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A importância dos APLs, Grandes Empresas e Cadeias
                      Globais



                José E Cassiolato
        RedeSist - www.redesist.ie.ufrj.br

                Manaus, 27/10/2011




                                       1
•   A Crise Global e suas repercussões
•   O que são Grandes Empresas
•   O que são Cadeias Globais
•   APLs, O Elefante, os Cegos e os Óculos
•   As Perspectivas de Política
    – O Local e o Global num momento de
      Aprofundamento da Crise
    – As Políticas no Elefante ou para o Elefante???
• Contexto global
  – Profunda crise econômica-financeira sem
    final à vista:
    • Final do regime de crescimento puxado pela
      dívida nos países “industrializados”
    • Com fraquezas e vulnerabilidades dos
      emergentes
  – Aprofundamento de uma crise ecológica
    vom a mudança climática como elemento
    principal

                                     3
• Mudanças nas relações econômicas e políticas
  aceleradas pela crise
  – concentração do crescimento do PIB (investimento,
    produção e consumo) em grandes países “emergentes”
    liderados pela China
  – declínio da hegemonia norte-americana
  – profunda crise econômica, política & social na UE
  – crise política e social no Japão
  – crise de governança global (rivalidade e não cooperação)




                                                4
• Emergência gradual (1990s) e depois total
  (2000) de dois regimes de crescimento
  complementares
     – Nos velhos países dominantes o capital financeiro
       comanda um regime de crescimento baseado em dívidas
       com o apoio dos governos nos EUA, Reino Unido e outros
       países que o copiam
     – Nos países “emergentes”, capital local e multinacional
       constroem um regime de crescimento baseado nas
       exportações fortemente dependentes das importações dos
       países centrais “endividados”
• Baseado no aprofundamento do regime de produção
  e consumo em massa (viabilizado pelas TICs)
•   A China e os EUA como pontos focais do modelo de crescimento global
•   Papel Especial da China
         • e produção no sudeste asiático
                                                               5
• Perspectivas de aprofundamento da crise
  como resultado de:
  – Políticas recessivas ditadas pelas finanças
    nos EUA e UE
  – Enorme montante de moeda buscando
    lucros financeiros, movendo-se de um
    mercado a outro
• Permanência de risco financeiro
  sistêmico com vulnerabilidade bancária
  no centro
                                    6
Valor de Mercado dos Ativos Financeiros e PIB agregado mundial a
                 preços correntes (US$ bilhões)
                  Source : McKinsey Global Report data




                                                         7
8
Grandes Empresas : o que é isto
• As ETNS
  – Da Economia Política das ETNs de S. Hymer à Firma Eclética de
    Dunning ....
  – A discussão teórica sobre o que são ETNs deve começar da noção
    de que elas não podem ser definidas, como é geralmente o caso,
    como sendo apenas maiores e mais internacionalizadas do que
    outras firmas.
  – Infelizmente, 40 anos depois do trabalho seminal de Hymer, a
    análise das transnacionais continua a ser dominada pela
    abordagem da economia convencional da "firma".
  – Porém, elas constituem uma categoria própria, que, para ser
    compreendida, requer ferramentas adicionais além daquelas
    convencionalmente utilizadas ​para estudar 'firmas'.

                                                    9
O que são as ETNs hoje
São organizadas como grupos das empresas,
– Como grupos são uma categoria específica, com base em uma
  centralização dos ativos financeiros e uma estrutura organizacional
  específica (com o papel central de uma holding).
– Esses grupos constituem uma estrutura em que o controle financeiro
  domina atividades industriais.
– ETNs há muito tempo desenvolvem atividades financeiras, mas nas
  duas últimas décadas o papel das finanças se altera




                                                    10
• Uma das principais características das ETNs como grupos
  financeiros reside na sua capacidade de construir um espaço
  global integrado, com operações financeiras e industriais,
  sendo organizadas de forma combinada.
• Espaço global porque supera as fronteiras nacionais e normas
  governamentais.
• Espaço integrado, pois centenas de afiliadas (produção,P&D,,
  etc) são coordenadas sob o controle de um escritório central,
  que gerencia os recursos e capacitações com o objetivo de dar
  coerência e eficácia ao processo de valorização do capital.


                                               11
A estrutura de controle das ETNs afeta
    profundamente a concorrência no mercado global
               e a estabilidade financeira.
• The changes in strategies firms of firms which occurred in the last 20 years
  has bem increasingly associated to transformations in contemporaire
  finance (Aglietta et Rébérioux, 2005).
• As institutional investors, primarily in the US but also in Europe have been
  more and more in control of large non-financial transnational enterprises
  through financial markets(particularly the stock market) they have been
  able to exert pressure on them and eventually reorient their strategies
  towards the objective of maximizing value for stake holders.
•   Aglietta M. et Rébérioux A. (2005), Dérives du capitalisme financier, Bibliothèque Albin Michel Economie,
    Albin Michel, Paris (France).




                                                                                   12
43.000 EMNs : mais do que 1.000.000 de ligações de propriedade
                               4/10 do controle nas mãos de 147
                              “core” altamente conectado entre si
                             ¾ do “core” são entidades financeiras
           3/4 da propriedade destas 147 empresas nas mãos das empresas do centro
      um grupo de pouco mais de 50 empresas do setor financeiro detém controle do centro




S. Vitali, J.B. Glattfelder, and S. Battiston (2011) The network of global corporate control
                                                                      13
As transformações:
capital financeiro X capital produtivo
    As MNCs não financeiras ???
Inovação e Crise: as mudanças nas formas de realização
           de atividades voltadas à inovação


• AS MNCs não financeiras ( o fim do modelo anterior: centro
  financeiro com atividades industriais)
• Financeirização das MNCs e mudanças nas cadeias globais de valor
• As estratégias tecnológicas das grandes empresas
   – Atividades e estratégias voltadas à inovação por parte das EMNs são
     transformadas, tendo em vista sua relação com a financeirização,
     conforme demonstrado pelo crescimento de seua ativos intangíveis (P&D,
     patentes, marcas, etc.)
   • Aumento na apropriação da renda
   • Reorientação dos gastos em inovação para atividades não científicas e
     desenvolvimento “downstream”.
   • A globalização da inovação ou nova divisão do trabalho intelectual???


                                                         16
O que são Cadeias Globais de
            Produção
• Comandadas por ETNs dominadas pelas
  finanças ( a questão de PODER)
Cadeia Produtiva ou Cadeia de Valor
• Refere-se a conjunto de etapas consecutivas pelas
  quais passam e vão sendo transformados e
  transferidos os diversos insumos em ciclos de
  produção, distribuição e comercialização de bens e
  serviços.
• Implica em divisão de trabalho, na qual cada agente
  ou conjunto de agentes realiza etapas distintas do
  processo produtivo.
• Não se restringe, necessariamente, a uma mesma
  região ou localidade

                                          18
Cadeias Globais de Produção: o exemplo do iPad


China?? Não há fornecedores chineses para o iPad; aproximadamente 50% dos custos de mão de obra (US$
                                 2,5) vai para trabalhadores chineses




     Fonte: Linden et.al Who captures value in the Apple iPad?
A produção de iPad na China:Salário básico em 2011: 1350 Yuan* (-
         alimentação: 240 Yuan e alojamento: 150 Yuan)




* R$350 – taxa de câmbio de 18-10-2011
O Sistema Mundo de Produção e a Estrutura Territorial da
                     Produção


                                 Based on TNCs
O sistema mundo de produção, o Estado nação e o
                     território
• Da necessidade de um
  óculos
O Elefante e os Cegos
Não sei o que    Hum !!!
  ´ será um
  cluster ???      é.. Mas      Qual será o
Vamos achar o     precisa de      setor
     QL....      governança      dele????
O ressurgimento dos debates sobre a importância do território e do caráter
                            sistêmico da produção

•    Um antigo debate histórico
      –   De Antonio Serra na itália Renascentista a Marx, Marshall e Schumpeter 9dahmen e os Blocos de
          Desenvolvimento)
•    O esquecimentoi ao longo do século 20
      –   A grande empresa e a produção cescontextualizada
•    O ressurgimento:
      –   A Terceira Itália (e o contexto Europeu de integração) e o Japão no início dos 90 = proximidade
          territorial na dinâmica inovativa de sistemas produtivos.
      –   A China e a India nos anos 00 (P&D relativamente baixa e altas taxas de inovatividade, aprendizado e
          capacitações)
•    O caráter localizado da inovação e do conhecimento (a importância do
     conhecimento local e tradicional)
•    O Território – O que é conhecimento? O que significam esta compreensão da
     inovação e o papel das TICs para o desenvolvimento (local)?
•    Diferentes contextos territoriais com diferentes
      –   Histórias
      –   estruturas socio-político-institucionais
      –   Inserção no sistema mundo de produção
•    terão processos inovativos qualitativamente diversos.
•    Diversidade implica NA IMPOSSIBILIDADE DE RECEITAS UNICAS E BENCHMARKS
Problema do Jovem Marshall
• Problema: identificar áreas ou conjunto de atores
  que poderiam permitir a vinculação entre os
  fenômenos reais e a teoria necessária para uma
  “ciência” empírica, como a economia.
• Sem essa metodologia, a teoria econômica estaria
  suspensa no ar. Daí deriva o tema central do jovem
  Marshall : a "nação econômica"que deriva de grupos
  não-competitivos apresentada por Marshall em duas
  versões diferentes


                                         26
nação "econômica"
• 1 - é um lugar, ou um conjunto de lugares, caracterizados pela
  homogeneidade cultural (valores e instituições), facilidade de
  circulação de informações e contigüidade territorial, que
  fazem com que os movimentos de capitais e trabalhadores
  rapidamente nivelem as taxas de lucro e salários
• 2 - é um "conjunto de sujeitos"dentro de um Estado-nação
  (por exemplo, os mineradores e proprietários de minas de
  carvão, os "interesses agrícolas", etc.), ou entre Estados-nação
  diferentes (por por exemplo a classe operária), que
  reconhecem como comuns seus próprios interesses
  econômicos fundamentais, em oposição aos interesses dos
  blocos analógos de um mesmo país ou do mundo.

                                                   27
A proliferação de abordagens mas o predomínio da idéia anódina
                    e ahistórica de “cluster”

• Clusters ou aglomerações
   – Objeto de políticas
   – tem “o charme discreto de obscuros objeto do
     desejo” (Steiner 1998)
   – Implicitamente supõem a possibilidade de
     generalizações
   – Passíveis de identificação?
Identificar APLs ou Definir uma Política Produtiva
                  Sistêmica e Territorial
• A identificação e mapeamento de aglomerações incluem ou excluem o
  que?
• A identificação e mapeamento de aglomerações deve substituir a política?
    – Tais esforços partem da premissa equivocada de que, tanto para a implementação de
      políticas de apoio, quanto para a seleção de casos a serem estudados, uma certa
      representatividade (ou peso relativo) de um setor de atuação em um espaço geográfico
      represente um critério consistente para distinguir o que constitui um APLs e o que não.
• A experiência analítica é com “aglomerações “exitosas”
• Quais as implicações de política para países como o Brasil
  dessa constatação?
    – “picking the winners?
    – separação do econômico do social?
    – concentração nas atividades mais facilmente visíveis? (exclusão de serviços, cultura e até
      da agro-pecuária.....)
O tradicional 'Setor Industrial': Uma caixa de sucata (Becatini)

• H.G. Grubel and P.J. Lloyd (1975) comércio entre os países não é
  especializado em setores (por exemplo, produtos químicos, têxteis,
  produção de automóveis, etc), mas exibe uma extraordinária proliferação
  de trocas infra-setoriais.
• Lancaster (1961) do ponto de vista do consumo
    – escolhas dos consumidores não devem ser vistas em termos de bens, mas sim em
      termos das suas características (por exemplo, a vitamina A, proteínas, carboidratos, etc,
      de um produto alimentar)
• Pasinetti (1981) do ponto de vista da produção:
    –   o termo “setor industrial”, no seu sentido convencional, não é adequadopara descrever
        a evolução estrutural da indústria
•




                                                                          30
Desenho de um APL: a produção sistêmica e com base no território, mas
                           multiescalar e
                    parte de um sistema mundo
O Elefante e os Cegos
Lições: De Novo Hamburgo a Dongguan


                                                       João Batista formado pelo
                                                        SENAI, ensina os
                                                       chineses




Paramount : razões para ir para a China:
“cheap labour, a consistent components supplier chain, preferential government
policies and excellent infrastruture”
• A Grande Empresa, O Sistema Mundo e os
  APLs: As Perspectivas de Política
  – O modo e a moda
  – O Local e o Global num momento de
    Aprofundamento da Crise
  – As Políticas no Elefante ou para o Elefante???

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  • 3. • Contexto global – Profunda crise econômica-financeira sem final à vista: • Final do regime de crescimento puxado pela dívida nos países “industrializados” • Com fraquezas e vulnerabilidades dos emergentes – Aprofundamento de uma crise ecológica vom a mudança climática como elemento principal 3
  • 4. • Mudanças nas relações econômicas e políticas aceleradas pela crise – concentração do crescimento do PIB (investimento, produção e consumo) em grandes países “emergentes” liderados pela China – declínio da hegemonia norte-americana – profunda crise econômica, política & social na UE – crise política e social no Japão – crise de governança global (rivalidade e não cooperação) 4
  • 5. • Emergência gradual (1990s) e depois total (2000) de dois regimes de crescimento complementares – Nos velhos países dominantes o capital financeiro comanda um regime de crescimento baseado em dívidas com o apoio dos governos nos EUA, Reino Unido e outros países que o copiam – Nos países “emergentes”, capital local e multinacional constroem um regime de crescimento baseado nas exportações fortemente dependentes das importações dos países centrais “endividados” • Baseado no aprofundamento do regime de produção e consumo em massa (viabilizado pelas TICs) • A China e os EUA como pontos focais do modelo de crescimento global • Papel Especial da China • e produção no sudeste asiático 5
  • 6. • Perspectivas de aprofundamento da crise como resultado de: – Políticas recessivas ditadas pelas finanças nos EUA e UE – Enorme montante de moeda buscando lucros financeiros, movendo-se de um mercado a outro • Permanência de risco financeiro sistêmico com vulnerabilidade bancária no centro 6
  • 7. Valor de Mercado dos Ativos Financeiros e PIB agregado mundial a preços correntes (US$ bilhões) Source : McKinsey Global Report data 7
  • 8. 8
  • 9. Grandes Empresas : o que é isto • As ETNS – Da Economia Política das ETNs de S. Hymer à Firma Eclética de Dunning .... – A discussão teórica sobre o que são ETNs deve começar da noção de que elas não podem ser definidas, como é geralmente o caso, como sendo apenas maiores e mais internacionalizadas do que outras firmas. – Infelizmente, 40 anos depois do trabalho seminal de Hymer, a análise das transnacionais continua a ser dominada pela abordagem da economia convencional da "firma". – Porém, elas constituem uma categoria própria, que, para ser compreendida, requer ferramentas adicionais além daquelas convencionalmente utilizadas ​para estudar 'firmas'. 9
  • 10. O que são as ETNs hoje São organizadas como grupos das empresas, – Como grupos são uma categoria específica, com base em uma centralização dos ativos financeiros e uma estrutura organizacional específica (com o papel central de uma holding). – Esses grupos constituem uma estrutura em que o controle financeiro domina atividades industriais. – ETNs há muito tempo desenvolvem atividades financeiras, mas nas duas últimas décadas o papel das finanças se altera 10
  • 11. • Uma das principais características das ETNs como grupos financeiros reside na sua capacidade de construir um espaço global integrado, com operações financeiras e industriais, sendo organizadas de forma combinada. • Espaço global porque supera as fronteiras nacionais e normas governamentais. • Espaço integrado, pois centenas de afiliadas (produção,P&D,, etc) são coordenadas sob o controle de um escritório central, que gerencia os recursos e capacitações com o objetivo de dar coerência e eficácia ao processo de valorização do capital. 11
  • 12. A estrutura de controle das ETNs afeta profundamente a concorrência no mercado global e a estabilidade financeira. • The changes in strategies firms of firms which occurred in the last 20 years has bem increasingly associated to transformations in contemporaire finance (Aglietta et Rébérioux, 2005). • As institutional investors, primarily in the US but also in Europe have been more and more in control of large non-financial transnational enterprises through financial markets(particularly the stock market) they have been able to exert pressure on them and eventually reorient their strategies towards the objective of maximizing value for stake holders. • Aglietta M. et Rébérioux A. (2005), Dérives du capitalisme financier, Bibliothèque Albin Michel Economie, Albin Michel, Paris (France). 12
  • 13. 43.000 EMNs : mais do que 1.000.000 de ligações de propriedade 4/10 do controle nas mãos de 147 “core” altamente conectado entre si ¾ do “core” são entidades financeiras 3/4 da propriedade destas 147 empresas nas mãos das empresas do centro um grupo de pouco mais de 50 empresas do setor financeiro detém controle do centro S. Vitali, J.B. Glattfelder, and S. Battiston (2011) The network of global corporate control 13
  • 14. As transformações: capital financeiro X capital produtivo As MNCs não financeiras ???
  • 15.
  • 16. Inovação e Crise: as mudanças nas formas de realização de atividades voltadas à inovação • AS MNCs não financeiras ( o fim do modelo anterior: centro financeiro com atividades industriais) • Financeirização das MNCs e mudanças nas cadeias globais de valor • As estratégias tecnológicas das grandes empresas – Atividades e estratégias voltadas à inovação por parte das EMNs são transformadas, tendo em vista sua relação com a financeirização, conforme demonstrado pelo crescimento de seua ativos intangíveis (P&D, patentes, marcas, etc.) • Aumento na apropriação da renda • Reorientação dos gastos em inovação para atividades não científicas e desenvolvimento “downstream”. • A globalização da inovação ou nova divisão do trabalho intelectual??? 16
  • 17. O que são Cadeias Globais de Produção • Comandadas por ETNs dominadas pelas finanças ( a questão de PODER)
  • 18. Cadeia Produtiva ou Cadeia de Valor • Refere-se a conjunto de etapas consecutivas pelas quais passam e vão sendo transformados e transferidos os diversos insumos em ciclos de produção, distribuição e comercialização de bens e serviços. • Implica em divisão de trabalho, na qual cada agente ou conjunto de agentes realiza etapas distintas do processo produtivo. • Não se restringe, necessariamente, a uma mesma região ou localidade 18
  • 19. Cadeias Globais de Produção: o exemplo do iPad China?? Não há fornecedores chineses para o iPad; aproximadamente 50% dos custos de mão de obra (US$ 2,5) vai para trabalhadores chineses Fonte: Linden et.al Who captures value in the Apple iPad?
  • 20. A produção de iPad na China:Salário básico em 2011: 1350 Yuan* (- alimentação: 240 Yuan e alojamento: 150 Yuan) * R$350 – taxa de câmbio de 18-10-2011
  • 21. O Sistema Mundo de Produção e a Estrutura Territorial da Produção Based on TNCs
  • 22. O sistema mundo de produção, o Estado nação e o território • Da necessidade de um óculos
  • 23. O Elefante e os Cegos
  • 24. Não sei o que Hum !!! ´ será um cluster ??? é.. Mas Qual será o Vamos achar o precisa de setor QL.... governança dele????
  • 25. O ressurgimento dos debates sobre a importância do território e do caráter sistêmico da produção • Um antigo debate histórico – De Antonio Serra na itália Renascentista a Marx, Marshall e Schumpeter 9dahmen e os Blocos de Desenvolvimento) • O esquecimentoi ao longo do século 20 – A grande empresa e a produção cescontextualizada • O ressurgimento: – A Terceira Itália (e o contexto Europeu de integração) e o Japão no início dos 90 = proximidade territorial na dinâmica inovativa de sistemas produtivos. – A China e a India nos anos 00 (P&D relativamente baixa e altas taxas de inovatividade, aprendizado e capacitações) • O caráter localizado da inovação e do conhecimento (a importância do conhecimento local e tradicional) • O Território – O que é conhecimento? O que significam esta compreensão da inovação e o papel das TICs para o desenvolvimento (local)? • Diferentes contextos territoriais com diferentes – Histórias – estruturas socio-político-institucionais – Inserção no sistema mundo de produção • terão processos inovativos qualitativamente diversos. • Diversidade implica NA IMPOSSIBILIDADE DE RECEITAS UNICAS E BENCHMARKS
  • 26. Problema do Jovem Marshall • Problema: identificar áreas ou conjunto de atores que poderiam permitir a vinculação entre os fenômenos reais e a teoria necessária para uma “ciência” empírica, como a economia. • Sem essa metodologia, a teoria econômica estaria suspensa no ar. Daí deriva o tema central do jovem Marshall : a "nação econômica"que deriva de grupos não-competitivos apresentada por Marshall em duas versões diferentes 26
  • 27. nação "econômica" • 1 - é um lugar, ou um conjunto de lugares, caracterizados pela homogeneidade cultural (valores e instituições), facilidade de circulação de informações e contigüidade territorial, que fazem com que os movimentos de capitais e trabalhadores rapidamente nivelem as taxas de lucro e salários • 2 - é um "conjunto de sujeitos"dentro de um Estado-nação (por exemplo, os mineradores e proprietários de minas de carvão, os "interesses agrícolas", etc.), ou entre Estados-nação diferentes (por por exemplo a classe operária), que reconhecem como comuns seus próprios interesses econômicos fundamentais, em oposição aos interesses dos blocos analógos de um mesmo país ou do mundo. 27
  • 28. A proliferação de abordagens mas o predomínio da idéia anódina e ahistórica de “cluster” • Clusters ou aglomerações – Objeto de políticas – tem “o charme discreto de obscuros objeto do desejo” (Steiner 1998) – Implicitamente supõem a possibilidade de generalizações – Passíveis de identificação?
  • 29. Identificar APLs ou Definir uma Política Produtiva Sistêmica e Territorial • A identificação e mapeamento de aglomerações incluem ou excluem o que? • A identificação e mapeamento de aglomerações deve substituir a política? – Tais esforços partem da premissa equivocada de que, tanto para a implementação de políticas de apoio, quanto para a seleção de casos a serem estudados, uma certa representatividade (ou peso relativo) de um setor de atuação em um espaço geográfico represente um critério consistente para distinguir o que constitui um APLs e o que não. • A experiência analítica é com “aglomerações “exitosas” • Quais as implicações de política para países como o Brasil dessa constatação? – “picking the winners? – separação do econômico do social? – concentração nas atividades mais facilmente visíveis? (exclusão de serviços, cultura e até da agro-pecuária.....)
  • 30. O tradicional 'Setor Industrial': Uma caixa de sucata (Becatini) • H.G. Grubel and P.J. Lloyd (1975) comércio entre os países não é especializado em setores (por exemplo, produtos químicos, têxteis, produção de automóveis, etc), mas exibe uma extraordinária proliferação de trocas infra-setoriais. • Lancaster (1961) do ponto de vista do consumo – escolhas dos consumidores não devem ser vistas em termos de bens, mas sim em termos das suas características (por exemplo, a vitamina A, proteínas, carboidratos, etc, de um produto alimentar) • Pasinetti (1981) do ponto de vista da produção: – o termo “setor industrial”, no seu sentido convencional, não é adequadopara descrever a evolução estrutural da indústria • 30
  • 31. Desenho de um APL: a produção sistêmica e com base no território, mas multiescalar e parte de um sistema mundo
  • 32. O Elefante e os Cegos
  • 33. Lições: De Novo Hamburgo a Dongguan João Batista formado pelo SENAI, ensina os chineses Paramount : razões para ir para a China: “cheap labour, a consistent components supplier chain, preferential government policies and excellent infrastruture”
  • 34. • A Grande Empresa, O Sistema Mundo e os APLs: As Perspectivas de Política – O modo e a moda – O Local e o Global num momento de Aprofundamento da Crise – As Políticas no Elefante ou para o Elefante???