O documento discute a economia do estado do Pará em 2010. Aponta que o estado superou a crise e cresceu no ano de 2010, com taxas positivas de emprego e recuperação da economia impulsionada pelo mercado interno. Analisa os setores de emprego, inflação, indústria e comércio, balança comercial do estado no período.
1. Fevereiro de 2010
Boletim de Conjuntura
Pará Supera Crise e
Cresce em 2010
NESTA EDIÇÃO
Emprego e Renda
Inflação
Indústria e Comércio
Balança Comercial
2. Governo do Estado do Pará
Ana Julia Carepa
Vice-governador
Odair Santos Correa
Instituto de Desenvolvimento Econômico,
Social e Ambiental do Pará - Idesp
Presidente do Idesp
José Raimundo Barreto Trindade
Diretoria de Planejamento, Administração e Finanças
Fernando Jorge Azevedo
Diretoria de Estudos e Pesquisa
Socioeconômica e Analise Conjuntural
Cassiano Figueiredo Ribeiro
Diretoria de Estatística Tecnologia e Gestão da
Informação
José Tarcísio Alves Ribeiro
Diretoria de Pesquisa e Estudos
Jonas Bastos da Veiga
3. E xpediente
Diretoria de Estudos e Pesquisa
Socioeconômica e Analise Conjuntural
Cassiano Figueiredo Ribeiro
Núcleo de Análise de Conjuntura
Silvia Ferreira Nunes
Equipe Técnica
Anaiza da Silva Pimentel, Wesley Pereira de Oliveira, Maria Augusta Esteves
Perreira, Silvia Ferreira Nunes
Comissão Editorial
Ana Rosa dos Santos Rodrigues da Silva
Francisco José Câmara de Figueirêdo
Jonas Bastos da Veiga
José Tarcísio Alves Ribeiro
Silvia Ferreira Nunes
Editor
Cassiano Figueiredo Ribeiro
Diagramação
Silvia Ferreira Nunes
Expediente
Ana Rosa dos Santos Rodrigues da Silva – Normalização
Helane Costa Galvão – Revisão Gramatical
4. O IDESP passa a disponibilizar mensalmente um conjunto de indicadores e
análises conjunturais. A expectativa do Instituto, com parcerias já estabelecidas com
a Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças, o DIEESE
(Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e o
CORECON (Conselho Regional de Economia/Pará), é a de dotar a sociedade e os
agentes públicos e empresariais de informações necessárias e úteis ao
planejamento e tomada de decisões.
O boletim de Conjuntura apresenta o acompanhamento do movimento de
quatro elementos importantes: emprego/renda; preços/salários;
indústria/comércio e comércio exterior. Cada um desses fatores responde por
importantes aspectos da economia e das relações sociais, sendo necessário
acompanhá-los e construir análises que substanciem políticas públicas capazes de
alterar possíveis tendências de impacto deletério sobre nossa população.
A parceria com a Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças;
o DIEESE e o CORECON inaugura um profícuo momento de estruturação da prática
de debate e busca de soluções para problemas conjunturais postos.
Este é o objetivo e o desafio colocado ao IDESP e seus parceiros.
José Raimundo Barreto Trindade
Presidente do Idesp
5. Análise do Emprego em 2009 e
projeção para 2010
As perspectivas de continuidade de crescimento para os próximos meses permitem a construção de uma
tendência para o Estado do Pará de expansão na oferta de postos formais, como demonstra a Fig. 1. O processo de
recuperação da economia no Estado é sustentado em especial pelo fortalecimento do mercado interno. Com base
em estimativa na taxa de incremento médio, o Estado pode encerrar 2010 com aproximadamente 264.221
admissões, superior a registrada em 2009, quando foram feitas 254.970 contratações. Nos últimos dez anos o
cenário observado no mercado de trabalho formal do Pará é de crescimento no volume de admissões, exceto
2009, que teve reflexos da crise econômica internacional.
Fig. 1. Admissões de Empregos formais no Pará – 1999/2009.
Fonte: MTE – Caged.
Elaboração: Idesp.
Segundo pesquisa realizada pelo Ministério do Trabalho com base em informações do Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados – Caged, no ano de 2009 o Brasil apresentou saldo acumulado no ano de 998.110
na oferta de empregos formais, dos quais a região norte representa um pequeno percentual nacional de
aproximadamente 3,74 %. O Estado do Pará contribuiu para o total da região com 19,8 % postos de trabalho.
O saldo de empregos formais apresentado em 2009 nacionalmente reflete volumes positivos, sendo que
o Pará encerrou o ano com 7.380 postos de trabalho, reflexo, especialmente, do terceiro trimestre que
apresentou saldo positivo de 16.456 postos. A movimentação e mesmo expansão do emprego no ano de forte
crise deve-se a três segmentos: comércio, serviço e construção civil. O primeiro puxado pela manutenção da
demanda em função dos subsídios fiscais oferecidos às indústrias de eletrodomésticos e automobilísticas, o
segundo encadeado com o primeiro foi também influenciado pelo crescimento da construção civil influenciada
pelos investimentos do PAC.
Apenas o Estado do Amazonas apresentou saldo negativo, com variação negativa anual de 116,12 %. Os
demais estados da Região apresentaram saldos positivos, como apresentado na Fig. 2.
Fig. 2. Saldo de emprego da Região Norte - 2009.
Fonte: MTE - Caged.
Elaboração: Idesp.
6. Análise do Emprego em 2009 e
projeção para 2010
Com base na evolução do emprego formal no ano de 2009, dentre os municípios paraenses que
apresentaram melhores saldos na oferta de trabalho destaca-se Belém que acumulou saldo anual de 7.002 postos
formais seguido do município de Marabá com 2.095 empregos.
Fig. 3. Municípios com melhores saldos de empregos formais – Pará, 2009.
Fonte: MTE - Caged.
Elaboração: Idesp.
O município de Belém ofertou maior volume de postos de trabalho formais no setor de serviços,
abrangendo total no saldo anual de 4.186 postos. A atividade de comércio abrangeu a segunda maior oferta no
acumulado do ano apresentando saldo positivo de 2.996 empregos. As obras do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), os investimentos de empresas privadas como a inauguração de um grande empreendimento
comercial em Belém, influenciaram diretamente no número de contratações do município. Na segunda colocação
do ranking dos municípios paraenses encontra-se Marabá. A atividade econômica que mais se destacou dentro do
município foi à construção civil, ofertando saldo positivo de 2.099 empregos. A terceira maior geração no saldo de
empregos formais no Estado do Pará localizou-se em Ananindeua, a atividade que se destacou foi de construção
civil com geração de 885 postos, mas, os setores de indústria de transformação e serviço fecharam o ano com
saldos negativos de respectivamente -242 e -232 empregos.
Com reduzida oferta de empregos formais o município de Tucuruí acumulou maior saldo negativo no ano,
apresentando fechamento de 2.158 postos de trabalho. A atividade que mais contribuiu para esse desempenho
negativo foi a de construção civil que registrou fechamento de 2.101 postos formais, isso em função da finalização
das obras das eclusas de Tucuruí. O município de Barcarena apresentou saldo negativo expressivo no ano de 2009,
somando redução de 1.232 empregos formais. As atividades de construção civil, comércio e serviço foram as que
mais contribuíram para redução no município, somando um total de fechamento nos postos formais de 1.039
empregos.
Conforme Tabela 1, o demonstrativo de emprego no Estado em 2009, entre as admissões o saldo que mais
se destacou foi o de reemprego, com 182.584 postos, contrapondo às dispensas sem justa causa que alcançaram
175.092 empregos neste mesmo período.
7. Análise do Emprego em 2009 e
projeção para 2010
Tabela 1. Demonstrativo do emprego de 2009 – Pará Região Norte e no Estado do Pará, em 2009, somam total
de requerentes ao auxílio de respectivamente 385.266 e
156 .051. O Pará representou 40,50% das solicitações de
seguro desemprego da Região acompanhando a
mesma tendência regional. Onde apenas nos meses de
março e novembro houve aumento em relação ao mês
anterior, conforme observado na Fig. 4.
Fonte: MTE - Caged.
Elaboração: Idesp.
Fig.4. Evolução do seguro desemprego por
Os pedidos de demissões dos trabalhadores requerentes na Região Norte e no Pará.
por razões particulares, no qual o desligamento é Fonte: MTE Caged.
imediato, com dispensa do cumprimento de aviso Elaboração: Idesp.
prévio, no período em questão foi de 35.925 pedidos.
Comparativamente ao ano anterior (44.299
solicitações), houve um recuo de 8.374 desligamentos No Estado do Pará as atividades econômicas
nessa modalidade. que mais contribuíram para o saldo positivo de
emprego formal no ano 2009, foram as de serviços
Do mesmo modo, de acordo com pesquisa com 4.748 empregos e as de comércio com 4.507
realizada pelo Caged sobre seguro desemprego, postos. No acumulado do saldo do ano metade das
atualizado em 30/01/2010, lote 1117, as evoluções na atividades obtiveram números positivos.
Tabela 2. Admitidos no primeiro emprego no Estado do Pará 2004 a 2009
Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Admitidos 1º emprego 67.966 70.510 67.036 71.854 78.867 67.503
Fonte: CAGED.
Elaboração: IDESP.
Há de se observar ainda a inserção dos jovens no mercado de trabalho. Esse segmento encontra grandes
dificuldades na obtenção do primeiro emprego, principalmente pela falta de experiência. Analisando uma série
de informações do CAGED, observa-se um incremento de 7,18% relativos a obtenção do primeiro emprego para
o ano de 2007 em relação ao ano de 2006 e 9,8% em 2008 sobre o ano anterior.
Em 2009, por conta da crise econômica mundial, o número de admitidos no primeiro emprego retraiu-se
ao nível de 2006. Todavia, ressalta-se que este significativo incremento para os anos de 2007 e 2008 relacionam-
se com a implantação do Programa Bolsa-Trabalho do Governo Estadual. Ao todo desde 2007, jovens de 92
municípios já foram atendidos com o Programa, totalizando 62.300 beneficiados, dos quais mais de 12 mil, após o
processo de qualificação, garantiram o primeiro emprego. Por conta de contingenciamento financeiro em 2009 o
Programa qualificou 8.000 jovens, atingindo 30% estabelecidos para o ano.
Assim em 2010, com o cenário de reaquecimento da economia nacional e estadual prevê-se um
incremento de pelo menos 30 novas mil bolsas e por conseguinte a inserção de 8 mil jovens no primeiro emprego.
8. Inflação em 2009 e perspectivas
para 2010
O Índice de Preço ao Consumidor - IPC na Preços ao Consumidor – IPC, no ano de 2009, tiveram
Região Metropolitana de Belém - RMB, calculado pela a seguinte conduta: quatro grupos registraram índice
Secretaria de Planejamento, Orçamento e Finanças - inflacionário acima do índice médio: Transporte
SEPOF, através de sua Diretoria de Planejamento – (14,15%), Educação, Leitura e Papelaria (12,89%),
DIPLAN, registrou no ano de 2009, taxa acumulada de Despesas e Serviços Pessoais (12,52%), Saúde e
5,47%, um recuo de 8,82% em relação ao ano de 2008, Cuidados Pessoais (8,31%). Os que ficaram abaixo do
quando registrou taxa de 15,67%. Esta desaceleração índice médio foram: Vestuário (4,38%), Alimentação
é função do menor incremento dos preços médio dos e Bebidas (3,11%), Comunicação (2,78%) e Habitação
produtos de grande peso na estrutura de consumo do (1,26%). O único grupo de despesa a registrar taxa
IPC. Por outro lado essa diferença expressa a melhor negativa, anual, foi: Móveis e Equipamentos
acomodação dos preços verificados no ano em Domésticos (2,72%), provavelmente resultante das
análise. políticas adotadas de desoneração do IPI e ICMS ao
O conjunto dos nove grupos de despesas longo de 2009 que estimularam a demanda por um
que integram a estrutura de consumo do Índice de lado, porém impactaram nos preços forçando o
declínio.
Fig. 1. Taxa Acumulada IPC 2009- Região Metropolitana
Fonte: SEPOF.
Na análise anual o Grupo Transporte (14,15%), registrou a maior taxa acumulada do ano, a qual foi
pressionada pelo subitem, Transporte Público (8,13%), onde as passagens do transporte alternativo no ano
registraram taxa de 24,18%; lavagem e lubrificação (30,46%), câmara e pneu (8,57%) e conserto de automóvel
(12,19%); Considerando o Grupo Transporte, os itens que compõem a planilha de cálculo de grande parte dos
produtos da cadeia de consumo do Índice de Preços ao Consumidor – IPC, as taxas negativas ocorridas nos
preços médios da gasolina (0,35%) e óleo diesel (2,74%) no ano, tiveram impacto positivo na composição de
preços de diversos produtos, contribuindo para a redução da taxa global, de 2009, de alguns grupos. Entretanto,
para o cálculo do Grupo Transporte, o aumento da passagem dos ônibus urbano convencional (9,68%), táxi
(14,34%) e motocicleta (23,23%), contribuíram para que a taxa média final do grupo chegasse ao patamar de
(14,15%).
9. Inflação em 2009 e perspectivas
para 2010
O Grupo Educação, Leitura e Papelaria (12,89%) foi o segundo a registrar taxa anual bastante expressiva,
pressionada pelo item Educação (8,94%) com destaque para os cursos de pós-graduação (12,66%) e uniforme
escolar (8,28%). Outro subitem que teve participação significativa foi Leitura (10,15%) – assinatura de periódicos
(12,35%), livro escolar do primeiro e segundo graus (12,64%) e artigos de papelaria (17,96%). É importante
ressaltar, que este comportamento ascendente é mais acentuado no início do ano, no período das matrículas/
mensalidades escolares.
Ainda, Grupo Despesas e Serviços Pessoais que no ano obteve a terceira maior taxa acumulada de
12,52%, os itens que tiveram influência predominante para que o grupo atingisse esse patamar, foram os Serviços
que no ano chegaram a registrar taxa média de 9,63%. Tendência justificada pelo o aumento do salário mínimo
que afetou a estrutura de custo dos prestadores de serviços.
O último trimestre de 2009 e início de 2010 indica a superação da crise no Brasil e nos BRICs. O
monitoramento do movimento dos preços, faz-se necessário para a tomada de eventuais decisões sendo que
políticas públicas voltadas ao reforço da segurança alimentar e que possibilitam queda nos preços da cesta básica
são imperiosas; do mesmo modo, ações conjuntas dos órgão de proteção ao consumidos- PROCOM e Ministério
Público- são centrais para deter possíveis escaladas de preços em segmentos como serviços de saúde e educação.
Vale ressaltar que segundo a POF - Pesquisa de Orçamento Familiar, os produtos da cesta básica (carne de 2ª, leite
in natura, arroz polido, feijão rajado, farinha de mandioca, tomate, pão comum, café moído, banana prata, açúcar
refinado, manteiga, óleo de soja) participam com 1,119% no orçamento familiar e que , infelizmente, 80% dos
produtos agrícolas consumidos são oriundos de outros estados.
O gráfico a seguir demonstra o comportamento da inflação na RMB nos últimos 5 anos
Fig. 2. Índice de Preço ao Consumidor - IPC -Taxa Acumulada no Ano - Região Metropolitana
Fonte: SEPOF.
A taxa esperada para o Índice de Preço ao Consumidor – IPC/SEPOF na Região Metropolitana de Belém é de
6,70%, um pouco acima das projeções para o INPC/IBGE que é 4,6%, logicamente condicionada por fatores já
assinalados de aquisição de parcela considerável dos produtos de cesta básica fora do Estado, portanto
fortemente influenciado pelos preços de frete e transporte.
10. Balanço da Indústria e Comércio
em 2009 e perspectivas para 2010
Indústria
O cenário industrial no Brasil em 2009 foi marcado por queda na atividade produtiva, no Pará não foi
diferente. A produção física industrial apresentou decréscimo em quase todos os meses do ano (comparado a igual
mês do ano anterior), com exceção em dezembro, quando a variação foi de 1% (ver Fig. 1). No acumulado do ano, a
produção física variou -7,25%. Deve-se frisar que a base de análise (2008) foi a mais expressiva em duas décadas e
o cenário recessivo internacional condicionou a diminuição das exportações e, conseqüentemente, a diminuição
da produção.
Uma avaliação trimestral da produção física industrial revela que o segundo e o terceiro trimestre tiveram
os piores resultados, com variação de -8,5% e -9%, respectivamente, enquanto o primeiro semestre ficou com -
6,7%. O último trimestre apresentou a menor variação, -4,7%.
Quando comparada a variação da produção física nacional à estadual, observa-se um comportamento
semelhante (com exceção de novembro), porém com proporções diferentes. No geral, o indicador para o
fechamento do ano foi semelhante, ficando a nacional em -7,41% e a do Estado em -7,25%, conforme Fig. 2.
25
20
15
10
5
% 0
-5 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
-10
-15
-20
Brasil Pará
Fig. 1. Variação da produção física industrial mensal (base: igual mês do ano anterior) – Pará e Brasil, 2009.
Fonte: IBGE.
Elaboração: Idesp.
As treze unidades da federação que são pesquisadas tiveram queda expressiva na produção física (com
menor impacto em Goiás), destacando Espírito Santo e Minas Gerais. O Pará apresentou queda menor que
estados como Santa Catarina, São Paulo, Amazonas, Minas Gerais e Espírito Santo, e decréscimo superior a
estados como Bahia e Rio de Janeiro.
Fig 2. Produção física industrial – índice acumulado (base: igual período do ano anterior) – Unidades da
Federação e Brasil, 2009.
Fonte: IBGE .
Elaboração: Idesp .
11. Balanço da Indústria e Comércio em
2009 e perspectivas para 2010
os empresários começaram 2009 pouco otimistas
Uma análise segmentada aponta que apenas
quanto ao cenário econômico, mas com o decorrer do
dois dos quatros setores analisados apresentaram
ano foram ficando mais confiantes. Em janeiro de 2009,
valores positivos no acumulado de 2009. O valor
por exemplo, o índice atingiu 47,4 pontos, sendo este o
negativo mais impactante foi oriundo da indústria
menor valor entre uma série de pelos menos cinco
extrativa (-14,13%), devido redução da extração de
anos, conforme Fig. 3 a seguir.
minério de ferro. Já na indústria de transformação,
que apresentou decréscimo (-0,81%), a principal
A queda do ICEI no final de 2008 e início de 2009
variação negativa foi no setor de madeira (-30,14%),
vai de encontro como o período mais crítico da crise
frente uma variação positiva na metalurgia básica
econômica que assolou o mundo (e que ainda hoje não
(9,14%) e no setor de alimentos e bebidas (0,02%).
foi superada em sua totalidade, longe disso). Cenário
e co n ô m i co d e sfavo ráve l , j u nta m e nte co m
Outro indicador merecedor de atenção é a
perspectivas ruins dos investidores, significa menos
confiança do investidor da indústria. Segundo a
investimento e, em consequência, menor atividade
Confederação Nacional da Indústria (CNI), a partir do
industrial. Tal reflexo pode ser observado na produção
seu Índice de Confiança do Empresário Industrial
física industrial nacional, conforme apresentada nas
(ICEI),
duas figuras anteriores.
Fig. 3. Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI): jan/2005 a jan/2010.
Fonte: CNI.
Elaboração: Idesp.
Perspectivas para 2010
Para 2010, a perspectiva é que a confiança do empresário industrial siga o caráter otimista observado nos
últimos meses de 2009 – e empresário confiante significa tendência em aumentar o investimento e a produção no
intuito de atender o crescimento esperado da demanda. O ICEI de jan/10 demonstra tal tendência, com um índice
de 68,7 pontos. A Fig. 1 acima também mostra que nos últimos meses de 2009 a produção física industrial do Brasil
apresentou tendência positiva, mostrando a capacidade de rápida recuperação do país após o período crítico da
crise mundial.
Quanto ao Estado do Pará, as perspectivas também são otimistas. Podem ser citados como exemplo os
investimentos na área de mineração, que tendem a alavancar o crescimento industrial, e na área de siderurgia,
com destaque para a construção do parque siderúrgico em Marabá. Entre as obras públicas (obras do PAC Federal
e do PAC Estadual) e investimentos privados, a previsão é que o total dos investimentos no Estado do Pará alcance
US$ 52,8 bilhões no período 2010-2014. De uma maneira geral, os investimentos na indústria do Pará previstos
para 2010 podem alcançar US$ 7,4 bilhões, entre públicos e privados (FIEPA, 2009), o que indica boa perspectiva
de geração de emprego e renda para a população paraense.
12. Balanço da Indústria e Comércio
em 2009 e perspectivas para 2010
Outro setor promissor para 2010 é o da construção civil. O programa Minha Casa, Minha Vida do governo
federal objetiva erguer 1 milhão de casas em todo o país. Destas, cerca de 50 mil serão construídas no Pará. Cerca
de 13 municípios paraenses poderão se beneficiar inicialmente (Belém, Ananindeua, Benevides, Marituba,
Castanhal, Santa Bárbara do Pará, Abaetetuba, Cametá, Bragança, Marabá, Parauapebas, Santarém e Itaituba), a
expectativa de que tal programa venha impulsionar a indústria da construção civil é grande, uma vez que o déficit
habitacional ainda é considerável, e pelo fato destes municípios possuírem mais de 46% da população do Estado
do Pará, segundo dados do IBGE (2007).
Deve-se destacar que os sinais de crescimento da economia brasileira são bastante expressivos. Segundo
dados do Ministério da Fazenda, teremos taxa de crescimento do PIB em torno de 5% e se retomam as condições
de crescimento vividas até o terceiro trimestre de 2008. O Banco Central avalia que, mantido o ritmo atual de
produção, o nível de utilização da capacidade instalada da indústria atingirá 86,5% em maio de 2010, perto de
bater o recorde registrado em junho de 2008.
Comércio
O crescimento do comércio varejista paraense demonstra que o setor superou os impactos da crise
econômica internacional. Nas comparações (extraídas das séries sem ajustamento) da pesquisa mensal do
comércio do IBGE, o segmento acumulou uma expansão de 5,9% no volume de vendas em relação a igual período
de 2008. A mesma trajetória foi observada no saldo da receita nominal, onde as variações registradas são
positivas, apresentando um aumento representativo de 10%, acima do valor obtido na comparação entre o
mesmo período do (Fig. 1 e 2).
Fig. 1. Índice de Volume de Vendas do Comércio Varejista Fig. 2. Índice de Receita Nominal de Vendas no Comércio
(Índice de Base Fixa com ajuste sazonal). Varejista ( Índice de Base Fixa com ajuste sazonal).
Fonte: IBGE. Fonte: IBGE.
Elaboração: Idesp. Elaboração: Idesp.
A Fig 3 mostra que a expectativa do consumidor, apontado pelo Índice Nacional de Expectativa do
Consumidor (INEC) e calculado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), foi muito baixa no último
trimestre de 2008, acentuando-se mais ainda no primeiro trimestre de 2009, quando o cenário econômico
atingiu um estado mais crítico. Porém, em virtude de apresentar uma econômica mais sólida e menos vulnerável
aos choques externos (em comparação ao que era no passado), o impacto da crise no Brasil foi menor do que na
maioria dos outros países. Assim, no decorrer no ano de 2009, o consumidor voltou a apresentar melhores
expectativas quanto a temas como inflação e desemprego, conforme observado na Fig a seguir.
13. Balanço da Indústria e Comércio
em 2009 e perspectivas para 2010
120 5,28 6
4,62
118 3,76
116 4
114 1,56
0,54 2
112 -0,27 -0,09 -0,09
110 0 %
-1,52
108
-2,88 -3,19 -2
106
104 -5,02 -4
102
100 -6
4tri 1tri 2tri 3tri 4tri 1tri 2tri 3tri 4tri 1tri 2tri 3tri 4tri
2006 2007 2008 2009
INEC Variação INEC
Fig. 3 . Índice Nacional de Expectativa do Consumidor
Fonte: CNI.
Elaboração: Idesp.
O componente da demanda que sustentou a economia em 2009 deve manter forte contribuição em
2010. O nível de consumo deverá ser favorecido em pela continuidade de recuperação no mercado de trabalho,
no qual o ritmo de crescimento do emprego deverá acentuar-se, vide análise mercado de trabalho . Dessa forma
e em um cenário de inflação controlada haverá uma expansão mais intensa da massa salarial. Além disso, o
volume de crédito concedido a pessoa física expandirá. O que deve propiciar o crescimento do consumo das
famílias.
14. Análise da Balança Comercial
em 2009 e Projeção para 2010
O ciclo de expressivo crescimento das exportações paraense dos últimos anos foi interrompido pelos
efeitos da crise que contraiu intensamente a demanda externa. Pela primeira vez em duas décadas, o saldo da
balança comercial apresentou variação negativa de dois dígitos. A queda de quase 22% no saldo em 2009 frente
ao ano anterior confirmou o quadro recessivo da economia mundial.
No geral, o saldo comercial paraense acompanhou o comportamento do saldo nacional até 2006. Em 2007
e 2008 o saldo comercial brasileiro apresentou decréscimo, enquanto o paraense ainda se elevava. Apenas em
2009 o saldo comercial paraense apresentou resultado menor quando comparado ao ano anterior. No Norte, o
saldo deficitário do estado do Amazonas impactou negativamente no da região, trazendo-o para baixo.
Fig. 1. Balança comercial do Estado do Pará: 2000-2009. Fig. 2. Saldo da balança comercial – Brasil, Norte e Pará:
Fonte: Mdic. 2000-2009.
Elaboração: Idesp. Fonte: Mdic.
Elaboração: Idesp.
A perda de competitividade fez com que parceiros tradicionais do país na venda de produtos
industrializados, como os Estados Unidos e a União Européia reduzissem sua importância na pauta de exportação
do estado. Entre 2008 e 2009 as vendas para esses países recuaram 5,86 e 11,5 pontos percentuais,
respectivamente. Por outro lado as exportações para a China, país que se tornou o principal parceiro comercial do
estado e é importante destino das vendas de básicos, registrou crescimento de 19,6 pontos no mesmo período; a
participação do país nas exportações passou de 11,81% em 2008 para 31,42% em 2009. No mesmo período, a
participação dos EUA recuou de 13,35% para 7,49%.
Como a maioria dos estados do país, o Pará também registrou queda no volume importado para todas as
categorias de uso em 2009 (Fig. 3), onde os bens intermediários registraram a queda mais expressiva no
acumulado da pauta de importação, com participação de 59%. As quedas nas importações de bens de capital,
assim como combustíveis e bens de consumo acompanharam a forte retração do país. A principal origem das
importações paraense foram os Estados Unidos, correspondendo a 53% das importações; seguido de longe por
China e Japão, com 5,54% e 4,47%, respectivamente; e o principal produto foi hidróxido de sódio,
correspondendo a 23,11% da pauta de importação. As importações da Vale S.A. (29,43%) e da Alunorte (28,77%)
as colocam como as duas principais empresas importadoras, sendo responsáveis por mais de 58% da pauta de
importação do Pará.
15. Análise da Balança Comercial
em 2009 e Projeção para 2010
Fig. 3. Importações por categoria de uso – Pará, 2008-2009.
Fonte: Mdic.
Elaboração: Idesp.
Já sobre as exportações (US$ 8,3 bilhões, sendo este valor 21,8% inferior a registrado em 2008), a Fig. 4
apresenta o que foi exportado por fator agregado, onde mostra que a maior participação é de produtos básicos
(49%). O principal produto exportado foi minério do ferro, representando 45,7% da pauta de exportação. Quanto
ao destino das exportações, a China lidera o ranking (31,42%), seguido por Japão (10,74%) e Estados Unidos
(7,48%). Novamente a Vale S.A. e a Alunorte são destaques, agora como as principais exportadoras. Com a
participação de 51,93% da primeira e 14,06% da segunda, são responsáveis por 70% de toda a exportação do Pará.
Fig. 4. Exportações por fator agregado – Pará, 2008-2009.
Fonte: Mdic.
Elaboração: Idesp.
Segundo dados da CNI – Confederação Nacional da Indústria Para (2010), a perspectiva é de melhoria no
resultado da balança comercial. Mesmo com oscilações, a linha de tendência das exportações em 2009
apresentou inclinação positiva considerável em virtude do crescimento médio das exportações e o ritmo
decrescente das importações (Fig. 5). O aumento desse gap entre exportação e importação resultou em
aumento do saldo comercial nos últimos trimestres (e tende a ser assim durante 2010), e o primeiro mês de 2010
já apresenta um melhor resultado em relação ao mesmo mês do ano anterior, com variação de quase 12% no
saldo comercial.
16. Análise da Balança Comercial
em 2009 e Projeção para 2010
Fig. 5. Balança comercial mensal - Pará, 2009.
Fonte: Mdic.
Elaboração: Idesp.
A perspectiva de melhoria no saldo comercial apresenta otimismo, ainda que moderado. Do lado das
exportações, os sinais de melhora apresentado pela economia mundial (mesmo ainda com elevada
desconfiança sobre tal comportamento) aumenta a perspectiva de maior demanda por produtos paraenses. A
China – o principal parceiro comercial, por exemplo, tem previsão de crescimento do PIB em 9% para 2010,
melhor do que o valor estimado para 2009 (8,4%) – segundo o Banco Mundial (2010). Já para o Fundo
Monetário Internacional (FMI, 2010), a previsão de crescimento da China para 2010 é de 10%, e de 1,7% e 2,7%
para Japão e Estados Unidos, respectivamente – sendo esses os três destinos das exportações do Pará. Em
suma: a previsão de crescimento ainda que moderado da economia mundial como um todo, e do forte
crescimento da China mais especificamente, pode ser benéfica para um aumento gradativo do saldo na
balança comercial do Pará, considerando que a demanda chinesa por produtos oriundos do Pará acompanhe
seu crescimento e que as importações do Pará permaneçam com a característica moderada (baixa)
apresentada nos últimos anos.
Aspecto importante e necessário a ser discutido diz respeito ao hiato (distância) entre nossas
exportações e importações resultando em um expressivo saldo que, entretanto, não é revertido em ganhos
para o Estado do Pará, seja pela legislação tributária (Lei Kandir) que desonera totalmente os semi-elaborados
da cobrança de ICMS, seja pela não transferência do governo federal dos valores totais que dariam conta de
compensar a referida desoneração. Deve-se, ainda, frisar que a composição do saldo comercial baseado
somente em exportação de commodities é algo que agrava a estrutura industrial brasileira e paraense e
estimula a apreciação cambial, gerando um círculo vicioso.