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Sobre a ideia enganadora da auditoria à dívida
Uma auditoria nunca é um fim mas um meio. Só faz sentido se integrada
num processo de contestação da dívida e de aferição da (falta)
seriedade na sua constituição.
Gosta-se de falar no caso exemplar do Equador. Mas não há
comparação com o caso português.
1. O Equador não está inserido num espaço multinacional onde se
detém uma soberania mínima.
2. O Equador tem moeda própria e, portanto política monetária,
fiscal, industrial, etc… que Portugal não tem.
3. No Equador a auditoria foi lançada como complemento de uma
atitude política de desconfiança total face à composição da
dívida e não como um fim em si.
4. No Equador a auditoria foi feita após uma renovação da classe
política, em que os novos dirigentes romperam totalmente com a
oligarquia corrupta de antes.
5. No Equador a auditoria foi feita por uma equipa independente,
com equatorianos e peritos estrangeiros que durou um ano a
fazer as coisas.
6. E entretanto não houve pagamento de dívida.
7. E, não teve uma Comissão Europeia, uma oligarquia política
corrupta e serviçal dos bancos, nem um BCE a ditar as regras
idiotas que se conhecem, quando decidiu unilateralmente só
aceitar uma parte da dívida reclamada pelos credores
Vejam as diferenças entre a atitude política progressista dos
equatorianos e as vistas curtas dos tecnocratas castrados politicamente
da Lusolândia. E veja-se também, o que pode um país fazer quando o
seu povo manda os partidos tradicionais à merda, coloca um primeiro
ministro e banqueiros na cadeia – é o caso da Islândia.
1. Em Portugal, continua-se no seio de um regime de direita,
corrupto como poucos na Europa, num estado entediante de
movimentação social, para mais controlada de modo férreo por
uma direção-geral chamada CGTP, desde 1975.
2. Uma auditoria em Portugal será feita pelo Tribunal de Contas,
pela Inspeção geral de Finanças, pelo Banco de Portugal, que
têm técnicos decentes mas que dependem do poder político, em
breve liderado por um imbecil.
3. Poderá também ser feita por uns aldrabões da consultadoria
internacional e sabemos pelo exemplo grego, pelo caso Enron,
do BPN, das auditorias ordenadas pelo sonolento basbaque do
Constância e outros, que tocam a música que quem paga
escolhe. E é de excluir a AR por evidente incompetência para o
efeito.
4. Portugal é como que uma 18ª autonomia ibérica, sem soberania
alguma, controlado até ao cêntimo pela oligarquia financeira
alicerçada no BCE/Com Europeia/FMI e para mais não tem
moeda própria.
5. Sem um movimento social que alicerce a recusa do pagamento
da dívida como base para a sua contestação em termos
técnicos, das partes válidas e das vigarices, qualquer auditoria
será feita nos termos e com as conclusões que o corrupto poder
político em Portugal entender.
Quem, numa esquerda inconsistente jogar na auditoria está a enganar
a multidão pois, a haver essa auditoria, passado um ano, as suas
conclusões chegarão após um periodo dos enormes sacrifícios que já se
conhecem, de habituação e desmobilização (ainda maior) do povo e
então, já ninguém se lembrará dela. A questão é que essa esquerda de
plástico que temos lavaria as mãos dizendo que … tinha lutado contra
a dívida!
Por outro lado, sendo essa auditoria validada e enformada pelo
PSD/PS/CDS, a direita tradicional e o seu complemento xenófobo,
ninguém esperará resultados muito desfavoráveis aos bancos, à Mota-
Engil, aos parceiros das PPP, às sanguessugas do SNS, etc. E o poder dirá
que foi feita a auditoria e que agora é preciso continuar a pagar; e os
portugueses serão levados a considerar como sua, individualmente,
uma dívida que cabe inteirinha à oligarquia financeira, aos partidos do
governo e ao empresariato mais incapaz e mais cúpido da Eurolândia.
Nesse momento, a esquerda plástica, como Pilatos ,teria a sua missão
cumprida e lavaria as mãos
A questão da dívida para ser levada a sério deve ser ligada à
contestação do funcionamento global da administração pública, à
inoperância programada do sistema de justiça, à falta de transparência
e de controlo democrático das instituições públicas, das empresas
públicas, dos comportamentos dos gangs autárquicos, etc
Não brinquem!
Este e outros textos em:
http://pt.scribd.com/documents#all?sort=date&sort_direction=ascendin
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Sobre a ideia enganadora da auditoria à dívida

  • 1. Sobre a ideia enganadora da auditoria à dívida Uma auditoria nunca é um fim mas um meio. Só faz sentido se integrada num processo de contestação da dívida e de aferição da (falta) seriedade na sua constituição. Gosta-se de falar no caso exemplar do Equador. Mas não há comparação com o caso português. 1. O Equador não está inserido num espaço multinacional onde se detém uma soberania mínima. 2. O Equador tem moeda própria e, portanto política monetária, fiscal, industrial, etc… que Portugal não tem. 3. No Equador a auditoria foi lançada como complemento de uma atitude política de desconfiança total face à composição da dívida e não como um fim em si. 4. No Equador a auditoria foi feita após uma renovação da classe política, em que os novos dirigentes romperam totalmente com a oligarquia corrupta de antes. 5. No Equador a auditoria foi feita por uma equipa independente, com equatorianos e peritos estrangeiros que durou um ano a fazer as coisas. 6. E entretanto não houve pagamento de dívida. 7. E, não teve uma Comissão Europeia, uma oligarquia política corrupta e serviçal dos bancos, nem um BCE a ditar as regras idiotas que se conhecem, quando decidiu unilateralmente só aceitar uma parte da dívida reclamada pelos credores Vejam as diferenças entre a atitude política progressista dos equatorianos e as vistas curtas dos tecnocratas castrados politicamente da Lusolândia. E veja-se também, o que pode um país fazer quando o seu povo manda os partidos tradicionais à merda, coloca um primeiro ministro e banqueiros na cadeia – é o caso da Islândia. 1. Em Portugal, continua-se no seio de um regime de direita, corrupto como poucos na Europa, num estado entediante de movimentação social, para mais controlada de modo férreo por uma direção-geral chamada CGTP, desde 1975. 2. Uma auditoria em Portugal será feita pelo Tribunal de Contas, pela Inspeção geral de Finanças, pelo Banco de Portugal, que têm técnicos decentes mas que dependem do poder político, em breve liderado por um imbecil. 3. Poderá também ser feita por uns aldrabões da consultadoria internacional e sabemos pelo exemplo grego, pelo caso Enron, do BPN, das auditorias ordenadas pelo sonolento basbaque do Constância e outros, que tocam a música que quem paga
  • 2. escolhe. E é de excluir a AR por evidente incompetência para o efeito. 4. Portugal é como que uma 18ª autonomia ibérica, sem soberania alguma, controlado até ao cêntimo pela oligarquia financeira alicerçada no BCE/Com Europeia/FMI e para mais não tem moeda própria. 5. Sem um movimento social que alicerce a recusa do pagamento da dívida como base para a sua contestação em termos técnicos, das partes válidas e das vigarices, qualquer auditoria será feita nos termos e com as conclusões que o corrupto poder político em Portugal entender. Quem, numa esquerda inconsistente jogar na auditoria está a enganar a multidão pois, a haver essa auditoria, passado um ano, as suas conclusões chegarão após um periodo dos enormes sacrifícios que já se conhecem, de habituação e desmobilização (ainda maior) do povo e então, já ninguém se lembrará dela. A questão é que essa esquerda de plástico que temos lavaria as mãos dizendo que … tinha lutado contra a dívida! Por outro lado, sendo essa auditoria validada e enformada pelo PSD/PS/CDS, a direita tradicional e o seu complemento xenófobo, ninguém esperará resultados muito desfavoráveis aos bancos, à Mota- Engil, aos parceiros das PPP, às sanguessugas do SNS, etc. E o poder dirá que foi feita a auditoria e que agora é preciso continuar a pagar; e os portugueses serão levados a considerar como sua, individualmente, uma dívida que cabe inteirinha à oligarquia financeira, aos partidos do governo e ao empresariato mais incapaz e mais cúpido da Eurolândia. Nesse momento, a esquerda plástica, como Pilatos ,teria a sua missão cumprida e lavaria as mãos A questão da dívida para ser levada a sério deve ser ligada à contestação do funcionamento global da administração pública, à inoperância programada do sistema de justiça, à falta de transparência e de controlo democrático das instituições públicas, das empresas públicas, dos comportamentos dos gangs autárquicos, etc Não brinquem! Este e outros textos em: http://pt.scribd.com/documents#all?sort=date&sort_direction=ascendin g&page=1 http://www.slideshare.net/durgarrai/documents