O documento discute como a cultura influencia a visão de mundo dos indivíduos e como eles participam da cultura. A cultura condiciona como as pessoas veem e experienciam o mundo, interferindo em aspectos biológicos e de comportamento. Embora a cultura seja compartilhada, a participação individual é limitada por fatores como gênero e idade. A história de Malala mostra como um indivíduo pode desafiar aspectos culturais prejudiciais e promover mudança.
1. Espaço, Cultura e Desenvolvimento
Resumo dos itens: 1, 2 e 3 da 2ª parte de
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: Um
Conceito Antropológico 10ª Ed. Jorge Zahar
Editor – RJ. ISBN: 85-8506-157-X
Professoras: Ângela L. Miranda & Carla G. Cabral
Aluna: Dacifran Cavalcanti Carvalho
2. 1. A Cultura Condiciona a Visão de Mundo do
Homem
Cultura:
Lente através da qual o homem vê o mundo.
Homens de culturas diferentes usam lentes
distintas,
dessa
forma
possuem
visões
desencontradas de um mesmo cenário.
(Ruth Benedict)
3. O homem é condicionado, por meio da sua herança cultural, a reagir
negativamente àqueles cujo comportamento se desvia dos padrões aceitos
pela maioria, do comportamento padronizado por um sistema cultural.
Vejamos alguns produtos/ resultados de uma herança cultural:
- o modo de ver o mundo;
- as apreciações de ordem moral e valorativa;
- os diferentes comportamentos sociais
- as posturas corporais.
Assim, indivíduos de culturas distintas podem ser identificados por uma
série de características diferentes, tais como: o modo de
agir, vestir, caminhar, comer (garfos, palitos, mãos), diferenças linguísticas
[...], o riso.
4. Dentro de uma mesma cultura pode-se encontrar variações de
um mesmo padrão cultural, a exemplo da educação (grifo
nosso), do riso, a diferenciação em função do sexo – a forma de
sentar, caminhar e gesticular de homens e mulheres. Cópia de
padrões que fazem parte da herança cultural do grupo.
(LARAIA, Roque de Barros. Cultura: Um Conceito Antropológico. Jorge Zahar
Editor Ltda. ISBN: 85-8506-157-X).
“Eu não me importo se eu tenho
que sentar no chão na escola. Tudo
que eu quero é educação. E eu não
tenho medo de ninguém!”
(Malaia Yousufzai)
5. O corpo também emite uma linguagem própria resultante de suas raízes
culturais, a exemplo da forma das crianças de distintas nacionalidades
sentar-se à mesa, das técnicas do nascimento e da obstretícia.
(Marcel Mauss, 1872-1950).
O homem tem despendido grande parte de sua história na Terra, separado
em pequenos grupos, cada um com a sua própria linguagem, sua própria
visão de mundo seus costumes e expectativas. (Roger Keesing).
Consequências do fato do homem visualizar o mundo através de sua cultura:
- etnocentrismo: propensão em considerar O SEU próprio modo de
vida como o mais correto e o mais natural; em apreciar negativamente
os padrões culturais de povos diferentes .
- fenômeno universal que acarreta, em casos extremos, inúmeros
conflitos sociais.
6. CONT. Consequências do fato do homem visualizar o mundo através de sua cultura:
- comungar da crença de ser um povo superior aos demais; do
germe cultural que dá origem a xenofobia (“NÓS e os outros” –
reflexo de uma manifestação nacionalista), ao racismo e a
intolerância em relação ao diferente;
- crença hasteada como bandeira para justificar a pratica da
violência contra o outro – Ex.: “Cura Gay”;
- ter como ponto fundamental não a humanidade, mas o grupo ao
qual pertence;
- o costume de discriminar os que são diferentes, os que
pertencem a outro grupo (o que pode ser encontrado dentro de uma
mesma sociedade).
CONCLUSÃO:
A cultura interfere na satisfação das necessidades fisiológicas básicas.
(LARAIA, Roque de Barros. Cultura: Um Conceito Antropológico.
Jorge Zahar Editor Ltda. ISBN: 85-8506-157-X).
7. 2. A Cultura Interfere no Plano Biológico
A cultura também pode condicionar aspectos biológicos e até mesmo
decidir sobre a vida e a morte dos membros do sistema.
Opondo-se ao etnocentrismo, a reação de apatia¹ de uma determinada
sociedade em uma situação de crise pode levá-los não apenas a
desacreditar da sua cultura, perder a motivação, como também, deixar-se
morrer (atuação da cultura sobre o biológico).
Foi o que aconteceu com os africanos escravizados que morreram de
banzo (apatia profunda), e de forma similar dar-se com os índios que se
veem não apenas dominados, mas – principalmente – tolhidos dos seus
direitos e sem amparo legal que os proteja das invasões pelo homem
branco.
¹A apatia que provoca o desejo da morte trás
consigo a falta de apetite, a sede, a queda na
pressão sanguínea – onde plasma sanguíneo
escapa para os tecidos e o coração deteriora...
A morte bate a porta e o sujeito a convida a
entrar... (grifo nosso).
8. O
mesmo dando-se nos estágios de profundo choque
psicofisiologico, quando o sujeito inconscientemente acredita que se faz
chegada sua hora, mesmo que não seja o seu desejo consciente (grifo
nosso).
Como exemplo pode-se citar os índios de determinadas tribos que
acreditam que ao ver um morto, este veio buscar-lhes e se deixam morrer;
não por desejar a morte, mas por convicção cultural, pela crença de que
não será diferente (grifo nosso).
As doenças psicossomáticas são de igual maneira, fortemente
influenciadas pelos padrões culturais. O sujeito acredita com tanta
veemência que porta determinada enfermidade que passa a sentir todos
os sintomas concernentes a ela.
9. A sensação de fome depende dos horários de alimentação estabelecidos
em cada cultura.
A Cultura também é capaz de provocar curas de doenças, reais ou
imaginárias. Estas curas ocorrem quando existe FÉ na eficácia do remédio
ou de um poder maior de determinado agente cultural (seja Deus, outro
“deus” ou o pajé de uma tribo indígena); o doente é tomado de uma
sensação de alívio, e em muitos casos a cura se efetiva.
(LARAIA, Roque de Barros. Cultura: Um Conceito
Antropológico. Jorge Zahar Editor Ltda. ISBN: 85-8506-157-X).
10. 3. Os Indivíduos Participam Diferentemente de sua Cultura
A participação do indivíduo em sua cultura é sempre limitada. Tal
limitação se dá em razão de nenhuma pessoa ser capaz de participar de
todos os elementos de sua cultura.
A maior parte das sociedades humanas permite uma mais ampla
participação na vida cultural aos elementos do sexo masculino.
Como exemplo podemos citar que em alguns segmentos de nossa
sociedade, o trabalho fora de casa e o estudo são considerados
inconvenientes para o sexo feminino.
11. Quanto às restrições decorrentes de categorias etárias, existem dois
tipos:
i) de ordem cronológica – limitações determinadas pela idade, como o
fato de crianças ou idosos não estarem aptos para determinadas
atividades designadas à adultos não idosos, a exemplo daquelas
atividades que demandam força física;
12. ii) de ordem estritamente cultural – a exemplo da idade para votar;
empregar-se; alistar-se; manipular os seus bens financeiros antes dos
21 anos sem autorização paterna; assumir cargos púbicos. Razões que
não são tão evidentes quanto nas restrições de ordem cronológica (i.).
Por que uma pessoa necessita ter 35 anos para candidatar-se a senador?
Por que um assassino com exatamente 18 anos pode ir a julgamento
enquanto que outro com um dia de vida a menos recebe tratamento
diferenciado?
Enquanto num grupo tribal uma jovem é considerada apta para exercer
todos os papeis femininos após a primeira mestruação, em outra
sociedade – encontrando-se entre os 12 e 13 anos – será considerada
inapta para assumir tais responsabilidades.
13. Todavia, “[...] em nenhuma sociedade são todos os indivíduos igualmente
sociabilizados, [...] pelo contrário, ele pode permanecer completamente
ignorante a respeito de alguns aspectos” (Marion Levy Jr.).
Qualquer que seja a sociedade é impossível para um individuo dominar
todos os aspectos de sua cultura. Prescinde-se assim criar condições que
possibilite o mínimo de participação do indivíduo na pauta de
conhecimento da cultura a fim de possibilitar a sua articulação com os
demais membros da sociedade, sem afronta ou perda de controle da
situação.
Expressões como: “por favor”, “muito obrigado”, fazem parte de nossos
padrões de comportamento, ignorá-las significa o rompimento de uma
regra cultural e, consequentemente, a impossibilidade de previsão da
resposta (as pessoas que sabem como agir, podem prever a ação do outro).
14. Nem sempre um ruído na comunicação dar-se pela ruptura em um
padrão de comportamento, tal quebra pode ser proveniente de um
período de mudança determinada por forças externas, fatos inesperados
e de difícil manipulação, onde os indivíduos envolvidos nem sempre
conseguem utilizar sua tradição cultural para contorná-las sem gerar
conflitos.
Todavia, mesmo que não se conheça totalmente o seu sistema cultural, e
necessário ter um conhecimento mínimo para operar dentro dele, é
preciso conhecer as regras que regulam a etiqueta social de determinado
grupo, a cultura de um povo para respeitá-las e sociabilizar-se
adequadamente.
(LARAIA, Roque de Barros. Cultura: Um Conceito
Antropológico. Jorge Zahar Editor Ltda. ISBN: 85-8506-157-X).
15. “Eu não me importo se eu tenho
que sentar no chão na escola.
Tudo que eu quero é educação.
E eu não tenho medo de
ninguém.”
(Malaia Yousufzai)
Malaia foi de encontro à cultura da não educação para as mulheres de seu
país, e nem as consequências dos seus atos a fizeram desistir da luta; o mundo
gritou por e com Malaia – sua própria “tribo” e outras “tribos” também! (grifo
nosso); funcionando como uma força externa, um fato inesperado e de difícil
manipulação, que fizeram parar seus opressores - indivíduos envolvidos que
não conseguiriam utilizar sua tradição cultural para contornar um clamor
universal sem gerar conflitos; sendo, assim, obrigados a ceder à coragem de
Malaia.