4. A África Negra na Antiguidade
2. Kush e Méroe
Kush (ou Cuxe), foi uma civili-
zação que se desenvolveu na
região norte-africana da Núbia,
localizada no que é hoje o
norte do Sudão, a partir
do século XXXII a.C.
Uma das primeiras civilizações
a surgir no vale do rio Nilo, os
Estados Kushitas controlaram a
região antes do período das
incursões egípcias na área.
5. A África Negra na Antiguidade
2. Kush e Méroe
O nome dado a esta civilização é proveniente do Velho
Testamento, que registra um personagem bíblico, Kush (ou Cuxe,
ou Cus), que se estabeleceu no nordeste da África. Kush na Idade
Antiga e na Bíblia, correspondia a uma grande região que
abrangia o norte do Sudão, o sul do Egipto e partes da Etiópia,
Eritreia e Somália.
Esta zona do vale do Nilo, conhecida genericamente por Núbia,
era, em termos agrícolas, bem menos favorecida pela natureza:
• Zona mais seca;
• Inúmeras cataratas;
• Pouca influência do regime de inundações.
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2. Kush e Méroe
As primeiras sociedades a se desenvolver na área surgiram na Núbia
antes da Primeira Dinastia do Egipto (3100-2890 a.C.). Em cerca de
2500 aC., os egípcios começaram a avançar na direcção sul e é por
meio deles que a maior parte das informações sobre Kush ficou
conhecida. Mas esta expansão foi detida pela queda do Médio
Império no Egipto.
A expansão egípcia recomeçou em aproximadamente em 1500 a.C.,
mas desta vez encontrou resistência organizada. Os historiadores não
têm certeza se esta resistência foi oferecida por cidades-Estado
múltiplas ou por um império unificado, e debatem se o conceito de
Estado surgiu ali de modo independente ou se foi tomado do Egipto.
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2. Kush e Méroe
Devido à sua proximidade, a Núbia vai tornar-se num território,
por excelência, de exploração para o Egipto.
Seguidamente e aproveitando essa mesma proximidade, Kush
aproveitará o declínio egípcio para dominar todo o Vale.
Zona de cobiça para os povos vizinhos, Kush (tal como todo o
Vale do Nilo), sofrerá ataques e invasões, acabando por ser
conquistada por povos vindos da Ásia.
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A Núbia, terra de exploração
As riquezas desta zona, que se estendia até quase ao Equador,
eram bem conhecidas pelos egípcios:
As pedreiras para satisfazer os construtores do Norte;
As peles, o marfim, o incenso, o ébano;
Para garantir o controlo de todas estas riquezas e o seu
escoamento em segurança para Norte, os egípcios construíram
inúmeros fortes e postos avançados.
Foram feitas, inclusivamente, grandes obras de engenharia, para
desobstruir os passos dos rápidos e permitir a navegação ao
longo do Nilo.
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2. Kush e Méroe
A Núbia, terra de exploração
Altos funcionários instalados nas
cidades do Sul (Assuão e Elephantine),
organizavam o comércio, aproveita-
vam-se da 1ª catarata, abrindo aí
canais para permitir a passagem de bar
cos.
O comércio era intenso entre o Egipto
e a Núbia.
Os seus contactos com a zona mais a
Sul estendiam-se até El Fasher (no
Darfur).
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A Núbia, terra de exploração
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2. Kush e Méroe
À volta de Kerma desenvolve-se uma
civilização Kushita que era bem mais do
que um reflexo da cultura egípcia.
A produção maciça de jóias e artigos
decorativos ultrapassou a dos maiores
centros egípcios.
Os governadores são egípcios assimilados,
são enterrados segundo os rituais núbios
(deitados de lado com uma ou duas
mulheres e um carneiro, para além de um
sem número de pessoas, enterradas vivas,
para acompanharem o chefe.
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A Núbia, terra de exploração
A partir da 5ª dinastia o exército egípcio era, na sua maioria,
constituído por soldados núbios.
Os faraós do Império Novo fizeram da Núbia um vasto posto
comercial avançado em direcção aos países situados ainda mais
a Sul, como Punt (Somália ou Quénia) ou o Sudão central.
Os túmulos dos altos funcionários estão cheios de amostras da
vida luxuosa em que viviam: escravos, penas de avestruz, gado,
animais selvagens, peles, perfumes e gomas, girafas, ouro, etc.
Certos traços culturais dos núbios seguiam a rota das caravanas e
numerosos deuses e deusas do Sul (como o deus carneiro Khnun
que modelou os homens na roda de oleiro), iriam integrar-se no
panteão egípcio.
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A Núbia, terra de exploração
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A Núbia, terra de exploração
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2. Kush e Méroe
Kush à conquista do Egipto
O longo período de trocas (entre a 10ª e a 20ª dinastias), mais ou
menos pacífico, reforçou o poder de Kush.
A partir de 1100 aC. há uma fase de perturbações e de guerras civis
no Egipto, em que os Líbios intervêm.
O caos ameaça o Egipto e os vice-reis de Kush, apoiados nas suas
riquezas e nos seus exércitos, intervêm ao lado dos sacerdotes , e a
partir de 1085 aC. passam a controlar a maior parte do Egipto.
Em 950 aC. com o aparecimento da dinastia Líbia, Kush torna-se o
refugio da legitimidade egípcia, perante os estrangeiros do Norte.
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2. Kush e Méroe
Kush à conquista do Egipto
Em Kurru veem-se ainda os
túmulos dos quatro primeiros reis
de Kush e o progresso na qualidade
e na amplitude destes monumen-
tos traduz, ao fim e ao cabo, o
crescente poderio deste reino.
Em 750 aC, o rei Khasta, repeliu o
faraó para uma estreita zona
situada no delta do Nilo.
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Kush à conquista do Egipto
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Kush à conquista do Egipto
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Kush à conquista do Egipto
O rei Piankhy, sucessor de Khasta,
apaixonado por cavalos, mandou
construir dezenas de sepulturas
pomposas, frente à necrópole das
rainhas , em Kurru.
Este rei, após um conjunto de
incursões ao Norte do Egipto,
instaurou a 25ª dinastia, chamada a
dinastia etiópica.
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Kush à conquista do Egipto
O rei Shabaka (716 a 701 aC.), irmão e sucessor de Piankhy,
transferiu a capital de Napata para Tebas e instaurou uma
rigorosa administração sobre todo o conjunto do Egipto.
Foi um dos três maiores soberanos da época e usava o título de
Rei de Kush e do Egipto.
Alguns anos mais tarde, Taharqa (690 a 664 aC.), foi um dos
maiores reis desta dinastia. Fez-se sagrar rei em Menfis.
Vivia na zona do delta do Nilo para, de perto, poder vigiar os
movimentos dos seus inimigos externos (sobretudo os assírios).
Mandou construir uma enorme estátua de granito preto perto
de Djebel Barkal.
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Kush à conquista do Egipto
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Kush à conquista do Egipto
Cerca de 671 aC. os Assírios, sob o comando
de Assurbanipal, iniciam uma vasta ofensiva
para a conquista do Egipto. Em 666 aC.
Taharqa e o seu sobrinho (Tanwetamani), são
derrotados. Tebas é vencida.
Os Assírios deviam a sua supremacia à
utilização de armas de ferro e à sua disciplina
muito rigorosa.
Kush, que durante muito tempo fora o
escudo do Egipto, acaba por ter que se
vergar à superioridade dos assírios, potência
mais jovem, mais bem equipada e furiosa-
mente mais dinâmica.
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2. Kush e Méroe
Kush depois do Egipto
Os descendentes de Tanwetamani continua-
ram a intitular-se reis do Alto e do Baixo
Egipto, mas na realidade apenas dominavam
a zona a Sul das cataratas.
Entre 660 aC. e 350 dC. o reino de Napata vai
conhecer uma evolução bastante isolada,
sobretudo a partir do momento em que o
faraó Psametik I (colocado no trono pelos
assírios e vassalo destes), colocou contin-
gentes de soldados estrangeiros ao nível da
2ª catarata. Foi devido a esta pressão do
Norte que, cerca de 500 aC. a capital é
mudada de Napata para Méroe.
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2. Kush e Méroe
Kush depois do Egipto
O declínio de Kush é um assunto altamente controverso. Após o
século II, os túmulos reais começam a reduzir-se em dimensões e
esplendor e a construção de grandes monumentos cessou. Os
sepultamentos reais em pirâmides cessam a partir de meados do
século IV.
Segundo a teoria tradicional, Kush teria sido destruída por uma
invasão do reino etíope de Axum, por volta de 350. Entretanto,
alguns pensam que o relato axumita parece descrever a repressão a
uma revolta em terras que os etíopes já controlavam. Ademais,
refere-se apenas aos nubas (um povo dos montes Nuba, no actual
Sudão), sem mencionar os governantes de Méroe.
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Kush depois do Egipto
Méroe era independente mas
decrépita. Os dias de glória
tinham acabado. O Egipto passa-
va sucessivamente pelo domínio
dos Assírios, dos Persas, dos Gre-
gos, dos Romanos (que deitaram
fogo aos tesouros da Biblioteca
de Alexandria), dos Bizantinos e
dos Árabes.
Mas Kush e Méroe tinham pres-
tado serviços relevantes à civili-
zação Egípcia.
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Kush depois do Egipto
O último rei de Méroe chamava-se Sect Lie; pouco mais é conhecido
a seu respeito.
Por volta do século VI, novos Estados se haviam formado na área
antes controlada por Méroe. Ao que parece, os nobatas
(mencionados em fontes romanas anteriores e que alguns
estudiosos associam com os nubas) evoluíram para formar o Estado
da Nobácia (um reino cristão africano na Baixa Núbia) e outros na
região. Os outros dois Estados da área, Makúria e Alodia, eram
similares. Falavam núbio antigo e escreviam com uma versão do
alfabeto copta. A língua meroítica e sua escrita parecem ter
desaparecido.
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Kush depois do Egipto