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ROSEMAR SILVA
EDIÇÃO
JORNAL
MENTE
ATIVA
Março de 2022 - 17º edição
Um brinde a vida da nossa
Um brinde a vida da nossa
colunista - A Zaratustra
colunista - A Zaratustra
19/03
19/03
JORNAL MENTE ATIVA
Março de 2022 - 17º edição
Editorial
Bem vindos à edição do Jornal Mente Ativa no
mês das mulheres. Vamos juntos mergulhar
em poesias, reflexões e músicas sobre o que
representa o Dia Internacional da Mulher.
Entre as reflexões a temática da violência
contra a mulher insiste em aparecer ainda.
Na apresentação da colunista do mês contarei
um pouco sobre meus passos que já trilhei e
que ainda virão.
A guerra na Ucrânia também será comentada
nas próximas páginas. Em meio a tanto
massacre, o machismo acha espaço para tornar
o cenário ainda mais repugnante. Um político
brasileiro se regozija com a beleza das
refugiadas e as classifica como lindas e fáceis
por serem pobres.
O que é ser mulher? E para que serve mesmo o
Dia Internacional da Mulher? Leia nas últimas
páginas que compõem essa edição que estamos
entregando a você.
Que nossas reflexões suscitem as suas também.
Comente, participe, mantenha a sua mente
ativa.
Uma boa leitura pra você!
Cíntia Colares
Jornalista e Poeta
Simone Mello
Poeta
JORNAL MENTE ATIVA
Março de 2022 - 17º edição
Transcendência
Coloco meu turbante
Escrevo contos, poemas
Não me prendo ao sistema
Sou dona de mim
Dona de um sorriso
Cabelo solto
Pensamento e corpo
Transpassam o silêncio
Desatam os nós
Liberdade de expressão
Nas entrelinhas
Contos de Conceição Evaristo
Cristiane Sobral
Geni Guimarães
Nessas escritas, construo universo
Minhas forças se unem a outras forças
Neste emaranhado de subjetividades
Sublimidade
Na travessia
Da diáspora
Da transcendência
Da escrita poética.
Ju Lopse
@lopselazuli
JORNAL MENTE ATIVA
Março de 2022 - 17º edição
A Música Brasileira
Será uma mulher de corpo violão ou uma voz
que é dissonância na multidão? Ser musicista é
carregado de escolhas, nem sempre tão
individuais. O piano era necessidade das moças
de boas famílias que enchiam os conservatórios
mas não os palcos de concerto. Foi Chiquinha
Gonzaga quem, dos saraus da alta sociedade, foi
para as ruas vender partituras pela abolição,
subvertendo a lógica da divisão de música
erudita e popular, assim como as mulheres
fazem na música brasileira, diariamente. Da
modernista Guiomar Novais, célebre pianista
que arrancou elogios dos conservadores
durante a ruptura da Semana de Arte
Moderna, à violência devolvida em música por
Linn da Quebrada e Jup do Bairro, temos
cantoras em profusão, notáveis imensas,
apelidadas em nome próprio, instrumentistas
mais raras e tocantes, inspiradoras. Nos dedos
elevam um Brasil diverso, do sertanejo ao
erudito, portando a bandeira da música.
Contadora de histórias, de amores, contestador
as na composição ou dando voz aos que não
encontrariam ressonância, expondo às
multidões ansiosas por seu canto, que une e nos
dá a consciência de um país que é diverso e
desigual. Na diversidade, cores, amores,
timbres, gêneros musicais e sotaques. Na
desigualdade, o preconceito, o gênio e a vida
íntima em cheque, descrença, lacunas…fomos
ditadas, datadas, colocadas em lados distintos
para que divergissemos.
No final, de tão diferentes, em toda feiticeira
corcunda, mas, ao mesmo tempo em que todas
nós somos e fomos apontadas, às vezes,
interesseira, tristes, louca, má…quando só
tentamos ser feliz…e meio Leila Diniz.
A playlist 8Mente Ativa reúne canções,
interpretadas por mulheres, que tiveram
relevância na moderna história do Brasil. A
playlist é colaborativa e você pode inserir
outras canções. Lembre-se que a relevância
não é relacionada ao gosto musical e o
feminismo se tem plenitude no respeito pela
autoexpressão de todas as mulheres.
A Zaratustra
JORNAL MENTE ATIVA
Março de 2022 - 17º edição
O PASSADO NO PRESENTE
Olá, queridos leitores, que bom estar aqui para
juntos refletirmos em diversos assuntos.
Já que estamos no mês de março, não poderia
deixar passar em branco uma data muito
especial: Dia 8 de março, dia da Mulher.
Começo então relembrando minhas memórias
infantis...
Quando criança, costumava ver sempre o
homem das cavernas. Um homem,
consideravelmente“ogro”, com um porrete na
mão, carregando sua mulher sorridente pelos
cabelos. Trazendo esse conceito para os dias
atuais, até hoje vemos ainda, alguns “machos
ogros”, trazendo suas mulheres pelos cabelos,
antes ou depois de muita agressão.
O porrete foi substituído por facas, ou então,
armas de fogo. Passando por momentos
históricos, recordo das que foram queimadas
na fogueira, acusadas de heresia, acusadas de
bruxaria e queimadas em praça pública.
Professora Heley de Abreu da Silva, também
foi sentenciada à “fogueira”, quando um
homem entrou e colocou fogo em uma creche.
Heley salvou 25 crianças, mas não resistiu.
Voltando a linha do tempo histórica, temos as
sufragistas, que vieram abrindo caminhos para
inserção da mulher na democracia e política.
Quantas mortes!!
Marielle Franco, vereadora, eleita
democraticamente, mulher, negra e lésbica foi
calada ...morta!!!
Poderia ficar dias fazendo essas comparações,
mas, para ser mais sucinta e prática, apenas
mais algumas recordações, para refletirmos e
vermos que o passado está presente até hoje na
vida de nós mulheres.
Mulheres, que servem apenas como
mercadoria de troca, para os interesses
familiares.
Expostas a casamentos compulsórios, sem
terem possibilidade de escolha, tratadas como
mero instrumento de procriação da raça e
espécie. Quando não são mutiladas
genitalmente, tendo seu direito sexual podado.
Mulheres “desobedientes”, são levadas a praça
pública, soterradas até o pescoço e apedrejadas
até à morte.
E, por último, as “hermanas”, que são
molestadas e estupradas, muitas vezes, até por
membros da família, e sucumbem ao medo, ao
assédio psicológico, moral e emocional.
E ainda nos perguntam por que fazemos tanto
barulho.
Por que levantamos tantas bandeiras, a favor
dos direitos iguais, a favor das mulheres? A
resposta é simples:
Porque ainda temos mulheres que são tratadas
como se vivêssemos no passado.
Cíntia Colares
Jornalista e poeta, nascida em Porto Alegre (RS);
Atualmente, se especializando em Marketing Digital;
Escreve dicas de leituras, filmes e reflexões sobre negritude no Diário da Negra
e publica suas poesias de mulher e mãe negra na página Coração da Negra.
Grava falas sobre temas cotidianos para o canal Folha das Cidades.
Militante e ativista social em diversos coletivos que debatem negritude,
feminismo e poesia como um olhar que denuncia o cotidiano e suas demandas.
De uns tempos pra cá, está se aventurando na gastronomia, nos exercícios
físicos e na consultoria de produtos de beleza.
Aos poucos, está retornando para alguns coletivos que participava antes da
pandemia e iniciando em outros, entre eles, o Jornal Mente Ativa, o Sarau das
Minas, Coletivo Gente de Palavra, Sarau Sopapo Poético, Coletivo de Mulheres
Capoeiristas Tereza de Benguela, Coletivo Leia Mulheres Poa e a Marcha
Mundial das Mulheres.
JORNAL MENTE ATIVA
Março de 2022 - 17º edição
Apresentação das Colunistas
Joseane Canova
Escritora, Terapeuta reiki
JORNAL MENTE ATIVA
Março de 2022 - 17º edição
Onde estão as Feministas?
As tropas russas invadem a Fronteira Leste da
Ucrânia, em 24/02/2022.
Na manhã do dia 25, bombas explodem em
Kiev. Mísseis atingem prédios na capital.
Civis morrem, enquanto soldados russos
tomam diversas cidades ucranianas.
Pessoas desesperadas tentam fugir do país.
Homens de 16 a 60 anos são obrigados a ficar e
pegar em armas para defender o seu país.
Os rumores nas redes sociais começam: Onde
estão as Feministas? Por que não se alistam
também? Não querem igualdade de direitos?
Minha pergunta é: Quantas guerras foram
iniciadas por mulheres? Quantas mulheres e
crianças do lado derrotado foram estupradas e
mortas, das formas mais cruéis?
Todos deveriam estar questionando o
alistamento obrigatório para mais uma guerra
sem sentido: por poder, dinheiro e território.
Milhões de inocentes irão morrer para que os
mesmos poderosos encham seus egos e seus
bolsos.
Quantas armas serão vendidas?
Quantas famílias vão chorar a morte dos seus
entes queridos?
Nem homens, nem mulheres deveriam lutar
em um conflito onde todos sairão perdedores.
Em paralelo a essa discussão, um deputado
paulista embarca para a Ucrânia. Quer ver a
situação dos refugiados.
No retorno, envia um áudio para o seu grupo de
amigos contando como as refugiadas
ucranianas são lindas. E, além disso, são fáceis
por serem pobres e desesperadas.
O áudio vaza, viraliza e ele decide explicar-se:
Uma brincadeira infeliz entre amigos, num
grupo privado.
Algo tão simbólico, mas que define bem onde
o movimento feminista deve estar.
Se por algum momento ficamos em dúvida se
deveríamos nos alistar para uma guerra,
Arthur do Val nos relembra a necessidade de
movimentos políticos para defender o direito
das mulheres.
Esses direitos sempre são contestados,
principalmente durante uma guerra.
Acesso os Registros Akáshicos para escrever
meus textos e colocar em palavras o que mora
no meu coração.
Luciasouzacosta7@gmail.com
JORNAL MENTE ATIVA
Março de 2022 - 17º edição
Eu sou a força
Sou a esperança
Sou a coragem
Do arco, eu sou a lança
Do jardim, eu sou a planta
Da árvore, o fruto doce
Sou também delicadeza.
Do sonho, sou realidade
Sofro e choro na verdade
Sou Maria...Joana...Sou Mariana
Me chame do que quiser
Trago no peito o desejo de ser respeitada um
dia
Sou valente, sou guerreira
A fé me faz companhia
Sou sensata e corajosa
Nas lutas de cada dia.
Agora que já conheces
Um pouco do meu viver,
Sou Mulher, sou batalhadora
Lutarei até morrer.
QUEM SOU
Lucia Costa
Poetisa
Jeane Bordignon
voos.e.palavras
JORNAL MENTE ATIVA
Março de 2022 - 17º edição
Não diga que somos delicadas.
O mundo não nos permite ser.
Ele nos cobra, sim, docilidade e modos sutis.
Mas, ao mesmo tempo, nos obriga a criar tantas
cascas para aguentar ser mulher, que até
desaprendemos as delicadezas.
Precisamos estar em estado de alerta constante
e, quem não pode relaxar, acaba enrijecendo.
Questão de sobrevivência, pois nossos corpos
são alvo, mesmo com todos os esforços para nos
protegermos.
Não existe roupa segura.
Não existe lugar seguro.
A gente segue em frente, de teimosas que
somos. Evitando várias ruas, vários copos,
vários corpos… mas lutando para conseguir
aproveitar um pouco da vida.
Seguimos em frente, mesmo com todo o cansaço
da jornada dupla ou tripla:, trabalha fora, cuida
filho, limpa casa, lava roupa, faz as compras,
leva ao médico, dorme pouco porque falta
tempo… e quando cuidamos de nós?
Não venha falar em “sexo frágil”…
Vida de verdade: mulher quase nunca tem
tempo de ser frágil. Pelo contrário. É preciso ser
muito forte para conseguir ser mulher nesse
mundo de tantas sobrecargas, opressões e
ameaças.
FLORES DE AÇO
Mas, muito cedo aprendemos a produzir e
sorrir, enquanto sangramos por dentro.
Somos feitas de sangue, não de lágrimas.
Pulsamos, com força.
Arte de Paulo Corrêa
Arte de Paulo Corrêa
em homenagem à
em homenagem à
Mariele Franco
Mariele Franco
Cíntia Colares
Jornalista e Poeta
JORNAL MENTE ATIVA
Março de 2022 - 17º edição
Não é dia de somente dar flores. É dia de luta. De
relembrar a luta de mulheres que nos precederam,
batalharam e desencadearam muitas outras
mobilizações para que hoje desfrutássemos dos
direitos que já garantimos.
Não queremos somente parabéns, queremos
engajamento na nossa luta, reconhecimento de que
ainda falta muito a atingir ou pôr em prática.
A começar esclarecendo que feminismo não é o
contrário de machismo. Machismo é um sistema
opressor que nega direitos enquanto feminismo
busca a equidade de gêneros, como explica a
escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.
O feminismo tem o comprometimento de romper
silêncios. A poeta negra e ativista lésbica Audre
Lorde compartilhou um poema que fazia referência
à questão do silêncio, incitando todas as mulheres
exploradas e oprimidas à reação, pois o silêncio não
irá nos salvar, e que superar o medo de falar é um
gesto necessário de resistência.
Lorde declara: “quando falamos temos medo/ de
nossas palavras não serem ouvidas/ nem bem
vindas/mas quando estamos em silêncio/ainda
assim temos medo/É melhor falar então”.
Desafiar mulheres a se manifestarem, contando
nossas histórias, tem sido um dos aspectos
transformadores centrais do movimento feminista,
aponta Bell Hooks, ativista, escritora e mulher
negra.
Eis a importância de uma data para provocar
debates e reflexões que reúnam mulheres e gerem
ações que prossigam rendendo frutos, encontros,
mobilizações e avanços na luta cotidiana por
direitos da mulher.
8 de março, dia Internacional da Mulher, dia de
lembrar que a luta não para.
Sou Cíntia Colares,
Sou Flor de Lótus.
PRETAS NOSSAS
Quando uma delas abre o verbo,
uma avalanche de gritos de liberdade de ontem e
hoje ecoam.
Quando ela fala, é como se segurasse muito firme
para impedir
mãos que nos desferem chibatadas de palavras,
atitudes e olhares que ainda hoje batem na nossa
pele diariamente.
Quando a outra fala, abrem-se corações.
Ela nos faz confessar que estamos cansados de
apanhar,
mas não vamos parar de lutar.
Vai ter luta, sim!
Lutar é obrigação para quem nasceu na tela com
as cenas que tentam nos emoldurar.
Falo de Ana Dos Santos, .
De Lilian Rocha, .
Pretas Nossas.
Guerreiras que nos inspiram a combater.
Que nos fornecem armas cotidianamente para
lutar.
E coragem para nos desnudar.
Suas vozes e reflexões bradam por um novo
amanhã para nós,
para os que vieram de nós e aos que virão.
Pretas nossas, obrigada por dividirem conosco
suas armas para o combate.
Sou Flor de Lótus, sou Cíntia Colares✊🏿
Pra quê o Dia Internacional da Mulher mesmo?

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Jornal Mente Ativa 17

  • 1. ROSEMAR SILVA EDIÇÃO JORNAL MENTE ATIVA Março de 2022 - 17º edição Um brinde a vida da nossa Um brinde a vida da nossa colunista - A Zaratustra colunista - A Zaratustra 19/03 19/03
  • 2. JORNAL MENTE ATIVA Março de 2022 - 17º edição Editorial Bem vindos à edição do Jornal Mente Ativa no mês das mulheres. Vamos juntos mergulhar em poesias, reflexões e músicas sobre o que representa o Dia Internacional da Mulher. Entre as reflexões a temática da violência contra a mulher insiste em aparecer ainda. Na apresentação da colunista do mês contarei um pouco sobre meus passos que já trilhei e que ainda virão. A guerra na Ucrânia também será comentada nas próximas páginas. Em meio a tanto massacre, o machismo acha espaço para tornar o cenário ainda mais repugnante. Um político brasileiro se regozija com a beleza das refugiadas e as classifica como lindas e fáceis por serem pobres. O que é ser mulher? E para que serve mesmo o Dia Internacional da Mulher? Leia nas últimas páginas que compõem essa edição que estamos entregando a você. Que nossas reflexões suscitem as suas também. Comente, participe, mantenha a sua mente ativa. Uma boa leitura pra você! Cíntia Colares Jornalista e Poeta
  • 3. Simone Mello Poeta JORNAL MENTE ATIVA Março de 2022 - 17º edição Transcendência Coloco meu turbante Escrevo contos, poemas Não me prendo ao sistema Sou dona de mim Dona de um sorriso Cabelo solto Pensamento e corpo Transpassam o silêncio Desatam os nós Liberdade de expressão Nas entrelinhas Contos de Conceição Evaristo Cristiane Sobral Geni Guimarães Nessas escritas, construo universo Minhas forças se unem a outras forças Neste emaranhado de subjetividades Sublimidade Na travessia Da diáspora Da transcendência Da escrita poética.
  • 4. Ju Lopse @lopselazuli JORNAL MENTE ATIVA Março de 2022 - 17º edição A Música Brasileira Será uma mulher de corpo violão ou uma voz que é dissonância na multidão? Ser musicista é carregado de escolhas, nem sempre tão individuais. O piano era necessidade das moças de boas famílias que enchiam os conservatórios mas não os palcos de concerto. Foi Chiquinha Gonzaga quem, dos saraus da alta sociedade, foi para as ruas vender partituras pela abolição, subvertendo a lógica da divisão de música erudita e popular, assim como as mulheres fazem na música brasileira, diariamente. Da modernista Guiomar Novais, célebre pianista que arrancou elogios dos conservadores durante a ruptura da Semana de Arte Moderna, à violência devolvida em música por Linn da Quebrada e Jup do Bairro, temos cantoras em profusão, notáveis imensas, apelidadas em nome próprio, instrumentistas mais raras e tocantes, inspiradoras. Nos dedos elevam um Brasil diverso, do sertanejo ao erudito, portando a bandeira da música. Contadora de histórias, de amores, contestador as na composição ou dando voz aos que não encontrariam ressonância, expondo às multidões ansiosas por seu canto, que une e nos dá a consciência de um país que é diverso e desigual. Na diversidade, cores, amores, timbres, gêneros musicais e sotaques. Na desigualdade, o preconceito, o gênio e a vida íntima em cheque, descrença, lacunas…fomos ditadas, datadas, colocadas em lados distintos para que divergissemos. No final, de tão diferentes, em toda feiticeira corcunda, mas, ao mesmo tempo em que todas nós somos e fomos apontadas, às vezes, interesseira, tristes, louca, má…quando só tentamos ser feliz…e meio Leila Diniz. A playlist 8Mente Ativa reúne canções, interpretadas por mulheres, que tiveram relevância na moderna história do Brasil. A playlist é colaborativa e você pode inserir outras canções. Lembre-se que a relevância não é relacionada ao gosto musical e o feminismo se tem plenitude no respeito pela autoexpressão de todas as mulheres.
  • 5. A Zaratustra JORNAL MENTE ATIVA Março de 2022 - 17º edição O PASSADO NO PRESENTE Olá, queridos leitores, que bom estar aqui para juntos refletirmos em diversos assuntos. Já que estamos no mês de março, não poderia deixar passar em branco uma data muito especial: Dia 8 de março, dia da Mulher. Começo então relembrando minhas memórias infantis... Quando criança, costumava ver sempre o homem das cavernas. Um homem, consideravelmente“ogro”, com um porrete na mão, carregando sua mulher sorridente pelos cabelos. Trazendo esse conceito para os dias atuais, até hoje vemos ainda, alguns “machos ogros”, trazendo suas mulheres pelos cabelos, antes ou depois de muita agressão. O porrete foi substituído por facas, ou então, armas de fogo. Passando por momentos históricos, recordo das que foram queimadas na fogueira, acusadas de heresia, acusadas de bruxaria e queimadas em praça pública. Professora Heley de Abreu da Silva, também foi sentenciada à “fogueira”, quando um homem entrou e colocou fogo em uma creche. Heley salvou 25 crianças, mas não resistiu. Voltando a linha do tempo histórica, temos as sufragistas, que vieram abrindo caminhos para inserção da mulher na democracia e política. Quantas mortes!! Marielle Franco, vereadora, eleita democraticamente, mulher, negra e lésbica foi calada ...morta!!! Poderia ficar dias fazendo essas comparações, mas, para ser mais sucinta e prática, apenas mais algumas recordações, para refletirmos e vermos que o passado está presente até hoje na vida de nós mulheres. Mulheres, que servem apenas como mercadoria de troca, para os interesses familiares. Expostas a casamentos compulsórios, sem terem possibilidade de escolha, tratadas como mero instrumento de procriação da raça e espécie. Quando não são mutiladas genitalmente, tendo seu direito sexual podado. Mulheres “desobedientes”, são levadas a praça pública, soterradas até o pescoço e apedrejadas até à morte. E, por último, as “hermanas”, que são molestadas e estupradas, muitas vezes, até por membros da família, e sucumbem ao medo, ao assédio psicológico, moral e emocional. E ainda nos perguntam por que fazemos tanto barulho. Por que levantamos tantas bandeiras, a favor dos direitos iguais, a favor das mulheres? A resposta é simples: Porque ainda temos mulheres que são tratadas como se vivêssemos no passado.
  • 6. Cíntia Colares Jornalista e poeta, nascida em Porto Alegre (RS); Atualmente, se especializando em Marketing Digital; Escreve dicas de leituras, filmes e reflexões sobre negritude no Diário da Negra e publica suas poesias de mulher e mãe negra na página Coração da Negra. Grava falas sobre temas cotidianos para o canal Folha das Cidades. Militante e ativista social em diversos coletivos que debatem negritude, feminismo e poesia como um olhar que denuncia o cotidiano e suas demandas. De uns tempos pra cá, está se aventurando na gastronomia, nos exercícios físicos e na consultoria de produtos de beleza. Aos poucos, está retornando para alguns coletivos que participava antes da pandemia e iniciando em outros, entre eles, o Jornal Mente Ativa, o Sarau das Minas, Coletivo Gente de Palavra, Sarau Sopapo Poético, Coletivo de Mulheres Capoeiristas Tereza de Benguela, Coletivo Leia Mulheres Poa e a Marcha Mundial das Mulheres. JORNAL MENTE ATIVA Março de 2022 - 17º edição Apresentação das Colunistas
  • 7. Joseane Canova Escritora, Terapeuta reiki JORNAL MENTE ATIVA Março de 2022 - 17º edição Onde estão as Feministas? As tropas russas invadem a Fronteira Leste da Ucrânia, em 24/02/2022. Na manhã do dia 25, bombas explodem em Kiev. Mísseis atingem prédios na capital. Civis morrem, enquanto soldados russos tomam diversas cidades ucranianas. Pessoas desesperadas tentam fugir do país. Homens de 16 a 60 anos são obrigados a ficar e pegar em armas para defender o seu país. Os rumores nas redes sociais começam: Onde estão as Feministas? Por que não se alistam também? Não querem igualdade de direitos? Minha pergunta é: Quantas guerras foram iniciadas por mulheres? Quantas mulheres e crianças do lado derrotado foram estupradas e mortas, das formas mais cruéis? Todos deveriam estar questionando o alistamento obrigatório para mais uma guerra sem sentido: por poder, dinheiro e território. Milhões de inocentes irão morrer para que os mesmos poderosos encham seus egos e seus bolsos. Quantas armas serão vendidas? Quantas famílias vão chorar a morte dos seus entes queridos? Nem homens, nem mulheres deveriam lutar em um conflito onde todos sairão perdedores. Em paralelo a essa discussão, um deputado paulista embarca para a Ucrânia. Quer ver a situação dos refugiados. No retorno, envia um áudio para o seu grupo de amigos contando como as refugiadas ucranianas são lindas. E, além disso, são fáceis por serem pobres e desesperadas. O áudio vaza, viraliza e ele decide explicar-se: Uma brincadeira infeliz entre amigos, num grupo privado. Algo tão simbólico, mas que define bem onde o movimento feminista deve estar. Se por algum momento ficamos em dúvida se deveríamos nos alistar para uma guerra, Arthur do Val nos relembra a necessidade de movimentos políticos para defender o direito das mulheres. Esses direitos sempre são contestados, principalmente durante uma guerra. Acesso os Registros Akáshicos para escrever meus textos e colocar em palavras o que mora no meu coração.
  • 8. Luciasouzacosta7@gmail.com JORNAL MENTE ATIVA Março de 2022 - 17º edição Eu sou a força Sou a esperança Sou a coragem Do arco, eu sou a lança Do jardim, eu sou a planta Da árvore, o fruto doce Sou também delicadeza. Do sonho, sou realidade Sofro e choro na verdade Sou Maria...Joana...Sou Mariana Me chame do que quiser Trago no peito o desejo de ser respeitada um dia Sou valente, sou guerreira A fé me faz companhia Sou sensata e corajosa Nas lutas de cada dia. Agora que já conheces Um pouco do meu viver, Sou Mulher, sou batalhadora Lutarei até morrer. QUEM SOU Lucia Costa Poetisa
  • 9. Jeane Bordignon voos.e.palavras JORNAL MENTE ATIVA Março de 2022 - 17º edição Não diga que somos delicadas. O mundo não nos permite ser. Ele nos cobra, sim, docilidade e modos sutis. Mas, ao mesmo tempo, nos obriga a criar tantas cascas para aguentar ser mulher, que até desaprendemos as delicadezas. Precisamos estar em estado de alerta constante e, quem não pode relaxar, acaba enrijecendo. Questão de sobrevivência, pois nossos corpos são alvo, mesmo com todos os esforços para nos protegermos. Não existe roupa segura. Não existe lugar seguro. A gente segue em frente, de teimosas que somos. Evitando várias ruas, vários copos, vários corpos… mas lutando para conseguir aproveitar um pouco da vida. Seguimos em frente, mesmo com todo o cansaço da jornada dupla ou tripla:, trabalha fora, cuida filho, limpa casa, lava roupa, faz as compras, leva ao médico, dorme pouco porque falta tempo… e quando cuidamos de nós? Não venha falar em “sexo frágil”… Vida de verdade: mulher quase nunca tem tempo de ser frágil. Pelo contrário. É preciso ser muito forte para conseguir ser mulher nesse mundo de tantas sobrecargas, opressões e ameaças. FLORES DE AÇO Mas, muito cedo aprendemos a produzir e sorrir, enquanto sangramos por dentro. Somos feitas de sangue, não de lágrimas. Pulsamos, com força.
  • 10. Arte de Paulo Corrêa Arte de Paulo Corrêa em homenagem à em homenagem à Mariele Franco Mariele Franco Cíntia Colares Jornalista e Poeta JORNAL MENTE ATIVA Março de 2022 - 17º edição Não é dia de somente dar flores. É dia de luta. De relembrar a luta de mulheres que nos precederam, batalharam e desencadearam muitas outras mobilizações para que hoje desfrutássemos dos direitos que já garantimos. Não queremos somente parabéns, queremos engajamento na nossa luta, reconhecimento de que ainda falta muito a atingir ou pôr em prática. A começar esclarecendo que feminismo não é o contrário de machismo. Machismo é um sistema opressor que nega direitos enquanto feminismo busca a equidade de gêneros, como explica a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. O feminismo tem o comprometimento de romper silêncios. A poeta negra e ativista lésbica Audre Lorde compartilhou um poema que fazia referência à questão do silêncio, incitando todas as mulheres exploradas e oprimidas à reação, pois o silêncio não irá nos salvar, e que superar o medo de falar é um gesto necessário de resistência. Lorde declara: “quando falamos temos medo/ de nossas palavras não serem ouvidas/ nem bem vindas/mas quando estamos em silêncio/ainda assim temos medo/É melhor falar então”. Desafiar mulheres a se manifestarem, contando nossas histórias, tem sido um dos aspectos transformadores centrais do movimento feminista, aponta Bell Hooks, ativista, escritora e mulher negra. Eis a importância de uma data para provocar debates e reflexões que reúnam mulheres e gerem ações que prossigam rendendo frutos, encontros, mobilizações e avanços na luta cotidiana por direitos da mulher. 8 de março, dia Internacional da Mulher, dia de lembrar que a luta não para. Sou Cíntia Colares, Sou Flor de Lótus. PRETAS NOSSAS Quando uma delas abre o verbo, uma avalanche de gritos de liberdade de ontem e hoje ecoam. Quando ela fala, é como se segurasse muito firme para impedir mãos que nos desferem chibatadas de palavras, atitudes e olhares que ainda hoje batem na nossa pele diariamente. Quando a outra fala, abrem-se corações. Ela nos faz confessar que estamos cansados de apanhar, mas não vamos parar de lutar. Vai ter luta, sim! Lutar é obrigação para quem nasceu na tela com as cenas que tentam nos emoldurar. Falo de Ana Dos Santos, . De Lilian Rocha, . Pretas Nossas. Guerreiras que nos inspiram a combater. Que nos fornecem armas cotidianamente para lutar. E coragem para nos desnudar. Suas vozes e reflexões bradam por um novo amanhã para nós, para os que vieram de nós e aos que virão. Pretas nossas, obrigada por dividirem conosco suas armas para o combate. Sou Flor de Lótus, sou Cíntia Colares✊🏿 Pra quê o Dia Internacional da Mulher mesmo?