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Revista de Medicina Desportiva informa Março 2012 · 23
Tema4
Têxteis e vestuário
desportivo II/III
Eng. Fernando Merino.
Intelligence CITEVE. Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal. Famalicão.
Resumo Abstract
O desempenho dos atletas é determinado por vários fatores como o seu estado físico e
fisiológico, mas também pelo equipamento. Por isso, o vestuário de desporto deve ser con-
cebido para promover o conforto e lidar com grandes quantidades de suor que se libertam
em competição. Este artigo destaca o papel dos materiais têxteis, enquanto materiais avan-
çados que contribuem para o melhor desempenho fisiológico, e também o papel do vestuá-
rio desportivo mais adequado, em particular no melhor desempenho sob stress térmico.
Athlete’s performance is defined by several issues, like their physical and physiological condition,
but also depends on his/her equipment. Therefore, sports clothing must be designed in order to
promote confort and deal with large amounts of perspiration release during competition. This article
highlights the role of textile materials on sports clothing, as advanced materials contributing to
improve physiological performance, and also the role of suitable sports clothing, focusing in particu-
lar on thermal stress.
Palavras-chave Keywords
Vestuário e sudação, têxteis e proteção UV, têxteis e radiação IV, stress térmico.
Garments and perspiration, textiles and UV protection, textiles and IR radiation, thermal stress.
Rev. Medicina Desportiva informa, 2012, 3 (2), pp. 23–25
Introdução
Nos últimos anos tem-se assistido
ao uso de materiais avançados no
desporto, mais leves e mais efica-
zes, e os resultados na melhoria do
conforto e da proteção dos atletas
estão à vista. Como complemento
do primeiro artigo, sobre têxteis e
vestuário desportivo, este destaca o
papel dos materiais têxteis enquanto
materiais avançados que contri-
buem para o melhor desempenho
fisiológico, em termos de sudação,
e também o papel do vestuário
desportivo para melhor desempenho
sob stress térmico.
O vestuário e a sudação
A sudação é uma função fisiológica
que decorre do aumento da tempe-
ratura do corpo, produzindo o suor
libertado através da pele. A capaci-
dade do organismo em perder calor
para o ambiente depende da excreção
e evaporação do suor. À medida que
a temperatura corporal aumenta,
a produção e eliminação de suor
pelas glândulas sudoríparas (sudo-
rese) também aumenta, para evitar
a acumulação excessiva de calor no
organismo. O suor presente na pele
evapora-se, roubando calor à super-
fície corporal e, por consequência,
arrefecendo-a, processo que depende
da quantidade de calor produzida
pelo corpo e do gradiente térmico
entre o corpo e o meio ambiente. Com
a sudação o corpo arrefece, daí que o
vestuário de desporto deva ser conce-
bido para melhor lidar com grandes
quantidades de suor e de calor que se
libertam, promovendo o conforto1
.
O vestuário, enquanto equipa-
mento desportivo, é importante
para a termorregulação, pelo que
não deve impedir que a sudação
se desenvolva, porque esta é uma
função fisiológica essencial, mas
também deve gerir a perda de calor
que ocorre como consequência da
sudação.
Os tecidos e as malhas do ponto
de vista estrutural, e apenas para
referir as estruturas têxteis mais
simples e mais utilizadas em vestuá-
rio, têm, pelas suas próprias cara-
terísticas de construção, diferentes
comportamentos perante a sudação.
Para além disso, a natureza das
fibras que constituem os fios, isto
é, o facto de serem de uma matéria
natural (algodão, linho), ou sintética
(poliéster, poliamida, polipropileno)
tem também a sua influência.
De forma sucinta refira-se que
as malhas são geralmente mais
elásticas do que os tecidos devido à
sua própria construção e, por isso,
de forma natural, são mais eficazes
para permitir a libertação corporal
da sudação. As fibras sintéticas têm
vantagem sobre as fibras natu-
rais neste processo, pois são mais
eficazes na capacidade de impedir
a absorção da sudação e, inclusiva-
mente, de secarem de forma mais
rápida. Mas a combinação de fibras
naturais com fibras sintéticas pode
ser adequada, quando as naturais
conseguem fazer a absorção da
sudação e a combinação com as sin-
téticas permite a sucção e libertação
para o exterior.
As micro-membranas coladas
aos têxteis são também cada vez
mais incorporadas no vestuário
exterior. Impedem a passagem de
gotas de água do exterior e por isso
são impermeáveis, mas permitem
a passagem das moléculas de água
no estado de vapor (evaporação).
Existem ainda membranas em que
as moléculas de vapor de água da
sudação se movem através de um
processo molecular hidrófilo, devido
a diferenças de temperatura interna
e externa do vestuário, i.e., entre o
corpo e o ambiente.
A este conceito de têxteis inte-
ligentes acresce outro de têxteis
compostos por polímeros com
memória de forma. Estes polímeros
têm a capacidade de mudar estru-
turalmente em função da tempera-
tura, correspondendo a estruturas
de nível microestrutural, em que o
polímero abre, permitindo a passa-
gem de vapor (evaporação) quando
a temperatura corporal aumenta, e
fecha quando arrefece, para impedir
a passagem de ar, funcionando como
um isolamento.
24 · Março 2012 www.revdesportiva.pt
O vestuário e a radiação solar
O desempenho em desporto é deter-
minado por vários fatores, como o
estado físico e fisiológico do atleta,
mas também pelo equipamento
utilizado pelo atleta em termos de
design e dos materiais que são utili-
zados e que influenciam a termorre-
gulação. A maior procura de ativi-
dades ao ar livre para o desporto e
lazer traz novas implicações a serem
consideradas pelos designers de
vestuário outdoor. Existem diferen-
ças de género, idade e atividade,
que influenciam a termorregulação
e que devem ser consideradas no
processo de desenvolvimento do
vestuário, mas deve ser também
destacada a importância da prote-
ção à radiação infravermelha (IV),
por ser responsável pela sensação
de calor, e a proteção contra os raios
ultravioleta (UV).
O Sol emite um amplo espec-
tro de radiação eletromagnética,
que é desviado ou atenuado pelas
camadas atmosféricas da Terra. As
radiações que chegam à superfície
terrestre são classificadas como
não-ionizantes e subdivididas em
infravermelho, visível e ultravioleta2
.
Como vimos no primeiro artigo
desta série sobre têxteis e vestuá-
rio desportivo, a radiação UV, que é
uma componente invisível da luz e
com níveis de incidência distintos a
diferentes altitudes, é cada vez mais
importante na praia, nos desportos
de neve, de montanha e ao ar livre,
em geral. Importa por isso perceber
os fenómenos da componente de luz
invisível onde atuam essas radiações,
considerando a parte imediatamente
à esquerda do espectro de luz visível,
onde se situam os raios UV [280–400
nm], mas também a parte logo à
direita onde se situam os raios IV
[780–1400 nm], porque são estes que
determinam a sensação de calor.
Quando sobre um têxtil, como por
exemplo um tecido, incidem raios
de luz observam-se três fenóme-
nos representados pelas setas da
figura 1, que são a transmissão, a
absorção e a reflexão. Porém, o que
acontece com a componente de luz
UV e IV não é exatamente o mesmo
e também é diferente consoante a
incidência se observa sobre cores
claras e cores escuras.
Raios solares
absorção
tecido
transmitância
Figura 1 – transmissão, absorção e refle-
xão da luz sobre têxteis
Em cores claras a radiação UV
tem maior capacidade de se trans-
mitir pelo tecido e, por isso, maior
capacidade em chegar à pele, o que
não acontece com cores escuras,
onde é absorvida pelo tecido. Mas
para o mesmo tipo de tecido, e nas
cores claras, a radiação IV é refletida
pela superfície, pelo que há menor
sensação de calor, ao contrário do
que acontece com as cores escuras,
em que a radiação IV é absorvida
pelo tecido e, por isso, existe maior
sensação de calor. Estes fenómenos
estão ilustrados na figura 2.
A Schoeller Textiles AG3
desen-
volveu têxteis que contrariam estes
fenómenos, conseguindo que as cores
claras absorvam a radiação UV e que
as cores escuras reflictam a radiação
IV. Desta forma conseguem que as
cores claras sejam também eficazes
na protecção UV e que as cores escu-
ras não sejam tão “quentes”.
O vestuário e a sudação
O calor produzido nas atividades
desportivas eleva a temperatura
corporal que, por sua vez, exige mais
dos mecanismos de termorregula-
ção para a transferência de calor do
organismo para o ambiente, espe-
cialmente em ambientes quentes e
húmidos4
.
A prática de exercício pode levar à
desidratação, origina dificuldade na
regulação da temperatura corpo-
ral dando origem à hipertermia,
especialmente se o exercício for
realizado num ambiente quente
e húmido, e é causa uma série de
distúrbios relacionados com o calor,
como a redução de desempenho
físico, constituindo-se como uma
situação potencialmente fatal4
.
Este fator de stress térmico tem
sido estudado pela engenharia têxtil,
em cooperação com a engenharia
biomecânica5
e com a engenharia
biotérmica. O vestuário de proteção
eficaz deve permitir que as funções
corporais se estabeleçam, prote-
gendo o corpo do meio ambiente,
promovendo um microclima entre o
corpo e o ambiente externo. Daí que
o vestuário tem que ser visto como
um sistema complexo, pelo qual se
processam transferências de calor
importantes6
.
tecido
corpo
cores claras
Raiosuv
Raiosiv
calor
tecido
corpo
cores escuras
Raiosuv
Raiosiv
calor
Figura 2 – transmissão, absorção e refle-
xão da luz UV e IV sobre têxteis
Uma inovação ainda mais recente,
e que está a granjear recetividade
no meio do desporto, é o conceito de
vestuário que se comporta como um
refrigerador (figura 3), desenvolvido
pela X-bionic7
. Este desenvolvimento é
baseado no facto de que um atleta de
maratona consome a maior parte da
sua energia para controlar a tempera-
tura, pelo que apenas uma pequena
parte da energia é utilizada na
atividade de desporto propriamente
dita. A tese defendida pelas equipas
do Professor Wilfried Joch da Univer-
sidade de Munique e da Dra. Sandra
Ückert da Universidade de Dortmund
demonstra que o arrefecimento é
da maior importância e que o suor
é necessário para arrefecer a pele.
Figura 3 – conceito de vestuário que se comporta como um refrigerador
Revista de Medicina Desportiva informa Março 2012 · 25
Ao contrário do que acontece com
o vestuário que elimina a sudação e
deixa a pele seca, a tese defende que
esse suor é necessário para arrefecer
a pele. Os investigadores desenvol-
veram o conceito para aplicação em
vestuário, que consiste em deixar
que o suor saia do corpo, que liberte
o calor para o meio ambiente e que
regresse depois ao contacto com a
superfície corporal já com tempera-
tura mais baixa. Esta reciclagem da
água (suor) permite baixar a tempera-
tura corporal, evitar o stress térmico e
prevenir a desidratação.
Este conceito está materializado
pela empresa X-bionic, com base em
vestuário de malha bem justo ao
corpo, constituído por microcanais
que permitem o transporte do suor.
A figura, adaptada da Sportscience7
,
ilustra o processo de arrefecimento
corporal.
O conceito da X-bionic baseia-se
também no estudo dos sistemas
biológicos (biónica), sendo que neste
caso inspiraram-se nas orelhas da
raposa do deserto (vulpes zerda) que
são extremamente longas e desen-
volvidas para dissipar o calor.
Conclusão
O vestuário de proteção eficaz deve
permitir que as funções corporais se
estabeleçam, protegendo o corpo do
meio ambiente, promovendo ainda
um microclima entre o corpo e o
ambiente externo. O vestuário de
desporto tem que lidar com grandes
quantidades de suor que se liber-
tam e, neste domínio, o vestuário de
malha é o mais eficaz. Conseguem-se
bons resultados quando há combi-
nação de fibras naturais com fibras
sintéticas, respetivamente para a
absorção da sudação e sua sucção e
a libertação para o exterior. Por outro
lado, existem diversos materiais à
base de membranas e de polímeros
inteligentes que também são utili-
zados nos equipamentos. Especial
atenção deve ser dada à radiação
infravermelha (IV) que é refletida
pela superfície dos têxteis. Com
cores escuras, por exemplo, a radia-
ção IV é absorvida pelo tecido e, por
isso, existe maior sensação de calor.
Estes fatores influenciam o stress
térmico que é uma preocupação da
engenharia biomecânica, da enge-
nharia biotérmica, mas também tem
sido estudado pela engenharia têxtil.
Bibliografia
1.	 O’Mahony, M., Braddock, S.E., (2002), Sports-
tech, Revolutionary Fabrics, Fashion & Design,
Thames & Hudson Inc., 500 Fift Avenue,
New York, New York 10110.
2.	 Hatch K L, Osterwalder U., (2006), Garments
as solar ultraviolet radiation screening mate-
rials, Dermatol Clin 24 (2006) 85 – 100.
3.	 http://www.schoeller-textiles.com/en/tech-
nologies/coldblack.html
4.	 Vimieiro-Gomes, A., Rodrigues, L., (2001),
Avaliação do estado de hidratação dos atletas,
estresse térmico do ambiente e custo calórico
do exercício durante sessões de treinamento em
voleibol de alto nível, Rev. Paul. Educ. Fís., São
Paulo, 15(2): 201-11, jul./dez. 2001.
5.	 Li, X., Dai, X-Q. (ed.): Biomechanical Engi-
neering of textiles and clothing, Woodhead
Publishing Limited, Abington Hall, Abing-
ton Cambridge CB1 6AH, England, 2006,
pp. 1-17.
6.	 Raheel, M. (ed.): Protective Clothing Systems
and Materials, Marcel Dekker, Inc., 270
Madison Avenue, New York, NY 10016, USA,
1994, pp. 137-171.
7.	 http://www.sportscience-laboratories.comEcc
IY



“Muitos estudos demonstraram
que fazer refeições em família e
ter outros aspetos estruturais da
refeição, incluindo jantar com
outras pessoas, está significativa-
mente associado com uma dieta
nutricionalmente mais adequada,
com maior ingestão de fruta,
vegetais, grãos e alimentos ricos
em cálcio. Pelo contrário, a inves-
tigação revelou que comer comida
preparada fora de casa e comer a
correr está relacionado com uma
dieta pobre, com maiores inges-
tões de gordura total e saturada.”
“Cozinhar com temperaturas
elevadas os alimentos com muito
amido, como o pão, cereais, bata-
tas e biscoitos forma naturalmente
um composto chamado acrila-
mida, o qual tem sido relacionado
com efeitos adversos na saúde ani-
mal (alteração do ADN e cancro).”
EUFIC
European Food
Information Council
N.º 79 – Out/
Nov 2011

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Therefore, sports clothing must be designed in order to promote confort and deal with large amounts of perspiration release during competition. This article highlights the role of textile materials on sports clothing, as advanced materials contributing to improve physiological performance, and also the role of suitable sports clothing, focusing in particu- lar on thermal stress. Palavras-chave Keywords Vestuário e sudação, têxteis e proteção UV, têxteis e radiação IV, stress térmico. Garments and perspiration, textiles and UV protection, textiles and IR radiation, thermal stress. Rev. Medicina Desportiva informa, 2012, 3 (2), pp. 23–25 Introdução Nos últimos anos tem-se assistido ao uso de materiais avançados no desporto, mais leves e mais efica- zes, e os resultados na melhoria do conforto e da proteção dos atletas estão à vista. Como complemento do primeiro artigo, sobre têxteis e vestuário desportivo, este destaca o papel dos materiais têxteis enquanto materiais avançados que contri- buem para o melhor desempenho fisiológico, em termos de sudação, e também o papel do vestuário desportivo para melhor desempenho sob stress térmico. O vestuário e a sudação A sudação é uma função fisiológica que decorre do aumento da tempe- ratura do corpo, produzindo o suor libertado através da pele. A capaci- dade do organismo em perder calor para o ambiente depende da excreção e evaporação do suor. À medida que a temperatura corporal aumenta, a produção e eliminação de suor pelas glândulas sudoríparas (sudo- rese) também aumenta, para evitar a acumulação excessiva de calor no organismo. O suor presente na pele evapora-se, roubando calor à super- fície corporal e, por consequência, arrefecendo-a, processo que depende da quantidade de calor produzida pelo corpo e do gradiente térmico entre o corpo e o meio ambiente. Com a sudação o corpo arrefece, daí que o vestuário de desporto deva ser conce- bido para melhor lidar com grandes quantidades de suor e de calor que se libertam, promovendo o conforto1 . O vestuário, enquanto equipa- mento desportivo, é importante para a termorregulação, pelo que não deve impedir que a sudação se desenvolva, porque esta é uma função fisiológica essencial, mas também deve gerir a perda de calor que ocorre como consequência da sudação. Os tecidos e as malhas do ponto de vista estrutural, e apenas para referir as estruturas têxteis mais simples e mais utilizadas em vestuá- rio, têm, pelas suas próprias cara- terísticas de construção, diferentes comportamentos perante a sudação. Para além disso, a natureza das fibras que constituem os fios, isto é, o facto de serem de uma matéria natural (algodão, linho), ou sintética (poliéster, poliamida, polipropileno) tem também a sua influência. De forma sucinta refira-se que as malhas são geralmente mais elásticas do que os tecidos devido à sua própria construção e, por isso, de forma natural, são mais eficazes para permitir a libertação corporal da sudação. As fibras sintéticas têm vantagem sobre as fibras natu- rais neste processo, pois são mais eficazes na capacidade de impedir a absorção da sudação e, inclusiva- mente, de secarem de forma mais rápida. Mas a combinação de fibras naturais com fibras sintéticas pode ser adequada, quando as naturais conseguem fazer a absorção da sudação e a combinação com as sin- téticas permite a sucção e libertação para o exterior. As micro-membranas coladas aos têxteis são também cada vez mais incorporadas no vestuário exterior. Impedem a passagem de gotas de água do exterior e por isso são impermeáveis, mas permitem a passagem das moléculas de água no estado de vapor (evaporação). Existem ainda membranas em que as moléculas de vapor de água da sudação se movem através de um processo molecular hidrófilo, devido a diferenças de temperatura interna e externa do vestuário, i.e., entre o corpo e o ambiente. A este conceito de têxteis inte- ligentes acresce outro de têxteis compostos por polímeros com memória de forma. Estes polímeros têm a capacidade de mudar estru- turalmente em função da tempera- tura, correspondendo a estruturas de nível microestrutural, em que o polímero abre, permitindo a passa- gem de vapor (evaporação) quando a temperatura corporal aumenta, e fecha quando arrefece, para impedir a passagem de ar, funcionando como um isolamento.
  • 2. 24 · Março 2012 www.revdesportiva.pt O vestuário e a radiação solar O desempenho em desporto é deter- minado por vários fatores, como o estado físico e fisiológico do atleta, mas também pelo equipamento utilizado pelo atleta em termos de design e dos materiais que são utili- zados e que influenciam a termorre- gulação. A maior procura de ativi- dades ao ar livre para o desporto e lazer traz novas implicações a serem consideradas pelos designers de vestuário outdoor. Existem diferen- ças de género, idade e atividade, que influenciam a termorregulação e que devem ser consideradas no processo de desenvolvimento do vestuário, mas deve ser também destacada a importância da prote- ção à radiação infravermelha (IV), por ser responsável pela sensação de calor, e a proteção contra os raios ultravioleta (UV). O Sol emite um amplo espec- tro de radiação eletromagnética, que é desviado ou atenuado pelas camadas atmosféricas da Terra. As radiações que chegam à superfície terrestre são classificadas como não-ionizantes e subdivididas em infravermelho, visível e ultravioleta2 . Como vimos no primeiro artigo desta série sobre têxteis e vestuá- rio desportivo, a radiação UV, que é uma componente invisível da luz e com níveis de incidência distintos a diferentes altitudes, é cada vez mais importante na praia, nos desportos de neve, de montanha e ao ar livre, em geral. Importa por isso perceber os fenómenos da componente de luz invisível onde atuam essas radiações, considerando a parte imediatamente à esquerda do espectro de luz visível, onde se situam os raios UV [280–400 nm], mas também a parte logo à direita onde se situam os raios IV [780–1400 nm], porque são estes que determinam a sensação de calor. Quando sobre um têxtil, como por exemplo um tecido, incidem raios de luz observam-se três fenóme- nos representados pelas setas da figura 1, que são a transmissão, a absorção e a reflexão. Porém, o que acontece com a componente de luz UV e IV não é exatamente o mesmo e também é diferente consoante a incidência se observa sobre cores claras e cores escuras. Raios solares absorção tecido transmitância Figura 1 – transmissão, absorção e refle- xão da luz sobre têxteis Em cores claras a radiação UV tem maior capacidade de se trans- mitir pelo tecido e, por isso, maior capacidade em chegar à pele, o que não acontece com cores escuras, onde é absorvida pelo tecido. Mas para o mesmo tipo de tecido, e nas cores claras, a radiação IV é refletida pela superfície, pelo que há menor sensação de calor, ao contrário do que acontece com as cores escuras, em que a radiação IV é absorvida pelo tecido e, por isso, existe maior sensação de calor. Estes fenómenos estão ilustrados na figura 2. A Schoeller Textiles AG3 desen- volveu têxteis que contrariam estes fenómenos, conseguindo que as cores claras absorvam a radiação UV e que as cores escuras reflictam a radiação IV. Desta forma conseguem que as cores claras sejam também eficazes na protecção UV e que as cores escu- ras não sejam tão “quentes”. O vestuário e a sudação O calor produzido nas atividades desportivas eleva a temperatura corporal que, por sua vez, exige mais dos mecanismos de termorregula- ção para a transferência de calor do organismo para o ambiente, espe- cialmente em ambientes quentes e húmidos4 . A prática de exercício pode levar à desidratação, origina dificuldade na regulação da temperatura corpo- ral dando origem à hipertermia, especialmente se o exercício for realizado num ambiente quente e húmido, e é causa uma série de distúrbios relacionados com o calor, como a redução de desempenho físico, constituindo-se como uma situação potencialmente fatal4 . Este fator de stress térmico tem sido estudado pela engenharia têxtil, em cooperação com a engenharia biomecânica5 e com a engenharia biotérmica. O vestuário de proteção eficaz deve permitir que as funções corporais se estabeleçam, prote- gendo o corpo do meio ambiente, promovendo um microclima entre o corpo e o ambiente externo. Daí que o vestuário tem que ser visto como um sistema complexo, pelo qual se processam transferências de calor importantes6 . tecido corpo cores claras Raiosuv Raiosiv calor tecido corpo cores escuras Raiosuv Raiosiv calor Figura 2 – transmissão, absorção e refle- xão da luz UV e IV sobre têxteis Uma inovação ainda mais recente, e que está a granjear recetividade no meio do desporto, é o conceito de vestuário que se comporta como um refrigerador (figura 3), desenvolvido pela X-bionic7 . Este desenvolvimento é baseado no facto de que um atleta de maratona consome a maior parte da sua energia para controlar a tempera- tura, pelo que apenas uma pequena parte da energia é utilizada na atividade de desporto propriamente dita. A tese defendida pelas equipas do Professor Wilfried Joch da Univer- sidade de Munique e da Dra. Sandra Ückert da Universidade de Dortmund demonstra que o arrefecimento é da maior importância e que o suor é necessário para arrefecer a pele. Figura 3 – conceito de vestuário que se comporta como um refrigerador
  • 3. Revista de Medicina Desportiva informa Março 2012 · 25 Ao contrário do que acontece com o vestuário que elimina a sudação e deixa a pele seca, a tese defende que esse suor é necessário para arrefecer a pele. Os investigadores desenvol- veram o conceito para aplicação em vestuário, que consiste em deixar que o suor saia do corpo, que liberte o calor para o meio ambiente e que regresse depois ao contacto com a superfície corporal já com tempera- tura mais baixa. Esta reciclagem da água (suor) permite baixar a tempera- tura corporal, evitar o stress térmico e prevenir a desidratação. Este conceito está materializado pela empresa X-bionic, com base em vestuário de malha bem justo ao corpo, constituído por microcanais que permitem o transporte do suor. A figura, adaptada da Sportscience7 , ilustra o processo de arrefecimento corporal. O conceito da X-bionic baseia-se também no estudo dos sistemas biológicos (biónica), sendo que neste caso inspiraram-se nas orelhas da raposa do deserto (vulpes zerda) que são extremamente longas e desen- volvidas para dissipar o calor. Conclusão O vestuário de proteção eficaz deve permitir que as funções corporais se estabeleçam, protegendo o corpo do meio ambiente, promovendo ainda um microclima entre o corpo e o ambiente externo. O vestuário de desporto tem que lidar com grandes quantidades de suor que se liber- tam e, neste domínio, o vestuário de malha é o mais eficaz. Conseguem-se bons resultados quando há combi- nação de fibras naturais com fibras sintéticas, respetivamente para a absorção da sudação e sua sucção e a libertação para o exterior. Por outro lado, existem diversos materiais à base de membranas e de polímeros inteligentes que também são utili- zados nos equipamentos. Especial atenção deve ser dada à radiação infravermelha (IV) que é refletida pela superfície dos têxteis. Com cores escuras, por exemplo, a radia- ção IV é absorvida pelo tecido e, por isso, existe maior sensação de calor. Estes fatores influenciam o stress térmico que é uma preocupação da engenharia biomecânica, da enge- nharia biotérmica, mas também tem sido estudado pela engenharia têxtil. Bibliografia 1. O’Mahony, M., Braddock, S.E., (2002), Sports- tech, Revolutionary Fabrics, Fashion & Design, Thames & Hudson Inc., 500 Fift Avenue, New York, New York 10110. 2. Hatch K L, Osterwalder U., (2006), Garments as solar ultraviolet radiation screening mate- rials, Dermatol Clin 24 (2006) 85 – 100. 3. http://www.schoeller-textiles.com/en/tech- nologies/coldblack.html 4. Vimieiro-Gomes, A., Rodrigues, L., (2001), Avaliação do estado de hidratação dos atletas, estresse térmico do ambiente e custo calórico do exercício durante sessões de treinamento em voleibol de alto nível, Rev. Paul. Educ. Fís., São Paulo, 15(2): 201-11, jul./dez. 2001. 5. Li, X., Dai, X-Q. (ed.): Biomechanical Engi- neering of textiles and clothing, Woodhead Publishing Limited, Abington Hall, Abing- ton Cambridge CB1 6AH, England, 2006, pp. 1-17. 6. Raheel, M. (ed.): Protective Clothing Systems and Materials, Marcel Dekker, Inc., 270 Madison Avenue, New York, NY 10016, USA, 1994, pp. 137-171. 7. http://www.sportscience-laboratories.comEcc IY “Muitos estudos demonstraram que fazer refeições em família e ter outros aspetos estruturais da refeição, incluindo jantar com outras pessoas, está significativa- mente associado com uma dieta nutricionalmente mais adequada, com maior ingestão de fruta, vegetais, grãos e alimentos ricos em cálcio. Pelo contrário, a inves- tigação revelou que comer comida preparada fora de casa e comer a correr está relacionado com uma dieta pobre, com maiores inges- tões de gordura total e saturada.” “Cozinhar com temperaturas elevadas os alimentos com muito amido, como o pão, cereais, bata- tas e biscoitos forma naturalmente um composto chamado acrila- mida, o qual tem sido relacionado com efeitos adversos na saúde ani- mal (alteração do ADN e cancro).” EUFIC European Food Information Council N.º 79 – Out/ Nov 2011