SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 29
Península Ibérica no período moderno
História/UFMG – 1º semestre/2013
Prof.ª Fabiana Léo
Antecedentes:
um Estado tolerante
“Os judeus chegaram ao território português e instalaram-se
muito antes da fundação da nacionalidade e até antes de existir o
nome „Portugal‟. Isto é seguro. Não se sabe é números. Nos séculos
XII e XIII espalhavam-se por todo o País, em comunidades mais ou
menos numerosas” (SOUSA, 1993)
Foi por determinação de D. Afonso IV (1325-57) que se tornou
obrigatória a fixação de residência nas chamadas judiarias, com
acesso fechado e toque de recolher imperativo.
É possível, no entanto, que, apesar de segregacionista, essa medida
não tivesse tom persecutório, mas visasse proteger a população
judaica de possíveis perseguições cristãs – a essa altura isoladas,
nem sempre relacionadas a motivos religiosos e sempre combatidas
pela Coroa.
“Podemos dizer que até 1497, o ano que ficará na história da
comunidade judaica portuguesa, a sociedade hebraica vivia quase
intactamente, nas judiarias. [...]Aqui os judeus apesar de não
estarem formalmente separados do reino, preservavam a sua
intimidade, viviam em gestão autónoma e possuíam uma
sinagoga, que por vezes funcionava não somente como lugar de
culto mas também como escola. Até então a lei protegia o seu
culto.” (HAMERSKÁ, 2006)
Sousa aponta que a população israelita em Portugal não teria
atingido a marca dos 4% nem no total da população do Reino nem
em cada localidade isoladamente. Configuravam, assim, uma
minoria étnica, mas “extremamente activa, económica e
culturalmente muito acima da média” (SOUSA, 2003)
Os muçulmanos, colocados como população de segunda categoria
após a derrota militar nas guerras de Reconquista, embora ainda
fossem relativamente numerosos no Algarve até o século XIV,
foram progressivamente se dissolvendo na população cristã.
Gradualmente, o termo “mouro” deixa de designar os
remanescentes da conquista almorávida para se referir às pessoas
trazidas do continente africano (inclusive da região subsaariana)
como escravas.
Não há histórico de perseguição em massa nem de conversão
forçada da população judia e muçulmana anteriormente à expulsão
geral ordenada por D. Manuel em 1496.
Comunas de judeus e mouros, séculos
XIV e XV
Mesmo a partir da expulsão dos judeus espanhóis em 1492, a posição da
Coroa portuguesa continua sendo de tolerância:
“A postura do rei de Portugal neste assunto é outra vez favorável aos
judeus. O rei não fechou a fronteira aos fugitivos, exigindo
deles, segundo o cronista da corte Damião de Góis, um imposto de 8
cruzados, sendo aqueles que desempenhavam a profissão de
ferreiros, malhoeiros, latoeiros e armeiros somente obrigados a pagar
metade da quantia.” (HAMERSKÁ, 2006)
Ponto de inflexão:
o casamento do rei D. Manuel
com a infanta D. Isabel
O édito de expulsão dos judeus e mouros forros foi resultado de
uma cláusula colocada no acordo de casamento entre D. Manuel e
a infanta D. Beatriz, filha dos reis católicos, o que tornaria o
monarca português um possível herdeiro dos tronos de Castela e
Aragão. O decreto espanhol, no entanto, trata apenas de judeus.
É possível perceber uma série de medidas tomadas por D. Manuel
visando garantir a permanência dessa população no Reino:
• Prazo maior (10 meses);
• Batismo forçado de crianças e jovens e separação de suas
famílias;
• Isenção de inquirição religiosa aos cristãos-novos durante 20
anos;
• Restrição do embarque dos que insistiam em partir;
• Conversão geral dos adultos (maio a setembro de 1497) – é o fim
dos judeus e início do cristão-novismo em Portugal;
• Políticas de integração na sociedade cristã, como a proibição de
casamentos de cristãos-novos entre si;
• Proibição da emigração dos cristãos-novos em 1499.
Após o grande massacre de 1506, a discriminação dos cristãos-
novos é temporariamente abolida, assim como a interdição de não
poderem vender os seus bens livremente e viajarem para o
estrangeiro.
Dessa forma, durante os primeiros anos do governo de D. Manuel
não se pode falar nem de uma expulsão propriamente dita nem da
instalação sistemática de políticas de limpeza de sangue.
No entanto, alguns fatores vão causar o abandono progressivo dessa
política de integração:
• A pressão dos cristãos-velhos, diante da insatisfação com as
vantagens econômicas obtidas pelos cristãos-novos a partir do
decreto da igualdade de direitos e deveres;
• A constatação de que uma parte significativa de cristãos-velhos
continuava se casando e se relacionando entre si e não conseguia
(ou não desejava) se desvincular da antiga religião e de seus
antecessores.
Em 1515, D. Manuel “encomenda” ao papa, através do seu
embaixador em Roma, uma inquisição aos moldes da espanhola,
especialmente focada na população de origem judaica, rompendo a
promessa de não-inquirição religiosa que deveria durar 20 anos e
havia acabado de ser renovada até pelo menos 1531.
«Pelo que, e porque satisfaçamos ante Deus com a obrigação que
nisto lhe temos, não somente acerca destes que assim são vindos de
Castela a estes nossos reinos e senhorias, mas ainda acerca dos
Cristãos-Novos naturais deles, que neles se converteram em tempos
passados à nossa Fé, nos parece que devemos mandar entender
com fiel e justa inquisição para castigar os faltosos.» (apud
FERRO TAVARES, 1997)
D. Manuel morre em 1521 sem ter consolidado a política de
integração nem encaminhado a instalação da Inquisição em
Portugal.
D. João III inicia seu reinado confirmando as leis manuelinas contra
a discriminação dos cristãos-novos.
No entanto, a atmosfera de crescente pressão dos cristãos-velhos e
manifestações de antijudaísmo mudariam esse quadro poucos anos
depois.
A instalação da Inquisição
A Inquisição portuguesa foi estabelecida mais
permanentemente, como aponta José Pedro Paiva (2011), em
1536, na sequência de difíceis negociações desencadeadas pelo rei
D. João III. Ela vigorou nos territórios de Portugal e de seu império
pluricontinental, desde Macau, no Extremo Oriente, até o Brasil e
foi extinta em 1821.
As negociações com o papa (Clemente VII) recomeçam em
1531, tendo como resultado a bula Cum ad nihil magis, que
nomeava como inquisidor-mor D. Fr. Diogo da Silva, confessor do
rei.
Embora tivesse início a instalação dos primeiros tribunais
regionais, em 1533 (1534?), Clemente VII revoga essa bula. Mas a
sua morte torna incerto o cumprimento da revogação.
Seu sucessor, Paulo III, inicialmente emite um breve dando
continuidade à revogação determinada por seu antecessor. Mas, em
1536 (HAMERSKÁ aponta que parcialmente por pressão de Carlos
V, seu cunhado), dá início ao reestabelecimento da Inquisição em
Portugal.
No entanto, em sua forma inicial, são determinadas a proibição da
política de segredo e a garantia de não haver confisco de bens
durante 10 anos.
“O Papa determinava três inquisidores gerais - os bispos de
Coimbra, Lamego e Ceuta e o rei tinha direito nomear um outro.
Além disso Paulo III reservava-se o direito de controlar a
realização da bula e de decidir em última instância mediante o seu
núncio em Lisboa.” (HAMERSKÁ, 2006)
Continuam, no entanto, os esforços, para o estabelecimento de
uma Inquisição aos moldes castelhanos: com menor
interferência papal e com um processo próprio, que incluísse os
confiscos e o direito a executar a política de segredo.
Após mais uma série de conflituosas negociações, finalmente em
1547 o infante D. Henrique (nomeado pelo rei) é confirmado pelo
papa como Inquisidor geral. Isso significou o final do processo
comum e a ratificação dos estilos da Inquisição moderna, assim
como a instalação da censura à imprensa com a publicação do
Index.
A Inquisição portuguesa, como aponta Paiva, não teve lastro
medieval a precedê-la, ao contrário das outras. Embora alguns
inquisidores – franciscanos e dominicanos – tivessem sido
nomeados pelo papa, não há registro de sua atuação.
“Tal como o Santo Ofício espanhol, o Santo Ofício de Portugal,
desde sua criação, em 1536, fora objeto de interferência direta da
Coroa. Embora seja uma instituição de origem claramente
eclesiástica, ele acaba por ter uma jurisdição mista (secular e
eclesiástica), que é absorvida pelos organismos das monarquias,
uma vez que os reis propõem o inquisidor-geral e fica ao cargo do
poder secular a execução e julgamento de determinadas penas, tais
como as penas capitais [também porque a execução penal é
privilégio do rei]. Nos reinos da Península Ibérica, a Inquisição
consegue perpetuar-se por mais de três séculos em muito por (...)
(...) conta desse jogo de dupla fidelidade com a Igreja e a Coroa.”
(ROCHA, 2012)
Os tribunais ibéricos tinham, como reforça Paiva, uma aparência
híbrida, com fortes vinculações e dependências em relação à Coroa
e ao sumo pontífice, o que foi bem usado para garantir certa
independência, em especial no caso português.
Nos casos espanhol e romano, os confrontos entre bispos e
inquisidores foram mais fortes e recorrentes, enquanto em Portugal
houve, de modo geral, grande cooperação e complementaridade
entre eles.
“O Tribunal do Santo Oficio estendeu a sua acção a todo o país e a
quase todos os territórios submetidos à Coroa portuguesa no longo
período da sua existência (1536-1821). Para efeitos do exercício do
poder inquisitorial, as diferentes regiões do Reino estavam adstritas
aos tribunais de Lisboa, de Coimbra e de Évora (os de Tomar, Porto
e Lamego tiveram vida efémera). As ilhas do Atlântico, o Brasil e os
territórios portugueses da costa ocidental de África, dependiam do
tribunal de Lisboa e os da costa oriental africana dependiam do
tribunal de Goa, criado em 1560.
“Nos primeiros tempos o Tribunal português regeu-se pelas normas
da Inquisição espanhola. Datam de 1541 as primeiras instruções
portuguesas para o seu funcionamento, por ocasião do
estabelecimento do tribunal em Coimbra, e o primeiro regimento (...)
(...) só foi dado em 1552. A Inquisição teve segundo regimento em
1613, um terceiro em 1640 e o último data de 1774.
“As leis pombalinas, a que declarou abolida a distinção entre
cristãos novos e cristãos velhos e a que equiparou o Santo Ofício
aos outros tribunais régios, retirando a censura da sua alçada,
fizeram o Santo Ofício perder a sua anterior vitalidade. O regime
liberal deu o golpe final à Inquisição portuguesa: em 1821 as
Cortes Gerais Constituintes decretaram a sua extinção.” (AATT)
Todas as Inquisições modernas, como aponta Paiva, tinham um
mesmo objetivo principal: eliminar as heresias e preservar a
ortodoxia do catolicismo romano.
“Mas elas se concentraram em grupos distintos. A portuguesa
centrou sua atividade na perseguição aos cristãos-novos
judaizantes, e assim se manteve até 1773, quando foi abolida pelo
marquês de Pombal a distinção entre cristãos-novos e velhos. A
espanhola, inicialmente, teve sua mira apontada para o mesmo
alvo. No entanto, os delitos quantitativamente mais significativos
foram as blasfêmias e o cripto-islamismo praticado pelos
mouriscos.
“O rigor repressivo também foi diferente. Em termos de volume, a
espanhola se destacou. As penas aplicadas eram variadas: (...)
(...) prisão, degredo, exposição pública na porta das igrejas, uso de
hábito de condenado (sambenitos). A que teve mais condenados à
pena capital foi a lusitana (cerca de 6%), seguida da espanhola
(3,5%) e da romana, esta muito cautelosa em aplicar este tipo de
sentença.” (PAIVA, 2011)
Padrão do Senhor Roubado, Lisboa
A Inquisição na
América Portuguesa
Diferentemente da América castelhana, a América portuguesa não
sediou nenhum tribunal, mas ficou sob a jurisdição do Tribunal de
Lisboa. Isso não quer dizer que a Inquisição não atuasse no
território colonial: sua ação se fazia presente através das visitas e da
atuação dos familiares.
“A Inquisição portuguesa só passou a frequentar as terras
brasileiras no final do século XVI. Entre os anos 1540 e 1560, só
houve dois casos: o do donatário de Porto Seguro, o blasfemo Pero
do Campo Tourinho, e o do francês calvinista Jean de Bolés. O
primeiro foi enviado para Lisboa a ferros, e o segundo, preso pelo
bispo da Bahia, que tinha jurisdição sobre as heresias. Foram
ocorrências isoladas e desvinculadas da preocupação maior do
Santo Ofício lusitano desde a sua criação: perseguir os cristãos-
novos judaizantes.
“A estreia da Inquisição no Brasil ocorreu em 1591, com a primeira
visitação do Tribunal de Lisboa à Bahia e a Pernambuco. Justifica-
se: na segunda metade do século XVI, o Brasil recebeu muitos
cristãos-novos envolvidos com a nascente economia açucareira.
Eles viveram em paz durante décadas. Muitos continuaram a
professar o judaísmo nas sinagogas domésticas, além de se unirem,
pelo matrimônio, com os cristãos-velhos. A ameaça de índios na
terra e de piratas no mar funcionava como força de coesão.
“Tudo mudou com a chegada da visitação, que integrou nova
estratégia inquisitorial, em tempo de União Ibérica, voltada para o
Atlântico hispano-português. A estreia do Santo Ofício no Brasil
amedrontou mais do que prendeu os cristãos-novos, embora tenha
destroçado a sinagoga de Matoim, no Recôncavo Baiano. Em todo
caso, deixou um rastro deletério, rompendo a solidariedade
cotidiana que unia cristãos-velhos e novos da Colônia.
“Ao longo do século XVII, outras visitações deram seguimento à
ação inquisitorial, reforçada, no século XVIII, pela consolidação de
uma rede de familiares e comissários, além da justiça eclesiástica,
que pinçava suspeitos de heresia em suas visitas diocesanas. Foi
esta a máquina que viabilizou a Inquisição no Brasil, resultando no
seguinte balanço: 1.074 presos, sendo 776 homens e 298 mulheres;
48% deles e 77% delas eram cristãos-novos acusados de judaizar; a
grande maioria dos homens presos (62%) morava na Bahia, em
Pernambuco e no Rio de Janeiro, enquanto a maioria das mulheres
(54%) vivia em terra fluminense, seguidas de longe pelas mulheres
da Bahia (14%).
“O auge da ação inquisitorial ocorreu na primeira metade do século
XVIII (51% dos presos). Vinte homens e duas mulheres da Colônia
foram queimados em Lisboa, todos por judaizar. Dentre eles, o
dramaturgo carioca Antônio José da Silva (1739) e a
octogenária(...)
(...) Ana Rodrigues, matriarca do engenho de Matoim. A velha sinhá
embarcou para Lisboa acompanhada de uma escrava e morreu no
cárcere em 1593. Nem assim ela escapou da fogueira. O Santo
Ofício desenterrou seus ossos para queimá-los em auto de fé, no
Terreiro do Paço.” (VAINFAS, 2013)

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Formação de Portugal
Formação de PortugalFormação de Portugal
Formação de PortugalIsabel Alves
 
Salazar e o Estado Novo
Salazar e o Estado NovoSalazar e o Estado Novo
Salazar e o Estado NovoRui Nobre
 
A rapariga que roubava livros
A rapariga que roubava livrosA rapariga que roubava livros
A rapariga que roubava livrosFFUS210
 
Escritor do Mês - Luis Sepúlveda
Escritor do Mês - Luis SepúlvedaEscritor do Mês - Luis Sepúlveda
Escritor do Mês - Luis SepúlvedaBecre Forte da Casa
 
6. sequências narrativas
6. sequências narrativas6. sequências narrativas
6. sequências narrativasHelena Coutinho
 
Funções sintáticas do grupo verbal
Funções sintáticas do grupo verbalFunções sintáticas do grupo verbal
Funções sintáticas do grupo verbalVanda Marques
 
Resumo sobre a expansão marítima portuguesa
Resumo sobre a expansão marítima portuguesaResumo sobre a expansão marítima portuguesa
Resumo sobre a expansão marítima portuguesarosivaldo_f_moreira
 
Os LusiAdas (Canto Iv) 9 D
Os LusiAdas (Canto Iv)  9 DOs LusiAdas (Canto Iv)  9 D
Os LusiAdas (Canto Iv) 9 DDiogo Jesus
 
D. João II
D. João IID. João II
D. João IIberenvaz
 
Reis de Portugal 3ª Dinastia
Reis de Portugal 3ª DinastiaReis de Portugal 3ª Dinastia
Reis de Portugal 3ª Dinastiakhistoria
 
0 reinado de d.joão v
0 reinado de d.joão v0 reinado de d.joão v
0 reinado de d.joão vAnabela Sobral
 
Marco polo - Viagens
Marco polo - ViagensMarco polo - Viagens
Marco polo - ViagensMauroJardim3
 

Mais procurados (20)

Historia de portugal
Historia de portugalHistoria de portugal
Historia de portugal
 
Formação de Portugal
Formação de PortugalFormação de Portugal
Formação de Portugal
 
Nun' Alvares Pereira
Nun' Alvares PereiraNun' Alvares Pereira
Nun' Alvares Pereira
 
Salazar e o Estado Novo
Salazar e o Estado NovoSalazar e o Estado Novo
Salazar e o Estado Novo
 
A rapariga que roubava livros
A rapariga que roubava livrosA rapariga que roubava livros
A rapariga que roubava livros
 
Escritor do Mês - Luis Sepúlveda
Escritor do Mês - Luis SepúlvedaEscritor do Mês - Luis Sepúlveda
Escritor do Mês - Luis Sepúlveda
 
Memorial do convento_[1]
Memorial do convento_[1]Memorial do convento_[1]
Memorial do convento_[1]
 
D.Maria 2
D.Maria 2D.Maria 2
D.Maria 2
 
6. sequências narrativas
6. sequências narrativas6. sequências narrativas
6. sequências narrativas
 
Napoleão Bonaparte
Napoleão BonaparteNapoleão Bonaparte
Napoleão Bonaparte
 
Funções sintáticas do grupo verbal
Funções sintáticas do grupo verbalFunções sintáticas do grupo verbal
Funções sintáticas do grupo verbal
 
Resumo sobre a expansão marítima portuguesa
Resumo sobre a expansão marítima portuguesaResumo sobre a expansão marítima portuguesa
Resumo sobre a expansão marítima portuguesa
 
Os LusiAdas (Canto Iv) 9 D
Os LusiAdas (Canto Iv)  9 DOs LusiAdas (Canto Iv)  9 D
Os LusiAdas (Canto Iv) 9 D
 
D. João II
D. João IID. João II
D. João II
 
Reis de Portugal 3ª Dinastia
Reis de Portugal 3ª DinastiaReis de Portugal 3ª Dinastia
Reis de Portugal 3ª Dinastia
 
1ª Ficha Formativa
1ª Ficha Formativa1ª Ficha Formativa
1ª Ficha Formativa
 
0 reinado de d.joão v
0 reinado de d.joão v0 reinado de d.joão v
0 reinado de d.joão v
 
Marco polo - Viagens
Marco polo - ViagensMarco polo - Viagens
Marco polo - Viagens
 
Memorial do convento_[1]
Memorial do convento_[1]Memorial do convento_[1]
Memorial do convento_[1]
 
1 De Dezembro De 1640
1 De Dezembro De 16401 De Dezembro De 1640
1 De Dezembro De 1640
 

Destaque

Discriminação de religiões
Discriminação de religiõesDiscriminação de religiões
Discriminação de religiõesRuben Lopes
 
Reformas Religiosas - Século XVI
Reformas Religiosas - Século XVIReformas Religiosas - Século XVI
Reformas Religiosas - Século XVIValéria Shoujofan
 
Portugal nos séculos XV e XVI
Portugal nos séculos XV e XVIPortugal nos séculos XV e XVI
Portugal nos séculos XV e XVIcruchinho
 
Reforma e contra reforma
Reforma e contra reformaReforma e contra reforma
Reforma e contra reformavr1a2011
 
Brasil Império: Primeiro Reinado (1822-1831)
Brasil Império:   Primeiro Reinado (1822-1831)Brasil Império:   Primeiro Reinado (1822-1831)
Brasil Império: Primeiro Reinado (1822-1831)Edenilson Morais
 

Destaque (6)

Renascimento
RenascimentoRenascimento
Renascimento
 
Discriminação de religiões
Discriminação de religiõesDiscriminação de religiões
Discriminação de religiões
 
Reformas Religiosas - Século XVI
Reformas Religiosas - Século XVIReformas Religiosas - Século XVI
Reformas Religiosas - Século XVI
 
Portugal nos séculos XV e XVI
Portugal nos séculos XV e XVIPortugal nos séculos XV e XVI
Portugal nos séculos XV e XVI
 
Reforma e contra reforma
Reforma e contra reformaReforma e contra reforma
Reforma e contra reforma
 
Brasil Império: Primeiro Reinado (1822-1831)
Brasil Império:   Primeiro Reinado (1822-1831)Brasil Império:   Primeiro Reinado (1822-1831)
Brasil Império: Primeiro Reinado (1822-1831)
 

Semelhante a Tolerância e perseguição religiosa em Portugal - séculos XV-XVIII

Formação das Monarquias Nacionais e Absolutismo
Formação das Monarquias Nacionais e AbsolutismoFormação das Monarquias Nacionais e Absolutismo
Formação das Monarquias Nacionais e AbsolutismoValéria Shoujofan
 
A FORMAÇÃO DE PORTUGAL E A.pdf
A FORMAÇÃO DE PORTUGAL E A.pdfA FORMAÇÃO DE PORTUGAL E A.pdf
A FORMAÇÃO DE PORTUGAL E A.pdfclaytonbarone1
 
Portugal no contexto europeu: século XVII a XVIII
Portugal no contexto europeu: século XVII a XVIIIPortugal no contexto europeu: século XVII a XVIII
Portugal no contexto europeu: século XVII a XVIIIinessalgado
 
A_Maçonaria_na_História_do_Brasil,_a_visão_de_Tito_Lívio_Ferreira.pdf
A_Maçonaria_na_História_do_Brasil,_a_visão_de_Tito_Lívio_Ferreira.pdfA_Maçonaria_na_História_do_Brasil,_a_visão_de_Tito_Lívio_Ferreira.pdf
A_Maçonaria_na_História_do_Brasil,_a_visão_de_Tito_Lívio_Ferreira.pdfELIAS OMEGA
 
Semi extensivo - frente 2 módulo 6-baixa idade média
Semi extensivo - frente 2 módulo 6-baixa idade médiaSemi extensivo - frente 2 módulo 6-baixa idade média
Semi extensivo - frente 2 módulo 6-baixa idade médiaLú Carvalho
 
Aula 01 a 06 - TILHA 3 COLONIZAÇÃO NA AMÉRICA PORTUGUESA Estrutura política, ...
Aula 01 a 06 - TILHA 3 COLONIZAÇÃO NA AMÉRICA PORTUGUESA Estrutura política, ...Aula 01 a 06 - TILHA 3 COLONIZAÇÃO NA AMÉRICA PORTUGUESA Estrutura política, ...
Aula 01 a 06 - TILHA 3 COLONIZAÇÃO NA AMÉRICA PORTUGUESA Estrutura política, ...FabioGuimaraes10
 
Grandes navegações e brasil colônia1
Grandes navegações e brasil colônia1Grandes navegações e brasil colônia1
Grandes navegações e brasil colônia1Bruna Evelin
 
Transicao do Feudalismo para o Capitalismo I
Transicao do Feudalismo para o Capitalismo ITransicao do Feudalismo para o Capitalismo I
Transicao do Feudalismo para o Capitalismo IAlexandre Protásio
 
Revisão de história 1º ano
Revisão de história 1º anoRevisão de história 1º ano
Revisão de história 1º anoeunamahcado
 
África - Reino do Congo e do Ndongo
África - Reino do Congo e do NdongoÁfrica - Reino do Congo e do Ndongo
África - Reino do Congo e do NdongoEmerson Mathias
 
Preparação para a prova intermédia
Preparação para a prova intermédiaPreparação para a prova intermédia
Preparação para a prova intermédiaAna Barreiros
 
Saraiva, josé hermano. história consisa de portugal
Saraiva, josé hermano. história consisa de portugalSaraiva, josé hermano. história consisa de portugal
Saraiva, josé hermano. história consisa de portugalAllan Diego Souza
 
Dinastia de bragança (1815 – 1822)
Dinastia de bragança   (1815 – 1822)Dinastia de bragança   (1815 – 1822)
Dinastia de bragança (1815 – 1822)Laís Maíne
 
Reis De Portugal
Reis De PortugalReis De Portugal
Reis De PortugalHelena
 
Atual configuração do território brasileiro
Atual configuração do território brasileiroAtual configuração do território brasileiro
Atual configuração do território brasileiroCíntia Pancieri
 

Semelhante a Tolerância e perseguição religiosa em Portugal - séculos XV-XVIII (20)

Formação das Monarquias Nacionais e Absolutismo
Formação das Monarquias Nacionais e AbsolutismoFormação das Monarquias Nacionais e Absolutismo
Formação das Monarquias Nacionais e Absolutismo
 
Texto3 tema3 mooc_emma.doc
Texto3 tema3 mooc_emma.docTexto3 tema3 mooc_emma.doc
Texto3 tema3 mooc_emma.doc
 
A FORMAÇÃO DE PORTUGAL E A.pdf
A FORMAÇÃO DE PORTUGAL E A.pdfA FORMAÇÃO DE PORTUGAL E A.pdf
A FORMAÇÃO DE PORTUGAL E A.pdf
 
Portugal no contexto europeu: século XVII a XVIII
Portugal no contexto europeu: século XVII a XVIIIPortugal no contexto europeu: século XVII a XVIII
Portugal no contexto europeu: século XVII a XVIII
 
A_Maçonaria_na_História_do_Brasil,_a_visão_de_Tito_Lívio_Ferreira.pdf
A_Maçonaria_na_História_do_Brasil,_a_visão_de_Tito_Lívio_Ferreira.pdfA_Maçonaria_na_História_do_Brasil,_a_visão_de_Tito_Lívio_Ferreira.pdf
A_Maçonaria_na_História_do_Brasil,_a_visão_de_Tito_Lívio_Ferreira.pdf
 
Semi extensivo - frente 2 módulo 6-baixa idade média
Semi extensivo - frente 2 módulo 6-baixa idade médiaSemi extensivo - frente 2 módulo 6-baixa idade média
Semi extensivo - frente 2 módulo 6-baixa idade média
 
Aula 01 a 06 - TILHA 3 COLONIZAÇÃO NA AMÉRICA PORTUGUESA Estrutura política, ...
Aula 01 a 06 - TILHA 3 COLONIZAÇÃO NA AMÉRICA PORTUGUESA Estrutura política, ...Aula 01 a 06 - TILHA 3 COLONIZAÇÃO NA AMÉRICA PORTUGUESA Estrutura política, ...
Aula 01 a 06 - TILHA 3 COLONIZAÇÃO NA AMÉRICA PORTUGUESA Estrutura política, ...
 
Rpb xxvii anpuh_integral
Rpb xxvii anpuh_integralRpb xxvii anpuh_integral
Rpb xxvii anpuh_integral
 
Grandes navegações e brasil colônia1
Grandes navegações e brasil colônia1Grandes navegações e brasil colônia1
Grandes navegações e brasil colônia1
 
Transicao do Feudalismo para o Capitalismo I
Transicao do Feudalismo para o Capitalismo ITransicao do Feudalismo para o Capitalismo I
Transicao do Feudalismo para o Capitalismo I
 
Revisão de história 1º ano
Revisão de história 1º anoRevisão de história 1º ano
Revisão de história 1º ano
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
Hgp 5
Hgp 5Hgp 5
Hgp 5
 
África - Reino do Congo e do Ndongo
África - Reino do Congo e do NdongoÁfrica - Reino do Congo e do Ndongo
África - Reino do Congo e do Ndongo
 
Preparação para a prova intermédia
Preparação para a prova intermédiaPreparação para a prova intermédia
Preparação para a prova intermédia
 
Saraiva, josé hermano. história consisa de portugal
Saraiva, josé hermano. história consisa de portugalSaraiva, josé hermano. história consisa de portugal
Saraiva, josé hermano. história consisa de portugal
 
Dinastia de bragança (1815 – 1822)
Dinastia de bragança   (1815 – 1822)Dinastia de bragança   (1815 – 1822)
Dinastia de bragança (1815 – 1822)
 
Reis De Portugal
Reis De PortugalReis De Portugal
Reis De Portugal
 
Atual configuração do território brasileiro
Atual configuração do território brasileiroAtual configuração do território brasileiro
Atual configuração do território brasileiro
 

Último

O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdfO Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdfPastor Robson Colaço
 
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptxAula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptxBiancaNogueira42
 
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 anoAdelmaTorres2
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxIsabellaGomes58
 
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdfPPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdfAnaGonalves804156
 
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalJacqueline Cerqueira
 
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdfcartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdfIedaGoethe
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxfabiolalopesmartins1
 
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
A galinha ruiva sequencia didatica 3 ano
A  galinha ruiva sequencia didatica 3 anoA  galinha ruiva sequencia didatica 3 ano
A galinha ruiva sequencia didatica 3 anoandrealeitetorres
 
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdfJorge Andrade
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfEditoraEnovus
 
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANOInvestimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANOMarcosViniciusLemesL
 
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecasMesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecasRicardo Diniz campos
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxIsabelaRafael2
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasCassio Meira Jr.
 
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.Susana Stoffel
 

Último (20)

O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdfO Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
O Universo Cuckold - Compartilhando a Esposas Com Amigo.pdf
 
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptxAula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
Aula 13 8º Ano Cap.04 Revolução Francesa.pptx
 
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
 
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdfPPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
 
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
 
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdfcartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
 
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptxSlides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
Slides Lição 4, CPAD, Como se Conduzir na Caminhada, 2Tr24.pptx
 
A galinha ruiva sequencia didatica 3 ano
A  galinha ruiva sequencia didatica 3 anoA  galinha ruiva sequencia didatica 3 ano
A galinha ruiva sequencia didatica 3 ano
 
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
 
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
 
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 1 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
 
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANOInvestimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
 
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecasMesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
 
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptxApostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
Apostila da CONQUISTA_ para o 6ANO_LP_UNI1.pptx
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
 
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
Família de palavras.ppt com exemplos e exercícios interativos.
 

Tolerância e perseguição religiosa em Portugal - séculos XV-XVIII

  • 1. Península Ibérica no período moderno História/UFMG – 1º semestre/2013 Prof.ª Fabiana Léo
  • 3. “Os judeus chegaram ao território português e instalaram-se muito antes da fundação da nacionalidade e até antes de existir o nome „Portugal‟. Isto é seguro. Não se sabe é números. Nos séculos XII e XIII espalhavam-se por todo o País, em comunidades mais ou menos numerosas” (SOUSA, 1993) Foi por determinação de D. Afonso IV (1325-57) que se tornou obrigatória a fixação de residência nas chamadas judiarias, com acesso fechado e toque de recolher imperativo. É possível, no entanto, que, apesar de segregacionista, essa medida não tivesse tom persecutório, mas visasse proteger a população judaica de possíveis perseguições cristãs – a essa altura isoladas, nem sempre relacionadas a motivos religiosos e sempre combatidas pela Coroa.
  • 4. “Podemos dizer que até 1497, o ano que ficará na história da comunidade judaica portuguesa, a sociedade hebraica vivia quase intactamente, nas judiarias. [...]Aqui os judeus apesar de não estarem formalmente separados do reino, preservavam a sua intimidade, viviam em gestão autónoma e possuíam uma sinagoga, que por vezes funcionava não somente como lugar de culto mas também como escola. Até então a lei protegia o seu culto.” (HAMERSKÁ, 2006) Sousa aponta que a população israelita em Portugal não teria atingido a marca dos 4% nem no total da população do Reino nem em cada localidade isoladamente. Configuravam, assim, uma minoria étnica, mas “extremamente activa, económica e culturalmente muito acima da média” (SOUSA, 2003)
  • 5. Os muçulmanos, colocados como população de segunda categoria após a derrota militar nas guerras de Reconquista, embora ainda fossem relativamente numerosos no Algarve até o século XIV, foram progressivamente se dissolvendo na população cristã. Gradualmente, o termo “mouro” deixa de designar os remanescentes da conquista almorávida para se referir às pessoas trazidas do continente africano (inclusive da região subsaariana) como escravas. Não há histórico de perseguição em massa nem de conversão forçada da população judia e muçulmana anteriormente à expulsão geral ordenada por D. Manuel em 1496.
  • 6. Comunas de judeus e mouros, séculos XIV e XV
  • 7. Mesmo a partir da expulsão dos judeus espanhóis em 1492, a posição da Coroa portuguesa continua sendo de tolerância: “A postura do rei de Portugal neste assunto é outra vez favorável aos judeus. O rei não fechou a fronteira aos fugitivos, exigindo deles, segundo o cronista da corte Damião de Góis, um imposto de 8 cruzados, sendo aqueles que desempenhavam a profissão de ferreiros, malhoeiros, latoeiros e armeiros somente obrigados a pagar metade da quantia.” (HAMERSKÁ, 2006)
  • 8. Ponto de inflexão: o casamento do rei D. Manuel com a infanta D. Isabel
  • 9. O édito de expulsão dos judeus e mouros forros foi resultado de uma cláusula colocada no acordo de casamento entre D. Manuel e a infanta D. Beatriz, filha dos reis católicos, o que tornaria o monarca português um possível herdeiro dos tronos de Castela e Aragão. O decreto espanhol, no entanto, trata apenas de judeus. É possível perceber uma série de medidas tomadas por D. Manuel visando garantir a permanência dessa população no Reino: • Prazo maior (10 meses); • Batismo forçado de crianças e jovens e separação de suas famílias; • Isenção de inquirição religiosa aos cristãos-novos durante 20 anos; • Restrição do embarque dos que insistiam em partir;
  • 10. • Conversão geral dos adultos (maio a setembro de 1497) – é o fim dos judeus e início do cristão-novismo em Portugal; • Políticas de integração na sociedade cristã, como a proibição de casamentos de cristãos-novos entre si; • Proibição da emigração dos cristãos-novos em 1499. Após o grande massacre de 1506, a discriminação dos cristãos- novos é temporariamente abolida, assim como a interdição de não poderem vender os seus bens livremente e viajarem para o estrangeiro. Dessa forma, durante os primeiros anos do governo de D. Manuel não se pode falar nem de uma expulsão propriamente dita nem da instalação sistemática de políticas de limpeza de sangue.
  • 11. No entanto, alguns fatores vão causar o abandono progressivo dessa política de integração: • A pressão dos cristãos-velhos, diante da insatisfação com as vantagens econômicas obtidas pelos cristãos-novos a partir do decreto da igualdade de direitos e deveres; • A constatação de que uma parte significativa de cristãos-velhos continuava se casando e se relacionando entre si e não conseguia (ou não desejava) se desvincular da antiga religião e de seus antecessores. Em 1515, D. Manuel “encomenda” ao papa, através do seu embaixador em Roma, uma inquisição aos moldes da espanhola, especialmente focada na população de origem judaica, rompendo a promessa de não-inquirição religiosa que deveria durar 20 anos e havia acabado de ser renovada até pelo menos 1531.
  • 12. «Pelo que, e porque satisfaçamos ante Deus com a obrigação que nisto lhe temos, não somente acerca destes que assim são vindos de Castela a estes nossos reinos e senhorias, mas ainda acerca dos Cristãos-Novos naturais deles, que neles se converteram em tempos passados à nossa Fé, nos parece que devemos mandar entender com fiel e justa inquisição para castigar os faltosos.» (apud FERRO TAVARES, 1997) D. Manuel morre em 1521 sem ter consolidado a política de integração nem encaminhado a instalação da Inquisição em Portugal. D. João III inicia seu reinado confirmando as leis manuelinas contra a discriminação dos cristãos-novos.
  • 13. No entanto, a atmosfera de crescente pressão dos cristãos-velhos e manifestações de antijudaísmo mudariam esse quadro poucos anos depois.
  • 14. A instalação da Inquisição
  • 15. A Inquisição portuguesa foi estabelecida mais permanentemente, como aponta José Pedro Paiva (2011), em 1536, na sequência de difíceis negociações desencadeadas pelo rei D. João III. Ela vigorou nos territórios de Portugal e de seu império pluricontinental, desde Macau, no Extremo Oriente, até o Brasil e foi extinta em 1821. As negociações com o papa (Clemente VII) recomeçam em 1531, tendo como resultado a bula Cum ad nihil magis, que nomeava como inquisidor-mor D. Fr. Diogo da Silva, confessor do rei. Embora tivesse início a instalação dos primeiros tribunais regionais, em 1533 (1534?), Clemente VII revoga essa bula. Mas a sua morte torna incerto o cumprimento da revogação.
  • 16. Seu sucessor, Paulo III, inicialmente emite um breve dando continuidade à revogação determinada por seu antecessor. Mas, em 1536 (HAMERSKÁ aponta que parcialmente por pressão de Carlos V, seu cunhado), dá início ao reestabelecimento da Inquisição em Portugal. No entanto, em sua forma inicial, são determinadas a proibição da política de segredo e a garantia de não haver confisco de bens durante 10 anos. “O Papa determinava três inquisidores gerais - os bispos de Coimbra, Lamego e Ceuta e o rei tinha direito nomear um outro. Além disso Paulo III reservava-se o direito de controlar a realização da bula e de decidir em última instância mediante o seu núncio em Lisboa.” (HAMERSKÁ, 2006)
  • 17. Continuam, no entanto, os esforços, para o estabelecimento de uma Inquisição aos moldes castelhanos: com menor interferência papal e com um processo próprio, que incluísse os confiscos e o direito a executar a política de segredo. Após mais uma série de conflituosas negociações, finalmente em 1547 o infante D. Henrique (nomeado pelo rei) é confirmado pelo papa como Inquisidor geral. Isso significou o final do processo comum e a ratificação dos estilos da Inquisição moderna, assim como a instalação da censura à imprensa com a publicação do Index.
  • 18. A Inquisição portuguesa, como aponta Paiva, não teve lastro medieval a precedê-la, ao contrário das outras. Embora alguns inquisidores – franciscanos e dominicanos – tivessem sido nomeados pelo papa, não há registro de sua atuação. “Tal como o Santo Ofício espanhol, o Santo Ofício de Portugal, desde sua criação, em 1536, fora objeto de interferência direta da Coroa. Embora seja uma instituição de origem claramente eclesiástica, ele acaba por ter uma jurisdição mista (secular e eclesiástica), que é absorvida pelos organismos das monarquias, uma vez que os reis propõem o inquisidor-geral e fica ao cargo do poder secular a execução e julgamento de determinadas penas, tais como as penas capitais [também porque a execução penal é privilégio do rei]. Nos reinos da Península Ibérica, a Inquisição consegue perpetuar-se por mais de três séculos em muito por (...)
  • 19. (...) conta desse jogo de dupla fidelidade com a Igreja e a Coroa.” (ROCHA, 2012) Os tribunais ibéricos tinham, como reforça Paiva, uma aparência híbrida, com fortes vinculações e dependências em relação à Coroa e ao sumo pontífice, o que foi bem usado para garantir certa independência, em especial no caso português. Nos casos espanhol e romano, os confrontos entre bispos e inquisidores foram mais fortes e recorrentes, enquanto em Portugal houve, de modo geral, grande cooperação e complementaridade entre eles.
  • 20. “O Tribunal do Santo Oficio estendeu a sua acção a todo o país e a quase todos os territórios submetidos à Coroa portuguesa no longo período da sua existência (1536-1821). Para efeitos do exercício do poder inquisitorial, as diferentes regiões do Reino estavam adstritas aos tribunais de Lisboa, de Coimbra e de Évora (os de Tomar, Porto e Lamego tiveram vida efémera). As ilhas do Atlântico, o Brasil e os territórios portugueses da costa ocidental de África, dependiam do tribunal de Lisboa e os da costa oriental africana dependiam do tribunal de Goa, criado em 1560. “Nos primeiros tempos o Tribunal português regeu-se pelas normas da Inquisição espanhola. Datam de 1541 as primeiras instruções portuguesas para o seu funcionamento, por ocasião do estabelecimento do tribunal em Coimbra, e o primeiro regimento (...)
  • 21. (...) só foi dado em 1552. A Inquisição teve segundo regimento em 1613, um terceiro em 1640 e o último data de 1774. “As leis pombalinas, a que declarou abolida a distinção entre cristãos novos e cristãos velhos e a que equiparou o Santo Ofício aos outros tribunais régios, retirando a censura da sua alçada, fizeram o Santo Ofício perder a sua anterior vitalidade. O regime liberal deu o golpe final à Inquisição portuguesa: em 1821 as Cortes Gerais Constituintes decretaram a sua extinção.” (AATT)
  • 22. Todas as Inquisições modernas, como aponta Paiva, tinham um mesmo objetivo principal: eliminar as heresias e preservar a ortodoxia do catolicismo romano. “Mas elas se concentraram em grupos distintos. A portuguesa centrou sua atividade na perseguição aos cristãos-novos judaizantes, e assim se manteve até 1773, quando foi abolida pelo marquês de Pombal a distinção entre cristãos-novos e velhos. A espanhola, inicialmente, teve sua mira apontada para o mesmo alvo. No entanto, os delitos quantitativamente mais significativos foram as blasfêmias e o cripto-islamismo praticado pelos mouriscos. “O rigor repressivo também foi diferente. Em termos de volume, a espanhola se destacou. As penas aplicadas eram variadas: (...)
  • 23. (...) prisão, degredo, exposição pública na porta das igrejas, uso de hábito de condenado (sambenitos). A que teve mais condenados à pena capital foi a lusitana (cerca de 6%), seguida da espanhola (3,5%) e da romana, esta muito cautelosa em aplicar este tipo de sentença.” (PAIVA, 2011)
  • 24. Padrão do Senhor Roubado, Lisboa
  • 26. Diferentemente da América castelhana, a América portuguesa não sediou nenhum tribunal, mas ficou sob a jurisdição do Tribunal de Lisboa. Isso não quer dizer que a Inquisição não atuasse no território colonial: sua ação se fazia presente através das visitas e da atuação dos familiares. “A Inquisição portuguesa só passou a frequentar as terras brasileiras no final do século XVI. Entre os anos 1540 e 1560, só houve dois casos: o do donatário de Porto Seguro, o blasfemo Pero do Campo Tourinho, e o do francês calvinista Jean de Bolés. O primeiro foi enviado para Lisboa a ferros, e o segundo, preso pelo bispo da Bahia, que tinha jurisdição sobre as heresias. Foram ocorrências isoladas e desvinculadas da preocupação maior do Santo Ofício lusitano desde a sua criação: perseguir os cristãos- novos judaizantes.
  • 27. “A estreia da Inquisição no Brasil ocorreu em 1591, com a primeira visitação do Tribunal de Lisboa à Bahia e a Pernambuco. Justifica- se: na segunda metade do século XVI, o Brasil recebeu muitos cristãos-novos envolvidos com a nascente economia açucareira. Eles viveram em paz durante décadas. Muitos continuaram a professar o judaísmo nas sinagogas domésticas, além de se unirem, pelo matrimônio, com os cristãos-velhos. A ameaça de índios na terra e de piratas no mar funcionava como força de coesão. “Tudo mudou com a chegada da visitação, que integrou nova estratégia inquisitorial, em tempo de União Ibérica, voltada para o Atlântico hispano-português. A estreia do Santo Ofício no Brasil amedrontou mais do que prendeu os cristãos-novos, embora tenha destroçado a sinagoga de Matoim, no Recôncavo Baiano. Em todo caso, deixou um rastro deletério, rompendo a solidariedade cotidiana que unia cristãos-velhos e novos da Colônia.
  • 28. “Ao longo do século XVII, outras visitações deram seguimento à ação inquisitorial, reforçada, no século XVIII, pela consolidação de uma rede de familiares e comissários, além da justiça eclesiástica, que pinçava suspeitos de heresia em suas visitas diocesanas. Foi esta a máquina que viabilizou a Inquisição no Brasil, resultando no seguinte balanço: 1.074 presos, sendo 776 homens e 298 mulheres; 48% deles e 77% delas eram cristãos-novos acusados de judaizar; a grande maioria dos homens presos (62%) morava na Bahia, em Pernambuco e no Rio de Janeiro, enquanto a maioria das mulheres (54%) vivia em terra fluminense, seguidas de longe pelas mulheres da Bahia (14%). “O auge da ação inquisitorial ocorreu na primeira metade do século XVIII (51% dos presos). Vinte homens e duas mulheres da Colônia foram queimados em Lisboa, todos por judaizar. Dentre eles, o dramaturgo carioca Antônio José da Silva (1739) e a octogenária(...)
  • 29. (...) Ana Rodrigues, matriarca do engenho de Matoim. A velha sinhá embarcou para Lisboa acompanhada de uma escrava e morreu no cárcere em 1593. Nem assim ela escapou da fogueira. O Santo Ofício desenterrou seus ossos para queimá-los em auto de fé, no Terreiro do Paço.” (VAINFAS, 2013)