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Realizado pelo Professor: Joel José Félix Miranda.
17 de Novembro de 2005
INTRODUÇÃO.
O presente trabalho surge no âmbito da proposta
apresentada pela docente da disciplina de Filosofia das
Ciências e Epistemologia Genética IV, tendo por tema
“Possibilidades e Limites do Conhecimento Humano”.
Antes de procedermos à apresentação do presente
trabalho recordamos o poema do Professor Manuel Sérgio
(1972) extraído do livro “Uma Ligeira Brisa no Tempo”:
“Quando fores livre e te sentires cativo
Com o peso dos mundos inventados
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Noutros Mundos por ti anunciados”
Possibilidade – s.f., qualidade do que é possível; oportunidade;
posses; rendimento; capacidade.
Limite – s.m., linha que estrema superfícies ou terrenos contíguos;
marco; baliza; raia; fronteira; terreno; meta.
Humano – adj. (do lat. humanu), próprio do Homem; relativo ao
Homem em geral; o conjunto dos homens.
Conhecimento – s.m., faculdade de conhecer; relação directa que se
toma de alguma coisa; noção; informação; experiência; pessoa com
quem se tem relações.
O conhecimento acompanha o homem hodierno e como nos
diz Morin (1995: 39): “não procurei o conhecimento enciclopédico,
mas sim o conhecimento enciclopedizante, que põe num ciclo os
conhecimentos disjuntos para que eles ganhem sentido ligando-se
uns aos outros. É esta vontade de ligar que por si mesma fez emergir,
e depois desenvolver-se, o pensamento complexo”.
Isto é, o conhecimento constrói-se através do conhecimento
das partes que depende do conhecimento do todo como o
conhecimento do todo depende do conhecimento das partes.
O conhecimento funciona como um «corpo vivo», suporta-se em
linguagens, adapta-se, expande-se, redefine-se, eventualmente é ultrapassado e
cai em desuso. O conjunto de conhecimentos que constitui uma disciplina não é
nunca um edifício acabado, imutável, eternamente eficaz. Ele é influenciado pelo
contexto em que se joga a sobrevivência nessa época.
«Por isso, a ciência, que é dotada de uma identidade processual e de um
objecto global único, aparece aos nossos olhos de hoje como um vastíssimo corpo de
várias disciplinas, subdisciplinas e especialidades, abarcando um campo cognitivo
imenso. Este campo, de um “tamanho” a perder de vista, foi, no entanto, criado pela
actividade dos nossos antepassados e é recriado, mantido e afinado pela actividade
dos nossos contemporâneos» (Caraça, 2002: 57).
O conhecimento humano necessita então de
inúmeras comunicações:
- entre os receptores sensoriais e o mundo exterior;
- sobretudo no interior do aparelho neurocerebral;
- entre os indivíduos;
o que origina e multiplica os riscos de incerteza e de erro.
Ora, o maior contributo do conhecimento do séc.xx foi o
conhecimento dos limites do conhecimento, pois constitui uma
aquisição capital para o conhecimento.
Indica-nos que o conhecimento dos limites do conhecimento
faz parte das possibilidades do conhecimento e realiza essa
possibilidade, sendo que o mistério do real não é esgotável pelo
conhecimento.
A maior certeza que nos deu é a da não eliminação de
incertezas, não só na acção, mas no conhecimento.
Por exemplo, a teoria de Darwin revolucionou definitivamente
o modo como o mundo científico e o homem de maneira geral
compreendem a existência da vida no planeta. Sabemos todos há
muito tempo que sabemos muito pouco. Qualquer descoberta de
ordem científica ou materialista é, pelo menos, um passo em frente.
Conhecemo-nos hoje melhor que há cem anos?
A resposta é incerta. Calculamos que nos conhecemos
“mais”. O percurso é a regra e a meta a possibilidade.
Parafraseando o poeta Salah Stétie (cit. por Morin, 2001), “ o
único ponto quase certo no naufrágio (antigas certezas absolutas) é o
ponto de interrogação”.
Já como dizia Heraclito (cit. por Morin, 2001), “ se não
esperas o inesperado, não o encontrarás.” É pois necessário
preparar-mo-nos para o nosso mundo incerto e esperar o inesperado!
A condição humana, desta forma, está marcada por duas grandes
incertezas: a incerteza cognitivaincerteza cognitiva e a incerteza históricaincerteza histórica.
Existe no conhecimento três princípios de incerteza cognitiva:
1º- Cerebral: o conhecimento nunca é um reflexo do real, mas sempre
uma tradução e reconstrução, o mesmo é dizer contendo risco de erro.
2º- Psíquico: o conhecimento dos factos é sempre tributário da
interpretação.
3º- Epistemológico: decorre da crise dos fundamentos de certeza em
filosofia (a partir de Nietzsche) depois em ciência (a partir de Bachelard e
Popper).
Vejamos o que escreve Popper (1989: 18): “O
conhecimento não é a procura da certeza. Errar é humano –
todo o conhecimento é falível e, consequentemente, incerto.
Daí decorre que devemos estabelecer uma distinção
rigorosa entre verdade e certeza. Afirmar que errar é
humano significa que devemos lutar permanentemente
contra o erro e também que não podemos nunca ter a
certeza de que, mesmo assim, não cometemos nenhum
erro”.
E mais à frente diz: “Uma falha que cometamos – um erro – no domínio
da ciência significa, em substância, que consideramos como verdadeira uma teoria
que não o é (acontece muito mais raramente considerarmos falsa uma teoria que é
verdadeira). Combater a falha, o erro, significa, pois, procurar uma verdade mais
objectiva e fazer tudo para detectar e eliminar tudo o que é falso. É esta a função da
actividade científica. Poder-se-á dizer igualmente que o nosso objectivo, enquanto
cientistas, é a verdade objectiva – mais verdade [...] uma verdade mais inteligível. A
certeza não pode constituir a nossa meta, numa perspectiva de razoabilidade. Ao
reconhecermos a falibilidade do conhecimento humano, reconhecemos
simultaneamente que nunca poderemos estar completamente seguros de não
termos cometido algum erro. O que pode ser formulado do seguinte modo: existem
verdades duvidosas – inclusivamente proposições verdadeiras por nós
consideradas falsas – mas não existem certezas duvidosas”.
Tudo é falível, tudo o que é humano é incerto. Todo
o conhecimento imediato é abstracto. O homem é um ser
complexo e a grande categoria que emerge da
complexidade é a incerteza.
Por outro lado, a incerteza histórica concerne ao
carácter intrinsecamente caótico da história humana
marcada por criações fabulosas e destruições
irremediáveis.
Após a elaboração do presente trabalho podemos concluir: que conhecer é
produzir uma tradução das realidades do mundo exterior, pois somos co-produtores do
objecto que conhecemos, cooperamos com o mundo exterior e é esta co-produção que nós
dá objectividade do objecto, ou seja somos co-produtores do objecto e da objectividade; que
o pensamento contemporâneo é o reflexo de um mundo em crise pronunciada, crise
complexa, multidimensional, cujas facetas afectam todos os aspectos da nossa vida – a
saúde e o modo de vida, a qualidade do meio ambiente, da economia, tecnologia, política,
crise das ciências e das artes, crise proveniente das classes e das nações, sendo uma crise
de dimensões intelectuais, morais e espirituais; que a pergunta é a forma suprema do saber e
que para a mente humana o certo será sempre penúltimo e o último será sempre incerto; que
de facto uma das verdadeiras conquistas do espírito humano, é a de nos colocar em condição
de enfrentar as incertezas e mais globalmente o destino incerto de cada indivíduo. Então o
que fazer para enfrentar a incerteza? Fazer convergir vários ensinos, mobilizar várias ciências
e disciplinas para aprender a enfrentar a incerteza…
Em Jeito de Conclusão…
Caraça, João (2002): “Entre a Ciência e a Consciência”. Campo das Letras,
Porto.
Dicionário da Língua Potruguesa (1998). 1ª Edição; Porto Editora.
Morin, Edgar (1995): “Os Meus Demónios”. Publicações Europa - América,
Lisboa.
Morin, Edgar (2001): “Introdução ao Pensamento Complexo”. Instituto
Piaget, Lisboa.
Popper, Karl (1989): “Em Busca de um Mundo Melhor”. Editorial
Fragmentos, Lisboa.
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Apresentação possibilidades e limites do conhecimento huma

  • 1. Realizado pelo Professor: Joel José Félix Miranda. 17 de Novembro de 2005
  • 2. INTRODUÇÃO. O presente trabalho surge no âmbito da proposta apresentada pela docente da disciplina de Filosofia das Ciências e Epistemologia Genética IV, tendo por tema “Possibilidades e Limites do Conhecimento Humano”.
  • 3. Antes de procedermos à apresentação do presente trabalho recordamos o poema do Professor Manuel Sérgio (1972) extraído do livro “Uma Ligeira Brisa no Tempo”: “Quando fores livre e te sentires cativo Com o peso dos mundos inventados Inventa a liberdade de seres vivo Noutros Mundos por ti anunciados”
  • 4. Possibilidade – s.f., qualidade do que é possível; oportunidade; posses; rendimento; capacidade. Limite – s.m., linha que estrema superfícies ou terrenos contíguos; marco; baliza; raia; fronteira; terreno; meta. Humano – adj. (do lat. humanu), próprio do Homem; relativo ao Homem em geral; o conjunto dos homens. Conhecimento – s.m., faculdade de conhecer; relação directa que se toma de alguma coisa; noção; informação; experiência; pessoa com quem se tem relações.
  • 5. O conhecimento acompanha o homem hodierno e como nos diz Morin (1995: 39): “não procurei o conhecimento enciclopédico, mas sim o conhecimento enciclopedizante, que põe num ciclo os conhecimentos disjuntos para que eles ganhem sentido ligando-se uns aos outros. É esta vontade de ligar que por si mesma fez emergir, e depois desenvolver-se, o pensamento complexo”. Isto é, o conhecimento constrói-se através do conhecimento das partes que depende do conhecimento do todo como o conhecimento do todo depende do conhecimento das partes.
  • 6. O conhecimento funciona como um «corpo vivo», suporta-se em linguagens, adapta-se, expande-se, redefine-se, eventualmente é ultrapassado e cai em desuso. O conjunto de conhecimentos que constitui uma disciplina não é nunca um edifício acabado, imutável, eternamente eficaz. Ele é influenciado pelo contexto em que se joga a sobrevivência nessa época. «Por isso, a ciência, que é dotada de uma identidade processual e de um objecto global único, aparece aos nossos olhos de hoje como um vastíssimo corpo de várias disciplinas, subdisciplinas e especialidades, abarcando um campo cognitivo imenso. Este campo, de um “tamanho” a perder de vista, foi, no entanto, criado pela actividade dos nossos antepassados e é recriado, mantido e afinado pela actividade dos nossos contemporâneos» (Caraça, 2002: 57).
  • 7. O conhecimento humano necessita então de inúmeras comunicações: - entre os receptores sensoriais e o mundo exterior; - sobretudo no interior do aparelho neurocerebral; - entre os indivíduos; o que origina e multiplica os riscos de incerteza e de erro.
  • 8. Ora, o maior contributo do conhecimento do séc.xx foi o conhecimento dos limites do conhecimento, pois constitui uma aquisição capital para o conhecimento. Indica-nos que o conhecimento dos limites do conhecimento faz parte das possibilidades do conhecimento e realiza essa possibilidade, sendo que o mistério do real não é esgotável pelo conhecimento. A maior certeza que nos deu é a da não eliminação de incertezas, não só na acção, mas no conhecimento.
  • 9. Por exemplo, a teoria de Darwin revolucionou definitivamente o modo como o mundo científico e o homem de maneira geral compreendem a existência da vida no planeta. Sabemos todos há muito tempo que sabemos muito pouco. Qualquer descoberta de ordem científica ou materialista é, pelo menos, um passo em frente. Conhecemo-nos hoje melhor que há cem anos? A resposta é incerta. Calculamos que nos conhecemos “mais”. O percurso é a regra e a meta a possibilidade.
  • 10. Parafraseando o poeta Salah Stétie (cit. por Morin, 2001), “ o único ponto quase certo no naufrágio (antigas certezas absolutas) é o ponto de interrogação”. Já como dizia Heraclito (cit. por Morin, 2001), “ se não esperas o inesperado, não o encontrarás.” É pois necessário preparar-mo-nos para o nosso mundo incerto e esperar o inesperado!
  • 11. A condição humana, desta forma, está marcada por duas grandes incertezas: a incerteza cognitivaincerteza cognitiva e a incerteza históricaincerteza histórica. Existe no conhecimento três princípios de incerteza cognitiva: 1º- Cerebral: o conhecimento nunca é um reflexo do real, mas sempre uma tradução e reconstrução, o mesmo é dizer contendo risco de erro. 2º- Psíquico: o conhecimento dos factos é sempre tributário da interpretação. 3º- Epistemológico: decorre da crise dos fundamentos de certeza em filosofia (a partir de Nietzsche) depois em ciência (a partir de Bachelard e Popper).
  • 12. Vejamos o que escreve Popper (1989: 18): “O conhecimento não é a procura da certeza. Errar é humano – todo o conhecimento é falível e, consequentemente, incerto. Daí decorre que devemos estabelecer uma distinção rigorosa entre verdade e certeza. Afirmar que errar é humano significa que devemos lutar permanentemente contra o erro e também que não podemos nunca ter a certeza de que, mesmo assim, não cometemos nenhum erro”.
  • 13. E mais à frente diz: “Uma falha que cometamos – um erro – no domínio da ciência significa, em substância, que consideramos como verdadeira uma teoria que não o é (acontece muito mais raramente considerarmos falsa uma teoria que é verdadeira). Combater a falha, o erro, significa, pois, procurar uma verdade mais objectiva e fazer tudo para detectar e eliminar tudo o que é falso. É esta a função da actividade científica. Poder-se-á dizer igualmente que o nosso objectivo, enquanto cientistas, é a verdade objectiva – mais verdade [...] uma verdade mais inteligível. A certeza não pode constituir a nossa meta, numa perspectiva de razoabilidade. Ao reconhecermos a falibilidade do conhecimento humano, reconhecemos simultaneamente que nunca poderemos estar completamente seguros de não termos cometido algum erro. O que pode ser formulado do seguinte modo: existem verdades duvidosas – inclusivamente proposições verdadeiras por nós consideradas falsas – mas não existem certezas duvidosas”.
  • 14. Tudo é falível, tudo o que é humano é incerto. Todo o conhecimento imediato é abstracto. O homem é um ser complexo e a grande categoria que emerge da complexidade é a incerteza. Por outro lado, a incerteza histórica concerne ao carácter intrinsecamente caótico da história humana marcada por criações fabulosas e destruições irremediáveis.
  • 15. Após a elaboração do presente trabalho podemos concluir: que conhecer é produzir uma tradução das realidades do mundo exterior, pois somos co-produtores do objecto que conhecemos, cooperamos com o mundo exterior e é esta co-produção que nós dá objectividade do objecto, ou seja somos co-produtores do objecto e da objectividade; que o pensamento contemporâneo é o reflexo de um mundo em crise pronunciada, crise complexa, multidimensional, cujas facetas afectam todos os aspectos da nossa vida – a saúde e o modo de vida, a qualidade do meio ambiente, da economia, tecnologia, política, crise das ciências e das artes, crise proveniente das classes e das nações, sendo uma crise de dimensões intelectuais, morais e espirituais; que a pergunta é a forma suprema do saber e que para a mente humana o certo será sempre penúltimo e o último será sempre incerto; que de facto uma das verdadeiras conquistas do espírito humano, é a de nos colocar em condição de enfrentar as incertezas e mais globalmente o destino incerto de cada indivíduo. Então o que fazer para enfrentar a incerteza? Fazer convergir vários ensinos, mobilizar várias ciências e disciplinas para aprender a enfrentar a incerteza… Em Jeito de Conclusão…
  • 16. Caraça, João (2002): “Entre a Ciência e a Consciência”. Campo das Letras, Porto. Dicionário da Língua Potruguesa (1998). 1ª Edição; Porto Editora. Morin, Edgar (1995): “Os Meus Demónios”. Publicações Europa - América, Lisboa. Morin, Edgar (2001): “Introdução ao Pensamento Complexo”. Instituto Piaget, Lisboa. Popper, Karl (1989): “Em Busca de um Mundo Melhor”. Editorial Fragmentos, Lisboa. Bibliografia