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        Tema 5: Problemas e
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       Conceitos da Psicologia
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Tema 5: Problemas e Conceitos da Psicologia

As Grandes Dicotomias Relacionadas com a Explicação do
Comportamento Humano:

 a)      O objecto da psicologia: A psicologia é a ciência

   do comportamento e dos processos mentais a ele

   associados.    O   comportamento       abrange    reacções

   observáveis (gestos, mímica, reacções hormonais…), e

   processos mentais não directamente ou objectivamente

   observáveis    (impressões,    crenças,   mentalidades…).

   Enquanto ciência a psicologia procura: descrever,

   explicar, prever e controlar o comportamento.


 b)      As dicotomias em Psicologia: Ao longo da história do

   pensamento, o Homem constituiu um objecto privilegiado

   de interpretação. Aristóteles (séc. IV a.C.), com a sua obra

   “Acerca da Alma”, é considerado o iniciador da psicologia

   filosófica.
Em 1879, Wundt, ao fundar o primeiro Laboratório de

Psicologia Experimental, passa da psicologia filosófica

(+teórica) à experimentação científica (+prática): é o

começo da psicologia científica.

De Wundt até à actualidade foram sendo construídas teorias

diferenciadas ou mesmo opostas sobre o comportamento

baseadas em diferentes pressupostos, conceitos:

1º. Inato-adquirido: O comportamento e as capacidades

   individuais radicam-se em mecanismos inatos ou, ao

   invés, resultam da aprendizagem, da interacção do

   indivíduo com o meio. A opção radical por um destes

   aspectos é fundamental para motivar o comportamento.

2º. Continuidade-descontinuidade: no indivíduo e nas

   espécies há um processo evolutivo contínuo, em que cada

   nova etapa é a consequência dos passos anteriores, ou,

   pelo contrário, há rupturas entre passados e presente?
3º. Estabilidade-mudança: Há quem defenda a existência

   de um factor geral que, independentemente dos

   contextos    tende    a    prevalecer    no      indivíduo.

   Contrariamente, outros autores preconizam a existência

   de mudanças radicais no modo de ser e de agir.

 4º. Interno-externo: o que sou e o modo como me

   comporto resulta de factores intrínsecos ou extrínsecos?

 5º. Individual-social: há quem enfatize o indivíduo como

   reflexo do contexto social, contrariamente a outros que

   fazem prevalecer a variável personalidade, o carácter.


c) A complexidade do comportamento: a dificuldade de
 uma interpretação unânime do comportamento humano
 resulta exactamente da complexidade do ser humano, num
 conjunto de variáveis externas e internas em interacção.
 Significa isto que a opção por apenas um dos aspectos
 mencionados traduz-se por uma visão redutora, incompleta
 daquilo que é o comportamento.
Conceitos Estruturadores de Diferentes Concepções
de Homem

 a) As diferentes correntes da psicologia: As divergências
   em psicologia não se devem apenas às dicotomias indicadas.
   Há correntes diferentes que privilegiaram perspectivas
   parcelares, baseadas em pressupostos distintos: umas –
   Wundt e Freud – centraram-se na componente mental
   (interna),   outras   –   Watson    –     na   componente
   comportamental (externa) e outras ainda – Piaget – na
   componente cognitivista e integradora.

 b)A componente mental: Wundt e Freud

   1º. Wundt e a introspecção controlada: - Objecto da

      Psicologia para Wundt: estudar a consciência, os

      processos   e   conteúdos   mentais.   Wundt   procura

      decompor tais conteúdos – perspectiva analítica – nos

      seus elementos mais simples: as sensações elementares
(puras).    Compreender    como      se   associam   ou   se

  estruturam (organizam), dando origem a conteúdos mais

  complexos – concepção associacionista /estruturalista –

  é o objectivo da Psicologia.




2º. Método utilizado: introspecção controlada / método
  introspectivo, baseado na auto-observação e na auto-
  descrição em contexto experimental.


  Crítica à concepção de Wundt sobre a Psicologia:
  quanto ao objecto (reduz o comportamento ao suporte
  mental consciente), ao método (caracterizado pela
  subjectividade) e à aplicabilidade (impraticável em
  crianças,   deficientes   mentais,    estados   emocionais
  extremos…).


3º. A oposição entre o associacionismo de Wundt e o
  gestaltismo: a aprendizagem processa-se por captação e
somatório de estímulos ou pela captação de objectos
   como um todo?


Documentários sobre Freud:1º. 2º. 3º

Freud (ver) e a Psicanálise: - As teses de Freud
introduziram uma revolução nas concepções sobre o modo
de entender o comportamento humano:
1º Porque defende a existência de uma força controladora
oculta do comportamento – o inconsciente;
2º Porque acha que as forças instintivas associadas a esta
força oculta tendem a prevalecer sobre a moral e a
racionalidade;
3º Porque procura demonstrar que cada pessoa, já desde
bebé, é levada a satisfazer tendências eróticas.




1º. O inconsciente: o comportamento é, na perspectiva de
   Freud, orientado pela mente. A mente é constituída por
   uma zona inconsciente e outra consciente. O inconsciente
   é constituído pelo conjunto tendências instintivas e pelo
conjunto de aspectos que, tendo sido recalcados, não
  satisfeitos, permanecem em “standby”; o inconsciente é
  dominado por forças instintivas de vida (eros, prazer,
  sexualidade) e por tendências de morte (agressividade,
  ódio).




2º. A censura: - A tendência natural do Homem é a de

  satisfazer os desejos do inconsciente. Só que às

  tendências individuais do inconsciente opõe-se a

  repressão social (materializada nas proibições, nas

  normas, na moral). A censura é uma espécie de sentinela

  vigilante que serve de travão à satisfação das tendências

  instintivas socialmente condenáveis. No entanto, há

  momentos em que ela se torna menos vigilante (durante
o sono, enquanto a pessoas falam descontraidamente): o

 trabalho do psicanalista parte destes descuidos da

 censura para poder reconstituir o passado problemático

 de cada pessoa.




3º. A estrutura do psiquismo: - Numa primeira

 explicação, Freud subdivide a mente em três zonas

 diferenciadas: a do inconsciente, a do subconsciente e a

 do consciente. Posteriormente acha que o psiquismo é

 regido por três forças: o id (instância primitiva psíquica,

 orientada por uma dinâmica do prazer, presente no

 indivíduo desde o seu nascimento, constituída por
pulsões inatas, por desejos primários, pela busca do

prazer; é amoral e pressiona continuamente o ego para

concretizar as pulsões eróticas), o ego (tenta gerir as

tendências opostas do id e do superego; está ligado à

racionalidade, à consciência; forma-se a partir do

primeiro ano de vida e, porque tende a ser moral, opõe-

se aos desejos do id); o superego é hipermoral,

constituído por regras e proibições interiorizadas sob a

influência dos pais e da sociedade; é a base da

consciência moral e actua de forma inconsciente).
4º. Mecanismos de defesa do ego: - Embora o ego
 procure conciliar as tendências opostas do id e do
 superego, quando isto não é possível geram-se tensões e
 conflitos tendentes a provocar neuroses. O ego faz-se
 valer, então, de estratégias inconscientes que procuram
 manter o equilíbrio intrapsíquico.


  Dos mecanismos de defesa do ego, salientam-se:
 - O recalcamento: leva a consciência a repelir
  pensamentos ou tendências provocadores de ansiedade,
  porque incompatíveis com a moral. O ego devolve ao id
  todas as pulsões incompatíveis; estas podem, assim,
procurar formas disfarçadas de realização: através dos
 sonhos, dos actos falhados, dos lapsos de linguagem…


- A regressão [regredir = voltar atrás]: incapaz de
 enfrentar os problemas presentes, o indivíduo pode ser
 levado a refugiar-se psicologicamente numa fase ou
 estádio    do    desenvolvimento   anterior.    Assim,   o
 nascimento de uma irmão pode levar uma criança a
 fazer chichi na cama (enurese) ou um adulto, face a
 problemas, pode fugir à realidade refugiando-se em
 atitudes   infantis   (dependência     excessiva,   choro,
 chantagem...).


- A racionalização: leva o indivíduo a justificar ou a uma
 explicar sob um ponto de vista lógico aquilo que foi
 vivido emocional e conflituosamente.
 Com justificações racionais tenta explicar-se de forma
 "aceitável" porque se bateu no irmão, se faltou ao exame
 médico, se mentiu ao marido ou à mulher, etc.


- A projecção: característica que leva a ver nos outros ou
 a atribuir aos outros os defeitos ou males que recusa a
 ver em si mesmo [apesar de os ter]. São reflexos desde
processo,   frases   como Fulano     detesta-me;    aquele
 indivíduo não suporta críticas; a sociedade não tem ideais
 solidários; a boneca é má..., quando é a pessoa que as
 profere que tem esses sentimentos.


- O deslocamento: leva o indivíduo a transferir as pulsões,
 os conflitos do objecto que está na sua origem [o objecto
 natural] para um substituto [objecto substitutivo].
 Exemplos: o funcionário que sofre de conflitos no
 emprego e é agressivo ao chegar a casa; a criança que
 desloca a cólera sentida pelos pais para a boneca


- A sublimação: leva o indivíduo a substituir um
 comportamento, ou tendência, inaceitável por um
 aceitável; a entregar-se a actividades socialmente
 aceites, como forma disfarçada de realizar pulsões que
 são condenáveis. A actividade é, assim, um substituto
 simbólico do objecto pulsional. Exemplos: um pirómano
 pode ingressar num corpo de bombeiros, modificando
 as suas relações com o fogo, agora utilizadas de forma
 socialmente reconhecida; o amor platónico pode
 esconder desejos considerados inaceitáveis pelo sujeito.
A arte tem sido estudada como uma área que permite
   sublimações.


  - Formação reactiva - pela formação reactiva ou
   inversão dos aspectos, o sujeito "resolve" o conflito
   entre   os   valores   e   as   tendências   consideradas
   inaceitáveis, apresentando comportamentos opostos às
   pulsões. Assim, uma pessoa pode ser demasiado amável
   e atenta com alguém que odeia; um sujeito afasta-se de
   quem gosta; manifesta uma excessiva caridade para
   esconder um sadismo latente; uma pessoa submissa e
   dócil pode esconder um dominador violento.


5º. O método psicanalítico: - Sendo no inconsciente que
  se situam as forças impulsionadoras do comportamento
  geradoras de conflitos e neuroses, o método psicanalítico
  usa técnicas que procuram descobri-las por trás das
  aparências (uma vez que elas não              se revelam
  explicitamente). Para isso, o paciente, num clima
  propiciador da descontracção, é levado a falar livremente
  do seu passado e de tudo daquilo que lhe ocorre. Os
  processos usuais de que a psicanálise se faz valer para
  aceder aos conteúdos do inconsciente são:
 Associação livre: - Num ambiente propício ao
 relaxamento, ao à-vontade – o divã, a média luz,
 silêncio… – o paciente: vai falando espontaneamente,
 para os seus botões, de tudo o que lhe ocorre. A atenção
 do psicanalista centra-se sobretudo nos momentos em
 que a conversa se torna ilógica, sem nexo aparente, nas
 hesitações,    nas      tensões,    nas      lembranças
 desagradáveis…




 Interpretação dos sonhos: - Os sonhos: são a forma

 mais eficaz de o inconsciente realizar os seus desejos,

 embora disfarçadamente. No sonho, a censura, apesar

 de   entorpecida,    continua   actuante,   tornando   o

 agradável do sonho em desagradável ou dando-lhe um
aspecto absurdo. Não é o conteúdo manifesto – o sonho

 tal como dele nos lembramos – que interessa como

 objecto de análise, mas sim o conteúdo latente – o que

 se esconde por trás da fachada que é o conteúdo

 manifesto.   O   psicanalista:    deve   centrar-se   no

 aparentemente     ilógico,   no     aparecimento      de

 determinados dados com força simbólica, na tendência

 do paciente para não considerar importantes certos

 aspectos.




 Análise dos actos falhados: - Os actos falhados:

 esquecimentos de coisas, de palavras; os lapsos da

 linguagem, trocar palavras, dizer o contrário do que se

 queria; a falsa audição, ouvir o que não foi dito.
Resultam do conflito de duas intenções opostas: a do

 consciente e a do inconsciente recalcado. A linguagem

 está cheia de exemplos de actos falhados, pois na

 rapidez com que se fala, o consciente é apanhado

 desprevenido.



 O processo de transferência: - O paciente: ao falar
 espontaneamente e ao reviver tendências, tensões,
 emoções, transfere para o psicanalista as tensões que
 tivera com outras pessoas. O psicanalista: procura
 interpretar e relacionar as tensões, as atitudes
 agressivas com o passado do paciente. Pode, no entanto,
 dar-se o caso de se deixar envolver pelas tensões:
 processo de contratransferência.


      Crítica:

 –     Contributo da psicanálise: - Deu conta da

 importância da investigação do domínio oculto da

 mente.
–    Objecção: - O carácter subjectivo da investigação.



–    Freud revolucionou as mentalidades da sua época,

por um lado, por acentuar o carácter tendencialmente

instintivo do comportamento (o homem, criança ou

adulto, como animal de desejos), por outro, por achar

que, contrariamente ao que parece, cada pessoa é

levada a satisfazer o que deseja, por fim, por defender

que o motor do comportamento é a libido (dinâmica do

prazer e da sexualidade).
c) A componente comportamental - comportamentalismo/behaviorismo:

      O Behaviorismo: - Esta corrente da psicologia

      (também conhecida por comportamentalismo) foi

      iniciada por Watson. (vídeo) Procura fazer uma

      abordagem científica da psicologia, centrando-se para

      isso   no   comportamento       observável         (directa   ou

      indirectamente)     e   pondo    de    lado    os      aspectos

      subjectivos próprios da introspecção e da psicanálise.



      O comportamento e o objecto de estudo da

      psicologia: - O objecto de estudo é o comportamento,

      entendido      como      o    conjunto        de      respostas

      objectivamente     observáveis     dos   organismos           aos
estímulos do meio. Na perspectiva behaviorista a

 pessoa é um ser vivo num meio que o influencia, sendo

 o comportamento (reacção/resposta) resultado dos

 estímulos ou situações específicas. É possível, por isso

 mesmo, estabelecer um nexo de causalidade entre S

 (estímulo/situação)     e     R     (resposta/reacção).

 Influenciado pela reflexologia, Watson defende que

 também o ser humano, no contacto com o meio, é

 condicionado pela repetição dos estímulos externos.

 Como tal, S→R, ou seja, é possível prever as respostas

 em função dos estímulos. (Esta noção automatizada de

 comportamento será válida absolutamente para o

 Homem?).


 O método da psicologia: - O método experimental é o
  único que permite salvaguardar o carácter objectivo do
  estudo do comportamento.
 A oposição entre         o    associacionismo   e   o
  behaviorismo:


   1. O Associacionismo tem como objecto a
      consciência e como métodos a introspecção
      controlada.
   2. O Behaviorismo      tem como    objeto     o
      comportamento do Homem e do Animal e utiliza
      o método experimental.


 O controlo do comportamento: -O pressuposto de que

 o comportamento obedece a variáveis externas ao

 indivíduo leva o behaviorismo a defender que é possível

 levar (estimular) cada criança a ter o comportamento

 pretendido. Skinner achava, por exemplo, possível

 construir uma sociedade perfeita: bastaria uma

 estimulação adequada. Trata-se de uma perspectiva que

 exclui processos hereditários e a componente da

 vontade e do livre-arbítrio.
   O carácter positivista do behaviorismo:


    «Positivismo: Recusa da metafísica. Recusa tomar

    em consideração qualquer proposição cujo conteúdo

    não apresente, directa ou indirectamente, alguma

    correspondência com factos verificados. Baseado no

    empirismo: qualquer conhecimento deve a sua

    validade à certeza sensível fornecida pela observação

    sistemática que garante a intersubjectividade. (...)

    todo o conhecimento advém da experiência interna ou

    externa (...) não é o sujeito que impõe formas ao dado,

    mas o dado que constitui o sujeito.»
d)    A componente cognitiva – cognitivismo:

      Piaget e a psicologia genética (vídeo) – O termo

      cognição designa conhecimento e inteligência. Foi a

      questão da origem e desenvolvimento das estruturas

      mentais que centrou a investigação de Jean Piaget (séc.

      XX) e dos seus colaboradores um pouco espalhados por

      todo o mundo. Daí falar-se de psicologia genética

      entendida como a investigação da origem (génese)

      evolutiva dos processos mentais.
 Conceitos da investigação de Piaget: - Estes conceitos
  são importantes para perceber o que está em jogo em
  cada estádio:

 Estádio: - É a designação atribuída a cada fase
 desenvolvimento.    Em    Piaget,    cada     estádio       tem
 características     que        permitem        diferenciá-lo
 qualitativamente dos outros: obedece a formas de
 interagir com o mundo, de pensar e de sentir próprios.
 Cada fase do desenvolvimento é idêntica em toda a
 humanidade, independentemente dos contextos sócio-
 geográficos e processa-se invariavelmente pela mesma
 ordem. As competências de cada estádio são integradas
 nas estruturas existentes: havendo, por isso, alterações,
 há também continuidade.


 Adaptação – O ser humano é um organismo, um ser
 vivo com um património genético. Como todo o ser vivo,
 tem de se adaptar ao meio para sobreviver. A adaptação
 consiste num processo interactivo do organismo com o
 meio que visa o equilíbrio. Neste processo, que leva ao
 desenvolvimento     das   estruturas        mentais     e     à
 aprendizagem,      interagem     a   assimilação        e     a
 acomodação.
Assimilação e acomodação – São duas invariantes
funcionais, isto é, dois mecanismos presentes em toda a
adaptação. Pela assimilação, o indivíduo integra,
interioriza, aprende, novos dados da experiência, que
acrescenta aos dados já existentes nas estruturas
cognitivas [esquemas cognitivos]. Pela acomodação, as
estruturas cognitivas, os esquemas mentais, alteram-se
por influência     da integração       dos novos dados
assimilados.


Equilibração – É um mecanismo regulador da
assimilação    e acomodação que permite ajustar,
equilibrar os dados já interiorizados com novos dados,
as antigas com as novas experiências.


Esquema – A ligação ao meio desencadeia uma
evolução intelectual de organização e complexidade
crescentes. O esquema é uma estrutura cognitiva,
mental,   que     permite       ao   indivíduo   organizar,
categorizar,    agrupar     a   realidade.   Distinguem-se
esquemas de acção [dão-nos o conhecimento de como
fazer; permitem reagir de forma idêntica perante um
mesmo tipo de situação] e esquemas operatórios ou
 conceptuais [relacionados com o saber pensar; tornam
 possível a reversibilidade mental].


 Factores de desenvolvimento intelectual: - No
 desenvolvimento cognitivo intervêm coordenadamente:
 a hereditariedade, a maturação interna [factores
 biológicos], a experiência física, a transmissão social e a
 equilibração. A maturação traduz-se, pois, por uma
 interacção de estruturas associadas ao indivíduo
 [biológicas, genéticas, psicológicas] com as influências
 do meio [físico, social, cultural].
 Estádios de desenvolvimento:



 Estádio sensório-motor [0-18/24 meses]:




 Mobiliza capacidades da criança ligadas à percepção

 [captação sensorial] e ao movimento.



 Traduz-se pelo desenvolvimento de uma inteligência

 prática, ligada à acção, ao concreto; mas desligada do

 pensamento. Órgãos dos sentidos, mãos e boca são

 importantíssimos no desenvolvimento.
Este desenvolvimento parte de um conjunto de

esquemas de acção reflexos – os reflexos inatos. Em

interacção com o meio, o bebé começa a coordenar as

capacidades sensoriais.



A realidade, o mundo, no início é caótica; não há noção

de tempo, nem de espaço. Logo, não há percepção de

conjuntos, formas, diferenciação entre objectos e

pessoas ou entre o bebé e o que o envolve.



Esquemas de acção [competências] desenvolvidos no

primeiro ano: Agarrar ou puxar um objecto. Identificar

objectos, pessoas e a constância de formas. Aos 10

meses,   a   construção    do   objecto      permanente.

Coordenação de actos intencionais: a acção regida pelo

princípio de causalidade [a criança chora para obter

colo, puxa para um objecto se aproximar…].
A partir dos 18 meses: a criança evolui de uma

inteligência sensório-motora para uma inteligência

representativa e simbólica [dominada pela imagem,

pela imaginação, pela palavra…]: passa-se de uma

inteligência   prática   para   uma   inteligência   de

representações mentais [baseada no pensamento].



Estádio pré-operatório [2-7 anos] –




Subestádios do pensamento pré-conceptual e do

pensamento intuitivo:
Fase dominada pela construção de representações

mentais [função simbólica], concretizadas através da

linguagem,      que   precedem    [pré]   o   raciocínio

[operatório].



Falar com os objectos, brincar ao faz-de-conta, tomar a

ficção [desenhos animados] por realidade evidenciam

que, nesta fase, há pensamento associado à imaginação

e um certo sincretismo entre realidade e fantasia.



O egocentrismo: é a característica central desta fase. A

criança vê a realidade de forma autocentrada, isto é,

não consegue perceber o ponto de vista dos outros. A

autocentração irá passando à descentração com o

aproximar do estádio seguinte.
Subestádio do pensamento pré-conceptual [dos 2 aos 4

anos]:   caracterizado   pelo    pensamento     mágico,

fantasioso, animista [que dá vida a tudo], realista

[confunde fantasia com realidade], finalista [para que

servem as coisas], artificialista [que vê tudo como uma

intervenção de alguém], sincrético.



Subestádio (vídeo) do pensamento intuitivo [dos 4 aos

7 anos]: caracterizado pelo pensamento em fase de

descentração, mas irreversível [capaz de emitir juízos

sobre resultados finais, mas incapaz de voltar

mentalmente ao ponto de partida]. O pensamento

intuitivo leva a criança a concluir com base naquilo que

sente: acha um quilo de lã mais leve do que um quilo de

chumbo porque ela é mais fofa…
Estádio das operações concretas [7-11/12 anos]:



Caracterizado pelo aparecimento do pensamento lógico,

pela capacidade de fazer operações mentais, pelo

pensamento reversível [operatório], mas tendo por

base questões ou objectos reais, concretos.



A reversibilidade permite ter a noção de conservação

da matéria sólida [7 anos], líquida [8 anos]; permite

apresentar argumentos com base nos princípios da

identidade [é a mesma água porque não se tirou nem

pôs mais], da reversibilidade [é a mesma água porque
se voltar ao copo anterior ficará igual], da compensação

[é a mesma água porque um copo é mais alto mas o

outro é mais largo].



São deste estádio a aquisição da noção de peso [9 anos],

de volume [11anos], de quantidade [número], de

tempo, de espaço, de velocidade; a capacidade de seriar

e de classificar.




Estádio das operações formais [11/12-15/16 anos]:



Fase dominada pelo pensamento abstracto e pela

tendência     para     o   raciocínio   hipotético-dedutivo

[formulação de hipóteses, de teorias abstractas].
É a idade da metafísica, da especulação.



O pensamento cria e é capaz de resolver enunciados

verbais, formais, independentes da realidade que leva

ao egocentrismo cognitivo [crença na capacidade de

resolver todos os problemas, ou de acreditar que as

próprias     ideias   são   as   melhores]   próprio    da

adolescência.



Entre   as    novas    capacidades   mentais,   surge    a

possibilidade de compreender princípios abstractos, o

que permite grande abertura a conceitos científicos e

filosóficos, que não tinha em fases anteriores. Não

admira, pois, que o adolescente se preocupe com ideais

morais, políticos, sociais e religiosos, mantendo

acaloradas discussões a seu respeito.
No final da adolescência, a inteligência formal

faculta, pois, a entrada do jovem num domínio novo,

que é o do pensamento puro. Ao terminar este período,

as estruturas intelectuais do adulto estão já instaladas,

e, no decorrer da vida adulta, adquirirão maior

mobilidade e maleabilidade, contribuindo para tal a

diversidade de experiências por que o ser humano vai

passando.



Vídeo das operações formais

Em resumo, Piaget defende que:
–    O desenvolvimento cognitivo resulta da interacção
de factores internos (o indivíduo) e externos (o meio) e
faz parte do processo de adaptação: implica um
processo contínuo de ajustamento de cada ser vivo ao
meio.

–    Factores que influenciam o desenvolvimento:
hereditariedade, experiência física, transmissão social e
equilibração.
–    Invariantes funcionais (funções que não variam)
que acompanham o desenvolvimento: a assimilação que
integra, interioriza e incorpora novos dados e
informações; a acomodação que os ajusta e adapta; a
equilibração que auto-regula todo o processo.

–    Esquemas mentais e de acção: - Um esquema é
uma espécie de fórmula geral. Por exemplo, a partir do
momento em que o bebé aprende (e o aprender é
mental e é acção) a segurar um pau, sabe segurar outros
objectos, sejam ou não paus. Ao aprender, assimilou e
ao aplicar a novos objectos demonstrou que acomodou
a capacidade a novos contextos. O esquema tem o lado
mental e o lado da acção. A construção de capacidades
progride por esquemas de complexidade crescente
(progride-se do mais fácil para o mais difícil).




                                         Ver síntese sobre Piaget

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Psicologia: Problemas e Conceitos

  • 1. qwertyuiopasdfghjklçzxcvbnmqwert yuiopasdfghjklçzxcvbnmqwertyuiopa sdfghjklçzxcvbnmqwertyuiopasdfghj klçzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklçzxc vbnmqwertyuiopasdfghjklçzxcvbnmq wertyuiopasdfghjklçzxcvbnmqwerty Tema 5: Problemas e uiopasdfghjklçzxcvbnmqwertyuiopas Conceitos da Psicologia dfghjklçzxcvbnmqwertyuiopasdfghjkl çzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklçzxcvb nmqwertyuiopasdfghjklçzxcvbnmqw ertyuiopasdfghjklçzxcvbnmqwertyui opasdfghjklçzxcvbnmqwertyuiopasdf ghjklçzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklçz xcvbnmqwertyuiopasdfghjklçzxcvbn mqwertyuiopasdfghjklçzxcvbnmrtyui opasdfghjklçzxcvbnmqwertyuiopasdf ghjklçzxcvbnmqwertyuiopasdfghjklçz xcvbnmqwertyuiopasdfghjklçzxcvbn mqwertyuiopasdfghjklçzxcvbnmqwe rtyuiopasdfghjklçzxcvbnmqwertyuio
  • 2. Tema 5: Problemas e Conceitos da Psicologia As Grandes Dicotomias Relacionadas com a Explicação do Comportamento Humano: a) O objecto da psicologia: A psicologia é a ciência do comportamento e dos processos mentais a ele associados. O comportamento abrange reacções observáveis (gestos, mímica, reacções hormonais…), e processos mentais não directamente ou objectivamente observáveis (impressões, crenças, mentalidades…). Enquanto ciência a psicologia procura: descrever, explicar, prever e controlar o comportamento. b) As dicotomias em Psicologia: Ao longo da história do pensamento, o Homem constituiu um objecto privilegiado de interpretação. Aristóteles (séc. IV a.C.), com a sua obra “Acerca da Alma”, é considerado o iniciador da psicologia filosófica.
  • 3. Em 1879, Wundt, ao fundar o primeiro Laboratório de Psicologia Experimental, passa da psicologia filosófica (+teórica) à experimentação científica (+prática): é o começo da psicologia científica. De Wundt até à actualidade foram sendo construídas teorias diferenciadas ou mesmo opostas sobre o comportamento baseadas em diferentes pressupostos, conceitos: 1º. Inato-adquirido: O comportamento e as capacidades individuais radicam-se em mecanismos inatos ou, ao invés, resultam da aprendizagem, da interacção do indivíduo com o meio. A opção radical por um destes aspectos é fundamental para motivar o comportamento. 2º. Continuidade-descontinuidade: no indivíduo e nas espécies há um processo evolutivo contínuo, em que cada nova etapa é a consequência dos passos anteriores, ou, pelo contrário, há rupturas entre passados e presente?
  • 4. 3º. Estabilidade-mudança: Há quem defenda a existência de um factor geral que, independentemente dos contextos tende a prevalecer no indivíduo. Contrariamente, outros autores preconizam a existência de mudanças radicais no modo de ser e de agir. 4º. Interno-externo: o que sou e o modo como me comporto resulta de factores intrínsecos ou extrínsecos? 5º. Individual-social: há quem enfatize o indivíduo como reflexo do contexto social, contrariamente a outros que fazem prevalecer a variável personalidade, o carácter. c) A complexidade do comportamento: a dificuldade de uma interpretação unânime do comportamento humano resulta exactamente da complexidade do ser humano, num conjunto de variáveis externas e internas em interacção. Significa isto que a opção por apenas um dos aspectos mencionados traduz-se por uma visão redutora, incompleta daquilo que é o comportamento.
  • 5. Conceitos Estruturadores de Diferentes Concepções de Homem a) As diferentes correntes da psicologia: As divergências em psicologia não se devem apenas às dicotomias indicadas. Há correntes diferentes que privilegiaram perspectivas parcelares, baseadas em pressupostos distintos: umas – Wundt e Freud – centraram-se na componente mental (interna), outras – Watson – na componente comportamental (externa) e outras ainda – Piaget – na componente cognitivista e integradora. b)A componente mental: Wundt e Freud 1º. Wundt e a introspecção controlada: - Objecto da Psicologia para Wundt: estudar a consciência, os processos e conteúdos mentais. Wundt procura decompor tais conteúdos – perspectiva analítica – nos seus elementos mais simples: as sensações elementares
  • 6. (puras). Compreender como se associam ou se estruturam (organizam), dando origem a conteúdos mais complexos – concepção associacionista /estruturalista – é o objectivo da Psicologia. 2º. Método utilizado: introspecção controlada / método introspectivo, baseado na auto-observação e na auto- descrição em contexto experimental. Crítica à concepção de Wundt sobre a Psicologia: quanto ao objecto (reduz o comportamento ao suporte mental consciente), ao método (caracterizado pela subjectividade) e à aplicabilidade (impraticável em crianças, deficientes mentais, estados emocionais extremos…). 3º. A oposição entre o associacionismo de Wundt e o gestaltismo: a aprendizagem processa-se por captação e
  • 7. somatório de estímulos ou pela captação de objectos como um todo? Documentários sobre Freud:1º. 2º. 3º Freud (ver) e a Psicanálise: - As teses de Freud introduziram uma revolução nas concepções sobre o modo de entender o comportamento humano: 1º Porque defende a existência de uma força controladora oculta do comportamento – o inconsciente; 2º Porque acha que as forças instintivas associadas a esta força oculta tendem a prevalecer sobre a moral e a racionalidade; 3º Porque procura demonstrar que cada pessoa, já desde bebé, é levada a satisfazer tendências eróticas. 1º. O inconsciente: o comportamento é, na perspectiva de Freud, orientado pela mente. A mente é constituída por uma zona inconsciente e outra consciente. O inconsciente é constituído pelo conjunto tendências instintivas e pelo
  • 8. conjunto de aspectos que, tendo sido recalcados, não satisfeitos, permanecem em “standby”; o inconsciente é dominado por forças instintivas de vida (eros, prazer, sexualidade) e por tendências de morte (agressividade, ódio). 2º. A censura: - A tendência natural do Homem é a de satisfazer os desejos do inconsciente. Só que às tendências individuais do inconsciente opõe-se a repressão social (materializada nas proibições, nas normas, na moral). A censura é uma espécie de sentinela vigilante que serve de travão à satisfação das tendências instintivas socialmente condenáveis. No entanto, há momentos em que ela se torna menos vigilante (durante
  • 9. o sono, enquanto a pessoas falam descontraidamente): o trabalho do psicanalista parte destes descuidos da censura para poder reconstituir o passado problemático de cada pessoa. 3º. A estrutura do psiquismo: - Numa primeira explicação, Freud subdivide a mente em três zonas diferenciadas: a do inconsciente, a do subconsciente e a do consciente. Posteriormente acha que o psiquismo é regido por três forças: o id (instância primitiva psíquica, orientada por uma dinâmica do prazer, presente no indivíduo desde o seu nascimento, constituída por
  • 10. pulsões inatas, por desejos primários, pela busca do prazer; é amoral e pressiona continuamente o ego para concretizar as pulsões eróticas), o ego (tenta gerir as tendências opostas do id e do superego; está ligado à racionalidade, à consciência; forma-se a partir do primeiro ano de vida e, porque tende a ser moral, opõe- se aos desejos do id); o superego é hipermoral, constituído por regras e proibições interiorizadas sob a influência dos pais e da sociedade; é a base da consciência moral e actua de forma inconsciente).
  • 11. 4º. Mecanismos de defesa do ego: - Embora o ego procure conciliar as tendências opostas do id e do superego, quando isto não é possível geram-se tensões e conflitos tendentes a provocar neuroses. O ego faz-se valer, então, de estratégias inconscientes que procuram manter o equilíbrio intrapsíquico. Dos mecanismos de defesa do ego, salientam-se: - O recalcamento: leva a consciência a repelir pensamentos ou tendências provocadores de ansiedade, porque incompatíveis com a moral. O ego devolve ao id todas as pulsões incompatíveis; estas podem, assim,
  • 12. procurar formas disfarçadas de realização: através dos sonhos, dos actos falhados, dos lapsos de linguagem… - A regressão [regredir = voltar atrás]: incapaz de enfrentar os problemas presentes, o indivíduo pode ser levado a refugiar-se psicologicamente numa fase ou estádio do desenvolvimento anterior. Assim, o nascimento de uma irmão pode levar uma criança a fazer chichi na cama (enurese) ou um adulto, face a problemas, pode fugir à realidade refugiando-se em atitudes infantis (dependência excessiva, choro, chantagem...). - A racionalização: leva o indivíduo a justificar ou a uma explicar sob um ponto de vista lógico aquilo que foi vivido emocional e conflituosamente. Com justificações racionais tenta explicar-se de forma "aceitável" porque se bateu no irmão, se faltou ao exame médico, se mentiu ao marido ou à mulher, etc. - A projecção: característica que leva a ver nos outros ou a atribuir aos outros os defeitos ou males que recusa a ver em si mesmo [apesar de os ter]. São reflexos desde
  • 13. processo, frases como Fulano detesta-me; aquele indivíduo não suporta críticas; a sociedade não tem ideais solidários; a boneca é má..., quando é a pessoa que as profere que tem esses sentimentos. - O deslocamento: leva o indivíduo a transferir as pulsões, os conflitos do objecto que está na sua origem [o objecto natural] para um substituto [objecto substitutivo]. Exemplos: o funcionário que sofre de conflitos no emprego e é agressivo ao chegar a casa; a criança que desloca a cólera sentida pelos pais para a boneca - A sublimação: leva o indivíduo a substituir um comportamento, ou tendência, inaceitável por um aceitável; a entregar-se a actividades socialmente aceites, como forma disfarçada de realizar pulsões que são condenáveis. A actividade é, assim, um substituto simbólico do objecto pulsional. Exemplos: um pirómano pode ingressar num corpo de bombeiros, modificando as suas relações com o fogo, agora utilizadas de forma socialmente reconhecida; o amor platónico pode esconder desejos considerados inaceitáveis pelo sujeito.
  • 14. A arte tem sido estudada como uma área que permite sublimações. - Formação reactiva - pela formação reactiva ou inversão dos aspectos, o sujeito "resolve" o conflito entre os valores e as tendências consideradas inaceitáveis, apresentando comportamentos opostos às pulsões. Assim, uma pessoa pode ser demasiado amável e atenta com alguém que odeia; um sujeito afasta-se de quem gosta; manifesta uma excessiva caridade para esconder um sadismo latente; uma pessoa submissa e dócil pode esconder um dominador violento. 5º. O método psicanalítico: - Sendo no inconsciente que se situam as forças impulsionadoras do comportamento geradoras de conflitos e neuroses, o método psicanalítico usa técnicas que procuram descobri-las por trás das aparências (uma vez que elas não se revelam explicitamente). Para isso, o paciente, num clima propiciador da descontracção, é levado a falar livremente do seu passado e de tudo daquilo que lhe ocorre. Os processos usuais de que a psicanálise se faz valer para aceder aos conteúdos do inconsciente são:
  • 15.  Associação livre: - Num ambiente propício ao relaxamento, ao à-vontade – o divã, a média luz, silêncio… – o paciente: vai falando espontaneamente, para os seus botões, de tudo o que lhe ocorre. A atenção do psicanalista centra-se sobretudo nos momentos em que a conversa se torna ilógica, sem nexo aparente, nas hesitações, nas tensões, nas lembranças desagradáveis…  Interpretação dos sonhos: - Os sonhos: são a forma mais eficaz de o inconsciente realizar os seus desejos, embora disfarçadamente. No sonho, a censura, apesar de entorpecida, continua actuante, tornando o agradável do sonho em desagradável ou dando-lhe um
  • 16. aspecto absurdo. Não é o conteúdo manifesto – o sonho tal como dele nos lembramos – que interessa como objecto de análise, mas sim o conteúdo latente – o que se esconde por trás da fachada que é o conteúdo manifesto. O psicanalista: deve centrar-se no aparentemente ilógico, no aparecimento de determinados dados com força simbólica, na tendência do paciente para não considerar importantes certos aspectos.  Análise dos actos falhados: - Os actos falhados: esquecimentos de coisas, de palavras; os lapsos da linguagem, trocar palavras, dizer o contrário do que se queria; a falsa audição, ouvir o que não foi dito.
  • 17. Resultam do conflito de duas intenções opostas: a do consciente e a do inconsciente recalcado. A linguagem está cheia de exemplos de actos falhados, pois na rapidez com que se fala, o consciente é apanhado desprevenido.  O processo de transferência: - O paciente: ao falar espontaneamente e ao reviver tendências, tensões, emoções, transfere para o psicanalista as tensões que tivera com outras pessoas. O psicanalista: procura interpretar e relacionar as tensões, as atitudes agressivas com o passado do paciente. Pode, no entanto, dar-se o caso de se deixar envolver pelas tensões: processo de contratransferência.  Crítica: – Contributo da psicanálise: - Deu conta da importância da investigação do domínio oculto da mente.
  • 18. Objecção: - O carácter subjectivo da investigação. – Freud revolucionou as mentalidades da sua época, por um lado, por acentuar o carácter tendencialmente instintivo do comportamento (o homem, criança ou adulto, como animal de desejos), por outro, por achar que, contrariamente ao que parece, cada pessoa é levada a satisfazer o que deseja, por fim, por defender que o motor do comportamento é a libido (dinâmica do prazer e da sexualidade).
  • 19. c) A componente comportamental - comportamentalismo/behaviorismo:  O Behaviorismo: - Esta corrente da psicologia (também conhecida por comportamentalismo) foi iniciada por Watson. (vídeo) Procura fazer uma abordagem científica da psicologia, centrando-se para isso no comportamento observável (directa ou indirectamente) e pondo de lado os aspectos subjectivos próprios da introspecção e da psicanálise.  O comportamento e o objecto de estudo da psicologia: - O objecto de estudo é o comportamento, entendido como o conjunto de respostas objectivamente observáveis dos organismos aos
  • 20. estímulos do meio. Na perspectiva behaviorista a pessoa é um ser vivo num meio que o influencia, sendo o comportamento (reacção/resposta) resultado dos estímulos ou situações específicas. É possível, por isso mesmo, estabelecer um nexo de causalidade entre S (estímulo/situação) e R (resposta/reacção). Influenciado pela reflexologia, Watson defende que também o ser humano, no contacto com o meio, é condicionado pela repetição dos estímulos externos. Como tal, S→R, ou seja, é possível prever as respostas em função dos estímulos. (Esta noção automatizada de comportamento será válida absolutamente para o Homem?).  O método da psicologia: - O método experimental é o único que permite salvaguardar o carácter objectivo do estudo do comportamento.
  • 21.  A oposição entre o associacionismo e o behaviorismo: 1. O Associacionismo tem como objecto a consciência e como métodos a introspecção controlada. 2. O Behaviorismo tem como objeto o comportamento do Homem e do Animal e utiliza o método experimental.  O controlo do comportamento: -O pressuposto de que o comportamento obedece a variáveis externas ao indivíduo leva o behaviorismo a defender que é possível levar (estimular) cada criança a ter o comportamento pretendido. Skinner achava, por exemplo, possível construir uma sociedade perfeita: bastaria uma estimulação adequada. Trata-se de uma perspectiva que exclui processos hereditários e a componente da vontade e do livre-arbítrio.
  • 22. O carácter positivista do behaviorismo:  «Positivismo: Recusa da metafísica. Recusa tomar em consideração qualquer proposição cujo conteúdo não apresente, directa ou indirectamente, alguma correspondência com factos verificados. Baseado no empirismo: qualquer conhecimento deve a sua validade à certeza sensível fornecida pela observação sistemática que garante a intersubjectividade. (...) todo o conhecimento advém da experiência interna ou externa (...) não é o sujeito que impõe formas ao dado, mas o dado que constitui o sujeito.»
  • 23. d) A componente cognitiva – cognitivismo:  Piaget e a psicologia genética (vídeo) – O termo cognição designa conhecimento e inteligência. Foi a questão da origem e desenvolvimento das estruturas mentais que centrou a investigação de Jean Piaget (séc. XX) e dos seus colaboradores um pouco espalhados por todo o mundo. Daí falar-se de psicologia genética entendida como a investigação da origem (génese) evolutiva dos processos mentais.
  • 24.  Conceitos da investigação de Piaget: - Estes conceitos são importantes para perceber o que está em jogo em cada estádio: Estádio: - É a designação atribuída a cada fase desenvolvimento. Em Piaget, cada estádio tem características que permitem diferenciá-lo qualitativamente dos outros: obedece a formas de interagir com o mundo, de pensar e de sentir próprios. Cada fase do desenvolvimento é idêntica em toda a humanidade, independentemente dos contextos sócio- geográficos e processa-se invariavelmente pela mesma ordem. As competências de cada estádio são integradas nas estruturas existentes: havendo, por isso, alterações, há também continuidade. Adaptação – O ser humano é um organismo, um ser vivo com um património genético. Como todo o ser vivo, tem de se adaptar ao meio para sobreviver. A adaptação consiste num processo interactivo do organismo com o meio que visa o equilíbrio. Neste processo, que leva ao desenvolvimento das estruturas mentais e à aprendizagem, interagem a assimilação e a acomodação.
  • 25. Assimilação e acomodação – São duas invariantes funcionais, isto é, dois mecanismos presentes em toda a adaptação. Pela assimilação, o indivíduo integra, interioriza, aprende, novos dados da experiência, que acrescenta aos dados já existentes nas estruturas cognitivas [esquemas cognitivos]. Pela acomodação, as estruturas cognitivas, os esquemas mentais, alteram-se por influência da integração dos novos dados assimilados. Equilibração – É um mecanismo regulador da assimilação e acomodação que permite ajustar, equilibrar os dados já interiorizados com novos dados, as antigas com as novas experiências. Esquema – A ligação ao meio desencadeia uma evolução intelectual de organização e complexidade crescentes. O esquema é uma estrutura cognitiva, mental, que permite ao indivíduo organizar, categorizar, agrupar a realidade. Distinguem-se esquemas de acção [dão-nos o conhecimento de como fazer; permitem reagir de forma idêntica perante um
  • 26. mesmo tipo de situação] e esquemas operatórios ou conceptuais [relacionados com o saber pensar; tornam possível a reversibilidade mental].  Factores de desenvolvimento intelectual: - No desenvolvimento cognitivo intervêm coordenadamente: a hereditariedade, a maturação interna [factores biológicos], a experiência física, a transmissão social e a equilibração. A maturação traduz-se, pois, por uma interacção de estruturas associadas ao indivíduo [biológicas, genéticas, psicológicas] com as influências do meio [físico, social, cultural].
  • 27.  Estádios de desenvolvimento: Estádio sensório-motor [0-18/24 meses]: Mobiliza capacidades da criança ligadas à percepção [captação sensorial] e ao movimento. Traduz-se pelo desenvolvimento de uma inteligência prática, ligada à acção, ao concreto; mas desligada do pensamento. Órgãos dos sentidos, mãos e boca são importantíssimos no desenvolvimento.
  • 28. Este desenvolvimento parte de um conjunto de esquemas de acção reflexos – os reflexos inatos. Em interacção com o meio, o bebé começa a coordenar as capacidades sensoriais. A realidade, o mundo, no início é caótica; não há noção de tempo, nem de espaço. Logo, não há percepção de conjuntos, formas, diferenciação entre objectos e pessoas ou entre o bebé e o que o envolve. Esquemas de acção [competências] desenvolvidos no primeiro ano: Agarrar ou puxar um objecto. Identificar objectos, pessoas e a constância de formas. Aos 10 meses, a construção do objecto permanente. Coordenação de actos intencionais: a acção regida pelo princípio de causalidade [a criança chora para obter colo, puxa para um objecto se aproximar…].
  • 29. A partir dos 18 meses: a criança evolui de uma inteligência sensório-motora para uma inteligência representativa e simbólica [dominada pela imagem, pela imaginação, pela palavra…]: passa-se de uma inteligência prática para uma inteligência de representações mentais [baseada no pensamento]. Estádio pré-operatório [2-7 anos] – Subestádios do pensamento pré-conceptual e do pensamento intuitivo:
  • 30. Fase dominada pela construção de representações mentais [função simbólica], concretizadas através da linguagem, que precedem [pré] o raciocínio [operatório]. Falar com os objectos, brincar ao faz-de-conta, tomar a ficção [desenhos animados] por realidade evidenciam que, nesta fase, há pensamento associado à imaginação e um certo sincretismo entre realidade e fantasia. O egocentrismo: é a característica central desta fase. A criança vê a realidade de forma autocentrada, isto é, não consegue perceber o ponto de vista dos outros. A autocentração irá passando à descentração com o aproximar do estádio seguinte.
  • 31. Subestádio do pensamento pré-conceptual [dos 2 aos 4 anos]: caracterizado pelo pensamento mágico, fantasioso, animista [que dá vida a tudo], realista [confunde fantasia com realidade], finalista [para que servem as coisas], artificialista [que vê tudo como uma intervenção de alguém], sincrético. Subestádio (vídeo) do pensamento intuitivo [dos 4 aos 7 anos]: caracterizado pelo pensamento em fase de descentração, mas irreversível [capaz de emitir juízos sobre resultados finais, mas incapaz de voltar mentalmente ao ponto de partida]. O pensamento intuitivo leva a criança a concluir com base naquilo que sente: acha um quilo de lã mais leve do que um quilo de chumbo porque ela é mais fofa…
  • 32. Estádio das operações concretas [7-11/12 anos]: Caracterizado pelo aparecimento do pensamento lógico, pela capacidade de fazer operações mentais, pelo pensamento reversível [operatório], mas tendo por base questões ou objectos reais, concretos. A reversibilidade permite ter a noção de conservação da matéria sólida [7 anos], líquida [8 anos]; permite apresentar argumentos com base nos princípios da identidade [é a mesma água porque não se tirou nem pôs mais], da reversibilidade [é a mesma água porque
  • 33. se voltar ao copo anterior ficará igual], da compensação [é a mesma água porque um copo é mais alto mas o outro é mais largo]. São deste estádio a aquisição da noção de peso [9 anos], de volume [11anos], de quantidade [número], de tempo, de espaço, de velocidade; a capacidade de seriar e de classificar. Estádio das operações formais [11/12-15/16 anos]: Fase dominada pelo pensamento abstracto e pela tendência para o raciocínio hipotético-dedutivo [formulação de hipóteses, de teorias abstractas].
  • 34. É a idade da metafísica, da especulação. O pensamento cria e é capaz de resolver enunciados verbais, formais, independentes da realidade que leva ao egocentrismo cognitivo [crença na capacidade de resolver todos os problemas, ou de acreditar que as próprias ideias são as melhores] próprio da adolescência. Entre as novas capacidades mentais, surge a possibilidade de compreender princípios abstractos, o que permite grande abertura a conceitos científicos e filosóficos, que não tinha em fases anteriores. Não admira, pois, que o adolescente se preocupe com ideais morais, políticos, sociais e religiosos, mantendo acaloradas discussões a seu respeito.
  • 35. No final da adolescência, a inteligência formal faculta, pois, a entrada do jovem num domínio novo, que é o do pensamento puro. Ao terminar este período, as estruturas intelectuais do adulto estão já instaladas, e, no decorrer da vida adulta, adquirirão maior mobilidade e maleabilidade, contribuindo para tal a diversidade de experiências por que o ser humano vai passando. Vídeo das operações formais Em resumo, Piaget defende que: – O desenvolvimento cognitivo resulta da interacção de factores internos (o indivíduo) e externos (o meio) e faz parte do processo de adaptação: implica um processo contínuo de ajustamento de cada ser vivo ao meio. – Factores que influenciam o desenvolvimento: hereditariedade, experiência física, transmissão social e equilibração.
  • 36. Invariantes funcionais (funções que não variam) que acompanham o desenvolvimento: a assimilação que integra, interioriza e incorpora novos dados e informações; a acomodação que os ajusta e adapta; a equilibração que auto-regula todo o processo. – Esquemas mentais e de acção: - Um esquema é uma espécie de fórmula geral. Por exemplo, a partir do momento em que o bebé aprende (e o aprender é mental e é acção) a segurar um pau, sabe segurar outros objectos, sejam ou não paus. Ao aprender, assimilou e ao aplicar a novos objectos demonstrou que acomodou a capacidade a novos contextos. O esquema tem o lado mental e o lado da acção. A construção de capacidades progride por esquemas de complexidade crescente (progride-se do mais fácil para o mais difícil). Ver síntese sobre Piaget