O documento resume as cotações de commodities agrícolas na Bolsa de Chicago entre 24 e 30 de abril de 2009, além de comentar sobre os mercados da soja, milho e trigo no Brasil e no exterior durante esse período.
1. DECon Departamento de Economia e Contabilidade da UNIJUÍ
Comentários referentes ao período entre 24/04 a 30/04/2009
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum1
Daniel Claudy da Silveira2
1
Professor do DECon/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França,
coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2
Acadêmico de Economia da UNIJUI, técnico administrativo junto ao DECon/UNIJUI.
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2. Cotações na Bolsa Cereais de Chicago - CBOT
Produto
GRÃO DE SOJA FARELO DE SOJA ÓLEO DE SOJA
TRIGO (US$/bushel) MILHO (US$/bushel)
(US$/bushel) (US$/ton. curta) (cents/libra peso)
Data
24/4/2009 10,40 325,40 36,34 5,32 3,77
27/4/2009 10,04 314,00 35,54 5,08 3,72
28/4/2009 9,89 311,90 34,90 5,10 3,75
29/4/2009 10,34 330,10 35,43 5,20 3,93
30/4/2009 10,70 342,50 36,22 5,24 3,96
Média 10,27 324,78 35,69 5,19 3,83
Bushel de soja e de trigo = 27,21 quilos bushel de milho= 25,40 quilos
Libra peso = 0,45359 quilo tonelada curta = 907,18 quilos
Fonte: CEEMA com base em informações da CBOT.
Médias semanais* (compra e venda)
Média semanal dos preços recebidos
no mercado de lotes brasileiro - em
pelos produtores do Rio Grande do
praças selecionadas (em R$/Saco)
Sul
Var. % relação
SOJA média anterior
milho soja trigo
RS - Passo Fundo 48,90 -1,95 Produto
(saco 60 Kg) (saco 60 Kg) (saco 60 Kg)
RS - Santa Rosa 48,40 -1,97
RS - Ijuí 48,40 -1,97
R$ 17,25 45,47 24,36
PR - Cascavel 47,55 -1,65
Fonte: CEEMA, com base em informações da
MT - Rondonópolis 43,37 -1,12 EMATER-RS.
MS - Ponta Porã 44,38 -1,65
GO - Rio Verde (CIF) 44,50 2,30 Preços de outros produtos no RS
BA - Barreiras (CIF) 41,00 -1,20
Var. % relação Média semanal dos preços recebidos
MILHO média anterior
pelos produtores do Rio Grande do Sul
Argentina (FOB)** 166,40 0,85
Paraguai (CIF)** 122,50 7,69
Produto 30/04/2009
Paraguai (FOB)** 154,10 5,37
RS - Erechim 21,17 9,41
SC - Chapecó 22,20 3,74
Arroz em casca
PR - Cascavel 20,02 4,68
(saco 60 Kg) 27,63
PR - Maringá 20,56 5,17
MT - Rondonópolis 15,25 2,95
Feijão (saco 60 Kg) 71,30
MS - Dourados 18,10 4,02
SP - Mogiana 19,99 3,44
Sorgo (saco 60 Kg) 13,88
SP - Campinas (CIF) 22,29 3,98
Suíno tipo carne
GO - Goiânia 18,55 -1,07
(Kg vivo) 1,67
MG - Uberlândia 19,45 -1,52
Leite (litro) cota-
Var. % relação
TRIGO*** média anterior consumo (valor bruto) 0,55
RS - Carazinho 470,00 0,00
RS – Santa Rosa 470,00 0,00
Boi gordo (Kg vivo)* 2,45
PR - Maringá 550,00 0,00
(*) compreende preços para pagamento em
PR - Cascavel 535,00 0,00 10 e 20 dias
* Período entre 24/04 e 30/04/09 Fonte: CEEMA, com base em informações da
Fonte: CEEMA com base em dados da Safras EMATER-RS.
& Mercado. ** Preço médio em US$ por
tonelada. *** Em Reais por tonelada
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3. MERCADO DA SOJA:
As cotações da soja em Chicago, nesta última semana de abril, oscilaram bastante,
havendo forte recuo em determinado momento, quando o bushel atingiu a US$ 9,89,
para depois se recuperar e fechar a quinta-feira (30) em US$ 10,70. A média do mês
de abril ficou em US$ 10,19/bushel.
Na prática o mercado, além do tradicional ajuste técnico após altas importantes nas
semanas anteriores, começa a realizar que a área a ser plantada de soja, como
alertamos desde o anúncio do relatório de intenção de plantio, dia 31/03, poderá ser
maior do que os 0,65% informados pelo USDA. Soma-se a isso o estouro da chamada
“gripe suína”, a qual já atinge os EUA e as Américas em geral, além de partes da
Europa, causando apreensões quanto ao futuro do consumo de rações animais já que
a tendência é de haver redução no consumo e produção suinícola mundial.
Mesmo assim, o mês de abril se encerra com cotações da soja muito interessantes se
olharmos as médias históricas, porém, longe dos valores praticados um ano antes. No
final de abril de 2008 o bushel de soja era cotado em exatos US$ 13,01. Hoje
(30/04/09), ele está 17,8% mais baixo.
Um dos elementos de curto prazo que dá sustentação às cotações se encontra nos
estoques apertados da oleaginosa nos EUA. Nesse sentido, ganha importância o
próximo relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o dia 12/05, o qual
estará trazendo as primeiras estimativas de safra para o novo ano 2009/10. Até o dia
26/04 os produtores estadunidenses haviam semeado 3% da área esperada com soja,
contra 5% na média histórica.
Por sua vez, o embarque de soja dos EUA, na semana encerrada em 23/04, somou
189.000 toneladas, contra 591.900 toneladas na semana anterior. Mesmo assim, o
acumulado anual alcança 27,23 milhões de toneladas, contra 24,76 milhões em igual
momento do ano anterior.
Paralelamente, o mercado começa a se preocupar com a demanda chinesa, que
sustentou boa parte das últimas altas em Chicago, diante do avanço da “gripe suína”
no mundo. Especula-se em cancelamentos de compras de soja por parte da China. O
lado positivo para o exportador dos EUA foi que o dólar voltou a perder força em
relação as demais moedas mundiais, aumentando sua competitividade.
Na Argentina, o prêmio terminou a semana entre 35 e 48 centavos de dólar por bushel
e o mercado se mostrou mais ativo, particularmente nas exportações de farelo e óleo.
A colheita no vizinho país, até o dia 16/04, atingia a 55% da área, estando avançada
em relação ao ano anterior.
Na Europa, os pellets de soja do Brasil e da Argentina, para o mês de maio, foram
cotados em US$ 388,00 e US$ 396,00/tonelada, respectivamente, no CIF Rotterdam.
No mercado mundial, tem-se ainda que os estoques mundiais de óleo de palma, no
final do ano comercial, em junho, serão de 500.000 toneladas menores do que os
registrados no ano anterior, ficando em 5,8 milhões de toneladas.
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4. Ao mesmo tempo, os quatro principais países asiáticos importaram, entre grão e farelo
de soja somados, um total de 3,8 milhões de toneladas em março (base farelo),
chegando a 10,3 milhões de toneladas no primeiro trimestre de 2009. Um aumento de
1,3 milhão de toneladas sobre igual período do ano anterior.
Enfim, Oil World projeta uma produção mundial de 82,9 milhões de toneladas dos sete
principais farelos, excetuando a soja, no ano comercial out/08 a set/09. Isso representa
um aumento de 3,6% em relação ao ano anterior, enquanto o farelo de soja perde essa
mesma percentagem na participação mundial.
No mercado brasileiro, o recuo médio de Chicago, com um forte recuo do câmbio (R$
2,17 no dia 29/04) trouxe os preços internos para baixo. A média gaúcha, no balcão,
ficou em R$ 45,47/saco, contra R$ 46,62 na semana anterior. Nos lotes, os preços da
soja oscilaram entre R$ 48,00 e R$ 48,50/saco no mercado gaúcho e entre R$
41,00/saco em Barreiras (BA) e R$ 47,40/saco em Cascavel (PR).
A colheita da soja no país bateu em 87% no dia 24/04, estando exatamente na média
histórica. O Rio Grande do Sul havia colhido 79%, o Paraná 96%, o Mato Grosso 99%,
o Mato Grosso do Sul já encerrou a mesma, assim como São Paulo, enquanto Goiás
registrava 85%, Minas Gerais 74%, Bahia 47% e Santa Catarina 62%. Segundo a
Abiove, a safra final alcançará 57,7 milhões de toneladas.
Por sua vez, o prêmio nos portos brasileiros, mesmo em período de oferta, oscilava
positivamente entre 37 e 60 centavos de dólar por bushel no final da semana.
A tendência dos preços é de se manterem nos atuais níveis, podendo recuar logo
adiante na medida em que se confirme maior área semeada nos EUA (atenção ao
relatório do dia 12/05).
Enfim, no Mato Grosso a safra 2008/09 fecha com o registro de aumento de 8,9% nos
casos de ferrugem asiática, fato que provocou perdas consideráveis em valores.
MERCADO DO MILHO:
As cotações do milho em Chicago se recuperaram um pouco nesta última semana de
abril, fechando a quinta-feira (30) em US$ 3,96/bushel. A média de abril ficou em US$
3,87/bushel.
O mercado começa a entrar em expectativa em relação ao relatório de oferta e
demanda do USDA, previsto para o dia 12/05. O mesmo poderá reduzir um pouco mais
a área a ser semeada nos EUA (lembramos que a intenção de plantio apontou uma
redução de apenas 1% em relação a área do ano anterior).
Paralelamente, o mercado espera o anúncio de elevação nas exportações do produto
no atual ano comercial. Todavia, a “gripe suína” poderá atrapalhar os prognósticos já
que começa a haver bloqueio no comércio de carne suína no mundo. Lembramos que
os EUA é um dos países mais atingidos atualmente pelo problema. Todavia, por
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5. enquanto a situação parece estar sob controle pelo lado da produção suinícola, apesar
dos alertas da OMS quanto a contaminação entre seres humanos.
Quanto ao plantio da nova safra nos EUA, até o dia 26/04 a área atingida chegava a
22% do esperado, contra 28% na média histórica. Esse atraso, se persistir, pode levar
a uma transferência de área para a soja.
Ao mesmo tempo, o clima continua muito frio para a época nas regiões produtoras
estadunidenses, ameaçando a ocorrência de geadas tardias que podem atingir as
lavouras recentemente semeadas.
Na Argentina e Paraguai, o preço da tonelada de milho se alterou para cima. No
primeiro país a mesma chegou a US$ 168,00 FOB e no segundo a US$ 122,50 FOB. O
mercado começa a contabilizar as fortes quebras ocorridas na produção sul-americana,
particularmente no Paraguai, sul do Brasil e Argentina. Além disso, a falta de chuvas já
começa a prejudicar a safrinha em algumas regiões do centro-sul brasileiro.
No mercado brasileiro, os preços voltaram a subir em termos médios. O balcão gaúcho
praticou um valor de R$ 17,25/saco ao produtor enquanto os lotes, no norte do Estado,
subiram para R$ 21,60/saco. Nas demais praças nacionais pesquisadas os preços
oscilaram, para os lotes, entre R$ 15,25/saco em Rondonópolis (MT) e R$ 22,45/saco
em Chapecó (SC). Em termos médios, conforme tabela no início deste boletim, vimos
aumentos de até 5% na semana em alguns locais, sendo que o mesmo se aproximou
de 10% em Erechim (RS). Na exportação, a intenção de compra chegou a US$
166,00/tonelada.
A continuidade desta recuperação, particularmente no sul, depende das proporções
que ganhará a “gripe suína” e seus impactos no consumo de carne suína e, por
extensão, na produção da mesma e no consumo de rações. No médio prazo, a safrinha
nacional e as exportações continuam sendo elementos decisivos para manter preços
mais interessantes na segunda metade do ano.
A semana terminou com a importação, procedente dos EUA, valendo R$ 34,06/saco
para abril. Para o produto argentino o preço ficou em R$ 30,25/saco para abril e maio.
Na exportação, o transferido via Paranaguá registrou R$ 21,18/saco para abril, R$
21,66 para maio, R$ 22,47 para junho, R$ 22,56 para julho, R$ 23,45 para agosto, R$
23,79 para setembro e R$ 24,11/saco para outubro.
MERCADO DO TRIGO:
As cotações do trigo em Chicago fecharam a quinta-feira (30) em US$ 5,24/bushel,
após US$ 5,29 uma semana antes. A média de abril fechou em US$ 5,26/bushel.
Nos EUA, a preocupação maior é com o atraso no plantio do trigo de primavera devido
ao clima. Paralelamente, também aqui o anúncio da “gripe suína” provocou recuo nas
cotações, em alguns momentos da semana, já que o trigo também compõe as rações
animais e está muito ligado ao comportamento do milho e da soja em Chicago.
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6. Além disso, as inspeções de exportação dos EUA alcançaram 330.436 toneladas, na
semana encerrada em 23/04, contra 407.806 toneladas. No ano passado, na mesma
época, o volume inspecionado chegou a 530.379 toneladas.
Na Argentina, o mercado confirma a colheita de 8,3 milhões de toneladas apenas,
sobre uma área colhida de 4,2 milhões de hectares, o que resultou em uma
produtividade média nacional de apenas 1.968 quilos/hectare ou 32,8 sacos por
hectare.
No vizinho país os preços do cereal continuaram entre US$ 200,00 e US$
220,00/tonelada, sem perspectivas de grandes mudanças, embora a escassez de
produto. No Uruguai a tonelada era negociada entre US$ 220,00 e US$
230,00/tonelada. Os argentinos chegaram a exportar 657.613 toneladas de trigo em
março e praticamente não há mais liberação de lotes para vendas externas.
No mercado brasileiro, os preços ficaram totalmente estagnados durante a semana. A
média gaúcha registrou R$ 24,36/saco, enquanto os lotes permaneceram em R$
470,00/tonelada ou R$ 28,20/saco. No Paraná, os lotes estiveram entre R$ 535,00 e
R$ 550,00/tonelada ou R$ 32,10 a R$ 33,00/saco.
Uma recuperação de preços é possível apenas quando as indústrias voltarem a
comprar o cereal nacional. Espera-se que isso ocorra entre maio e junho próximos. A
partir daí, os preços estarão na dependência dos valores do produto importado. Por
enquanto, há muitos fatores indefinidos e até baixistas que não permitem melhorias.
Dentre eles, a possibilidade da entrada de trigo russo; a possibilidade da retirada da
tarifa de 10% do Mercosul assim como o imposto sobre a marinha mercante; além de
estoques consistentes junto ao governo federal.
Afora isso, importante se faz salientar que, embora o produto tenha sido de menor
qualidade em boa parte do país na safra passada, em termos de volume a indústria
nacional possui uma oferta adicional de 2,2 milhões de toneladas já que a produção
final do país foi revista para 6 milhões de toneladas.
Nesse contexto, continua a preocupação quanto a área a ser plantada na nova safra. A
tendência é de redução diante do quadro climático de seca e particularmente diante de
preços muito baixos, particularmente no Rio Grande do Sul.
Enfim, a semana terminou com as importações, no CIF Sudeste do país, valendo US$
315,99/tonelada para o produto procedente dos EUA; US$ 264,93/tonelada para o
produto da Argentina; e US$ 283,31/tonelada para o produto oriundo do norte do
Paraná. Considerando o câmbio atual, tais preços correspondem, respectivamente, a
R$ 41,14/saco; R$ 34,49/saco e R$ 36,89/saco.
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