Este documento discute vários tópicos relacionados à morfologia. Apresenta definições de morfologia e palavra. Discutem-se critérios fonológicos e sintáticos para definir palavras. Exemplos demonstram afixos verbais em línguas como o kadiwéu. Também aborda processos morfológicos como derivação, flexão e influência da fonologia na morfologia. Por fim, discute-se teorias como a ótima e a não-concatenação na formação de palavras.
2. A morfologia é frequentemente definida como
o componente da Gramática que trata da
estrutura interna das palavras. Mas o que é
uma palavra?
Usando critérios fonológicos também não é
possível saber se estamos lidando com uma
palavra ou frase.
Exs :. O que é detergente? [detèrgénte]
É o ato de prender pessoas(deter gente).
[dètergénte]
3. Há também quem use critérios
sintáticos.
se (1) puder ser usada como resposta mínima a uma
pergunta e se(2) puder usada em várias posições sintáticas .
Exemplos :
*Cenouras
O que João comprou na feira hoje?
Cenouras. [ menor resposta possível a uma pergunta]
João comprou cenouras na feira hoje. [ objeto da sentença]
Cenouras foi o que João comprou na feira hoje. [sujeito]
*Lhe
Maria quer lhe dar um livro de presente. [antes do verbo]
Maria quer dar-lhe um livro de presente. [depois do verbo]
4. sem nunca ter ouvido esta palavra somos
capazes de entender seu significado se
soubermos o que é nação que quer dizer pátria
, al que em português deriva novas palavras e
que transforma substantivo em adjetivo, como
o adjetivo nacional, izar que transforma o
adjetivo em verbo nacionalizar e por fim
somamos ção e temos nacionalização que é um
substantivo.
5.
6. Jiwi “eu escuto”
J-win
1ª pessoa -escutar
Jacako “eu soco”
J-acakon
1ª pessoa -socar
Jacawa “eu ajudo”
J-acawa
1ª pessoa -ajudar
1º passo é observar qual o pedaço de significado recorrente
na tradução. Assim , no kadiwéu o j deve ser o morfema que
carrega o significado de primeira pessoa na língua.
7. 2º não assumir que morfemas universalmente
apareçam na mesma ordem que parece no
português , de modo os verbos ajudo , soco
,escuto são distinto do kadiwéu , onde o
morfema de 1ª pessoa se encontra antes da raiz
verbal, ou seja, um prefixo, mas é um sufixo em
nossa língua .
3º não assumir que todos os significados
expressos por morfemas em sua língua nativa
serão expressos em outras línguas por um
morfema especifico .por exemplo em chinês
, não há marcas de pessoas.
4º não assumir que sua língua nativa apresenta
todos os contrastes morfológicos possíveis
universalmente.
8. Exemplo de infixo
Raiz Formas infixadas
Takbuh “correr” tumakbuh “correu”
Lakad “andar” lumakad “andou”
9. O exemplo do tagalog nos mostra que a
Morfologia sofre um impacto bastante
acentuado da Fonologia , pois os fatos do
tagalog nos indicam que a Fonologia pode
definir o lugar onde o morfema deverá ser
inserido na palavra.
Assim , sabemos que o segmento /l/ é
realizado com /w/ sempre que a coda silábica
(isto é no final da sílaba) na fala dos jovens
paulistas (/sal/ que se realiza com [saw]).
10. Nação Nacion Leão Leon
Traduzindo para o quadro gerativista, podemos
dizer que as forma subjacentes relativas aos
exemplos anteriores são nacion e leon. Este tipo
de análise conta com a transformação de on em
ão, a qual nem sempre ocorre, umas vez que
baton não se transforma em batão.
Nota – No dialeto rural do Mato Grosso do Sul, são frequentes
palavras como batão e marrão. Esse processo de mudança linguística
pode levar uma regra morfofonológica pouco produtiva pode se
transformar em uma regra fonológica totalmente produtiva.
11. Segundo Anderson (1982), passou- se a buscar
os universais da linguagem . Por esse motivo
, a Sintaxe (estudo da formação de sentenças)
passou a ser o ponto central da Gramática
, uma vez que é na Sintaxe que vemos uma
maior similaridade entre as línguas.
A Fonologia passou a ser dividida em duas
partes , Fonologia Lexical (processada no
léxico) e a fonologia pós – lexical (processada
depois da sintaxe).
12. Anderson (1982) questionou, em seu artigo
chamado Where is Morphology? Se a
Morfologia é de fato sem importância para a
Sintaxe e se toda Morfologia deve ser
processada no léxico.
Morfologia Derivacional
A Morfologia Derivacional tem a característica de
alterar a categoria gramatical de uma palavra .
Ex:. Nacionalização
E se adicionarmos RE ao verbo refazer temos
fazer de novo (nesse caso não há mudança de
classe).
13. A Morfologia Derivacional não é produtiva
,isto é, não é qualquer morfema derivacional
que pode ser adicionado a qualquer raiz
Ex:. hospitalizar (o morfema IZ pode ser
adicionado ao substantivo hospital ) já no
substantivo clinicar não se pode colocar o
mesmo morfema IZ não existe
clinizar(devemos memorizar clinicar ).
Morfologia Flexional
A Morfologia Flexional não altera categorias.
Ela estabelece ligação entre as palavras.
Exs: Eu Falo .
As piranhas morderam a vaca .
14. A morfologia Flexional é produtiva
. assim qualquer verbo pode ser
marcado por um morfema
indicando terceira pessoa do plural
e qualquer artigo poder
pluralizado. Exceções muito
raras, se comparadas as paradigmas
derivacionais.
15. Todas as línguas contam com componentes de Morfologia
.os fenômenos nem sempre são cancatenativos ,isto, é
processos de adição de morfemas. Vejamos agora esses
processos em português.
Mistura : palavras criadas da junção de duas línguas.
Exemplo portunhol que é a mistura de português mais
espanhol.
Abreviação :O processo pelo qual uma nova palavra é criada
pelo truncamento de uma outra palavra já existentes.
Exemplo , biju para bijuteria.
Acronímia :são palavras iniciadas pelas letras de uma sigla.
Por exemplo IEL Instituto de estudo da Linguagem.
Retroformação: processo pelo qual uma palavra é formada
pela desafixação de certos morfemas ,como por
exemplo, delega de delegado.
16. Por fim há uma nova teoria não-concatenativa
, denominada de otimalidade ,proposta
inicialmente por Prince & Smolensky(1993) que
é uma teoria que nega a analise gramatical por
meio de módulos . De acordo com esse modelo
uma gramática particular é o resultado do
ordenamento de um conjunto de princípios
universais, isto é, aplicados em todas as
línguas.
17. KOCH, Ingedore. Linguística aplicada ao
Português: Morfologia. 13 ed. São Paulo:
Cortez, 2002.
BENTES ,Anna Christina;
MUSSALIM, Fernanda (Orgs) . Introdução a
Linguística- domínios e fronteiras. São Paulo
:Cortez, 2008