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Conto popular brasileiro
IACI
E A
BONECA
Iaci vivia com os pais numa
povoação chamada cachimbo no
interior da grande selva
brasileira.
Iaci tinha uma boneca que não
era como as outras; era uma
boneca feita pelas suas
próprias mãos.
Pegara numa maçaroca de
milho e com as folhas
amarelecidas fizera-lhe um
vestido.
Depois olhou para a sua
boneca e chamou-lhe
Curumin. Iaci gostava
tanto da boneca que não a
abandonava um só
momento.
Iaci lavava a boneca, ajeitava-lhe o vestido, deitava-a na cama e abraçava-a muito.
A mãe chamava a menina para que a ajudasse a limpar e arrumar a casa:
- Iaci! Iaci! Vem ajudar-me a arrumar a casa!
Mas Iaci estava tão entretida a brincar com a boneca que não escutava a mãe.
Um dia, depois de
muito chamar, a mãe
de Iaci aborreceu-se e
disse-lhe:
- Se continuas a não
ouvir o que te digo,
ainda acabo por te
tirar essa boneca!
- A mãe só queria que a
menina prestasse mais
atenção ao seu
chamamento, mas Iaci
assustou-se e resolveu
esconder Curumin.
- Com a boneca bem
apertada nos braços,
Iaci foi até à margem
do rio onde costumava
dar-lhe banho todos os
dias.
Ali encontrou a sua amiga tartaruga que lhe perguntou:
- Que procuras por aqui, Iaci?
- Procuro um sitio para esconder a minha boneca.
- Isso é fácil – disse a tartaruga.
- Vê como eu faço: escavo um buraco na areia e aí escondo os meus ovos.
- Com as suas mãozinhas Iaci abriu uma cova como vira fazer à sua amiga
tartaruga e deixou a boneca na areia quente.
A areia cobria agora Curumin como um manto.
A menina disfarçou a cova cobrindo-a de folhas.
- Não te preocupes – disse a tartaruga. Enquanto vigio os meus ovos, olho
pela tua boneca.
Então Iaci regressou a casa.
Depois vieram as grandes chuvas. Chovia sem parar.
Passou muito tempo até que Iaci pudesse ir buscar a sua
boneca.
Até que um dia Iaci pôde finalmente ir buscar Curumin.
Mas tinha chovido tanto e o rio levava tanta água que a margem não
parecia a mesma.
Iaci não conseguia reconhecer o sítio onde deixara a boneca.
Procurou então a tartaruga e encontrou-
a rodeada de tartaruguinhas.
Então as duas foram até ao local onde
Iaci escondera a boneca; mas ali só viram
duas folhitas que se erguiam do solo
como se fossem duas mãozinhas verdes.
Iaci ajoelhou-se no chão para ver melhor. Estava quase a chorar, mas a
tartaruga disse-lhe:
- Não chores, Iaci. Estas folhas são a tua Curumin. Elas vão crescer e
tornar-se uma planta grande e alta. Depois nascerão muitas maçarocas
de milho.
-Vem buscá-las no verão. Encontrarás aqui a tua boneca
Chegou o Verão e a Iaci voltou à margem do Rio.
Ali onde escondera a sua Curumin, encontrou uma bela planta com muitas
maçarocas de milho. Agarrou uma, vestiu-a com folhas, e assim fez uma boneca
que era igual à sua Curumin.
Com as outras maçarocas a mãe de Iaci fez muitos bolinhos de milho.
Ilustração de Glória Carasusan Balle
Adaptação de C. Zendrera.
Texto em Português de Catarina Vilar

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  • 2. Iaci vivia com os pais numa povoação chamada cachimbo no interior da grande selva brasileira. Iaci tinha uma boneca que não era como as outras; era uma boneca feita pelas suas próprias mãos. Pegara numa maçaroca de milho e com as folhas amarelecidas fizera-lhe um vestido. Depois olhou para a sua boneca e chamou-lhe Curumin. Iaci gostava tanto da boneca que não a abandonava um só momento.
  • 3. Iaci lavava a boneca, ajeitava-lhe o vestido, deitava-a na cama e abraçava-a muito. A mãe chamava a menina para que a ajudasse a limpar e arrumar a casa: - Iaci! Iaci! Vem ajudar-me a arrumar a casa! Mas Iaci estava tão entretida a brincar com a boneca que não escutava a mãe.
  • 4. Um dia, depois de muito chamar, a mãe de Iaci aborreceu-se e disse-lhe: - Se continuas a não ouvir o que te digo, ainda acabo por te tirar essa boneca! - A mãe só queria que a menina prestasse mais atenção ao seu chamamento, mas Iaci assustou-se e resolveu esconder Curumin. - Com a boneca bem apertada nos braços, Iaci foi até à margem do rio onde costumava dar-lhe banho todos os dias.
  • 5. Ali encontrou a sua amiga tartaruga que lhe perguntou: - Que procuras por aqui, Iaci? - Procuro um sitio para esconder a minha boneca. - Isso é fácil – disse a tartaruga. - Vê como eu faço: escavo um buraco na areia e aí escondo os meus ovos. - Com as suas mãozinhas Iaci abriu uma cova como vira fazer à sua amiga tartaruga e deixou a boneca na areia quente.
  • 6. A areia cobria agora Curumin como um manto. A menina disfarçou a cova cobrindo-a de folhas. - Não te preocupes – disse a tartaruga. Enquanto vigio os meus ovos, olho pela tua boneca. Então Iaci regressou a casa.
  • 7. Depois vieram as grandes chuvas. Chovia sem parar. Passou muito tempo até que Iaci pudesse ir buscar a sua boneca.
  • 8. Até que um dia Iaci pôde finalmente ir buscar Curumin. Mas tinha chovido tanto e o rio levava tanta água que a margem não parecia a mesma. Iaci não conseguia reconhecer o sítio onde deixara a boneca.
  • 9. Procurou então a tartaruga e encontrou- a rodeada de tartaruguinhas. Então as duas foram até ao local onde Iaci escondera a boneca; mas ali só viram duas folhitas que se erguiam do solo como se fossem duas mãozinhas verdes.
  • 10. Iaci ajoelhou-se no chão para ver melhor. Estava quase a chorar, mas a tartaruga disse-lhe: - Não chores, Iaci. Estas folhas são a tua Curumin. Elas vão crescer e tornar-se uma planta grande e alta. Depois nascerão muitas maçarocas de milho. -Vem buscá-las no verão. Encontrarás aqui a tua boneca
  • 11. Chegou o Verão e a Iaci voltou à margem do Rio. Ali onde escondera a sua Curumin, encontrou uma bela planta com muitas maçarocas de milho. Agarrou uma, vestiu-a com folhas, e assim fez uma boneca que era igual à sua Curumin. Com as outras maçarocas a mãe de Iaci fez muitos bolinhos de milho.
  • 12. Ilustração de Glória Carasusan Balle Adaptação de C. Zendrera. Texto em Português de Catarina Vilar