SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 69
Baixar para ler offline
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 1 -
APRESENTAÇÃO
A conjuntura econômica nacional
atual mostra um quadro nada
animador e o desempenho
extremamente desfavorável de
variáveis estruturais como o
investimento sugere que não há
luz no fundo do túnel. Apenas as
atividades vinculadas à
agricultura e à produção de
semi-elaborados para exportação
vão bem e continuam
empregando e isso se deve não
ao mercado internacional
favorável mas basicamente à
desvalorização significativa da
taxa de câmbio brasileira. O
quadro de instabilidade
generalizada que impacta na
economia tem os seus
fundamentos não estritamente
na esfera política como muitos
advogam e sim, em boa medida,
na dimensão política que a
própria economia apresenta. A
rejeição pelos atores de peso no
país da política econômica e da
estratégia desenvolvimentista do
governo Dilma bem como o
fracasso do governo do PT no
sentido de estimular o
investimento privado e o
crescimento do PIB, sem
promover mudanças estruturais
de peso, evidenciam exatamente
onde está o seu cerne.
O contínuo martelar pela mídia,
desde o ano passado, das
denúncias de corrupção na
Petrobras, no BNDES ou onde
quer que seja conveniente
buscar, ofusca para a população
o que de fato interessa saber.
Para além do discurso anti-
corrupção, que rodas mais
fechadas de políticos e de
empresários reconhecem ser
endêmica no país, os de cima
entendem que é necessário
sacrificar o que seja para
retomar os trilhos da confiança e
da tranqüilidade que os tempos
de maior coerência com a
cartilha neoliberal traziam para
os mesmos. O fracasso do PT em
encontrar uma terceira via, que
trouxesse alguns ganhos para os
de baixo e mantivesse certa
concordância com a política
econômica do tripé
macroeconômico - especialmente
a capacidade do governo em
absorver em seu orçamento as
despesas financeiras -, bem
como um compromisso parcial
com algumas reformas liberais,
torna-se evidente para quem
busca enxergar além da poeira
que se levantou.
A despeito de não haver
qualquer indício de um golpe civil
militar em curso o ambiente
assemelha-se ao período que
antecedeu março de 1964. E
mantido ou não o governo Dilma
no poder a reversão da política
econômica fracassada, a
retomada da agenda de reformas
da oposição, com o basta que
vem sendo dado a algumas
conquistas que os de baixo
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 2 -
alcançaram até então, denota
que um golpe branco já se deu.
Por outro lado, independente do
sucesso da oposição em derrubar
o governo Dilma, a armadilha de
endividamento criada pela
estratégia desenvolvimentista do
governo assemelha-se a uma
teia que o aprisiona em sua
própria criação e o obriga a
executar o oposto do que
desejava. Além de se dever a
tentativa de sobreviver no poder,
esta capitulação se deve ao fato
de que foi o próprio governo
quem criou as condições de seu
inferno astral. A conta
econômica do fracasso lhe
aparece com despesas
financeiras que já atingem quase
10% do PIB e tornam pífios os
seus esforços para gerar
qualquer superávit primário bem
como fazer qualquer coisa que
seja no plano orçamentário.
Aprisionado no campo dos gastos
financeiros ele precisa cortar
outros gastos, onde quer que
possa, para absorver essa
despesa que o engole com mais
endividamento posto ver esvair
as suas receitas dada a pesada
retração da economia. Sendo
impossível o superávit primário,
face a queda radical da receita e
com as despesas financeiras em
rota explosiva, o déficit nominal
se acumula e realimenta a dívida
mobiliária levando o governo ao
mesmo imobilismo que acomete
uma presa que cai numa teia de
aranha. A diferença é que esta
teia foi por ele mesmo tecida.
Associado a esse inferno fiscal a
inflação praticamente chega à
casa de dois dígitos no
acumulado do ano, a taxa de
desemprego bate recordes,
puxada pelo crescimento da
desocupação na construção civil,
na indústria e no comércio.
Nesse quadro desfavorável, a
intensificação da pressão para a
elevação da taxa de juros básica,
que o governo já considerava em
patamar suficiente, torna-se
inevitável tendo em vista o
recrudescimento inflacionário.
Diante desse ambiente de difícil
solução, com ou sem golpe de
fato, o brasileiro vai se virando
como pode, buscando trabalhar
por conta própria, grupo que já
soma 22 milhões de pessoas no
país, bem como aceitando
propostas precarizadoras de
redução de jornada de trabalho e
de salários, como ocorreu na
indústria. Muitos pequenos e
médios negócios cerraram as
portas, o faturamento das
grandes empresas mostra
queda, a despeito das de maior
peso fecharem o ano ainda com
bons lucros, ajustados apenas a
um patamar de menores custos.
O investimento direto no país,
realizado por estrangeiros,
também retraiu-se
significativamente com relação
ao ano passado e as contas
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 3 -
externas só se beneficiam de um
saldo comercial que ocorre
predominantemente tendo em
vista a retração das importações
explicada pela recessão interna e
pela desvalorização cambial.
Numa economia de mercado em
crise, seja a crise fruto do ciclo
de negócios, seja ela produzida
pelo governo ou pelo
comportamento dos de cima, a
corda sempre arrebenta para os
de baixo.
Boa leitura!
1. POLÍTICA ECONÔMICA
DESAJUSTE FISCAL E
RECESSÃO: O QUE ESPERAR
DA ORTODOXIA?
A economia brasileira deve
fechar o ano de 2015 registrando
um recuo do PIB na casa de 3%
a 3,5% do PIB, o maior desde
1990, quando Fernando Collor de
Mello assumiu o governo com a
promessa de arrumar a casa e
liquidar a inflação com a
realização de um ajuste fiscal
que pretendia ficar inscrito na
história como o maior de todos
os tempos. Não conseguiu nem
uma coisa, nem outra, e
recolocou a economia na
trajetória da hiperinflação
acompanhada do estigma do
baixo crescimento, o qual, até os
dias atuais, não foi revertido.
Após as trapalhadas da política
econômica no período de 2011-
2014, que enfraqueceram as
bases do tripé macroeconômico
ortodoxo – câmbio
flutuante/metas
inflacionárias/superávit primário
-, sem se ter conseguido sucesso
com a equivocada proposta de
conciliá-lo com uma “Nova Matriz
Econômica” como estratégia de
desenvolvimento, o governo,
diante da deterioração das
variáveis centrais da economia –
inflação, déficit externo, contas
públicas etc. - causada por essa
política, terminou rendendo-se
novamente à ortodoxia para
implementar, como na época de
Collor, um ajuste muito
semelhante, visando a resgatar a
confiança do mercado.
Nele, a recessão é vista como
pré-condição para recompor as
bases do tripé, sanear
financeiramente o Estado,
libertando-o do fardo dos gastos
com as políticas sociais, com os
investimentos públicos e com as
farras das desonerações
tributárias destinadas a fomentar
o consumo e o investimento
privado, para, só então, o país
ter condições de abrir as portas
para o sol do crescimento.
Não estranha, assim, pela
natureza do ajuste que vem
sendo realizado pela política
econômica, e que deve continuar
nos próximos anos, que o
crescimento econômico esteja
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 2 -
sendo jogado ladeira abaixo e
que este só poderá voltar à
cena, nessa perspectiva, uma
vez aquele concluído. Mas isso
não ocorrerá em pouco tempo e
o país pode se preparar para
tempos também tão difíceis
como o deste ano.
A principal razão dessa
dificuldade reside no fato de que
a natureza do ajuste exigido pela
ortodoxia não se faz sem
subtrair forças dos próprios
fatores que são responsáveis por
impulsionar o crescimento,
embora existam outras
alternativas que poderiam ter
sido buscadas, mas que o
governo, talvez por que
enfraquecido também
politicamente, simplesmente
descartou. Isso, por algumas
razões.
Em primeiro lugar, por ser um de
seus objetivos a reversão dos
ganhos salariais que foram
obtidos acima do aumento da
produtividade, não como
resultado apenas do crescimento
econômico, segundo os
argumentos que se utiliza para
justificá-lo, mas principalmente
devido às políticas de reajustes
generosos aprovadas pelo
governo, as quais,
complementadas por políticas
redistributivas, aumentaram
excessivamente o consumo, sem
a correspondente ampliação da
oferta. Tal situação acabou
desencadeando pressões
inflacionárias e aumentando as
importações, com impactos
negativos também sobre o déficit
externo, vigas mestras do
modelo ortodoxo, tornando
necessária, assim, sua reversão.
A correção deste desequilíbrio,
que demanda a realização de um
ajuste cíclico, exige, assim, a
desmontagem deste quadro,
retirando dos trabalhadores
estes ganhos indevidos, para o
que a recessão desempenha
papel essencial, à medida que ao
desaquecer o mercado de
trabalho, aumenta o desemprego
e reduz os salários, ao mesmo
tempo em que inibe novos
reajustes acima do aumento da
produtividade. Na mesma
direção, a desvalorização
cambial, apesar dos impactos
inflacionários que ocasiona,
contribui para melhorar a relação
câmbio/salário, tornando a
produção nacional mais
competitiva, mesmo que
reduzindo a força da demanda
interna.
Em segundo, porque seu
objetivo é também o de
recuperar o Estado como fiador
da estabilização macroeconômica
e, com isso, resgatar o seu papel
como gerador de superávits
primários, o que teria deixado de
acontecer em 2014 e também
em 2015, visando a garantir o
pagamento dos credores de sua
dívida e acalmar o mercado
diante da desconfiança que este
passou a ter sobre a capacidade
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 3 -
do governo de honrar seus
compromissos financeiros.
Isso significa retirar tanto o
quanto possível, até mesmo por
meio de reformas
constitucionais, compromissos
do Estado com gastos de
natureza não financeira, caso
dos que este realiza com as
políticas sociais e os
investimentos, de forma a tornar
possível acomodar, no
orçamento, os ganhos da riqueza
financeira.
Ora, tal providência, que tem
sido proposta na forma de
abandono – ou pelo menos de
redução – do sistema de
vinculações constitucionais da
receita para as áreas sociais, da
reforma da previdência para
aumentar o tempo da
aposentadoria, ou mesmo de
priorização do investimento
privado em infraestrutura,
enfraquece também a ação do
Estado na promoção do
crescimento, por meio do gasto
público, em consumo,
investimentos ou na
implementação de políticas
redistributivas, que têm o
condão de fortalecer a demanda
agregada.
A retomada do crescimento
econômico passa a depender,
assim, quase que
exclusivamente do investimento
privado, num contexto em que
as forças da demanda por
consumo se encontram
enfraquecidas – consumo das
famílias e do governo – e, mais
grave, numa situação em que o
Estado estará com os caminhos
bloqueados para remover os
gargalos estruturais da economia
– de infraestrutura econômica e
social, de logística etc. -, e em
que a economia internacional
continua sem emitir sinais de
recuperação confiável, com a
ameaça da deflação na Europa, a
desaceleração progressiva da
China e o vai-e-vem da
economia dos Estados Unidos.
Não é possível, neste cenário,
enxergar qualquer fator de
incentivo ao investimento
produtivo privado capaz de
inspirar-lhe confiança para
aventurar-se na vida econômica,
a não ser a crença da ortodoxia
de que apenas o saneamento
financeiro do Estado seja capaz
de despertar-lhe o espírito
animal keynesiano, quando se
sabe que os seus determinantes
não se resumem a essa
condição.
Isso até pode valer
especificamente para o capital
financeiro que apenas quer ter a
garantia de que receberá seus
ganhos pelos empréstimos feitos
ao Estado, o que não é o caso do
capital produtivo, que precisa
contar, para realizar
investimentos, com políticas
macroeconômicas consistentes,
de impostos, câmbio e juros,
com infraestrutura adequada e
boa qualificação de mão de obra
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 4 -
para não ver ampliados seus
custos de produção,
comprometendo sua
competitividade. O que o ajuste
em curso não contempla.
Ao fazer a opção por privilegiar o
ajuste de cunho ortodoxo,
destituído de uma agenda para o
crescimento, que exigiria o
encaminhamento de reformas
estruturais, indicando a porta de
saída para a crise, e enfraquecer
a ação do Estado como promotor
de um novo projeto de
desenvolvimento, visando a
garantir a drenagem de recursos
do orçamento para os seus
credores e preservar de seu ônus
os setores mais poderosos
economicamente e a riqueza
financeira, o governo
praticamente sepultou as
chances que, já não tão grandes
no contexto atual, ainda
existiam, de retomada do
crescimento, e condenou a
economia ao purgatório da
recessão e da estagnação.
Tal como implementado,
preocupado apenas em produzir
a recessão em busca destes
resultados, o ajuste fiscal das
contas primárias realizado em
2015 terminou minando, ainda
mais, até mesmo as vigas
mestras do tripé
macroeconômico que, em tese,
se pretendia recompor,
prejudicando, inclusive, as
próprias contas públicas e
prenunciando que novos ajustes
dessa natureza, se necessários,
continuarão a ser realizados.
Isso, mesmo que se produza a
situação conhecida como a de
“paz dos cemitérios”, em que se
não há inflação, não há também
vida econômica e social pulsante,
desde que seu principal objetivo
seja alcançado, que é o da
preservação da riqueza
financeira.
A queda de mais de 3% do PIB
neste ano, com o nível do
desemprego caminhando para a
casa dos 10% parece, nessa
situação, apenas estar indicando
que tempos ainda mais difíceis
aguardam pelo país com a
política econômica implementada
e com a disposição do governo,
pelo menos até o momento, de a
ela dar continuidade nos
próximos anos.
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 -
2. INFLAÇÃO
IPCA e INPC
A inflação é um processo de alta
generalizada e continua dos
preços, que sempre foi motivo
de constante vigilância e de
debates na política econômica do
Brasil. Dentre os indicadores
mais importantes na mensuração
da inflação ganha destaque o
Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA),
medido pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística
(IBGE), que considera as famílias
com rendimentos mensais de até
quarenta salários mínimos e é a
principal referência para a
política monetária baseada em
metas1
de inflação fixada pelo
governo.
O IPCA acumulado no primeiro
semestre do ano de 2015 foi de
6,17% valor superior aos 3,75%
do mesmo período de 2014. O
IPCA acumulado nos 12 meses
anteriores a agosto de 2015 foi
de 9,53%, valor também acima
do acumulado no mesmo período
de 2014 (6,51%), e acima do
teto da meta de 6,50%. Em
outubro o acumulado no ano do
IPCA estava em 8,52%,
enquanto a variação em 12
meses foi de 9,93%, maior valor
1
O Banco Central definiu como meta de
inflação para 2014 a taxa de 4,5% ao
ano, podendo variar em 2,0 pontos
percentuais para mais ou para menos.
observado desde 2003
(11,02%).
Como observado no Gráfico 2.1
as movimentações do IPCA de
2015, convergem com as do ano
de 2014 no mês de agosto e
setembro voltando a descolar
novamente no mês de outubro
apresentando variação de 0,82%
no mês contra os 0,42% em
outubro de 2014. O destaque
em outubro foi para o grupo de
Transportes (1,72%) como pode
ser visto na Tabela 2.1. Segundo
a publicação do IBGE, esse
aumento foi puxado pelos
reajustes nos preços dos
combustíveis nesse mês. O
consumidor pagou em média
5,05% a mais pelo litro de
gasolina, sendo a maior variação
em São Paulo (6,12%) e a
menor em Vitória (1,72%),
reflexo nas bombas do aumento
de 6,00% autorizado nas
refinarias desde 30 de setembro.
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 -
Gráfico 2.1 Variações mensais do IPCA para 2014 e 2015
Fonte: Formulação própria com dados fornecidos pelo IBGE, Sistema Nacional
de Índices de Preços ao Consumidor.
No acumulado do ano o IPCA
apresentou variação geral de
8,52%, sendo observado valor
inferior de 7,5% para Vitória. Os
fatores que impactaram no
índice foram o fim do
represamento de preços da
energia elétrica e dos
combustíveis, que eram vigentes
até o final do ano passado. A
partir de 2015 houve reajustes
nestes preços (a contribuição
cobrada sobre os combustíveis
começou a ser reajustada com o
decreto presidencial 8.395 já no
início do ano).
Tabela 2.1 Variações mensais por grupos (%) – IPCA
Fonte: Formulação própria com dados fornecidos pelo IBGE
0.55
0.69
0.92
0.67
0.46 0.4
0…
0.57 0.42
1.24 1.22 1.32
0.71 0.74
0.79
0.62
0.22
0.54 0.82
jan fev mar abr mai jun jul ago set out
2014 2015
Grupos Jan fev mar abr mai jun jul ago set out Acum
2015
Alimentação 1,48 0,81 1,17 0,97 1,37 0,63 0,65 -0,01 0,24 0,77 8,37
Habitação 2,42 1,22 5,29 0,93 1,22 0,86 1,52 0,29 1,3 0,75 16,87
Residência -0,28 0,87 0,35 0,66 0,36 0,72 0,86 0,37 0,19 0,39 4,58
Vestuário -0,69 -0,6 0,59 0,91 0,61 0,58 -
0,31
0,2 0,5 0,67
2,47
Transportes 1,83 2,2 0,46 0,11 -0,29 0,7 0,15 -0,27 0,71 1,72 7,53
Saúde 0,32 0,6 0,69 1,32 1,1 0,91 0,84 0,62 0,55 0,55 7,75
Despesas
pessoais
1,68 0,86 0,36 0,51 0,74 1,63
0,61
0,75 0,33 0,57
8,33
Educação 0,31 5,88 0,75 0,21 0,06 0,2 0 0,82 0,25 0,1 8,77
Comunicação 0,15 -0,02 -1,16 0,3 0,17 0,34 0,3 0,14 0,01 0,39 0,61
Índice Geral 1,48 0,81 1,17 0,97 1,37 0,63 0,65 -0,01 0,24 0,77 8,52
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 -
A Tabela 2.1 apresenta a
variação mensal do IPCA por
grupos de gastos com consumo
familiar, bem como o acumulado
no ano de 2015 até outubro. O
destaque foi para o grupo de
Habitação com variação
acumulada de 16,7%, seguido
por Educação de 8,8% e
Alimentação e bebidas de 8,4%.
Em Habitação o destaque é do
item energia elétrica residencial
em que houve aumento
acumulado no ano neste grupo
geral de 49,03%, e em Vitória de
37,67%. Em seguida, destaca-se
o grupo de Combustíveis os
aumentos sofridos nos preços do
gás de botijão, respectivamente,
de 21,40% e 20,72%, no geral e
na capital capixaba.
Em relação ao grupo Educação a
maior variação geral ocorreu no
item cursos diversos (10,32%)
com destaque para o curso de
idioma (13,82%). Nos cursos
formais apesar da menor
variação acumulada (9,17%)
vale ressaltar o expressivo
aumento nos preços das creches
(15,77%). Já na capital
capixaba, a maior variação
acumulada no ano até outubro
de 2015 foi observada nos
cursos regulares (10,11%), valor
puxado pelos aumentos nos
valores do ensino médio
(13,51%) e do ensino infantil
(13,42%).
Com relação ao grupo de
Alimentação e bebidas, as
maiores variações ocorreram na
alimentação fora do domicílio
com valores acumulados no ano
de 8,90% no geral e de 9,51%
em Vitória.
Outro indicador utilizado na
mensuração da inflação é o
Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC), que difere
do IPCA apenas no que diz
respeito à abrangência, uma vez
que considera as famílias com
rendas mensais de até cinco
salários mínimos.
A inflação para o INPC perdeu
força no último mês do primeiro
semestre sendo que o mesmo
movimento pode ser observado
nos dois meses seguintes. O
acumulado no ano em outubro
fechou em 9,07% bem acima da
taxa de 5,02% relativa ao
mesmo período em 2014. O
acumulado dos 12 meses
anteriores a outubro foi de
10,33%. Estes valores foram
menores para Vitória de 7,89% e
8,53% respectivamente.
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 -
Gráfico 2.2 Variações mensais do INPC para 2014 e 2015
Fonte: Formulação própria com dados fornecidos pelo IBGE
Pode-se observar no Gráfico 2.1
do INPC que, tal como no caso
do IPCA, houve um aumento nos
preços dos produtos para o
consumidor de até cinco salários
mínimos, e as movimentações do
primeiro semestre também
seguiram em 2015 o padrão do
ano anterior com exceção do
mês de abril.
Esta baixa no INPC de 0,19 p. p
de junho para julho tem como
responsável a queda na variação
mensal de preços no grupo de
alimentos e bebidas que fez com
que houvesse uma redução dos
preços de produtos requisitados
pelo o alvo da pesquisa do INPC,
ou seja, as famílias do grupo de
menores rendas.
IGP-DI e IGP-M
O Índice Geral de Preços (IGP) é
outro indicador de preços
importante para acompanhar a
dinâmica inflacionária da
economia brasileira. Calculado
pelo Instituto Brasileiro de
Economia (IBRE), da Fundação
Getúlio Vargas (FGV), devido à
sua composição2
, permite a
análise da inflação em diferentes
etapas do processo produtivo,
apurando as variações de preços
no atacado e no varejo.
O IGP se subdivide em índices
que se diferenciam quanto à
periodicidade de coleta dos
dados. Enquanto o IGP-DI
(Disponibilidade Interna) é
medido do primeiro ao último dia
de cada mês, o IGP-M (Mercado)
é apurado do dia 20 de um mês
até o dia 21
2
O IGP é uma média aritmética
ponderada dos índices: Índice de Preços
ao Produtor Amplo (IPA), Índice de
Preços ao Consumidor (IPC), e Índice
Nacional de Custo da Construção (INCC);
aplicados os pesos de 60%, 30% e 10%
respectivamente.
0.63 0.64
0.82 0.78
0.6
0.26
0.13
0.18
0.49
0.38
1.48
1.16
1.51
0.71 0.99
0.77
0.58
0.25
0.51
0.77
jan fev mar abr mai jun jul ago set out
2014
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 -
do próximo mês. Os índices são
utilizados para correção de
valores contratuais: o IGP-DI é o
indexador da dívida dos estados
com a União e o IGP-M contratos
como os de fornecimento de
energia elétrica.
A variação do IGP-DI acumulado
no primeiro semestre do ano foi
de 4,48%, percentual superior
ao acumulado no mesmo período
de 2014 (2,10%). Analisando
separadamente os componentes
do índice, o IPA variou 3,65%
(em face ao acumulado de
0,84% no primeiro semestre de
2014); o IPC variou 6,42% (ante
um aumento de 4,19%
comparado ao mesmo período do
ano anterior); e o INCC variou
5,19% (próximo aos 5,18% em
2014). Em outubro o IDP-DI já
acumulava uma alta de 8,91%
no ano e 10,58% em 12 meses.
As elevações dos componentes
IPA e IPC foram reflexos da
combinação dos efeitos do fim da
política de controle de preços
(energia e derivados energéticos
de petróleo, por exemplo), do
período prolongado de estiagem,
da elevação de tributos e da alta
do dólar, tudo isso em um
ambiente de enfraquecimento da
atividade econômica.
No Gráfico 2.3 é possível
observar a variação mensal do
IGP-DI de janeiro de 2015 a
outubro de 2015, bem como as
variações dos componentes do
índice. O IPA foi responsável por
influenciar a movimentação
agregada do IGP-DI. Isso, no
entanto, não ocorre no mês de
fevereiro, quando, devido à
grande variação negativa do IPC,
o IGP-DI também retrocedeu
percentualmente. O Gráfico 2.3
mostra uma tendência de queda
das variações dos níveis de
preços analisados, todavia, é
importante destacar que o
mesmo movimento ocorreu em
2014, mas a níveis mais baixos
que os registrados no ano
vigente.
Gráfico 2.3 IGP-DI e componentes (% a.m)
Fonte: Formulação própria com dados fornecidos pelo IBRE/FVG
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
IGP-DI IPA IPC INCC
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 -
No IPA, os maiores aumentos
foram provenientes do item Bens
Finais, mas todos os outros itens
(bens intermediários e matérias-
primas) tiveram variação
superior àquela observada em
2014, de acordo com os dados
desagregados do índice. Os
resultados do IPA decorreram
em grande parte das elevações
de contribuições e tarifas, a
exemplo do PIS/Pasep e Cofins
de produtos importados (na
média, de 9,25% para 11,75%
de tributação de acordo com a
Lei nº 13.137, de 19 de junho de
2015) que são por muitas vezes
insumos para diversas produções
internas.
O IPC teve uma trajetória geral
com tendência descendente até
agosto de 2015, assim como no
mesmo período do ano anterior.
Merecem atenção os setores
Habitação e Transportes
(10,27% e 6,29%,
respectivamente, no acumulado
de janeiro a agosto), sendo que
o primeiro foi o setor com a
segunda maior variação, atrás
somente de Despesas Diversas
(11,13%). O grupo Habitação foi
influenciado pelo aumento no
preço da tarifa de energia
elétrica residencial, que foi
reajustado desde o início do ano
em diversas ocasiões. O setor de
Transportes foi pressionado além
dos aumentos já descritos pela
elevação da Contribuição de
Intervenção no Domínio
Econômico (Cide) conforme o
decreto presidencial 8.395.
No INCC o custo da mão-de-obra
foi o maior responsável pelos
valores do índice no primeiro
semestre (um aumento
acumulado de 7,99% em 12
meses enquanto o subgrupo de
Materiais, equipamentos e
serviços acumulou alta de
5,82%). O item mão-de-obra é
inclusive o responsável pela
movimentação expressiva do
INCC no mês de junho, já que,
de acordo com dados da FGV,
houve aumento de custos de
mão de obra no setor devido à
correção de salários e carências
de profissionais qualificados.
O IGP-M apresentou
comportamento similar ao IGP-
DI, como pode ser visto no
Gráfico 2.2. O IGP-M acumulado
no primeiro semestre de 2015
(4,33%) foi superior ao do ano
anterior (2,45%), assim como o
índice de Disponibilidade Interna.
Em outubro de 2015 o IGP-M
acumulava alta no ano de 8,35%
e 10,09% de variação em 12
meses.
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 -
Gráfico 2.4 IGP-M e componentes (% a.m)
Fonte: Formulação própria com dados fornecidos pelo IBRE/FVG
Analisando cada componente
separadamente, o IPA variou
4,52% (percentual acima dos -
0,12% registrados de janeiro a
agosto de 2014); o IPC variou
7,22% (contra 4,48% de
variação no mesmo período do
ano anterior) e o INCC variou
6,15% (ante aos 5,77% até
agosto de 2014).
Apesar da tendência de
decrescimento dos índices no
primeiro semestre de 2015, a
situação fiscal do governo indica
uma possível elevação de
impostos e tarifas de transações
bancárias, de energia e de
combustíveis. O aumento de
tarifas bancárias possui menor
impacto sobre a inflação, mas os
aumentos sobre a energia e
combustíveis interferem
diretamente sobre o preço de
necessidades básicas, como o
fornecimento de água e os
alimentos.
ICV e Cesta Básica
A variação acumulada no
primeiro semestre de 2015, pelo
Índice de Custo de Vida (ICV)3
,
foi de 7,03%, sendo os grupos
que apresentaram taxas acima
da geral os de Habitação
(11,46%), Transporte (8,03%),
Educação e Leitura (7,30%) e
Despesas Pessoais (7,07%).
Estes valores foram superiores à
variação
3
O ICV é medido pelo DIEESE
(Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos),
tendo o município de São Paulo como
base para os estudos. A análise é feita de
acordo com as seguintes variáveis:
Alimentação, Habitação, Equipamento
Domestico, Transporte, Saúde,
Vestuário, Educação e Leitura, Despesas
Pessoais e Despesas Diversas.
-0.50
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
IGP-M IPA IPC INCC
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 -
acumulada no mesmo período de
2014, de 4,13%, na qual os
mesmos grupos registraram
variações inferiores para os dois
primeiros de 3,00%, 1,51%, e
superiores para os dois últimos
8,49% e 8,35%
respectivamente.
Em relação ao grupo de
Habitação, a diferença relevante
no acumulado do semestre foi
verificada no subgrupo operação
do domicílio (16,19%) devido
principalmente aos reajustes dos
preços nos serviços
administrados de energia elétrica
(51,80%) e água e esgoto
(22,79%).
Na variação de junho o custo de
vida aumentou em 0,81% em
São Paulo, em relação a maio de
2015. Destacam-se os grupos de
Habitação (2,41%), seguido por
Saúde (0,55%) e Alimentação
(0,50%) e, o único grupo que
apresentou uma variação
negativa foi o de Transporte (-
0,33%).
Para o grupo Habitação, o maior
aumento foi no aumento nos
condomínios de 3,62%, seguido
pelos aumentos na operação do
domicílio (2,72%), consequência
dos reajustes da água no mês
(15,30%) e no gás de rua
(5,95%). O aumento da taxa no
grupo de Saúde, neste período
foi devido ao reajuste de seguros
e convênios médicos (0,75%).
No grupo Alimentação, os
maiores aumentos se
observaram na alimentação fora
do domicílio (0,71%), onde o
maior aumento foi das refeições
por quilo (1,15%), e nos
produtos da indústria alimentícia
(0,70%) destacam-se as altas da
mussarela (5,73%), da salsicha
(2,77%) e do leite (2,00%).
Já a queda no grupo de
Transporte pode ser explicada
pela diminuição do valor dos
combustíveis no mês de -1,00%,
tendo o álcool (-1,69%) e a
gasolina (-0,79%).
A análise do impacto da inflação
nos três estratos4
sociais revela
um aumento no custo de vida
diferenciado segundo tercis da
renda das famílias paulistanas,
sendo que as taxas em junho
foram maiores para as famílias
de mais baixa renda, de 1,09%
no estrato I, 0,90% para o
estrato II e de 0,76% no estrato
III. Essa relação pode ser vista
no Gráfico 2.5, sendo
desagregada nos grupos de
Habitação, Saúde, Transporte e
Alimentação. Observa-se que os
grupos de Habitação e
Alimentação tiveram maior
impacto sobre as famílias do
estrato I. Enquanto o grupo de
saúde impactou mais no estrato
III,
4
A população da análise é dividida em
três estratos sociais e suas especificas
faixas de renda; sendo: Estrato I com
1/3 da população de menor renda cuja
renda média foi de R$ 377,49; Estrato II
com renda média de R$ 934,17 e Estrato
III com renda média de R$ 2.782,90.
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 -
assim como este também se
beneficiou mais com as reduções
observadas no grupo de
transporte.
A inflação acumulada anual
(jul/2014 a jun/2015), pelo ICV-
DIEESE, registrou uma taxa de
9,71%, sendo maior nos grupos
Habitação (15,74%) e Despesas
Diversas (10,25%). Novamente
o destaque foi para os aumentos
nas tarifas de energia elétrica
nos últimos doze meses
(79,01%) e nos condomínios
(16,11%). Já nas Despesas
Diversas a maior variação
acumulada se deu nas despesas
de comunicação (12,4%).
O aumento em doze meses
também foi maior para as
famílias do estrato I (11,22%),
seguida do estrato II (10,33%) e
estrato III (9,13%). Pôde ser
observado, que os componentes
que mais afetaram o custo de
vida, para os estratos I e II,
foram respectivamente:
Habitação (20,45% e 17,7%) e
Transporte (11,76% e 10,31%),
sendo a primeira puxada pela
variação na Operação do
domicílio (27,88%) e a segunda,
no Transporte coletivo (13,86%).
Para o estrato III, os maiores
aumentos foram verificados nos
grupos Habitação (13,81%) e
Despesas diversas (10,58%).
Gráfico 2.5 - Taxa de variação (%) componentes da cesta
básica – Junho 2015
Fonte: DIEESE
0.8
0.64
0.48
0.05 0.07 0.09
-0.02 -0.04 -0.05
0.18 0.16 0.15
1.09
0.9
0.76
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
Estrato I Estrato II Estratro III
Habitação
Saúde
Transporte
Alimentação
Total
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 -
Pela análise do preço da cesta
básica5
em junho realizada pelo
DIEESE houve uma queda em 15
das 18 cidades pesquisadas,
sendo as maiores retrações em
Salvador (-8,05%) e Rio de
Janeiro (-6,71%) e as maiores
altas em Belém (5,11%) e
Manaus (2,49%). Em Vitória o
recuo em junho foi de -5,15%
em relação a maio de 2015. O
maior valor da cesta registrado
no mês foi em São Paulo
(R$392,77) e o menor, em
Aracaju (R$275,42), ficando na
capital capixaba o valor
observado em R$367,94.
No acumulado no primeiro
semestre de 2015 (janeiro a
junho) todas as capitais
registraram aumentos, sendo o
destaque para Salvador com a
maior variação (19,49%) e o
menor em Belo Horizonte
(7,18%). Em 12 meses (jul/2014
a jun/2015), todas as cidades
apresentaram uma alta no preço
da cesta básica, com destaque
novamente para Salvador
(14,72%), enquanto Natal
(3,51%) apresentou o menor
crescimento. Para Vitória os
valores acumulados no semestre
5
Refere-se a um índice que mede o
preço médio da cesta básica dos
alimentos em dezoito capitais brasileiras,
calculado também pelo DIEESE. Os
alimentos considerados pelo DIEESE, que
compõe a cesta básica são: carne, leite,
feijão, arroz, farinha de trigo/mandioca,
batata, tomate, pão, café, banana,
açúcar, óleo, manteiga.
e em 12 meses foram
respectivamente 10,44% e
6,35%.
Em junho, os preços que
predominaram foram os da carne
bovina, do leite, do pão francês e
da batata. Já os que
apresentaram retração foram o
feijão e o tomate. De acordo com
análises feitas pelo DIEESE, em
12 meses em relação aos preços
da carne bovina houve elevação
do preço em todas as capitais
acompanhadas, sendo a menor
registrada em Vitória (10,55%) e
a maior em Campo Grande
(24,30%). A alta foi explicada
pelo órgão pela restrição na
oferta, pelo aumento das
exportações (juntamente com o
aumento do dólar) e pelos altos
custos de reposição de bezerros.
Já o aumento no preço do leite,
pelo quarto mês consecutivo,
justificou-se pelo período de
entressafra, enquanto o pão
francês foi relacionado à
desvalorização do real em
relação ao dólar, uma vez que
parte do trigo é importado, além
da menor produção interna do
produto e os aumentos nas
tarifas de água e energia.
De acordo com a análise feita
pelo DIEESE, ao comparar o
custo médio da cesta com o
salário mínimo liquido, o
trabalhador remunerado
comprometeu, em junho desse
ano, 47,49% de seu
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 -
salário mínimo liquido para gasto
com cesta básica, já no mesmo
período de 2014 correspondia a
47,43%. O maior valor da cesta
básica de São Paulo, segundo o
DIEESE, comprometeu 54,18%
do salário mínimo líquido (após
desconto da previdência),
percentual acima dos 53,24% de
junho de 2014. Para Vitória esse
percentual foi de 50,75% em
junho de 2015, 49,65% no
mesmo mês do ano anterior.
Em Junho de 2015, segundo o
DIEESE, para a manutenção de
uma família de quatro pessoas
seria necessário um salário
mínimo de R$ 3.299,666
ou 4,19
vezes mais que o mínimo de R$
788,00. Ou seja, isso demonstra
o quanto é impactante a relação
de salário mínimo e o valor da
cesta, visto que esse é só um
dos gastos das famílias
brasileiras.
No mês de setembro, de acordo
com DIEESE, a inflação no custo
de vida apresentou uma variação
no ano de 8,64%, tendo apenas
o grupo de Habitação uma taxa
acumulada superior de 15,31%
devido, principalmente, ao
aumento das taxas de
condomínio e serviços públicos,
6
Levando em consideração a
determinação constitucional que
estabelece que o salário mínimo deve ser
suficiente para suprir as despesas de um
trabalhador e sua família com
alimentação, moradia, saúde, educação,
vestuário, higiene, transporte, lazer e
previdência.
com 14,58% e 31,92%
respectivamente. Já em relação
ao preço médio da cesta básica
os valores recuaram neste
mesmo mês, a que apresentou
maior alta foi de Porto Alegre
(R$385,70) pouco superior a São
Paulo (R$383,21) e as que
apresentaram o menor valor
foram de Aracaju (R$280,26) e
Natal (R$282,72), ambas vem
apresentando o menor valor
desde o início do ano. O mesmo
movimento de queda se verificou
para Vitória cujo valor registrado
em setembro foi de R$361,54.
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 -
3. NÍVEL DE ATIVIDADE
PIB NACIONAL
Economistas adoram criar
metáforas para explicar
fenômenos econômicos. O “voo
da galinha” é uma delas, usada
para descrever a falta de
sustentação do crescimento da
economia brasileira. Porém,
neste ano há riscos de que a
galinha não consiga sequer voar,
isso se tomarmos como base os
últimos resultados divulgados
pelo IBGE para o Produto Interno
Bruto do país que, no acumulado
do ano,alcançou R$ 2,83 trilhões
em valores correntes, com uma
queda de 2,1% quando
comparado com igual período do
ano anterior. Como maior
agregado macroeconômico
brasileiro e o principal indicador
do nível da atividade econômica,
ao completar o segundo
trimestre consecutivo de queda,
os dados relativos ao PIB
apontam para o que os
economistas denominam de
recessão técnica.
Tabela 3.1 - Brasil: Produto Interno Bruto – Valores Correntes – (R$ milhões)
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais.
Analisando a composição do PIB
pela ótica da oferta, isto é, com
base no Valor Adicionado dos
três grandes setores produtivos
da economia, a citar,
Agropecuária, Indústria e
Serviços, o primeiro, cujo peso
relativo para a composição total
do PIB foi de 5,5% em 2014, foi
o único a apresentar variação
Setor de Atividade
1º
Sem/2014
1º
Sem/2015
Agropecuária 1 441 470 1 557 410
Indústria 495 978 531 523
Serviços 1 466 286 1 730 684
Impostos sobre produtos 368 836 418 380
PIB a preços de mercado 2 475 244 2 836 327
Despesa de consumo das famílias 1 588 033 1 783 882
Despesa de consumo do governo 514 486 570 872
Formação bruta de capital fixo 422 932 530 962
Exportação de bens e serviços 299 693 341 442
Importação de bens e serviços (-) 373 625 406 046
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 -
positiva, acusando expansão de
3,0% no primeiro semestre de
2015, quando comparado com
igual período do exercício
anterior. Esse resultado foi, em
parte, influenciado por alguns
produtos que possuem safra
relevante no segundo trimestre
do ano, como é o caso da soja,
milho e arroz.
A Indústria, setor que nos
últimos anos vem apresentando
retrações recorrentes, sofreu
nova queda no primeiro
semestre desse ano, desta vez
de 4,1%, resultado fortemente
influenciado pela queda na
produção de máquinas e
equipamentos, bem como
produtos automotivos,
eletrônicos e de informática. Vale
destacar que, desde 2006, o
grande setor Indústria, que pode
ser decomposto em quatro
subsetores, Extrativa,
Transformação, Produção e
distribuição de eletricidade, gás,
água, esgoto e limpeza urbana, e
Construção Civil, vem perdendo
força frente à composição total
do PIB, visto que, em 2005, o
setor representava 28,6% da
produção total do país, contra
23,4% em 2014. Em se
mantendo o ritmo apresentado
no primeiro semestre de 2015,
deverá fechar o exercício em
torno de 21,6% do total do PIB,
fato que empresta especial
importância à defesa do
argumento de que estaria em
curso no país um autêntico
processo de desindustrialização.
O quadro se agrava se levarmos
em conta que não há
expectativas de uma possível
melhora no curto prazo, haja
vista a ausência de uma robusta
política industrial que contemple
uma forte introdução de ciência
e tecnologia com a finalidade de
elevar os índices de
produtividade. A Indústria, ao
sofrer com a retração na
demanda, com a queda dos
investimentos no setor e com o
acúmulo de estoques, influencia
negativamente os demais
setores da economia e dificulta a
retomada do crescimento.
O setor de Serviços, que
também inclui a atividade do
Comércio e representou, em
2014, 71,1% do PIB brasileiro,
também apresentou queda no
primeiro semestre de 2015,
recuando 1,3% quando
comparado a igual período de
2014. Tal resultado negativo foi
fortemente influenciado pela
elevação da inflação e pela
deterioração do mercado de
trabalho, pois contribuem para a
redução do poder de compra do
consumidor e afetam
diretamente o Comércio,
atividade que registrou a mais
significativa queda, 6,6% em
relação ao primeiro semestre do
ano imediatamente anterior.
Por sua vez, analisando os dados
do PIB pela ótica do dispêndio,
isto é, a partir da somatória dos
gastos totais da sociedade
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 45 -
brasileira com Despesa de
Consumo das famílias, Despesa
de Consumo do Governo,
Investimento, este último
representado na conta
denominada Formação Bruta de
Capital Fixo (FBCF), além das
Exportações deduzidas as
Importações, o cenário também
preocupa. Especialmente se
olharmos com atenção para a
queda de 9,8% na FBCF ao longo
do primeiro semestre deste ano,
quando comparada ao mesmo
período do ano anterior. Essa
rubrica evidencia que está em
curso a redução da capacidade
produtiva futura de uma
economia por meio de
investimentos correntes em
ativos fixos. Ao computar,
basicamente, novos
investimentos em máquinas,
equipamentos e construção civil,
a FBCF traduz-se em um
indicador que sinaliza, em última
instância, a expectativa e os
níveis de confiança dos
empresários em relação ao
futuro. O fraco desempenho
dessa conta para o conjunto do
PIB brasileiro pode ser
atribuído a diversos fatores,
entre eles, a redução do ritmo do
crescimento econômico mundial,
a instabilidade econômica e
política internas, as altas taxas
de juros e a elevação na taxa de
câmbio, que, conjuntamente,
provocam tanto a queda da
produção interna de bens de
capital como das importações de
máquinas e equipamentos, além
de afetar negativamente o setor
da construção civil e inibir
encomendas de novos ativos
tangíveis e intangíveis.
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 -
Tabela 3.2 - Brasil: Produto Interno Bruto – Taxa Acumulada
ao longo do ano – (%)
Setor de Atividade 2014.III 2014.IV 2015.I 2015.II
Agropecuária 0,2 0,4 4,0 3,0
Indústria -0,9 -1,2 -3,0 -4,1
Extrativa Mineral 8,4 8,7 12,8 10,4
Transformação -3,2 -3,8 -7,0 -7,6
Construção Civil -2,6 -2,6 -2,9 -5,5
Prod. e distrib. de eletricidade, gás e
água 1,4 -2,6 -2,9 -5,5
Serviços 0,8 0,7 -1,2 -1,2
Comércio -1,4 -1,8 -6,0 -6,6
Transporte, amarzenagem e correio 2,4 2,0 -3,6 -4,8
Serviços de informação 5,6 4,6 2,9 1,7
Interm. financ. seguros, prev. compl. e
serv. rel. 0,1 0,4 -0,4 0,0
Outros serviços -0,2 0,1 -0,6 -1,2
Ativ. imobilárias e aluguel 3,4 3,3 2,8 2,8
Adm. saúde e educação públicas 0,7 0,5 1,4 -0,4
Valor adicionado a preços básicos 0,4 0,2 -1,2 -1,7
PIB a preços de mercado 0,3 0,1 -1,6 -2,1
Despesa de consumo das famílias 0,8 0,9 -0,9 -1,8
Despesa de consumo da administração
pública 1,9 1,3 -1,5 -1,3
Formação bruta de capital fixo -3,9 -4,4 -7,8 -9,8
Exportação de bens e serviços 2,5 -1,1 3,2 5,6
Importação de bens e serviços (-) 0,1 -1,0 -4,7 -8,2
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais.
Além disso, o aumento das taxas
de desemprego, inflação e taxa
de juros afetou direta e
negativamente o resultado da
Despesa de Consumo das
Famílias e da Despesa de
Consumo do Governo, rubricas
que apresentaram queda de
1,8% e 1,3%, respectivamente,
no primeiro semestre do ano,
quando comparado a igual
período de 2014. Com a
deterioração do mercado de
trabalho, fator que empurra para
baixo a capacidade e o poder de
compra das famílias, o cenário
econômico atual não se
apresenta propício para uma
possível recuperação do
consumo, tanto que, no
resultado do primeiro semestre
de 2015, todos os componentes
da demanda interna
apresentaram queda.
Complementando a análise do
PIB pela ótica da despesa, no
setor externo, a alta do dólar
teve um impacto favorável para
as Exportações, que cresceram
5,6% no primeiro semestre do
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 -
ano. Os bens que obtiveram
maior crescimento foram
petróleo e carvão, siderurgia,
metalurgia e veículos
automotores. A desvalorização
cambial e a queda nas compras
externas impactaram nas
Importações, que recuaram
8,2%, no acumulado do ano.
Por mais que os preços das
commodities tenham sofrido
queda nos últimos seis meses, a
desvalorização cambial
contrabalançou a perda no setor
externo.
Gráfico 3.1 – Resultado PIB – Taxa acumulada nos últimos quatro trimestres
em relação ao mesmo período do ano anterior (%)
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais.
Diante dos dados apresentados,
o cenário de crise permanece,
principalmente se levadas em
conta a instabilidade e
continuidade das pressões
políticas sofridas pelo governo.
Pelos indicadores aqui
analisados, o país está distante
de uma recuperação e as
projeções são de queda no nível
de atividade também no segundo
semestre. Segundo o Índice de
Atividade Econômica do Banco
Central do Brasil (IBC-BR),
indicador considerado como uma
prévia do resultado do PIB, a
expectativa é de retração do
principal agregado
macroeconômico brasileiro em
um percentual que pode variar
entre 2,0% e 3,0% em 2015.
Indústria
Segundo o IBGE, a produção
física da indústria nacional
-0.9
0.6
-2.5
-0.2
0.2 0.4
-6.9
-1
-2.5
-1.2
1.6
-2.9
-0.5 -0.6 -0.3
-7.9
1
-4.7
-10
-8
-6
-4
-2
0
2
4
2015.I 2015.II
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 -
retraiu 6,6% de janeiro a julho
de 2015, mantendo a tendência
de encolhimento da atividade
industrial no Brasil,
especialmente, a indústria de
transformação. As quatro
grandes categorias econômicas
do setor – bens de capital, bens
de consumo duráveis, bens de
consumo semi e não-duráveis,
bens intermediários –
apresentaram resultados
negativos no acumulado do ano.
A maior queda foi registrada no
setor produtor de bens de
capital, com um recuo de 20,9%.
Nas demais categorias são
observadas contrações de
14,2%, no setor d
e bens de consumo duráveis, de
7,0% no setor de bens de
consumo semi e não-duráveis e
de 3,4% no setor de bens
intermediários.
No segmento bens de capital,
quase todos os grupamentos
apresentaram recuo. A maior
queda deu-se novamente no
âmbito equipamentos de
transporte, com 26,6% de
redução, devido, principalmente,
contração da produção de
caminhão e trator para reboques
e semi-reboques, veículos para
transporte de mercadorias,
reboques e semi-reboques,
ônibus e vagões para transporte
de mercadorias. No tocante aos
bens de capital mistos, a
indústria da construção foi um
dos setores mais atingidos. Isso,
em parte, deve-se ao fato de
que as principais empreiteiras do
Brasil, responsáveis pelas
maiores obras de infraestrutura
do país, foram atingidas pela
operação Lava Jato, contribuindo
para o desempenho ruim da
indústria da construção.
Pressionado, principalmente,
pela menor fabricação de
automóveis, a qual recuou
13,0%, o segmento de bens de
consumo duráveis teve uma
queda de 14,2%, quando
comparado o primeiro semestre
de 2015 com o mesmo período
do exercício anterior. Outros
setores que apresentaram
contribuições negativas
relevantes foram os de
equipamentos de informática,
produtos eletrônicos e ópticos
com queda de 29,0%, no
acumulado no ano.
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 -
Tabela 3.3 - Produção Física Industrial por Atividades
(Variação % Acumulada em relação à igual período do Ano Anterior)
Atividade / Mês
Jul14-
Jul15
Acum
ano
Acum
12m
Indústria Geral -8,9 -6,6 -5,3
Indústrias Extrativas 2,9 8,4 8,1
Indústria de Transformação -10,5 -8,5 -7,0
Fabricação de produtos alimentícios -7,2 -3,8 -4,3
Fabricação de bebidas -10,5 7,6 -4,8
Fabricação de produtos de fumo 1,0 -8,3 -2,9
Fabricação de produtos têxteis -18,6 -10,3 -8,6
Confecção de artigos do vestuário e acessórios -11,6 -10,5 -7,4
Prep couros, fab artef couro, artigos viagem, calçados -3,9 -4,3 -3,3
Fabricação de produtos de madeira -7,8 -3,2 -3,5
Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 2,6 0,3 0,3
Impressão e reprodução de gravações -21,6 -11,9 -7,7
Fabric. coque, prod deriv.petróleo e biocombustíveis -6,2 -6,0 -2,1
Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos -14,3 -15,5 -9,2
Fabric. Sabões/detergentes/prod limpeza, cosméticos,
produtos de perfumaria e de higiene pessoal -3,1 -3,8 -1,9
Fabricação de outros produtos químicos -6,4 -3,6 -3,7
Fabricação de produtos de borracha e material plástico -9,0 -6,5 -5,4
Fabricação de produtos de materiais não-metálicos -6,9 -5,4 -4,5
Metalurgia -7,9 -7,6 -8,5
Fabric.produtos metal, exc.máquinas e equipamentos -13,0 -9,2 -9,7
Fabricação de máquinas e equipamentos -15,1 -11,4 -9,0
Fabric.Equipam.informática, prod. eletrônicos e ópticos -34,8 -29,0 -22,8
Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos -15,7 -6,8 -6,5
Fabricação de equipamentos de comunicação -45,8 -18,4 -8,3
Fabric instr. mat uso médico/odontológico/art. ópticos -5,4 9,0 10,6
Fabr veículos automotores, reboques e carrocerias -19,1 -20,2 -18,2
Fabric.outros equip. Transp., exc.veículos automotores -14,6 -5,8 -4,7
Fabricação de móveis -16,9 -8,7 -7,5
Fabricação de produtos diversos
-10,0 2,9 -1,1
FONTE: IBGE / Sidra - Pesquisa da Indústria Mensal Produção Física
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 -
No acumulado dos primeiros sete
meses do ano, a categoria de
bens de consumo semi e não-
duráveis apresentou retração de
7,0%. A produção de alimentos
sofreu queda de 3,8%. Já nos
setores de bebidas e vestuário e
no de acessórios houve queda de
7,6% no primeiro e 10,5% no
segundo.
Distintamente dos demais
segmentos a indústria extrativa
apresentou crescimento da
ordem de 8,4% no acumulado do
ano, quando comparado com
igual período do ano
imediatamente anterior.
Impulsionada, principalmente,
pelo bom desempenho de itens
como minério de ferro pelotizado
e bruto e óleos brutos de
petróleo, não obstante ter sido
diretamente afetada pela
redução do ritmo de crescimento
mundial, em especial da China,
maior consumidor de minério de
ferro do mundo. A indústria
extrativa ainda assim acabou
sendo positivamente influenciada
pelos resultados das exportações
de seus principais produtos, haja
vista terem sido beneficiados
pela alta do dólar. Porém, o bom
desempenho do setor não foi
suficiente para evitar a retração
de 3,4% na categoria de bens
intermediários.
Tabela 3.4 - Produção Física Industrial Trimestral por Categorias de Uso
(Variação % em Acumulada relação à igual período do ano anterior)
FONTE: IBGE / Sidra - Pesquisa da Indústria Mensal Produção Física
Indústria Capixaba
No Espírito Santo, a indústria
teve um desempenho
relativamente melhor do que a
indústria nacional face a sua
grande dependência por bens
semi-elaborados e primários
voltados para exportação. De
janeiro a julho, a indústria
capixaba acumulou crescimento
de 14,9% frente ao recuo de
6,6% sofrido pela indústria
brasileira.
Atualmente, o crescimento da
indústria capixaba é puxado pelo
desempenho do setor de
Atividade / Período
Jan-Jul 2014 Jan-Jul
2015
Bens de Capital -7,8 -20,9
Bens Intermediários -2,5 -3,4
Bens de Consumo Duráveis -9,0 -14,2
Bens de Consumo Semi e Não
Duráveis 0,4 -7,0
Indústria Geral -2,8 -6,6
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 -
fabricação de celulose, papel e
produtos de papel, indústria
extrativa e setor de metalurgia.
O setor de fabricação de
celulose, papel e produtos de
papel, cresceu 2,2%, enquanto a
indústria extrativa expandiu
22,1%. Já o setor de metalurgia,
teve o melhor desempenho, com
crescimento de 30,2%.
Os resultados positivos
garantiram ao Espírito Santo o
melhor desempenho entre os
quinze estados pesquisados pelo
IBGE, seguido pelo Pará, onde
também há forte presença da
indústria extrativa. Tal fato
denota a importância desse setor
da indústria na diminuição do
impacto negativo sobre a
indústria nacional, além de
contribuir para o crescimento da
indústria capixaba. No entanto,
por outro lado, os mesmos
resultados mostram a forte
dependência do Espírito Santo
em relação à produção e
exportação de commodities
agrícolas e minerais, deixando a
economia capixaba refém do
crescimento econômico externo
e do comportamento do dólar.
Comércio
A queda do poder de compra da
população, o maior
endividamento das famílias e a
instabilidade do emprego foram
as principais causas apontadas
pelo boletim da Confederação
Nacional da Indústria para
explicar a queda de 1% nas
vendas do comércio varejista,
segundo a Pesquisa Mensal do
Comércio - PMC, divulgada pelo
IBGE no mês de julho deste ano.
Pode-se citar como outro fator
preponderante desse
movimento, a alta da inflação.
Mantendo a tendência de queda
durante todo o primeiro
semestre do ano, tal movimento
do volume de vendas no país
deve perdurar pelo segundo
semestre, principalmente se
aprovadas asmedidas propostas
pelo governo para levar a cabo o
ajuste fiscal, as quais tenderão a
elevar a tributação sobre a renda
e o consumo.
O setor que apresentou o melhor
desempenho foi o de Outros
artigos de uso pessoal e
doméstico, o qual, no acumulado
do ano, aumentou o volume e a
receita de vendas, 3,4% e 8,1%,
respectivamente, quando
comparados com o primeiro
semestrede 2014. Tal fato
demonstra interessante
comportamento da demanda,
pois, apesar do clima de crise
instalado no país, as pessoas
continuam ainda consumindo
artigos como revistas,
cosméticos e outros produtos de
beleza.
Já o setor automobilístico,
importante para a sustentação
do nível da atividade econômica
do país, apresentou, no
acumulado do ano, queda de
11,4% na receita de vendas, o
que levou montadoras como
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 45 -
Mercedez-Benz, Volkswagen e
Chevrolet a suspender contratos
de trabalho, demitir funcionários
e/ou dar férias coletivas.
Combustíveis e Lubrificantes,
segmento considerado
complementar do setor
automobilístico, apresentou
queda de 5,8% no acumulado do
ano, demonstrando influência
não apenas da queda da venda
de veículos como também do
aumento da gasolina,
especialmente após o fim das
desonerações fiscais que
reduziam o impacto da carga
tributária sobre combustíveis.
Tabela 3.5 – Taxa de variação do volume de vendas e de receitas
para as principais atividades (%)
Atividades Julho/
Jun
Acum
Ano
Acum
12
Meses
Volume de Vendas
Comércio varejista -1,0 -2,4 -1,0
Hiper.,Super., Alim., Beb. e Fumo -1,0 -1,8 -1,4
Móveis e eletrodomésticos -1,7 -11,5 -7,3
Outros art. de uso pessoal e doméstico 0,0 3,4 5,0
Comércio Varejista ampliado 0,6 -6,5 -4,9
Veic. e motos, partes e Peças 5,1 -15,3 -13,1
Combustíveis e lubrificantes -0,4 -3,3 -1,2
Material de Construção -2,4 -5,0 -3,5
Receita de Vendas
Comércio varejista 6,8 6,5 -4,9
Hiper.,Super., Alim., Beb. e Fumo 7,6 6,3 6,4
Móveis e eletrodomésticos -10,8 -9,3 -3,8
Outros art. de uso pessoal e doméstico 5,3 8,1 10,0
Comércio varejista ampliado 0,2 -0,3 0,9
Veic. e motos, partes e Peças -8,6 -11,4 9,6
Combustíveis e lubrificantes 7,5 5,8 6,3
Material de Construção -2,5 -0,4 1,4
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas. Coordenação de Serviços e Comércio.
Outro setor a apresentar
resultado negativo, no que diz
respeito ao volume de vendas,
foi o de Material de construção, o
qual observou queda de 5% no
acumulado do ano. Tal setor teve
o resultado fortemente
influenciado pela redução do
crédito imobiliário, aliada ao
cenário de maior instabilidade e
insegurança da parte dos
consumidores. A Caixa
Econômica Federal, em maio
deste ano, anunciou a redução
do crédito imobiliário em R$30
milhões, o que afetou,
principalmente, os resultados
apresentados pelas construtoras
envolvidas em grandes projetos
governamentais, como o
Programa Minha Casa, Minha
Vida.
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 -
No geral, é importante observar
que, apesar da queda no volume
total de vendas do comércio
varejista da ordem de 2,4% no
acumulado do ano, a receita de
vendas apresentou crescimento
de 6,5% no mesmo período, o
que empresta significativa
importância a duas observações:
que a elevação dos preços
contrarrestou a redução das
vendas e que o setor vive o pior
resultado desde o ano de 2003,
quando o mesmo sofreu queda
de 6,7%.
Comércio Capixaba
No Espírito Santo, observou-se a
mesma queda do volume de
vendas na maior parte das
atividades econômicas, repetindo
a tendência nacional. O
Comércio Varejista Ampliado
registrou queda de 4,6% no
primeiro semestre de
2015,quando comparado a igual
período de 2014; Veículos,
motos, partes e peçasfoi o
segmento que apresentou a
maior queda no volume de
vendas, 21,2%, seguido por
Outros artigos de uso pessoal
doméstico, 15,3%, Combustíveis
e lubrificantes, 14%, e Material
de construção, o qual apresentou
recuo de 10%, quando
submetido a mesma
comparação. Queda no nível do
emprego e na confiança acerca
da manutenção da
empregabilidade, elevação da
inflação, aumento das alíquotas
sobre veículos constituem-se
possíveis causas que concorrem
para explicar o baixo
desempenho do setor.
Tabela 3.6– Taxa de variação do volume de vendas e de receitas para
as principais atividades no Espírito Santo (%)
Atividades Julho/Mês
anterior
Acum.
Ano
Acum.
12 Meses
Volume de Vendas
Comércio varejista -6,1 -4,6 -2,5
Hiper.,Super., Alim., Beb. e Fumo -3,0 -2,5 -2,6
Móveis e eletrodomésticos -8,7 -1,2 4,6
Outros art. de uso pessoal e doméstico -15,4 -15,3 -15,3
Comércio Varejista ampliado -8,5 -12,1 -4,8
Veic. e motos, partes e Peças -31,4 -21,2 -12,3
Combustíveis e lubrificantes -8,9 -14,0 -8,3
Material de Construção -8,8 -10,0 -9,2
Receita de Vendas
Comércio varejista 1,5 2,3 4,0
Hiper.,Super., Alim., Beb. e Fumo 6,6 6,2 5,6
Móveis e eletrodomésticos -5,0 1,9 9,0
Outros art. de uso pessoal e doméstico -11,2 -11,5 -11,0
Comércio varejista ampliado -10,8 -6,8 -3,0
Veic. e motos, partes e Peças -27,7 -19,4 -12,3
Combustíveis e lubrificantes 0,7 -4,5 -1,4
Material de Construção -4,3 -4,8 -4,1
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas. Coordenação de Serviços e Comércio.
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 -
Impulsionada pela queda do
volume de vendas da ordem de
4,6% no acumulado do ano (que
corresponde ao primeiro
semestre de 2015), a receita de
vendas do comércio varejista
ampliado apresentou queda de
6,8%, quando submetida à
mesma base de comparação,
influenciada, sobretudo, pela
queda de 19,4% observada no
segmento Veículos, motos,
partes e peças, atividade de
grande peso dentro do setor.
Hiper e supermercados bem
como Móveis e Eletrodomésticos
foram os segmentos que
contrariaram o movimento
generalizado de queda,
apresentando, no primeiro
semestre do ano, crescimento de
6,2% e 1,9%, respectivamente,
o que representa pouco diante
de um cenário bastante adverso
para o comércio capixaba.
4. EMPREGO E SALÁRIOS
Para análise dos indicadores de
empregos e salários na economia
brasileira no período de janeiro a
setembro de 2015, utilizamos os
dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE),
do Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (DIEESE) e do
Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE). Vale ressaltar
que as metodologias utilizadas
em cada pesquisa diferem e,
portanto, não devem ser
comparadas.
O IBGE, no intuito de aperfeiçoar
seu sistema de levantamento de
dados e embasado nas
recomendações da Organização
Internacional do Trabalho (OIT),
substituiu a Pesquisa Mensal de
Emprego (PME) pela Pesquisa
Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD Contínua), com
maior abrangência territorial e
com periodicidade baseada em
trimestres móveis, mais
favorável à elaboração de análise
conjuntural. Tal pesquisa fornece
informações relativas ao
mercado de trabalho de acordo
com parâmetros geográficos e
educacionais da população, além
de propiciar um melhor
entendimento do conceito de
trabalho.
O DIEESE elabora a Pesquisa de
Emprego e Desemprego (PED),
que realiza um levantamento
domiciliar contínuo, em parceria
com a Fundação SEADE.
Atualmente a PED é realizada no
Distrito Federal e em outras
cinco Regiões Metropolitanas,
constituindo o Sistema PED. A
PED metropolitana deixou
recentemente de ser realizada
em Belo Horizonte devido à falta
de verbas, tendo sua última
divulgação sido feita em junho
de 2014. A pesquisa é apoiada
financeiramente pelo MTE,
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 -
porém, o poder executivo de
Minas Gerais informa não ter
recebido o repasse do auxílio em
2014.
O MTE tem a responsabilidade de
publicar o Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados
(CAGED) que contabiliza os
dados de emprego em forma de
fluxo, ou seja, tendo como base
o saldo total dos trabalhadores
admitidos e desligados
(aposentados, demitidos e
falecidos). Os dados são
utilizados, por exemplo, pelo
Programa de Seguro-
Desemprego e por outros
programas sociais
governamentais.
IBGE - PNAD Contínua
A PNAD Contínua, que abrange
as vinte mais importantes
regiões metropolitanas do Brasil
em 3.500 municípios, apresentou
tendência de alta ao longo dos
meses de 2015. A metodologia
da pesquisa subdivide a força de
trabalho em ocupados (aqueles
que estão exercendo atividade
remunerada) e desocupados
(todos aqueles que estão à
procura e prontos para assumir
um emprego na semana da
pesquisa). A taxa de
desocupação é uma inferência
muito relevante, pois diz a
proporção dos que estão
computados como força de
trabalho, mas que estão
desocupados no período.
O relatório da PNAD contínua
apresentou a maior taxa de
desocupados na série histórica
iniciada em 2012, atingindo
8,3% no segundo trimestre de
2015, conforme Gráfico 3.1. O
setor que mais desempregou no
período foi o de construção; a
região com a maior taxa de
desocupação foi a do nordeste
(10,3%); a faixa etária mais
afetada pela desocupação foi de
14 a 24 anos, compreendendo os
jovens e que totalizaram 43%
dos desocupados do período; a
parcela da população com ensino
médio incompleto compreendeu
o maior contingente de
desocupados considerando os
outros níveis de instrução.
A taxa do segundo trimestre de
2015 correspondeu a um
aumento de 1,5 p.p. em
comparação com o mesmo
período de 2014 (6,8%) e 0,4
p.p. em relação ao primeiro
trimestre de 2015 (7,9%),
atingindo, portanto, o maior
patamar desde 2012. No que
corresponde à tendência, os
trimestres de 2015 rompem com
a sequência histórica que
mostrava uma queda na taxa de
desocupação em 2014. Esta
tendência acompanha a redução
do nível de atividade,
principalmente nos setores da
indústria e construção que
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 -
GRÁFICO 3.1: TENDÊNCIA DO ÍNDICE DE DESOCUPAÇÃO (PNAD CONTÍNUA
2012 – 2015)
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados (PNAD/IBGE).
tiveram as maiores demissões
entre maio e junho 2015.
O setor da Construção e da
Indústria Geral registraram as
maiores demissões no mercado
de trabalho, sendo que, entre o
primeiro e segundo trimestre de
2015, as maiores dispensas
ocorreram no setor da
Construção, sendo uma das
maiores desde o início da
pesquisa em 2012.
Por outro lado, alguns setores da
economia mostraram um
aumento nas contratações como
a Agricultura, Comércio,
Administração Pública e Serviços
(informação, comunicação e
atividades financeiras,
imobiliárias, profissionais e
administrativas), conforme
Tabela 4.1. Como indicado
anteriormente, a Indústria e a
Construção apresentaram
variações negativas.
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 -
TABELA 4.1: OCUPAÇÃO POR GRUPO DE ATIVIDADE
Setor
1º Trimestre (mil) 2º Trimestre (mil) Variação (%)
Agricultura
9548 9561 0,1
Indústria
13242 13101 -1,1
Construção
7645 7131 -6,7
Comércio
17439 17578 0,8
Adm. Pública
15004 15277 1,8
Serviços
10351 10768 4
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados (PNAD/IBGE).
Quanto à dinâmica regional, o
Nordeste obteve a maior
variação positiva de
desemprego, no segundo
trimestre do ano corrente, com
um aumento de 0,7 p.p. em
relação ao primeiro trimestre,
atingindo uma taxa de 10,3%. Já
o Sudeste registrou uma taxa de
desocupação de 8,3%,
semelhante à taxa nacional, e
com uma das menores
expansões do período, de 0,3
p.p. A menor taxa de
desocupados para o segundo
trimestre foi a da região Sul
(5,5%).
A taxa de desocupação para
quem tem ensino médio
incompleto (13,8%) foi superior
à verificada para outros níveis de
instrução. Entretanto se constata
uma redução de 0,2 p.p.,
quando confrontado com o
primeiro trimestre. Para aqueles
que têm ensino médio completo
houve aumento da taxa
chegando a 9,9% no segundo
trimestre, sendo que no primeiro
esse valor era de 9,5%. Com
graduação completa houve
redução do desemprego, pois no
primeiro trimestre a taxa estava
em 4,6% e no segundo 4,1%.
Já quanto aos rendimentos,
houve pequeno aumento nos
trimestres de 2015 nos setores
da Indústria, Construção e Setor
público, negativo na Agricultura
e 0% no Comércio.
DIEESE – PED
Os resultados da Pesquisa de
Emprego e Desemprego (PED),
no período de janeiro a setembro
de 2015, podem ser observados
através do Gráfico 4.2 que
apresenta a média do Distrito
Federal e das regiões
metropolitanas analisadas:
Fortaleza, Porto Alegre, Recife,
Salvador e São Paulo. Como dito
anteriormente, a ausência de
Belo Horizonte se deve
à interrupção momentânea das
operações de coleta e
tratamento de informações
domiciliares na Região
Metropolitana de Belo Horizonte
(PED-RMBH).
Vale ressaltar que a taxa de
desemprego na pesquisa é
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 -
dividida em desemprego aberto
(pessoas que procuraram
trabalho de maneira efetiva nos
30 dias anteriores ao da
entrevista e não exerceram
nenhum trabalho nos sete
últimos dias) e oculto, sendo
este último dividido em outros
dois subgrupos: desemprego
oculto pelo trabalho precário e o
desemprego oculto pelo
desalento.
GRÁFICO 4.2: EVOLUÇÃO DA TAXA DE DESEMPREGO TOTAL – PED (%)
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados (DIEESE/PED).
A análise do Gráfico 4.2 revela o
crescimento da taxa de
desemprego em todos os meses
pesquisados. Quando se observa
o saldo final até setembro de
2015 é possível perceber que a
taxa de desemprego apresentou
crescimento de 27,62% no
período. A combinação de
demissões na maioria dos
setores da economia e o retorno
ao mercado de trabalho de
pessoas que haviam deixado de
procurar emprego nos últimos
anos estão, também, entre as
prováveis causas do aumento do
nível de desemprego.
Acompanhando esse aumento,
merece também destaque o
crescimento de atividades
informais/autônomas, carentes
da proteção advinda da
legislação trabalhista.
Dentre os setores afetados, o
desemprego na construção civil
é, sem dúvida, um dos mais
preocupantes. Os aumentos
recentes na taxa básica de juros
e o quadro recessivo, acabam
10.50% 10.70%
11.50%
12.10% 12.50% 12.60% 13% 13.20%13.40%
0.00%
2.00%
4.00%
6.00%
8.00%
10.00%
12.00%
14.00%
16.00%
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 -
por desencadear um efeito
inibidor na demanda agregada,
afetando o custo do crédito
provocando no setor uma forte
redução em sua dinâmica,
colocando-o entre os que mais
demitiram no mês de julho deste
ano. No primeiro semestre, 184
mil trabalhadores foram
demitidos em todo país e, de
acordo com informações do
sindicato da categoria, a previsão
agora é de mais 505 mil
demissões até o fim do ano.
Outro setor que também merece
atenção é a indústria, que
segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE),
cortou, só no mês de julho/2015,
85 mil postos de trabalho. Para
enfrentar a onda de demissões,
o governo anunciou o Programa
de Proteção ao Emprego, cuja
vigência teve início no último dia
7 de julho, com a divulgação de
medida provisória resultado de
negociações entre centrais
sindicais, indústria e o governo.
O programa permite a redução
da jornada de trabalho em até
30%, com também redução nos
salários. No caso da redução de
jornada de 30%, a redução
salarial será de no mínimo 15%,
uma vez que o governo deve
complementar outros 15% com
recursos do Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT). No entanto,
essa complementação será
limitada a 65% do maior
benefício do seguro-desemprego.
Segundo o governo, o FAT
possui os recursos necessários e
o programa, no fim das contas,
irá representar uma economia
por poupar o fundo de
desembolsos com seguro-
desemprego e evitar a queda de
arrecadação com INSS, FGTS e
imposto de renda. Contudo, o
trabalhador ainda terá parte de
sua renda comprometida, o que
em tempos de alta inflação
compromete seriamente seu
padrão de vida.
Em relação às regiões
metropolitanas, Porto Alegre foi
a que apresentou o maior índice
de crescimento de desemprego,
chegando a atingir 0,68% no
mês de setembro, com uma
média de 0,33% entre janeiro e
setembro/2015, conforme tabela
seguinte. Segundo a economista
do DIEESE, Virgínia Donoso, o
resultado nesta região ocorreu
porque a redução do nível
ocupacional (-24 mil pessoas) foi
maior que a retração da PEA,
que teve a saída de 8 mil
pessoas do mercado de trabalho.
“O rítmo de crescimento do
desemprego está acelerado”,
afirmou Virgínia.
São Paulo teve variação de
0,13% e Fortaleza, Recife e
Salvador, 0,03%, 0,05% e
0,01%, respectivamente, regiões
que possuem historicamente
taxas de desemprego elevadas.
Os valores referentes ao Distrito
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 45 -
Federal ficaram de fora da tabela
devido à ausência de dados para
a região no período de janeiro a
setembro de 2014. Os resultados
das demais regiões podem ser
observados na Tabela 4.2.
TABELA 4.2: TAXA DE CRESCIMENTO DO DESEMPREGO POR REGIÕES METROPOLITANAS
Fortaleza Porto Alegre Recife Salvador São Paulo
jan/15 -0,03% 0,02% 0,04% -0,04% 0,02%
Fev -0,06% 0,02% -0,01% -0,07% -0,01%
Mar 0,01% 0,03% 0,01% -0,02% -0,01%
Abr 0,04% 0,16% 0,00% -0,01% 0,07%
Mai 0,07% 0,26% 0,05% 0,04% 0,13%
Jun 0,07% 0,49% 0,05% -0,01% 0,17%
Jul 0,03% 0,65% 0,12% 0,06% 0,20%
Ago 0,05% 0,64% 0,14% 0,05% 0,23%
Set 0,10% 0,68% - 0,11% 0,34%
Média 0,03% 0,33% 0,05% 0,01% 0,13%
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados (DIEESE/PED).
Um efeito curioso do aumento da
taxa de desemprego e que
precisa ser levado em conta é
que, com o maior número de
trabalhadores desocupados,
aumentou bastante o número de
pessoas que decidiram trabalhar
por conta própria, como
alternativa ao desemprego,
engrossando as fileiras da
informalidade. Já são um total de
22 milhões de brasileiros nessa
situação. E mais 4 milhões
considerados empregadores,
aqueles com pelo menos um
funcionário. Estes trabalhadores
por conta própria fazem parte do
núcleo da informalidade do
mercado de trabalho, tendo, em
sua maior parte, baixa
remuneração e ausência de
proteção social.
O DIEESE calcula o salário
mínimo necessário para a
reprodução da força de trabalho
e sua família. Em outubro 2015,
este salário totalizava R$
3.210,28, quatro vezes mais do
que o salário mínimo vigente, o
que demonstra que esta
reprodução se dá de maneira
intensamente precária no país.
Já a remuneração média real dos
ocupados e assalariados em
Salvador, em agosto 2015, foi de
R$ 1.255,00 e R$ 1.340,00,
respectivamente; em São Paulo
foi de R$ 1.876,00 e R$
1.901,00.
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 -
MTE – CAGED
Ao analisar os dados do CAGED
para o período de janeiro a
setembro de 2015, é possível
observar que o saldo acumulado
nestes sete primeiros meses do
ano foi negativo em 657.761
vagas. No meio do ano, em
julho, o setor que apresentou a
maior queda foi a Indústria de
Transformação (-4.312), sendo
que todos os subsetores dessa
categoria obtiveram variações
negativas nos postos de
trabalho, algo que vem
acontecendo desde maio. As
maiores reduções foram na
indústria têxtil, com um saldo
negativo de 8.567 vagas,
seguida pela indústria mecânica,
com menos 7.762 postos de
trabalho. De todos os setores só
a agricultura apresentou
resultado positivo, com a criação
de 24.465 vagas, por motivos
sazonais, segundo boletim do
CAGED.
Em setembro, novamente a
agricultura ajudou a reduzir o
impacto negativo no saldo de
empregos formais. Dentre os
setores listados pelo MTE,
somente a agropecuária
(106.459 vagas) e a
administração pública (12.375)
apresentaram saldos positivos.
Os demais, extrativa mineral,
Indústria de transformação,
Serv. Ind. de Util. Pública,
Construção civil e Comércio
apresentaram variações
negativas.
TABELA 4.3: BRASIL – EVOLUÇÃO DO EMPREGO POR SETOR DE ATIVIDADE
ECONÔMICA (JAN – SET / 2015)
Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Total
Ind
Transf.
27.417 2001 -14.683 -53.850 -60.989 -64.228 -64.312 -47.944 -10.915 -
287.472
Const
Civil
-9.729 -25.823 -18.205 -23.048 -29.795 -24.131 -21.996 -25.069 -28.221 -
204.852
Com -97.800 -30.354 2.684 -20.882 -19.351 -25.585 -34.545 -12.954 -17.253 -
238.482
Serv -7.141 52.261 53.778 -7.530 -32.602 -39.130 -58.010 4.965 -33.535 -32.550
Outros 5.479 -500 -4.292 7.482 27.138 41.875 20.958 -5.541 -5.678 105.595
Total -81.774 -2.415 19.282 -97.828 -
115.599
-
111.199
-
157.905
-86.543 -95.602 -
657.761
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados (MTE/CAGED).
No intervalo histórico acima, o
pior resultado no ano 2015 foi da
Indústria de Transformação, que
acumulou um saldo negativo de
287.472 vagas. É possível
observar o fraco desempenho da
indústria quanto à oferta de
trabalho, reflexo da queda da
produção do setor. “Esse
segundo trimestre do ano está
mostrando um aprofundamento
da redução da produção
industrial. E, claramente, os
números do emprego denotam
uma crise na baixa capacidade
de consumo da população e
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 -
também da redução de
investimentos na economia como
um todo, seja pela queda de
investimentos do governo, seja
pelas empresas”, afirma o
gerente de economia da
Federação das Indústrias de
Minas Gerais (FIEMG), Guilherme
Leão. O setor vem registrando
queda desde 2014, quando
fechou o ano com um
encerramento de 163.817 vagas.
Na Tabela 4.3 é possível
perceber também que o setor de
Construção Civil apresentou
saldos negativos em todos os
meses, acumulando 204.852
postos de trabalho a menos no
ano, sendo que o último mês em
que apresentou saldo positivo foi
em setembro de 2014. Em 12
meses, o saldo negativo foi de
426.746 vagas. Alguns fatores
podem explicar esse
comportamento. Com o crédito
restrito e as taxas de juros mais
altos, o brasileiro tem freado os
gastos, inclusive na compra de
imóveis por exemplo. Alguns
analistas também apontam que
os desdobramentos da Operação
Lava Jato prejudicaram o caixa
de várias construtoras, que
pararam de investir. Não só isso
freia os investimentos das
construtoras, como também a
redução na demanda dos
consumidores.
O comércio foi o segundo pior
resultado, acumulando um saldo
negativo de 238.482 vagas. O
setor só obteve saldo positivo
em março (2.684 vagas),
provavelmente beneficiado com
as contratações extras da
Páscoa. Março também foi o
único mês em que a soma dos
saldos dos setores da atividade
econômica foi positiva (19.282
vagas), fato que pode ser
explicado pelo pessimismo
exagerado no começo do ano,
quando empregadores demitiram
mais que o necessário. Inflação,
juros altos e incertezas são
responsáveis por desaquecer o
setor. A Intenção de Consumo
das Famílias, medida pela
Confederação Nacional do
Comércio de Bens, Serviços e
Turismo (CNC), caiu 5,9% em
agosto, na comparação com o
mês anterior. Na comparação
com agosto de 2014, a queda foi
32,3%. No ano, comparando o
setor varejista com o atacadista,
o primeiro apresenta um pior
resultado.
Nos meses de agosto e setembro
algumas quedas foram menores.
Os setores de Indústria de
Transformação e de Comércio
continuaram caindo, mas em
números menores que nos
meses anteriores do ano. Em
setembro, no primeiro setor,
houve um encerramento de
10.915 vagas e no outro um
encerramento de 17.253 postos
de trabalho.
O CAGED disponibiliza também o
saldo de empregados e
desempregados no estado do
Espírito Santo. Percebemos que
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 45 -
no estado o saldo é negativo em
todos os oito setores, ao se
considerar o acumulado nos 12
meses. No saldo acumulado do
ano, é possível observar que
foram fechadas 27.287 vagas.
Dos setores pesquisados os
únicos que apresentaram saldo
positivo no ano foram a
Agropecuária (849 vagas), a
Indústria Extrativa Mineral (96
vagas) e a Administração Pública
(05 vagas).
TABELA 4.4: ES – EVOLUÇÃO DO EMPREGO POR SETOR DE ATIVIDADE
ECONÔMICA (JAN-JUL / 2015)
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Total
Ind. Transf 1.424 -256 418 -943 -533 -976 -715 -711 96 -1.814
Const. Civil 87 -1.591 -248 -389 -
1.781
-689 -
1.125
-804 -432 -6.560
Comércio -2.348 -1.771 -417 -806 -964 -
1.267
-
1.609
-925 135 -10.002
Serviços -202 409 -
1.028
-
2.347
-
1.603
-
1.426
-543 -698 -1946 -9.110
Outros -82 148 -209 3.212 2.780 -
2.777
-
1.674
-
1.365
-255 -222
Total -1.121 -3.061 -
1.484
-
1.273
-
2.101
-
7.135
-
5.666
-
4.503
-2.402 -27.287
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados (MTE/CAGED).
O setor mais afetado é o de
Comércio, que acumula saldo
negativo de 10.002 vagas,
seguido do de Serviços, com
9.110 postos, e o da Construção
civil (-6.560). Segundo o diretor
de Economia e Estatística do
Sinduscon-ES, Eduardo Borges,
a instituição vê tendência de
queda no número de
lançamentos habitacionais
durante o ano, o que pode
pressionar o desemprego no
setor no restante do ano de
2015. No Comércio, fatores já
destacados aqui como a inflação
e a diminuição da renda real das
famílias influenciaram no
resultado.
O aumento da inadimplência
pode ser considerado o principal
fator que frustra a expectativa
das atividades comerciais. Dados
da CDL Vitória (Câmara de
Dirigentes Lojistas) indicam que
no Brasil são 53 milhões de
pessoas negativadas. No Espírito
Santo, esse número chega a 550
mil.
O setor da Indústria de
Transformação, acompanhando a
baixa do país, também registrou
saldo negativo no ano, 1.814
vagas, embora menor do que os
demais setores. A maioria dos
subsetores da Indústria de
Transformação apresentaram
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 -
negativos, mas vale destacar o
desempenho da Indústria de
material para transporte.
5. POLÍTICA MONETÁRIA
CRÉDITO
Tomando como base os dados do
Banco Central do Brasil, O saldo
das operações de crédito do
sistema financeiro, incluindo
recursos livres - que são aqueles
empréstimos a taxa de juros e
demais condições pactuadas
entre os bancos e seus clientes -
, e os direcionados - que são
aqueles destinados a
determinados setores ou
atividades -, alcançou o valor de
R$ 3,13 trilhões em agosto de
2015. A variação mensal refletiu
elevações nas carteiras
destinadas a pessoas físicas e a
pessoas jurídicas e que
totalizaram montantes de R$
1,48 trilhão e R$1,65 trilhão,
nesta ordem. A relação
crédito/PIB atingiu uma marca
de 54,6%, acima de igual
período do ano anterior, quando
atingiu 52,9%.
Tabela 5.1 – Saldo do Crédito do Sistema Financeiro(R$ bilhões), variação
periódica (%)e participação no PIB em 2015.
Jun Jul Ago
3
meses
12
mes
es
Total 3100,9 3110,7 3132,4 1,6 9,6
Pessoas jurídicas 1637,3 1641,9 1652,5 1,6 9,2
Recursos livres 804,8 800,9 804,4 1,2 5,7
Direcionados 832,5 840,9 848,1 1,8 12,8
Pessoas físicas 1463,6 1468,8 1479,9 1,7 10,1
Recursos livres 791,6 793,9 796 0,9 4,6
Direcionados 672,1 674,9 683,9 2,7 17,2
Participação %:
Total/PIB 54,6 54,5 54,6
Pes. Jurídicas/PIB 28,8 28,8 28,8
Pessoas físicas/PIB 25,8 25,7 25,8
Recursos livres/PIB 28,1 27,9 27,9
R. direcionados/PIB 26,5 26,5 26,7
Fonte: Elaboração própria. Dados do BCB – Nota para a imprensa
de setembro de 2015.
O crédito com recursos livres
alcançou R$ 1,6 trilhão (soma
entre os valores de PF e PJ),
representando, assim, 51,1% do
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 53 -
total da carteira do sistema
financeiro. Nas contratações com
empresas, o saldo foi de R$ 804
bilhões, destacando-se os
financiamentos a exportações. O
crédito livre às famílias atingiu
R$ 796 bilhões, destacando-se o
crédito pessoal.
Os financiamentos com recursos
direcionados alcançaram um
saldo de R$ 1,53 trilhão (soma
entre os valores de PF e PJ). As
operações com pessoas físicas
somaram R$ 684 bilhões, devido
à expansão das contratações de
crédito rural e o nível ainda
elevado de concessões de crédito
imobiliário. No segmento
corporativo, o saldo foi de R$
848 bilhões, concentrado em
especial nos financiamentos para
investimentos com recursos do
BNDES.
No que se refere ao crédito
destinado às pessoas jurídicas,
destacaram-se os crescimentos
dos saldos destinados à indústria
de transformação (petróleo e
combustíveis), aos transportes e
à administração pública, que
alcançaram, respectivamente, R$
457 bilhões, R$ 164 bilhões e R$
113 bilhões. Em sentido
contrário, o crédito destinado ao
comércio, teve um saldo de R$
297 bilhões, observando-se um
recuo.
Gráfico 5.1 - Saldo por Atividade Econômica: Composição em (%) no saldo do
total de crédito concedido para a atividade econômica em 2015
Fonte: Elaboração própria. BCB (Nota para a imprensa de set 2015).
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 53 -
Gráfico 5.2 – Operações de Crédito em Controle de Capital em 2015
Fonte: Elaboração própria. BCB (Nota para a imprensa de set 2015).
As carteiras das instituições
financeiras públicas, privadas
nacionais e privadas estrangeiras
representaram, na ordem,
55,5%, 30,1% e 14,4% do total
de crédito do sistema financeiro
em agosto (53,2%, 32,1% e
14,7%, respectivamente, em
agosto de 2014).
O total de crédito ao setor
privado somou R$2,89 trilhões,
tendo aumentos no segmento de
pessoas físicas e de pessoas
jurídicas. O crédito destinado ao
setor público somou R$ 244
bilhões, decorrente de variações
dos empréstimos ao governo
federal, aos estados e
municípios.
De acordo com as estatísticas de
crédito regionais, as maiores
expansões ocorreram nas
regiões Sudeste, Sul e Centro-
Oeste, com saldos respectivos de
R$ 1,68 trilhão, R$ 545 bilhões e
R$ 322 bilhões. Já nas regiões
Nordeste e Norte, as carteiras
atingiram, respectivamente, R$
397 bilhões e R$ 116 bilhões. A
taxa de inadimplência do sistema
financeiro, que corresponde às
dívidas com atrasos maiores que
noventa dias, atingiu 3,1 % em
agosto. A taxa atingiu 3,8 % no
segmento de pessoas físicas
devido ao desemprego crescente
bem como a inflação e aos juros
altos, dificultando assim manter
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 53 -
Gráfico 5.3 – Taxa de Inadimplência atraso maior 90 dias
Fonte: Elaboração própria. Dados do Banco Central do Brasil – Nota para a
imprensa de setembro de 2015.
os seus pagamentos em dia, e
2,4 % no de pessoas jurídicas
devido à economia estagnada e
ao aumento dos preços de
insumos como combustíveis e
eletricidade, impactando na
saúde financeira das empresas.
A inadimplência atingiu 4,8 %
nas contratações com recursos
livres e 1,2 % nas contratações
realizadas com recursos
direcionados.
TAXA DE JUROS
Após uma série de altas, ao
longo de mais de dois anos, o
Conselho de Política Monetária
(Copom) anunciou o
encerramento do ciclo de
aumento da taxa básica de juros.
Foi decidido na última reunião, 2
e 3 de setembro de 2015, que a
meta da taxa Selic continuará
em 14,25% a.a. Essa decisão, de
acordo com o sistema de metas
de inflação proposto pelo
Conselho Monetário Nacional
(CMN), visa o controle da
inflação. Para o Copom, a
inflação, medida pelo IPCA, se
encontrava em patamares
elevados, necessitando de uma
política monetária contracionista.
Através desse parecer, o Copom
vem determinando a
manutenção da taxa Selic em
níveis elevados, visando à
redução do nível de preços no
médio e longo prazo. O Copom
considera essa medida
necessária tendo em vista que:
na sua perspectiva ela permite a
recuperação do crescimento da
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 53 -
economia por reduzir os riscos e
a depreciação de investimentos,
facilitando o planejamento das
famílias, empresas e governo;
promove a estabilidade do
sistema financeiro, tendo em
vista que atualmente houve uma
elevação dos riscos financeiros
globais, com a inclinação da
curva de juros em economias
maduras.
Dessa forma, a perspectiva para
as próximas decisões do Copom
são para manutenção da taxa
Selic em patamares elevados,
até a convergência da inflação
para próximo ao centro da meta.
A tendência é que a taxa Selic
não ultrapasse de 14,25% a.a.,
mas que passe por um processo
de redução na medida em que a
inflação retroceda. Porém, o
Copom deixa evidente que,
devido a elevações de prêmios
de riscos, que se reflete no preço
dos ativos, a política monetária
estará vigilante em caso de
desvios significativos das
projeções de inflação em relação
à meta. Então, ainda pode-se
esperar que a taxa Selic se eleve
nessas situações.
Gráfico 5.4 – Taxa SELIC Meta X IPCA
Fonte: Elaboração própria. Dados do Banco Central do Brasil e IBGE.
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 53 -
Acompanhando a alta da taxa
básica de juros, podemos
observar que a taxa média de
juros das operações de crédito
do sistema financeiro,
computadas as contratações com
recursos livres e direcionados,
atingiu 29% a.a. em agosto,
tendo uma elevação de 0,6 p.p.
em relação ao mês de julho e
uma variação de 1,9 p.p. no
último trimestre.
Tabela 5.4 – Taxa de aplicação (% a.a.) em 2015
Período Pessoa Jurídica Pessoa física Total
Jan 17,4 32 24,9
Fev 18,1 32,9 25,7
Mar 18,1 33,3 25,9
Abr 18,5 34 26,5
Mai 18,8 34,8 27,1
Jun 19,2 35,4 27,6
Jul 19,8 36,4 28,4
Ago 20,3 36,9 29
Fonte: Elaboração própria. Dados do Banco Central do Brasil.
No segmento de pessoas físicas,
a taxa média de juros ficou em
36,9% a.a., aumentando 2,1
p.p. no trimestre e 0,5 p.p., em
relação ao mês anterior. Essa
evolução no trimestre deve-se ao
aumento nas contratações com
recursos livres, que aumentou
3,8 p.p., ficando em 61,2%.
Destacam-se as elevações nas
modalidades cheque especial,
que teve uma variação de 21,2
p.p. e cartão de crédito rotativo,
que teve uma variação de 43,2
p.p., sendo respectivamente, no
mês de agosto, de 253,2% a.a. e
403,5% a.a.
No que tange o segmento de
pessoas jurídicas, a taxa média
de juros atingiu 20,3% a.a. em
agosto, elevando-se 1,5 p.p. no
trimestre e 0.5 p.p. em relação
ao mês anterior. Essa elevação
deve-se ao fato de que houve
um crescimento por um lado dos
empréstimos com recursos
livres, que variou no trimestre
1,6 p.p., ficando em 28,5% a.a.,
decorrendo das variações nas
modalidades capital de giro 2,6
p.p. e conta garantida 1,6 p.p.,
ficando respectivamente, no mês
de agosto, em 26,0% a.a. e
47,2% a.a.. Por outro lado, esse
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 53 -
aumento deve-se a expansão
dos empréstimos com recursos
direcionados, que teve uma
variação de 1,2 p.p., atingindo
10,6% a.a.. Nestas evidencia-se
as elevações nas modalidades
financiamentos do BNDES, que
teve variação de 1,2 p.p.
Pode-se notar que, de forma
geral, a tendência foi de
aumento das taxas de juros,
acompanhada no trimestre de
todas as taxas médias de juros,
tanto para pessoas físicas,
quanto para jurídica. Se a
economia passar por mais
situações adversas a tendência é
um de aumento para os
próximos períodos.
AGREGADOS MONETÁRIOS
No último mês em análise neste
boletim, a base monetária –
composta pelo total de moeda
emitida e reservas bancárias -
apresentou um saldo próximo a
R$ 231,71 bilhões e variação de
0,2 p.p. no acumulado de 12
meses e equivaleu a 4,0% do
PIB estimado em agosto. Esse
resultado foi resultado de seus
condicionantes, tendo em vista
seus reflexos últimos na
economia nacional. Na Tabela
5.5 encontra-se o saldo da base
monetária no ano vigente, tal
como a variação acumulada
referente a cada mês.
Tabela 5.5 - Base monetária e componentes. Saldos em final de período –
2015 (R$ bilhões), e variação (%) em 12 meses e jan/ago
Fonte: Elaboração própria. Dados do Banco Central do Brasil.
Componentes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago
Base monetária 238,52 238,81 240,65 235,02 239,51 231,95 225,06 231,71
Var. 12 meses 7,0 6,3 5,5 5,6 11,5 4,1 0,7 0,2
Papel-moeda
emitido
199,35 198,07 198,87 197,27 194,54 195,61 195,65 195,15
Var. 12 meses 8,3 4,4 9,4 8,4 8,0 6,0 6,3 4,2
Reservas
bancárias
39,17 40,73 41,78 37,75 44,97 36,34 29,41 36,56
Var. 12 meses 0,7 16,7 -9,5 -6,7 29,6 -5,1 -25,6 -17,0
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 52 -
No Gráfico 5.5 pode ser
observado o saldo em final de
mês da base monetária do ano
passado e deste ano, tal como
suas respectivas tendências.
Dessa forma, fica visível a
diferença da conjuntura
econômica entre os períodos em
questão.
Gráfico 5.5 - Saldo em final de mês da base monetária (R$
Fonte: Elaboração própria. Dados do Banco Central do Brasil.
As operações referentes à conta
do Tesouro Nacional no período
de janeiro a agosto promoveram
uma contração na base
monetária de R$ 270 milhões. A
política contracionista adotada
tem como objetivo combater o
aumento contínuo da inflação. O
Tesouro Nacional atuou
vendendo um maior volume de
papéis, visando absorver liquidez
na economia. Nesse período, os
títulos públicos federais
obtiveram grande valorização
nos mercados de transação,
tendo em vista o gradual
crescimento da taxa de juros que
ocorrera no primeiro semestre
de 2015. Ressalta-se que, ainda
que utilizada como instrumento
de controle de liquidez corrente,
a emissão desses títulos resulta
em um volume crescente
endividamento do governo. Por
questões analíticas, vale
ressaltar que a Dívida Pública
Mobiliaria Federal Interna
(DPMFi) em agosto deste ano
somou aproximados R$ 2,55
trilhões, e tende a crescer com a
manutenção dessa política. No
mercado secundário de títulos
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 53 -
públicos emitidos pelo Tesouro
Nacional, ocorrem as
transferências e renegociações
de títulos já lançados no
mercado. Nele, as operações de
curto prazo baseadas na taxa
SELIC e lastreadas em
determinados títulos, são os
principais componentes do
mercado de operações
compromissadas - operações
com compromisso de recompra.
No período em questão,
obtiveram em média um volume
de transações de R$ 947,41
bilhões. Se comparada ao
mesmo período do ano passado,
vê-se um aumento de 21,36%.
Tabela 5.6 - Fatores condicionantes da base monetária (R$ bilhoes) em 2015
Fonte: Elaboração própria. Dados do Banco Central do Brasil.
O início do ano foi marcado pela
compra de divisas no mercado
externo pelo Banco Central, ação
que contribui para a expansão da
base monetária. Pode ser
observado na tabela 1.6, desde
maio uma constante queda
nesse saldo paralelamente a
elevação da taxa de câmbio. O
acumulado de maio a agosto em
2015 foi de R$ 18,16 bilhões,
contra R$ 28,48 bilhões em
2014, evidenciando que tais
operações foram maiores no ano
passado.
Com objetivo de controlar a
valorização da moeda americana
frente ao Real, – esta que já se
encontrava em 34,95% no ano -
o Banco Central anunciou o
retorno dos leilões de linha
(injeção de dólar na economia
por parte do governo, com
compromisso de recompra) no
final do mesmo mês, indicando a
rolagem do leilão ocorrido em
março, na quantia aproximada
de US$ 2,4 bilhões. O uso de
derivativos como o swap
Condicionantes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago
Conta do tesouro
nacional
17,97 -11,20 -7,51
-
10,18
-4,68 7,61 10,32 -2,60
Op. com títulos
públicos federais
-33,78 -23,83
-
30,74
35,62
-
22,80
-18,86 -40,17 -6,22
Op. do setor externo 0,44 2,28 4,01 -1,43 9,74 4,71 3,08 0,58
Redesconto do banco
central
-0,00 -0,00 1,00 0,00 -1,00 20,00 -20,00 1,00
Dep. de instituições
financeiras
0,05 5,39 1,69 1,91
-
0,85
6,76 -4,78 -2,75
Op. com derivativos -10,78 27,29 34,51
-
31,82
22,06 -8,12 23,90 17,22
Outras contas 1,09 0,36 -0,11 0,27 1,03 0,31 0,76 0,42
Var. da base monetária -25,00 0,29 1,84 -5,63 4,49 -7,55 -6,89 6,65
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 53 -
cambial, que se baseia em uma
relação contratual entre
variações na taxa de juros e
variações do câmbio, vinha
sendo reduzido devido ao grau
de endividamento resultante
para as contas públicas, foi
retomado no mês de agosto,
somando-se aos US$ 1,16 bilhão
que já estavam em rolagem
desde o início do ano. Essas
medidas estão sendo aplicadas
como tentativa de evitar a
evasão de divisas no setor
externo e conter a valorização do
dólar.
No primeiro semestre de 2015, o
M1 encerrou com o saldo
próximo a R$ 304,26 bilhões,
sendo destes R$ 159,62 bilhões
eram papel moeda e R$ 144,62
bilhões depósitos à vista. O M2,
composto pelo M1 acrescido de
emissões de alta liquidez,
encerrou o mesmo semestre com
saldo de R$ 2,15 trilhões. O M3,
resultado da soma das cotas de
fundos de renda fixa e operações
compromissadas com títulos
federais; e o M4, títulos públicos
federais (SELIC) agregados ao
M3, obtiveram grandes
expansões em relação ao ano
passado. O M3 cresceu 11,9% e
o M4 12,8% em relação ao
observado em 2014. Esse
crescimento apresentado reflete
especialmente o aumento do
volume das transações
envolvendo os títulos públicos.
Ainda nos chamados meios de
pagamentos ampliados (M4), seu
saldo semestral foi de R$ 5,27
trilhões, correspondente a
92,9% no PIB no período. Até
agosto o seu crescimento mensal
foi, em média, 0,71 p.p..
Tabela 5.7 - Saldo em final de período: meios de pagamento (R$ milhões)
Meios de pagamento
Jun
(2014)
Jan
(2015)
Jun
(2015)
Ago
(2015)
M1 305 835 321 695 304 256 296 482
Depósitos de poupança 628 926 663 517 648 879 650 622
Títulos privados
1088
118
1142
078
1199
380
1212
645
M2
2 022
880
2 127
291
2 152
515
2 159
749
Quotas de fundos de
investimentos
1 851
408
2 002
469
2 160
477
2 196
010
Oper. comp. com títulos
federais
127 276 205 757 165 162 161 530
M3
4 001
564
4 335
516
4 478
154
4 517
288
Títulos federais (Selic) 675 123 713 487 797 277 776 947
M4
4 676
688
5 049
003
5 275
431
5 294
235
Fonte: Elaboração própria. Dados do Banco Central do Brasil.
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 53 -
6. POLÍTICA FISCAL
Análise do Governo Central e
dados acima da linha
Observa-se que, desde as
eleições de novembro último, o
Governo Dilma vem adotando
políticas restritivas, com ajuste
fiscal e metas primárias mais
realistas visando recuperar a
confiabilidade do mercado. O
Governo já anunciara, no fim de
2014, algumas alterações nos
ministérios que merecem
destaque, como a nomeação dos
ministros da Fazenda (Joaquim
Levy) e do Planejamento (Nelson
Barbosa). Ao longo de 2015
mudanças significativas no
cenário político e econômico têm
lançado incertezas sobre a
política fiscal. A proposta para
este mantém a política fiscal
contracionista, voltada para o
ajuste das contas públicas por
meio de diminuição dos gastos e
de tentativas de aumento da
carga tributária, tais como a
recriação da CPMF. Porém, a
nova política fiscal não logrou
êxito até a presente data.
Além da forte queda na
arrecadação, a chamada “pauta
bomba” e a morosidade do
Congresso Nacional em votar as
medidas de ajuste, contribuíram
significativamente. Concomitante
a isso, o Tribunal de Contas da
União, por unanimidade,
recomendou a reprovação das
contas do governo Dilma de
2014 pelas chamadas “Pedaladas
Fiscais”, alegando manobras
contábeis que envolveriam o uso
de recursos de bancos federais
para maquiar o orçamento
federal.
A meta fiscal aprovada na Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO)
de 2015 era de um superávit
primário de R$ 66,32 bilhões, o
equivalente a 1,1% do PIB. Não
obstante, frente ao quadro de
queda na arrecadação e a
previsão de continuidade da
recessão econômica, o Governo
Federal enviou ao Congresso, no
dia 22 de julho deste ano, um
projeto de lei que altera a LDO e
reduz a meta de superávit para
R$ 8,48 bilhões, equivalente a
0,15% do PIB. Além disso, a
Proposta de Lei Orçamentária
Anual de 2016 (PLOA),
apresentada pelo governo em
fins de agosto corrente, prevê
um déficit de R$ 35 bilhões.
Nesse clima adverso, a agência
de classificação de risco
Standard and Poor’s anunciou o
rebaixamento da nota de crédito
do Brasil, fazendo com que o
país perdesse o grau de
investimento, e assim, o selo de
bom pagador.
Para fazer uma análise mais
apurada desses movimentos nas
contas fiscais do Governo
Central, é necessário analisar os
dados acima da linha para que
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 67 -
se avalie o que houve com o resultado primário, as
receitas e despesas no
acumulado do ano. A Tabela 6.1
mostra resumidamente esses
dados.
Tabela 6.1 Resultado Primário do Governo Central (R$ milhões- preços
constantes)
Jan - Set
Discriminação 2014 2015 Diferença Variação
I. RECEITA TOTAL 996.207,1 948.956,0 -47.251,1 -4,7%
I.1. Receitas do Tesouro 729.447,6 690.897,4 -38.550,2 -5,3%
I.2. Receitas da Previdência Social 264.089,6 255.837,3 -8.252,2 -3,1%
I.3. Receitas do Banco Central 2.669,9 2.221,3 -448,6 -16,8%
II. TRANSFERÊNCIAS A ESTADOS E
MUNICÍPIOS 172.794,8 163.311,2 -9.483,6 -5,5%
III. RECEITA LÍQUIDA TOTAL (I-II) 823.412,3 785.644,8 -37.767,4 -4,6%
IV. DESPESA TOTAL 840.009,2 806.321,9 -33.687,3 -4,0%
IV.1. Pessoal e Encargos Sociais 176.107,4 172.855,2 -3.252,2 -1,8%
IV.2. Benefícios Previdenciários 316.925,4 311.372,9 -5.552,5 -1,8%
IV.3. Custeio e Capital 342.220,2 317.596,0 -24.624,2 -7,2%
IV.4. Transferência do Tesouro ao Banco
Central 2.064,5 1.664,3 -400,2 -19,4%
IV.5. Despesas do Banco Central 2.691,7 2.883,4 141,7 5,3%
V. RESULTADO PRIMÁRIO GOVERNO
CENTRAL (III - IV) -16.597,0 -20.667,1 -4.080,1 24,6%
V.1. Tesouro Nacional 36.260,6 35.470,6 -790,0 -2,2%
V.2. Previdência Social -52.835,8 -55.535,6 -2.699,8 5,1%
V.3. Banco Central -21,8 -612,1 -590,3 2.707,7%
VI. RESULTADO PRIMÁRIO/PIB (%) - - - -
Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional
Nota-se que mesmo com o corte
dos gastos governamentais, o
Governo Central registra um
déficit primário no valor de R$
20,67 bilhões no acumulado até
setembro. Esse resultado é ainda
pior do que o verificado em igual
período de 2014, um déficit
primário de R$ 16,60 bilhões. Do
déficit primário de 2015 o
Tesouro Nacional registra um
superávit primário de R$ 35,47
bilhões, enquanto a Previdência
Social um déficit de R$ 55,53
bilhões. O principal fator a
explicar esta situação é a queda
da receita.
A retração do crescimento
econômico, o aumento da taxa
de desemprego, além da inflação
acima do teto da meta,
configuram alguns aspectos
Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 67 -
decisivos que impactaram
negativamente na arrecadação
tributária do Governo. De janeiro
a setembro de 2015, o resultado
a preços constantes das receitas
do Governo Central, foi de R$
948,96 bilhões, numa retração
de 4,7% com relação a 2014. No
que diz respeito às despesas, os
cortes orçamentários feitos são
corroborados pelos dados até
setembro do ano corrente.
Apesar dos cortes drásticos, as
despesas ainda apresentaram
queda um pouco menor do que
as receitas, de 4,0%,
equivalendo a R$ 806,32 bilhões
até setembro.
De antemão, percebe-se que o
esforço do Governo com o corte
de gastos tem dado resultados.
Porém, o comportamento
altamente desfavorável das
receitas traz sérias dificuldades
ao governo. Para averiguar essa
diferença, é necessário analisar
os determinantes de cada
categoria (receita e despesa)
que contribuiram para esses
números.
As receitas do Tesouro Nacional
caíram de R$ 729,45 bilhões em
2014, para R$ 690,90 bilhões,
em 2015. Desse montante,
houve uma redução com as
receitas provenientes de
impostos de R$ 6,57 bilhões,
devido ao comportamento do
Imposto de Renda. Pode-se
observar uma redução na
arrecadação das Contribuições
em relação ao acumulado de
2014, no valor de R$ 11,83
bilhões. Desse montante, o que
chama atenção é a redução da
Contribuição Social Sobre o
Lucro Líquido (CSLL) em R$ 7,06
bilhões, possivelmente face à
desaceleração da economia.
Porém, os pontos de destaque
nas receitas observam-se na
Cota parte de compensações
financeiras (redução de R$ 11,5
bilhões) e no recebimento de
Dividendos pelo Governo
Federal. A primeira são receitas
provenientes de contribuições
econômicas de recursos
resultantes da exploração de
petróleo bruto, xisto, xisto
betuminoso e gás, de recursos
hídricos e de recursos minerais.
Assim, a redução do preço
internacional do petróleo fez com
que houvesse uma queda nessa
arrecadação, de acordo com o
Tesouro Nacional. Já a queda dos
dividendos é explicada pelo não
pagamento dos mesmos, no ano
corrente, da parte da Petrobras e
do BNDES. A maior empresa
Estatal do país passa por
problemas significativos, com
funcionários do alto escalão
envolvidos em um grave
esquema de corrupção da
Operação Lava Jato.
Em relação às despesas do
Tesouro Nacional houve uma
redução no montante de R$
28,28 bilhões no acumulado de
2015 em comparação com o
mesmo período em 2014. Alguns
fatores chamam a atenção para
Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia
Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia
Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia
Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia
Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia
Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia
Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia
Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia
Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia
Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia
Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia
Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia
Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia
Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia
Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia
Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia
Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...Grupo de Economia Política IE-UFRJ
 
Comércio exterior e transição da economia ( Governo Lula)
Comércio exterior e transição da economia ( Governo Lula)Comércio exterior e transição da economia ( Governo Lula)
Comércio exterior e transição da economia ( Governo Lula)Pâmela Nogueira da Silva
 
CI - 2008 - perspectivas econômicas para 2008
CI - 2008 - perspectivas econômicas para 2008CI - 2008 - perspectivas econômicas para 2008
CI - 2008 - perspectivas econômicas para 2008Delta Economics & Finance
 
Para reativar a economia, o governo deve atuar como o grande indutor do desen...
Para reativar a economia, o governo deve atuar como o grande indutor do desen...Para reativar a economia, o governo deve atuar como o grande indutor do desen...
Para reativar a economia, o governo deve atuar como o grande indutor do desen...Fernando Alcoforado
 
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Aula 19 política econômica brasileira de collor a lula 1990-2007 (economia ...
Aula 19   política econômica brasileira de collor a lula 1990-2007 (economia ...Aula 19   política econômica brasileira de collor a lula 1990-2007 (economia ...
Aula 19 política econômica brasileira de collor a lula 1990-2007 (economia ...petecoslides
 
GoOn- Evolução em Gestão de Riscos de Crédito | GoOnFair - 2016. Estratégia ...
GoOn- Evolução em Gestão de Riscos de Crédito | GoOnFair - 2016. Estratégia ...GoOn- Evolução em Gestão de Riscos de Crédito | GoOnFair - 2016. Estratégia ...
GoOn- Evolução em Gestão de Riscos de Crédito | GoOnFair - 2016. Estratégia ...GoOn Consulting
 
A política econômica do governo dilma e os limites do crescimento versão 9.0
A política econômica do governo dilma e os limites do crescimento versão 9.0A política econômica do governo dilma e os limites do crescimento versão 9.0
A política econômica do governo dilma e os limites do crescimento versão 9.0Wagner Cunha e Torre Torres
 
Governabilidade e economia ameaçadas no brasil
Governabilidade e economia ameaçadas no brasilGovernabilidade e economia ameaçadas no brasil
Governabilidade e economia ameaçadas no brasilFernando Alcoforado
 
Aspectos Políticos do Desemprego: A Guinada Neoliberal do Brasil
Aspectos Políticos do Desemprego: A Guinada Neoliberal do BrasilAspectos Políticos do Desemprego: A Guinada Neoliberal do Brasil
Aspectos Políticos do Desemprego: A Guinada Neoliberal do BrasilGrupo de Economia Política IE-UFRJ
 
O brasil rumo à depressão econômica e à mudança politica e social
O brasil rumo à depressão econômica e à mudança politica e socialO brasil rumo à depressão econômica e à mudança politica e social
O brasil rumo à depressão econômica e à mudança politica e socialFernando Alcoforado
 
Economia brasileira ameaçada pelo ajuste fiscal do governo michel temer
Economia brasileira ameaçada pelo ajuste fiscal do governo michel temerEconomia brasileira ameaçada pelo ajuste fiscal do governo michel temer
Economia brasileira ameaçada pelo ajuste fiscal do governo michel temerFernando Alcoforado
 

Mais procurados (20)

Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 56 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 55 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Brasil país sem rumo
Brasil país sem rumoBrasil país sem rumo
Brasil país sem rumo
 
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
Demanda agregada e a desaceleração do crescimento econômico brasileiro de 201...
 
Choque de produtividade
Choque de produtividadeChoque de produtividade
Choque de produtividade
 
Artigo plano real
Artigo plano realArtigo plano real
Artigo plano real
 
Comércio exterior e transição da economia ( Governo Lula)
Comércio exterior e transição da economia ( Governo Lula)Comércio exterior e transição da economia ( Governo Lula)
Comércio exterior e transição da economia ( Governo Lula)
 
Politicas macroeconomicas
Politicas macroeconomicasPoliticas macroeconomicas
Politicas macroeconomicas
 
CI - 2008 - perspectivas econômicas para 2008
CI - 2008 - perspectivas econômicas para 2008CI - 2008 - perspectivas econômicas para 2008
CI - 2008 - perspectivas econômicas para 2008
 
Para reativar a economia, o governo deve atuar como o grande indutor do desen...
Para reativar a economia, o governo deve atuar como o grande indutor do desen...Para reativar a economia, o governo deve atuar como o grande indutor do desen...
Para reativar a economia, o governo deve atuar como o grande indutor do desen...
 
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 30 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 52 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Aula 19 política econômica brasileira de collor a lula 1990-2007 (economia ...
Aula 19   política econômica brasileira de collor a lula 1990-2007 (economia ...Aula 19   política econômica brasileira de collor a lula 1990-2007 (economia ...
Aula 19 política econômica brasileira de collor a lula 1990-2007 (economia ...
 
GoOn- Evolução em Gestão de Riscos de Crédito | GoOnFair - 2016. Estratégia ...
GoOn- Evolução em Gestão de Riscos de Crédito | GoOnFair - 2016. Estratégia ...GoOn- Evolução em Gestão de Riscos de Crédito | GoOnFair - 2016. Estratégia ...
GoOn- Evolução em Gestão de Riscos de Crédito | GoOnFair - 2016. Estratégia ...
 
A política econômica do governo dilma e os limites do crescimento versão 9.0
A política econômica do governo dilma e os limites do crescimento versão 9.0A política econômica do governo dilma e os limites do crescimento versão 9.0
A política econômica do governo dilma e os limites do crescimento versão 9.0
 
Governabilidade e economia ameaçadas no brasil
Governabilidade e economia ameaçadas no brasilGovernabilidade e economia ameaçadas no brasil
Governabilidade e economia ameaçadas no brasil
 
Aspectos Políticos do Desemprego: A Guinada Neoliberal do Brasil
Aspectos Políticos do Desemprego: A Guinada Neoliberal do BrasilAspectos Políticos do Desemprego: A Guinada Neoliberal do Brasil
Aspectos Políticos do Desemprego: A Guinada Neoliberal do Brasil
 
O brasil rumo à depressão econômica e à mudança politica e social
O brasil rumo à depressão econômica e à mudança politica e socialO brasil rumo à depressão econômica e à mudança politica e social
O brasil rumo à depressão econômica e à mudança politica e social
 
Planos econômicos no brasil - Aula 17
Planos econômicos no brasil - Aula 17Planos econômicos no brasil - Aula 17
Planos econômicos no brasil - Aula 17
 
Economia brasileira ameaçada pelo ajuste fiscal do governo michel temer
Economia brasileira ameaçada pelo ajuste fiscal do governo michel temerEconomia brasileira ameaçada pelo ajuste fiscal do governo michel temer
Economia brasileira ameaçada pelo ajuste fiscal do governo michel temer
 

Semelhante a Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia

Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Discurso de-despedida-do-bid-1
Discurso de-despedida-do-bid-1Discurso de-despedida-do-bid-1
Discurso de-despedida-do-bid-1Carlos Eduardo
 
Boletim de Conjuntura n. 54
Boletim de Conjuntura n. 54Boletim de Conjuntura n. 54
Boletim de Conjuntura n. 54economiaufes
 
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Urge a construção de uma nova alternativa de poder no brasil
Urge a construção de uma nova alternativa de poder no brasilUrge a construção de uma nova alternativa de poder no brasil
Urge a construção de uma nova alternativa de poder no brasilFernando Alcoforado
 
A economia brasileira asfixiada pelo desastroso governo dilma rousseff
A economia brasileira asfixiada pelo desastroso governo dilma rousseffA economia brasileira asfixiada pelo desastroso governo dilma rousseff
A economia brasileira asfixiada pelo desastroso governo dilma rousseffFernando Alcoforado
 
O DESASTRE ECONÔMICO DO BRASIL COM O GOVERNO BOLSONARO
O DESASTRE ECONÔMICO DO BRASIL COM O GOVERNO BOLSONAROO DESASTRE ECONÔMICO DO BRASIL COM O GOVERNO BOLSONARO
O DESASTRE ECONÔMICO DO BRASIL COM O GOVERNO BOLSONAROFernandoAlcoforado1
 
Boletim 39 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 39 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 39 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 39 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 26 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 26 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 26 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 26 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
CI - 2007 - perspectivas econômicas para 2007
CI - 2007 - perspectivas econômicas para 2007CI - 2007 - perspectivas econômicas para 2007
CI - 2007 - perspectivas econômicas para 2007Delta Economics & Finance
 
Rombo fiscal nas contas públicas leva à bancarrota a economia brasileira
Rombo fiscal nas contas públicas leva à bancarrota a economia brasileiraRombo fiscal nas contas públicas leva à bancarrota a economia brasileira
Rombo fiscal nas contas públicas leva à bancarrota a economia brasileiraFernando Alcoforado
 
CI - 2014 - perspectivas econômicas para 2014
CI - 2014 - perspectivas econômicas para 2014CI - 2014 - perspectivas econômicas para 2014
CI - 2014 - perspectivas econômicas para 2014Delta Economics & Finance
 
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasilO falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasilFernando Alcoforado
 
5º Congresso: PT divulga a Carta de Salvador
5º Congresso: PT divulga a Carta de Salvador5º Congresso: PT divulga a Carta de Salvador
5º Congresso: PT divulga a Carta de SalvadorConversa Afiada
 
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 

Semelhante a Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia (19)

Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 48 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 51 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
PEC 241 - Austeridade
PEC 241 - AusteridadePEC 241 - Austeridade
PEC 241 - Austeridade
 
Discurso de-despedida-do-bid-1
Discurso de-despedida-do-bid-1Discurso de-despedida-do-bid-1
Discurso de-despedida-do-bid-1
 
Boletim de Conjuntura n. 54
Boletim de Conjuntura n. 54Boletim de Conjuntura n. 54
Boletim de Conjuntura n. 54
 
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 54 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Urge a construção de uma nova alternativa de poder no brasil
Urge a construção de uma nova alternativa de poder no brasilUrge a construção de uma nova alternativa de poder no brasil
Urge a construção de uma nova alternativa de poder no brasil
 
A economia brasileira asfixiada pelo desastroso governo dilma rousseff
A economia brasileira asfixiada pelo desastroso governo dilma rousseffA economia brasileira asfixiada pelo desastroso governo dilma rousseff
A economia brasileira asfixiada pelo desastroso governo dilma rousseff
 
O DESASTRE ECONÔMICO DO BRASIL COM O GOVERNO BOLSONARO
O DESASTRE ECONÔMICO DO BRASIL COM O GOVERNO BOLSONAROO DESASTRE ECONÔMICO DO BRASIL COM O GOVERNO BOLSONARO
O DESASTRE ECONÔMICO DO BRASIL COM O GOVERNO BOLSONARO
 
Boletim 39 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 39 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 39 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 39 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 26 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 26 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 26 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 26 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 35 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
CI - 2007 - perspectivas econômicas para 2007
CI - 2007 - perspectivas econômicas para 2007CI - 2007 - perspectivas econômicas para 2007
CI - 2007 - perspectivas econômicas para 2007
 
Rombo fiscal nas contas públicas leva à bancarrota a economia brasileira
Rombo fiscal nas contas públicas leva à bancarrota a economia brasileiraRombo fiscal nas contas públicas leva à bancarrota a economia brasileira
Rombo fiscal nas contas públicas leva à bancarrota a economia brasileira
 
O medo venceu a esperança
O medo venceu a esperançaO medo venceu a esperança
O medo venceu a esperança
 
CI - 2014 - perspectivas econômicas para 2014
CI - 2014 - perspectivas econômicas para 2014CI - 2014 - perspectivas econômicas para 2014
CI - 2014 - perspectivas econômicas para 2014
 
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasilO falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
O falso discurso do governo sobre a recuperação econômica do brasil
 
5º Congresso: PT divulga a Carta de Salvador
5º Congresso: PT divulga a Carta de Salvador5º Congresso: PT divulga a Carta de Salvador
5º Congresso: PT divulga a Carta de Salvador
 
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 40 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 

Mais de economiaufes

Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 
Boletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFESeconomiaufes
 

Mais de economiaufes (17)

Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 46 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 45 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 43 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 42 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 41 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 38 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 12 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 14 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 11 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 13 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 10 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 09 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 08 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 37 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 36 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 
Boletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFESBoletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
Boletim 34 - Grupo de conjuntura econômica da UFES
 

Ajuste fiscal e recessão na economia brasileira segundo a ortodoxia

  • 1.
  • 2. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 1 - APRESENTAÇÃO A conjuntura econômica nacional atual mostra um quadro nada animador e o desempenho extremamente desfavorável de variáveis estruturais como o investimento sugere que não há luz no fundo do túnel. Apenas as atividades vinculadas à agricultura e à produção de semi-elaborados para exportação vão bem e continuam empregando e isso se deve não ao mercado internacional favorável mas basicamente à desvalorização significativa da taxa de câmbio brasileira. O quadro de instabilidade generalizada que impacta na economia tem os seus fundamentos não estritamente na esfera política como muitos advogam e sim, em boa medida, na dimensão política que a própria economia apresenta. A rejeição pelos atores de peso no país da política econômica e da estratégia desenvolvimentista do governo Dilma bem como o fracasso do governo do PT no sentido de estimular o investimento privado e o crescimento do PIB, sem promover mudanças estruturais de peso, evidenciam exatamente onde está o seu cerne. O contínuo martelar pela mídia, desde o ano passado, das denúncias de corrupção na Petrobras, no BNDES ou onde quer que seja conveniente buscar, ofusca para a população o que de fato interessa saber. Para além do discurso anti- corrupção, que rodas mais fechadas de políticos e de empresários reconhecem ser endêmica no país, os de cima entendem que é necessário sacrificar o que seja para retomar os trilhos da confiança e da tranqüilidade que os tempos de maior coerência com a cartilha neoliberal traziam para os mesmos. O fracasso do PT em encontrar uma terceira via, que trouxesse alguns ganhos para os de baixo e mantivesse certa concordância com a política econômica do tripé macroeconômico - especialmente a capacidade do governo em absorver em seu orçamento as despesas financeiras -, bem como um compromisso parcial com algumas reformas liberais, torna-se evidente para quem busca enxergar além da poeira que se levantou. A despeito de não haver qualquer indício de um golpe civil militar em curso o ambiente assemelha-se ao período que antecedeu março de 1964. E mantido ou não o governo Dilma no poder a reversão da política econômica fracassada, a retomada da agenda de reformas da oposição, com o basta que vem sendo dado a algumas conquistas que os de baixo
  • 3. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 2 - alcançaram até então, denota que um golpe branco já se deu. Por outro lado, independente do sucesso da oposição em derrubar o governo Dilma, a armadilha de endividamento criada pela estratégia desenvolvimentista do governo assemelha-se a uma teia que o aprisiona em sua própria criação e o obriga a executar o oposto do que desejava. Além de se dever a tentativa de sobreviver no poder, esta capitulação se deve ao fato de que foi o próprio governo quem criou as condições de seu inferno astral. A conta econômica do fracasso lhe aparece com despesas financeiras que já atingem quase 10% do PIB e tornam pífios os seus esforços para gerar qualquer superávit primário bem como fazer qualquer coisa que seja no plano orçamentário. Aprisionado no campo dos gastos financeiros ele precisa cortar outros gastos, onde quer que possa, para absorver essa despesa que o engole com mais endividamento posto ver esvair as suas receitas dada a pesada retração da economia. Sendo impossível o superávit primário, face a queda radical da receita e com as despesas financeiras em rota explosiva, o déficit nominal se acumula e realimenta a dívida mobiliária levando o governo ao mesmo imobilismo que acomete uma presa que cai numa teia de aranha. A diferença é que esta teia foi por ele mesmo tecida. Associado a esse inferno fiscal a inflação praticamente chega à casa de dois dígitos no acumulado do ano, a taxa de desemprego bate recordes, puxada pelo crescimento da desocupação na construção civil, na indústria e no comércio. Nesse quadro desfavorável, a intensificação da pressão para a elevação da taxa de juros básica, que o governo já considerava em patamar suficiente, torna-se inevitável tendo em vista o recrudescimento inflacionário. Diante desse ambiente de difícil solução, com ou sem golpe de fato, o brasileiro vai se virando como pode, buscando trabalhar por conta própria, grupo que já soma 22 milhões de pessoas no país, bem como aceitando propostas precarizadoras de redução de jornada de trabalho e de salários, como ocorreu na indústria. Muitos pequenos e médios negócios cerraram as portas, o faturamento das grandes empresas mostra queda, a despeito das de maior peso fecharem o ano ainda com bons lucros, ajustados apenas a um patamar de menores custos. O investimento direto no país, realizado por estrangeiros, também retraiu-se significativamente com relação ao ano passado e as contas
  • 4. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 3 - externas só se beneficiam de um saldo comercial que ocorre predominantemente tendo em vista a retração das importações explicada pela recessão interna e pela desvalorização cambial. Numa economia de mercado em crise, seja a crise fruto do ciclo de negócios, seja ela produzida pelo governo ou pelo comportamento dos de cima, a corda sempre arrebenta para os de baixo. Boa leitura! 1. POLÍTICA ECONÔMICA DESAJUSTE FISCAL E RECESSÃO: O QUE ESPERAR DA ORTODOXIA? A economia brasileira deve fechar o ano de 2015 registrando um recuo do PIB na casa de 3% a 3,5% do PIB, o maior desde 1990, quando Fernando Collor de Mello assumiu o governo com a promessa de arrumar a casa e liquidar a inflação com a realização de um ajuste fiscal que pretendia ficar inscrito na história como o maior de todos os tempos. Não conseguiu nem uma coisa, nem outra, e recolocou a economia na trajetória da hiperinflação acompanhada do estigma do baixo crescimento, o qual, até os dias atuais, não foi revertido. Após as trapalhadas da política econômica no período de 2011- 2014, que enfraqueceram as bases do tripé macroeconômico ortodoxo – câmbio flutuante/metas inflacionárias/superávit primário -, sem se ter conseguido sucesso com a equivocada proposta de conciliá-lo com uma “Nova Matriz Econômica” como estratégia de desenvolvimento, o governo, diante da deterioração das variáveis centrais da economia – inflação, déficit externo, contas públicas etc. - causada por essa política, terminou rendendo-se novamente à ortodoxia para implementar, como na época de Collor, um ajuste muito semelhante, visando a resgatar a confiança do mercado. Nele, a recessão é vista como pré-condição para recompor as bases do tripé, sanear financeiramente o Estado, libertando-o do fardo dos gastos com as políticas sociais, com os investimentos públicos e com as farras das desonerações tributárias destinadas a fomentar o consumo e o investimento privado, para, só então, o país ter condições de abrir as portas para o sol do crescimento. Não estranha, assim, pela natureza do ajuste que vem sendo realizado pela política econômica, e que deve continuar nos próximos anos, que o crescimento econômico esteja
  • 5. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 2 - sendo jogado ladeira abaixo e que este só poderá voltar à cena, nessa perspectiva, uma vez aquele concluído. Mas isso não ocorrerá em pouco tempo e o país pode se preparar para tempos também tão difíceis como o deste ano. A principal razão dessa dificuldade reside no fato de que a natureza do ajuste exigido pela ortodoxia não se faz sem subtrair forças dos próprios fatores que são responsáveis por impulsionar o crescimento, embora existam outras alternativas que poderiam ter sido buscadas, mas que o governo, talvez por que enfraquecido também politicamente, simplesmente descartou. Isso, por algumas razões. Em primeiro lugar, por ser um de seus objetivos a reversão dos ganhos salariais que foram obtidos acima do aumento da produtividade, não como resultado apenas do crescimento econômico, segundo os argumentos que se utiliza para justificá-lo, mas principalmente devido às políticas de reajustes generosos aprovadas pelo governo, as quais, complementadas por políticas redistributivas, aumentaram excessivamente o consumo, sem a correspondente ampliação da oferta. Tal situação acabou desencadeando pressões inflacionárias e aumentando as importações, com impactos negativos também sobre o déficit externo, vigas mestras do modelo ortodoxo, tornando necessária, assim, sua reversão. A correção deste desequilíbrio, que demanda a realização de um ajuste cíclico, exige, assim, a desmontagem deste quadro, retirando dos trabalhadores estes ganhos indevidos, para o que a recessão desempenha papel essencial, à medida que ao desaquecer o mercado de trabalho, aumenta o desemprego e reduz os salários, ao mesmo tempo em que inibe novos reajustes acima do aumento da produtividade. Na mesma direção, a desvalorização cambial, apesar dos impactos inflacionários que ocasiona, contribui para melhorar a relação câmbio/salário, tornando a produção nacional mais competitiva, mesmo que reduzindo a força da demanda interna. Em segundo, porque seu objetivo é também o de recuperar o Estado como fiador da estabilização macroeconômica e, com isso, resgatar o seu papel como gerador de superávits primários, o que teria deixado de acontecer em 2014 e também em 2015, visando a garantir o pagamento dos credores de sua dívida e acalmar o mercado diante da desconfiança que este passou a ter sobre a capacidade
  • 6. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 3 - do governo de honrar seus compromissos financeiros. Isso significa retirar tanto o quanto possível, até mesmo por meio de reformas constitucionais, compromissos do Estado com gastos de natureza não financeira, caso dos que este realiza com as políticas sociais e os investimentos, de forma a tornar possível acomodar, no orçamento, os ganhos da riqueza financeira. Ora, tal providência, que tem sido proposta na forma de abandono – ou pelo menos de redução – do sistema de vinculações constitucionais da receita para as áreas sociais, da reforma da previdência para aumentar o tempo da aposentadoria, ou mesmo de priorização do investimento privado em infraestrutura, enfraquece também a ação do Estado na promoção do crescimento, por meio do gasto público, em consumo, investimentos ou na implementação de políticas redistributivas, que têm o condão de fortalecer a demanda agregada. A retomada do crescimento econômico passa a depender, assim, quase que exclusivamente do investimento privado, num contexto em que as forças da demanda por consumo se encontram enfraquecidas – consumo das famílias e do governo – e, mais grave, numa situação em que o Estado estará com os caminhos bloqueados para remover os gargalos estruturais da economia – de infraestrutura econômica e social, de logística etc. -, e em que a economia internacional continua sem emitir sinais de recuperação confiável, com a ameaça da deflação na Europa, a desaceleração progressiva da China e o vai-e-vem da economia dos Estados Unidos. Não é possível, neste cenário, enxergar qualquer fator de incentivo ao investimento produtivo privado capaz de inspirar-lhe confiança para aventurar-se na vida econômica, a não ser a crença da ortodoxia de que apenas o saneamento financeiro do Estado seja capaz de despertar-lhe o espírito animal keynesiano, quando se sabe que os seus determinantes não se resumem a essa condição. Isso até pode valer especificamente para o capital financeiro que apenas quer ter a garantia de que receberá seus ganhos pelos empréstimos feitos ao Estado, o que não é o caso do capital produtivo, que precisa contar, para realizar investimentos, com políticas macroeconômicas consistentes, de impostos, câmbio e juros, com infraestrutura adequada e boa qualificação de mão de obra
  • 7. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 4 - para não ver ampliados seus custos de produção, comprometendo sua competitividade. O que o ajuste em curso não contempla. Ao fazer a opção por privilegiar o ajuste de cunho ortodoxo, destituído de uma agenda para o crescimento, que exigiria o encaminhamento de reformas estruturais, indicando a porta de saída para a crise, e enfraquecer a ação do Estado como promotor de um novo projeto de desenvolvimento, visando a garantir a drenagem de recursos do orçamento para os seus credores e preservar de seu ônus os setores mais poderosos economicamente e a riqueza financeira, o governo praticamente sepultou as chances que, já não tão grandes no contexto atual, ainda existiam, de retomada do crescimento, e condenou a economia ao purgatório da recessão e da estagnação. Tal como implementado, preocupado apenas em produzir a recessão em busca destes resultados, o ajuste fiscal das contas primárias realizado em 2015 terminou minando, ainda mais, até mesmo as vigas mestras do tripé macroeconômico que, em tese, se pretendia recompor, prejudicando, inclusive, as próprias contas públicas e prenunciando que novos ajustes dessa natureza, se necessários, continuarão a ser realizados. Isso, mesmo que se produza a situação conhecida como a de “paz dos cemitérios”, em que se não há inflação, não há também vida econômica e social pulsante, desde que seu principal objetivo seja alcançado, que é o da preservação da riqueza financeira. A queda de mais de 3% do PIB neste ano, com o nível do desemprego caminhando para a casa dos 10% parece, nessa situação, apenas estar indicando que tempos ainda mais difíceis aguardam pelo país com a política econômica implementada e com a disposição do governo, pelo menos até o momento, de a ela dar continuidade nos próximos anos.
  • 8. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 - 2. INFLAÇÃO IPCA e INPC A inflação é um processo de alta generalizada e continua dos preços, que sempre foi motivo de constante vigilância e de debates na política econômica do Brasil. Dentre os indicadores mais importantes na mensuração da inflação ganha destaque o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que considera as famílias com rendimentos mensais de até quarenta salários mínimos e é a principal referência para a política monetária baseada em metas1 de inflação fixada pelo governo. O IPCA acumulado no primeiro semestre do ano de 2015 foi de 6,17% valor superior aos 3,75% do mesmo período de 2014. O IPCA acumulado nos 12 meses anteriores a agosto de 2015 foi de 9,53%, valor também acima do acumulado no mesmo período de 2014 (6,51%), e acima do teto da meta de 6,50%. Em outubro o acumulado no ano do IPCA estava em 8,52%, enquanto a variação em 12 meses foi de 9,93%, maior valor 1 O Banco Central definiu como meta de inflação para 2014 a taxa de 4,5% ao ano, podendo variar em 2,0 pontos percentuais para mais ou para menos. observado desde 2003 (11,02%). Como observado no Gráfico 2.1 as movimentações do IPCA de 2015, convergem com as do ano de 2014 no mês de agosto e setembro voltando a descolar novamente no mês de outubro apresentando variação de 0,82% no mês contra os 0,42% em outubro de 2014. O destaque em outubro foi para o grupo de Transportes (1,72%) como pode ser visto na Tabela 2.1. Segundo a publicação do IBGE, esse aumento foi puxado pelos reajustes nos preços dos combustíveis nesse mês. O consumidor pagou em média 5,05% a mais pelo litro de gasolina, sendo a maior variação em São Paulo (6,12%) e a menor em Vitória (1,72%), reflexo nas bombas do aumento de 6,00% autorizado nas refinarias desde 30 de setembro.
  • 9. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 - Gráfico 2.1 Variações mensais do IPCA para 2014 e 2015 Fonte: Formulação própria com dados fornecidos pelo IBGE, Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor. No acumulado do ano o IPCA apresentou variação geral de 8,52%, sendo observado valor inferior de 7,5% para Vitória. Os fatores que impactaram no índice foram o fim do represamento de preços da energia elétrica e dos combustíveis, que eram vigentes até o final do ano passado. A partir de 2015 houve reajustes nestes preços (a contribuição cobrada sobre os combustíveis começou a ser reajustada com o decreto presidencial 8.395 já no início do ano). Tabela 2.1 Variações mensais por grupos (%) – IPCA Fonte: Formulação própria com dados fornecidos pelo IBGE 0.55 0.69 0.92 0.67 0.46 0.4 0… 0.57 0.42 1.24 1.22 1.32 0.71 0.74 0.79 0.62 0.22 0.54 0.82 jan fev mar abr mai jun jul ago set out 2014 2015 Grupos Jan fev mar abr mai jun jul ago set out Acum 2015 Alimentação 1,48 0,81 1,17 0,97 1,37 0,63 0,65 -0,01 0,24 0,77 8,37 Habitação 2,42 1,22 5,29 0,93 1,22 0,86 1,52 0,29 1,3 0,75 16,87 Residência -0,28 0,87 0,35 0,66 0,36 0,72 0,86 0,37 0,19 0,39 4,58 Vestuário -0,69 -0,6 0,59 0,91 0,61 0,58 - 0,31 0,2 0,5 0,67 2,47 Transportes 1,83 2,2 0,46 0,11 -0,29 0,7 0,15 -0,27 0,71 1,72 7,53 Saúde 0,32 0,6 0,69 1,32 1,1 0,91 0,84 0,62 0,55 0,55 7,75 Despesas pessoais 1,68 0,86 0,36 0,51 0,74 1,63 0,61 0,75 0,33 0,57 8,33 Educação 0,31 5,88 0,75 0,21 0,06 0,2 0 0,82 0,25 0,1 8,77 Comunicação 0,15 -0,02 -1,16 0,3 0,17 0,34 0,3 0,14 0,01 0,39 0,61 Índice Geral 1,48 0,81 1,17 0,97 1,37 0,63 0,65 -0,01 0,24 0,77 8,52
  • 10. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 - A Tabela 2.1 apresenta a variação mensal do IPCA por grupos de gastos com consumo familiar, bem como o acumulado no ano de 2015 até outubro. O destaque foi para o grupo de Habitação com variação acumulada de 16,7%, seguido por Educação de 8,8% e Alimentação e bebidas de 8,4%. Em Habitação o destaque é do item energia elétrica residencial em que houve aumento acumulado no ano neste grupo geral de 49,03%, e em Vitória de 37,67%. Em seguida, destaca-se o grupo de Combustíveis os aumentos sofridos nos preços do gás de botijão, respectivamente, de 21,40% e 20,72%, no geral e na capital capixaba. Em relação ao grupo Educação a maior variação geral ocorreu no item cursos diversos (10,32%) com destaque para o curso de idioma (13,82%). Nos cursos formais apesar da menor variação acumulada (9,17%) vale ressaltar o expressivo aumento nos preços das creches (15,77%). Já na capital capixaba, a maior variação acumulada no ano até outubro de 2015 foi observada nos cursos regulares (10,11%), valor puxado pelos aumentos nos valores do ensino médio (13,51%) e do ensino infantil (13,42%). Com relação ao grupo de Alimentação e bebidas, as maiores variações ocorreram na alimentação fora do domicílio com valores acumulados no ano de 8,90% no geral e de 9,51% em Vitória. Outro indicador utilizado na mensuração da inflação é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que difere do IPCA apenas no que diz respeito à abrangência, uma vez que considera as famílias com rendas mensais de até cinco salários mínimos. A inflação para o INPC perdeu força no último mês do primeiro semestre sendo que o mesmo movimento pode ser observado nos dois meses seguintes. O acumulado no ano em outubro fechou em 9,07% bem acima da taxa de 5,02% relativa ao mesmo período em 2014. O acumulado dos 12 meses anteriores a outubro foi de 10,33%. Estes valores foram menores para Vitória de 7,89% e 8,53% respectivamente.
  • 11. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 - Gráfico 2.2 Variações mensais do INPC para 2014 e 2015 Fonte: Formulação própria com dados fornecidos pelo IBGE Pode-se observar no Gráfico 2.1 do INPC que, tal como no caso do IPCA, houve um aumento nos preços dos produtos para o consumidor de até cinco salários mínimos, e as movimentações do primeiro semestre também seguiram em 2015 o padrão do ano anterior com exceção do mês de abril. Esta baixa no INPC de 0,19 p. p de junho para julho tem como responsável a queda na variação mensal de preços no grupo de alimentos e bebidas que fez com que houvesse uma redução dos preços de produtos requisitados pelo o alvo da pesquisa do INPC, ou seja, as famílias do grupo de menores rendas. IGP-DI e IGP-M O Índice Geral de Preços (IGP) é outro indicador de preços importante para acompanhar a dinâmica inflacionária da economia brasileira. Calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), devido à sua composição2 , permite a análise da inflação em diferentes etapas do processo produtivo, apurando as variações de preços no atacado e no varejo. O IGP se subdivide em índices que se diferenciam quanto à periodicidade de coleta dos dados. Enquanto o IGP-DI (Disponibilidade Interna) é medido do primeiro ao último dia de cada mês, o IGP-M (Mercado) é apurado do dia 20 de um mês até o dia 21 2 O IGP é uma média aritmética ponderada dos índices: Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), Índice de Preços ao Consumidor (IPC), e Índice Nacional de Custo da Construção (INCC); aplicados os pesos de 60%, 30% e 10% respectivamente. 0.63 0.64 0.82 0.78 0.6 0.26 0.13 0.18 0.49 0.38 1.48 1.16 1.51 0.71 0.99 0.77 0.58 0.25 0.51 0.77 jan fev mar abr mai jun jul ago set out 2014
  • 12. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 - do próximo mês. Os índices são utilizados para correção de valores contratuais: o IGP-DI é o indexador da dívida dos estados com a União e o IGP-M contratos como os de fornecimento de energia elétrica. A variação do IGP-DI acumulado no primeiro semestre do ano foi de 4,48%, percentual superior ao acumulado no mesmo período de 2014 (2,10%). Analisando separadamente os componentes do índice, o IPA variou 3,65% (em face ao acumulado de 0,84% no primeiro semestre de 2014); o IPC variou 6,42% (ante um aumento de 4,19% comparado ao mesmo período do ano anterior); e o INCC variou 5,19% (próximo aos 5,18% em 2014). Em outubro o IDP-DI já acumulava uma alta de 8,91% no ano e 10,58% em 12 meses. As elevações dos componentes IPA e IPC foram reflexos da combinação dos efeitos do fim da política de controle de preços (energia e derivados energéticos de petróleo, por exemplo), do período prolongado de estiagem, da elevação de tributos e da alta do dólar, tudo isso em um ambiente de enfraquecimento da atividade econômica. No Gráfico 2.3 é possível observar a variação mensal do IGP-DI de janeiro de 2015 a outubro de 2015, bem como as variações dos componentes do índice. O IPA foi responsável por influenciar a movimentação agregada do IGP-DI. Isso, no entanto, não ocorre no mês de fevereiro, quando, devido à grande variação negativa do IPC, o IGP-DI também retrocedeu percentualmente. O Gráfico 2.3 mostra uma tendência de queda das variações dos níveis de preços analisados, todavia, é importante destacar que o mesmo movimento ocorreu em 2014, mas a níveis mais baixos que os registrados no ano vigente. Gráfico 2.3 IGP-DI e componentes (% a.m) Fonte: Formulação própria com dados fornecidos pelo IBRE/FVG 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 IGP-DI IPA IPC INCC
  • 13. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 - No IPA, os maiores aumentos foram provenientes do item Bens Finais, mas todos os outros itens (bens intermediários e matérias- primas) tiveram variação superior àquela observada em 2014, de acordo com os dados desagregados do índice. Os resultados do IPA decorreram em grande parte das elevações de contribuições e tarifas, a exemplo do PIS/Pasep e Cofins de produtos importados (na média, de 9,25% para 11,75% de tributação de acordo com a Lei nº 13.137, de 19 de junho de 2015) que são por muitas vezes insumos para diversas produções internas. O IPC teve uma trajetória geral com tendência descendente até agosto de 2015, assim como no mesmo período do ano anterior. Merecem atenção os setores Habitação e Transportes (10,27% e 6,29%, respectivamente, no acumulado de janeiro a agosto), sendo que o primeiro foi o setor com a segunda maior variação, atrás somente de Despesas Diversas (11,13%). O grupo Habitação foi influenciado pelo aumento no preço da tarifa de energia elétrica residencial, que foi reajustado desde o início do ano em diversas ocasiões. O setor de Transportes foi pressionado além dos aumentos já descritos pela elevação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) conforme o decreto presidencial 8.395. No INCC o custo da mão-de-obra foi o maior responsável pelos valores do índice no primeiro semestre (um aumento acumulado de 7,99% em 12 meses enquanto o subgrupo de Materiais, equipamentos e serviços acumulou alta de 5,82%). O item mão-de-obra é inclusive o responsável pela movimentação expressiva do INCC no mês de junho, já que, de acordo com dados da FGV, houve aumento de custos de mão de obra no setor devido à correção de salários e carências de profissionais qualificados. O IGP-M apresentou comportamento similar ao IGP- DI, como pode ser visto no Gráfico 2.2. O IGP-M acumulado no primeiro semestre de 2015 (4,33%) foi superior ao do ano anterior (2,45%), assim como o índice de Disponibilidade Interna. Em outubro de 2015 o IGP-M acumulava alta no ano de 8,35% e 10,09% de variação em 12 meses.
  • 14. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 - Gráfico 2.4 IGP-M e componentes (% a.m) Fonte: Formulação própria com dados fornecidos pelo IBRE/FVG Analisando cada componente separadamente, o IPA variou 4,52% (percentual acima dos - 0,12% registrados de janeiro a agosto de 2014); o IPC variou 7,22% (contra 4,48% de variação no mesmo período do ano anterior) e o INCC variou 6,15% (ante aos 5,77% até agosto de 2014). Apesar da tendência de decrescimento dos índices no primeiro semestre de 2015, a situação fiscal do governo indica uma possível elevação de impostos e tarifas de transações bancárias, de energia e de combustíveis. O aumento de tarifas bancárias possui menor impacto sobre a inflação, mas os aumentos sobre a energia e combustíveis interferem diretamente sobre o preço de necessidades básicas, como o fornecimento de água e os alimentos. ICV e Cesta Básica A variação acumulada no primeiro semestre de 2015, pelo Índice de Custo de Vida (ICV)3 , foi de 7,03%, sendo os grupos que apresentaram taxas acima da geral os de Habitação (11,46%), Transporte (8,03%), Educação e Leitura (7,30%) e Despesas Pessoais (7,07%). Estes valores foram superiores à variação 3 O ICV é medido pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), tendo o município de São Paulo como base para os estudos. A análise é feita de acordo com as seguintes variáveis: Alimentação, Habitação, Equipamento Domestico, Transporte, Saúde, Vestuário, Educação e Leitura, Despesas Pessoais e Despesas Diversas. -0.50 0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 IGP-M IPA IPC INCC
  • 15. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 - acumulada no mesmo período de 2014, de 4,13%, na qual os mesmos grupos registraram variações inferiores para os dois primeiros de 3,00%, 1,51%, e superiores para os dois últimos 8,49% e 8,35% respectivamente. Em relação ao grupo de Habitação, a diferença relevante no acumulado do semestre foi verificada no subgrupo operação do domicílio (16,19%) devido principalmente aos reajustes dos preços nos serviços administrados de energia elétrica (51,80%) e água e esgoto (22,79%). Na variação de junho o custo de vida aumentou em 0,81% em São Paulo, em relação a maio de 2015. Destacam-se os grupos de Habitação (2,41%), seguido por Saúde (0,55%) e Alimentação (0,50%) e, o único grupo que apresentou uma variação negativa foi o de Transporte (- 0,33%). Para o grupo Habitação, o maior aumento foi no aumento nos condomínios de 3,62%, seguido pelos aumentos na operação do domicílio (2,72%), consequência dos reajustes da água no mês (15,30%) e no gás de rua (5,95%). O aumento da taxa no grupo de Saúde, neste período foi devido ao reajuste de seguros e convênios médicos (0,75%). No grupo Alimentação, os maiores aumentos se observaram na alimentação fora do domicílio (0,71%), onde o maior aumento foi das refeições por quilo (1,15%), e nos produtos da indústria alimentícia (0,70%) destacam-se as altas da mussarela (5,73%), da salsicha (2,77%) e do leite (2,00%). Já a queda no grupo de Transporte pode ser explicada pela diminuição do valor dos combustíveis no mês de -1,00%, tendo o álcool (-1,69%) e a gasolina (-0,79%). A análise do impacto da inflação nos três estratos4 sociais revela um aumento no custo de vida diferenciado segundo tercis da renda das famílias paulistanas, sendo que as taxas em junho foram maiores para as famílias de mais baixa renda, de 1,09% no estrato I, 0,90% para o estrato II e de 0,76% no estrato III. Essa relação pode ser vista no Gráfico 2.5, sendo desagregada nos grupos de Habitação, Saúde, Transporte e Alimentação. Observa-se que os grupos de Habitação e Alimentação tiveram maior impacto sobre as famílias do estrato I. Enquanto o grupo de saúde impactou mais no estrato III, 4 A população da análise é dividida em três estratos sociais e suas especificas faixas de renda; sendo: Estrato I com 1/3 da população de menor renda cuja renda média foi de R$ 377,49; Estrato II com renda média de R$ 934,17 e Estrato III com renda média de R$ 2.782,90.
  • 16. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 - assim como este também se beneficiou mais com as reduções observadas no grupo de transporte. A inflação acumulada anual (jul/2014 a jun/2015), pelo ICV- DIEESE, registrou uma taxa de 9,71%, sendo maior nos grupos Habitação (15,74%) e Despesas Diversas (10,25%). Novamente o destaque foi para os aumentos nas tarifas de energia elétrica nos últimos doze meses (79,01%) e nos condomínios (16,11%). Já nas Despesas Diversas a maior variação acumulada se deu nas despesas de comunicação (12,4%). O aumento em doze meses também foi maior para as famílias do estrato I (11,22%), seguida do estrato II (10,33%) e estrato III (9,13%). Pôde ser observado, que os componentes que mais afetaram o custo de vida, para os estratos I e II, foram respectivamente: Habitação (20,45% e 17,7%) e Transporte (11,76% e 10,31%), sendo a primeira puxada pela variação na Operação do domicílio (27,88%) e a segunda, no Transporte coletivo (13,86%). Para o estrato III, os maiores aumentos foram verificados nos grupos Habitação (13,81%) e Despesas diversas (10,58%). Gráfico 2.5 - Taxa de variação (%) componentes da cesta básica – Junho 2015 Fonte: DIEESE 0.8 0.64 0.48 0.05 0.07 0.09 -0.02 -0.04 -0.05 0.18 0.16 0.15 1.09 0.9 0.76 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 Estrato I Estrato II Estratro III Habitação Saúde Transporte Alimentação Total
  • 17. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 - Pela análise do preço da cesta básica5 em junho realizada pelo DIEESE houve uma queda em 15 das 18 cidades pesquisadas, sendo as maiores retrações em Salvador (-8,05%) e Rio de Janeiro (-6,71%) e as maiores altas em Belém (5,11%) e Manaus (2,49%). Em Vitória o recuo em junho foi de -5,15% em relação a maio de 2015. O maior valor da cesta registrado no mês foi em São Paulo (R$392,77) e o menor, em Aracaju (R$275,42), ficando na capital capixaba o valor observado em R$367,94. No acumulado no primeiro semestre de 2015 (janeiro a junho) todas as capitais registraram aumentos, sendo o destaque para Salvador com a maior variação (19,49%) e o menor em Belo Horizonte (7,18%). Em 12 meses (jul/2014 a jun/2015), todas as cidades apresentaram uma alta no preço da cesta básica, com destaque novamente para Salvador (14,72%), enquanto Natal (3,51%) apresentou o menor crescimento. Para Vitória os valores acumulados no semestre 5 Refere-se a um índice que mede o preço médio da cesta básica dos alimentos em dezoito capitais brasileiras, calculado também pelo DIEESE. Os alimentos considerados pelo DIEESE, que compõe a cesta básica são: carne, leite, feijão, arroz, farinha de trigo/mandioca, batata, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo, manteiga. e em 12 meses foram respectivamente 10,44% e 6,35%. Em junho, os preços que predominaram foram os da carne bovina, do leite, do pão francês e da batata. Já os que apresentaram retração foram o feijão e o tomate. De acordo com análises feitas pelo DIEESE, em 12 meses em relação aos preços da carne bovina houve elevação do preço em todas as capitais acompanhadas, sendo a menor registrada em Vitória (10,55%) e a maior em Campo Grande (24,30%). A alta foi explicada pelo órgão pela restrição na oferta, pelo aumento das exportações (juntamente com o aumento do dólar) e pelos altos custos de reposição de bezerros. Já o aumento no preço do leite, pelo quarto mês consecutivo, justificou-se pelo período de entressafra, enquanto o pão francês foi relacionado à desvalorização do real em relação ao dólar, uma vez que parte do trigo é importado, além da menor produção interna do produto e os aumentos nas tarifas de água e energia. De acordo com a análise feita pelo DIEESE, ao comparar o custo médio da cesta com o salário mínimo liquido, o trabalhador remunerado comprometeu, em junho desse ano, 47,49% de seu
  • 18. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 - salário mínimo liquido para gasto com cesta básica, já no mesmo período de 2014 correspondia a 47,43%. O maior valor da cesta básica de São Paulo, segundo o DIEESE, comprometeu 54,18% do salário mínimo líquido (após desconto da previdência), percentual acima dos 53,24% de junho de 2014. Para Vitória esse percentual foi de 50,75% em junho de 2015, 49,65% no mesmo mês do ano anterior. Em Junho de 2015, segundo o DIEESE, para a manutenção de uma família de quatro pessoas seria necessário um salário mínimo de R$ 3.299,666 ou 4,19 vezes mais que o mínimo de R$ 788,00. Ou seja, isso demonstra o quanto é impactante a relação de salário mínimo e o valor da cesta, visto que esse é só um dos gastos das famílias brasileiras. No mês de setembro, de acordo com DIEESE, a inflação no custo de vida apresentou uma variação no ano de 8,64%, tendo apenas o grupo de Habitação uma taxa acumulada superior de 15,31% devido, principalmente, ao aumento das taxas de condomínio e serviços públicos, 6 Levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. com 14,58% e 31,92% respectivamente. Já em relação ao preço médio da cesta básica os valores recuaram neste mesmo mês, a que apresentou maior alta foi de Porto Alegre (R$385,70) pouco superior a São Paulo (R$383,21) e as que apresentaram o menor valor foram de Aracaju (R$280,26) e Natal (R$282,72), ambas vem apresentando o menor valor desde o início do ano. O mesmo movimento de queda se verificou para Vitória cujo valor registrado em setembro foi de R$361,54.
  • 19. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 - 3. NÍVEL DE ATIVIDADE PIB NACIONAL Economistas adoram criar metáforas para explicar fenômenos econômicos. O “voo da galinha” é uma delas, usada para descrever a falta de sustentação do crescimento da economia brasileira. Porém, neste ano há riscos de que a galinha não consiga sequer voar, isso se tomarmos como base os últimos resultados divulgados pelo IBGE para o Produto Interno Bruto do país que, no acumulado do ano,alcançou R$ 2,83 trilhões em valores correntes, com uma queda de 2,1% quando comparado com igual período do ano anterior. Como maior agregado macroeconômico brasileiro e o principal indicador do nível da atividade econômica, ao completar o segundo trimestre consecutivo de queda, os dados relativos ao PIB apontam para o que os economistas denominam de recessão técnica. Tabela 3.1 - Brasil: Produto Interno Bruto – Valores Correntes – (R$ milhões) Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais. Analisando a composição do PIB pela ótica da oferta, isto é, com base no Valor Adicionado dos três grandes setores produtivos da economia, a citar, Agropecuária, Indústria e Serviços, o primeiro, cujo peso relativo para a composição total do PIB foi de 5,5% em 2014, foi o único a apresentar variação Setor de Atividade 1º Sem/2014 1º Sem/2015 Agropecuária 1 441 470 1 557 410 Indústria 495 978 531 523 Serviços 1 466 286 1 730 684 Impostos sobre produtos 368 836 418 380 PIB a preços de mercado 2 475 244 2 836 327 Despesa de consumo das famílias 1 588 033 1 783 882 Despesa de consumo do governo 514 486 570 872 Formação bruta de capital fixo 422 932 530 962 Exportação de bens e serviços 299 693 341 442 Importação de bens e serviços (-) 373 625 406 046
  • 20. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 - positiva, acusando expansão de 3,0% no primeiro semestre de 2015, quando comparado com igual período do exercício anterior. Esse resultado foi, em parte, influenciado por alguns produtos que possuem safra relevante no segundo trimestre do ano, como é o caso da soja, milho e arroz. A Indústria, setor que nos últimos anos vem apresentando retrações recorrentes, sofreu nova queda no primeiro semestre desse ano, desta vez de 4,1%, resultado fortemente influenciado pela queda na produção de máquinas e equipamentos, bem como produtos automotivos, eletrônicos e de informática. Vale destacar que, desde 2006, o grande setor Indústria, que pode ser decomposto em quatro subsetores, Extrativa, Transformação, Produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana, e Construção Civil, vem perdendo força frente à composição total do PIB, visto que, em 2005, o setor representava 28,6% da produção total do país, contra 23,4% em 2014. Em se mantendo o ritmo apresentado no primeiro semestre de 2015, deverá fechar o exercício em torno de 21,6% do total do PIB, fato que empresta especial importância à defesa do argumento de que estaria em curso no país um autêntico processo de desindustrialização. O quadro se agrava se levarmos em conta que não há expectativas de uma possível melhora no curto prazo, haja vista a ausência de uma robusta política industrial que contemple uma forte introdução de ciência e tecnologia com a finalidade de elevar os índices de produtividade. A Indústria, ao sofrer com a retração na demanda, com a queda dos investimentos no setor e com o acúmulo de estoques, influencia negativamente os demais setores da economia e dificulta a retomada do crescimento. O setor de Serviços, que também inclui a atividade do Comércio e representou, em 2014, 71,1% do PIB brasileiro, também apresentou queda no primeiro semestre de 2015, recuando 1,3% quando comparado a igual período de 2014. Tal resultado negativo foi fortemente influenciado pela elevação da inflação e pela deterioração do mercado de trabalho, pois contribuem para a redução do poder de compra do consumidor e afetam diretamente o Comércio, atividade que registrou a mais significativa queda, 6,6% em relação ao primeiro semestre do ano imediatamente anterior. Por sua vez, analisando os dados do PIB pela ótica do dispêndio, isto é, a partir da somatória dos gastos totais da sociedade
  • 21. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 45 - brasileira com Despesa de Consumo das famílias, Despesa de Consumo do Governo, Investimento, este último representado na conta denominada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), além das Exportações deduzidas as Importações, o cenário também preocupa. Especialmente se olharmos com atenção para a queda de 9,8% na FBCF ao longo do primeiro semestre deste ano, quando comparada ao mesmo período do ano anterior. Essa rubrica evidencia que está em curso a redução da capacidade produtiva futura de uma economia por meio de investimentos correntes em ativos fixos. Ao computar, basicamente, novos investimentos em máquinas, equipamentos e construção civil, a FBCF traduz-se em um indicador que sinaliza, em última instância, a expectativa e os níveis de confiança dos empresários em relação ao futuro. O fraco desempenho dessa conta para o conjunto do PIB brasileiro pode ser atribuído a diversos fatores, entre eles, a redução do ritmo do crescimento econômico mundial, a instabilidade econômica e política internas, as altas taxas de juros e a elevação na taxa de câmbio, que, conjuntamente, provocam tanto a queda da produção interna de bens de capital como das importações de máquinas e equipamentos, além de afetar negativamente o setor da construção civil e inibir encomendas de novos ativos tangíveis e intangíveis.
  • 22. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 - Tabela 3.2 - Brasil: Produto Interno Bruto – Taxa Acumulada ao longo do ano – (%) Setor de Atividade 2014.III 2014.IV 2015.I 2015.II Agropecuária 0,2 0,4 4,0 3,0 Indústria -0,9 -1,2 -3,0 -4,1 Extrativa Mineral 8,4 8,7 12,8 10,4 Transformação -3,2 -3,8 -7,0 -7,6 Construção Civil -2,6 -2,6 -2,9 -5,5 Prod. e distrib. de eletricidade, gás e água 1,4 -2,6 -2,9 -5,5 Serviços 0,8 0,7 -1,2 -1,2 Comércio -1,4 -1,8 -6,0 -6,6 Transporte, amarzenagem e correio 2,4 2,0 -3,6 -4,8 Serviços de informação 5,6 4,6 2,9 1,7 Interm. financ. seguros, prev. compl. e serv. rel. 0,1 0,4 -0,4 0,0 Outros serviços -0,2 0,1 -0,6 -1,2 Ativ. imobilárias e aluguel 3,4 3,3 2,8 2,8 Adm. saúde e educação públicas 0,7 0,5 1,4 -0,4 Valor adicionado a preços básicos 0,4 0,2 -1,2 -1,7 PIB a preços de mercado 0,3 0,1 -1,6 -2,1 Despesa de consumo das famílias 0,8 0,9 -0,9 -1,8 Despesa de consumo da administração pública 1,9 1,3 -1,5 -1,3 Formação bruta de capital fixo -3,9 -4,4 -7,8 -9,8 Exportação de bens e serviços 2,5 -1,1 3,2 5,6 Importação de bens e serviços (-) 0,1 -1,0 -4,7 -8,2 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais. Além disso, o aumento das taxas de desemprego, inflação e taxa de juros afetou direta e negativamente o resultado da Despesa de Consumo das Famílias e da Despesa de Consumo do Governo, rubricas que apresentaram queda de 1,8% e 1,3%, respectivamente, no primeiro semestre do ano, quando comparado a igual período de 2014. Com a deterioração do mercado de trabalho, fator que empurra para baixo a capacidade e o poder de compra das famílias, o cenário econômico atual não se apresenta propício para uma possível recuperação do consumo, tanto que, no resultado do primeiro semestre de 2015, todos os componentes da demanda interna apresentaram queda. Complementando a análise do PIB pela ótica da despesa, no setor externo, a alta do dólar teve um impacto favorável para as Exportações, que cresceram 5,6% no primeiro semestre do
  • 23. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 - ano. Os bens que obtiveram maior crescimento foram petróleo e carvão, siderurgia, metalurgia e veículos automotores. A desvalorização cambial e a queda nas compras externas impactaram nas Importações, que recuaram 8,2%, no acumulado do ano. Por mais que os preços das commodities tenham sofrido queda nos últimos seis meses, a desvalorização cambial contrabalançou a perda no setor externo. Gráfico 3.1 – Resultado PIB – Taxa acumulada nos últimos quatro trimestres em relação ao mesmo período do ano anterior (%) Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais. Diante dos dados apresentados, o cenário de crise permanece, principalmente se levadas em conta a instabilidade e continuidade das pressões políticas sofridas pelo governo. Pelos indicadores aqui analisados, o país está distante de uma recuperação e as projeções são de queda no nível de atividade também no segundo semestre. Segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central do Brasil (IBC-BR), indicador considerado como uma prévia do resultado do PIB, a expectativa é de retração do principal agregado macroeconômico brasileiro em um percentual que pode variar entre 2,0% e 3,0% em 2015. Indústria Segundo o IBGE, a produção física da indústria nacional -0.9 0.6 -2.5 -0.2 0.2 0.4 -6.9 -1 -2.5 -1.2 1.6 -2.9 -0.5 -0.6 -0.3 -7.9 1 -4.7 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 2015.I 2015.II
  • 24. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 - retraiu 6,6% de janeiro a julho de 2015, mantendo a tendência de encolhimento da atividade industrial no Brasil, especialmente, a indústria de transformação. As quatro grandes categorias econômicas do setor – bens de capital, bens de consumo duráveis, bens de consumo semi e não-duráveis, bens intermediários – apresentaram resultados negativos no acumulado do ano. A maior queda foi registrada no setor produtor de bens de capital, com um recuo de 20,9%. Nas demais categorias são observadas contrações de 14,2%, no setor d e bens de consumo duráveis, de 7,0% no setor de bens de consumo semi e não-duráveis e de 3,4% no setor de bens intermediários. No segmento bens de capital, quase todos os grupamentos apresentaram recuo. A maior queda deu-se novamente no âmbito equipamentos de transporte, com 26,6% de redução, devido, principalmente, contração da produção de caminhão e trator para reboques e semi-reboques, veículos para transporte de mercadorias, reboques e semi-reboques, ônibus e vagões para transporte de mercadorias. No tocante aos bens de capital mistos, a indústria da construção foi um dos setores mais atingidos. Isso, em parte, deve-se ao fato de que as principais empreiteiras do Brasil, responsáveis pelas maiores obras de infraestrutura do país, foram atingidas pela operação Lava Jato, contribuindo para o desempenho ruim da indústria da construção. Pressionado, principalmente, pela menor fabricação de automóveis, a qual recuou 13,0%, o segmento de bens de consumo duráveis teve uma queda de 14,2%, quando comparado o primeiro semestre de 2015 com o mesmo período do exercício anterior. Outros setores que apresentaram contribuições negativas relevantes foram os de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos com queda de 29,0%, no acumulado no ano.
  • 25. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 - Tabela 3.3 - Produção Física Industrial por Atividades (Variação % Acumulada em relação à igual período do Ano Anterior) Atividade / Mês Jul14- Jul15 Acum ano Acum 12m Indústria Geral -8,9 -6,6 -5,3 Indústrias Extrativas 2,9 8,4 8,1 Indústria de Transformação -10,5 -8,5 -7,0 Fabricação de produtos alimentícios -7,2 -3,8 -4,3 Fabricação de bebidas -10,5 7,6 -4,8 Fabricação de produtos de fumo 1,0 -8,3 -2,9 Fabricação de produtos têxteis -18,6 -10,3 -8,6 Confecção de artigos do vestuário e acessórios -11,6 -10,5 -7,4 Prep couros, fab artef couro, artigos viagem, calçados -3,9 -4,3 -3,3 Fabricação de produtos de madeira -7,8 -3,2 -3,5 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 2,6 0,3 0,3 Impressão e reprodução de gravações -21,6 -11,9 -7,7 Fabric. coque, prod deriv.petróleo e biocombustíveis -6,2 -6,0 -2,1 Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos -14,3 -15,5 -9,2 Fabric. Sabões/detergentes/prod limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal -3,1 -3,8 -1,9 Fabricação de outros produtos químicos -6,4 -3,6 -3,7 Fabricação de produtos de borracha e material plástico -9,0 -6,5 -5,4 Fabricação de produtos de materiais não-metálicos -6,9 -5,4 -4,5 Metalurgia -7,9 -7,6 -8,5 Fabric.produtos metal, exc.máquinas e equipamentos -13,0 -9,2 -9,7 Fabricação de máquinas e equipamentos -15,1 -11,4 -9,0 Fabric.Equipam.informática, prod. eletrônicos e ópticos -34,8 -29,0 -22,8 Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos -15,7 -6,8 -6,5 Fabricação de equipamentos de comunicação -45,8 -18,4 -8,3 Fabric instr. mat uso médico/odontológico/art. ópticos -5,4 9,0 10,6 Fabr veículos automotores, reboques e carrocerias -19,1 -20,2 -18,2 Fabric.outros equip. Transp., exc.veículos automotores -14,6 -5,8 -4,7 Fabricação de móveis -16,9 -8,7 -7,5 Fabricação de produtos diversos -10,0 2,9 -1,1 FONTE: IBGE / Sidra - Pesquisa da Indústria Mensal Produção Física
  • 26. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 - No acumulado dos primeiros sete meses do ano, a categoria de bens de consumo semi e não- duráveis apresentou retração de 7,0%. A produção de alimentos sofreu queda de 3,8%. Já nos setores de bebidas e vestuário e no de acessórios houve queda de 7,6% no primeiro e 10,5% no segundo. Distintamente dos demais segmentos a indústria extrativa apresentou crescimento da ordem de 8,4% no acumulado do ano, quando comparado com igual período do ano imediatamente anterior. Impulsionada, principalmente, pelo bom desempenho de itens como minério de ferro pelotizado e bruto e óleos brutos de petróleo, não obstante ter sido diretamente afetada pela redução do ritmo de crescimento mundial, em especial da China, maior consumidor de minério de ferro do mundo. A indústria extrativa ainda assim acabou sendo positivamente influenciada pelos resultados das exportações de seus principais produtos, haja vista terem sido beneficiados pela alta do dólar. Porém, o bom desempenho do setor não foi suficiente para evitar a retração de 3,4% na categoria de bens intermediários. Tabela 3.4 - Produção Física Industrial Trimestral por Categorias de Uso (Variação % em Acumulada relação à igual período do ano anterior) FONTE: IBGE / Sidra - Pesquisa da Indústria Mensal Produção Física Indústria Capixaba No Espírito Santo, a indústria teve um desempenho relativamente melhor do que a indústria nacional face a sua grande dependência por bens semi-elaborados e primários voltados para exportação. De janeiro a julho, a indústria capixaba acumulou crescimento de 14,9% frente ao recuo de 6,6% sofrido pela indústria brasileira. Atualmente, o crescimento da indústria capixaba é puxado pelo desempenho do setor de Atividade / Período Jan-Jul 2014 Jan-Jul 2015 Bens de Capital -7,8 -20,9 Bens Intermediários -2,5 -3,4 Bens de Consumo Duráveis -9,0 -14,2 Bens de Consumo Semi e Não Duráveis 0,4 -7,0 Indústria Geral -2,8 -6,6
  • 27. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 - fabricação de celulose, papel e produtos de papel, indústria extrativa e setor de metalurgia. O setor de fabricação de celulose, papel e produtos de papel, cresceu 2,2%, enquanto a indústria extrativa expandiu 22,1%. Já o setor de metalurgia, teve o melhor desempenho, com crescimento de 30,2%. Os resultados positivos garantiram ao Espírito Santo o melhor desempenho entre os quinze estados pesquisados pelo IBGE, seguido pelo Pará, onde também há forte presença da indústria extrativa. Tal fato denota a importância desse setor da indústria na diminuição do impacto negativo sobre a indústria nacional, além de contribuir para o crescimento da indústria capixaba. No entanto, por outro lado, os mesmos resultados mostram a forte dependência do Espírito Santo em relação à produção e exportação de commodities agrícolas e minerais, deixando a economia capixaba refém do crescimento econômico externo e do comportamento do dólar. Comércio A queda do poder de compra da população, o maior endividamento das famílias e a instabilidade do emprego foram as principais causas apontadas pelo boletim da Confederação Nacional da Indústria para explicar a queda de 1% nas vendas do comércio varejista, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio - PMC, divulgada pelo IBGE no mês de julho deste ano. Pode-se citar como outro fator preponderante desse movimento, a alta da inflação. Mantendo a tendência de queda durante todo o primeiro semestre do ano, tal movimento do volume de vendas no país deve perdurar pelo segundo semestre, principalmente se aprovadas asmedidas propostas pelo governo para levar a cabo o ajuste fiscal, as quais tenderão a elevar a tributação sobre a renda e o consumo. O setor que apresentou o melhor desempenho foi o de Outros artigos de uso pessoal e doméstico, o qual, no acumulado do ano, aumentou o volume e a receita de vendas, 3,4% e 8,1%, respectivamente, quando comparados com o primeiro semestrede 2014. Tal fato demonstra interessante comportamento da demanda, pois, apesar do clima de crise instalado no país, as pessoas continuam ainda consumindo artigos como revistas, cosméticos e outros produtos de beleza. Já o setor automobilístico, importante para a sustentação do nível da atividade econômica do país, apresentou, no acumulado do ano, queda de 11,4% na receita de vendas, o que levou montadoras como
  • 28. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 45 - Mercedez-Benz, Volkswagen e Chevrolet a suspender contratos de trabalho, demitir funcionários e/ou dar férias coletivas. Combustíveis e Lubrificantes, segmento considerado complementar do setor automobilístico, apresentou queda de 5,8% no acumulado do ano, demonstrando influência não apenas da queda da venda de veículos como também do aumento da gasolina, especialmente após o fim das desonerações fiscais que reduziam o impacto da carga tributária sobre combustíveis. Tabela 3.5 – Taxa de variação do volume de vendas e de receitas para as principais atividades (%) Atividades Julho/ Jun Acum Ano Acum 12 Meses Volume de Vendas Comércio varejista -1,0 -2,4 -1,0 Hiper.,Super., Alim., Beb. e Fumo -1,0 -1,8 -1,4 Móveis e eletrodomésticos -1,7 -11,5 -7,3 Outros art. de uso pessoal e doméstico 0,0 3,4 5,0 Comércio Varejista ampliado 0,6 -6,5 -4,9 Veic. e motos, partes e Peças 5,1 -15,3 -13,1 Combustíveis e lubrificantes -0,4 -3,3 -1,2 Material de Construção -2,4 -5,0 -3,5 Receita de Vendas Comércio varejista 6,8 6,5 -4,9 Hiper.,Super., Alim., Beb. e Fumo 7,6 6,3 6,4 Móveis e eletrodomésticos -10,8 -9,3 -3,8 Outros art. de uso pessoal e doméstico 5,3 8,1 10,0 Comércio varejista ampliado 0,2 -0,3 0,9 Veic. e motos, partes e Peças -8,6 -11,4 9,6 Combustíveis e lubrificantes 7,5 5,8 6,3 Material de Construção -2,5 -0,4 1,4 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas. Coordenação de Serviços e Comércio. Outro setor a apresentar resultado negativo, no que diz respeito ao volume de vendas, foi o de Material de construção, o qual observou queda de 5% no acumulado do ano. Tal setor teve o resultado fortemente influenciado pela redução do crédito imobiliário, aliada ao cenário de maior instabilidade e insegurança da parte dos consumidores. A Caixa Econômica Federal, em maio deste ano, anunciou a redução do crédito imobiliário em R$30 milhões, o que afetou, principalmente, os resultados apresentados pelas construtoras envolvidas em grandes projetos governamentais, como o Programa Minha Casa, Minha Vida.
  • 29. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 - No geral, é importante observar que, apesar da queda no volume total de vendas do comércio varejista da ordem de 2,4% no acumulado do ano, a receita de vendas apresentou crescimento de 6,5% no mesmo período, o que empresta significativa importância a duas observações: que a elevação dos preços contrarrestou a redução das vendas e que o setor vive o pior resultado desde o ano de 2003, quando o mesmo sofreu queda de 6,7%. Comércio Capixaba No Espírito Santo, observou-se a mesma queda do volume de vendas na maior parte das atividades econômicas, repetindo a tendência nacional. O Comércio Varejista Ampliado registrou queda de 4,6% no primeiro semestre de 2015,quando comparado a igual período de 2014; Veículos, motos, partes e peçasfoi o segmento que apresentou a maior queda no volume de vendas, 21,2%, seguido por Outros artigos de uso pessoal doméstico, 15,3%, Combustíveis e lubrificantes, 14%, e Material de construção, o qual apresentou recuo de 10%, quando submetido a mesma comparação. Queda no nível do emprego e na confiança acerca da manutenção da empregabilidade, elevação da inflação, aumento das alíquotas sobre veículos constituem-se possíveis causas que concorrem para explicar o baixo desempenho do setor. Tabela 3.6– Taxa de variação do volume de vendas e de receitas para as principais atividades no Espírito Santo (%) Atividades Julho/Mês anterior Acum. Ano Acum. 12 Meses Volume de Vendas Comércio varejista -6,1 -4,6 -2,5 Hiper.,Super., Alim., Beb. e Fumo -3,0 -2,5 -2,6 Móveis e eletrodomésticos -8,7 -1,2 4,6 Outros art. de uso pessoal e doméstico -15,4 -15,3 -15,3 Comércio Varejista ampliado -8,5 -12,1 -4,8 Veic. e motos, partes e Peças -31,4 -21,2 -12,3 Combustíveis e lubrificantes -8,9 -14,0 -8,3 Material de Construção -8,8 -10,0 -9,2 Receita de Vendas Comércio varejista 1,5 2,3 4,0 Hiper.,Super., Alim., Beb. e Fumo 6,6 6,2 5,6 Móveis e eletrodomésticos -5,0 1,9 9,0 Outros art. de uso pessoal e doméstico -11,2 -11,5 -11,0 Comércio varejista ampliado -10,8 -6,8 -3,0 Veic. e motos, partes e Peças -27,7 -19,4 -12,3 Combustíveis e lubrificantes 0,7 -4,5 -1,4 Material de Construção -4,3 -4,8 -4,1 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas. Coordenação de Serviços e Comércio.
  • 30. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 - Impulsionada pela queda do volume de vendas da ordem de 4,6% no acumulado do ano (que corresponde ao primeiro semestre de 2015), a receita de vendas do comércio varejista ampliado apresentou queda de 6,8%, quando submetida à mesma base de comparação, influenciada, sobretudo, pela queda de 19,4% observada no segmento Veículos, motos, partes e peças, atividade de grande peso dentro do setor. Hiper e supermercados bem como Móveis e Eletrodomésticos foram os segmentos que contrariaram o movimento generalizado de queda, apresentando, no primeiro semestre do ano, crescimento de 6,2% e 1,9%, respectivamente, o que representa pouco diante de um cenário bastante adverso para o comércio capixaba. 4. EMPREGO E SALÁRIOS Para análise dos indicadores de empregos e salários na economia brasileira no período de janeiro a setembro de 2015, utilizamos os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Vale ressaltar que as metodologias utilizadas em cada pesquisa diferem e, portanto, não devem ser comparadas. O IBGE, no intuito de aperfeiçoar seu sistema de levantamento de dados e embasado nas recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT), substituiu a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), com maior abrangência territorial e com periodicidade baseada em trimestres móveis, mais favorável à elaboração de análise conjuntural. Tal pesquisa fornece informações relativas ao mercado de trabalho de acordo com parâmetros geográficos e educacionais da população, além de propiciar um melhor entendimento do conceito de trabalho. O DIEESE elabora a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), que realiza um levantamento domiciliar contínuo, em parceria com a Fundação SEADE. Atualmente a PED é realizada no Distrito Federal e em outras cinco Regiões Metropolitanas, constituindo o Sistema PED. A PED metropolitana deixou recentemente de ser realizada em Belo Horizonte devido à falta de verbas, tendo sua última divulgação sido feita em junho de 2014. A pesquisa é apoiada financeiramente pelo MTE,
  • 31. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 - porém, o poder executivo de Minas Gerais informa não ter recebido o repasse do auxílio em 2014. O MTE tem a responsabilidade de publicar o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) que contabiliza os dados de emprego em forma de fluxo, ou seja, tendo como base o saldo total dos trabalhadores admitidos e desligados (aposentados, demitidos e falecidos). Os dados são utilizados, por exemplo, pelo Programa de Seguro- Desemprego e por outros programas sociais governamentais. IBGE - PNAD Contínua A PNAD Contínua, que abrange as vinte mais importantes regiões metropolitanas do Brasil em 3.500 municípios, apresentou tendência de alta ao longo dos meses de 2015. A metodologia da pesquisa subdivide a força de trabalho em ocupados (aqueles que estão exercendo atividade remunerada) e desocupados (todos aqueles que estão à procura e prontos para assumir um emprego na semana da pesquisa). A taxa de desocupação é uma inferência muito relevante, pois diz a proporção dos que estão computados como força de trabalho, mas que estão desocupados no período. O relatório da PNAD contínua apresentou a maior taxa de desocupados na série histórica iniciada em 2012, atingindo 8,3% no segundo trimestre de 2015, conforme Gráfico 3.1. O setor que mais desempregou no período foi o de construção; a região com a maior taxa de desocupação foi a do nordeste (10,3%); a faixa etária mais afetada pela desocupação foi de 14 a 24 anos, compreendendo os jovens e que totalizaram 43% dos desocupados do período; a parcela da população com ensino médio incompleto compreendeu o maior contingente de desocupados considerando os outros níveis de instrução. A taxa do segundo trimestre de 2015 correspondeu a um aumento de 1,5 p.p. em comparação com o mesmo período de 2014 (6,8%) e 0,4 p.p. em relação ao primeiro trimestre de 2015 (7,9%), atingindo, portanto, o maior patamar desde 2012. No que corresponde à tendência, os trimestres de 2015 rompem com a sequência histórica que mostrava uma queda na taxa de desocupação em 2014. Esta tendência acompanha a redução do nível de atividade, principalmente nos setores da indústria e construção que
  • 32. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 43 - GRÁFICO 3.1: TENDÊNCIA DO ÍNDICE DE DESOCUPAÇÃO (PNAD CONTÍNUA 2012 – 2015) Fonte: Elaboração própria a partir dos dados (PNAD/IBGE). tiveram as maiores demissões entre maio e junho 2015. O setor da Construção e da Indústria Geral registraram as maiores demissões no mercado de trabalho, sendo que, entre o primeiro e segundo trimestre de 2015, as maiores dispensas ocorreram no setor da Construção, sendo uma das maiores desde o início da pesquisa em 2012. Por outro lado, alguns setores da economia mostraram um aumento nas contratações como a Agricultura, Comércio, Administração Pública e Serviços (informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas), conforme Tabela 4.1. Como indicado anteriormente, a Indústria e a Construção apresentaram variações negativas.
  • 33. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 - TABELA 4.1: OCUPAÇÃO POR GRUPO DE ATIVIDADE Setor 1º Trimestre (mil) 2º Trimestre (mil) Variação (%) Agricultura 9548 9561 0,1 Indústria 13242 13101 -1,1 Construção 7645 7131 -6,7 Comércio 17439 17578 0,8 Adm. Pública 15004 15277 1,8 Serviços 10351 10768 4 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados (PNAD/IBGE). Quanto à dinâmica regional, o Nordeste obteve a maior variação positiva de desemprego, no segundo trimestre do ano corrente, com um aumento de 0,7 p.p. em relação ao primeiro trimestre, atingindo uma taxa de 10,3%. Já o Sudeste registrou uma taxa de desocupação de 8,3%, semelhante à taxa nacional, e com uma das menores expansões do período, de 0,3 p.p. A menor taxa de desocupados para o segundo trimestre foi a da região Sul (5,5%). A taxa de desocupação para quem tem ensino médio incompleto (13,8%) foi superior à verificada para outros níveis de instrução. Entretanto se constata uma redução de 0,2 p.p., quando confrontado com o primeiro trimestre. Para aqueles que têm ensino médio completo houve aumento da taxa chegando a 9,9% no segundo trimestre, sendo que no primeiro esse valor era de 9,5%. Com graduação completa houve redução do desemprego, pois no primeiro trimestre a taxa estava em 4,6% e no segundo 4,1%. Já quanto aos rendimentos, houve pequeno aumento nos trimestres de 2015 nos setores da Indústria, Construção e Setor público, negativo na Agricultura e 0% no Comércio. DIEESE – PED Os resultados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), no período de janeiro a setembro de 2015, podem ser observados através do Gráfico 4.2 que apresenta a média do Distrito Federal e das regiões metropolitanas analisadas: Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo. Como dito anteriormente, a ausência de Belo Horizonte se deve à interrupção momentânea das operações de coleta e tratamento de informações domiciliares na Região Metropolitana de Belo Horizonte (PED-RMBH). Vale ressaltar que a taxa de desemprego na pesquisa é
  • 34. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 - dividida em desemprego aberto (pessoas que procuraram trabalho de maneira efetiva nos 30 dias anteriores ao da entrevista e não exerceram nenhum trabalho nos sete últimos dias) e oculto, sendo este último dividido em outros dois subgrupos: desemprego oculto pelo trabalho precário e o desemprego oculto pelo desalento. GRÁFICO 4.2: EVOLUÇÃO DA TAXA DE DESEMPREGO TOTAL – PED (%) Fonte: Elaboração própria a partir dos dados (DIEESE/PED). A análise do Gráfico 4.2 revela o crescimento da taxa de desemprego em todos os meses pesquisados. Quando se observa o saldo final até setembro de 2015 é possível perceber que a taxa de desemprego apresentou crescimento de 27,62% no período. A combinação de demissões na maioria dos setores da economia e o retorno ao mercado de trabalho de pessoas que haviam deixado de procurar emprego nos últimos anos estão, também, entre as prováveis causas do aumento do nível de desemprego. Acompanhando esse aumento, merece também destaque o crescimento de atividades informais/autônomas, carentes da proteção advinda da legislação trabalhista. Dentre os setores afetados, o desemprego na construção civil é, sem dúvida, um dos mais preocupantes. Os aumentos recentes na taxa básica de juros e o quadro recessivo, acabam 10.50% 10.70% 11.50% 12.10% 12.50% 12.60% 13% 13.20%13.40% 0.00% 2.00% 4.00% 6.00% 8.00% 10.00% 12.00% 14.00% 16.00%
  • 35. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 - por desencadear um efeito inibidor na demanda agregada, afetando o custo do crédito provocando no setor uma forte redução em sua dinâmica, colocando-o entre os que mais demitiram no mês de julho deste ano. No primeiro semestre, 184 mil trabalhadores foram demitidos em todo país e, de acordo com informações do sindicato da categoria, a previsão agora é de mais 505 mil demissões até o fim do ano. Outro setor que também merece atenção é a indústria, que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cortou, só no mês de julho/2015, 85 mil postos de trabalho. Para enfrentar a onda de demissões, o governo anunciou o Programa de Proteção ao Emprego, cuja vigência teve início no último dia 7 de julho, com a divulgação de medida provisória resultado de negociações entre centrais sindicais, indústria e o governo. O programa permite a redução da jornada de trabalho em até 30%, com também redução nos salários. No caso da redução de jornada de 30%, a redução salarial será de no mínimo 15%, uma vez que o governo deve complementar outros 15% com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). No entanto, essa complementação será limitada a 65% do maior benefício do seguro-desemprego. Segundo o governo, o FAT possui os recursos necessários e o programa, no fim das contas, irá representar uma economia por poupar o fundo de desembolsos com seguro- desemprego e evitar a queda de arrecadação com INSS, FGTS e imposto de renda. Contudo, o trabalhador ainda terá parte de sua renda comprometida, o que em tempos de alta inflação compromete seriamente seu padrão de vida. Em relação às regiões metropolitanas, Porto Alegre foi a que apresentou o maior índice de crescimento de desemprego, chegando a atingir 0,68% no mês de setembro, com uma média de 0,33% entre janeiro e setembro/2015, conforme tabela seguinte. Segundo a economista do DIEESE, Virgínia Donoso, o resultado nesta região ocorreu porque a redução do nível ocupacional (-24 mil pessoas) foi maior que a retração da PEA, que teve a saída de 8 mil pessoas do mercado de trabalho. “O rítmo de crescimento do desemprego está acelerado”, afirmou Virgínia. São Paulo teve variação de 0,13% e Fortaleza, Recife e Salvador, 0,03%, 0,05% e 0,01%, respectivamente, regiões que possuem historicamente taxas de desemprego elevadas. Os valores referentes ao Distrito
  • 36. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 45 - Federal ficaram de fora da tabela devido à ausência de dados para a região no período de janeiro a setembro de 2014. Os resultados das demais regiões podem ser observados na Tabela 4.2. TABELA 4.2: TAXA DE CRESCIMENTO DO DESEMPREGO POR REGIÕES METROPOLITANAS Fortaleza Porto Alegre Recife Salvador São Paulo jan/15 -0,03% 0,02% 0,04% -0,04% 0,02% Fev -0,06% 0,02% -0,01% -0,07% -0,01% Mar 0,01% 0,03% 0,01% -0,02% -0,01% Abr 0,04% 0,16% 0,00% -0,01% 0,07% Mai 0,07% 0,26% 0,05% 0,04% 0,13% Jun 0,07% 0,49% 0,05% -0,01% 0,17% Jul 0,03% 0,65% 0,12% 0,06% 0,20% Ago 0,05% 0,64% 0,14% 0,05% 0,23% Set 0,10% 0,68% - 0,11% 0,34% Média 0,03% 0,33% 0,05% 0,01% 0,13% Fonte: Elaboração própria a partir dos dados (DIEESE/PED). Um efeito curioso do aumento da taxa de desemprego e que precisa ser levado em conta é que, com o maior número de trabalhadores desocupados, aumentou bastante o número de pessoas que decidiram trabalhar por conta própria, como alternativa ao desemprego, engrossando as fileiras da informalidade. Já são um total de 22 milhões de brasileiros nessa situação. E mais 4 milhões considerados empregadores, aqueles com pelo menos um funcionário. Estes trabalhadores por conta própria fazem parte do núcleo da informalidade do mercado de trabalho, tendo, em sua maior parte, baixa remuneração e ausência de proteção social. O DIEESE calcula o salário mínimo necessário para a reprodução da força de trabalho e sua família. Em outubro 2015, este salário totalizava R$ 3.210,28, quatro vezes mais do que o salário mínimo vigente, o que demonstra que esta reprodução se dá de maneira intensamente precária no país. Já a remuneração média real dos ocupados e assalariados em Salvador, em agosto 2015, foi de R$ 1.255,00 e R$ 1.340,00, respectivamente; em São Paulo foi de R$ 1.876,00 e R$ 1.901,00.
  • 37. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 - MTE – CAGED Ao analisar os dados do CAGED para o período de janeiro a setembro de 2015, é possível observar que o saldo acumulado nestes sete primeiros meses do ano foi negativo em 657.761 vagas. No meio do ano, em julho, o setor que apresentou a maior queda foi a Indústria de Transformação (-4.312), sendo que todos os subsetores dessa categoria obtiveram variações negativas nos postos de trabalho, algo que vem acontecendo desde maio. As maiores reduções foram na indústria têxtil, com um saldo negativo de 8.567 vagas, seguida pela indústria mecânica, com menos 7.762 postos de trabalho. De todos os setores só a agricultura apresentou resultado positivo, com a criação de 24.465 vagas, por motivos sazonais, segundo boletim do CAGED. Em setembro, novamente a agricultura ajudou a reduzir o impacto negativo no saldo de empregos formais. Dentre os setores listados pelo MTE, somente a agropecuária (106.459 vagas) e a administração pública (12.375) apresentaram saldos positivos. Os demais, extrativa mineral, Indústria de transformação, Serv. Ind. de Util. Pública, Construção civil e Comércio apresentaram variações negativas. TABELA 4.3: BRASIL – EVOLUÇÃO DO EMPREGO POR SETOR DE ATIVIDADE ECONÔMICA (JAN – SET / 2015) Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Total Ind Transf. 27.417 2001 -14.683 -53.850 -60.989 -64.228 -64.312 -47.944 -10.915 - 287.472 Const Civil -9.729 -25.823 -18.205 -23.048 -29.795 -24.131 -21.996 -25.069 -28.221 - 204.852 Com -97.800 -30.354 2.684 -20.882 -19.351 -25.585 -34.545 -12.954 -17.253 - 238.482 Serv -7.141 52.261 53.778 -7.530 -32.602 -39.130 -58.010 4.965 -33.535 -32.550 Outros 5.479 -500 -4.292 7.482 27.138 41.875 20.958 -5.541 -5.678 105.595 Total -81.774 -2.415 19.282 -97.828 - 115.599 - 111.199 - 157.905 -86.543 -95.602 - 657.761 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados (MTE/CAGED). No intervalo histórico acima, o pior resultado no ano 2015 foi da Indústria de Transformação, que acumulou um saldo negativo de 287.472 vagas. É possível observar o fraco desempenho da indústria quanto à oferta de trabalho, reflexo da queda da produção do setor. “Esse segundo trimestre do ano está mostrando um aprofundamento da redução da produção industrial. E, claramente, os números do emprego denotam uma crise na baixa capacidade de consumo da população e
  • 38. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 - também da redução de investimentos na economia como um todo, seja pela queda de investimentos do governo, seja pelas empresas”, afirma o gerente de economia da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), Guilherme Leão. O setor vem registrando queda desde 2014, quando fechou o ano com um encerramento de 163.817 vagas. Na Tabela 4.3 é possível perceber também que o setor de Construção Civil apresentou saldos negativos em todos os meses, acumulando 204.852 postos de trabalho a menos no ano, sendo que o último mês em que apresentou saldo positivo foi em setembro de 2014. Em 12 meses, o saldo negativo foi de 426.746 vagas. Alguns fatores podem explicar esse comportamento. Com o crédito restrito e as taxas de juros mais altos, o brasileiro tem freado os gastos, inclusive na compra de imóveis por exemplo. Alguns analistas também apontam que os desdobramentos da Operação Lava Jato prejudicaram o caixa de várias construtoras, que pararam de investir. Não só isso freia os investimentos das construtoras, como também a redução na demanda dos consumidores. O comércio foi o segundo pior resultado, acumulando um saldo negativo de 238.482 vagas. O setor só obteve saldo positivo em março (2.684 vagas), provavelmente beneficiado com as contratações extras da Páscoa. Março também foi o único mês em que a soma dos saldos dos setores da atividade econômica foi positiva (19.282 vagas), fato que pode ser explicado pelo pessimismo exagerado no começo do ano, quando empregadores demitiram mais que o necessário. Inflação, juros altos e incertezas são responsáveis por desaquecer o setor. A Intenção de Consumo das Famílias, medida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), caiu 5,9% em agosto, na comparação com o mês anterior. Na comparação com agosto de 2014, a queda foi 32,3%. No ano, comparando o setor varejista com o atacadista, o primeiro apresenta um pior resultado. Nos meses de agosto e setembro algumas quedas foram menores. Os setores de Indústria de Transformação e de Comércio continuaram caindo, mas em números menores que nos meses anteriores do ano. Em setembro, no primeiro setor, houve um encerramento de 10.915 vagas e no outro um encerramento de 17.253 postos de trabalho. O CAGED disponibiliza também o saldo de empregados e desempregados no estado do Espírito Santo. Percebemos que
  • 39. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 45 - no estado o saldo é negativo em todos os oito setores, ao se considerar o acumulado nos 12 meses. No saldo acumulado do ano, é possível observar que foram fechadas 27.287 vagas. Dos setores pesquisados os únicos que apresentaram saldo positivo no ano foram a Agropecuária (849 vagas), a Indústria Extrativa Mineral (96 vagas) e a Administração Pública (05 vagas). TABELA 4.4: ES – EVOLUÇÃO DO EMPREGO POR SETOR DE ATIVIDADE ECONÔMICA (JAN-JUL / 2015) Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Total Ind. Transf 1.424 -256 418 -943 -533 -976 -715 -711 96 -1.814 Const. Civil 87 -1.591 -248 -389 - 1.781 -689 - 1.125 -804 -432 -6.560 Comércio -2.348 -1.771 -417 -806 -964 - 1.267 - 1.609 -925 135 -10.002 Serviços -202 409 - 1.028 - 2.347 - 1.603 - 1.426 -543 -698 -1946 -9.110 Outros -82 148 -209 3.212 2.780 - 2.777 - 1.674 - 1.365 -255 -222 Total -1.121 -3.061 - 1.484 - 1.273 - 2.101 - 7.135 - 5.666 - 4.503 -2.402 -27.287 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados (MTE/CAGED). O setor mais afetado é o de Comércio, que acumula saldo negativo de 10.002 vagas, seguido do de Serviços, com 9.110 postos, e o da Construção civil (-6.560). Segundo o diretor de Economia e Estatística do Sinduscon-ES, Eduardo Borges, a instituição vê tendência de queda no número de lançamentos habitacionais durante o ano, o que pode pressionar o desemprego no setor no restante do ano de 2015. No Comércio, fatores já destacados aqui como a inflação e a diminuição da renda real das famílias influenciaram no resultado. O aumento da inadimplência pode ser considerado o principal fator que frustra a expectativa das atividades comerciais. Dados da CDL Vitória (Câmara de Dirigentes Lojistas) indicam que no Brasil são 53 milhões de pessoas negativadas. No Espírito Santo, esse número chega a 550 mil. O setor da Indústria de Transformação, acompanhando a baixa do país, também registrou saldo negativo no ano, 1.814 vagas, embora menor do que os demais setores. A maioria dos subsetores da Indústria de Transformação apresentaram
  • 40. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 44 - negativos, mas vale destacar o desempenho da Indústria de material para transporte. 5. POLÍTICA MONETÁRIA CRÉDITO Tomando como base os dados do Banco Central do Brasil, O saldo das operações de crédito do sistema financeiro, incluindo recursos livres - que são aqueles empréstimos a taxa de juros e demais condições pactuadas entre os bancos e seus clientes - , e os direcionados - que são aqueles destinados a determinados setores ou atividades -, alcançou o valor de R$ 3,13 trilhões em agosto de 2015. A variação mensal refletiu elevações nas carteiras destinadas a pessoas físicas e a pessoas jurídicas e que totalizaram montantes de R$ 1,48 trilhão e R$1,65 trilhão, nesta ordem. A relação crédito/PIB atingiu uma marca de 54,6%, acima de igual período do ano anterior, quando atingiu 52,9%. Tabela 5.1 – Saldo do Crédito do Sistema Financeiro(R$ bilhões), variação periódica (%)e participação no PIB em 2015. Jun Jul Ago 3 meses 12 mes es Total 3100,9 3110,7 3132,4 1,6 9,6 Pessoas jurídicas 1637,3 1641,9 1652,5 1,6 9,2 Recursos livres 804,8 800,9 804,4 1,2 5,7 Direcionados 832,5 840,9 848,1 1,8 12,8 Pessoas físicas 1463,6 1468,8 1479,9 1,7 10,1 Recursos livres 791,6 793,9 796 0,9 4,6 Direcionados 672,1 674,9 683,9 2,7 17,2 Participação %: Total/PIB 54,6 54,5 54,6 Pes. Jurídicas/PIB 28,8 28,8 28,8 Pessoas físicas/PIB 25,8 25,7 25,8 Recursos livres/PIB 28,1 27,9 27,9 R. direcionados/PIB 26,5 26,5 26,7 Fonte: Elaboração própria. Dados do BCB – Nota para a imprensa de setembro de 2015. O crédito com recursos livres alcançou R$ 1,6 trilhão (soma entre os valores de PF e PJ), representando, assim, 51,1% do
  • 41. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 53 - total da carteira do sistema financeiro. Nas contratações com empresas, o saldo foi de R$ 804 bilhões, destacando-se os financiamentos a exportações. O crédito livre às famílias atingiu R$ 796 bilhões, destacando-se o crédito pessoal. Os financiamentos com recursos direcionados alcançaram um saldo de R$ 1,53 trilhão (soma entre os valores de PF e PJ). As operações com pessoas físicas somaram R$ 684 bilhões, devido à expansão das contratações de crédito rural e o nível ainda elevado de concessões de crédito imobiliário. No segmento corporativo, o saldo foi de R$ 848 bilhões, concentrado em especial nos financiamentos para investimentos com recursos do BNDES. No que se refere ao crédito destinado às pessoas jurídicas, destacaram-se os crescimentos dos saldos destinados à indústria de transformação (petróleo e combustíveis), aos transportes e à administração pública, que alcançaram, respectivamente, R$ 457 bilhões, R$ 164 bilhões e R$ 113 bilhões. Em sentido contrário, o crédito destinado ao comércio, teve um saldo de R$ 297 bilhões, observando-se um recuo. Gráfico 5.1 - Saldo por Atividade Econômica: Composição em (%) no saldo do total de crédito concedido para a atividade econômica em 2015 Fonte: Elaboração própria. BCB (Nota para a imprensa de set 2015).
  • 42. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 53 - Gráfico 5.2 – Operações de Crédito em Controle de Capital em 2015 Fonte: Elaboração própria. BCB (Nota para a imprensa de set 2015). As carteiras das instituições financeiras públicas, privadas nacionais e privadas estrangeiras representaram, na ordem, 55,5%, 30,1% e 14,4% do total de crédito do sistema financeiro em agosto (53,2%, 32,1% e 14,7%, respectivamente, em agosto de 2014). O total de crédito ao setor privado somou R$2,89 trilhões, tendo aumentos no segmento de pessoas físicas e de pessoas jurídicas. O crédito destinado ao setor público somou R$ 244 bilhões, decorrente de variações dos empréstimos ao governo federal, aos estados e municípios. De acordo com as estatísticas de crédito regionais, as maiores expansões ocorreram nas regiões Sudeste, Sul e Centro- Oeste, com saldos respectivos de R$ 1,68 trilhão, R$ 545 bilhões e R$ 322 bilhões. Já nas regiões Nordeste e Norte, as carteiras atingiram, respectivamente, R$ 397 bilhões e R$ 116 bilhões. A taxa de inadimplência do sistema financeiro, que corresponde às dívidas com atrasos maiores que noventa dias, atingiu 3,1 % em agosto. A taxa atingiu 3,8 % no segmento de pessoas físicas devido ao desemprego crescente bem como a inflação e aos juros altos, dificultando assim manter
  • 43. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 53 - Gráfico 5.3 – Taxa de Inadimplência atraso maior 90 dias Fonte: Elaboração própria. Dados do Banco Central do Brasil – Nota para a imprensa de setembro de 2015. os seus pagamentos em dia, e 2,4 % no de pessoas jurídicas devido à economia estagnada e ao aumento dos preços de insumos como combustíveis e eletricidade, impactando na saúde financeira das empresas. A inadimplência atingiu 4,8 % nas contratações com recursos livres e 1,2 % nas contratações realizadas com recursos direcionados. TAXA DE JUROS Após uma série de altas, ao longo de mais de dois anos, o Conselho de Política Monetária (Copom) anunciou o encerramento do ciclo de aumento da taxa básica de juros. Foi decidido na última reunião, 2 e 3 de setembro de 2015, que a meta da taxa Selic continuará em 14,25% a.a. Essa decisão, de acordo com o sistema de metas de inflação proposto pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), visa o controle da inflação. Para o Copom, a inflação, medida pelo IPCA, se encontrava em patamares elevados, necessitando de uma política monetária contracionista. Através desse parecer, o Copom vem determinando a manutenção da taxa Selic em níveis elevados, visando à redução do nível de preços no médio e longo prazo. O Copom considera essa medida necessária tendo em vista que: na sua perspectiva ela permite a recuperação do crescimento da
  • 44. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 53 - economia por reduzir os riscos e a depreciação de investimentos, facilitando o planejamento das famílias, empresas e governo; promove a estabilidade do sistema financeiro, tendo em vista que atualmente houve uma elevação dos riscos financeiros globais, com a inclinação da curva de juros em economias maduras. Dessa forma, a perspectiva para as próximas decisões do Copom são para manutenção da taxa Selic em patamares elevados, até a convergência da inflação para próximo ao centro da meta. A tendência é que a taxa Selic não ultrapasse de 14,25% a.a., mas que passe por um processo de redução na medida em que a inflação retroceda. Porém, o Copom deixa evidente que, devido a elevações de prêmios de riscos, que se reflete no preço dos ativos, a política monetária estará vigilante em caso de desvios significativos das projeções de inflação em relação à meta. Então, ainda pode-se esperar que a taxa Selic se eleve nessas situações. Gráfico 5.4 – Taxa SELIC Meta X IPCA Fonte: Elaboração própria. Dados do Banco Central do Brasil e IBGE.
  • 45. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 53 - Acompanhando a alta da taxa básica de juros, podemos observar que a taxa média de juros das operações de crédito do sistema financeiro, computadas as contratações com recursos livres e direcionados, atingiu 29% a.a. em agosto, tendo uma elevação de 0,6 p.p. em relação ao mês de julho e uma variação de 1,9 p.p. no último trimestre. Tabela 5.4 – Taxa de aplicação (% a.a.) em 2015 Período Pessoa Jurídica Pessoa física Total Jan 17,4 32 24,9 Fev 18,1 32,9 25,7 Mar 18,1 33,3 25,9 Abr 18,5 34 26,5 Mai 18,8 34,8 27,1 Jun 19,2 35,4 27,6 Jul 19,8 36,4 28,4 Ago 20,3 36,9 29 Fonte: Elaboração própria. Dados do Banco Central do Brasil. No segmento de pessoas físicas, a taxa média de juros ficou em 36,9% a.a., aumentando 2,1 p.p. no trimestre e 0,5 p.p., em relação ao mês anterior. Essa evolução no trimestre deve-se ao aumento nas contratações com recursos livres, que aumentou 3,8 p.p., ficando em 61,2%. Destacam-se as elevações nas modalidades cheque especial, que teve uma variação de 21,2 p.p. e cartão de crédito rotativo, que teve uma variação de 43,2 p.p., sendo respectivamente, no mês de agosto, de 253,2% a.a. e 403,5% a.a. No que tange o segmento de pessoas jurídicas, a taxa média de juros atingiu 20,3% a.a. em agosto, elevando-se 1,5 p.p. no trimestre e 0.5 p.p. em relação ao mês anterior. Essa elevação deve-se ao fato de que houve um crescimento por um lado dos empréstimos com recursos livres, que variou no trimestre 1,6 p.p., ficando em 28,5% a.a., decorrendo das variações nas modalidades capital de giro 2,6 p.p. e conta garantida 1,6 p.p., ficando respectivamente, no mês de agosto, em 26,0% a.a. e 47,2% a.a.. Por outro lado, esse
  • 46. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 53 - aumento deve-se a expansão dos empréstimos com recursos direcionados, que teve uma variação de 1,2 p.p., atingindo 10,6% a.a.. Nestas evidencia-se as elevações nas modalidades financiamentos do BNDES, que teve variação de 1,2 p.p. Pode-se notar que, de forma geral, a tendência foi de aumento das taxas de juros, acompanhada no trimestre de todas as taxas médias de juros, tanto para pessoas físicas, quanto para jurídica. Se a economia passar por mais situações adversas a tendência é um de aumento para os próximos períodos. AGREGADOS MONETÁRIOS No último mês em análise neste boletim, a base monetária – composta pelo total de moeda emitida e reservas bancárias - apresentou um saldo próximo a R$ 231,71 bilhões e variação de 0,2 p.p. no acumulado de 12 meses e equivaleu a 4,0% do PIB estimado em agosto. Esse resultado foi resultado de seus condicionantes, tendo em vista seus reflexos últimos na economia nacional. Na Tabela 5.5 encontra-se o saldo da base monetária no ano vigente, tal como a variação acumulada referente a cada mês. Tabela 5.5 - Base monetária e componentes. Saldos em final de período – 2015 (R$ bilhões), e variação (%) em 12 meses e jan/ago Fonte: Elaboração própria. Dados do Banco Central do Brasil. Componentes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Base monetária 238,52 238,81 240,65 235,02 239,51 231,95 225,06 231,71 Var. 12 meses 7,0 6,3 5,5 5,6 11,5 4,1 0,7 0,2 Papel-moeda emitido 199,35 198,07 198,87 197,27 194,54 195,61 195,65 195,15 Var. 12 meses 8,3 4,4 9,4 8,4 8,0 6,0 6,3 4,2 Reservas bancárias 39,17 40,73 41,78 37,75 44,97 36,34 29,41 36,56 Var. 12 meses 0,7 16,7 -9,5 -6,7 29,6 -5,1 -25,6 -17,0
  • 47. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 52 - No Gráfico 5.5 pode ser observado o saldo em final de mês da base monetária do ano passado e deste ano, tal como suas respectivas tendências. Dessa forma, fica visível a diferença da conjuntura econômica entre os períodos em questão. Gráfico 5.5 - Saldo em final de mês da base monetária (R$ Fonte: Elaboração própria. Dados do Banco Central do Brasil. As operações referentes à conta do Tesouro Nacional no período de janeiro a agosto promoveram uma contração na base monetária de R$ 270 milhões. A política contracionista adotada tem como objetivo combater o aumento contínuo da inflação. O Tesouro Nacional atuou vendendo um maior volume de papéis, visando absorver liquidez na economia. Nesse período, os títulos públicos federais obtiveram grande valorização nos mercados de transação, tendo em vista o gradual crescimento da taxa de juros que ocorrera no primeiro semestre de 2015. Ressalta-se que, ainda que utilizada como instrumento de controle de liquidez corrente, a emissão desses títulos resulta em um volume crescente endividamento do governo. Por questões analíticas, vale ressaltar que a Dívida Pública Mobiliaria Federal Interna (DPMFi) em agosto deste ano somou aproximados R$ 2,55 trilhões, e tende a crescer com a manutenção dessa política. No mercado secundário de títulos
  • 48. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 53 - públicos emitidos pelo Tesouro Nacional, ocorrem as transferências e renegociações de títulos já lançados no mercado. Nele, as operações de curto prazo baseadas na taxa SELIC e lastreadas em determinados títulos, são os principais componentes do mercado de operações compromissadas - operações com compromisso de recompra. No período em questão, obtiveram em média um volume de transações de R$ 947,41 bilhões. Se comparada ao mesmo período do ano passado, vê-se um aumento de 21,36%. Tabela 5.6 - Fatores condicionantes da base monetária (R$ bilhoes) em 2015 Fonte: Elaboração própria. Dados do Banco Central do Brasil. O início do ano foi marcado pela compra de divisas no mercado externo pelo Banco Central, ação que contribui para a expansão da base monetária. Pode ser observado na tabela 1.6, desde maio uma constante queda nesse saldo paralelamente a elevação da taxa de câmbio. O acumulado de maio a agosto em 2015 foi de R$ 18,16 bilhões, contra R$ 28,48 bilhões em 2014, evidenciando que tais operações foram maiores no ano passado. Com objetivo de controlar a valorização da moeda americana frente ao Real, – esta que já se encontrava em 34,95% no ano - o Banco Central anunciou o retorno dos leilões de linha (injeção de dólar na economia por parte do governo, com compromisso de recompra) no final do mesmo mês, indicando a rolagem do leilão ocorrido em março, na quantia aproximada de US$ 2,4 bilhões. O uso de derivativos como o swap Condicionantes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Conta do tesouro nacional 17,97 -11,20 -7,51 - 10,18 -4,68 7,61 10,32 -2,60 Op. com títulos públicos federais -33,78 -23,83 - 30,74 35,62 - 22,80 -18,86 -40,17 -6,22 Op. do setor externo 0,44 2,28 4,01 -1,43 9,74 4,71 3,08 0,58 Redesconto do banco central -0,00 -0,00 1,00 0,00 -1,00 20,00 -20,00 1,00 Dep. de instituições financeiras 0,05 5,39 1,69 1,91 - 0,85 6,76 -4,78 -2,75 Op. com derivativos -10,78 27,29 34,51 - 31,82 22,06 -8,12 23,90 17,22 Outras contas 1,09 0,36 -0,11 0,27 1,03 0,31 0,76 0,42 Var. da base monetária -25,00 0,29 1,84 -5,63 4,49 -7,55 -6,89 6,65
  • 49. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 53 - cambial, que se baseia em uma relação contratual entre variações na taxa de juros e variações do câmbio, vinha sendo reduzido devido ao grau de endividamento resultante para as contas públicas, foi retomado no mês de agosto, somando-se aos US$ 1,16 bilhão que já estavam em rolagem desde o início do ano. Essas medidas estão sendo aplicadas como tentativa de evitar a evasão de divisas no setor externo e conter a valorização do dólar. No primeiro semestre de 2015, o M1 encerrou com o saldo próximo a R$ 304,26 bilhões, sendo destes R$ 159,62 bilhões eram papel moeda e R$ 144,62 bilhões depósitos à vista. O M2, composto pelo M1 acrescido de emissões de alta liquidez, encerrou o mesmo semestre com saldo de R$ 2,15 trilhões. O M3, resultado da soma das cotas de fundos de renda fixa e operações compromissadas com títulos federais; e o M4, títulos públicos federais (SELIC) agregados ao M3, obtiveram grandes expansões em relação ao ano passado. O M3 cresceu 11,9% e o M4 12,8% em relação ao observado em 2014. Esse crescimento apresentado reflete especialmente o aumento do volume das transações envolvendo os títulos públicos. Ainda nos chamados meios de pagamentos ampliados (M4), seu saldo semestral foi de R$ 5,27 trilhões, correspondente a 92,9% no PIB no período. Até agosto o seu crescimento mensal foi, em média, 0,71 p.p.. Tabela 5.7 - Saldo em final de período: meios de pagamento (R$ milhões) Meios de pagamento Jun (2014) Jan (2015) Jun (2015) Ago (2015) M1 305 835 321 695 304 256 296 482 Depósitos de poupança 628 926 663 517 648 879 650 622 Títulos privados 1088 118 1142 078 1199 380 1212 645 M2 2 022 880 2 127 291 2 152 515 2 159 749 Quotas de fundos de investimentos 1 851 408 2 002 469 2 160 477 2 196 010 Oper. comp. com títulos federais 127 276 205 757 165 162 161 530 M3 4 001 564 4 335 516 4 478 154 4 517 288 Títulos federais (Selic) 675 123 713 487 797 277 776 947 M4 4 676 688 5 049 003 5 275 431 5 294 235 Fonte: Elaboração própria. Dados do Banco Central do Brasil.
  • 50. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 53 - 6. POLÍTICA FISCAL Análise do Governo Central e dados acima da linha Observa-se que, desde as eleições de novembro último, o Governo Dilma vem adotando políticas restritivas, com ajuste fiscal e metas primárias mais realistas visando recuperar a confiabilidade do mercado. O Governo já anunciara, no fim de 2014, algumas alterações nos ministérios que merecem destaque, como a nomeação dos ministros da Fazenda (Joaquim Levy) e do Planejamento (Nelson Barbosa). Ao longo de 2015 mudanças significativas no cenário político e econômico têm lançado incertezas sobre a política fiscal. A proposta para este mantém a política fiscal contracionista, voltada para o ajuste das contas públicas por meio de diminuição dos gastos e de tentativas de aumento da carga tributária, tais como a recriação da CPMF. Porém, a nova política fiscal não logrou êxito até a presente data. Além da forte queda na arrecadação, a chamada “pauta bomba” e a morosidade do Congresso Nacional em votar as medidas de ajuste, contribuíram significativamente. Concomitante a isso, o Tribunal de Contas da União, por unanimidade, recomendou a reprovação das contas do governo Dilma de 2014 pelas chamadas “Pedaladas Fiscais”, alegando manobras contábeis que envolveriam o uso de recursos de bancos federais para maquiar o orçamento federal. A meta fiscal aprovada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2015 era de um superávit primário de R$ 66,32 bilhões, o equivalente a 1,1% do PIB. Não obstante, frente ao quadro de queda na arrecadação e a previsão de continuidade da recessão econômica, o Governo Federal enviou ao Congresso, no dia 22 de julho deste ano, um projeto de lei que altera a LDO e reduz a meta de superávit para R$ 8,48 bilhões, equivalente a 0,15% do PIB. Além disso, a Proposta de Lei Orçamentária Anual de 2016 (PLOA), apresentada pelo governo em fins de agosto corrente, prevê um déficit de R$ 35 bilhões. Nesse clima adverso, a agência de classificação de risco Standard and Poor’s anunciou o rebaixamento da nota de crédito do Brasil, fazendo com que o país perdesse o grau de investimento, e assim, o selo de bom pagador. Para fazer uma análise mais apurada desses movimentos nas contas fiscais do Governo Central, é necessário analisar os dados acima da linha para que
  • 51. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 67 - se avalie o que houve com o resultado primário, as receitas e despesas no acumulado do ano. A Tabela 6.1 mostra resumidamente esses dados. Tabela 6.1 Resultado Primário do Governo Central (R$ milhões- preços constantes) Jan - Set Discriminação 2014 2015 Diferença Variação I. RECEITA TOTAL 996.207,1 948.956,0 -47.251,1 -4,7% I.1. Receitas do Tesouro 729.447,6 690.897,4 -38.550,2 -5,3% I.2. Receitas da Previdência Social 264.089,6 255.837,3 -8.252,2 -3,1% I.3. Receitas do Banco Central 2.669,9 2.221,3 -448,6 -16,8% II. TRANSFERÊNCIAS A ESTADOS E MUNICÍPIOS 172.794,8 163.311,2 -9.483,6 -5,5% III. RECEITA LÍQUIDA TOTAL (I-II) 823.412,3 785.644,8 -37.767,4 -4,6% IV. DESPESA TOTAL 840.009,2 806.321,9 -33.687,3 -4,0% IV.1. Pessoal e Encargos Sociais 176.107,4 172.855,2 -3.252,2 -1,8% IV.2. Benefícios Previdenciários 316.925,4 311.372,9 -5.552,5 -1,8% IV.3. Custeio e Capital 342.220,2 317.596,0 -24.624,2 -7,2% IV.4. Transferência do Tesouro ao Banco Central 2.064,5 1.664,3 -400,2 -19,4% IV.5. Despesas do Banco Central 2.691,7 2.883,4 141,7 5,3% V. RESULTADO PRIMÁRIO GOVERNO CENTRAL (III - IV) -16.597,0 -20.667,1 -4.080,1 24,6% V.1. Tesouro Nacional 36.260,6 35.470,6 -790,0 -2,2% V.2. Previdência Social -52.835,8 -55.535,6 -2.699,8 5,1% V.3. Banco Central -21,8 -612,1 -590,3 2.707,7% VI. RESULTADO PRIMÁRIO/PIB (%) - - - - Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional Nota-se que mesmo com o corte dos gastos governamentais, o Governo Central registra um déficit primário no valor de R$ 20,67 bilhões no acumulado até setembro. Esse resultado é ainda pior do que o verificado em igual período de 2014, um déficit primário de R$ 16,60 bilhões. Do déficit primário de 2015 o Tesouro Nacional registra um superávit primário de R$ 35,47 bilhões, enquanto a Previdência Social um déficit de R$ 55,53 bilhões. O principal fator a explicar esta situação é a queda da receita. A retração do crescimento econômico, o aumento da taxa de desemprego, além da inflação acima do teto da meta, configuram alguns aspectos
  • 52. Vitória/ES – Boletim Nº 53 - 67 - decisivos que impactaram negativamente na arrecadação tributária do Governo. De janeiro a setembro de 2015, o resultado a preços constantes das receitas do Governo Central, foi de R$ 948,96 bilhões, numa retração de 4,7% com relação a 2014. No que diz respeito às despesas, os cortes orçamentários feitos são corroborados pelos dados até setembro do ano corrente. Apesar dos cortes drásticos, as despesas ainda apresentaram queda um pouco menor do que as receitas, de 4,0%, equivalendo a R$ 806,32 bilhões até setembro. De antemão, percebe-se que o esforço do Governo com o corte de gastos tem dado resultados. Porém, o comportamento altamente desfavorável das receitas traz sérias dificuldades ao governo. Para averiguar essa diferença, é necessário analisar os determinantes de cada categoria (receita e despesa) que contribuiram para esses números. As receitas do Tesouro Nacional caíram de R$ 729,45 bilhões em 2014, para R$ 690,90 bilhões, em 2015. Desse montante, houve uma redução com as receitas provenientes de impostos de R$ 6,57 bilhões, devido ao comportamento do Imposto de Renda. Pode-se observar uma redução na arrecadação das Contribuições em relação ao acumulado de 2014, no valor de R$ 11,83 bilhões. Desse montante, o que chama atenção é a redução da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) em R$ 7,06 bilhões, possivelmente face à desaceleração da economia. Porém, os pontos de destaque nas receitas observam-se na Cota parte de compensações financeiras (redução de R$ 11,5 bilhões) e no recebimento de Dividendos pelo Governo Federal. A primeira são receitas provenientes de contribuições econômicas de recursos resultantes da exploração de petróleo bruto, xisto, xisto betuminoso e gás, de recursos hídricos e de recursos minerais. Assim, a redução do preço internacional do petróleo fez com que houvesse uma queda nessa arrecadação, de acordo com o Tesouro Nacional. Já a queda dos dividendos é explicada pelo não pagamento dos mesmos, no ano corrente, da parte da Petrobras e do BNDES. A maior empresa Estatal do país passa por problemas significativos, com funcionários do alto escalão envolvidos em um grave esquema de corrupção da Operação Lava Jato. Em relação às despesas do Tesouro Nacional houve uma redução no montante de R$ 28,28 bilhões no acumulado de 2015 em comparação com o mesmo período em 2014. Alguns fatores chamam a atenção para