antecipadas. É apurado pela fórmula a seguir:
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Ativo Circulante − Estoques − Desp. Antecipadas
Fórmula =
Passivo Circulante
c) Liquidez Imediata
Este indicador, considerado o mais agressivo, revela qual o valor de que a empresa dispõe para
quitar as obrigações de curto prazo imediatamente, com recursos provenientes das Disponibili‐
dades, ou seja, Caixa, Bancos e Aplicações Financeiras disponíveis para resgate. É representado
pela seguinte fórmula:
Disponibilidades
Fórmula =
Passivo Circulante
Este indicador deve ser analisado com muita cautela, considerando‐se o fato de que, as empre‐
sas possuem pouco interesse em manter montantes elevados de recursos em caixa, o que nor‐
malmente prejudicaria a rentabilidade. Assim sendo, na maioria dos casos, esse quociente está
bem abaixo de $ 1,00. Entretanto, temporariamente, a empresa pode apresentar um alto índice
de liquidez imediata, por exemplo, ao captar empréstimos para capital de giro. Nesse caso, o
valor das disponibilidades torna‐se elevado até a efetiva destinação do capital de terceiros.
d) Liquidez Geral
Este índice revela a capacidade de pagamento geral da empresa, tanto no curto, quanto no
longo prazo.
Esse indicador apresenta muitas dificuldades de avaliação. Não existe nenhum parâmetro refe‐
rencial, podendo ser até menor do que 1,00. A grande dificuldade em analisar este indicador
está no fato de que ele soma no denominador e no numerador itens de mesma natureza, po‐
rém, completamente diferentes no aspecto de realização (de transformação em dinheiro). Isso
se deve à parcela de longo prazo, uma vez que a contabilidade classifica como longo prazo tudo
o que excede a um ano da data de balanço. Assim, estão aglutinados valores que podem vencer
a pouco mais de um ano, como dois anos, sendo extremamente comuns, no caso do exigível a
longo prazo, vencimentos de 5, 10, 15 e 20 anos. A fórmula utilizada para o cálculo da liquidez
geral é a seguinte:
Ativo Circulante + Realizáve a Longo Prazo
Fórmula =
Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo
4.4.2) Indicadores de Estrutura de Capitais
Os índices desse grupo mostram as grandes linhas de decisões financeiras, em termos de ob‐
tenção e aplicação de recursos.
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a) Participação de Capitais de Terceiros
O índice de Participação de Capitais de Terceiros visa medir a dependência da empresa dos re‐
cursos de terceiros. Grande parte das empresas que vão à falência, apresentam durante um
período relativamente longo de tempo, altos quocientes de Participação de Capitais de Tercei‐
ros. Entretanto, isto não é uma regra geral, ou seja, não significa que todas as empresas com
altos índices irão se tornar insolventes. A fórmula de cálculo á apresentada a seguir:
Capital de Terceiros
Fórmula =
Patrimônio Líquido
A interpretação básica deste indicador é de que, quanto menor melhor, ou seja, quanto menor
a participação dos recursos de terceiros em relação ao capital próprio (patrimônio líquido), me‐
lhor para a empresa. Entretanto, vale ressaltar que, se a empresa estiver alavancada financei‐
ramente é conveniente manter alto índice de participação de capitais de terceiros, para os usu‐
ários internos. Em outras palavras, se a empresa captar recursos de terceiros, pagando 8% de
juros ao mês (despesa financeira), e aplicar estes recursos de forma a obter um retorno de 10%
ao mês, estará fazendo um bom negócio, independentemente da estrutura de capitais. No en‐
tanto, devemos lembrar que, para os usuários externos, é importante que a empresa possua
um baixo nível de participação de capitais de terceiros, pois, um endividamento elevado é fator
de risco para os credores.
b) Composição do Endividamento
Este indicador demonstra quanto, do total de obrigações com terceiros, deverá ser liquidado no
curto prazo. Quanto menor for esta relação, mais fôlego financeiro terá a empresa. A fórmula
da Composição de Endividamento é representada da seguinte forma:
Passivo Circulante
Fórmula =
Capital de Terceiros
O índice de Composição de Endividamento é uma medida da qualidade do passivo da empresa
em termos de prazos, comparando o montante de dívidas no curto prazo com o endividamento
total. Admite‐se que, quanto mais curto o vencimento das parcelas exigíveis, maior será o risco
oferecido pela empresa. De outra forma, empresas com endividamento concentrado no longo
prazo, decorrente principalmente, de investimentos efetuados em ativos fixos, oferecem uma
situação mais tranqüila no curto prazo, mesmo porque, normalmente, o ativo fixo é aceito pe‐
los credores como garantia à dívida.
c) Imobilização do Patrimônio Líquido
Este indicador mede quanto do patrimônio líquido ou capital próprio está aplicado no Ativo
Permanente. A fórmula para o cálculo é a seguinte:
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Ativo Permanente
Fórmula =
Patrimônio Líquido
Considerando‐se o princípio de uma boa gestão financeira, os investimentos em Ativo Perma‐
nente (Capital Fixo ‐ CF), devem ser financiados, preferencialmente, com recursos próprios.
Quanto mais a empresa imobilizar de recursos próprios, maior será a dependência de aportes
de capitais de terceiros para o financiamento do capital circulante. O ideal é que este índice
seja menor que $ 1,00, pois indica a existência de Capital Circulante Próprio (CCP). Entretanto,
esta regra não é válida para todas as empresas, principalmente para as que recorrem de recur‐
sos de terceiros de longo prazo para financiar novos investimentos de expansão.
4.4.3) Indicadores de Dependência Bancária
O Capital de Terceiros pode ser subdividido em dois grupos: Créditos de Funcionamento e Em‐
préstimos e Financiamentos Bancários. Como exemplo de Créditos de Funcionamento podemos
citar: fornecedores, salários e encargos, impostos a recolher, contas a pagar etc. Já os Emprés‐
timos e Financiamentos Bancários são os recursos provenientes de instituições financeiras para
financiamento do capital de giro ou investimentos no Ativo Permanente. A renovação dos Cré‐
ditos de funcionamento é praticamente automática, pois essas obrigações decorrem das pró‐
prias operações. No que se refere aos empréstimos e financiamentos bancários, nada garante a
renovação. Para consegui‐la, a empresa deve manter reciprocidade, cadastro impecável, boa
gestão dos recursos financeiros, dentre outras exigências. A não renovação dos empréstimos
bancários é uma autêntica “rasteira” na administração financeira da empresa. Daí a importân‐
cia de se analisar esses passivos separadamente. Por outro lado, devemos observar que, na
medida em que aumentam esses passivos onerosos, conseqüentemente, as despesas financei‐
ras tendem a aumentar também, influenciando o resultado e o fluxo de caixa da empresa.
a) Financiamento de Ativo por Instituição de Crédito
Este indicador, de grande importância para as empresas que financiam suas expansões com
recursos de terceiros, evidencia qual a participação dos Empréstimos e Financiamentos Bancá‐
rios, de Curto e Longo Prazos, na composição do total de investimentos (Ativo).
Empréstimos e Financiamentos Bancários
Fórmula = × 100
Ativo Total
b) Participação de Instituições de Crédito no Endividamento
O objetivo deste indicador é evidenciar qual o percentual de participação dos empréstimos e
financiamentos bancários, na composição do total de Capital de Terceiros.
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10. Controladoria II Prof. Moreira
Empréstimos e Financiamentos Bancários
Fórmula = × 100
Capitais de Terceiros
c) Participação de Instituições de Crédito no Ativo Circulante
O indicador de Participação de Instituições de Crédito no Ativo Circulante mede o percentual de
Empréstimos e Financiamentos de Curto Prazo que financiam o Ativo Circulante da empresa.
Empréstimos e Financiamentos a Curto Prazo
Fórmula = × 100
Ativo Circulante
4.4.4) Indicadores de Rentabilidade e Lucratividade
A análise do binômio rentabilidade versus lucratividade pode ser considerada como a mais im‐
portante na análise econômico‐financeira. A análise de liquidez, por exemplo, pode ser impor‐
tante ao indicar a capacidade de sobrevivência da empresa no curto prazo. Todavia, empresas
com problemas de liquidez, provavelmente tiveram, no passado, uma inadequada rentabilidade
ou lucratividade. Embora muitos ainda pensam que essas duas nomenclaturas, rentabilidade e
lucratividade, significam a mesma coisa, convém ressaltar que se tratam de mensurações to‐
talmente distintas. A lucratividade representa a relação do lucro do empreendimento com o
valor total da receita de vendas. Já a rentabilidade, relaciona o lucro com o investimento reali‐
zado, objetivando mensurar o retorno do investimento.
a) Margem Líquida
Tem como objetivo compara o Lucro Líquido com as respectivas Vendas Líquidas do Período,
fornecendo o percentual de lucro que a empresa obteve em relação ao Faturamento, já dedu‐
zido dos impostos e demais descontos.
Lucro Líquido
Fórmula = × 100
Receita Líquida de Vendas
b) Giro do Ativo
O giro do Ativo ou turnover asset, revela quanto a empresa vendeu para cada real de investi‐
mento total, ou seja, quantas vezes o ativo total da empresa girou ou se renovou (transformou‐
se em dinheiro) em determinado período em função das vendas realizadas. Quanto maior o
giro do Ativo, pelas vendas, maiores as chances de cobrir as despesas com uma boa margem de
lucro.
10
11. Controladoria II Prof. Moreira
Receita Líquida
Fórmula =
Ativo Médio
A importância do maior giro possível está no fato de que, havendo lucratividade/margem nos
produtos e serviços que a empresa vende, quanto maior a quantidade de venda e, conseqüen‐
temente, a receita, há a possibilidade de gerar mais lucros e, portanto, rentabilidade.
c) Retorno sobre o Patrimônio Líquido
Também conhecido por Retorno sobre Patrimônio Líquido – TRPL ou Return On Equity – Retor‐
no sobre o Capital investido pelos Proprietários. O quociente revela qual foi a taxa de rentabili‐
dade obtida pelo Capital Próprio investido na empresa, isto é, quanto a empresa ganhou de
lucro líquido para cada real de Capital Próprio investido. A interpretação deste quociente deve
ser direcionada para verificar qual o tempo necessário para se obter o retorno do Capital Pró‐
prio investido na empresa, ou seja, quantos anos serão necessários para que os proprietários
obtenham de volta o valor do Capital que investiram na empresa.
Lucro Líquido
Fórmula = × 100
Patrimônio Líquido Médio
d) Retorno sobre o Ativo
Também conhecido como Taxa de Retorno sobre o Investimento – TRI, ou Return on Investi‐
ment – ROI, este quociente evidencia o potencial de geração de lucros por parte da empresa,
isto é, quanto a empresa obteve de lucro líquido para cada real de investimentos totais. Sua
interpretação deve ser direcionada para verificar o tempo necessário para que haja retorno dos
Capitais Totais (Próprios e de Terceiros) investidos na empresa.
Lucro Líquido + Despesas Financeiras (1 − @IR)
Fórmula = × 100
Ativo Médio
Nota: @IR – Alíquota do IR
Ao se medir a Rentabilidade sobre o Patrimônio Líquido, deve‐se comparar a este, a remunera‐
ção do Capital Próprio, ou seja, o Lucro Líquido. Com relação à rentabilidade sobre o Ativo, de‐
ve‐se comparar a remuneração dos Capitais Totais, ou seja, Capital de Terceiros mais Capital
Próprio, que equivale ao somatório do Lucro Líquido mais as Despesas Financeiras com o Ativo
Médio Total.
e) Grau de Alavancagem Financeira
De grande relevância e complexidade, o quociente de alavancagem financeira, indica se os re‐
cursos que estão sendo tomados por empréstimo pela entidade estão obtendo um retorno a‐
dequado pela sua aplicação no ativo da mesma. Em outras palavras, a expressão alavancagem
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12. Controladoria II Prof. Moreira
financeira indica o quanto a empresa consegue alavancar, ou seja, aumentar o lucro líquido
através da estrutura de financiamento.
Se o custo da dívida é maior que o retorno sobre o Ativo, ou seja, se a empresa paga, para cada
real tomado, mais do que rende seu investimento no negócio, então os acionistas ‘bancam’ a
diferença com sua parte do lucro (ou até com o próprio capital). Se o custo da dívida é menor
que o retorno sobre o Ativo, os acionistas ganham a diferença.
ROE
Fórmula =
ROI
Situando‐se acima de 1, o GAF mostra que o retorno dos Ativos é maior que o Custo da Dívida
(situação favorável ou empresa alavancada). Ao contrário, ou seja, situando‐se abaixo de 1, o
GAF denunciará que o custo da dívida é maior que o retorno dos Ativos (situação desfavorável).
O exemplo a seguir tem por objetivo ilustrar a variação do grau de alavancagem financeira, a
partir da variação das estruturas de capitais e encargos de passivo oneroso. Supondo‐se que, a
Cia. ABC seja constituída, em 01/01/X1, com um Capital inicial de $ 1.000, sem aporte, neste
momento, de Capital de Terceiros (Cenário A) e durante o exercício tenha realizado apenas as
seguintes transações: compra a vista de mercadorias para revenda no valor de $ 500 e venda à
prazo das mesmas mercadorias adquiridas, pelo valor de $ 1.000. O Balanço Patrimonial em
31/12/X1 seria:
Balanço Patrimonial da Cia. ABC encerrado em 31/12/X1 (Cenário A)
ATIVO PASSIVO DRE
Circulante 1.500 Circulante - Receita Líquida 1.000
Caixa 500 ( − ) CMV (500)
Clientes 1.000 Patrimônio Líquido 1.500 Lucro Bruto 500
Estoques - Capital 1.000 ( − ) Despesas -
Lucro Acumulado 500 ( − ) DF -
Total do Ativo 1.500 Total do Passivo 1.500 Lucro Líquido 500
O Grau de Alavancagem Financeira seria:
ROE (500 ÷ 1000) × 100 50%
GAF = = = = 1,00
ROI (500 ÷ 1000) × 100 50%
A partir do Cenário A, acima, podemos tirar a seguinte conclusão: quando a empresa opera
somente com Capital Próprio, o grau de alavancagem será sempre igual a 1,00.
Supondo agora que a Cia. ABC, em 01/01/X1, seja constituída, com um Capital inicial de $
1.000. E, como esta quantia não era suficiente para iniciar o negócio, o gerente financeiro re‐
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13. Controladoria II Prof. Moreira
solveu emprestar mais $ 1.000 do Banco Alfa, a uma taxa de juros anual de 50% (Cenário B).1
Durante o exercício a empresa realizou as seguintes transações: compra a vista de mercadorias
para revenda no valor de $ 1.000; venda à prazo das mesmas mercadorias adquiridas, pelo va‐
lor de $ 2.000 e pagamento em 31/12/X1, dos juros sobre o empréstimo, no valor de R$ 500,00.
O Balanço Patrimonial em 31/12/X1 seria:
Balanço Patrimonial da Cia. ABC encerrado em 31/12/X1 (Cenário B)
ATIVO PASSIVO DRE
Circulante 2.500 Circulante 1.000 Receita Líquida 2.000
Caixa 500 Empréstimos 1.000 ( − ) CMV (1.000)
Clientes 2.000 Lucro Bruto 1.000
Estoques - Patrimônio Líquido 1.500 ( − ) Despesas -
Capital 1.000 ( − ) D. Financeira (500)
Lucro Acumulado 500 Lucro Líquido 500
Total do Ativo 2.500 Total do Passivo 2.500
O Grau de Alavancagem Financeira seria:
ROE (500 ÷ 1.000) × 100 50%
GAF = = = = 1,00
ROI (500 + 500) ÷ 2.000) × 100 50%
A partir do Cenário B, acima, podemos tirar outra conclusão: quando o custo da dívida (50%
cobrado pelos bancos) for igual à rentabilidade do Ativo, o grau de alavancagem será também
igual a 1,00.
Supondo agora, que no Cenário C, a Cia. ABC, em 01/01/X1, seja constituída, com um Capital
dos Acionistas de $ 1.000 mais $ 1.000 do Banco Alfa, a uma taxa de juros anual de 60%. Duran‐
te o exercício a empresa realizou as mesmas transações do Cenário B, com exceção dos juros
sobre o empréstimo, que aumentou para R$ 600,00. O Balanço Patrimonial em 31/12/X1 seria:
Balanço Patrimonial da Cia. ABC encerrado em 31/12/X1 (Cenário C)
ATIVO PASSIVO DRE
Circulante 2.400 Circulante 1.000 Receita Líquida 2.000
Caixa 400 Empréstimos 1.000 ( − ) CMV (1.000)
Clientes 2.000 Lucro Bruto 1.000
Estoques - Patrimônio Líquido 1.400 ( − ) Despesas -
Capital 1.000 ( − ) D. Financeira (600)
Lucro Acumulado 400 Lucro Líquido 400
Total do Ativo 2.400 Total do Passivo 2.400
1
Note que a taxa cobrada pelo banco é igual à rentabilidade apurada no Cenário A.
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14. Controladoria II Prof. Moreira
O Grau de Alavancagem Financeira seria:
ROE (400 ÷ 1.000) × 100 40%
GAF = = = = 0,80
ROI (400 + 600) ÷ 2.000) × 100 50%
A partir do Cenário C, acima, podemos tirar uma terceira conclusão: quando o custo da dívida
(60% cobrado pelos bancos) for superior à rentabilidade do Ativo (50%), o grau de alavancagem
será inferior a 1,00, indicando que os acionistas estão bancando a diferença com sua parte de
lucro, que diminui de $ 500 para $ 400. Por outro lado, se o custo da dívida fosse inferior a 50%,
teríamos um grau de alavancagem financeira superior a 1,00, o que indicaria uma situação fa‐
vorável para a empresa, ou seja, ela estaria “ganhando dinheiro com o dinheiro dos outros”.
f) Custo da Dívida
Considerando‐se que, uma empresa pode manter relação com diversos agentes financeiros,
que cobram taxas de juros diferenciadas, utilizamos o indicador do Custo da Dívida, que tem
por objetivo medir o custo médio da dívida da empresa.
Despesas Financeiras
Fórmula = × 100
Passivo Gerador de Encargos
Voltando ao Cenário C, do exemplo de Alavancagem Financeira, tínhamos uma Despesa Finan‐
ceira de $ 600 e um Passivo Gerador de Encargos2 de $ 1.000, temos um Custo da Dívida de
60%.
4.4.5) Indicadores do Ciclo Operacional (Prazos Médios)
Uma das descobertas mais interessantes da Análise Financeira é a de que, através de dados das
demonstrações financeiras, podem ser calculados, por exemplo, quantos dias, em média, a em‐
presa terá de esperar para receber suas duplicatas. Este é o chamado Prazo Médio de Cobrança
(PMC). Outros indicadores que podem ser calculados dentro desta lógica são: Prazo Médio de
Renovação de Estoques (PMRE), Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC).
2
Passivo Gerador de Encargos são os empréstimos e financiamentos que geram encargos ou despesas financeiras.
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15. Controladoria II Prof. Moreira
O Ciclo Operacional corresponde ao intervalo de tempo compreendido desde a compra das
mercadorias (no caso de uma empresa comercial) até o recebimento ou cobrança das vendas
correspondentes, que no exemplo acima foi de 90 dias. Durante esse período são investidos
recursos nas operações da empresa sem que ocorram as entradas de caixa relativas às vendas.
Parte desse capital de giro é suprida pelos fornecedores que concederam prazo para pagamen‐
to das matérias‐primas ou mercadorias (PMPC). Já o Ciclo de Caixa compreende o prazo entre
as saídas de caixa relativas aos pagamentos dos fornecedores e as entradas de caixa provenien‐
tes dos recebimentos das vendas, que na ilustração acima foi de 30 dias. Durante esse período,
a empresa tem de financiar suas operações sem a participação dos fornecedores. Quanto maior
for o ciclo financeiro, mais recursos próprios e de terceiros (exceto de fornecedores) estarão
temporariamente aplicados nas operações, provocando custos financeiros e afetando a renta‐
bilidade.
a) Prazo Médio de Cobrança
O volume de investimentos em Duplicatas a Receber é determinado pelo prazo médio de co‐
brança. Este indicador, também conhecido por Days Sales Outstanding – DSO, evidencia quan‐
tos dias a empresa deverá esperar, em média, para receber suas vendas a prazo. Antes de apre‐
sentar a fórmula do cálculo do Prazo Médio de Cobrança, é necessário entender a dinâmica de
Vendas a Prazo e Recebimento. Supondo‐se uma empresa que tenha vendas diárias de $ 100,
com prazo de cobrança de 30 dias. No primeiro dia, ela terá em Duplicatas a Receber um saldo
de $ 100. No segundo dia, acumulará um total de $ 200, pois ainda não recebeu a importância
de $ 100 da venda realizada no primeiro dia. E assim, ocorre sucessivamente até acumular $
3.000 no 30.º dia. A partir do 31.º dia, o saldo permanece constante, pois diariamente a empre‐
sa vende $ 100 e recebe $ 100 da venda realizada à 30 dias atrás.
Dinâmica de Vendas e Recebimento
1.º 2.º 3.º 4.º .... 30.º 31.º 32.º 33.º
Vendas 100 100 100 100 .... 100 100 100 100
Recebimentos - - - - .... - 100 100 100
Duplicatas a Receber 100 200 300 400 .... 3.000 3.000 3.000 3.000
Agora, vamos supor que esta empresa mude a política de cobrança de 30 para 90 dias, a partir
do 33.º dia. Estendendo o prazo de cobrança em mais 60 dias, a venda realizada no 33.º será
recebida após 90 dias, ou seja, no 123.º dia. A partir de 30 dias da mudança da política de ven‐
das, ou seja, do 63.º dia até o 123.º dia, a empresa apenas realizará vendas e não terá recebi‐
mentos. Concluindo, o Fluxo de Caixa somente será restabelecido após decorrido o prazo de 60
dias.
Dinâmica de Vendas e Recebimento
30 31 32 33 .... 62 63 .... 122 123 124
Vendas 100 100 100 100 .... 100 100 .... 100 100 100
Recebimentos - 100 100 100 .... 100 - .... - 100 100
Duplicatas a Receber 3.000 3.000 3.000 3.000 .... 3.000 3.100 .... 9.000 9.000 9.000
15
16. Controladoria II Prof. Moreira
Com base nos exemplos anteriores, podemos concluir que, o volume ou saldo de Duplicatas a
Receber é dado pela seguinte fórmula:
Duplicatas a Receber = PMC × Vendas Diárias
No primeiro exemplo temos que, o saldo de Duplicatas a Receber será de $ 3.000, ou seja, 30 ×
$ 100, após o início dos recebimentos das vendas. Já com a mudança da política de vendas, o
saldo de Duplicatas será de $ 9.000, ou seja, 90 × $ 100, após o reinício dos recebimentos de
vendas. Ajustando‐se a fórmula acima, podemos calcular o PMC, dado o saldo de Duplicatas a
Receber e o volume de Vendas Diárias:
Duplicatas a Receber
PMC =
Vendas Diárias
Ainda com base no exemplo anterior, o PMC é de 30 dias, ou seja,
$ 3.000 ÷ $ 100. No segundo caso, de 90 dias, ou $ 9.000 ÷ $ 100. Entretanto, convém destacar
que, nas Demonstrações Financeiras encerradas em 31 de Dezembro, o valor das Vendas que
aparece na Demonstração de Resultados é o valor acumulado de 360 dias. E, para saber o valor
das vendas diárias, basta dividir as Vendas por 360, o que altera a fórmula acima para:
Duplicatas a Receber
PMC = × DP
Vendas
Nota: DP – Dias do período Considerado (360 para um ano)
As Duplicatas a Receber funcionam como uma espécie de reservatório que é alimentado pelas
vendas, e ao mesmo, tempo, alimenta o Caixa. O nível desse reservatório, determinado pelo
produto Vendas Diárias × PMC representa o volume de investimentos efetuados pela empresa
em Duplicatas a Receber. O fluxo de entrada e de saída do reservatório não depende de seu
nível, mas de quanto entra diariamente no reservatório. Isto significa que a entrada de caixa
será igual em qualquer nível do reservatório:
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17. Controladoria II Prof. Moreira
b) Prazo Médio de Pagamento de Compras
O Prazo Médio de Pagamento de Compras, ou Days’ Purchases in Accounts Payable, revela,
quantos dias a empresa leva, em média, para pagar suas compras realizadas a prazo. O saldo de
Fornecedores é determinado pela seguinte fórmula:
Fornecedores = PMPC × Compras Diárias a Prazo
É importante destacar que, valem aqui, as mesmas observações feitas para o indicador anteri‐
or. Para determinar‐se o Prazo de Pagamento de Compras, basta fazer uma pequena modifica‐
ção na fórmula acima:
Fornecedores
PMPC = × DP
Compras a Prazo
Nota: DP – Dias do período Considerado (360 para um ano)
c) Prazo Médio de Renovação de Estoques
O quociente de Prazo Médio de Renovação de Estoques, ou Inventory Turnover, procura indicar
quantos dias, em média, os produtos ficaram armazenados no almoxarifado da empresa, antes
de serem efetivamente vendidos. O volume de estoques mantido por uma empresa decorre
fundamentalmente do seu volume de vendas e de sua política de estocagem.
Estoques = PMRE × Custo dos Materiais Empregados
A fórmula para o cálculo do Prazo Médio de Renovação de Estoques é dada por:
Estoques de Materiais
PMRE = × DP
Custo dos Materiais Empregados
Nota: DP – Dias do período Considerado (360 para um ano)
d) Posicionamento Relativo
O indicador de Posicionamento Relativo decorre da razão entre o Prazo Médio de Cobrança e o
Prazo Médio de Pagamento de Compras. Quanto menor for este quociente, preferencialmente
abaixo de 1, melhor a situação financeira da empresa.
PMC
Posicionamento Relativo =
PMPC
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18. Controladoria II Prof. Moreira
4.4.6) EBITDA
O termo EBITDA vem do Inglês, Earning Before Interest, Taxes, Depreciation/Depletion and
Amortization, ficando em nosso idioma algo como Lucro antes dos Juros, Impostos (sobre lu‐
cros), depreciações/exaustões e amortizações (LAJIDA). O EBITDA representa o lucro especifi‐
camente gerado pelos ativos operacionais, portanto, excluindo‐se as despesas e receitas finan‐
ceiras, e antes de considerar as despesas de depreciação, amortização e exaustão, bem como, a
incidência dos impostos sobre o lucro (IRPJ e CSLL no caso do Brasil).
Em essência, o EBITDA revela, a genuína capacidade operacional de geração de caixa de uma
empresa, ou seja, sua eficiência financeira determinada pelas estratégias operacionais adota‐
das. Quanto maior esse índice, mais eficiente se apresenta a formação de caixa proveniente das
operações (ativos), e melhor ainda a capacidade de pagamento aos proprietários de capital e
investimentos demonstrada pela empresa.
Uma visão pragmática do conceito EBITDA é mostrada a partir da Demonstração de Resultado
do Exercício da empresa Topa Tudo S/A, do exercício de 2005:
Demonstração de Resultado do Exercício
Receita Bruta de Vendas 294.299
( − ) Deduções de Vendas (47.154)
Receita Líquida de Vendas 247.145
( − ) Custo das Vendas (119.137)
( − ) Custo de Depreciação (18.144)
Lucro Bruto 109.864
( − ) Despesas de Vendas (24.139)
( − ) Despesas Administrativas (39.678)
( − ) Despesas de Depreciação (1.296)
( − ) Despesas Financeiras Líquidas (24.309)
( ± ) Outras Receitas/Despesas 5.706
Lucro Operacional 26.148
( ± ) Receitas/Despesas não Operacionais 29
Lucro antes dos Impostos 26.177
( − ) Imposto de Renda e Contribuição Social (8.833)
( + ) Reversão de Juros sobre o Capital Próprio 17.400
Lucro Líquido 34.744
A DRE acima e o conceito de EBITDA proporcionam os seguintes entendimentos:
• Receitas Financeiras e Despesas Financeiras (Interest): considera‐se no caso, as receitas
provenientes das sobras de caixa aplicadas no mercado financeiro, o que não constitui
uma atividade inerente ao negócio da empresa. Do mesmo modo, as despesas financei‐
ras decorrem da decisão de tomar dinheiro emprestado e não das atividades básicas da
empresa. Assim, as receitas e as despesas financeiras não devem ter influencia no lucro,
quando se quer mensurar a capacidade de geração de caixa dos ativos rigorosamente
operacionais;
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19. Controladoria II Prof. Moreira
• Impostos (Taxes): precisa‐se esclarecer que impostos, neste caso, são os incidentes so‐
bre o lucro: Imposto de Renda e Contribuição Social, que por serem influenciados por
itens não‐operacionais, devem ser excluídos do cálculo do EBITDA;
• Depreciações e Amortizações (Depreciation and Amortization): As depreciações, amor‐
tizações e, logicamente as exaustões (depletion) não representam desembolso. Portan‐
to, para o objetivo do Ebitda, as citadas despesas não devem ser subtraídas do lucro,
pois o que se quer mensurar é a capacidade de geração de caixa.
Pode‐se encontrar, agora, o valor EBITDA baseado na DRE anterior:
Reconciliação da DRE
Lucro Operacional 26.148
( + ) Despesas Financeiras Líquidas 24.309
( + ) Custo de Depreciação 18.144
( + ) Despesas de Depreciação 1.296
( = ) EBITDA 69.897
a) Margem EBITDA
Ao se dizer que o EBITDA da empresa Tudo Tudo S/A é de R$ 69.987 mil, temos um simples
dado. Entretanto ao compará‐lo com a Receita Líquida de Vendas, de R$ 247.145 mil, temos a
conhecida Margem EBITDA, que neste caso é de 28%. Este indicador evidencia a capacidade da
empresa em gerar resultados comparativamente à Receita Líquida de Vendas. A fórmula de
cálculo é a seguinte:
EBITDA
Margem EBITDA = × 100
Receita Líquida de Vendas
4.4.7) Termômetro de Kanitz
Diversos estudiosos de Contabilidade efetuaram no Brasil, estudos sobre a previsão de insol‐
vência, baseados na análise discriminante. Stephen C. Kanitz, do Departamento de Contabilida‐
de e Atuaria da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA‐
USP) construiu o chamado termômetro de insolvência, baseado nesta ferramenta estatística. O
indicador consiste em relacionar alguns quocientes, atribuindo‐se pesos aos mesmos, somando
e subtraindo esses valores assim obtidos. O resultado pode recair na zona de insolvência, de
penumbra ou de solvência. O fator de insolvência, segundo Kanitz, é calculado da seguinte for‐
ma:
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20. Controladoria II Prof. Moreira
Lucro Líquido
X1 = × 0,05
Patrimônio Líquido
AC + RLP
X2 = × 1,65
PC + ELP
AC − Estoques − D. Ant.
X3 = × 3,55
Passivo Circulante
Ativo Circulante
X4 = × 1,06
Passivo Circulante
PC + ELP
X5 = × 0,33
Patrimônio Líquido
Fator de Insolvência: X1 + X2 + X3 −X4 − X5
Representação Gráfica do Termômetro de Kanitz:
Se a soma resultar num valor compreendido entre 0 e 7, a empresa estará na faixa de solvência.
Se recair entre 0 e −3, estará na zona de penumbra e se cair na faixa de −3 a −7, estará na zona
de insolvência.
4.5) Indicadores Padrão
A Análise de Balanços através de índices só adquire consistência e objetividade quando os índi‐
ces são comparados com padrões, pois, do contrário, as conclusões se sujeitam à opinião e, não
raro, ao humor do analista de balanços. Através de técnicas estatísticas, é possível a construção
de indicadores padrão, que servem de parâmetro de comparação da performance econômico‐
financeira da empresa, objeto de análise, com o desempenho de um grande número de empre‐
sas do mesmo segmento. Esses padrões são importantes para toda a análise que se venha a
fazer das empresas, permitindo que se estabeleçam qualificações (favorável, insuficiente etc.),
nos vários índices extraídos dos demonstrativos financeiros.
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21. Controladoria II Prof. Moreira
Por exemplo, um índice de liquidez seca de 0,60 pode ser qualificado como deficiente para uma
empresa mineradora, mas como excelente para aquelas cujo investimento relevante é em es‐
toques (comércio atacadista, supermercados etc.).
Revistas especializadas em negócios publicam periodicamente edições especiais em que são
apurados os padrões de alguns indicadores econômico‐financeiros das empresas (liquidez geral,
liquidez corrente, retorno sobre o Patrimônio Líquido etc.). Através do sítio
www.bovespa.com.br é possível obter os demonstrativos contábeis das empresas listadas na
Bolsa, e desta forma, calcular os quocientes‐padrão.
Basicamente, a determinação dos índices‐padrão processa‐se pelo cálculo da mediana, ou seja,
o índice do meio da série de valores calculados.
A mediana é obtida da seguinte maneira: colocam‐se os elementos do conjunto em ordem
crescente de grandeza; a mediana será o elemento que estiver exatamente no meio, isto é,
aquele que possuir o mesmo número de elementos acima e abaixo de si. Por exemplo, os índi‐
ces de Liquidez Corrente de 30 empresas de um mesmo segmento, são classificados por ordem
crescente de grandeza a seguir:
0,30 0,33 0,37 0,50 0,54 0,60 0,61 0,70 0,85 1,00
0,31 0,34 0,40 0,52 0,55 0,61 0,63 0,80 0,90 1,10
0,32 0,35 0,45 0,53 0,58 0,61 0,65 0,81 0,95 1,20
Mediana
0,59
A mediana distingui‐se da média por dividir os valores exatamente no meio, permanecendo
50% da distribuição antes e após a mediana. Assim, com base nos valores acima, a mediana
situa‐se na 15,5.ª posição, entre os índices 0,58 e 0,60, que é obtida por meio da média aritmé‐
tica entre esses dois valores.
Apenas com a mediana é possível identificar se determinada empresa tem seus índices entre os
maiores ou entre os menores, porém fica difícil saber qual o grau de distanciamento que o índi‐
ce se apresenta em relação ao padrão. Daí, a etapa seguinte será buscar novas medidas que
possibilitem identificar em quanto o índice de determinada empresa se distancia do padrão, ou
seja, da mediana. Para isso, pode‐se recorrer aos chamados decis.
O uso da mediana nos fornece uma só medida; adotando os decis, teremos nove. Tendo os da‐
dos dispostos em ordem crescente, o 1.º decil será aquele valor que estiver acima de 10% dos
índices e abaixo dos 90% dos mesmos; o 2.º decil, por sua vez, terá 20% dos índices abaixo de si
mesmo e 80% acima; e assim por diante:
21
22. Controladoria II Prof. Moreira
Para se calcular os decis do exemplo anterior, dividem‐se os 30 números em 10 partes. O pri‐
meiro decil será a média aritmética entre o terceiro quociente da primeira parte e o primeiro
quociente da segunda parte. O segundo decil será a média aritmética entre o terceiro quocien‐
te da segunda parte e o primeiro quociente da terceira parte, e assim por diante:
2.º Decil 4.º Decil 6.º Decil 8.º Decil
33,0 44,0 59,0 88,0
26 29 35 37 45 55 60 80 90 97
27 30 36 39 46 56 63 85 96 98
27 31 37 43 47 58 70 86 96 100
1.º Decil 3.º Decil 5.º Decil 7.º Decil 9.º Decil
28,0 37,0 51,0 75,0 96,5
O próximo passo será atribuir a cada decil uma qualificação, de forma que sirvam como critério
de avaliação. Entretanto, é importante destacar que, os índices são classificados em duas cate‐
gorias básicas: quanto maior, melhor (Liquidez, Rentabilidade e Lucratividade) e quanto menor,
melhor (Estrutura de Capitais).
Com base nessa classificação, pode ser sugerido o seguinte critério de avaliação:
1.º 2.º 3.º 4.º 5.º 6.º 7.º 8.º 9.º
Quanto Maior, Melhor Insatisfatório Regular Normal Bom Excelente
Quanto Menor, Melhor Excelente Bom Normal Regular Insatisfatório
4.5.1) Funções Estatísticas do Excel
a) Função MED
Retorna a mediana dos números indicados. Exemplo:
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23. Controladoria II Prof. Moreira
b) Função PERCENTIL
Retorna o k‐ésimo percentil de valores em um intervalo. O 10.º Percentil equivale ao 1.º Decil,
o 20.º Percentil, ao 2.º Decil, e assim, secessivamente.
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