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Brasil sustentável
Horizontes da competitividade industrial
Índice
Apresentação                      3

Ingrediente do crescimento        4

O mercado mundial                 7

Cenários para a competitividade   14

Mercados industriais em 2030      18
Apresentação
Esta é a quarta de uma série de cinco        Trata-se de um conjunto de dados que
publicações que analisam os horizontes       abrange um universo de cem países,
da economia brasileira para as próximas      analisados não apenas em seu aspecto
duas décadas, com atenção especial           econômico, mas também em sua dinâmica
para os seus setores mais estratégicos,      demográfica, de qualidade de vida e de
assim considerados tanto pela sua im-        recursos humanos e naturais.
portância na geração da renda nacional
quanto pelas oportunidades de negócios       Uma avaliação desse tipo deve obrigato-
que representam ao longo do tempo.           riamente transcender os limites estreitos
Nesse contexto, a competitividade            da conjuntura. Este estudo considera
industrial, tema deste relatório, ocupa      tendências de longo prazo relacionadas
um posto privilegiado, seja por sua impor-   ao processo de desenvolvimento tecno-
tância na geração de renda e emprego,        lógico e de mercados. Nesse sentido, os
seja por seu papel condicionante na inser-   efeitos de crises como a atual, desenca-
ção do País nos fluxos de comércio mun-      deada no mercado imobiliário norte-ame-
dial e no equilíbrio das contas externas.    ricano e que ganhou dimensões mundiais,
                                             representam desvios passageiros, histo-
Os temas abordados nas publicações são       ricamente compensados no horizonte de
os seguintes:                                tempo considerado nas projeções.

	   Potencialidades	do	mercado		       	     Este trabalho, um esforço conjunto da
	   habitacional;                            Ernst & Young e da Fundação Getulio
	   Crescimento	econômico	e	potencial	       Vargas, procura também qualificar a con-
	   de	consumo;                              cepção de desenvolvimento para o Brasil
	   Desafios	do	mercado	de	energia;          nas próximas décadas. Mais importante
	   Horizontes	da	competitividade		    	     que questionar se o País crescerá muito ou
	   industrial;                              pouco, é indagar se crescerá bem, ou seja,
	   Perspectivas	do	Brasil	na		              explorando ao máximo suas possibilidades,
	   agroindústria.                           mas de modo sustentável. Uma indústria
                                             competitiva, com capacidade exportadora,
A abordagem leva em conta as potencia-       é um elemento importante para o dinamis-
lidades do Brasil em sua interação com       mo e a estabilidade da economia brasileira.
o mercado mundial, com o objetivo de         Esta publicação traz elementos valiosos
delinear cenários até o ano de 2030.         para traçar as perspectivas do setor para
Uma visão aprofundada do comportamen-        as próximas duas décadas, a fim de orien-
to dos principais fatores determinantes do   tar o planejamento das empresas e trazer
cenário global é requisito para projeções    subsídios para a elaboração das políticas
válidas do crescimento brasileiro.           industrial e de comércio exterior.
4   BRASIL	SUSTENTÁVEL		HORIZONTES	DA	COMPETITIVIDADE	INDUSTRIAL




Ingrediente	do	
crescimento

                                    Diversificação                        balança comercial muito sensível
                                                                          à volatilidade dos preços desses
                                    necessária                            produtos no mercado internacional.
                                                                          Uma queda abrupta na cotação
                                    Até hoje o desenvolvimento            das commodities, nesse contexto,
                                    econômico é visto como sinônimo       ao comprometer a balança
                                    do processo de industrialização.      de pagamentos, cria grandes
                                    Isso porque, historicamente, as       dificuldades na condução da política
                                    nações consideradas desenvolvidas     macroeconômica. O Brasil possui
                                    passaram por um processo de           uma base produtiva diversificada.
                                    modificação estrutural em que a       Preservá-la, assegurando condições
                                    agricultura cede espaço para a        para o crescimento dos segmentos
                                    indústria, uma atividade econômica    setoriais em que existem vantagens
                                    moderna e de alta produtividade.      comparativas, é, portanto, um
                                    Isso ocorre com a realocação          objetivo a ser perseguido pela
                                    paulatina dos recursos de um          política econômica.
                                    setor para outro, ou seja, com a
                                    migração da mão-de-obra do meio       Competitividade
                                    rural para o urbano, em busca de
                                    novas oportunidades de emprego        As projeções do modelo de cenários
                                    proporcionadas pelos investimentos    desenvolvido para este trabalho
                                    em capital fixo para produção de      permitem mapear os principais
                                    bens industriais. Paralelamente       mercados importadores de bens
                                    à consolidação da indústria, o        industriais no mundo. Dessa maneira,
                                    crescimento do setor de serviços      pode-se ter uma visão do potencial de
                                    confere maior diversificação a todo   exportação dos produtos brasileiros,
                                    o setor produtivo.                    tanto daqueles que já apresentam
                                                                          um bom desempenho quanto
                                    Uma estrutura produtiva ampla         dos que representam novas
                                    torna a economia mais vigorosa na     oportunidades de inserção nos
                                    medida em que a geração de renda      mercados internacionais.
                                    não depende predominantemente
                                    de um setor. O mesmo raciocínio       Como foi visto na segunda
                                    vale com relação às estratégias       publicação desta série, espera-se
                                    de comércio internacional.            um crescimento do consumo
                                    Uma economia que depende              geral das famílias de 3,8% ao ano
                                    fortemente da exportação de bens      entre 2007 e 2017 no mercado
                                    primários, por exemplo, tem sua       interno, taxa que deve ceder um
O mercado internacional de bens industriaisA
                                                      estabelece desafios para a indústria
                                                      brasileira, defrontada constantemente com
                                                      a concorrência.




pouco entre 2017 e 2030 (3,4%).             mercado mundial. Novos produtos         realizada em países emergentes
Uma parte significativa desse               são apresentados aos consumidores       da Ásia, em razão de uma
crescimento será relacionada a bens         diariamente, mudando hábitos e          conjunção de mão-de-obra barata e
industriais, ou seja, há grandes            criando necessidades anteriormente      abundante, relativamente qualificada,
possibilidades de ampliação de              não imaginadas. É o caso de             e disponibilidade de energia.
negócios numa gama diversificada            bens relacionados à tecnologia          O mercado internacional de bens
de produtos. A oportunidade de              da informação e à comunicação,          industriais estabelece desafios para
atender a essa demanda interna              responsáveis pela elevação dos          a indústria brasileira, defrontada
com produção doméstica depende,             níveis de produtividade em todos        constantemente com a concorrência –
obviamente, da competitividade da           os setores da economia.                 tanto de países industrializados e
indústria brasileira.                                                               emergentes, na produção de bens de
                                            Os produtos inovadores, em regra,       alto conteúdo tecnológico, quanto
A oferta de bens industrializados           são concebidos nos países mais          de países menos desenvolvidos, na
de alto conteúdo tecnológico tem            ricos e industrializados, mas parte     produção de bens industriais de
crescido significativamente no              significativa de sua produção é         menor conteúdo tecnológico.




Crescimento	do	mercado	mundial	de	manufaturas,	(%)	ao	ano,	2007	a	2030


                                                                                                Exportações
                                                        Crescimento            Crescimento      brasileiras
                                                      das importações        das exportações    em 2030,
Produtos                                                  mundiais              brasileiras     US$ bilhões*

   Manufaturas                                              3,7%                  1,8%                             182,67

     Aço                                                    5,2%                  1,9%                15,88

     Produtos químicos                                      4,1%                  1,4%              10,72

     Equipamentos de transporte**                           2,7%                  1,5%                         29,50

     Equipamentos de escritório e telecomunicações          7,9%                  2,3%             5,38



Fonte: FGV
(*) A preços de 2007.
(**) Inclui automóveis e aeronaves.
6    BRASIL	SUSTENTÁVEL		HORIZONTES	DA	COMPETITIVIDADE	INDUSTRIAL




Tomando como base o cenário de                                 por exemplo, crescerá a uma                             é superior ao da maioria dos
referência adotado neste estudo –                              taxa média de 2,3% ao ano, ou                           países emergentes. Manter-se
que considera um crescimento                                   0,9 ponto percentual a mais                             competitivo requer investimentos
médio do PIB de 4% ao ano                                      que a média de crescimento                              de porte, com o intuito de gerar
até 2030, em um contexto de                                    dos produtos químicos (1,4%).                           e absorver inovações técnicas,
desenvolvimento sustentado, mas                                O dado crítico é que, para todos                        qualificar a mão-de-obra e
sem pressupor grandes mudanças                                 os setores, as exportações                              reduzir ineficiências no processo
institucionais –, haverá uma                                   brasileiras crescerão abaixo das                        produtivo. Adicionalmente,
diminuição da participação dos                                 importações mundiais. Isso mostra                       são necessários esforços de
produtos industriais brasileiros                               que ainda há muito a ser feito para                     transformação institucional para
no mercado. Isso apesar do                                     melhorar o desempenho do País                           baixar custos de produção e de
crescimento das exportações                                    rumo a 2030.                                            transação. Um cenário favorável
de bens manufaturados de 1,8%                                                                                          a um melhor desempenho das
ao ano nesse período. Mas há                                   O ritmo de progresso tecnológico                        exportações industriais brasileiras,
diferenças significativas quando são                           da indústria brasileira não                             em razão de reformas estruturais
considerados setores específicos –                             tem sido tão grande quanto                              mais abrangentes e de um
o ramo de equipamentos de                                      o observado nos países mais                             esforço inovador mais intenso, é
escritório e de telecomunicações,                              desenvolvidos, mas, ainda assim,                        apresentado no final deste trabalho.




Progresso	tecnológico	na	indústria	manufatureira,	(%)	ao	ano,	1960	a	2005

             2,19

    2,0%
                    1,84

                              1,64

    1,5%
                                      1,35
                                                   1,27
                                                          1,21    1,21
                                                                             1,14
                                                                                    1,05
    1,0%                                                                                   0,92

                                                                                                  0,74
                                                                                                         0,62
                                                                                                                0,56   0,55   0,52    0,52
    0,5%
                                                                                                                                             0,31    0,28
                                                                                                                                                               0,23
                                                                                                                                                                        0,15
    0,0%
           o


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                                                                                                                                                     il


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                                                                                                                         a
                                                                                                                        ia
                                                                                            ria




                                                                                                                                                               e
                                                                                           Su
                                                                do
                  ur




                                                                                            ic
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                                                                                          eg




                                                                                                                                 in




                                                                                                                                                                    di
                                                                                                                      nh
        pã




                                                                                                                                                    s
                                                                                                                     éc




                                                                                                                                                            ra
                                                                                                                                          ar
                                                                                        an
                                                                       Itá




                                                                                                                                                 ra
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                                                                                         lg
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                                                                                                                                                                   ân
                                                                                                                                Ch
                                            Un
               ap




                                                             ni




                                                                                       ru
      Ja




                                                             la




                                                                                      do




                                                                                                                   pa




                                                                                                                                                          Is
                                                                                                                   Su




                                                                                                                                         m


                                                                                                                                                 B
                                                                                     Bé




                                                                                     Áu
                                                                                      Fr
                    em




                                                           sU
                                                   Ho




                                                                                                                                                                   nl
             ng




                                                                                   No




                                                                                                                 Es




                                                                                                                                      na
                                       no




                                                                                   ia




                                                                                                                                                               Fi
                    Al




                                                         do
             Ci




                                                                                 ré




                                                                                                                                     Di
                                        i
                                     Re




                                                                               Co
                                                       ta
                                                     Es




Fonte: FGV
7




O	mercado	
mundial

Ritmo acelerado                          Evolução	das	importações	de	manufaturas
                                         Evolução das importações de manufaturas
A expansão do comércio internacional                                                            Mundo
de mercadorias vem se dando em                        (%) do PIB*                               Estados Unidos
                                                18%                                                               16%
um ritmo superior ao do crescimento
do PIB mundial – 5,3% contra                    16%
3,7% ao ano entre 1990 e 2007.
Embora as importações de bens                   14%

manufaturados representem em
termos globais 16% do PIB mundial,
                                                12%                                                               10%
essa participação é menor nas                   10%
economias mais desenvolvidas,
visto que esses países, em geral,                8%

têm um alto grau de industrialização.
                                                 6%
É o caso dos Estados Unidos, cujas
importações de bens manufaturados                4%
representam 10% do PIB desde o
início desta década.                             2%

                                                 0%
Entre as mercadorias transacionadas,              1990                       1995       2000              2005    2007
os produtos manufaturados foram
historicamente o grupo mais
dinâmico, com maior expansão.            Fonte: FGV.
                                          Fonte: FGV
                                          (*) A preços constantes de 2005.
Dados da Organização Mundial do          (*) A preços constantes de 2005.

Comércio (OMC) mostram que a
taxa de crescimento do comércio de
manufaturados foi de 7,5% ao ano
entre 1950 e 2006, mais que o dobro
da registrada para os produtos           América do Norte foram de bens             trilhões em 2006, a maior parte
agrícolas (3,5%) e também quase o        manufaturados. Nas demais regiões          referente a máquinas e equipamentos
dobro do índice relativo às transações   do globo, esse tipo de produto             de transporte (52,9%). Esses itens
nos setores de combustíveis e            responde por menos de um terço             são distribuídos em três partes
mineração (4%). São números que          do valor das exportações, que são          praticamente iguais: a) equipamentos
demonstram a importância do setor        compostas predominantemente por            de transportes (veículos e aeronaves,
para a formulação de estratégias         produtos primários. Trata-se de um         principalmente); b) material de
sustentadas de crescimento econômico.    padrão de especialização persistente.      escritório, telecomunicações e outras
                                                                                    máquinas e equipamentos; c) bens
Em 2006, mais de três quartos das        O volume total do comércio de bens         de capital utilizados na produção de
exportações da Ásia, da Europa e da      manufaturados somou US$ 8,257              mercadorias e serviços.
8   BRASIL	SUSTENTÁVEL		HORIZONTES	DA	COMPETITIVIDADE	INDUSTRIAL




Os sete grandes                         amplamente protegidas pelas
                                        políticas industriais.
                                                                            Uma parte substancial das
                                                                            transações de mercadorias é
Do ponto de vista regional, a                                               ainda hoje realizada internamente
expansão das importações de             A despeito da crescente             nas grandes regiões do globo.
bens manufaturados foi liderada         participação dos países em          Isso mostra que os acordos
pelos países da Ásia e da Oceania,      desenvolvimento em geral, apenas    regionais são determinantes nos
da América do Sul e do Nafta,           sete economias concentram           fluxos de comércio. Além disso,
sendo mais intensa nos países em        mais da metade do valor das         as estatísticas indicam que as
desenvolvimento dessas regiões.         importações mundiais de bens        distâncias continuam sendo
A Argentina, a China, a Índia e         manufaturados: Estados Unidos,      um importante fator limitante
o México são as economias com           China, Alemanha, Grã-Bretanha,      para o fluxo internacional
maiores taxas de crescimento das        França, Japão e Itália. Não por     de mercadorias.
importações de manufaturados,           coincidência, são também as
todas com expansão anual do             sete economias que lideram as       Os países da União Européia
comércio superior a 10% entre           exportações de manufaturas no       tiveram 72% da sua produção
1990 e 2007. O Brasil apresentou        mundo, representando juntas         exportada para destinos dentro
crescimento de 8,7% ao ano.             58,8% do total. Verifica-se então   do próprio bloco em 2006.
                                        que grande parte da importação      Situação semelhante ocorre,
No caso da América do Sul,              de bens industrializados serve      ainda que em menor intensidade,
a elevada taxa de crescimento,          de consumo intermediário na         na Ásia e na América do Norte
de 8,9% ao ano no período,              produção de novos bens, que são     (46% e 53%, respectivamente).
deveu-se ao processo de abertura        exportados por esses sete grandes   As Américas Central e do Sul
comercial vivido por todos os           players do mercado internacional.   também apresentam uma parcela
países da região desde o final da       Nesse grupo de países, destacam-    significativa (38%) de suas
década de 1980. Esse processo           se a China, a Alemanha e o          exportações de manufaturados
caracterizou-se pela redução das        Japão, pelos expressivos saldos     destinadas à própria região –
barreiras tarifárias e não-tarifárias   comerciais no comércio de           trata-se de uma fatia ligeiramente
ao comércio de mercadorias,             manufaturas, e os Estados Unidos,   maior do que aquela destinada à
sobretudo daquelas impostas             pelo elevado déficit de US$ 522     América do Norte (36%).
sobre as manufaturas, até então         bilhões em 2006.
                                                                            É importante notar que o ritmo
                                                                            de expansão das exportações
                                                                            de manufaturados das Américas
                                                                            Central e do Sul para a América
                                                                            do Norte tem sido efetivamente
                                                                            inferior ao do crescimento das
                                                                            exportações para outras regiões.
                                                                            Se considerada a evolução das
                                                                            importações dos Estados Unidos,
                                                                            em que o dinamismo da demanda
                                                                            por produtos manufaturados
                                                                            asiáticos é evidente, verifica-se
                                                                            uma perda de competitividade
                                                                            das Américas Central e do Sul
                                                                            nas exportações para o mercado
                                                                            norte-americano.
9




Comércio	mundial	de	bens	manufaturados,	2006
Composição
                           Outras
                                     Siderurgia
                         manufaturas
                                        4,5%                                                        Os maiores,
                           11,5%
                                                    Químicos
                                                                                                    em US$ bilhões
               Vestuário                                                                            (2006)
                                                     15,1%
                 3,8%

           Têxteis
            2,6%                                                  Outros                   Exportações
                                                                semimanu-                       China*         1.391,8
                                     Total de                                             1º
                                                                 faturados                2º    Alemanha         960,0
 Máquinas e
                                   US$ 8,257                        9,6%                  3º    Estados Unidos   828,6
equipamentos                         trilhões                                             4º    Japão            586,5
                                                                                          5º    França           391,4
  52,9%                                                                                   6º    Itália           352,6
                                                                                          7º    Grã-Bretanha     348,1
                                                                                          8º    Holanda          299,0
       Fonte: Organização                                                                 9º    Coréia do Sul    290,1
       Mundial do Comércio                                                                10º   Bélgica          288,4
                                                                                          11º   Canadá           215,4
                                                                                                Cingapura        214,1
Mapa-múndi das importações,                                                               12º
                                                                                          13º   México           189,2
crescimento médio anual entre 1990 e 2007*                                                14º   Espanha          155,0
                                                                                          15º   Suíça            133,8
                                                                                          16º   Suécia           120,6
                                                                                          17º   Malásia          117,9
                                       Total de                            Bens           18º   Áustria          116,5
Região/país                           mercadorias   Manufaturas          agrícolas**      19º   Tailândia         98,5
Europa                                   4,0%           3,7%                 -0,5%
                                                                                          20º   Irlanda           92,4
   Grã-Bretanha                          3,5%           3,5%                  0,5%
   França                                3,0%           3,1%                  0,0%
   Portugal                              3,9%           3,5%                  0,7%
   Espanha                               5,9%           6,2%                  1,1%
                                                                                               Importações
   Alemanha                              3,2%           3,9%                 -1,6%        1º    Estados Unidos 1.350,2
   Rússia                                 n.d.           n.d.                  n.d.       2º    China*         1.020,9
Nafta                                    6,2%           6,1%                  0,6%        3º    Alemanha         654,5
   Estados Unidos                        6,2%           5,9%                  0,8%        4º    Grã-Bretanha     404,4
   México                                9,6%          10,1%                 -2,4%        5º    França           391,5
América Central e Caribe                 6,4%           6,3%                  3,2%
                                                                                          6º    Japão            297,4
América do Sul                           7,5%           8,9%                  0,1%
                                                                                          7º    Itália           282,7
   Argentina                            11,7%          12,6%                  0,0%
                                                                                          8º    Holanda          273,9
                                                                                          9º    Canadá           273,4
    Brasil                               6,4%           8,7%                 -1,4%        10º   Bélgica          254,1
   Chile                                 7,9%           7,3%                  5,9%        11º   Espanha          220,6
   Venezuela                             6,1%           9,1%                  0,6%        12º   México           211,6
Ásia e Oceania                           7,2%           7,0%                 -0,2%        13º   Coréia do Sul    177,6
   Japão                                 3,2%           4,7%                 -2,0%        14º   Cingapura        174,9
   China                                16,1%          11,3%                  4,9%        15º   Rússia           132,7
   Coréia do Sul                         7,0%           7,3%                  0,5%        16º   Suíça            112,0
   Índia                                10,2%          11,0%                  4,0%        17º   Áustria          103,8
   Austrália                             5,4%           5,3%                  1,8%        18º   Austrália        101,0
África Subsaariana                       4,9%           3,9%                 -0,8%        19º   Malásia          101,0
Oriente Médio e norte da África          3,7%           4,2%                  1,4%        20º   Polônia           95,9
Mundo                                    5,3%           5,0%                 -0,1%
Fonte: FGV                                                                             Fonte: Organização Mundial do Comércio
(*) A preços constantes de 2005.                                                       (*) Inclui os valores de Taipei e Hong Kong.
(**) Inclui pecuária e pesca.
10 BRASIL	SUSTENTÁVEL		HORIZONTES	DA	COMPETITIVIDADE	INDUSTRIAL




O papel do Brasil                                     de globalização dos mercados.
                                                      O dinamismo no período mais
                                                                                                período pode ser atribuído à
                                                                                                expansão das exportações.
Desde 1980, as exportações                            recente – crescimento de
brasileiras vêm apresentando                          16,5% ao ano entre 2000 e                 Os manufaturados têm sido os
um ritmo de crescimento                               2007 – tem contribuído de forma           bens com maior contribuição
acentuado, de 8,1% ao ano,                            decisiva para o desempenho                para a expansão das vendas
compatível com os padrões                             econômico do País: 15,4% do               no mercado externo — 53% do
mundiais ditados pelo processo                        aumento do PIB brasileiro no              total entre 1980 e 2006.




Exportações	brasileiras,	por	produto	e	principais	parceiros,	2006	(US$	bilhões*)




                                                      União     Estados   Argentina     China         Chile      Japão    Mundo***
Produtos                                             Européia   Unidos
• Agrícolas                                           12,99      3,54       0,47         3,38         0,14        1,31         39,53
• Combustíveis e mineração                             5,85      3,55       1,10         3,68         1,20        1,96         26,46
• Manufaturados                                       11,59     16,95      10,17         1,34         2,55        0,64         68,42
  Ferro e aço                                          1,65      2,85       0,53         0,18         0,22        0,20          9,45
  Químicos                                             1,73      1,98       1,69         0,23         0,43        0,23          9,28
  Outros semimanufaturados                             2,07      2,99       0,88         0,45         0,29        0,06         10,00
  Máquinas e equipamentos de transporte                4,80      7,08       6,22         0,45         1,40        0,08         33,41
      Equipamentos de escritório e telecom             0,23      0,69       1,06         0,06         0,24        0,01          3,99
      Equipamentos de transporte                       2,88      3,81       3,82         0,18         0,74        0,03         18,86
          Veículos e peças                             1,49      1,61       3,62         0,15         0,66        0,01         13,03
         Outros equipamentos de transporte             1,39      2,20       0,20         0,03         0,08        0,02          5,83
      Outras máquinas                                  1,69      2,58       1,34         0,21         0,42        0,04         10,56
  Têxtil                                               0,12      0,36       0,40         0,01         0,05        0,03          1,36
  Vestuário                                            0,07      0,10       0,03         0,00         0,02        0,01          0,31
  Outras manufaturas                                   1,15      1,59       0,42         0,02         0,14        0,03          4,61
      Bens pessoais e domésticos                       0,86      1,18       0,20         0,00         0,08        0,01          2,95
      Instrumentos científicos e de controle            0,10      0,13       0,07         0,01         0,02        0,01          0,54
      Manufaturas variadas                             0,19      0,28       0,15         0,01         0,04        0,01          1,12

                                                     30,52
Total de mercadorias exportadas**                               24,77
                                                                                                                           137,81
                                                                           11,74                     3,91       3,89
                                                                                        8,40




Fonte: Organização Mundial do Comércio
(*) Valores FOB.
(**) Inclui produtos não especificados.
(***) Inclui destinos e origens não especificados.
11




Esse bom resultado ocorreu              Exportações	brasileiras,	por	tipo	de	produto
mesmo com o aumento paralelo
das importações desses bens,            Exportações brasileiras, por tipo de produto*
em razão do processo de
                                                                                                                         Manufaturados
abertura comercial do início dos
                                                                                                                         Agrícolas
anos 1990. Houve um reflexo                                                                                              Combustíveis e mineração
                                                        Participação em %
importante sobre as receitas                      60
da indústria brasileira: dados                                                                                                                 50,9
das Contas Nacionais do Instituto                 50
Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) mostram que
                                                  40
a participação das exportações
nas receitas da indústria de                                                                                                                   29,4
transformação pulou de 6,7%,                      30
em 1996, para 13,1% em 2005.

                                                  20
Em 2006, as exportações de
manufaturados totalizaram                                                                                                                      19,7
US$ 68,4 bilhões, mais da                         10
metade do total de mercadorias
exportadas pelo País. Desse valor,                  0
63% tiveram como destino
                                                   1980                                       1990                      1996                  2006
os Estados Unidos, a União
Européia, a Argentina, o Chile,
a China e o Japão, que são               Fonte: OMC.
                                         (*) Bens agroindustriais aparecem nesta classificação com produtos agrícolas.
também os maiores parceiros
comerciais do Brasil (60,5%             Fonte: Organização Mundial do Comércio
das exportações totais).                (*) Bens agroindustriais aparecem nesta classificação com produtos agrícolas.


Embora o desempenho recente das
vendas externas de manufaturados
tenha sido superior ao de períodos
anteriores, a participação brasileira
nas exportações mundiais desse
tipo de mercadoria continua muito
pequena, em torno de 0,8%,
ocupando, em 2006, a 25ª
posição entre os maiores                expressão econômica no contexto                                      melhor esse quadro de baixa
exportadores de manufaturas             mundial, como a Turquia e a                                          competitividade. Quando se
do mundo. Essa posição pode             Hungria.                                                             analisa a evolução das exportações
ser considerada insatisfatória,                                                                              brasileiras desse ponto de vista, há
visto que o País é a décima maior       A classificação das exportações                                      motivos para alguma preocupação,
economia do mundo e o oitavo            brasileiras em produtos                                              já que a participação relativa dos
maior mercado consumidor.               básicos, semimanufaturados                                           manufaturados no total vem caindo
No ranking de exportadores de           e manufaturados, em ordem                                            nos anos recentes, em razão do
bens manufaturados, figuram ao          crescente de nível de agregação                                      aumento da participação dos
lado do Brasil países com menor         de valor, permite visualizar                                         produtos básicos.
12 BRASIL	SUSTENTÁVEL		HORIZONTES	DA	COMPETITIVIDADE	INDUSTRIAL




Uma análise ainda mais apurada no                       caiu a participação dos bens              As exportações de bens de alta
que diz respeito ao valor agregado                       industriais de média-baixa e              tecnologia apresentaram o pior
em cada tipo de produto da pauta                         baixa intensidade tecnológica,            desempenho – com crescimento
de exportações – feita com base                          a despeito do significativo               de 6% ao ano, contra 15% ao
em metodologia de classificação                          crescimento em termos absolutos           ano para os bens industriais –
adotada pela Organização para a                          (US$ 38,6 bilhões);                       e também a menor contribuição
Cooperação e Desenvolvimento                                                                       para a expansão das exportações
Econômico (OCDE), que classifica                        mas tem havido uma tendência              brasileiras, tendo sido responsáveis
os produtos conforme o seu                               de crescimento da participação            por apenas 3,3% do aumento de
conteúdo tecnológico – mostra que:                       dos bens não-industriais,                 vendas externas. Em contrapartida,
                                                         o que revela a perda de                   o maior crescimento entre os
    o aumento de US$ 28,9 bilhões                       competitividade industrial.               bens industriais foi verificado
     nas exportações de bens                                                                       no segmento de produtos de
     industriais com média-alta e alta               Nota-se que esse quadro de                    média-baixa tecnologia, e a maior
     tecnologia, entre 1996 e 2006,                  baixa competitividade é mais                  contribuição para o aumento das
     elevou sua participação de 27,1%                drástico na comparação entre                  exportações veio da indústria de
     para 30,4% do volume total;                     os anos 2000 e 2007.                          baixa tecnologia.




Exportações	brasileiras	em	diferentes	classificações


                                              1996                                  2006
                                                                                                           Crescimento
                                              US$ bilhões          (%)              US$ bilhões    (%)     (%) ao ano
    Total                                         47,7            100,0                137,5      100,0                  11,2     11,2%
    Por grandes setores de atividade
      Agrícolas                                   16,0             33,6                  39,5      28,8             9,4%
      Combustíveis e mineração                     5,2             10,9                  26,5      19,2                         17,6%
      Manufaturados*                              25,2             52,8                  68,4      49,8               10,5%
      Outros                                       1,3              2,7                   3,1       2,2             9,0%
    Por tipos de produto
      Básicos                                     11,9             24,9                  40,3      29,3                 13,0%
      Semimanufaturados                            8,6             18,0                  19,6      14,2            8,5%
      Manufaturados                               26,4             55,3                  75,0      54,6               11,0%
      Operações especiais                          0,8              1,8                   2,6       1,9                12,1%
    Por nível tecnológico
      Produtos não-industriais                     7,8             16,4                 30,1       21,9                   14,4%
      Produtos industriais                        39,9             83,6                107,4       78,1               10,4%
       Alta tecnologia                             2,0              4,3                  9,4        6,8                      16,5%
       Média-alta tecnologia                      10,9             22,8                 32,4       23,6                11,5%
       Média-baixa tecnologia                      9,8             20,5                 27,3       19,8               10,8%
       Baixa tecnologia                           17,2             36,0                 38,3       27,9            8,3%




Fonte: Organização Mundial do Comércio e Ministério de Desenvolvimento da Indústria e Comércio
(*) Exceto combustíveis.
13




Isso mostra claramente uma                            em detrimento de uma maior                            ao crescimento das exportações
tendência recente de especialização                   participação de produtos de maior                     brasileiras entre 2000 e 2007 ter
em produtos cuja produção se                          valor adicionado, justamente                          vindo do segmento de produtos
dá com base no uso intensivo de                       aqueles intensivos em tecnologia                      não-industriais, cujas vendas
trabalho e dos recursos naturais –                    e capital. Essa idéia é reforçada                     externas cresceram quase 23%
de maior abundância no País –                         pelo fato de a maior contribuição                     ao ano no período.

Exportações brasileiras por intensidade tecnológica
Exportações	brasileiras	por	intensidade	tecnológica	e	setores
e setores, participação e crescimento
Participação e crescimento

                                                                                    Participação no total
                                                                                    das exportações (%)
                                                                                                                            Crescimento
Setores                                                                          2000                    2007               (%) ao ano
 Produtos industriais (*)                                                         83,4                     75,9                    15,0%
 Indústria de alta e média-alta tecnologia (I+II)                                  35,5                     29,1                   13,2%
  Indústria de alta tecnologia (I)                                                 12,4                       6,4                6,0%
    Aeronáutica e aeroespacial                                                       6,6                      3,2               4,9%
    Farmacêutica                                                                     0,7                      0,7                   15,8%
    Material de escritório e informática                                             0,9                      0,2              -5,8%
    Equipamentos de rádio, TV e comunicação                                          3,5                      1,8                6,2%
    Instrumentos médicos de ótica e precisão                                         0,7                      0,5                  12,1%
  Indústria de média-alta tecnologia (II)                                          23,1                     22,7                    16,2%
    Máquinas e equipamentos elétricos                                                1,7                      2,0                    19,4%
    Veículos automotores, reboques e semi-reboques                                   9,7                      9,3                   15,8%
    Produtos químicos - exceto farmacêuticos                                         6,0                      5,1                  13,7%
    Equipamentos para ferrovia e material de transporte                              0,2                      0,4                       27,5%
    Máquinas e equipamentos mecânicos                                                5,5                      5,9                   17,7%
  Indústria de média-baixa tecnologia (III)                                        18,6                     19,7                    17,5%
    Construção e reparação naval                                                     0,0                      0,5                                          96,7%
    Borracha e produtos plásticos                                                    1,7                      1,6                  15,2%
    Produtos de petróleo refinado e outros combustíveis                               3,1                      4,4                     22,4%
    Outros produtos minerais não-metálicos                                           1,5                      1,4                  14,9%
    Produtos metálicos                                                             12,3                     11,8                    16,0%
  Indústria de baixa tecnologia (IV)                                               29,3                     27,1                   15,2%
    Produtos manufaturados e bens reciclados                                         1,6                      1,0                 10,4%
    Madeira e seus produtos, papel e celulose                                        7,3                      5,1                 10,6%
    Alimentos, bebidas e tabaco                                                    14,0                     17,2                     20,1%
    Têxteis, couro e calçados                                                        6,4                      3,8                8,1%
 Produtos não-industriais                                                         16,6                     24,1                        22,9%
 Total de exportações (valor em US$ bilhões FOB)                                 55,09                 160,65                       16,5%
Fonte: Ministério de Desenvolvimento da Indústria e Comércio


* Os valores apresentados para produtos industriais referem-se à soma dos quatro segmentos de indústria em negrito: alta tecnologia (I), média-alta tecnologia
(II), média-baixa tecnologia (III) e baixa tecnologia (IV). Os números atribuídos a cada um desses quatro segmentos representam a soma dos valores referentes
aos setores imediatamente subseqüentes. Já os índices para indústria de alta e média-alta tecnologia, em itálico, representam a soma do total apresentado para
cada um desses setores.
14 BRASIL	SUSTENTÁVEL		HORIZONTES	DA	COMPETITIVIDADE	INDUSTRIAL




Cenários	para	a	
competitividade

  Dois lados da                                                           de determinados itens será crucial
                                                                          para o desempenho das exportações
                                                                                                                               ricas em capital e detêm boa
                                                                                                                               parte das patentes resultantes do
  concorrência                                                            industriais, assim como as tendências                esforço prolongado de investimento
                                                                          de investimento em pesquisa e                        em pesquisa e desenvolvimento.
  As possibilidades de inserção do Brasil                                 desenvolvimento e formação de capital                Adicionalmente, a mão-de-obra do
  no mercado mundial nas próximas                                         humano dos países que disputam a                     Primeiro Mundo tem um nível de
  décadas estão condicionadas por                                         liderança no comércio internacional de               qualificação superior ao alcançado
  uma concorrência acirrada dos                                           manufaturas.                                         pelos países especializados na
  países menos desenvolvidos no que                                                                                            exportação de bens primários.
  diz respeito aos produtos básicos,
  intensivos em trabalho e recursos
                                                                          Formação de                                          Estatísticas do World Development
  naturais, e por uma competição                                          capacidades                                          Indicators revelam enormes
  igualmente ferrenha no comércio de                                                                                           discrepâncias em termos de
  produtos industriais mais elaborados                                    As economias com elevadas                            investimentos em pesquisa e
  e de alta tecnologia, vinda das                                         participações no comércio de                         desenvolvimento. Em 2003, essas
  economias industrializadas.                                             manufaturas, especialmente os                        inversões totalizaram 2,7% do PIB
  Nesse sentido, a evolução de custos                                     produtos de alta tecnologia, são                     norte-americano, enquanto os da


  Investimentos	em	Pesquisa	e	Desenvolvimento	e	exportações	de	bens	de	alta	
  tecnologia,	em	2003
                             10
                                                                                                            Coréia do Sul
                                                                                    Holanda


                             8
alta tecnologia (% do PIB)
 Exportações de bens de




                                                                     China                                                          Finlândia
                             6


                                                                                            Alemanha
                                                                                                                                                    Suécia
                             4                                       Grã Bretanha
                                                                                                          Dinamarca
                                                                                                 França
                                                                                                                            Japão
                                                                                        Canadá
                             2                Portugal
                                                                 Itália
                                                                                                          Estados Unidos
                                              Argentina         Espanha
                                  Venezuela                                   Noruega
                             0                     Chile        BRASIL
                                                            1                        2                             3                            4                  5
                                                          Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (% do PIB)
  Fonte: World Development Indicators
A
                                                     É preocupante a diferença que separa o Brasil
                                                     dos países desenvolvidos no que se refere a
                                                     investimentos em inovação.




União Européia somaram 1,8% do            Mesmo considerando que parte               ganhos de competitividade para as
PIB da região. A parcela do PIB           importante dos investimentos em            empresas nacionais. Os resultados
japonês investida no setor de P&D         inovação da indústria brasileira é feita   do Ipea indicam ainda que o fato de
atingiu 3,1%, a da Coréia do Sul, 2,6%,   de maneira terceirizada – por meio de      uma companhia ser importadora
e a da China, 1,3%. No Brasil,            institutos de pesquisa, por exemplo –,     aumenta significativamente também a
essa participação não chegou a 1%.        o fosso que separa a realidade nacional    probabilidade de que venha a exportar.
Em termos absolutos, a discrepância       da verificada nos países desenvolvidos
é ainda maior: enquanto Estados           é preocupante. Considerando as             Não só as inovações de produto são
Unidos, União Européia e Japão            despesas internas e externas, o total      importantes. A introdução de novos
investiram US$ 292 bilhões, US$           de investimentos em inovação da            processos de produção também
217 bilhões e US$ 133 bilhões,            indústria brasileira foi de 2,8% da        representa um aumento de mais de
respectivamente, os investimentos         receita líquida em 2005. Nos Estados       9% na probabilidade de uma empresa
em P&D no Brasil ficaram próximos a       Unidos, o percentual foi de 5,7%.          exportar. Nas pesquisas do Ipea, as
US$ 5 bilhões, valor correspondente a                                                empresas reportam que o principal
menos de um quarto do investimento        Tanto a geração de inovações quanto a      benefício da inovação de processos
realizado na China e menos de um          incorporação de novas tecnologias em       é a flexibilização da sistemática
terço do realizado na Coréia do Sul.      processos internos – mesmo quando          produtiva, que permite atender
                                          elas já são conhecidas nas economias       consistentemente a uma demanda
Em 2005, as indústrias norte-             líderes – costumam melhorar a              que pode oscilar bastante.
americanas e européias investiram,        produtividade das empresas, tornando-
respectivamente, 3,6% e 5,1% do           as mais aptas para a concorrência no       O cenário de referência adotado
seu faturamento em pesquisa e             mercado mundial.                           nesta publicação considera a
desenvolvimento de novos produtos                                                    manutenção dos esforços em P&D
e processos. Nesse mesmo ano, a           Estudos recentes realizados pelo           no Brasil em níveis próximos aos
indústria manufatureira brasileira        Instituto de Pesquisa Econômica            atuais. Espera-se que o investimento
despendeu apenas 0,58% de sua             Aplicada (Ipea) mostram que o nível        de 1,1% do PIB brasileiro em pesquisa
receita líquida. A comparação com as      de eficiência, a escala de produção        e desenvolvimento nas próximas duas
indústrias norte-americanas, líderes      e o esforço para gerar inovações           décadas favoreça positivamente o
mundiais em vários mercados, é            de produtos ou de processos                ritmo de aumento da produtividade,
ilustrativa. Em todas as atividades       são importantes condicionantes             com reflexos sobre a indústria
industriais, com exceção do               de exportação. Mesmo que não               manufatureira. O cenário de referência
segmento aeronáutico, as empresas         represente uma inovação em âmbito          também considera um avanço
americanas investem bem mais que          internacional, o aprimoramento de          significativo de qualificação da mão-de-
as brasileiras em termos relativos.       um produto no mercado doméstico,           obra, cuja escolaridade média passará
No segmento de produtos químicos,         por exemplo, aumenta em 17% a              de 7,8 anos de instrução formal,
os investimentos norte-americanos         probabilidade de que a empresa se          em 2007, para 11,3 anos em 2030.
chegam a ser, proporcionalmente às        torne exportadora. Isso mostra que a       Com base nessas premissas, o ritmo
respectivas receitas, 12 vezes e meia     simples incorporação de tecnologia já      de progresso tecnológico do País, de
o percentual brasileiro; no segmento      existente em países tecnologicamente       0,9% ao ano, ficará abaixo do esperado
de informática, oito vezes.               mais avançados pode gerar expressivos      para as economias desenvolvidas (em
16 BRASIL	SUSTENTÁVEL		HORIZONTES	DA	COMPETITIVIDADE	INDUSTRIAL




torno de 1% ao ano) e para países       Investimentos	em	P&D,	(%)	da	receita	líquida,	2005
em desenvolvimento, como a China
(1,2% ao ano). Dessa forma, o
                                                                                                       Brasil     Estados Unidos
nível tecnológico de alguns setores
continuará insuficiente para uma
inserção competitiva no mercado          Atividades
mundial. Trata-se de um problema           Manufaturados                                               0,58           3,60
que afeta primordialmente os setores         Ferro e aço                                               0,22            0,67
de bens de alta tecnologia, como o             Produtos siderúrgicos                                   0,22            0,50
de equipamentos para escritório e              Fabricação de produtos de metal                         0,21            0,80
telecomunicações (incluindo produtos        Químicos                                                   0,55            6,90
de informática, como computadores).         Outros semimanufaturados                                   0,25            1,60
No cenário de referência, as                Máquinas e equipamentos de transporte                      1,25            4,54
exportações brasileiras desses itens
                                               Equipamentos de escritório e telecom                    1,18            9,67
crescerão 2,3% ao ano até 2030, mas
                                               Equipamentos de transporte                              1,55            2,97
é importante notar que as
                                                     Veículos e peças                                  1,25            2,50
compras mundiais desses produtos
                                                     Outros equipamentos de transporte                 3,22            3,93
crescerão 7,9% ao ano no período.
                                              Outras máquinas e equipamentos                           0,78            3,78
Em resumo, o País vai a reboque do
                                            Têxtil                                                     0,22            1,60
crescimento mundial, sem explorar
                                            Vestuário                                                  0,22             n.d.
o potencial de vendas porque, entre
outros fatores críticos, não absorveu       Outras manufaturas                                         0,98            5,16
tecnologia suficiente para adquirir
competitividade internacional.          Fonte: Pintec e National Science Foundation, Estados Unidos.




Custos crescentes                       Projeta-se também um aumento
                                        do preço da energia elétrica superior
                                                                                              forte demanda nos próximos
                                                                                              22 anos.
                                        a 30%.
Ao analisar as condições de                                                                   Deficiências nas condições de
produção, vários gargalos na            As despesas crescentes com energia                    transporte, tais como a malha
infra-estrutura do País têm sido        elevarão os custos de produção de                     rodoviária em condições precárias,
apontados como fatores que              setores como:                                         a ausência de ferrovias para
limitam em maior ou menor escala                                                              transporte de carga e as dimensões
as possibilidades de crescimento.                                                             inapropriadas da infra-estrutura de
                                           a indústria extrativista
Isso afeta de forma mais intensa a                                                            vários portos e aeroportos, também
                                           (extração de minerais metálicos e
indústria manufatureira. A energia                                                            encarecem o produto nacional,
                                           não-metálicos);
ocupa papel de destaque entre                                                                 reduzindo sua competitividade no
esses gargalos.                                                                               exterior. Tais deficiências afetam
                                           a indústria de transformação, de
                                                                                              de maneira homogênea os diversos
                                           produtos como vidro, cimento,
Como caracterizado na terceira                                                                setores da economia, muitas vezes
                                           cerâmicas e de metalurgia básica; e
publicação desta série, os preços                                                             minando os esforços de exportação.
da energia estimados para o futuro         as atividades de reciclagem.
apresentam franca tendência de                                                                O processo de crescimento
aumento. Na trajetória até 2030, o                                                            econômico brasileiro, mais intenso
preço médio do petróleo deve ficar      Vários desses setores estão ligados                   nos próximos 22 anos do que foi nos
em torno de US$ 60 por barril, valor    à cadeia da construção civil,                         últimos 28, elevará o salário médio
117% superior ao preço médio dos        que terá, como apresentado na                         dos trabalhadores em 2,5% ao ano.
últimos 17 anos.                        primeira publicação desta série,                      Esse incremento terá impacto
17




Custo	da	energia	na	indústria	brasileira,	(%)	no	custo	total,	2005

                           Siderurgia                             4,7

            Ferro-gusa e ferroligas                                              6,6

                         Reciclagem                                               6,9

                                 Têxtil                                            7,0

                                Vidro                                                  7,3

           Indústrias extrativistas                                                            9,0

           Minerais não-metálicos                                                                    9,8

               Produtos cerâmicos                                                                             11,9

                   Alumínio e cobre                                                                                12,6

                             Cimento                                                                                             15,1
                                          0,0    2,0        4,0          6,0            8,0      10,0       12,0          14,0     16,0


Fonte: Pesquisa Industrial Anual, IBGE.




Evolução	dos	salários	médios	anuais	até	2030,	em	US$*                                         positivo no mercado consumidor
                                                                                              interno, porém afetará os custos de
                                                                                              produção - que serão maiores que o
                                                                                              esperado para as grandes economias
                                                                                              industriais do mundo -, diminuindo
País                        2007                2030              Crescimento
                                                                  (% ao ano)
                                                                                              as vantagens competitivas do País.
                                                                                              A China terá uma elevação do salário
China                        1.294,61            5.165,91                              6,2%
                                                                                              médio superior à do Brasil, resultado
Coréia do Sul              16.685,83            31.294,96                  2,8%               do crescimento econômico e do
Brasil                       4.240,11            7.549,00                 2,5%                aumento de produtividade mais
                                                                                              intenso, mas ainda manterá sua
México                       8.347,06           14.536,83                 2,4%
                                                                                              grande vantagem competitiva de
Rússia                       4.979,36            8.263,13                 2,2%                custo da mão-de-obra – em 2030, o
Estados Unidos             38.066,08            55.137,71               1,6%                  salário médio chinês será dois terços
Itália                     36.622,40            49.453,97               1,3%                  da remuneração média brasileira.

Argentina                    4.672,97            6.135,39               1,2%
                                                                                              Em resumo, o aumento dos salários
Japão                      34.261,16            44.393,19            1,1%                     no País é um processo socialmente
Alemanha                   34.298,26            43.986,36            1,1%                     desejável, mas que ressalta a
                                                                                              necessidade de diminuir os efeitos
Grã-Bretanha               35.686,50            45.496,30            1,1%
                                                                                              de outros fatores que oneram a
França                     39.384,65            49.711,79           1,0%                      produção brasileira, como o alto
                                                                                              impacto dos encargos sociais sobre
                                                                                              a folha de pagamentos.
Fonte: FGV
(*) Em dólares, a preços de 2005.
18 BRASIL	SUSTENTÁVEL		HORIZONTES	DA	COMPETITIVIDADE	INDUSTRIAL




Mercados	industriais	
em	2030

Potencial da                         dos do que na de produtos básicos.
                                     Enquanto a demanda de produtos
                                                                           O crescimento projetado com
                                                                           base no cenário de referência tam-
demanda                              agroindustriais deve ter um cresci-   bém indica que haverá um aumento
                                     mento, em escala mundial, de 1%       da participação das economias
O crescimento da economia mun-       ao ano até 2030, as importações       emergentes que abastecerão o mer-
dial teve um impacto importante      de manufaturados terão uma ex-        cado mundial de bens industriais
no desempenho da economia            pansão de 3,7% ao ano. A exemplo      (casos do México, de Cingapura
brasileira nos últimos anos.         do ocorrido nos últimos 50 anos,      e da Coréia do Sul). São nações
No percurso até 2030, a projeção     o mercado mundial de bens indus-      que importam matérias-primas e
de expansão do PIB mundial man-      triais será o motor do comércio de    componentes para a produção de
tém as boas expectativas brasilei-   mercadorias nas próximas duas         mercadorias que serão exportadas,
ras. O crescimento da produção       décadas.                              no contexto de especialização em
física mundial de mercadorias                                              etapas produtivas implícito ao
e serviços deve ser de 3,5% ao       A demanda por manufaturados           processo de globalização.
ano nos próximos 22 anos, e o        continuará a ser impulsionada
PIB em dólares constantes deve                                             Os maiores importadores de ma-
                                     principalmente pelo bloco da União
crescer à taxa de 2,7% ao ano                                              nufaturados brasileiros em 2030
                                     Européia, pelos Estados Unidos
no período. Vale dizer que essa                                            serão, em ordem decrescente, os
                                     e também pelo forte consumo
projeção considera tendências                                              Estados Unidos (19,6%), a Argen-
                                     chinês. O crescimento do merca-
de longo prazo dos cem países                                              tina (19,3%), o México (6,8%), a
                                     do na China é visto por todos os
analisados neste projeto. Portan-                                          Venezuela (6,6%), o Chile (4,1%),
                                     participantes do comércio mundial
to, os efeitos de crises como a                                            a Colômbia (3,0%), o Canadá
                                     como uma grande oportunidade de
atual, desencadeada no mercado                                             (2,7%) e a China (2,2%). A par-
                                     negócios. Para se ter uma idéia do
imobiliário norte-americano e                                              ticipação da União Européia nas
                                     que isso representa, as importa-
                                                                           compras de manufaturas brasilei-
que ganhou dimensões mundiais,       ções chinesas de produtos brasilei-   ras cairá de 16,9%, em 2006, para
representam desvios passageiros      ros manufaturados crescerão 67%       14,6% em 2030, dado o menor
que em nada afetam as projeções      entre 2007 e 2030.                    crescimento econômico do bloco.
de longo prazo.
                                     Assim, entre os maiores impor-        A China, que será o grande deman-
Do ponto de vista do perfil da       tadores mundiais de bens manu-        dante de produtos industrializados
demanda internacional, os            faturados em 2030 estarão as          em 2030, não é hoje um grande
manufaturados apresentam             economias desenvolvidas (a União      comprador de manufaturas brasi-
perspectivas mais promissoras de     Européia, os Estados Unidos e         leiras. Com efeito, a exportação
negócios que a produção agrícola     o Japão) e os países em desen-        desse tipo de bem para os chineses
e extrativista — tanto por se tra-   volvimento, que serão grandes         é relativamente pequena se compa-
tar de produtos com maior valor      consumidores (como China, Brasil      rada a combustíveis e produtos de
agregado quanto pelo simples         e Rússia). As importações brasilei-   mineração e agrícolas. Em 2006, os
fato de que os aumentos de ren-      ras de bens manufaturados devem       produtos industriais representaram
da tendem a ser utilizados mais      crescer 5,6% ao ano, a exemplo        US$ 450 milhões em exportações,
na compra de bens industrializa-     dos demais países emergentes.         contra US$ 3,38 bilhões de
A
                                                O setor brasileiro de máquinas e
                                                equipamentos de transporte tem se
                                                mostrado um dos mais importantes dentre
                                                os exportadores de manufaturados.




produtos agrícolas e os US$ 3,68    de 2,7% (Estados Unidos), 2,8%          custo da energia crescente;
bilhões de combustíveis e produ-    (Argentina) e 2,1% (União Euro-
tos de mineração.                   péia), bem abaixo das chinesas,         grandes gargalos na infra-estrutura;
                                    mas a base inicialmente esta-
Entre os manufaturados que vêm      belecida a partir da qual               estrutura tributária que encarece
sendo efetivamente exportados       podem crescer as exportações             o preço final dos bens; e
pelo Brasil para a China, as me-    brasileiras de manufaturados é
lhores possibilidades de cresci-    bem maior no caso desses
                                                                            investimentos insuficientes em
mento no horizonte de projeções     parceiros tradicionais, ou seja,
                                    as possibilidades de crescimento         pesquisa e desenvolvimento.
deste trabalho estão no setor
de máquinas e equipamentos de       em termos absolutos são gran-
transporte (que inclui veículos     des, maiores que no comércio
                                    com a China.
                                                                         Reflexos na
e peças automotivas) e no setor
de produtos químicos. O ritmo de                                         balança comercial
                                    Embora as exportações de aço,
crescimento acelerado do PIB chi-
                                    de máquinas e equipamentos de        Dado o peso que as manufaturas
nês, de 7,9% ao ano entre 2007 e
                                    escritório e de telecomunicações     têm nas pautas de exportações e de
2017, irá estimular um aumento
                                    tenham um peso menor na pauta        importações brasileiras, os resultados
das importações dessas duas
                                    do comércio exterior brasileiro,     da balança comercial nos próximos
classes de produto, represen-
                                    seu crescimento anual será sa-
tando uma grande oportunidade                                            anos não serão tão brilhantes como
                                    tisfatório, de aproximadamente
para os produtores nacionais de                                          no passado recente, uma vez que
                                    1,9% e 2,3%, respectivamente.
ampliação de seus negócios                                               as exportações, de acordo com o
                                    As exportações de produtos
com esse país.                      químicos crescerão menos (1,4%       cenário de referência, não crescerão
                                    ao ano) e a de outros produtos       num ritmo tão forte quanto as
Nesse contexto, o setor             industriais – exceto produtos        importações – 2,8% ao ano contra
brasileiro de máquinas e equi-      agroindustriais – devem se expan-    3,5% ao ano.
pamentos de transporte tem se       dir à taxa de 0,89% ao ano.
mostrado um dos mais importan-                                           As projeções das exportações
tes dentre os exportadores de       As projeções do cenário de re-       e das importações brasileiras em
manufaturados. Se as importa-       ferência mostram uma perda de        2030 – US$ 306 bilhões e US$ 264
ções chinesas desses produtos       participação do Brasil nas expor-    bilhões, respectivamente – apontam
nacionais ainda são pequenas,       tações mundiais entre 2007 e
                                                                         para um saldo comercial de US$ 42
o mesmo não pode ser dito da        2030. As importações mundiais
demanda dos Estados Unidos,                                              bilhões, valor ligeiramente superior
                                    de manufaturas crescerão à
da Argentina e da União Euro-                                            ao saldo comercial de 2007,
                                    taxa de 3,7% ao ano e as expor-
péia, cujos valores importados      tações brasileiras, a 1,8% ao ano.   de US$ 40 bilhões. Dessa forma,
em 2006 foram respectivamente       O desempenho projetado para           o saldo comercial, que foi
de US$ 7,08 bilhões, US$ 6,22       o País é conseqüência do             equivalente a quatro meses de
bilhões e US$ 4,80 bilhões.         aumento insuficiente de competi-     importações em 2007, deve
As taxas de crescimento do PIB      tividade, decorrente dos seguin-     representar, em 2030, menos de dois
esperadas para esses países são     tes fatores:                         meses de importações.
24 BRASIL	SUSTENTÁVEL		HORIZONTES	DA	COMPETITIVIDADE	INDUSTRIAL




                                                                                   Mapa-múndi das
                                                                     IMPORTAÇÕES DE
                                                                     MANUFATURADOS


                                                                                                 Nafta
                                                                                                 3,3%
                                                                                                   3,3%
   Os maiores na                                                                                   2,3%
   importação de                                                                                             América
                                                                                                   2,9%
   manufaturas em 2030                                                                             3,2%      Central
                                                                                                             e Caribe
                                                                                                             1,2%
                                                                                                               1,0%
                                      US$
  País
                                                                                                               0,9%
                                    bilhões*
                                               País                                                            1,3%
  1º    China                   4.339,50                                                                       1,5%
                                               Estados Unidos 3,0%   3,0%   2,0%   2,8%   2,7%
  2º    Estados Unidos          2.680,37
                                               México         6,2%   6,2%   4,9%   5,6%   6,0%
  3º    México                    879,21
  4º    Cingapura                 856,72
  5º    Coréia do Sul             825,34
  6º    Alemanha                  660,56
  7º    Grã-Bretanha              482,28
  8º    França                    425,55
  9º    Canadá                    387,33
  10º   Itália                    340,46       País
  11º   Espanha                   333,46       Argentina     2,3%    2,3%   1,8%   1,9%   2,4%               Brasil
                                               Brasil        5,6%    5,6%   4,6%   5,1%   5,7%
  12º

  13º
        Tailândia
        Malásia
                                  332,32
                                  317,42
                                               Chile         5,1%    5,1%   4,0%   4,1%   4,7%               5,6%
  14º   Turquia                   305,13
                                               Venezuela     2,9%    2,9%   2,3%   2,3%   2,8%
                                                                                                   América     5,6%
  15º   Japão                     301,14                                                           do Sul      4,6%
                                                                                                               5,1%
  16º   Rússia                    297,84                                                           4,0%        5,7%
  17º   Austrália                 267,82
  18º   Bélgica                   248,05                                                             3,7%
  19º   Brasil                    242,41                                                             3,3%
  20º   Holanda                   240,47                                                             3,1%
                                                                                                     4,0%
        Fonte: FGV - (*) A preços de 2007.
A




Crescimento médio anual
entre 2007 e 2030*
           Mundo
           3,7%              Total de manufaturados

               5,2%          Aço

               4,1%          Produtos químicos
               2,7%          Equipamentos de transporte**

               7,9%          Equipamentos de escritório e telecomunicações
           Fonte: FGV - (*) A preços constantes de 2005.
           (**) Inclui automóveis e aeronaves.


                                             País
                                             Grã-Bretanha 0,5%     0,5%   -0,1%    0,7% 0,5%
                                             França        0,1%    0,1%   -0,4%    0,4% 0,2%
                                             Portugal     -0,5%   -0,5%   -1,0%   -0,5% -0,5%
                                             Espanha       1,5%    1,5%    0,7%    1,2% 1,2%
             Europa                          Alemanha     -0,1%   -0,1%   -0,8%   -0,3% -0,4%

             0,9%                            Rússia        3,2%    3,2%    2,1%    2,0% 2,7%

                1,0%
                0,1%
                0,8%
                0,7%                                                                  Ásia e Oceania
                                                                                      7,3%
                                                                                         9,2%
             Oriente Médio e                                                             8,2%
             norte da África                                                             7,3%
                                                                                         10,7%
             0,6%
                0,5%
                                                                                      País
                0,4%
                                                                                      Japão         -0,1%      -0,1% -0,8% -0,3% -0,4%
                0,7%                                                                  China        12,4%       12,4% 10,8% 11,1% 12,9%
                0,6%                                                                  Coréia do Sul 6,4%        6,4%  4,6% 4,5% 5,0%
                                                                                      Índia          1,8%       1,8%  2,1% 0,7% 2,5%
                                                                                      Austrália      4,1%       4,1%  2,8% 3,5% 3,5%




                                        O mercado em 2030, US$ bilhões*

             África                                                                         Importações Exportações "Share"
             Subsaariana                 Produtos                                             mundiais   brasileiras brasileiro
             4,3%                        Manufaturas**                                       19.675,11    182,67       0,9%
                                          Aço                                                 1.271,77     15,88       1,2%
                3,1%                      Produtos químicos                                   3.255,57     10,72       0,3%
                3,3%
                                          Equipamentos de transporte                          2.793,48     29,50       1,1%
                4,2%
                5,1%                      Equipamentos de escritório e telecom                8.997,06      5,38       0,1%
                                                                                                Fonte: FGV - (*) A preços de 2007. (**) Inclui combustíveis.
Brasil Sustentável: Horizontes da Competitividade Industrial
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Brasil Sustentável: Horizontes da Competitividade Industrial

  • 1. Brasil sustentável Horizontes da competitividade industrial
  • 2. Índice Apresentação 3 Ingrediente do crescimento 4 O mercado mundial 7 Cenários para a competitividade 14 Mercados industriais em 2030 18
  • 3. Apresentação Esta é a quarta de uma série de cinco Trata-se de um conjunto de dados que publicações que analisam os horizontes abrange um universo de cem países, da economia brasileira para as próximas analisados não apenas em seu aspecto duas décadas, com atenção especial econômico, mas também em sua dinâmica para os seus setores mais estratégicos, demográfica, de qualidade de vida e de assim considerados tanto pela sua im- recursos humanos e naturais. portância na geração da renda nacional quanto pelas oportunidades de negócios Uma avaliação desse tipo deve obrigato- que representam ao longo do tempo. riamente transcender os limites estreitos Nesse contexto, a competitividade da conjuntura. Este estudo considera industrial, tema deste relatório, ocupa tendências de longo prazo relacionadas um posto privilegiado, seja por sua impor- ao processo de desenvolvimento tecno- tância na geração de renda e emprego, lógico e de mercados. Nesse sentido, os seja por seu papel condicionante na inser- efeitos de crises como a atual, desenca- ção do País nos fluxos de comércio mun- deada no mercado imobiliário norte-ame- dial e no equilíbrio das contas externas. ricano e que ganhou dimensões mundiais, representam desvios passageiros, histo- Os temas abordados nas publicações são ricamente compensados no horizonte de os seguintes: tempo considerado nas projeções. Potencialidades do mercado Este trabalho, um esforço conjunto da habitacional; Ernst & Young e da Fundação Getulio Crescimento econômico e potencial Vargas, procura também qualificar a con- de consumo; cepção de desenvolvimento para o Brasil Desafios do mercado de energia; nas próximas décadas. Mais importante Horizontes da competitividade que questionar se o País crescerá muito ou industrial; pouco, é indagar se crescerá bem, ou seja, Perspectivas do Brasil na explorando ao máximo suas possibilidades, agroindústria. mas de modo sustentável. Uma indústria competitiva, com capacidade exportadora, A abordagem leva em conta as potencia- é um elemento importante para o dinamis- lidades do Brasil em sua interação com mo e a estabilidade da economia brasileira. o mercado mundial, com o objetivo de Esta publicação traz elementos valiosos delinear cenários até o ano de 2030. para traçar as perspectivas do setor para Uma visão aprofundada do comportamen- as próximas duas décadas, a fim de orien- to dos principais fatores determinantes do tar o planejamento das empresas e trazer cenário global é requisito para projeções subsídios para a elaboração das políticas válidas do crescimento brasileiro. industrial e de comércio exterior.
  • 4. 4 BRASIL SUSTENTÁVEL HORIZONTES DA COMPETITIVIDADE INDUSTRIAL Ingrediente do crescimento Diversificação balança comercial muito sensível à volatilidade dos preços desses necessária produtos no mercado internacional. Uma queda abrupta na cotação Até hoje o desenvolvimento das commodities, nesse contexto, econômico é visto como sinônimo ao comprometer a balança do processo de industrialização. de pagamentos, cria grandes Isso porque, historicamente, as dificuldades na condução da política nações consideradas desenvolvidas macroeconômica. O Brasil possui passaram por um processo de uma base produtiva diversificada. modificação estrutural em que a Preservá-la, assegurando condições agricultura cede espaço para a para o crescimento dos segmentos indústria, uma atividade econômica setoriais em que existem vantagens moderna e de alta produtividade. comparativas, é, portanto, um Isso ocorre com a realocação objetivo a ser perseguido pela paulatina dos recursos de um política econômica. setor para outro, ou seja, com a migração da mão-de-obra do meio Competitividade rural para o urbano, em busca de novas oportunidades de emprego As projeções do modelo de cenários proporcionadas pelos investimentos desenvolvido para este trabalho em capital fixo para produção de permitem mapear os principais bens industriais. Paralelamente mercados importadores de bens à consolidação da indústria, o industriais no mundo. Dessa maneira, crescimento do setor de serviços pode-se ter uma visão do potencial de confere maior diversificação a todo exportação dos produtos brasileiros, o setor produtivo. tanto daqueles que já apresentam um bom desempenho quanto Uma estrutura produtiva ampla dos que representam novas torna a economia mais vigorosa na oportunidades de inserção nos medida em que a geração de renda mercados internacionais. não depende predominantemente de um setor. O mesmo raciocínio Como foi visto na segunda vale com relação às estratégias publicação desta série, espera-se de comércio internacional. um crescimento do consumo Uma economia que depende geral das famílias de 3,8% ao ano fortemente da exportação de bens entre 2007 e 2017 no mercado primários, por exemplo, tem sua interno, taxa que deve ceder um
  • 5. O mercado internacional de bens industriaisA estabelece desafios para a indústria brasileira, defrontada constantemente com a concorrência. pouco entre 2017 e 2030 (3,4%). mercado mundial. Novos produtos realizada em países emergentes Uma parte significativa desse são apresentados aos consumidores da Ásia, em razão de uma crescimento será relacionada a bens diariamente, mudando hábitos e conjunção de mão-de-obra barata e industriais, ou seja, há grandes criando necessidades anteriormente abundante, relativamente qualificada, possibilidades de ampliação de não imaginadas. É o caso de e disponibilidade de energia. negócios numa gama diversificada bens relacionados à tecnologia O mercado internacional de bens de produtos. A oportunidade de da informação e à comunicação, industriais estabelece desafios para atender a essa demanda interna responsáveis pela elevação dos a indústria brasileira, defrontada com produção doméstica depende, níveis de produtividade em todos constantemente com a concorrência – obviamente, da competitividade da os setores da economia. tanto de países industrializados e indústria brasileira. emergentes, na produção de bens de Os produtos inovadores, em regra, alto conteúdo tecnológico, quanto A oferta de bens industrializados são concebidos nos países mais de países menos desenvolvidos, na de alto conteúdo tecnológico tem ricos e industrializados, mas parte produção de bens industriais de crescido significativamente no significativa de sua produção é menor conteúdo tecnológico. Crescimento do mercado mundial de manufaturas, (%) ao ano, 2007 a 2030 Exportações Crescimento Crescimento brasileiras das importações das exportações em 2030, Produtos mundiais brasileiras US$ bilhões* Manufaturas 3,7% 1,8% 182,67 Aço 5,2% 1,9% 15,88 Produtos químicos 4,1% 1,4% 10,72 Equipamentos de transporte** 2,7% 1,5% 29,50 Equipamentos de escritório e telecomunicações 7,9% 2,3% 5,38 Fonte: FGV (*) A preços de 2007. (**) Inclui automóveis e aeronaves.
  • 6. 6 BRASIL SUSTENTÁVEL HORIZONTES DA COMPETITIVIDADE INDUSTRIAL Tomando como base o cenário de por exemplo, crescerá a uma é superior ao da maioria dos referência adotado neste estudo – taxa média de 2,3% ao ano, ou países emergentes. Manter-se que considera um crescimento 0,9 ponto percentual a mais competitivo requer investimentos médio do PIB de 4% ao ano que a média de crescimento de porte, com o intuito de gerar até 2030, em um contexto de dos produtos químicos (1,4%). e absorver inovações técnicas, desenvolvimento sustentado, mas O dado crítico é que, para todos qualificar a mão-de-obra e sem pressupor grandes mudanças os setores, as exportações reduzir ineficiências no processo institucionais –, haverá uma brasileiras crescerão abaixo das produtivo. Adicionalmente, diminuição da participação dos importações mundiais. Isso mostra são necessários esforços de produtos industriais brasileiros que ainda há muito a ser feito para transformação institucional para no mercado. Isso apesar do melhorar o desempenho do País baixar custos de produção e de crescimento das exportações rumo a 2030. transação. Um cenário favorável de bens manufaturados de 1,8% a um melhor desempenho das ao ano nesse período. Mas há O ritmo de progresso tecnológico exportações industriais brasileiras, diferenças significativas quando são da indústria brasileira não em razão de reformas estruturais considerados setores específicos – tem sido tão grande quanto mais abrangentes e de um o ramo de equipamentos de o observado nos países mais esforço inovador mais intenso, é escritório e de telecomunicações, desenvolvidos, mas, ainda assim, apresentado no final deste trabalho. Progresso tecnológico na indústria manufatureira, (%) ao ano, 1960 a 2005 2,19 2,0% 1,84 1,64 1,5% 1,35 1,27 1,21 1,21 1,14 1,05 1,0% 0,92 0,74 0,62 0,56 0,55 0,52 0,52 0,5% 0,31 0,28 0,23 0,15 0,0% o a ha a do a s lia ça a l a a ca il l a a ia ria e Su do ur ic íç nd eg in di nh pã s éc ra ar an Itá ra an i st lg Su ân Ch Un ap ni ru Ja la do pa Is Su m B Bé Áu Fr em sU Ho nl ng No Es na no ia Fi Al do Ci ré Di i Re Co ta Es Fonte: FGV
  • 7. 7 O mercado mundial Ritmo acelerado Evolução das importações de manufaturas Evolução das importações de manufaturas A expansão do comércio internacional Mundo de mercadorias vem se dando em (%) do PIB* Estados Unidos 18% 16% um ritmo superior ao do crescimento do PIB mundial – 5,3% contra 16% 3,7% ao ano entre 1990 e 2007. Embora as importações de bens 14% manufaturados representem em termos globais 16% do PIB mundial, 12% 10% essa participação é menor nas 10% economias mais desenvolvidas, visto que esses países, em geral, 8% têm um alto grau de industrialização. 6% É o caso dos Estados Unidos, cujas importações de bens manufaturados 4% representam 10% do PIB desde o início desta década. 2% 0% Entre as mercadorias transacionadas, 1990 1995 2000 2005 2007 os produtos manufaturados foram historicamente o grupo mais dinâmico, com maior expansão. Fonte: FGV. Fonte: FGV (*) A preços constantes de 2005. Dados da Organização Mundial do (*) A preços constantes de 2005. Comércio (OMC) mostram que a taxa de crescimento do comércio de manufaturados foi de 7,5% ao ano entre 1950 e 2006, mais que o dobro da registrada para os produtos América do Norte foram de bens trilhões em 2006, a maior parte agrícolas (3,5%) e também quase o manufaturados. Nas demais regiões referente a máquinas e equipamentos dobro do índice relativo às transações do globo, esse tipo de produto de transporte (52,9%). Esses itens nos setores de combustíveis e responde por menos de um terço são distribuídos em três partes mineração (4%). São números que do valor das exportações, que são praticamente iguais: a) equipamentos demonstram a importância do setor compostas predominantemente por de transportes (veículos e aeronaves, para a formulação de estratégias produtos primários. Trata-se de um principalmente); b) material de sustentadas de crescimento econômico. padrão de especialização persistente. escritório, telecomunicações e outras máquinas e equipamentos; c) bens Em 2006, mais de três quartos das O volume total do comércio de bens de capital utilizados na produção de exportações da Ásia, da Europa e da manufaturados somou US$ 8,257 mercadorias e serviços.
  • 8. 8 BRASIL SUSTENTÁVEL HORIZONTES DA COMPETITIVIDADE INDUSTRIAL Os sete grandes amplamente protegidas pelas políticas industriais. Uma parte substancial das transações de mercadorias é Do ponto de vista regional, a ainda hoje realizada internamente expansão das importações de A despeito da crescente nas grandes regiões do globo. bens manufaturados foi liderada participação dos países em Isso mostra que os acordos pelos países da Ásia e da Oceania, desenvolvimento em geral, apenas regionais são determinantes nos da América do Sul e do Nafta, sete economias concentram fluxos de comércio. Além disso, sendo mais intensa nos países em mais da metade do valor das as estatísticas indicam que as desenvolvimento dessas regiões. importações mundiais de bens distâncias continuam sendo A Argentina, a China, a Índia e manufaturados: Estados Unidos, um importante fator limitante o México são as economias com China, Alemanha, Grã-Bretanha, para o fluxo internacional maiores taxas de crescimento das França, Japão e Itália. Não por de mercadorias. importações de manufaturados, coincidência, são também as todas com expansão anual do sete economias que lideram as Os países da União Européia comércio superior a 10% entre exportações de manufaturas no tiveram 72% da sua produção 1990 e 2007. O Brasil apresentou mundo, representando juntas exportada para destinos dentro crescimento de 8,7% ao ano. 58,8% do total. Verifica-se então do próprio bloco em 2006. que grande parte da importação Situação semelhante ocorre, No caso da América do Sul, de bens industrializados serve ainda que em menor intensidade, a elevada taxa de crescimento, de consumo intermediário na na Ásia e na América do Norte de 8,9% ao ano no período, produção de novos bens, que são (46% e 53%, respectivamente). deveu-se ao processo de abertura exportados por esses sete grandes As Américas Central e do Sul comercial vivido por todos os players do mercado internacional. também apresentam uma parcela países da região desde o final da Nesse grupo de países, destacam- significativa (38%) de suas década de 1980. Esse processo se a China, a Alemanha e o exportações de manufaturados caracterizou-se pela redução das Japão, pelos expressivos saldos destinadas à própria região – barreiras tarifárias e não-tarifárias comerciais no comércio de trata-se de uma fatia ligeiramente ao comércio de mercadorias, manufaturas, e os Estados Unidos, maior do que aquela destinada à sobretudo daquelas impostas pelo elevado déficit de US$ 522 América do Norte (36%). sobre as manufaturas, até então bilhões em 2006. É importante notar que o ritmo de expansão das exportações de manufaturados das Américas Central e do Sul para a América do Norte tem sido efetivamente inferior ao do crescimento das exportações para outras regiões. Se considerada a evolução das importações dos Estados Unidos, em que o dinamismo da demanda por produtos manufaturados asiáticos é evidente, verifica-se uma perda de competitividade das Américas Central e do Sul nas exportações para o mercado norte-americano.
  • 9. 9 Comércio mundial de bens manufaturados, 2006 Composição Outras Siderurgia manufaturas 4,5% Os maiores, 11,5% Químicos em US$ bilhões Vestuário (2006) 15,1% 3,8% Têxteis 2,6% Outros Exportações semimanu- China* 1.391,8 Total de 1º faturados 2º Alemanha 960,0 Máquinas e US$ 8,257 9,6% 3º Estados Unidos 828,6 equipamentos trilhões 4º Japão 586,5 5º França 391,4 52,9% 6º Itália 352,6 7º Grã-Bretanha 348,1 8º Holanda 299,0 Fonte: Organização 9º Coréia do Sul 290,1 Mundial do Comércio 10º Bélgica 288,4 11º Canadá 215,4 Cingapura 214,1 Mapa-múndi das importações, 12º 13º México 189,2 crescimento médio anual entre 1990 e 2007* 14º Espanha 155,0 15º Suíça 133,8 16º Suécia 120,6 17º Malásia 117,9 Total de Bens 18º Áustria 116,5 Região/país mercadorias Manufaturas agrícolas** 19º Tailândia 98,5 Europa 4,0% 3,7% -0,5% 20º Irlanda 92,4 Grã-Bretanha 3,5% 3,5% 0,5% França 3,0% 3,1% 0,0% Portugal 3,9% 3,5% 0,7% Espanha 5,9% 6,2% 1,1% Importações Alemanha 3,2% 3,9% -1,6% 1º Estados Unidos 1.350,2 Rússia n.d. n.d. n.d. 2º China* 1.020,9 Nafta 6,2% 6,1% 0,6% 3º Alemanha 654,5 Estados Unidos 6,2% 5,9% 0,8% 4º Grã-Bretanha 404,4 México 9,6% 10,1% -2,4% 5º França 391,5 América Central e Caribe 6,4% 6,3% 3,2% 6º Japão 297,4 América do Sul 7,5% 8,9% 0,1% 7º Itália 282,7 Argentina 11,7% 12,6% 0,0% 8º Holanda 273,9 9º Canadá 273,4 Brasil 6,4% 8,7% -1,4% 10º Bélgica 254,1 Chile 7,9% 7,3% 5,9% 11º Espanha 220,6 Venezuela 6,1% 9,1% 0,6% 12º México 211,6 Ásia e Oceania 7,2% 7,0% -0,2% 13º Coréia do Sul 177,6 Japão 3,2% 4,7% -2,0% 14º Cingapura 174,9 China 16,1% 11,3% 4,9% 15º Rússia 132,7 Coréia do Sul 7,0% 7,3% 0,5% 16º Suíça 112,0 Índia 10,2% 11,0% 4,0% 17º Áustria 103,8 Austrália 5,4% 5,3% 1,8% 18º Austrália 101,0 África Subsaariana 4,9% 3,9% -0,8% 19º Malásia 101,0 Oriente Médio e norte da África 3,7% 4,2% 1,4% 20º Polônia 95,9 Mundo 5,3% 5,0% -0,1% Fonte: FGV Fonte: Organização Mundial do Comércio (*) A preços constantes de 2005. (*) Inclui os valores de Taipei e Hong Kong. (**) Inclui pecuária e pesca.
  • 10. 10 BRASIL SUSTENTÁVEL HORIZONTES DA COMPETITIVIDADE INDUSTRIAL O papel do Brasil de globalização dos mercados. O dinamismo no período mais período pode ser atribuído à expansão das exportações. Desde 1980, as exportações recente – crescimento de brasileiras vêm apresentando 16,5% ao ano entre 2000 e Os manufaturados têm sido os um ritmo de crescimento 2007 – tem contribuído de forma bens com maior contribuição acentuado, de 8,1% ao ano, decisiva para o desempenho para a expansão das vendas compatível com os padrões econômico do País: 15,4% do no mercado externo — 53% do mundiais ditados pelo processo aumento do PIB brasileiro no total entre 1980 e 2006. Exportações brasileiras, por produto e principais parceiros, 2006 (US$ bilhões*) União Estados Argentina China Chile Japão Mundo*** Produtos Européia Unidos • Agrícolas 12,99 3,54 0,47 3,38 0,14 1,31 39,53 • Combustíveis e mineração 5,85 3,55 1,10 3,68 1,20 1,96 26,46 • Manufaturados 11,59 16,95 10,17 1,34 2,55 0,64 68,42 Ferro e aço 1,65 2,85 0,53 0,18 0,22 0,20 9,45 Químicos 1,73 1,98 1,69 0,23 0,43 0,23 9,28 Outros semimanufaturados 2,07 2,99 0,88 0,45 0,29 0,06 10,00 Máquinas e equipamentos de transporte 4,80 7,08 6,22 0,45 1,40 0,08 33,41 Equipamentos de escritório e telecom 0,23 0,69 1,06 0,06 0,24 0,01 3,99 Equipamentos de transporte 2,88 3,81 3,82 0,18 0,74 0,03 18,86 Veículos e peças 1,49 1,61 3,62 0,15 0,66 0,01 13,03 Outros equipamentos de transporte 1,39 2,20 0,20 0,03 0,08 0,02 5,83 Outras máquinas 1,69 2,58 1,34 0,21 0,42 0,04 10,56 Têxtil 0,12 0,36 0,40 0,01 0,05 0,03 1,36 Vestuário 0,07 0,10 0,03 0,00 0,02 0,01 0,31 Outras manufaturas 1,15 1,59 0,42 0,02 0,14 0,03 4,61 Bens pessoais e domésticos 0,86 1,18 0,20 0,00 0,08 0,01 2,95 Instrumentos científicos e de controle 0,10 0,13 0,07 0,01 0,02 0,01 0,54 Manufaturas variadas 0,19 0,28 0,15 0,01 0,04 0,01 1,12 30,52 Total de mercadorias exportadas** 24,77 137,81 11,74 3,91 3,89 8,40 Fonte: Organização Mundial do Comércio (*) Valores FOB. (**) Inclui produtos não especificados. (***) Inclui destinos e origens não especificados.
  • 11. 11 Esse bom resultado ocorreu Exportações brasileiras, por tipo de produto mesmo com o aumento paralelo das importações desses bens, Exportações brasileiras, por tipo de produto* em razão do processo de Manufaturados abertura comercial do início dos Agrícolas anos 1990. Houve um reflexo Combustíveis e mineração Participação em % importante sobre as receitas 60 da indústria brasileira: dados 50,9 das Contas Nacionais do Instituto 50 Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 40 a participação das exportações nas receitas da indústria de 29,4 transformação pulou de 6,7%, 30 em 1996, para 13,1% em 2005. 20 Em 2006, as exportações de manufaturados totalizaram 19,7 US$ 68,4 bilhões, mais da 10 metade do total de mercadorias exportadas pelo País. Desse valor, 0 63% tiveram como destino 1980 1990 1996 2006 os Estados Unidos, a União Européia, a Argentina, o Chile, a China e o Japão, que são Fonte: OMC. (*) Bens agroindustriais aparecem nesta classificação com produtos agrícolas. também os maiores parceiros comerciais do Brasil (60,5% Fonte: Organização Mundial do Comércio das exportações totais). (*) Bens agroindustriais aparecem nesta classificação com produtos agrícolas. Embora o desempenho recente das vendas externas de manufaturados tenha sido superior ao de períodos anteriores, a participação brasileira nas exportações mundiais desse tipo de mercadoria continua muito pequena, em torno de 0,8%, ocupando, em 2006, a 25ª posição entre os maiores expressão econômica no contexto melhor esse quadro de baixa exportadores de manufaturas mundial, como a Turquia e a competitividade. Quando se do mundo. Essa posição pode Hungria. analisa a evolução das exportações ser considerada insatisfatória, brasileiras desse ponto de vista, há visto que o País é a décima maior A classificação das exportações motivos para alguma preocupação, economia do mundo e o oitavo brasileiras em produtos já que a participação relativa dos maior mercado consumidor. básicos, semimanufaturados manufaturados no total vem caindo No ranking de exportadores de e manufaturados, em ordem nos anos recentes, em razão do bens manufaturados, figuram ao crescente de nível de agregação aumento da participação dos lado do Brasil países com menor de valor, permite visualizar produtos básicos.
  • 12. 12 BRASIL SUSTENTÁVEL HORIZONTES DA COMPETITIVIDADE INDUSTRIAL Uma análise ainda mais apurada no  caiu a participação dos bens As exportações de bens de alta que diz respeito ao valor agregado industriais de média-baixa e tecnologia apresentaram o pior em cada tipo de produto da pauta baixa intensidade tecnológica, desempenho – com crescimento de exportações – feita com base a despeito do significativo de 6% ao ano, contra 15% ao em metodologia de classificação crescimento em termos absolutos ano para os bens industriais – adotada pela Organização para a (US$ 38,6 bilhões); e também a menor contribuição Cooperação e Desenvolvimento para a expansão das exportações Econômico (OCDE), que classifica  mas tem havido uma tendência brasileiras, tendo sido responsáveis os produtos conforme o seu de crescimento da participação por apenas 3,3% do aumento de conteúdo tecnológico – mostra que: dos bens não-industriais, vendas externas. Em contrapartida, o que revela a perda de o maior crescimento entre os  o aumento de US$ 28,9 bilhões competitividade industrial. bens industriais foi verificado nas exportações de bens no segmento de produtos de industriais com média-alta e alta Nota-se que esse quadro de média-baixa tecnologia, e a maior tecnologia, entre 1996 e 2006, baixa competitividade é mais contribuição para o aumento das elevou sua participação de 27,1% drástico na comparação entre exportações veio da indústria de para 30,4% do volume total; os anos 2000 e 2007. baixa tecnologia. Exportações brasileiras em diferentes classificações 1996 2006 Crescimento US$ bilhões (%) US$ bilhões (%) (%) ao ano Total 47,7 100,0 137,5 100,0 11,2 11,2% Por grandes setores de atividade Agrícolas 16,0 33,6 39,5 28,8 9,4% Combustíveis e mineração 5,2 10,9 26,5 19,2 17,6% Manufaturados* 25,2 52,8 68,4 49,8 10,5% Outros 1,3 2,7 3,1 2,2 9,0% Por tipos de produto Básicos 11,9 24,9 40,3 29,3 13,0% Semimanufaturados 8,6 18,0 19,6 14,2 8,5% Manufaturados 26,4 55,3 75,0 54,6 11,0% Operações especiais 0,8 1,8 2,6 1,9 12,1% Por nível tecnológico Produtos não-industriais 7,8 16,4 30,1 21,9 14,4% Produtos industriais 39,9 83,6 107,4 78,1 10,4% Alta tecnologia 2,0 4,3 9,4 6,8 16,5% Média-alta tecnologia 10,9 22,8 32,4 23,6 11,5% Média-baixa tecnologia 9,8 20,5 27,3 19,8 10,8% Baixa tecnologia 17,2 36,0 38,3 27,9 8,3% Fonte: Organização Mundial do Comércio e Ministério de Desenvolvimento da Indústria e Comércio (*) Exceto combustíveis.
  • 13. 13 Isso mostra claramente uma em detrimento de uma maior ao crescimento das exportações tendência recente de especialização participação de produtos de maior brasileiras entre 2000 e 2007 ter em produtos cuja produção se valor adicionado, justamente vindo do segmento de produtos dá com base no uso intensivo de aqueles intensivos em tecnologia não-industriais, cujas vendas trabalho e dos recursos naturais – e capital. Essa idéia é reforçada externas cresceram quase 23% de maior abundância no País – pelo fato de a maior contribuição ao ano no período. Exportações brasileiras por intensidade tecnológica Exportações brasileiras por intensidade tecnológica e setores e setores, participação e crescimento Participação e crescimento Participação no total das exportações (%) Crescimento Setores 2000 2007 (%) ao ano Produtos industriais (*) 83,4 75,9 15,0% Indústria de alta e média-alta tecnologia (I+II) 35,5 29,1 13,2% Indústria de alta tecnologia (I) 12,4 6,4 6,0% Aeronáutica e aeroespacial 6,6 3,2 4,9% Farmacêutica 0,7 0,7 15,8% Material de escritório e informática 0,9 0,2 -5,8% Equipamentos de rádio, TV e comunicação 3,5 1,8 6,2% Instrumentos médicos de ótica e precisão 0,7 0,5 12,1% Indústria de média-alta tecnologia (II) 23,1 22,7 16,2% Máquinas e equipamentos elétricos 1,7 2,0 19,4% Veículos automotores, reboques e semi-reboques 9,7 9,3 15,8% Produtos químicos - exceto farmacêuticos 6,0 5,1 13,7% Equipamentos para ferrovia e material de transporte 0,2 0,4 27,5% Máquinas e equipamentos mecânicos 5,5 5,9 17,7% Indústria de média-baixa tecnologia (III) 18,6 19,7 17,5% Construção e reparação naval 0,0 0,5 96,7% Borracha e produtos plásticos 1,7 1,6 15,2% Produtos de petróleo refinado e outros combustíveis 3,1 4,4 22,4% Outros produtos minerais não-metálicos 1,5 1,4 14,9% Produtos metálicos 12,3 11,8 16,0% Indústria de baixa tecnologia (IV) 29,3 27,1 15,2% Produtos manufaturados e bens reciclados 1,6 1,0 10,4% Madeira e seus produtos, papel e celulose 7,3 5,1 10,6% Alimentos, bebidas e tabaco 14,0 17,2 20,1% Têxteis, couro e calçados 6,4 3,8 8,1% Produtos não-industriais 16,6 24,1 22,9% Total de exportações (valor em US$ bilhões FOB) 55,09 160,65 16,5% Fonte: Ministério de Desenvolvimento da Indústria e Comércio * Os valores apresentados para produtos industriais referem-se à soma dos quatro segmentos de indústria em negrito: alta tecnologia (I), média-alta tecnologia (II), média-baixa tecnologia (III) e baixa tecnologia (IV). Os números atribuídos a cada um desses quatro segmentos representam a soma dos valores referentes aos setores imediatamente subseqüentes. Já os índices para indústria de alta e média-alta tecnologia, em itálico, representam a soma do total apresentado para cada um desses setores.
  • 14. 14 BRASIL SUSTENTÁVEL HORIZONTES DA COMPETITIVIDADE INDUSTRIAL Cenários para a competitividade Dois lados da de determinados itens será crucial para o desempenho das exportações ricas em capital e detêm boa parte das patentes resultantes do concorrência industriais, assim como as tendências esforço prolongado de investimento de investimento em pesquisa e em pesquisa e desenvolvimento. As possibilidades de inserção do Brasil desenvolvimento e formação de capital Adicionalmente, a mão-de-obra do no mercado mundial nas próximas humano dos países que disputam a Primeiro Mundo tem um nível de décadas estão condicionadas por liderança no comércio internacional de qualificação superior ao alcançado uma concorrência acirrada dos manufaturas. pelos países especializados na países menos desenvolvidos no que exportação de bens primários. diz respeito aos produtos básicos, intensivos em trabalho e recursos Formação de Estatísticas do World Development naturais, e por uma competição capacidades Indicators revelam enormes igualmente ferrenha no comércio de discrepâncias em termos de produtos industriais mais elaborados As economias com elevadas investimentos em pesquisa e e de alta tecnologia, vinda das participações no comércio de desenvolvimento. Em 2003, essas economias industrializadas. manufaturas, especialmente os inversões totalizaram 2,7% do PIB Nesse sentido, a evolução de custos produtos de alta tecnologia, são norte-americano, enquanto os da Investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento e exportações de bens de alta tecnologia, em 2003 10 Coréia do Sul Holanda 8 alta tecnologia (% do PIB) Exportações de bens de China Finlândia 6 Alemanha Suécia 4 Grã Bretanha Dinamarca França Japão Canadá 2 Portugal Itália Estados Unidos Argentina Espanha Venezuela Noruega 0 Chile BRASIL 1 2 3 4 5 Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (% do PIB) Fonte: World Development Indicators
  • 15. A É preocupante a diferença que separa o Brasil dos países desenvolvidos no que se refere a investimentos em inovação. União Européia somaram 1,8% do Mesmo considerando que parte ganhos de competitividade para as PIB da região. A parcela do PIB importante dos investimentos em empresas nacionais. Os resultados japonês investida no setor de P&D inovação da indústria brasileira é feita do Ipea indicam ainda que o fato de atingiu 3,1%, a da Coréia do Sul, 2,6%, de maneira terceirizada – por meio de uma companhia ser importadora e a da China, 1,3%. No Brasil, institutos de pesquisa, por exemplo –, aumenta significativamente também a essa participação não chegou a 1%. o fosso que separa a realidade nacional probabilidade de que venha a exportar. Em termos absolutos, a discrepância da verificada nos países desenvolvidos é ainda maior: enquanto Estados é preocupante. Considerando as Não só as inovações de produto são Unidos, União Européia e Japão despesas internas e externas, o total importantes. A introdução de novos investiram US$ 292 bilhões, US$ de investimentos em inovação da processos de produção também 217 bilhões e US$ 133 bilhões, indústria brasileira foi de 2,8% da representa um aumento de mais de respectivamente, os investimentos receita líquida em 2005. Nos Estados 9% na probabilidade de uma empresa em P&D no Brasil ficaram próximos a Unidos, o percentual foi de 5,7%. exportar. Nas pesquisas do Ipea, as US$ 5 bilhões, valor correspondente a empresas reportam que o principal menos de um quarto do investimento Tanto a geração de inovações quanto a benefício da inovação de processos realizado na China e menos de um incorporação de novas tecnologias em é a flexibilização da sistemática terço do realizado na Coréia do Sul. processos internos – mesmo quando produtiva, que permite atender elas já são conhecidas nas economias consistentemente a uma demanda Em 2005, as indústrias norte- líderes – costumam melhorar a que pode oscilar bastante. americanas e européias investiram, produtividade das empresas, tornando- respectivamente, 3,6% e 5,1% do as mais aptas para a concorrência no O cenário de referência adotado seu faturamento em pesquisa e mercado mundial. nesta publicação considera a desenvolvimento de novos produtos manutenção dos esforços em P&D e processos. Nesse mesmo ano, a Estudos recentes realizados pelo no Brasil em níveis próximos aos indústria manufatureira brasileira Instituto de Pesquisa Econômica atuais. Espera-se que o investimento despendeu apenas 0,58% de sua Aplicada (Ipea) mostram que o nível de 1,1% do PIB brasileiro em pesquisa receita líquida. A comparação com as de eficiência, a escala de produção e desenvolvimento nas próximas duas indústrias norte-americanas, líderes e o esforço para gerar inovações décadas favoreça positivamente o mundiais em vários mercados, é de produtos ou de processos ritmo de aumento da produtividade, ilustrativa. Em todas as atividades são importantes condicionantes com reflexos sobre a indústria industriais, com exceção do de exportação. Mesmo que não manufatureira. O cenário de referência segmento aeronáutico, as empresas represente uma inovação em âmbito também considera um avanço americanas investem bem mais que internacional, o aprimoramento de significativo de qualificação da mão-de- as brasileiras em termos relativos. um produto no mercado doméstico, obra, cuja escolaridade média passará No segmento de produtos químicos, por exemplo, aumenta em 17% a de 7,8 anos de instrução formal, os investimentos norte-americanos probabilidade de que a empresa se em 2007, para 11,3 anos em 2030. chegam a ser, proporcionalmente às torne exportadora. Isso mostra que a Com base nessas premissas, o ritmo respectivas receitas, 12 vezes e meia simples incorporação de tecnologia já de progresso tecnológico do País, de o percentual brasileiro; no segmento existente em países tecnologicamente 0,9% ao ano, ficará abaixo do esperado de informática, oito vezes. mais avançados pode gerar expressivos para as economias desenvolvidas (em
  • 16. 16 BRASIL SUSTENTÁVEL HORIZONTES DA COMPETITIVIDADE INDUSTRIAL torno de 1% ao ano) e para países Investimentos em P&D, (%) da receita líquida, 2005 em desenvolvimento, como a China (1,2% ao ano). Dessa forma, o Brasil Estados Unidos nível tecnológico de alguns setores continuará insuficiente para uma inserção competitiva no mercado Atividades mundial. Trata-se de um problema Manufaturados 0,58 3,60 que afeta primordialmente os setores Ferro e aço 0,22 0,67 de bens de alta tecnologia, como o Produtos siderúrgicos 0,22 0,50 de equipamentos para escritório e Fabricação de produtos de metal 0,21 0,80 telecomunicações (incluindo produtos Químicos 0,55 6,90 de informática, como computadores). Outros semimanufaturados 0,25 1,60 No cenário de referência, as Máquinas e equipamentos de transporte 1,25 4,54 exportações brasileiras desses itens Equipamentos de escritório e telecom 1,18 9,67 crescerão 2,3% ao ano até 2030, mas Equipamentos de transporte 1,55 2,97 é importante notar que as Veículos e peças 1,25 2,50 compras mundiais desses produtos Outros equipamentos de transporte 3,22 3,93 crescerão 7,9% ao ano no período. Outras máquinas e equipamentos 0,78 3,78 Em resumo, o País vai a reboque do Têxtil 0,22 1,60 crescimento mundial, sem explorar Vestuário 0,22 n.d. o potencial de vendas porque, entre outros fatores críticos, não absorveu Outras manufaturas 0,98 5,16 tecnologia suficiente para adquirir competitividade internacional. Fonte: Pintec e National Science Foundation, Estados Unidos. Custos crescentes Projeta-se também um aumento do preço da energia elétrica superior forte demanda nos próximos 22 anos. a 30%. Ao analisar as condições de Deficiências nas condições de produção, vários gargalos na As despesas crescentes com energia transporte, tais como a malha infra-estrutura do País têm sido elevarão os custos de produção de rodoviária em condições precárias, apontados como fatores que setores como: a ausência de ferrovias para limitam em maior ou menor escala transporte de carga e as dimensões as possibilidades de crescimento. inapropriadas da infra-estrutura de a indústria extrativista Isso afeta de forma mais intensa a vários portos e aeroportos, também (extração de minerais metálicos e indústria manufatureira. A energia encarecem o produto nacional, não-metálicos); ocupa papel de destaque entre reduzindo sua competitividade no esses gargalos. exterior. Tais deficiências afetam a indústria de transformação, de de maneira homogênea os diversos produtos como vidro, cimento, Como caracterizado na terceira setores da economia, muitas vezes cerâmicas e de metalurgia básica; e publicação desta série, os preços minando os esforços de exportação. da energia estimados para o futuro as atividades de reciclagem. apresentam franca tendência de O processo de crescimento aumento. Na trajetória até 2030, o econômico brasileiro, mais intenso preço médio do petróleo deve ficar Vários desses setores estão ligados nos próximos 22 anos do que foi nos em torno de US$ 60 por barril, valor à cadeia da construção civil, últimos 28, elevará o salário médio 117% superior ao preço médio dos que terá, como apresentado na dos trabalhadores em 2,5% ao ano. últimos 17 anos. primeira publicação desta série, Esse incremento terá impacto
  • 17. 17 Custo da energia na indústria brasileira, (%) no custo total, 2005 Siderurgia 4,7 Ferro-gusa e ferroligas 6,6 Reciclagem 6,9 Têxtil 7,0 Vidro 7,3 Indústrias extrativistas 9,0 Minerais não-metálicos 9,8 Produtos cerâmicos 11,9 Alumínio e cobre 12,6 Cimento 15,1 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 Fonte: Pesquisa Industrial Anual, IBGE. Evolução dos salários médios anuais até 2030, em US$* positivo no mercado consumidor interno, porém afetará os custos de produção - que serão maiores que o esperado para as grandes economias industriais do mundo -, diminuindo País 2007 2030 Crescimento (% ao ano) as vantagens competitivas do País. A China terá uma elevação do salário China 1.294,61 5.165,91 6,2% médio superior à do Brasil, resultado Coréia do Sul 16.685,83 31.294,96 2,8% do crescimento econômico e do Brasil 4.240,11 7.549,00 2,5% aumento de produtividade mais intenso, mas ainda manterá sua México 8.347,06 14.536,83 2,4% grande vantagem competitiva de Rússia 4.979,36 8.263,13 2,2% custo da mão-de-obra – em 2030, o Estados Unidos 38.066,08 55.137,71 1,6% salário médio chinês será dois terços Itália 36.622,40 49.453,97 1,3% da remuneração média brasileira. Argentina 4.672,97 6.135,39 1,2% Em resumo, o aumento dos salários Japão 34.261,16 44.393,19 1,1% no País é um processo socialmente Alemanha 34.298,26 43.986,36 1,1% desejável, mas que ressalta a necessidade de diminuir os efeitos Grã-Bretanha 35.686,50 45.496,30 1,1% de outros fatores que oneram a França 39.384,65 49.711,79 1,0% produção brasileira, como o alto impacto dos encargos sociais sobre a folha de pagamentos. Fonte: FGV (*) Em dólares, a preços de 2005.
  • 18. 18 BRASIL SUSTENTÁVEL HORIZONTES DA COMPETITIVIDADE INDUSTRIAL Mercados industriais em 2030 Potencial da dos do que na de produtos básicos. Enquanto a demanda de produtos O crescimento projetado com base no cenário de referência tam- demanda agroindustriais deve ter um cresci- bém indica que haverá um aumento mento, em escala mundial, de 1% da participação das economias O crescimento da economia mun- ao ano até 2030, as importações emergentes que abastecerão o mer- dial teve um impacto importante de manufaturados terão uma ex- cado mundial de bens industriais no desempenho da economia pansão de 3,7% ao ano. A exemplo (casos do México, de Cingapura brasileira nos últimos anos. do ocorrido nos últimos 50 anos, e da Coréia do Sul). São nações No percurso até 2030, a projeção o mercado mundial de bens indus- que importam matérias-primas e de expansão do PIB mundial man- triais será o motor do comércio de componentes para a produção de tém as boas expectativas brasilei- mercadorias nas próximas duas mercadorias que serão exportadas, ras. O crescimento da produção décadas. no contexto de especialização em física mundial de mercadorias etapas produtivas implícito ao e serviços deve ser de 3,5% ao A demanda por manufaturados processo de globalização. ano nos próximos 22 anos, e o continuará a ser impulsionada PIB em dólares constantes deve Os maiores importadores de ma- principalmente pelo bloco da União crescer à taxa de 2,7% ao ano nufaturados brasileiros em 2030 Européia, pelos Estados Unidos no período. Vale dizer que essa serão, em ordem decrescente, os e também pelo forte consumo projeção considera tendências Estados Unidos (19,6%), a Argen- chinês. O crescimento do merca- de longo prazo dos cem países tina (19,3%), o México (6,8%), a do na China é visto por todos os analisados neste projeto. Portan- Venezuela (6,6%), o Chile (4,1%), participantes do comércio mundial to, os efeitos de crises como a a Colômbia (3,0%), o Canadá como uma grande oportunidade de atual, desencadeada no mercado (2,7%) e a China (2,2%). A par- negócios. Para se ter uma idéia do imobiliário norte-americano e ticipação da União Européia nas que isso representa, as importa- compras de manufaturas brasilei- que ganhou dimensões mundiais, ções chinesas de produtos brasilei- ras cairá de 16,9%, em 2006, para representam desvios passageiros ros manufaturados crescerão 67% 14,6% em 2030, dado o menor que em nada afetam as projeções entre 2007 e 2030. crescimento econômico do bloco. de longo prazo. Assim, entre os maiores impor- A China, que será o grande deman- Do ponto de vista do perfil da tadores mundiais de bens manu- dante de produtos industrializados demanda internacional, os faturados em 2030 estarão as em 2030, não é hoje um grande manufaturados apresentam economias desenvolvidas (a União comprador de manufaturas brasi- perspectivas mais promissoras de Européia, os Estados Unidos e leiras. Com efeito, a exportação negócios que a produção agrícola o Japão) e os países em desen- desse tipo de bem para os chineses e extrativista — tanto por se tra- volvimento, que serão grandes é relativamente pequena se compa- tar de produtos com maior valor consumidores (como China, Brasil rada a combustíveis e produtos de agregado quanto pelo simples e Rússia). As importações brasilei- mineração e agrícolas. Em 2006, os fato de que os aumentos de ren- ras de bens manufaturados devem produtos industriais representaram da tendem a ser utilizados mais crescer 5,6% ao ano, a exemplo US$ 450 milhões em exportações, na compra de bens industrializa- dos demais países emergentes. contra US$ 3,38 bilhões de
  • 19. A O setor brasileiro de máquinas e equipamentos de transporte tem se mostrado um dos mais importantes dentre os exportadores de manufaturados. produtos agrícolas e os US$ 3,68 de 2,7% (Estados Unidos), 2,8%  custo da energia crescente; bilhões de combustíveis e produ- (Argentina) e 2,1% (União Euro- tos de mineração. péia), bem abaixo das chinesas,  grandes gargalos na infra-estrutura; mas a base inicialmente esta- Entre os manufaturados que vêm belecida a partir da qual  estrutura tributária que encarece sendo efetivamente exportados podem crescer as exportações o preço final dos bens; e pelo Brasil para a China, as me- brasileiras de manufaturados é lhores possibilidades de cresci- bem maior no caso desses  investimentos insuficientes em mento no horizonte de projeções parceiros tradicionais, ou seja, as possibilidades de crescimento pesquisa e desenvolvimento. deste trabalho estão no setor de máquinas e equipamentos de em termos absolutos são gran- transporte (que inclui veículos des, maiores que no comércio com a China. Reflexos na e peças automotivas) e no setor de produtos químicos. O ritmo de balança comercial Embora as exportações de aço, crescimento acelerado do PIB chi- de máquinas e equipamentos de Dado o peso que as manufaturas nês, de 7,9% ao ano entre 2007 e escritório e de telecomunicações têm nas pautas de exportações e de 2017, irá estimular um aumento tenham um peso menor na pauta importações brasileiras, os resultados das importações dessas duas do comércio exterior brasileiro, da balança comercial nos próximos classes de produto, represen- seu crescimento anual será sa- tando uma grande oportunidade anos não serão tão brilhantes como tisfatório, de aproximadamente para os produtores nacionais de no passado recente, uma vez que 1,9% e 2,3%, respectivamente. ampliação de seus negócios as exportações, de acordo com o As exportações de produtos com esse país. químicos crescerão menos (1,4% cenário de referência, não crescerão ao ano) e a de outros produtos num ritmo tão forte quanto as Nesse contexto, o setor industriais – exceto produtos importações – 2,8% ao ano contra brasileiro de máquinas e equi- agroindustriais – devem se expan- 3,5% ao ano. pamentos de transporte tem se dir à taxa de 0,89% ao ano. mostrado um dos mais importan- As projeções das exportações tes dentre os exportadores de As projeções do cenário de re- e das importações brasileiras em manufaturados. Se as importa- ferência mostram uma perda de 2030 – US$ 306 bilhões e US$ 264 ções chinesas desses produtos participação do Brasil nas expor- bilhões, respectivamente – apontam nacionais ainda são pequenas, tações mundiais entre 2007 e para um saldo comercial de US$ 42 o mesmo não pode ser dito da 2030. As importações mundiais demanda dos Estados Unidos, bilhões, valor ligeiramente superior de manufaturas crescerão à da Argentina e da União Euro- ao saldo comercial de 2007, taxa de 3,7% ao ano e as expor- péia, cujos valores importados tações brasileiras, a 1,8% ao ano. de US$ 40 bilhões. Dessa forma, em 2006 foram respectivamente O desempenho projetado para o saldo comercial, que foi de US$ 7,08 bilhões, US$ 6,22 o País é conseqüência do equivalente a quatro meses de bilhões e US$ 4,80 bilhões. aumento insuficiente de competi- importações em 2007, deve As taxas de crescimento do PIB tividade, decorrente dos seguin- representar, em 2030, menos de dois esperadas para esses países são tes fatores: meses de importações.
  • 20. 24 BRASIL SUSTENTÁVEL HORIZONTES DA COMPETITIVIDADE INDUSTRIAL Mapa-múndi das IMPORTAÇÕES DE MANUFATURADOS Nafta 3,3% 3,3% Os maiores na 2,3% importação de América 2,9% manufaturas em 2030 3,2% Central e Caribe 1,2% 1,0% US$ País 0,9% bilhões* País 1,3% 1º China 4.339,50 1,5% Estados Unidos 3,0% 3,0% 2,0% 2,8% 2,7% 2º Estados Unidos 2.680,37 México 6,2% 6,2% 4,9% 5,6% 6,0% 3º México 879,21 4º Cingapura 856,72 5º Coréia do Sul 825,34 6º Alemanha 660,56 7º Grã-Bretanha 482,28 8º França 425,55 9º Canadá 387,33 10º Itália 340,46 País 11º Espanha 333,46 Argentina 2,3% 2,3% 1,8% 1,9% 2,4% Brasil Brasil 5,6% 5,6% 4,6% 5,1% 5,7% 12º 13º Tailândia Malásia 332,32 317,42 Chile 5,1% 5,1% 4,0% 4,1% 4,7% 5,6% 14º Turquia 305,13 Venezuela 2,9% 2,9% 2,3% 2,3% 2,8% América 5,6% 15º Japão 301,14 do Sul 4,6% 5,1% 16º Rússia 297,84 4,0% 5,7% 17º Austrália 267,82 18º Bélgica 248,05 3,7% 19º Brasil 242,41 3,3% 20º Holanda 240,47 3,1% 4,0% Fonte: FGV - (*) A preços de 2007.
  • 21. A Crescimento médio anual entre 2007 e 2030* Mundo 3,7% Total de manufaturados 5,2% Aço 4,1% Produtos químicos 2,7% Equipamentos de transporte** 7,9% Equipamentos de escritório e telecomunicações Fonte: FGV - (*) A preços constantes de 2005. (**) Inclui automóveis e aeronaves. País Grã-Bretanha 0,5% 0,5% -0,1% 0,7% 0,5% França 0,1% 0,1% -0,4% 0,4% 0,2% Portugal -0,5% -0,5% -1,0% -0,5% -0,5% Espanha 1,5% 1,5% 0,7% 1,2% 1,2% Europa Alemanha -0,1% -0,1% -0,8% -0,3% -0,4% 0,9% Rússia 3,2% 3,2% 2,1% 2,0% 2,7% 1,0% 0,1% 0,8% 0,7% Ásia e Oceania 7,3% 9,2% Oriente Médio e 8,2% norte da África 7,3% 10,7% 0,6% 0,5% País 0,4% Japão -0,1% -0,1% -0,8% -0,3% -0,4% 0,7% China 12,4% 12,4% 10,8% 11,1% 12,9% 0,6% Coréia do Sul 6,4% 6,4% 4,6% 4,5% 5,0% Índia 1,8% 1,8% 2,1% 0,7% 2,5% Austrália 4,1% 4,1% 2,8% 3,5% 3,5% O mercado em 2030, US$ bilhões* África Importações Exportações "Share" Subsaariana Produtos mundiais brasileiras brasileiro 4,3% Manufaturas** 19.675,11 182,67 0,9% Aço 1.271,77 15,88 1,2% 3,1% Produtos químicos 3.255,57 10,72 0,3% 3,3% Equipamentos de transporte 2.793,48 29,50 1,1% 4,2% 5,1% Equipamentos de escritório e telecom 8.997,06 5,38 0,1% Fonte: FGV - (*) A preços de 2007. (**) Inclui combustíveis.