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Teologia Sistemática




Teologia Sistemática
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.I. A CIÊNCIA TEOLOGICA.

1.1 Conceitos
a. Conceito Etimológico

     O vocábulo teologia vem dois outros do língua grega, a saber: θεος (teos = Deus) + λογος (logos = palavra, discurso).
Sendo assim, etimologicamente, teologia é um discurso a respeito de Deus.
     Orfeu e Homero foram chamados de teólogos entre os gregos, porque seus poemas tratavam da natureza dos deuses.
Aristóteles classificou as ciências sob os títulos de física (aquela que se ocupa com a natureza), matemática (aquela que se
ocupa com os números e da quantidade) e teologia (aquela que se ocupa de Deus).
     Os pais da igreja se referiam ao apóstolo João como “o teólogo”, porque em seu evangelho e epístolas a divindade de
Cristo se tornou proeminente.

b. Conceito Técnico

     A definição de teologia mais comum, especialmente em nossos dias, é de que ela é a ciência da religião. Contudo, a
palavra religião é ambígua. Sua etimologia é duvidosa. Cícero faz referência a ela como relegere, revisar novamente, considerar.
“Religio” é então consideração, observação devota , especialmente do que pertence ao culto e serviço devidos a Deus.
     Agostinho e Lactânio derivam a palavra de religare, religar. De acordo isso, religio é a base de obrigação. É aquilo que nos
liga a Deus. Subjetivamente, é a necessidade interior de união com Deus.
     Esta diversidade de conceitos quanto ao que significa religião basta para provar quão completamente vaga e insatisfatória
precisa ser a definição de teologia como “a ciência da religião”. Além disso, essa definição faz a teologia inteiramente
independente da Bíblia. Pois como a filosofia moral é a análise de nossa natureza moral, assim a teologia se torna a análise de
nossa consciência religiosa, justamente com as verdades que essa análise desenvolve. E mesmo a teologia cristã só é análise
da consciência religiosa do cristão.
     Temos, pois, que restringir a teologia à sua real esfera, como a ciência dos fatos da revelação divina até onde esses
fatos dizem respeito à natureza de Deus e à nossa relação com Ele, como suas criaturas, como pecadores e como
sujeitos da redenção.
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 1.2 Métodos de Estudo da Teologia
     Toda ciência tem seu próprio método, determinado por sua natureza peculiar. Este métodos são os princípios que devem
controlar as investigações científicas. Se uma pessoa adota um falso método, ela é semelhante a alguém que toma uma
estrada errada que jamais a levará a seu destino. Os dois grandes métodos abrangentes são o a priori [que parte, em sua
argumentação, da causa para o efeito] e o a posteriori [que argumenta a partir do efeito para a causa].
     Os métodos que se têm aplicado ao estudo da teologia podem ser reduzidos basicamente a três categorias: a Especulativa,
a Mística e a Indutiva.

a. Método Especulativo:

      Nesse método a especulação decide sobre toda a verdade, ou determina o que é verdadeiro a partir das leis da mente,
ou dos axiomas envolvidos na constituição do princípio imaginativo dentro de nós. Neste método espera-se que o homem creia
não na autoridade de Deus, mas na autoridade da razão. Toda a verdade precisa ser descoberta e estabelecida por um
processo do pensamento. Caso se admita que a Bíblia contém alguma verdade, que seja só até o ponto em que ela coincide
com os ensinos da filosofia.
b. Método Místico:

       Enquanto o processo especulativo busca inteiramente na razão a base de toda sua investigação, argumentação e
conclusões, o método místico, em direção diametralmente oposta, entende que devemos entender a Deus e os fatos a Ele
atribuídos partindo dos sentimentos. Neste método presume-se que Deus, por sua comunicação imediata com a alma, se revela
através das emoções e por meio ou na forma de intuições da divina verdade, independente do ensino externo de Sua Palavra; e
é essa luz interior, e não as Escrituras, que devemos seguir; ou, através da consciência e sentimentos religiosos, onde, quando
mais profundos e mais puros forem estes, mais clara é a percepção da verdade.
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c. Método Indutivo Bíblico:

     Segundo esse método, para chegarmos ao verdadeiro conhecimento de Deus, é essencial que venhamos a aplicar o
método de indução como aplicado às ciências naturais, ou seja:
  c.1 Assim como o cientista se aproxima do estudo da natureza com determinados pressupostos, o teólogo, semelhantemente,
     deve iniciar seus estudo teológicos com o mesmo princípio, como por exemplo: Deus existe e Ele se manifestou em Sua
     Palavra.
  c.2 Como o estudante da natureza passa a perceber, reunir e a combinar os fatos, da mesma forma o teólogo deve se propor
     a os elementos da revelação divina.

  c.3 Da mesma forma como o cientista, partindo dos fatos (a posteriori), averiguados e classificados, deduz as leis pelas quais
     estes são determinados, o teólogo da mesma forma deve ser capaz de perceber as leis que regem os fatos da revelação
     divina por este mesmo processo de averiguação e classificação. Essas leis ou princípios gerais não derivam da mente e são
     atribuídos aos objetos externos, mas derivam e deduzem-se dos objetos e são impressos na mente.

       Estes passos, portanto, devem ser aplicados à revelação divina. A Bíblia é para o teólogo o que a natureza é para o
cientista. Ela é seu depósito de fatos; e o seu método de averiguar o que a Bíblia ensina é o mesmos que o filósofo natural
adota para averiguar o que a natureza ensina. Ele se aproxima de sua tarefa com todos os pressupostos acima mencionados.

 1.3 Áreas da Teologia
      Como ciência, no que concerne aos fatos da natureza, tem suas diversas áreas, como a matemática, a química,a
astronomia etc., assim a teologia, tendo os fatos da Escritura por seu tema, tem suas áreas distinta e naturais, são elas:. A
Teologia Propriamente Dita: b. A Antropologia: c. A Soteriologia d. A Escatologia: e. A Eclesiologia: f. Bibliologia: g.
Hamartologia: i. Pneumatologia:
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.II. A BIBLIOLOGIA.

2.1 Conceito
       É a parte da teologia que estuda a Bíblia como Palavra de Deus; suas divisões, conceitos como revelação, inspiração e
iluminação; o processo e provas da inspiração das Escrituras Sagradas e o processo de canonicidade.

2.2   A Inspiração da Bíblia

     A característica mais importante da Bíblia não é sua estrutura e sua forma, mas o fato de ter sido inspirada por Deus. E
quando falamos de inspiração, não nos referimos a uma inspiração poética, mas de autoridade divina.


2.3.1 Definição Etimológica de Inspiração

       Embora a palavra inspiração seja usada apenas uma vez no Novo testamento (II Tm 3:16) e outra no Velho Testamento
(Jó 32:8), o processo pelo qual Deus transmite sua mensagem autorizada ao homem é apresentada de muitas maneiras.
       Assim escreveu Paulo a Timóteo:

               “Toda Escritura é divinamente inspirada [θεοπνευστος] e proveitosa para ensinar...”(II Tm 3:16).

       O vocábulo grego θεοπνευστος traduzido como “divinamente inspirado” vem de dois outros vocábulos, a saber: θεος
(Deus) + πνηυµα (vento, sopro, espírito), dando-nos, assim, o entendimento que a Bíblia é o registro fiel daquilo que saiu da
boca de Deus, uma vez que cada palavra foi “soprada” por Ele.
       Confirmando este conceito podemos citar os seguintes textos bíblicos: I Co 2:13; II Pe 1:21; Hb 1:1; I Pe 1:11. E fazendo
uma combinação das passagens, descobrimos que a Bíblia é inspirada no seguinte sentido: Homens, movidos pelo Espírito
santo, escreveram palavras sopradas por Deus, as quais são fonte de autoridade para a fé e para a prática cristã.
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2.3.2 Definição Teológica da Inspiração

      Num sentido mais amplo, a inspiração inclui o processo total pelo qual alguns homens movidos pelo Espírito Santo,
anunciaram e escreveram palavras emanadas da boca de Deus; e, por isso mesmo, palavras dotadas de autoridade divina.
Esse processo total de inspiração contém três elementos essenciais, a saber:
a. Causalidade Divina: Deus é a causa e a fonte primordial da inspiração da Bíblia. O elemento divino estimulou o elemento
   humano, revelou-lhe certas verdades da fé, e esses homens de Deus as registraram.

b. Mediação Profética: Os profetas escreveram segundo a intenção total do coração, segundo a consciência que os movia no
   exercício normal de sua tarefa, com seus estilos literários e seus vocabulários individuais. As personalidades dos profetas não
   foram violentadas; Deus utilizou personalidades humanas para comunicar proposições divinas.

c. Autoridade Escrita: A Escritura “é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para
   instruir em justiça”. A Bíblia é a última palavra no que concerne a assuntos doutrinários e éticos. Todas as controvérsias
   teológicas e morais devem ser trazidas ao tribunal da Palavra Escrita de Deus, pois ela recebeu sua autoridade do próprio
   Deus.


2.3.3 Distinções Importantes

      No processo de inspiração devemos diferenciar alguns conceitos afim de que tenhamos uma visão exata do que seja
realmente a inspiração.

a. Revelação: ato pelo qual Deus se manifestou ao homem e deu a este o conhecimento de qual era a sua vontade (sonhos,
visões, profecias, teofanias, etc).

b. Inspiração: Ato pelo qual o Espírito Santo capacitou santos homens de Deus a escreverem fielmente tudo quanto Deus quis
que fosse registrado de suas revelações.

c. Iluminação: Ato pelo qual o espírito santo capacita os homens a compreenderem a verdade de Deus nas Sagradas
Escrituras.
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2.3.4 A Natureza da Inspiração
       Durante a história da igreja podemos perceber basicamente três conceitos diferentes atribuídas a Bíblia em sua relação
com a doutrina da inspiração e sua extenção. Vejamos cada uma delas.

       A Ortodoxia: Pensamento teológico compreendido entre o I século até o século XVIII da era cristã. Para a ortodoxia a
Bíblia é a palavra de Deus. Em todas as suas partes e palavras ela o registro fiel da revelação divina.


a. A Inspiração é Verbal: é verbal no sentido em que todas as palavras contidas no Livro Sagrado são exatamente aquelas
  que o Espírito Santo queria que estivessem lá. Esta verdade facilmente se comprova nos textos bíblicos. Em II Tm 3:16 temos
  “toda a Escritura [γραφη] é inspirada por Deus”; em Ex 24:4 “Moisés escreveu todas as palavras do Senhor”; em II Sm 23:2 “o
  Espírito do Senhor fala por mim e a sua palavra está na minha boca, etc. No Novo Testamento Jesus usa repetidamente a
  expressão “está escrito” (Mt 4:4,7; Lc 24:27,44); o apóstolo Paulo testemunhou “... falamos, não como palavras de sabedoria
  humana, mas como as que o Espírito Santo ensina...” (I Co 2:13) e João nos adverte quanto a não “tirar quaisquer palavras do
  livro desta profecia” (Ap 22:19);

b. A Inspiração é Plenária: A Bíblia reivindica a inspiração divina de todas as suas partes. É a inspiração plena, total, absoluta.
   “Toda [πασα] Escritura é divinamente inspirada...” (II Tm 3:16) Nenhuma parte das Escrituras deixou de receber total
   autoridade doutrinária. Jesus e todos os autores do Novo Testamento exemplificam sua crença firme na inspiração integral e
   completa do Antigo Testamento, citando trechos de todas as Escrituras que eram para eles autoridade, até mesmo o que
   apresentam ensinos fortemente polêmicos como a criação de Adão e Eva, a destruição do mundo pelo dilúvio, o milagre de
   Jonas etc.

c. A Inspiração Atribui Autoridade: uma vez que em todas as suas palavras, conceitos e partes a Bíblia é a inspirada e perfeita
   revelação de Deus, segue-se disto, portanto, que ela também é autoritativa, única regra de fé e prática. Disse Jesus “...a
   Escritura não pode ser anulada...” (Jo 10:35). Em numerosas ocasiões Jesus recorreu à palavra de Deus escrita, que ele
   considerava árbitro definitivo em questões de fé e de prática, para purificar o templo (Mc 11:17), pôr em cheque a tradição dos
   fariseus (Mt 15:3,4), resolver divergências doutrinárias (Mt 22:29) e defender-se contra as tentações de Satanás (Mt 4:4,7,10).
   Por fim, o próprio Cristo disse que “é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da lei” (Lc 16:17). Esta sua
   autoridade é, também, decorrente de sua suficiência, ou seja, do fato de que tudo quanto necessitamos para sermos salvos,
   conhecermos a Deus e servi-lo está claramente exposto nos seus escritos.
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2.3.5 Evidências da Inspiração da Bíblia

a. Evidência Interna da Inspiração da Bíblia: É a evidência que brota da Bíblia.

a.1 Evidência da autoridade que se auto-confirma: A Bíblia fala com autoridade própria, cheia de convicção. As multidões se
   maravilhavam com Cristo pois ele fala com autoridade (Mc 1:22). A expressão “assim diz o Senhor” ressalta a idéia de que os
   profetas nada falavam de si mesmos, e, sim por determinação, orientação e supervisão de Deus”. As palavras das Escrituras
   não precisam ser defendidas; precisam apenas ser ouvidas, para que se saiba que são a Palavra de Deus.

a.2 Evidência do testemunho do Espírito Santo: A Palavra de Deus confirma-se perante os filhos de Deus através do Espírito
   Santo. Este é o único que poderosa e eficazmente pode convencer os pecadores sobre a realidade da inspiração verbal e
   plenária da Bíblia. Ou seja, o mesmo Espírito que inspirou a Bíblia é o mesmo que ilumina os corações para que entendam,
   creiam e sejam salvos.

a.3 Evidência da capacidade transformadora da Bíblia: Há na Bíblia, Pelo Espírito Santo, a capacidade de convencer,
   converte e edificar o pecador para a vida eterna. Os entristecidos recebem conforto, os pecadores são repreendidos, os
   negligentes são exortados pelas Escrituras. A evidência de que Deus atribui sua autoridade à Bíblia está em seu poder
   evangelístico e edificador.
a.4 Evidência da unidade da Bíblia: Uma evidência mais formal da inspiração da Bíblia está na sua unidade. Sendo
   constituída de 66 livros escritos ao longo de 1500 anos, por cerca de 40 escritores, diversas línguas, com centenas de
   tópicos, é muito mais que mero acidente que a Bíblia apresente espantosa unidade temática – Jesus Cristo; um problema – o
   pecado; uma solução – o salvador Jesus, unificando as páginas da Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse.
d.3 Evidência da Profecia: Até o presente momento nenhuma profecia bíblica ficou sem ser cumprida, cada uma delas de
   concretizou literalmente. A época do nascimento de Jesus Cristo (Dn 9), a cidade em que ele deveria nascer (Mq 5:2) e a
   natureza de sua concepção e nascimento (Is 7:14). Outros livros reivindicam inspiração divina, como o Alcorão, todavia,
   nenhum desses livros contém predições sobre o futuro. A Bíblia, portanto, tem um forte argumento a favor de sua autoridade
   divina: suas profecias sempre se cumprem.
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a. Evidência Externa da Inspiração da Bíblia: É a que surge de fora da Bíblia.

d.1 Evidência Baseada na Historicidade da Bíblia: Grande parte do conteúdo bíblico é história e, portanto, passível de
   constatação. Os artefatos arqueológicos, os documentos escritos e nenhuma descoberta arqueológica invalidou um ensino
   ou relato bíblico. Grande parte da antiga crítica à Bíblia foi firmemente refutada pelas descobertas arqueológicas que
   demonstraram a existência da escrita no tempo de Moisés, a história e a cronologia dos reis de Israel e até mesmo a
   existência dos hititas, povo até pouco só mencionado na Bíblia. A Descoberta dos rolos do Mar Morto ilustra que existem
   milhares de manuscritos tanto do V.T. como do N.T. , o que contrasta com o punhado de originais disponíveis de muitos
   clássicos seculares de grande importância. Isto significa que a Bíblia é o livro do mundo antigo mais bem documentado que
   existe.

d.2 Evidência do Testemunho de Cristo: Se Jesus possui alguma autoridade ou integridade como mestre religioso, podemos
   concluir que a Bíblia é inspirada por Deus. O Senhor Jesus ensinou que a Bíblia é a Palavra de Deus. Se alguém quiser
   provar ser esta assertiva falsa, deverá primeiro rejeitar a autoridade que tinha Jesus de se pronunciar sobre a questão da
   inspiração. (Mt 4:4)

d.4 Evidência da Influência da Bíblia: Nenhum outro livro tem sido tão largamente disseminado, nem exercido tão forte
   influência como a Bíblia. Esta já foi traduzida em mais de mil línguas, abrangendo 90% da população do mundo. Nenhuma
   obra religiosa ou de fundo moral do mundo excede a profundidade moral contida no princípio do amor cristão, e nenhum
   apresenta conceito espiritual mais majestoso sobre Deus. A Bíblia apresenta ao homem os mais elevados idéias que já
   pautaram a civilização.

d.5 Evidência da Manifesta Indestrutibilidade da Bíblia: A despeito de sua tremenda importância, a Bíblia tem sofrido muito
   mais ataque perversos do que seria de esperar, em se tratando de um livro. No entanto a Bíblia tem resistido a todos os
   ataques. Até mesma a igreja Católica Romana tentou ocultá-la e até destruiu milhares delas, contudo a palavra de Deus foi
   livre dos mosteiros e masmorras e entre pela Reforma Protestante aos homens.

d.6 Evidência Oriunda da Integridade de Seus Escritores: Os escritores bíblicos não eram meros poetas, historiadores,
   religiosos,etc., estes homens carregavam com sigo a idéia bem firmada que eles escreviam da parte de Deus, e, portanto,
   estavam disposta até morrer pela defesa da fé que expunham em seus escritos. Embora estarem distanciados até por
   séculos, eles sinceramente criam que Deus lhes falava e que era imperioso escrever aos homens a vontade de Deus.
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AS VERSÕES DA BÍBLIA E OS LIVROS APÓCRIFOS

a. A Septuaginta (LXX): Foi a tradução do Velho testamento hebraico para o grego em III a.C. na cidade de Alexandria. Foi
  nesta tradução que pela primeira vez foram postos os livros apócrifos ao lado dos livros inspirados.

b. A Antiga Latina: Foi a tradução da Bíblia para o latim antes de 200 d.C, no norte da África. Nesta tradução fez-se uso da
  Septuaginta como texto base para se traduzir o V.T. ; com isto os livros apócrifos continuaram ao lado dos livros inspirados.

c. A Vulgata Latina: Foi a tradução da Bíblia para o latim por volta do ano 382 d.C. Nesta tradução Jerônimo fez uso do texto
   hebraico (texto massorético – TM). A controvérsia em torno da tradução do V.T. por Jerônimo com base no original hebraico
   reflete não só os conflitos entre cristãos e judeus, mas a crença mais problemática ainda sustentada por muitos líderes
   cristãos, dos quais Agostinho, segundo a qual a LXX era verdadeiramente a Palavra inspirada, inerrante, da parte de Deus,
   em vez de uma mera tradução não-inspirada baseada nos originais hebraicos. Jerônimo considerou que os livros apócrifos
   não eram de autoridade sobre a igreja, uma vez que eles não eram inspirados.

        No século XVI, a igreja, tendo se afastado das Escrituras sagradas, veio a ficar comprometida com a devassidão moral,
politicagem eclesiástica, paganismo e tantos outros males. A Bíblia foi retirada das mãos do povo comum e aqueles que
tentavam mudar tal situação eram presos e até mortos pela própria igreja.

        Os desvios doutrinários a cada dia apareciam, e para fins da construção da basílica de são Pedro, ao monge Tetzel foi
dada autoridade para a venda de indulgências que garantiam o perdão dos pecados passados presentes e futuros a quem
comprasse tal documento. Embora tal prática seja absurda até para os católicos hoje, contudo na época tal prática era
sancionada pelo papa e estava de acordo com a doutrina do purgatório, da missa de sétimo dia e da autoridade papal sobre a
igreja, uma vez que o próprio papa havia reconhecido a existência de um lugar de purificação para aquelas almas que não iam
diretamente para o céu. Tudo de acordo com algumas pouquíssimas passagens dos livros apócrifos.
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       É, então, neste contexto histórico que surge a Reforma Protestante proclamando “Só a Escritura” como única regra de fé
e prática. Lutando contra as indulgências os reformadores asseveravam que tal prática não tinha respaldo na Palavra de Deus e
que portanto deveria ser rejeitada por todo verdadeiro cristão. Tendo a igreja católica sofrido grandes baixas de membros em
vários países, no Concílio de Trento declara canônicos os livros apócrifos pelos seguintes motivos:

        a. Para confirmar a doutrina do purgatório, missa de sétimo dia e outras afins, que tem sua base no livro de Macabeus.
        b. Para defender a autoridade papal sobre questões doutrinárias.
        c. Para não cair em descrédito diante da opinião pública, tendo que se retratar quanto a um erro de doutrina e prática.
        d. Para continuar levantando recurso para a construção da Basílica de São Pedro

        Portanto, a acusação que os protestantes retiraram livros da Bíblia não condiz que os fatos históricos, uma vez que estes
tais, só foram canonizados por motivos espúrios e não por serem verdadeiramente inspirados, pois se o fossem como são os
livros da Bíblia, estes, chamados livros apócrifos, já teriam sido reconhecidos como canônicos, uma vez que por mais de um
milênio e meio já se encontravam pertos dos livros universalmente reconhecidos pelo povo de Deus como inspirados.
        Os livros apócrifos, embora não serem tidos como inspirados pelos protestantes, eram, contudo, reconhecidos como
obras históricas e testemunhas daquele período compreendido entre Malaquias e Mateus. Eram portanto, até lidos, mas nunca
usados como textos inspirados e autoritativos para de fazer doutrina alguma ou se asseverar algo sobre a prática ou crença da
igreja cristã.
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.III. TEONTOLOGIA.

3.1 A EXISTÊNCIA DE DEUS

a. O Lugar da Doutrina na Dogmática

       As obras de dogmática ou de teologia geralmente começam com a doutrina de Deus. Há boas razões para começar com
a doutrina de Deus, se partirmos da admissão de que a Teologia é o conhecimento sistematizado de Deus de quem, por meio de
quem, e para quem são todas as coisas.
       Efetivamente iniciamos o estudo da teologia com duas pressuposições básicas, a saber: Deus existe e Ele se revelou
em sua Palavra Divina.

       E por esta razão não nos é impossível começar com o estudo de Deus. Podemos dirigir-nos a Sua Revelação para
aprender o que Ele revelou a respeito de Si mesmo e a respeito de Sua relação para com as Sua criaturas.
       Até o começo do século XIX era quase geral a prática de começar o estudo da dogmática com a doutrina de Deus, mas
ocorreu uma mudança sob a influência de Scheleiermacher que procurou salvaguardar o caráter científico da teologia com a
introdução de um novo método. A consciência religiosa do homem substituiu a palavra de Deus como a fonte da teologia. A fé
na Escritura como autorizada revelação de Deus foi desacreditada e a compreensão humana baseada na apreensão emocional
ou racional do homem, veio a ser o padrão do pensamento religioso. A religião gradativamente tomou lugar de Deus como
objeto da teologia. O homem deixou de ser ou de reconhecer o conhecimento de Deus como algo que lhe foi dado na Escritura e
começou a orgulhar-se de ter a Deus como seu objeto de pesquisa.
       Conseqüência natural deste sistema teológico: Deus é criado segundo a imagem e semelhança do homem.

b. Prova Bíblica da Existência de Deus

       Para a teologia cristã a questão da existência de Deus não é apenas de que há alguma coisa, alguma idéia ou ideal,
algum poder ou tendência com propósito, a que se possa aplicar o nome de Deus, mas que, de fato, existe um ser pessoal,
auto-consciente, auto-existente, que é a origem de todas as coisas e que transcende a criação inteira, mas ao mesmo tempo é
imanente em cada parte de criação. O cristão aceita a verdade da existência de Deus pela fé. As provas se acham
primeiramente na Escritura como palavra de deus inspirada, e, secundariamente na revelação de Deus na natureza. Em nenhum
livro da Bíblia algum escritor tenta provar a existência de Deus. Esta verdade, na Bíblia, é apresentada como uma fato
necessário (Gn 1:1).
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c. Conceitos a Respeito de Deus
c.1 ATEÍSMO - Negação da Existência de Deus
       Podemos dizer que existem dois tipos de ateus: o ateu prático e o ateu teórico. Entre os ateus práticos encontramos
aquelas pessoas não religiosas que, embora não afirmarem a não existência de Deus, vivem como se Deus não existisse. Já os
ateus teóricos são aqueles que procuram provar que Deus não existe usando para este fim aquilo que lhes parece argumentos
racionais da não existência de Deus. Os Ateus estão classificados da seguinte forma:

      * Ateus Dogmáticos: São os que negam peremptoriamente a existência de um ser divino.

      * Ateus Céticos: São os que tem dúvida quanto a capacidade da mente humana de determinar se há ou não um Deus.

      * Ateus Críticos: São os que sustentam que não há nenhuma prova válida da existência de Deus.

c.2 Falsos Conceitos sobre Deus
       Quando se debate sobre a realidade de Deus, muitos tendem a pensar que somente o ateísmo desponto como elemento
nocivo a fé cristã. Entretanto, tão prejudicial à alma humana como o ateísmo ( ) são também os falsos conceito a cerca da
existência de Deus. Isto porque estes, sob a aparência de verdade, conduzem a erros grotescos quando atribuem a Deus
conceitos humanistas e puramente filosóficos. Analisemos cada um deles a baixo.

      * Politeísmo: É a crença na existência de vários deuses.
      * Henoteísmo: É a crença na existência de vários deuses, entretanto apenas um é escolhido como objeto se culto.
      * Dualismo: É a crença na existência de dois deuses ou forças que são co-eternas, poderosas e que ao mesmo tempo se
      opõe.
      * Deísmo: Corrente teológica que afirma a existência de um ser pessoal, criador, poderoso, sábio, etc. que, tendo criado
      todas as coisas, ausentou-se de sua criação e deixando-a ser dirigida tão somente pelas leis naturais nas quais ela foi
      posta. Este pensamento enfatiza a transcendência de Deus.
      * Panteísmo: corrente filosófica que afirma que Deus é tudo e tudo é Deus.
Teologia Sistemática


         Diante destas correntes teológico-filosóficas podemos destacar, em suma, pelo três idéias básicas a respeito de Deus, a
saber:

             1. Um Deus Imanente e impessoal: O teísmo sempre acreditou num Deus que é transcendente e imanente. O
                deísmo retirou Deus do mundo, e deu ênfase à sua transcendência em detrimento da sua imanência. Sob a
                influência do panteísmo, porém, o pêndulo pendeu noutra direção, pois este identificou Deus com o mundo e não
                reconheceu um Ser divino distinto da Sua criação e infinitamente exaltado acima dela.

             2. Um Deus Finito e Pessoal: A idéia de um Deus finito ou deuses finitos não é nova; é tão antiga como politeísmo
                e o henoteísmo. Neste sistema encontramos o panteão grego com todos os seus deuses que tinham, via de regra,
                as mesmas deficiências e dificuldades dos homens.

c.3 TEÍSMO – O Pensamento Cristão Sobre Deus

            O conceito cristão sobre o ser Deus e seu modo de se relacionar com a sua criação esta esboçado no pensamento
teológico denominado de teísmo. Neste, Deus é apresentado como um ser pessoal, sábio, poderoso, criador de todas as coisas,
e que através de seu infinito poder e soberania, governa, dirige, dispõe, sustenta todas as coisas conforme o conselho da sua
vontade. Nisto, então, percebemos que o teísmo tanto enfatiza a transcendência de Deus como a sua imanência.
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d. Provas Racionais da Existência de Deus

            No transcurso do tempo foram elaborados alguns argumentos em favor da existência de Deus. Alguns deles já
haviam sido sugeridos por Platão e Aristóteles, e outros foram acrescentados modernamente por estudiosos da filosofia da
religião. Observemos cada um deles.

d.1 Argumento Ontológico: O homem tem a idéia de um ser absolutamente perfeito. Esta existência é um atributo de
   perfeição; portanto, um ser absolutamente perfeito tem que existir. Kant declarou que este argumento era insustentável;
   todavia, Hegel o aclamou com um grande argumento.

d.2 Argumento Cosmológico: Cada coisa que existe no mundo tem que ter uma causa adequada; sendo assim, o universo
   tem que ter uma causa adequada, isto é, uma causa infinitamente grande.

d.3 Argumento Teleológico: Em toda parte o mundo revela inteligência, harmonia , ordem e propósito, a assim implica a
   existência de um ser inteligente e com propósito, apropriado para a produção de um mundo como este

d.4 Argumento Moral: Todo ser humano possui em sua constituição íntima a idéia de certo e errado, uma personalidade
   ajustada aos valores morais e éticos; portanto deve existir um ser moral e eticamente bom que criou o homem com este
   atributo; ou seja, o reconhecimento que o homem tem do Sumo Bem e a sua busca de um ideal moral exigem a necessitam a
   existência de um Deus que concretize este ideal.

d.5 Argumento Histórico: Entre todos os povos e tribos da terra há um sentimento religioso que se revela em cultos exteriores.
   Visto ser um fenômeno universal, deve pertencer à própria natureza do homem. E se a natureza do homem leva
   naturalmente ao culto religioso, isto só pode achar uma explicação num ser superior que constituiu o homem um ser
   religioso.
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3.2 A COGNOSCIBILIDADE DE DEUS

     a. Deus Incompreensível e, Contudo, Cognoscível

       A igreja cristã confessa, por um lado, que Deus é incompreensível, mas também, por outro lado, que Ele pode ser
conhecido e que conhecê-lo é um requisito absoluto para a salvação (Jó 11:7; Is 40:18; Jo 17:3; I Jo 5:20).
       Os escolásticos sustentavam que não sabemos o que Deus é em seu Ser essencial, mas podemos saber algo da Sua
natureza, daquilo que Ele é para nós, como Ele se revela em seus atributos divinos.
       Já os Reformadores, embora concordando em linhas gerais com os escolásticos, rejeitaram a idéia de que é possível
adquirir real conhecimento de Deus pela razão humana desajudada, partindo tão somente da revelação geral. Para Calvino,
Deus, nas profundezas do seu ser, é insondável. “Sua essência”, diz ele, ”é incompreensível; desse modo, Sua divindade
escapa totalmente aos sentidos humanos”. Os Reformadores não negam que o homem possa aprender alguma coisa da
natureza de Deus por meio da Sua obra criadora, mas sustentam que ele só pode adquirir verdadeiro conhecimento de Deus por
meio da revelação especial, sob a influência iluminadora do Espírito Santo.

b. A Negação da Cognoscibilidade de Deus

       Geralmente essa negação se baseia nos supostos limites da faculdade cognitiva humana, segundo a qual a mente é
incapaz de conhecer qualquer coisa que esteja além e por trás dos fenômenos naturais, e , portanto, é necessariamente
ignorante quanto às coisas supersensoriais e divinas.
       Huxley foi o primeiro a aplicar àqueles que assumem esta posição, ele próprio incluído, o nome de “agnósticos”. Este não
gostam de ser rotulados de ateus, desde que eles não negam absoluta,mente a existência de Deus, mas declaram que não
sabem se Ele existe ou não e, mesmo que exista, não estão certos de terem algum genuíno conhecimento dele, e, em muitos
casos, negam de fato que possam ter algum conhecimento real dele.
       Comte, pai do positivismo,era agnóstico em religião e, de acordo com seu pensamento, o homem nada pode conhecer, se
não pelos fenômenos físicos e suas leis. Os seus sentidos sãos as fontes de todo verdadeiro pensamento, e ele nada pode
conhecer, exceto os fenômenos que os seus sentidos apreendem.
Teologia Sistemática

c. Auto-Revelação, Requisito de Todo Conhecimento de Deus

       Deus Transmite Conhecimento de Si Próprio ao Homem: Kuyper chama a atenção para o fato de que a teologia,
como conhecimento de Deus, difere num importante ponto de todos os demais tipos de conhecimento. No estudo de todas as
outras ativamente extrai dele o seu conhecimento pelo método que lhe pareça mais apropriado; mas, na teologia, ele não
ciências, o homem se coloca acima do objeto de sua investigação e pode colocar-se acima, e, sim , sob o objeto do seu
conhecimento. Noutras palavras, o homem só pode verdadeiramente conhecer a Deus na medida em que Este ativamente se
faz conhecido. Sem a revelação divina o homem nunca seria capaz de adquirir qualquer conhecimento legítimo de Deus. Todo o
nosso conhecimento de Deus é derivado da Sua auto-revelação na natureza e na Escritura.

d. A revelação divina (Hb 1)

      Teofanias, sonhos, visões, profecias, urim e tumim, cristofanias, natureza, o homem, milagres, dom de línguas, Cristo,
Palavra Escrita.


e. As obras de Deus

      - O relato da criação (Helorim e YHWH);

      - Criacionismo e evolucionismo (ateu e “cristão”)

      - Criados à imagem e semelhança de Deus (homens e anjos)

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  • 2. Teologia Sistemática .I. A CIÊNCIA TEOLOGICA. 1.1 Conceitos a. Conceito Etimológico O vocábulo teologia vem dois outros do língua grega, a saber: θεος (teos = Deus) + λογος (logos = palavra, discurso). Sendo assim, etimologicamente, teologia é um discurso a respeito de Deus. Orfeu e Homero foram chamados de teólogos entre os gregos, porque seus poemas tratavam da natureza dos deuses. Aristóteles classificou as ciências sob os títulos de física (aquela que se ocupa com a natureza), matemática (aquela que se ocupa com os números e da quantidade) e teologia (aquela que se ocupa de Deus). Os pais da igreja se referiam ao apóstolo João como “o teólogo”, porque em seu evangelho e epístolas a divindade de Cristo se tornou proeminente. b. Conceito Técnico A definição de teologia mais comum, especialmente em nossos dias, é de que ela é a ciência da religião. Contudo, a palavra religião é ambígua. Sua etimologia é duvidosa. Cícero faz referência a ela como relegere, revisar novamente, considerar. “Religio” é então consideração, observação devota , especialmente do que pertence ao culto e serviço devidos a Deus. Agostinho e Lactânio derivam a palavra de religare, religar. De acordo isso, religio é a base de obrigação. É aquilo que nos liga a Deus. Subjetivamente, é a necessidade interior de união com Deus. Esta diversidade de conceitos quanto ao que significa religião basta para provar quão completamente vaga e insatisfatória precisa ser a definição de teologia como “a ciência da religião”. Além disso, essa definição faz a teologia inteiramente independente da Bíblia. Pois como a filosofia moral é a análise de nossa natureza moral, assim a teologia se torna a análise de nossa consciência religiosa, justamente com as verdades que essa análise desenvolve. E mesmo a teologia cristã só é análise da consciência religiosa do cristão. Temos, pois, que restringir a teologia à sua real esfera, como a ciência dos fatos da revelação divina até onde esses fatos dizem respeito à natureza de Deus e à nossa relação com Ele, como suas criaturas, como pecadores e como sujeitos da redenção.
  • 3. Teologia Sistemática 1.2 Métodos de Estudo da Teologia Toda ciência tem seu próprio método, determinado por sua natureza peculiar. Este métodos são os princípios que devem controlar as investigações científicas. Se uma pessoa adota um falso método, ela é semelhante a alguém que toma uma estrada errada que jamais a levará a seu destino. Os dois grandes métodos abrangentes são o a priori [que parte, em sua argumentação, da causa para o efeito] e o a posteriori [que argumenta a partir do efeito para a causa]. Os métodos que se têm aplicado ao estudo da teologia podem ser reduzidos basicamente a três categorias: a Especulativa, a Mística e a Indutiva. a. Método Especulativo: Nesse método a especulação decide sobre toda a verdade, ou determina o que é verdadeiro a partir das leis da mente, ou dos axiomas envolvidos na constituição do princípio imaginativo dentro de nós. Neste método espera-se que o homem creia não na autoridade de Deus, mas na autoridade da razão. Toda a verdade precisa ser descoberta e estabelecida por um processo do pensamento. Caso se admita que a Bíblia contém alguma verdade, que seja só até o ponto em que ela coincide com os ensinos da filosofia. b. Método Místico: Enquanto o processo especulativo busca inteiramente na razão a base de toda sua investigação, argumentação e conclusões, o método místico, em direção diametralmente oposta, entende que devemos entender a Deus e os fatos a Ele atribuídos partindo dos sentimentos. Neste método presume-se que Deus, por sua comunicação imediata com a alma, se revela através das emoções e por meio ou na forma de intuições da divina verdade, independente do ensino externo de Sua Palavra; e é essa luz interior, e não as Escrituras, que devemos seguir; ou, através da consciência e sentimentos religiosos, onde, quando mais profundos e mais puros forem estes, mais clara é a percepção da verdade.
  • 4. Teologia Sistemática c. Método Indutivo Bíblico: Segundo esse método, para chegarmos ao verdadeiro conhecimento de Deus, é essencial que venhamos a aplicar o método de indução como aplicado às ciências naturais, ou seja: c.1 Assim como o cientista se aproxima do estudo da natureza com determinados pressupostos, o teólogo, semelhantemente, deve iniciar seus estudo teológicos com o mesmo princípio, como por exemplo: Deus existe e Ele se manifestou em Sua Palavra. c.2 Como o estudante da natureza passa a perceber, reunir e a combinar os fatos, da mesma forma o teólogo deve se propor a os elementos da revelação divina. c.3 Da mesma forma como o cientista, partindo dos fatos (a posteriori), averiguados e classificados, deduz as leis pelas quais estes são determinados, o teólogo da mesma forma deve ser capaz de perceber as leis que regem os fatos da revelação divina por este mesmo processo de averiguação e classificação. Essas leis ou princípios gerais não derivam da mente e são atribuídos aos objetos externos, mas derivam e deduzem-se dos objetos e são impressos na mente. Estes passos, portanto, devem ser aplicados à revelação divina. A Bíblia é para o teólogo o que a natureza é para o cientista. Ela é seu depósito de fatos; e o seu método de averiguar o que a Bíblia ensina é o mesmos que o filósofo natural adota para averiguar o que a natureza ensina. Ele se aproxima de sua tarefa com todos os pressupostos acima mencionados. 1.3 Áreas da Teologia Como ciência, no que concerne aos fatos da natureza, tem suas diversas áreas, como a matemática, a química,a astronomia etc., assim a teologia, tendo os fatos da Escritura por seu tema, tem suas áreas distinta e naturais, são elas:. A Teologia Propriamente Dita: b. A Antropologia: c. A Soteriologia d. A Escatologia: e. A Eclesiologia: f. Bibliologia: g. Hamartologia: i. Pneumatologia:
  • 5. Teologia Sistemática .II. A BIBLIOLOGIA. 2.1 Conceito É a parte da teologia que estuda a Bíblia como Palavra de Deus; suas divisões, conceitos como revelação, inspiração e iluminação; o processo e provas da inspiração das Escrituras Sagradas e o processo de canonicidade. 2.2 A Inspiração da Bíblia A característica mais importante da Bíblia não é sua estrutura e sua forma, mas o fato de ter sido inspirada por Deus. E quando falamos de inspiração, não nos referimos a uma inspiração poética, mas de autoridade divina. 2.3.1 Definição Etimológica de Inspiração Embora a palavra inspiração seja usada apenas uma vez no Novo testamento (II Tm 3:16) e outra no Velho Testamento (Jó 32:8), o processo pelo qual Deus transmite sua mensagem autorizada ao homem é apresentada de muitas maneiras. Assim escreveu Paulo a Timóteo: “Toda Escritura é divinamente inspirada [θεοπνευστος] e proveitosa para ensinar...”(II Tm 3:16). O vocábulo grego θεοπνευστος traduzido como “divinamente inspirado” vem de dois outros vocábulos, a saber: θεος (Deus) + πνηυµα (vento, sopro, espírito), dando-nos, assim, o entendimento que a Bíblia é o registro fiel daquilo que saiu da boca de Deus, uma vez que cada palavra foi “soprada” por Ele. Confirmando este conceito podemos citar os seguintes textos bíblicos: I Co 2:13; II Pe 1:21; Hb 1:1; I Pe 1:11. E fazendo uma combinação das passagens, descobrimos que a Bíblia é inspirada no seguinte sentido: Homens, movidos pelo Espírito santo, escreveram palavras sopradas por Deus, as quais são fonte de autoridade para a fé e para a prática cristã.
  • 6. Teologia Sistemática 2.3.2 Definição Teológica da Inspiração Num sentido mais amplo, a inspiração inclui o processo total pelo qual alguns homens movidos pelo Espírito Santo, anunciaram e escreveram palavras emanadas da boca de Deus; e, por isso mesmo, palavras dotadas de autoridade divina. Esse processo total de inspiração contém três elementos essenciais, a saber: a. Causalidade Divina: Deus é a causa e a fonte primordial da inspiração da Bíblia. O elemento divino estimulou o elemento humano, revelou-lhe certas verdades da fé, e esses homens de Deus as registraram. b. Mediação Profética: Os profetas escreveram segundo a intenção total do coração, segundo a consciência que os movia no exercício normal de sua tarefa, com seus estilos literários e seus vocabulários individuais. As personalidades dos profetas não foram violentadas; Deus utilizou personalidades humanas para comunicar proposições divinas. c. Autoridade Escrita: A Escritura “é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça”. A Bíblia é a última palavra no que concerne a assuntos doutrinários e éticos. Todas as controvérsias teológicas e morais devem ser trazidas ao tribunal da Palavra Escrita de Deus, pois ela recebeu sua autoridade do próprio Deus. 2.3.3 Distinções Importantes No processo de inspiração devemos diferenciar alguns conceitos afim de que tenhamos uma visão exata do que seja realmente a inspiração. a. Revelação: ato pelo qual Deus se manifestou ao homem e deu a este o conhecimento de qual era a sua vontade (sonhos, visões, profecias, teofanias, etc). b. Inspiração: Ato pelo qual o Espírito Santo capacitou santos homens de Deus a escreverem fielmente tudo quanto Deus quis que fosse registrado de suas revelações. c. Iluminação: Ato pelo qual o espírito santo capacita os homens a compreenderem a verdade de Deus nas Sagradas Escrituras.
  • 7. Teologia Sistemática 2.3.4 A Natureza da Inspiração Durante a história da igreja podemos perceber basicamente três conceitos diferentes atribuídas a Bíblia em sua relação com a doutrina da inspiração e sua extenção. Vejamos cada uma delas. A Ortodoxia: Pensamento teológico compreendido entre o I século até o século XVIII da era cristã. Para a ortodoxia a Bíblia é a palavra de Deus. Em todas as suas partes e palavras ela o registro fiel da revelação divina. a. A Inspiração é Verbal: é verbal no sentido em que todas as palavras contidas no Livro Sagrado são exatamente aquelas que o Espírito Santo queria que estivessem lá. Esta verdade facilmente se comprova nos textos bíblicos. Em II Tm 3:16 temos “toda a Escritura [γραφη] é inspirada por Deus”; em Ex 24:4 “Moisés escreveu todas as palavras do Senhor”; em II Sm 23:2 “o Espírito do Senhor fala por mim e a sua palavra está na minha boca, etc. No Novo Testamento Jesus usa repetidamente a expressão “está escrito” (Mt 4:4,7; Lc 24:27,44); o apóstolo Paulo testemunhou “... falamos, não como palavras de sabedoria humana, mas como as que o Espírito Santo ensina...” (I Co 2:13) e João nos adverte quanto a não “tirar quaisquer palavras do livro desta profecia” (Ap 22:19); b. A Inspiração é Plenária: A Bíblia reivindica a inspiração divina de todas as suas partes. É a inspiração plena, total, absoluta. “Toda [πασα] Escritura é divinamente inspirada...” (II Tm 3:16) Nenhuma parte das Escrituras deixou de receber total autoridade doutrinária. Jesus e todos os autores do Novo Testamento exemplificam sua crença firme na inspiração integral e completa do Antigo Testamento, citando trechos de todas as Escrituras que eram para eles autoridade, até mesmo o que apresentam ensinos fortemente polêmicos como a criação de Adão e Eva, a destruição do mundo pelo dilúvio, o milagre de Jonas etc. c. A Inspiração Atribui Autoridade: uma vez que em todas as suas palavras, conceitos e partes a Bíblia é a inspirada e perfeita revelação de Deus, segue-se disto, portanto, que ela também é autoritativa, única regra de fé e prática. Disse Jesus “...a Escritura não pode ser anulada...” (Jo 10:35). Em numerosas ocasiões Jesus recorreu à palavra de Deus escrita, que ele considerava árbitro definitivo em questões de fé e de prática, para purificar o templo (Mc 11:17), pôr em cheque a tradição dos fariseus (Mt 15:3,4), resolver divergências doutrinárias (Mt 22:29) e defender-se contra as tentações de Satanás (Mt 4:4,7,10). Por fim, o próprio Cristo disse que “é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da lei” (Lc 16:17). Esta sua autoridade é, também, decorrente de sua suficiência, ou seja, do fato de que tudo quanto necessitamos para sermos salvos, conhecermos a Deus e servi-lo está claramente exposto nos seus escritos.
  • 8. Teologia Sistemática 2.3.5 Evidências da Inspiração da Bíblia a. Evidência Interna da Inspiração da Bíblia: É a evidência que brota da Bíblia. a.1 Evidência da autoridade que se auto-confirma: A Bíblia fala com autoridade própria, cheia de convicção. As multidões se maravilhavam com Cristo pois ele fala com autoridade (Mc 1:22). A expressão “assim diz o Senhor” ressalta a idéia de que os profetas nada falavam de si mesmos, e, sim por determinação, orientação e supervisão de Deus”. As palavras das Escrituras não precisam ser defendidas; precisam apenas ser ouvidas, para que se saiba que são a Palavra de Deus. a.2 Evidência do testemunho do Espírito Santo: A Palavra de Deus confirma-se perante os filhos de Deus através do Espírito Santo. Este é o único que poderosa e eficazmente pode convencer os pecadores sobre a realidade da inspiração verbal e plenária da Bíblia. Ou seja, o mesmo Espírito que inspirou a Bíblia é o mesmo que ilumina os corações para que entendam, creiam e sejam salvos. a.3 Evidência da capacidade transformadora da Bíblia: Há na Bíblia, Pelo Espírito Santo, a capacidade de convencer, converte e edificar o pecador para a vida eterna. Os entristecidos recebem conforto, os pecadores são repreendidos, os negligentes são exortados pelas Escrituras. A evidência de que Deus atribui sua autoridade à Bíblia está em seu poder evangelístico e edificador. a.4 Evidência da unidade da Bíblia: Uma evidência mais formal da inspiração da Bíblia está na sua unidade. Sendo constituída de 66 livros escritos ao longo de 1500 anos, por cerca de 40 escritores, diversas línguas, com centenas de tópicos, é muito mais que mero acidente que a Bíblia apresente espantosa unidade temática – Jesus Cristo; um problema – o pecado; uma solução – o salvador Jesus, unificando as páginas da Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse. d.3 Evidência da Profecia: Até o presente momento nenhuma profecia bíblica ficou sem ser cumprida, cada uma delas de concretizou literalmente. A época do nascimento de Jesus Cristo (Dn 9), a cidade em que ele deveria nascer (Mq 5:2) e a natureza de sua concepção e nascimento (Is 7:14). Outros livros reivindicam inspiração divina, como o Alcorão, todavia, nenhum desses livros contém predições sobre o futuro. A Bíblia, portanto, tem um forte argumento a favor de sua autoridade divina: suas profecias sempre se cumprem.
  • 9. Teologia Sistemática a. Evidência Externa da Inspiração da Bíblia: É a que surge de fora da Bíblia. d.1 Evidência Baseada na Historicidade da Bíblia: Grande parte do conteúdo bíblico é história e, portanto, passível de constatação. Os artefatos arqueológicos, os documentos escritos e nenhuma descoberta arqueológica invalidou um ensino ou relato bíblico. Grande parte da antiga crítica à Bíblia foi firmemente refutada pelas descobertas arqueológicas que demonstraram a existência da escrita no tempo de Moisés, a história e a cronologia dos reis de Israel e até mesmo a existência dos hititas, povo até pouco só mencionado na Bíblia. A Descoberta dos rolos do Mar Morto ilustra que existem milhares de manuscritos tanto do V.T. como do N.T. , o que contrasta com o punhado de originais disponíveis de muitos clássicos seculares de grande importância. Isto significa que a Bíblia é o livro do mundo antigo mais bem documentado que existe. d.2 Evidência do Testemunho de Cristo: Se Jesus possui alguma autoridade ou integridade como mestre religioso, podemos concluir que a Bíblia é inspirada por Deus. O Senhor Jesus ensinou que a Bíblia é a Palavra de Deus. Se alguém quiser provar ser esta assertiva falsa, deverá primeiro rejeitar a autoridade que tinha Jesus de se pronunciar sobre a questão da inspiração. (Mt 4:4) d.4 Evidência da Influência da Bíblia: Nenhum outro livro tem sido tão largamente disseminado, nem exercido tão forte influência como a Bíblia. Esta já foi traduzida em mais de mil línguas, abrangendo 90% da população do mundo. Nenhuma obra religiosa ou de fundo moral do mundo excede a profundidade moral contida no princípio do amor cristão, e nenhum apresenta conceito espiritual mais majestoso sobre Deus. A Bíblia apresenta ao homem os mais elevados idéias que já pautaram a civilização. d.5 Evidência da Manifesta Indestrutibilidade da Bíblia: A despeito de sua tremenda importância, a Bíblia tem sofrido muito mais ataque perversos do que seria de esperar, em se tratando de um livro. No entanto a Bíblia tem resistido a todos os ataques. Até mesma a igreja Católica Romana tentou ocultá-la e até destruiu milhares delas, contudo a palavra de Deus foi livre dos mosteiros e masmorras e entre pela Reforma Protestante aos homens. d.6 Evidência Oriunda da Integridade de Seus Escritores: Os escritores bíblicos não eram meros poetas, historiadores, religiosos,etc., estes homens carregavam com sigo a idéia bem firmada que eles escreviam da parte de Deus, e, portanto, estavam disposta até morrer pela defesa da fé que expunham em seus escritos. Embora estarem distanciados até por séculos, eles sinceramente criam que Deus lhes falava e que era imperioso escrever aos homens a vontade de Deus.
  • 10. Teologia Sistemática AS VERSÕES DA BÍBLIA E OS LIVROS APÓCRIFOS a. A Septuaginta (LXX): Foi a tradução do Velho testamento hebraico para o grego em III a.C. na cidade de Alexandria. Foi nesta tradução que pela primeira vez foram postos os livros apócrifos ao lado dos livros inspirados. b. A Antiga Latina: Foi a tradução da Bíblia para o latim antes de 200 d.C, no norte da África. Nesta tradução fez-se uso da Septuaginta como texto base para se traduzir o V.T. ; com isto os livros apócrifos continuaram ao lado dos livros inspirados. c. A Vulgata Latina: Foi a tradução da Bíblia para o latim por volta do ano 382 d.C. Nesta tradução Jerônimo fez uso do texto hebraico (texto massorético – TM). A controvérsia em torno da tradução do V.T. por Jerônimo com base no original hebraico reflete não só os conflitos entre cristãos e judeus, mas a crença mais problemática ainda sustentada por muitos líderes cristãos, dos quais Agostinho, segundo a qual a LXX era verdadeiramente a Palavra inspirada, inerrante, da parte de Deus, em vez de uma mera tradução não-inspirada baseada nos originais hebraicos. Jerônimo considerou que os livros apócrifos não eram de autoridade sobre a igreja, uma vez que eles não eram inspirados. No século XVI, a igreja, tendo se afastado das Escrituras sagradas, veio a ficar comprometida com a devassidão moral, politicagem eclesiástica, paganismo e tantos outros males. A Bíblia foi retirada das mãos do povo comum e aqueles que tentavam mudar tal situação eram presos e até mortos pela própria igreja. Os desvios doutrinários a cada dia apareciam, e para fins da construção da basílica de são Pedro, ao monge Tetzel foi dada autoridade para a venda de indulgências que garantiam o perdão dos pecados passados presentes e futuros a quem comprasse tal documento. Embora tal prática seja absurda até para os católicos hoje, contudo na época tal prática era sancionada pelo papa e estava de acordo com a doutrina do purgatório, da missa de sétimo dia e da autoridade papal sobre a igreja, uma vez que o próprio papa havia reconhecido a existência de um lugar de purificação para aquelas almas que não iam diretamente para o céu. Tudo de acordo com algumas pouquíssimas passagens dos livros apócrifos.
  • 11. Teologia Sistemática É, então, neste contexto histórico que surge a Reforma Protestante proclamando “Só a Escritura” como única regra de fé e prática. Lutando contra as indulgências os reformadores asseveravam que tal prática não tinha respaldo na Palavra de Deus e que portanto deveria ser rejeitada por todo verdadeiro cristão. Tendo a igreja católica sofrido grandes baixas de membros em vários países, no Concílio de Trento declara canônicos os livros apócrifos pelos seguintes motivos: a. Para confirmar a doutrina do purgatório, missa de sétimo dia e outras afins, que tem sua base no livro de Macabeus. b. Para defender a autoridade papal sobre questões doutrinárias. c. Para não cair em descrédito diante da opinião pública, tendo que se retratar quanto a um erro de doutrina e prática. d. Para continuar levantando recurso para a construção da Basílica de São Pedro Portanto, a acusação que os protestantes retiraram livros da Bíblia não condiz que os fatos históricos, uma vez que estes tais, só foram canonizados por motivos espúrios e não por serem verdadeiramente inspirados, pois se o fossem como são os livros da Bíblia, estes, chamados livros apócrifos, já teriam sido reconhecidos como canônicos, uma vez que por mais de um milênio e meio já se encontravam pertos dos livros universalmente reconhecidos pelo povo de Deus como inspirados. Os livros apócrifos, embora não serem tidos como inspirados pelos protestantes, eram, contudo, reconhecidos como obras históricas e testemunhas daquele período compreendido entre Malaquias e Mateus. Eram portanto, até lidos, mas nunca usados como textos inspirados e autoritativos para de fazer doutrina alguma ou se asseverar algo sobre a prática ou crença da igreja cristã.
  • 12. Teologia Sistemática .III. TEONTOLOGIA. 3.1 A EXISTÊNCIA DE DEUS a. O Lugar da Doutrina na Dogmática As obras de dogmática ou de teologia geralmente começam com a doutrina de Deus. Há boas razões para começar com a doutrina de Deus, se partirmos da admissão de que a Teologia é o conhecimento sistematizado de Deus de quem, por meio de quem, e para quem são todas as coisas. Efetivamente iniciamos o estudo da teologia com duas pressuposições básicas, a saber: Deus existe e Ele se revelou em sua Palavra Divina. E por esta razão não nos é impossível começar com o estudo de Deus. Podemos dirigir-nos a Sua Revelação para aprender o que Ele revelou a respeito de Si mesmo e a respeito de Sua relação para com as Sua criaturas. Até o começo do século XIX era quase geral a prática de começar o estudo da dogmática com a doutrina de Deus, mas ocorreu uma mudança sob a influência de Scheleiermacher que procurou salvaguardar o caráter científico da teologia com a introdução de um novo método. A consciência religiosa do homem substituiu a palavra de Deus como a fonte da teologia. A fé na Escritura como autorizada revelação de Deus foi desacreditada e a compreensão humana baseada na apreensão emocional ou racional do homem, veio a ser o padrão do pensamento religioso. A religião gradativamente tomou lugar de Deus como objeto da teologia. O homem deixou de ser ou de reconhecer o conhecimento de Deus como algo que lhe foi dado na Escritura e começou a orgulhar-se de ter a Deus como seu objeto de pesquisa. Conseqüência natural deste sistema teológico: Deus é criado segundo a imagem e semelhança do homem. b. Prova Bíblica da Existência de Deus Para a teologia cristã a questão da existência de Deus não é apenas de que há alguma coisa, alguma idéia ou ideal, algum poder ou tendência com propósito, a que se possa aplicar o nome de Deus, mas que, de fato, existe um ser pessoal, auto-consciente, auto-existente, que é a origem de todas as coisas e que transcende a criação inteira, mas ao mesmo tempo é imanente em cada parte de criação. O cristão aceita a verdade da existência de Deus pela fé. As provas se acham primeiramente na Escritura como palavra de deus inspirada, e, secundariamente na revelação de Deus na natureza. Em nenhum livro da Bíblia algum escritor tenta provar a existência de Deus. Esta verdade, na Bíblia, é apresentada como uma fato necessário (Gn 1:1).
  • 13. Teologia Sistemática c. Conceitos a Respeito de Deus c.1 ATEÍSMO - Negação da Existência de Deus Podemos dizer que existem dois tipos de ateus: o ateu prático e o ateu teórico. Entre os ateus práticos encontramos aquelas pessoas não religiosas que, embora não afirmarem a não existência de Deus, vivem como se Deus não existisse. Já os ateus teóricos são aqueles que procuram provar que Deus não existe usando para este fim aquilo que lhes parece argumentos racionais da não existência de Deus. Os Ateus estão classificados da seguinte forma: * Ateus Dogmáticos: São os que negam peremptoriamente a existência de um ser divino. * Ateus Céticos: São os que tem dúvida quanto a capacidade da mente humana de determinar se há ou não um Deus. * Ateus Críticos: São os que sustentam que não há nenhuma prova válida da existência de Deus. c.2 Falsos Conceitos sobre Deus Quando se debate sobre a realidade de Deus, muitos tendem a pensar que somente o ateísmo desponto como elemento nocivo a fé cristã. Entretanto, tão prejudicial à alma humana como o ateísmo ( ) são também os falsos conceito a cerca da existência de Deus. Isto porque estes, sob a aparência de verdade, conduzem a erros grotescos quando atribuem a Deus conceitos humanistas e puramente filosóficos. Analisemos cada um deles a baixo. * Politeísmo: É a crença na existência de vários deuses. * Henoteísmo: É a crença na existência de vários deuses, entretanto apenas um é escolhido como objeto se culto. * Dualismo: É a crença na existência de dois deuses ou forças que são co-eternas, poderosas e que ao mesmo tempo se opõe. * Deísmo: Corrente teológica que afirma a existência de um ser pessoal, criador, poderoso, sábio, etc. que, tendo criado todas as coisas, ausentou-se de sua criação e deixando-a ser dirigida tão somente pelas leis naturais nas quais ela foi posta. Este pensamento enfatiza a transcendência de Deus. * Panteísmo: corrente filosófica que afirma que Deus é tudo e tudo é Deus.
  • 14. Teologia Sistemática Diante destas correntes teológico-filosóficas podemos destacar, em suma, pelo três idéias básicas a respeito de Deus, a saber: 1. Um Deus Imanente e impessoal: O teísmo sempre acreditou num Deus que é transcendente e imanente. O deísmo retirou Deus do mundo, e deu ênfase à sua transcendência em detrimento da sua imanência. Sob a influência do panteísmo, porém, o pêndulo pendeu noutra direção, pois este identificou Deus com o mundo e não reconheceu um Ser divino distinto da Sua criação e infinitamente exaltado acima dela. 2. Um Deus Finito e Pessoal: A idéia de um Deus finito ou deuses finitos não é nova; é tão antiga como politeísmo e o henoteísmo. Neste sistema encontramos o panteão grego com todos os seus deuses que tinham, via de regra, as mesmas deficiências e dificuldades dos homens. c.3 TEÍSMO – O Pensamento Cristão Sobre Deus O conceito cristão sobre o ser Deus e seu modo de se relacionar com a sua criação esta esboçado no pensamento teológico denominado de teísmo. Neste, Deus é apresentado como um ser pessoal, sábio, poderoso, criador de todas as coisas, e que através de seu infinito poder e soberania, governa, dirige, dispõe, sustenta todas as coisas conforme o conselho da sua vontade. Nisto, então, percebemos que o teísmo tanto enfatiza a transcendência de Deus como a sua imanência.
  • 15. Teologia Sistemática d. Provas Racionais da Existência de Deus No transcurso do tempo foram elaborados alguns argumentos em favor da existência de Deus. Alguns deles já haviam sido sugeridos por Platão e Aristóteles, e outros foram acrescentados modernamente por estudiosos da filosofia da religião. Observemos cada um deles. d.1 Argumento Ontológico: O homem tem a idéia de um ser absolutamente perfeito. Esta existência é um atributo de perfeição; portanto, um ser absolutamente perfeito tem que existir. Kant declarou que este argumento era insustentável; todavia, Hegel o aclamou com um grande argumento. d.2 Argumento Cosmológico: Cada coisa que existe no mundo tem que ter uma causa adequada; sendo assim, o universo tem que ter uma causa adequada, isto é, uma causa infinitamente grande. d.3 Argumento Teleológico: Em toda parte o mundo revela inteligência, harmonia , ordem e propósito, a assim implica a existência de um ser inteligente e com propósito, apropriado para a produção de um mundo como este d.4 Argumento Moral: Todo ser humano possui em sua constituição íntima a idéia de certo e errado, uma personalidade ajustada aos valores morais e éticos; portanto deve existir um ser moral e eticamente bom que criou o homem com este atributo; ou seja, o reconhecimento que o homem tem do Sumo Bem e a sua busca de um ideal moral exigem a necessitam a existência de um Deus que concretize este ideal. d.5 Argumento Histórico: Entre todos os povos e tribos da terra há um sentimento religioso que se revela em cultos exteriores. Visto ser um fenômeno universal, deve pertencer à própria natureza do homem. E se a natureza do homem leva naturalmente ao culto religioso, isto só pode achar uma explicação num ser superior que constituiu o homem um ser religioso.
  • 16. Teologia Sistemática 3.2 A COGNOSCIBILIDADE DE DEUS a. Deus Incompreensível e, Contudo, Cognoscível A igreja cristã confessa, por um lado, que Deus é incompreensível, mas também, por outro lado, que Ele pode ser conhecido e que conhecê-lo é um requisito absoluto para a salvação (Jó 11:7; Is 40:18; Jo 17:3; I Jo 5:20). Os escolásticos sustentavam que não sabemos o que Deus é em seu Ser essencial, mas podemos saber algo da Sua natureza, daquilo que Ele é para nós, como Ele se revela em seus atributos divinos. Já os Reformadores, embora concordando em linhas gerais com os escolásticos, rejeitaram a idéia de que é possível adquirir real conhecimento de Deus pela razão humana desajudada, partindo tão somente da revelação geral. Para Calvino, Deus, nas profundezas do seu ser, é insondável. “Sua essência”, diz ele, ”é incompreensível; desse modo, Sua divindade escapa totalmente aos sentidos humanos”. Os Reformadores não negam que o homem possa aprender alguma coisa da natureza de Deus por meio da Sua obra criadora, mas sustentam que ele só pode adquirir verdadeiro conhecimento de Deus por meio da revelação especial, sob a influência iluminadora do Espírito Santo. b. A Negação da Cognoscibilidade de Deus Geralmente essa negação se baseia nos supostos limites da faculdade cognitiva humana, segundo a qual a mente é incapaz de conhecer qualquer coisa que esteja além e por trás dos fenômenos naturais, e , portanto, é necessariamente ignorante quanto às coisas supersensoriais e divinas. Huxley foi o primeiro a aplicar àqueles que assumem esta posição, ele próprio incluído, o nome de “agnósticos”. Este não gostam de ser rotulados de ateus, desde que eles não negam absoluta,mente a existência de Deus, mas declaram que não sabem se Ele existe ou não e, mesmo que exista, não estão certos de terem algum genuíno conhecimento dele, e, em muitos casos, negam de fato que possam ter algum conhecimento real dele. Comte, pai do positivismo,era agnóstico em religião e, de acordo com seu pensamento, o homem nada pode conhecer, se não pelos fenômenos físicos e suas leis. Os seus sentidos sãos as fontes de todo verdadeiro pensamento, e ele nada pode conhecer, exceto os fenômenos que os seus sentidos apreendem.
  • 17. Teologia Sistemática c. Auto-Revelação, Requisito de Todo Conhecimento de Deus Deus Transmite Conhecimento de Si Próprio ao Homem: Kuyper chama a atenção para o fato de que a teologia, como conhecimento de Deus, difere num importante ponto de todos os demais tipos de conhecimento. No estudo de todas as outras ativamente extrai dele o seu conhecimento pelo método que lhe pareça mais apropriado; mas, na teologia, ele não ciências, o homem se coloca acima do objeto de sua investigação e pode colocar-se acima, e, sim , sob o objeto do seu conhecimento. Noutras palavras, o homem só pode verdadeiramente conhecer a Deus na medida em que Este ativamente se faz conhecido. Sem a revelação divina o homem nunca seria capaz de adquirir qualquer conhecimento legítimo de Deus. Todo o nosso conhecimento de Deus é derivado da Sua auto-revelação na natureza e na Escritura. d. A revelação divina (Hb 1) Teofanias, sonhos, visões, profecias, urim e tumim, cristofanias, natureza, o homem, milagres, dom de línguas, Cristo, Palavra Escrita. e. As obras de Deus - O relato da criação (Helorim e YHWH); - Criacionismo e evolucionismo (ateu e “cristão”) - Criados à imagem e semelhança de Deus (homens e anjos)