O documento discute a participação crescente das mulheres no mercado de trabalho no Brasil nos últimos 10 anos. Apesar de mais mulheres estarem em cargos de liderança e empreendedorismo, elas ainda ganham em média 28% menos que os homens e enfrentam segmentação ocupacional. Mais escolaridade não eliminou as desigualdades de gênero no mercado de trabalho.
Mulheres no mercado de trabalho: avanços e desafios
1. 22.03.2010
Participação das mulheres no mercado de
trabalho
As mulheres estão aumentando sua participação em todas as áreas do mercado de
trabalho, o percentual de mulheres chefes de empresas no mundo chega a 24%, e o Brasil,
está próximo a esse percentual com 21%.
A área empresarial parece ser onde as mulheres ascendem com mais sucesso nos espaços de
poder e decisão, mostrando que as conquistas sociais, como a maior escolaridade e liberdades
individuais, estão envolvidas no processo.
Os dados mostram que e as mulheres são maioria em cargos de encarregadas e
coordenadoras, e os percentuais decaem à medida que aumenta o nível do cargo. Entretanto,
os números revelam que nos últimos dez anos as mulheres têm alcançado crescimento em
todos os postos hierárquicos e são cada vez mais empreendedoras, ou seja, tornam-se chefes
dos próprios negócios.
O IBGE acaba de divulgar o trabalho especial “Mulher no Mercado de Trabalho: Perguntas e
Respostas”, que tem como objetivo apresentar um panorama da mulher no mercado de
trabalho no Brasil. Os resultados mostram que 35,5% das mulheres pesquisadas tinham
carteira de trabalho assinada, sendo que 61,2% das trabalhadoras tinham 11 anos ou mais de
estudo, ou seja, pelo menos o ensino médio completo; para os homens este percentual era de
53,2%. A parcela de mulheres ocupadas com nível superior completo era de 19,6%, também
superior ao dos homens 14,2%.
A proporção de mulheres que são “chefes de família”, ou seja, que são as principais
responsáveis pelo sustento do lar também aumentou entre os anos de 1998 e 2008, subindo
de 25,9% para 34,9%, que equivale a mais de um terço das famílias brasileiras. Aumentou
também a parcela de núcleos formados por mães que cuidam sozinhas dos filhos: de 4,4% para
5,9%.
Porém, a pesquisa do IBGE aponta que, o rendimento salarial das mulheres, estimado em R$
1.097,93, continua inferior ao dos homens (R$ 1.518,31). Em 2009, comparando a média anual
de rendimentos dos homens e das mulheres, verificou-se que as mulheres ganham em torno
de 72,3% do rendimento recebido pelos homens. Em 2003, esse percentual era de 70,8%.
A mesma conclusão é apresentada em um estudo divulgado pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT) por ocasião do Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, “As
mulheres – principalmente as mulheres negras – possuem rendimentos mais baixos que os dos
homens e, ainda que em média tenham níveis de escolaridade mais elevados, seguem
enfrentando o problema da segmentação ocupacional, que limita seu leque de possibilidades
de emprego”.
A responsabilidade e a participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro têm se
ampliado nos últimos anos, mas as desigualdades de gênero continuam as mesmas, mudanças
precisam ser promovidas para que as trabalhadoras possam conquistar igualdade econômica.
2. * Gleisi Hoffmann é advogada e membro do Diretório Nacional do Partido dos
Trabalhadores