3. Tipos de Conhecimento
1. Saber Fazer (Atividade):
1.1. Saber andar de bicicleta
1.2. Saber pescar
1.3. Saber apertar os cordões dos sapatos
4. Tipos de Conhecimento
2. Conhecimento por Contacto (conhecer um
objeto):
2.1. Conhecer uma pessoa
2.2. Conhecer uma escola
2.3.Conhecer uma cidade
5. Tipos de Conhecimento
3. Conhecimento Proposicional (o objeto de
conhecimento é uma proposição verdadeira):
3.1. Saber que “Lisboa é a capital de Portugal”
3.2.Saber que “a escola é um edifício”
3.3.Saber que “o João é tímido”
6. Conhecimento Proposicional
O conhecimento por contacto e o conhecimento de saber
fazer são tipos de conhecimento muito importantes.
Mas é ao conhecimento proposicional que a
Filosofia dedica a sua maior atenção.
7. Conhecimento Proposicional
1. Grande parte do nosso 2. O conhecimento
conhecimento proposicional parece
científico, matemático, ser aquele que melhor
literário, etc.... é de distingue o
tipo proposicional conhecimento dos seres
humanos do
conhecimento de outros
animais.
8. Conhecimento Proposicional
1. Uma abelha pode ter 2. Mas é muito pouco
um conhecimento provável que saiba algo
complexo que lhe a respeito do mel (que
permite fazer mel. o mel é nutritivo, por
exemplo) e possa ter
um conhecimento
proposicional sobre ele ou
sobre como o faz.
9. Crítica da Linguagem e Conhecimento Proposicional
A Crítica filosófica da linguagem pode assumir duas
dimensões orientadoras:
1. Pode incidir sobre a linguagem como instrumento de
conhecimento nas ciências;
2. Pode incidir sobre a linguagem como instrumento de
comunicação social, isto é, sobre a degradação da linguagem
como sinal de ume perversão das relações humanas, sintoma
de uma relação de dominação e opressão.
10. Linguagem Como Instrumento de Conhecimento
Há mais do que uma perspetiva
filosófica contemporânea sobre a
linguagem como instrumento de
conhecimento:
11. Linguagem como Instrumento de Conhecimento
1. Perspetiva Analítica:
1.1. O conhecimento decorre da relação entre um sujeito que
conhece e um objeto que é conhecido
1.2. essa relação está na origem da crença;
1.3. se essa crença é verdadeira e a proposição que a descreve é (ou
está) racionalmente justificada, então o conhecimento é um
conhecimento da verdade. (não é preciso que o indivíduo
concreto saiba justificar a crença, basta que esteja justificada: por
ex.: 2+2=4 é um conhecimento da verdade, mesmo que muitos
indivíduos não saibam como justificá-lo).
12. Linguagem como Instrumento de Conhecimento
2. Pragmatismo: O pragmatista diz o que é verdade
dizendo-nos como se chega até ela (perspetiva comum,
por exemplo, ao construtivismo): o verdadeiro decorre do
verificável e não o contrário.
2.1. As proposições verdadeiras (Teorias) são simplesmente
ferramentas para agir com sucesso.
13. Linguagem como Instrumento de Conhecimento
3. Perspetivismo ou Relativismo:
3.1. Não é o facto que constrói um dado, somos nós que o construímos
simbolizando-o (designando-o e interpretando-o);
3.2. Sempre que estamos em presença de um símbolo (uma palavra, uma letra, ou o
sorriso da Gioconda) estamos em presença de uma forma à qual somos
capazes de dar um sentido;
3.3. A representação (o sentido que atribuímos aos símbolos) constrói-se como um
ponto de vista adoptado sobre o real;
3.4. A exploração da complexidade (nesta perspetiva) apresenta-se como o projeto
de manter em aberto o reconhecimento da imprevisibilidade, no trabalho de
explicação científica.
14. Perspetiva Analítica
A perspetiva analítica adquiriu um grande relevo no nosso
tempo, sobretudo nos países de língua inglesa;
de certo modo, a sua divulgação e importância estão associadas ao
predomínio da língua inglesa no próprio diálogo
científico. Por analogia, podemos comparar o relevo que é
atribuído a esta perspetiva ao papel da romanização face à cultura
grega e outras culturas suas contemporâneas.
15. Perspetiva Analítica
Nos tempos modernos, a perspetiva analítica encontra
muitas das suas bases na tentativa de fundamentação da
matemática como ciência exata (Frege e B. Russell ).
Na antiguidade clássica, encontra as suas raízes num
diálogo de Platão (“O Teeteto”), onde se discute o que
se pode entender por conhecimento exato ou ciência exata.
16. Perspetiva Analítica
Nota Importante:
Embora a perspetiva analítica encontre a sua
inspiração numa obra de Platão, a verdade é que
Platão não pode ser considerado, a partir do
conjunto da sua obra, como partidário dessa
perspetiva a respeito do conhecimento.
17. É necessário ler textos complementares de apoio
Perspetiva Analítica
No “Teeteto”, Platão confronta-se com as teses
dos sofistas (e de Heraclito e seu seguidores).
A verdade é equacionada em confronto
com a infalibilidade. No nosso tempo,
poderíamos dizer “da verdade com a
ciência exata”.
A sua pergunta é: o que é isso a que
chamamos ciência, sendo que a ciência
só pode ser exata, porque, não o sendo,
só pode ser ignorância?
18. Perspetiva Analítica
1. A primeira Tese é: “o saber é a sensação”.
1.1. Sócrates associa esta resposta à tese de
Protágoras, segundo a qual aquilo que
cada homem sente é o padrão (“a
medida”) que lhe permite avaliar a
realidade.
19. Perspetiva Analítica
Refutação de Platão:
Mesmo que cada homem se ache profundamente
convencido da verdade das suas opiniões, a
evidência proporcionada nos debates públicos não
pode permitir-lhe ignorar que as opiniões dos
outros discordam das dele.
De resto, se todas as opiniões fossem verdadeiras,
nenhuma investigação seria possível, nem nenhum
saber teria sentido.
A refutação de Platão visa demonstrar que a possibilidade de erro é
indispensável para que possamos falar de infalibilidade.
20. Perspetiva Analítica
2. A segunda Tese é: “o saber é a opinião ou
crença verdadeira”.
2.1. a partir da identificação do saber com a
opinião verdadeira, torna-se necessário
definir as relações entre a verdade da
opinião e a infalibilidade.
2.2. como podemos distinguir as crenças
verdadeiras das crenças falsas, se não
soubermos já quais são umas e outras?
21. Perspetiva Analítica
Refutação de Platão
Mas como podemos nós explicar o erro pelo
saber? Sabendo que é um erro, como é que não o
sabemos?
Estas questões teóricas, segundo Sócrates, não impedem que, na
prática dos tribunais, os homens aceitem a substituição do saber por
qualquer opinião que considerem verdadeira, apesar de a objeção
de Sócrates contestar esta dissolução da infalibilidade na verdade.
Os juízes decidem sem ciência (leia-se: sem ciência exata).
22. Perspetiva Analítica
3. A terceira Tese é: “o saber é a opinião ou crença
verdadeira justificada pela razão”.
3.1. Para justificar pelo discurso uma opinião
verdadeira, seria necessário que o enunciado
verdadeiro acerca de algo fosse composto por
nomes (partes), a respeito dos quais não fosse
necessária (nem possível) nenhuma explicação.
3.2. A noção de “elemento” pretende ser esse mínimo,
incognoscível e indeclarável, consistindo o
enunciado (a proposição) na combinação de
elementos, apenas nomeáveis e perceptíveis.
23. Perspetiva Analítica
Refutação de Platão
Esta solução, segundo Sócrates, também é impossível,
pois a respeito daquilo que não pode ser enunciado, mas
apenas nomeado, não pode haver razão ou explicação.
O enunciado seria tão inexplicável quanto os seus
elementos.
24. Perspetiva Analítica
Refutação de Platão
Por outro lado, o enunciado ou proposição não pode produzir
conhecimento porque essa possibilidade:
1. Não poderá residir simplesmente na possibilidade de falar, pois então bastaria
dizer algo para se saber;
2. Não poderá residir na simples enumeração das partes daquilo que é descrito,
pois o todo não é igual à soma das partes disjuntas;podemos enumerar todas as
partes de um objeto, tendo delas só uma opinião verdadeira, mas não a ciência
3. Não poderá consistir no conhecimento da diferença que distingue uma coisa das
outras, pois esse conhecimento teria de ser anterior à produção do enunciado,
que assim nada lhe acrescentaria.
25. Perspetiva Analítica
Para Platão, a ciência não é, nem a sensação, nem a
opinião verdadeira, nem a opinião verdadeira
acompanhada de razão.
Platão reconhece que o diálogo sobre a infalibilidade
do conhecimento o conduziu a um caminho sem saída
(aporia); vai, por isso, abordar o problema, a partir
de uma outra perspetiva (Verdade/Falsidade), no
“Sofista”.
26. Perspetiva Analítica
O “Atomismo Lógico” de Russell e a “Teoria
Figurativa da Realidade” de Wittgenstein permitiram
que a Filosofia Analítica ganhasse alento para superar
a “aporia” em que Platão nos deixou no “Teeteto”.
27. Atomismo Lógico
Perspetiva Analítica
O mundo consta de “factos atómicos”, ou simples, que são o referente
dos enunciados simples ou “enunciados atómicos”,
A linguagem vem a ser como que uma pintura do mundo, ao jeito de
um mapa que desenha um terreno ou uma determinada região.
O mundo possui, tal como a linguagem, uma estrutura lógica, cujos
elementos se manifestam através da análise lógica.
Este isomorfismo entre linguagem e mundo supõe que a cada nome
corresponda, como referente, uma entidade concreta, chamada neste
caso dado sensorial, e que a cada predicado, de qualidade ou de
relação, corresponda uma propriedade real.
28. Perspetiva Analítica
O atomismo lógico conduz a que consideremos a hipótese de uma
linguagem ideal, e que é própria exclusivamente de uma
linguagem formalizada isomorfa à realidade (positivismo lógico).
“numa linguagem logicamente perfeita, haverá uma única palavra para cada
objeto simples, e tudo o que não seja simples será expresso por uma
combinação de palavras...” B. Russell
Tanto Russell como Wittgenstein acabaram por abandonar esta
perspetiva, mas a Filosofia Analítica dedicou-se a desenvolvê-la
e a aperfeiçoá-la.