O documento faz 14 previsões sobre como a educação poderá ser daqui a 15 anos com o avanço da tecnologia e das descobertas sobre a cognição humana. As previsões incluem avaliação baseada em competência e não tempo, cursos com duração flexível, maior uso da tecnologia e acesso global ao conhecimento.
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
Quatorze previsões para o futuro da aprendizagem Litto
1. CATORZE PREVISÕES PARA O FUTURO DA APRENDIZAGEM
FREDRIC M. LITTO
Recentemente, alguém me solicitou um trabalho de “bola de cristal”— tentar
distinguir diferenças na educação do futuro, num horizonte de uns quinze anos.
Evidentemente, teria que me concentrar em características fundamentais (as superficiais
seriam apenas cosméticas, não essenciais), aquelas resultantes de muita pesquisa sobre
cognição humana e avanços tecnológicos. Quanto mais pensei sobre a questão, mais
cheguei à conclusão de que o modelo educacional que prevalece entre nós, em relação
àquilo que a ciência sabe sobre o funcionamento da mente humana especialmente com
relação aos processos de aprendizagem e às tecnologias já disponíveis no mercado, está
defasado e nem de longe aproveitadas na educação formal.
Será que dentro de quinze anos esta lacuna será eliminada, e o sistema de
educação formal estará absolutamente em dia com as novas descobertas sobre a cognição
e com relação à tecnologia? Ou, infelizmente, o que é mais provável, a lacuna crescerá,
fazendo das instituições de educação formal lugares de “faz-de-conta”, divorciados do
mundo real, enquanto instituições de aprendizagem não-formal (auto-aprendizagem com
e sem o emprego de educação a distância, aprendizagem no local do trabalho,
aprendizagem “em-cima-da-hora”, ou “na hora certa”) serão os lugares de capacitação
atualizada, através de pedagogias super-modernas?
Acredito que estamos encaminhando para um cenário educacional pluralista, que
oferecerá um leque grande de abordagens ao processo de aquisição de conhecimento e de
habilidades. Escolas e universidades com características tradicionais, como são hoje,
2. nesta primeira década do terceiro milênio, para alegria de pais e alunos nostálgicos, vão
sempre existir. Mas está ficando cada vez mais claro que o futuro pode trazer, para a
maioria dos aprendizes, os benefícios de uma nova forma de atuação educacional, que
saiba aproveitar, inteligentemente, as novas tecnologias e os novos conceitos de
aprendizagem. Estão listados a seguir alguns indicadores de elementos estruturais que a
educação (em todos os seus níveis) poderia ter, se deixássemos de lado os preconceitos
do passado da sociedade em geral, o corporativismo da classe de profissionais do ensino,
e o pensamento fossilizado dos burocratas da área educacional.
1 – Avaliação e avanço do aluno baseados na demonstração de competência na matéria
estudada, e não no tempo de permanência em sala de aula; assim, um “curso” pode
durar 3 horas, 3 dias ou 3 semanas, e não necessariamente 3 meses; o “semestre”
desaparecerá, e novos cursos começarão semanalmente, quando tiveram trinta alunos
inscritos em cada um.
2 – Diminuição da divisão radical entre ensino médio, ensino superior e pós-graduação,
permitindo aos alunos fazer cursos mediante demonstração de capacidade intelectual,
habilidade artística, e vontade.
3 - O aluno será responsável, no todo ou em parte, pela montagem do elenco de
disciplinas que quer cursar, mesmo ciente de que, eventualmente, terá que prestar
exame do conselho regional da área profissional escolhida.
4 - O aluno escolherá o sistema de aprendizagem que quiser: totalmente presencial
(sala de aula), a distância (tv ou Internet), ou uma combinação desses sistemas.
3. 5 - O aluno receberá um diploma que, assim como o passaporte, terá validade por tempo
limitado, requerendo novos cursos para revalidação.
6 - O conteúdo dos cursos não será mais baseado no conceito de “informação de possível
uso, caso seja nesessário no futuro” (“just-in-case”), mas, sim, de “como encontrar
a melhor solução para problemas no momento em que eles surgem” (“just-in-
time”).
7 - Haverá grande uso de tecnologia, com alunos fazendo todos os seus trabalhos em
multimídia, e professores orientando-os sobre questões de interpretação de
conteúdo. Os alunos também orientarão os professors sobre questões de design
moderno e atalhos tecnologicos.
8 - Com a expansão internacional da Internet de 3a Geração, já funcionando no Canadá
[40 gigabytes por segundo; ver www.canarie.ca], será possível, para alunos e
professores, ter acesso, gratuito ou pago, a todos os grandes e pequenos
repositórios de conhecimento do mundo, derrotando, assim, a limitação atual de
livros-texto desatualizados e o isolamento da sala de aula como conhecemos hoje.
9 - Com e-books (livros eletrônicos) e e-papers (folhas que recebem da rede cargas
elétricas com informação, que pode ser apagada e as folhas reaproveitadas) não
haverá necessidade de colecionar livros — tudo estará disponível sob demanda
(implicando certo custo, ou mesmo de graça). O livro não desaparecerá, mas
continuará como instrumento pessoal, especialmente útil para conhecimento que
não necessita de atualização constante (obras de literatura e documentos
históricos).
10 - O histórico escolar do aluno será composto de cursos feitos em muitas instituições, a
4. sua escolha: algumas locais e outras continentalmente distantes.
11 - A educação não-formal, feita via Internet, através de “comunidades de prática”
compostas de especialistas espalhados pelo mundo, competirá com êxito com a
educação formal, similar à que vemos hoje.
12 - A influência controladora de ministérios e secretarias de educação será substituída
por auto-regulamentação institucional em bases regionais e internacionais.
13 - Alunos que assim o desejarem, poderão fazer, via Internet, um curso (com diploma
de bacharel ou mestrado) totalmente automatizado, sem a interferência de
professores humanos, a não ser que estes sejam especificamente requisitados
(como já existe na University of Southern Queensland, na Austrália—
www.usq.edu.au ).
14 – As primeiras experiências de laboratório surgirão com “chips” implantados no
cérebro de seres vivos, permitindo a “entrega de conhecimento” quando
solicitado, via satélite ou outros meios sem fio, como no filme “Matrix”.
Nota-se que a condição de laboratório implica viabilidade; portanto, não
configurando ainda uma prática comum.
Alguém quer fazer uma aposta comigo sobre estas previsões? Melhor: por que
precisamos esperar 15 anos para seu acontecimento? Todas são factíveis e viáveis hoje.
O que está nos proibindo de implantá-las? Você, caro leitor, sabe muito bem.....