Reflexão sobre o 1o período de estágio em Filosofia
1. Portefólio de Estágio – 1º Período
2015-2016
Reflexão geral do 1º Período
De um modo geral, e apesar do nervosismo que se senti em todas as aulas, que penso
ter que ver com um primeiro contacto com todo este processo, ou seja, por pela primeira vez
estar a desempenhar o papel oposto ao que estava habituada enquanto (unicamente) aluna.
Este nervosismo foi diminuindo e a cada regência sentia uma maior confiança, que penso,
ter-se traduzido numa melhoria do meu desempenho enquanto professora estagiária do
Agrupamento de Escolas Aurélia de Sousa. Com o método adotado pela Orientadora
Cooperante Dr.ª Blandina Lopes, todas as nossas aulas teriam que seguir um fio condutor, e
nessa medida, eram tratados os conteúdos que iriamos lecionar nas regências próximas, esse
agendamento e organização era feito em cada reunião semanal com todos os elementos
integrantes de iniciação à prática profissional.
Um dos aspetos que considero fulcrais dentro de uma sala de aula, e que esta
experiência, ainda que curta, me ensinou, é sem dúvida a importância de criar condições para
que os alunos se situem num ambiente em que os mesmo se sintam confortáveis e que não
vejam a professora como uma autoridade mas sim como alguém que os pode, e deve, ajudar a
aprender e, ainda, como uma entidade que está ali por e para eles, capaz de esclarecer
qualquer dúvida que encontrem referente aos conteúdos em questão. É necessário criar um
ambiente acolhedor para que aqueles alunos mais tímidos não tenham a vergonha de
perguntar quando surge uma dúvida. Neste aspeto, penso que estou a começar a criar
condições em mim própria e, nessa medida, nos estudantes de um maior a vontade, o que se
reflete na participação mais ativa em contexto sala de aula.
No olhar que tenho de um processo ensino-aprendizagem, um professor deve ver a a
turma essencialmente com um olhar, encarar os alunos como se fossem todos iguais, mas
atendendo sempre à sua individualidade, individualidade essa que lhes é um direito, como o é
a todos nós. Se algum professor sair desta esfera de humanidade serão necessários métodos
para fazê-lo compreender que ser professor deve, em primeira ordem, ser entendido como um
compromisso com a vida de cada um dos nossos estudantes, na medida em que, estamos a
interferir no seu processo ensino-aprendizagem enquanto estudantes, mas acima de tudo,
enquanto seres humanos em desenvolvimento
Na minha perspetiva não são apenas os alunos que se têm que adaptar ao professor,
mas é sim um processo duplo, este processo implica olhar o outro sem nunca esquecermos a
sua subjetividade.
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2015-2016
Na minha opinião, a disciplina de filosofia não deve ser dada de forma expositiva,
compete-lhe antes ser clara, interrogativa e recorrer sempre a exemplos do senso comum
(sempre pensados e muito bem cuidados) para facilitar aos estudantes uma interiorização de
toda a matéria, assim são estimulados a analisar e compreender por si mesmos os conteúdos
em questão.
Neste ano letivo surge, a determinado momento, uma etapa da minha vida que sempre
desejei: dar a conhecer a estudantes aquilo que fui adquirindo na minha licenciatura enquanto
estudante e, mais do que isso, o tanto que hoje busco pensando no aproveitamento que cada
um dos estudantes pode retirar de cada uma das opções que eu tomo para determinada aula
que vou lecionar, desde esquemas, fichas de trabalho, suportes digitais, textos, etc., ao longo
desta experiência, que teve lugar neste primeiro período para os seus primeiros passos,
comecei a ter esta percepção que está agora a começar a fazer parte de mim enquanto
professora estagiária, a consciência de que todos são diferentes e de que isso exige um olhar
atento e uma adaptação de estratégias para que, em momento algum, estudantes fiquem
aquém daquilo que são capazes de adquirir nas aulas de Filosofia. É notável que nem sempre
esta tarefa se revelou tão fácil como eu pensava inicialmente, foi necessário muitas vezes
trocar e adaptar todo o meu ritmo de trabalho e esforçar-me ao máximo para me aproximar
dos objetivos a que me tinha proposto para este processo inicial.
Deparei-me, ainda, algumas vezes com um sentimento de frustração pois nem sempre
o nosso esforço é, em situação, reflexo do trabalho que empregamos no desenvolvimento das
tarefas que nos são propostas. Sabemos que faz parte e que é o primeiro passo para
aprendermos e para nos construirmos nesta profissão que tanto desejamos, mas não deixa, em
momento algum, de nos entristecer. É, no entanto, de realçar que é precisamente aqui que o
nosso processo construtivo se fortalece e no momento em que o percebemos, encaramos
essas situações de uma forma mais positiva e onde, considero também, ter feito sempre para
que se traduzisse em mais trabalho para, posteriormente, obter melhor resultados, sempre em
vista, dos estudantes.
Agora, fazendo um breve balanço com um teor mais qualitativo, vou mencionar
alguns aspetos que vão de encontro ao meu desempenho neste primeiro período e que se
delimitam da seguinte forma: o que de melhor considero ter dado, o que ficou mais aquém do
desejável e o que, de modo claro, tenho de melhorar nos períodos próximos.
Relativamente ao meu desempenho, mais especificamente neste primeiro ponto, ao
que de melhor considero ter dado de mim neste processo inicial de estágio, passa pela
3. Portefólio de Estágio – 1º Período
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dedicação que, desde o primeiro dia, prestei ao Agrupamento de Escolas Aurélia de Sousa e
desde a regência zero me esforcei por prestar aos estudantes. Nessa regência zero fui
preenchida por um sentimento que nunca vou esquecer, o de que ia ser um caminho longo e
muitas vezes difícil, como tudo o que vale a pena, mas em simultâneo sentir que é
precisamente aquele o lugar onde cabe tudo o que somos quando queremos ser professores, e
ainda o lugar, onde queremos estar e ser durante a nossa vida. E, desde então, com esse
sentimento presente, tentei dar o meu melhor nas seis regências que se seguiram, acatando de
forma totalmente construtiva as críticas sempre transparentes e fundamentadas da minha
Orientadora Cooperante Dr.ª Blandina Lopes, bem como das minhas colegas de estágio Joana
Ribeiro e Maria Pontes.
Quanto ao que melhor poderia ter dado e nem sempre dei, posso considerar algumas
imprecisões a nível terminológico, faltou algum rigor em determinados momentos, talvez
devido ao nervosismo e a alguma ansiedade que sempre me invadiam, mas que, felizmente,
foram também regredindo.
Já no que respeita, ao que de facto tenho de melhorar com considerável urgência nos
períodos próximos, tem que ver essencialmente com o rigor da escrita, que influência
negativamente as minhas fundamentações e as deixa aquém da qualidade, que se não fosse
essa minha dificuldade, as mesmas poderiam ter.
Atrevo-me a classificar este primeiro período como dos maiores e mais belos desafios
pelos quais já passei. Exige tanto de nós, que a transparência do que somos é iminente e
chega, quer queiramos quer não, ao outro. O que é extremamente gratificante pela forma
genuína que carrega, tem sido assim, em poucas palavras: um processo absolutamente
construtivo, enquanto professores estagiários e, mais do que isso, enquanto pessoas que se
realizam pelo olhar do outro ao aprender.