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TRADIÇÕES DE LORIGA
Santa Ana
Vamos encontrar na história de Loriga um Quadro em madeira dedicado a Santa Ana, que tem uma história
curiosa e que tudo tem a ver e se relaciona à agricultura.
Relatos antigos, dão-nos conta de uma tradição muito antiga e curiosa em Loriga, que segundo os mesmos, em
tempos de seca, os agricultores loriguenses pegavam no quadro dedicado a Santa Ana e passavam-no pelas águas
das fontes. No caso de ficar molhado, a chuva estava para breve, mas no caso de ficar enxuto a seca continuava.
Curiosamente nas décadas de 1950-60, voltou a ser implementado em Loriga a dedicatória alusiva a Santa Ana,
também relacionado à agricultura, mas neste caso sem ser utilizado o Quadro de Santa Ana. Pois quando chovia
muito e se viam as colheitas a perderem-se, andavam os agricultores de porta em porta a pedir esmola para ser
feito missas para que deixasse de chover.
O Quadro de Santa Ana ainda hoje existente faz parte da Arte Sacra de Loriga. Todo ele em madeira onde ostenta
Santa Ana com o menino ao colo, são bem visíveis os traços de degradação em que se encontra e relacionado ao
motivo de ser passado muitas vezes pela água das fontes de Loriga.
Sagrada Família
Vem de longe a tradição em Loriga, em que as
imagem de São José, de Nossa Senhora e do
Menino Jesus, devidamente resguardados
num pequeno oratório, percorre as casas da
Vila numa verdadeira manifestação de fé.
São algumas as Sagradas Famílias existentes
em Loriga, distribuídas por diversas zonas da
vila sendo que, durante a permanência em
cada casa há sempre a preocupação de a
mesma estar iluminada, normalmente
utilizando para o efeito uma lamparina.
Habitualmente, a permanência da Sagrada
Família em cada casa é de 24 horas e, no seu
percurso, as pessoas vão colocando esmolas
num pequeno compartimento. Após ter
circulado em todas as habitações, uma
zeladora encarrega-se de recolher as ofertas
que, por sua vez, as entrega à Paróquia para
obras de caridade.
Com a população a diminuir, com muitas casas
fechadas por motivo de ausência dos seus
proprietários e, ainda, pelo facto de muitas
pessoas não mostrarem interesse em receber
a Sagrada Família, a mesma acaba por estar
dias seguidos na mesma casa.
Aos poucos vai-se perdendo uma tradição,
ainda na recordação de muitos, em que a
Sagrada Família não era entregue à vizinha
seguinte da comunidade, sem ser rezado o
terço em família.
Quarta-Feira de Cinzas
O primeiro dia da Quaresma no calendário cristão ocidental. As cinzas que os cristãos
católicos recebem neste dia é um símbolo para a reflexão sobre o dever da conversão, da
mudança de vida, recordando a passageira, transitória, efémera fragilidade da vida humana,
sujeita à morte.
Ela ocorre quarenta dias antes da Páscoa sem contar os domingos (que não são incluídos na
Quaresma) ou quarenta e seis dias contando os Domingos. Seu posicionamento varia a cada
ano, dependendo da data da Páscoa. A data pode variar do começo de Fevereiro até à
segunda semana de Março.
Com a quarta-feira de cinzas iniciamos a Quaresma, que é um período de quarenta dias de
preparação para a grande festa da Páscoa de Nosso Senhor. As palavras-chave desse período
são: Escuta (mais atenta da palavra de Deus), penitência e conversão. Na quarta de cinzas
são depositadas cinzas em nossas cabeças para nos lembrar que somos pó e ao pó
voltaremos. O uso litúrgico das cinzas tem sua origem no Antigo Testamento. As cinzas
simbolizam dor, morte e penitência.
Alguns cristãos tratam a Quarta-Feira de cinzas como um dia para se lembrar a mortalidade
da própria mortalidade. Missas são realizadas tradicionalmente nesse dia nas quais os
participantes são abençoados com cinzas pelo padre que preside à cerimónia.
O padre marca a testa de cada celebrante com cinzas, deixando uma marca que o cristão
normalmente deixa em sua testa até ao pôr-do-sol, antes de lavá-la. Esse simbolismo
relembra a antiga tradição do Médio Oriente de jogar cinzas sobre a cabeça como símbolo de
arrependimento perante Deus (como relatado diversas vezes na Bíblia). No Catolicismo
Romano é um dia de jejum e abstinência. O objetivo do jejum visa nos conduzir a reflexão e
conversão, nos mostrando que somos necessitados dos bens que Deus nos dá
Em Loriga a Quarta-Feira de Cinzas foi desde sempre um dia diferente, tempos houve que
era mesmo determinante para todo o tempo da Quaresma. As Missas nesse dia eram por
tradição muito convergida pelos fieis que de maneira alguma não queriam faltar a essa
liturgia do dia, muito importante e de necessidade na preparação da Quaresma.
O não comer carne e fazer penitência era também rituais muito bem cumpridos nas casas, ou
mesmo no normal quotidiano das pessoas, tudo isso já numa preparação bem na ideia
presente do período de celebração da Paixão de Jesus Cristo, que principia na Quarta-Feira
de Cinzas.
A Ementa das Almas
Na etnografia de Loriga a existência da "Ementa das Almas" é uma tradição
muito antiga, perdendo-se mesmo na noite dos tempos, e que se vem
mantendo de geração em geração.
Esta prática religiosa tem lugar na noite de Sábado para Domingo, durante a
Quaresma depois da 02h00 da manhã. Antes dessa hora os "Penitentes"
começam por se reunir no Adro da Igreja. Pouco depois e, enquanto alguns
sobem para a torre da Igreja, outros espalham-se pela vila em pontos altos que
lhes possibilite ver a torre, para travarem um "duelo" de cantos, onde evocam e
louvam a paixão e morte de Jesus a salvação da Almas. No silêncio da noite os
cânticos ecoam pela Vila, acordando os crentes que começam a rezar.
Por meio de badaladas no sino da torre da
Igreja anuncia-se a cerimónia.
Bendita e louvada seja,
A paixão do Redentor,
Para nos livrar das culpas
Morreu em nosso favor
*
Olha cristão que és terra
Olha que há-des morrer
Há-des dar contas a Deus
Do teu bom e mau viver
Acorda, pecador, acorda,
Do sono em que está "dormente",
Lembra-te das benditas almas,
Que estão no fogo ardente.
Confessa os teus pecados,
Emenda atua vida,
Que a morte te anda buscando,
De noite e mais de dia.
Domingo de Ramos em Loriga-Via Sacra dos Homens
• O Domingo de Ramos em Loriga é um dia importante
onde a tradição continua a manter-se bem viva, tal
como nos tempos passados.
Pela manhã, concentram-se as pessoas com os ramos
junto à Capela de Nossa Senhora do Carmo, de onde
sai a Procissão com destino à Igreja para serem
benzidos, seguindo-se depois a Santa Missa.
(Antigamente esta procissão realizava-se da Capela do
Santo António, existente no Largo com o mesmo
nome).
À noite tem lugar a Via-Sacra do homens e jovens,
que transportando uma grande cruz de madeira,
percorre as principais ruas da Vila, recordando o
caminho doloroso percorrido por Cristo a caminho do
Calvário. Esta manifestação de fé e de muita devoção,
é na verdade de enorme sentimento, de pesar, de
silêncio e de muito sentido respeito. Cerimónia esta
que nenhum homem quer de maneira alguma faltar.
A Via-Sacra termina na Igreja Paroquial com uma
cerimónia do encerramento a ser cantada por todos,
com versos alusivos ao martírio de Jesus
Sexta-Feira Santa-O "Enterro"
Procissão do Enterro de Jesus pelas
principais artérias de Loriga, e tal como
a escuridão da noite, é impressionante,
o negro das capas com os capuzes na
cabeça, que os irmãos da Irmandade
das Almas vestem, confirmando assim
o aspecto fúnebre e de penitência.
Procissão sempre majestosa que
decorre no maior respeito e silêncio,
incorporando-se todo o povo numa
grande manifestação de fé, devoção e
de muito sentimento.
A procissão com a imagem de Jesus
deitado no esquife, logo seguido do
andor com a imagem de Nossa
Senhora, depois de dar a volta à vila,
regressa à Igreja sempre no mesmo
tom de respeito, penitência e silêncio.
O Domingo de Páscoa em Loriga
O Domingo de Páscoa é um dia diferente em Loriga, apesar de os tempos
serem outros, continua na mesma, a viver-se esse dia com muita devoção
e entusiasmo.
No entanto, também é bem que se diga que já pouco tem haver com os
tempos passados. O Domingo de Páscoa, era na verdade vivido diferente
dos tempo de hoje.
O Domingo de Páscoa, começava com toda agente a despertar mais cedo,
pois não havia tempo a perder. As donas de casa apressavam o almoço e
davam os últimos retoques nas respectivas casas. Era preparada e
enfeitada a bandeja dos bolos. Dos "guarda-loiças" eram retirados os
melhores cálices e copos. Preparavam-se as garrafas do vinho abafado ou
vinho do Porto já há muito tempo guardadas, especialmente, para esse dia.
Ao meio-dia em ponto dobravam os sinos da Igreja anunciando a saída do
Senhor Padre e da Cruz de Cristo para a sua visita Pascal.
Todas as portas eram bem abertas, trocavam-se as visitas de familiares e
amigos, era uma azáfama total, com as pessoas a correr de um lado para
outro quando por vezes as visita Pascal condizia numa ou noutra casa ao
mesmo tempo. Por norma a visita pascal era realizada por dois padres que
percorriam toda a vila, um para o cimo outro para o fundo.
A Visita Pascal terminava já com o cair da noite, sendo bem patente nos
rostos o cansaço, mas ao mesmo tempo a satisfação do dever cumprido
para com o Senhor e com as famílias, mas também acima de tudo
sobressaía em todos, a Amizade, a Paz e a Fraternidade.
A "Noite dos Chocalhos" é uma tradição existente em Loriga que ocorre no
dia 11 de Novembro, dia dedicado a São Martinho. Apesar de ainda hoje
se festejar, graças à carolice de alguns, já pouco tem haver como em
tempos passados, que na realidade era festejado com grande intensidade.
Nessas épocas já distantes, eram muitos os pastores que se juntavam
carregados de chocalhos e campainhas com as respectivas coleiras, que
enfiavam nos braços e nas pernas e, em marcha acelerada, davam voltas
às ruas até altas horas da noite provocando um barulho ensurdecedor que
se ouvia por todo o lado e que, segundo relatos antigos, até se ouvia na
Portela do Arão. Por isso mesmo, nessa noite, as pessoas pouco ou nada
dormiam.
Este velho costume dos pastores, que se pensa vir de tempos remotos,
que segundo se sabe, destinava-se a festejar o facto de, os pastores
estarem nas montanhas a maior parte do ano junto aos seus rebanhos,
assim nessa data davam largas ao seu contentamento, aproveitando
também para a prova novo vinho.
Esta festa principiava já perto do final do dia, com a chegada dos pastores
à "Carreira" onde se reuniam, todos eles carregados com o maior número
possível de chocalhos e campainhas. Quando todos estavam presentes,
davam inicio à marcha pelas várias ruas da povoação, que terminava muito
perto da manhã, já muito bem bebidos, pois levavam a noite inteira a beber
uns bons quartilhos de vinho novo.
No ano em que Loriga foi atacada por grave epidemia, as autoridades
locais tentaram acabar com esta tradição antiga, o que provocou
discordância dos organizadores, tendo o assunto de ser resolvido pela
justíça.O Juiz, muito compreensivo, deu esta sentença que ficou
famosa"Cada terra tem seu uso e cada roca tem seu fuso, por isso temos
que respeitar as tradições".
À medida que a actividade pastorícia foi diminuindo, com o
desaparecimento dos rebanhos e consequentemente dos pastores, esta
tradição hoje em dia já não é o que era, no entanto, continua a existir em
alguns, a boa vontade, no sentido de conservar esta tradição.
DIA DE TODOS OS SANTOS
O Dia de Todos os Santos é um culto muito antigo, aliás, parece ter estado sempre
presente em quase todas as religiões, principalmente nas mais antigas. Na prática,
na Igreja Católica o Dia de Todos os Santos surgiu como um vínculo suplementar
entre vivos e mortos, destinado a todos. O próprio mundo profano, em geral,
também aderiu a essa prática. Com o passar do tempo, a comemoração
ultrapassou seu aspecto exclusivamente religioso, para revelar uma feição emotiva
e de saudade.
Tal como acontece por todo o lado, Loriga não foge à regra, este Dia de Todos os
Santos é também popularmente conhecido por "Dia dos Finados" só, que por
norma o "Dia de Finados" pertence ser celebrado no dia 2 de Novembro. De
qualquer das formas em Loriga, tanto o dia 31 de Outubro, como os dias 1 e 2 de
Novembro, são celebrados com muito respeito e também com muita dedicação aos
entes queridos, que partiram já desta vida dos vivos, uma data que representa ao
mesmo tempo um envolvimento de muitas recordações, de muitas tristezas e de
muitas saudades.
As sepulturas no cemitério, são "melhores arranjadas", com flores, velas, lampiões,
lamparinas, num cenário de verdadeira fé e pesar, com as pessoas junto das
campas dos seus familiares, recolhidas numa verdadeira manifestação de saudade,
respeito e sentida dor.
Nesta data dedicada aos "Finados", tradicionalmente, deslocam-se a Loriga muitas
pessoas que estão longe, para assim também desta forma e junto das campas dos
seus ente queridos, se unirem no espírito de saudade e recordação. Neste dia do
culto dedicado aos defuntos, por hábito, as pessoas deslocam-se à Igreja Matriz,
juntando-se em Procissão, que o Pároco faz muito perto do final do dia, véspera do
dia 1 de Novembro, numa romagem de saudade ao cemitério local, que se enche
de gente, chorando os seus familiares mortos, unindo o passado e futuro num só
presente.
No dia 1 de Novembro e durante todo o dia, as famílias e amigos, voltam
novamente até ao cemitério, visitando de novo as campas dos entes queridos, no
mesmo sentimento de saudade e de recordação.
Caiem folhas uma a uma
Os ramos ficam despidos...
Tardes frias de Novembro
Lembram mortos esquecidos.
*
Tudo se cala... Silêncio..
Noite fria... Os sinos choram...
Rezam almas neste mundo
Pelas almas que já foram...
*
Como eu sinto as badaladas
Chorando dentro de mim!...
Lá vão elas... Vou com elas
Por um mar que não tem fim...
*
É o mar da nossa Vida...
Onde acaba?... Lá no Céu....
Como chora a badalada
Que o velho sino trangeu...
*
Lembro as noites de Novembro
Do tempo que já lá vai...
E choro... choro... rezando
Por minha mãe por meu pai.
*
Era com eles, à noite
Que sempre depois da ceia,
Rezava pelas alminhas,
À triste Luz da candeia...
*
FOGUEIRA DO NATAL
Tal como acontece em muitas aldeias e vilas de Portugal, também em Loriga se mantém a tradição da Fogueira do Natal.
Na véspera do Natal, é lançado o fogo aos tocos ou madeiros, previamente colocados no Adro da Igreja, fazendo uma grande
fogueira que normalmente se mantem acesa até passar o primeiro dia do novo ano.
Nos primeiros quinze dias de Dezembro, organizam-se grupos de rapazes ou até mesmo homens, na procura dos tocos pelos
pinhais e soitos, que haviam de arder no meio do Adro da Igreja para, segundo reza a tradição, aquecer o Menino.
Em tempos que já lá vão, o transporte desses tocos era, normalmente, efectuado manualmente, com a ajuda de cordas, para o
arrastamento dos mesmos, cujos rastos ficavam bem marcados nas estradas, caminhos e ruas por onde passavam. Outras vezes,
o transporte era efectuado em zorras triangulares, feitas com troncos de pinheiros.
Actualmente o transporte dos tocos ou madeiros, processa-se por meio de transporte de camionetas, sendo hoje em dia
utilizados madeiros e troncos dos pinheiros, que pouco têm a ver com os tradicionais "tocos" velhos que em tempos passados se
usavam, e, que se encontravam um pouco pelos pinhais e soitos, deitados abaixo pelos ventos fortes que se faziam sentir durante
o ano.
Após a Missa do "Galo" e durante a noite da consoada, são muitos os que se juntam no Adro, em redor da Fogueira do Natal,
cantando hinos de louvor e de saudação pelo nascimento do Menino Jesus.
Em tempos passados, chegaram mesmo a serem efectuadas duas fogueiras do Natal, em Loriga, a do Adro e uma outra no local
chamado "Carreira", tudo isso fomentado por uma certa rivalidade que levava os moradores do "cimo" da vila a quererem
também uma fogueira só para eles.
Nos tempos que correm, apesar de esta tradição não juntar tantas pessoas junto à fogueira como nos tempos passados, a
Fogueira do Natal de Loriga, continua, no entanto, a ter uma presença bem real e ser uma chama bem acesa de recordações no
coração dos loriguenses.
O "Cambeiro" em Loriga
Há mais que uma forma para definir o "Cambeiro". Originalmente, o Cambeiro era um tronco de
pinheiro alto e esguio que, em certas noites festivas, se fixava num lugar, atando-lhe ramos que se
incendiavam para iluminar o local.
No entanto, em Loriga, trata-se de um mastro alto em madeira ornamentado com pendurais em
ferro e que faz parte de uma tradição antiga em honra de São Sebastião.
O "Cambeiro" sai em Janeiro, para as ruas da vila, sendo transportado em cortejo, e é anunciado à
população através de uma campainha levada pela pessoa que inicia o cortejo. Principia no adro
vazio e ali regressa depois de dar a volta às ruas já completamente recheado dos donativos ali
colocados.
Ao longo do seu percurso as pessoas vão colocando nos respectivos pendurais do "Cambeiro" as
suas ofertas:- Línguas de porco ou vaca, rabos e pés de porco, carne de porco, chouriços de carne,
farinheiras, morcelas, bacalhau, presunto, broa de milho e trigo.
Neste peditório para São Sebastião, são ainda oferecidos outros artigos comestíveis, tais como,
feijão, grão, milho, queijos, garrafas etc., que os mordomos vão transportando à parte, assim como,
também são oferecidos donativos em dinheiro.
É certo que hoje em dia já não tem a dimensão de outras eras, no entanto, continua a manter-se
bem viva a mesma originalidade deste peditório e, o "Cambeiro" lá vai percorrendo as ruas
recebendo as ofertas dos artigos comestíveis, que apesar de tudo, mesmo hoje em dia continua a
fazer a diferença de outros peditórios.
De regresso ao adro, dá-se início ao leilão de todas essas ofertas, que revertem para o culto e Festa
anual de São Sebastião, que actualmente se festeja no mês de Julho.

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Tradições e rituais de Loriga

  • 1. TRADIÇÕES DE LORIGA Santa Ana Vamos encontrar na história de Loriga um Quadro em madeira dedicado a Santa Ana, que tem uma história curiosa e que tudo tem a ver e se relaciona à agricultura. Relatos antigos, dão-nos conta de uma tradição muito antiga e curiosa em Loriga, que segundo os mesmos, em tempos de seca, os agricultores loriguenses pegavam no quadro dedicado a Santa Ana e passavam-no pelas águas das fontes. No caso de ficar molhado, a chuva estava para breve, mas no caso de ficar enxuto a seca continuava. Curiosamente nas décadas de 1950-60, voltou a ser implementado em Loriga a dedicatória alusiva a Santa Ana, também relacionado à agricultura, mas neste caso sem ser utilizado o Quadro de Santa Ana. Pois quando chovia muito e se viam as colheitas a perderem-se, andavam os agricultores de porta em porta a pedir esmola para ser feito missas para que deixasse de chover. O Quadro de Santa Ana ainda hoje existente faz parte da Arte Sacra de Loriga. Todo ele em madeira onde ostenta Santa Ana com o menino ao colo, são bem visíveis os traços de degradação em que se encontra e relacionado ao motivo de ser passado muitas vezes pela água das fontes de Loriga.
  • 2. Sagrada Família Vem de longe a tradição em Loriga, em que as imagem de São José, de Nossa Senhora e do Menino Jesus, devidamente resguardados num pequeno oratório, percorre as casas da Vila numa verdadeira manifestação de fé. São algumas as Sagradas Famílias existentes em Loriga, distribuídas por diversas zonas da vila sendo que, durante a permanência em cada casa há sempre a preocupação de a mesma estar iluminada, normalmente utilizando para o efeito uma lamparina. Habitualmente, a permanência da Sagrada Família em cada casa é de 24 horas e, no seu percurso, as pessoas vão colocando esmolas num pequeno compartimento. Após ter circulado em todas as habitações, uma zeladora encarrega-se de recolher as ofertas que, por sua vez, as entrega à Paróquia para obras de caridade. Com a população a diminuir, com muitas casas fechadas por motivo de ausência dos seus proprietários e, ainda, pelo facto de muitas pessoas não mostrarem interesse em receber a Sagrada Família, a mesma acaba por estar dias seguidos na mesma casa. Aos poucos vai-se perdendo uma tradição, ainda na recordação de muitos, em que a Sagrada Família não era entregue à vizinha seguinte da comunidade, sem ser rezado o terço em família.
  • 3. Quarta-Feira de Cinzas O primeiro dia da Quaresma no calendário cristão ocidental. As cinzas que os cristãos católicos recebem neste dia é um símbolo para a reflexão sobre o dever da conversão, da mudança de vida, recordando a passageira, transitória, efémera fragilidade da vida humana, sujeita à morte. Ela ocorre quarenta dias antes da Páscoa sem contar os domingos (que não são incluídos na Quaresma) ou quarenta e seis dias contando os Domingos. Seu posicionamento varia a cada ano, dependendo da data da Páscoa. A data pode variar do começo de Fevereiro até à segunda semana de Março. Com a quarta-feira de cinzas iniciamos a Quaresma, que é um período de quarenta dias de preparação para a grande festa da Páscoa de Nosso Senhor. As palavras-chave desse período são: Escuta (mais atenta da palavra de Deus), penitência e conversão. Na quarta de cinzas são depositadas cinzas em nossas cabeças para nos lembrar que somos pó e ao pó voltaremos. O uso litúrgico das cinzas tem sua origem no Antigo Testamento. As cinzas simbolizam dor, morte e penitência. Alguns cristãos tratam a Quarta-Feira de cinzas como um dia para se lembrar a mortalidade da própria mortalidade. Missas são realizadas tradicionalmente nesse dia nas quais os participantes são abençoados com cinzas pelo padre que preside à cerimónia. O padre marca a testa de cada celebrante com cinzas, deixando uma marca que o cristão normalmente deixa em sua testa até ao pôr-do-sol, antes de lavá-la. Esse simbolismo relembra a antiga tradição do Médio Oriente de jogar cinzas sobre a cabeça como símbolo de arrependimento perante Deus (como relatado diversas vezes na Bíblia). No Catolicismo Romano é um dia de jejum e abstinência. O objetivo do jejum visa nos conduzir a reflexão e conversão, nos mostrando que somos necessitados dos bens que Deus nos dá Em Loriga a Quarta-Feira de Cinzas foi desde sempre um dia diferente, tempos houve que era mesmo determinante para todo o tempo da Quaresma. As Missas nesse dia eram por tradição muito convergida pelos fieis que de maneira alguma não queriam faltar a essa liturgia do dia, muito importante e de necessidade na preparação da Quaresma. O não comer carne e fazer penitência era também rituais muito bem cumpridos nas casas, ou mesmo no normal quotidiano das pessoas, tudo isso já numa preparação bem na ideia presente do período de celebração da Paixão de Jesus Cristo, que principia na Quarta-Feira de Cinzas.
  • 4. A Ementa das Almas Na etnografia de Loriga a existência da "Ementa das Almas" é uma tradição muito antiga, perdendo-se mesmo na noite dos tempos, e que se vem mantendo de geração em geração. Esta prática religiosa tem lugar na noite de Sábado para Domingo, durante a Quaresma depois da 02h00 da manhã. Antes dessa hora os "Penitentes" começam por se reunir no Adro da Igreja. Pouco depois e, enquanto alguns sobem para a torre da Igreja, outros espalham-se pela vila em pontos altos que lhes possibilite ver a torre, para travarem um "duelo" de cantos, onde evocam e louvam a paixão e morte de Jesus a salvação da Almas. No silêncio da noite os cânticos ecoam pela Vila, acordando os crentes que começam a rezar.
  • 5. Por meio de badaladas no sino da torre da Igreja anuncia-se a cerimónia. Bendita e louvada seja, A paixão do Redentor, Para nos livrar das culpas Morreu em nosso favor * Olha cristão que és terra Olha que há-des morrer Há-des dar contas a Deus Do teu bom e mau viver Acorda, pecador, acorda, Do sono em que está "dormente", Lembra-te das benditas almas, Que estão no fogo ardente. Confessa os teus pecados, Emenda atua vida, Que a morte te anda buscando, De noite e mais de dia.
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  • 7. Domingo de Ramos em Loriga-Via Sacra dos Homens • O Domingo de Ramos em Loriga é um dia importante onde a tradição continua a manter-se bem viva, tal como nos tempos passados. Pela manhã, concentram-se as pessoas com os ramos junto à Capela de Nossa Senhora do Carmo, de onde sai a Procissão com destino à Igreja para serem benzidos, seguindo-se depois a Santa Missa. (Antigamente esta procissão realizava-se da Capela do Santo António, existente no Largo com o mesmo nome). À noite tem lugar a Via-Sacra do homens e jovens, que transportando uma grande cruz de madeira, percorre as principais ruas da Vila, recordando o caminho doloroso percorrido por Cristo a caminho do Calvário. Esta manifestação de fé e de muita devoção, é na verdade de enorme sentimento, de pesar, de silêncio e de muito sentido respeito. Cerimónia esta que nenhum homem quer de maneira alguma faltar. A Via-Sacra termina na Igreja Paroquial com uma cerimónia do encerramento a ser cantada por todos, com versos alusivos ao martírio de Jesus
  • 8. Sexta-Feira Santa-O "Enterro" Procissão do Enterro de Jesus pelas principais artérias de Loriga, e tal como a escuridão da noite, é impressionante, o negro das capas com os capuzes na cabeça, que os irmãos da Irmandade das Almas vestem, confirmando assim o aspecto fúnebre e de penitência. Procissão sempre majestosa que decorre no maior respeito e silêncio, incorporando-se todo o povo numa grande manifestação de fé, devoção e de muito sentimento. A procissão com a imagem de Jesus deitado no esquife, logo seguido do andor com a imagem de Nossa Senhora, depois de dar a volta à vila, regressa à Igreja sempre no mesmo tom de respeito, penitência e silêncio.
  • 9. O Domingo de Páscoa em Loriga O Domingo de Páscoa é um dia diferente em Loriga, apesar de os tempos serem outros, continua na mesma, a viver-se esse dia com muita devoção e entusiasmo. No entanto, também é bem que se diga que já pouco tem haver com os tempos passados. O Domingo de Páscoa, era na verdade vivido diferente dos tempo de hoje. O Domingo de Páscoa, começava com toda agente a despertar mais cedo, pois não havia tempo a perder. As donas de casa apressavam o almoço e davam os últimos retoques nas respectivas casas. Era preparada e enfeitada a bandeja dos bolos. Dos "guarda-loiças" eram retirados os melhores cálices e copos. Preparavam-se as garrafas do vinho abafado ou vinho do Porto já há muito tempo guardadas, especialmente, para esse dia. Ao meio-dia em ponto dobravam os sinos da Igreja anunciando a saída do Senhor Padre e da Cruz de Cristo para a sua visita Pascal. Todas as portas eram bem abertas, trocavam-se as visitas de familiares e amigos, era uma azáfama total, com as pessoas a correr de um lado para outro quando por vezes as visita Pascal condizia numa ou noutra casa ao mesmo tempo. Por norma a visita pascal era realizada por dois padres que percorriam toda a vila, um para o cimo outro para o fundo. A Visita Pascal terminava já com o cair da noite, sendo bem patente nos rostos o cansaço, mas ao mesmo tempo a satisfação do dever cumprido para com o Senhor e com as famílias, mas também acima de tudo sobressaía em todos, a Amizade, a Paz e a Fraternidade.
  • 10. A "Noite dos Chocalhos" é uma tradição existente em Loriga que ocorre no dia 11 de Novembro, dia dedicado a São Martinho. Apesar de ainda hoje se festejar, graças à carolice de alguns, já pouco tem haver como em tempos passados, que na realidade era festejado com grande intensidade. Nessas épocas já distantes, eram muitos os pastores que se juntavam carregados de chocalhos e campainhas com as respectivas coleiras, que enfiavam nos braços e nas pernas e, em marcha acelerada, davam voltas às ruas até altas horas da noite provocando um barulho ensurdecedor que se ouvia por todo o lado e que, segundo relatos antigos, até se ouvia na Portela do Arão. Por isso mesmo, nessa noite, as pessoas pouco ou nada dormiam. Este velho costume dos pastores, que se pensa vir de tempos remotos, que segundo se sabe, destinava-se a festejar o facto de, os pastores estarem nas montanhas a maior parte do ano junto aos seus rebanhos, assim nessa data davam largas ao seu contentamento, aproveitando também para a prova novo vinho. Esta festa principiava já perto do final do dia, com a chegada dos pastores à "Carreira" onde se reuniam, todos eles carregados com o maior número possível de chocalhos e campainhas. Quando todos estavam presentes, davam inicio à marcha pelas várias ruas da povoação, que terminava muito perto da manhã, já muito bem bebidos, pois levavam a noite inteira a beber uns bons quartilhos de vinho novo. No ano em que Loriga foi atacada por grave epidemia, as autoridades locais tentaram acabar com esta tradição antiga, o que provocou discordância dos organizadores, tendo o assunto de ser resolvido pela justíça.O Juiz, muito compreensivo, deu esta sentença que ficou famosa"Cada terra tem seu uso e cada roca tem seu fuso, por isso temos que respeitar as tradições". À medida que a actividade pastorícia foi diminuindo, com o desaparecimento dos rebanhos e consequentemente dos pastores, esta tradição hoje em dia já não é o que era, no entanto, continua a existir em alguns, a boa vontade, no sentido de conservar esta tradição.
  • 11. DIA DE TODOS OS SANTOS O Dia de Todos os Santos é um culto muito antigo, aliás, parece ter estado sempre presente em quase todas as religiões, principalmente nas mais antigas. Na prática, na Igreja Católica o Dia de Todos os Santos surgiu como um vínculo suplementar entre vivos e mortos, destinado a todos. O próprio mundo profano, em geral, também aderiu a essa prática. Com o passar do tempo, a comemoração ultrapassou seu aspecto exclusivamente religioso, para revelar uma feição emotiva e de saudade. Tal como acontece por todo o lado, Loriga não foge à regra, este Dia de Todos os Santos é também popularmente conhecido por "Dia dos Finados" só, que por norma o "Dia de Finados" pertence ser celebrado no dia 2 de Novembro. De qualquer das formas em Loriga, tanto o dia 31 de Outubro, como os dias 1 e 2 de Novembro, são celebrados com muito respeito e também com muita dedicação aos entes queridos, que partiram já desta vida dos vivos, uma data que representa ao mesmo tempo um envolvimento de muitas recordações, de muitas tristezas e de muitas saudades. As sepulturas no cemitério, são "melhores arranjadas", com flores, velas, lampiões, lamparinas, num cenário de verdadeira fé e pesar, com as pessoas junto das campas dos seus familiares, recolhidas numa verdadeira manifestação de saudade, respeito e sentida dor. Nesta data dedicada aos "Finados", tradicionalmente, deslocam-se a Loriga muitas pessoas que estão longe, para assim também desta forma e junto das campas dos seus ente queridos, se unirem no espírito de saudade e recordação. Neste dia do culto dedicado aos defuntos, por hábito, as pessoas deslocam-se à Igreja Matriz, juntando-se em Procissão, que o Pároco faz muito perto do final do dia, véspera do dia 1 de Novembro, numa romagem de saudade ao cemitério local, que se enche de gente, chorando os seus familiares mortos, unindo o passado e futuro num só presente. No dia 1 de Novembro e durante todo o dia, as famílias e amigos, voltam novamente até ao cemitério, visitando de novo as campas dos entes queridos, no mesmo sentimento de saudade e de recordação.
  • 12. Caiem folhas uma a uma Os ramos ficam despidos... Tardes frias de Novembro Lembram mortos esquecidos. * Tudo se cala... Silêncio.. Noite fria... Os sinos choram... Rezam almas neste mundo Pelas almas que já foram... * Como eu sinto as badaladas Chorando dentro de mim!... Lá vão elas... Vou com elas Por um mar que não tem fim... * É o mar da nossa Vida... Onde acaba?... Lá no Céu.... Como chora a badalada Que o velho sino trangeu... * Lembro as noites de Novembro Do tempo que já lá vai... E choro... choro... rezando Por minha mãe por meu pai. * Era com eles, à noite Que sempre depois da ceia, Rezava pelas alminhas, À triste Luz da candeia... *
  • 13. FOGUEIRA DO NATAL Tal como acontece em muitas aldeias e vilas de Portugal, também em Loriga se mantém a tradição da Fogueira do Natal. Na véspera do Natal, é lançado o fogo aos tocos ou madeiros, previamente colocados no Adro da Igreja, fazendo uma grande fogueira que normalmente se mantem acesa até passar o primeiro dia do novo ano. Nos primeiros quinze dias de Dezembro, organizam-se grupos de rapazes ou até mesmo homens, na procura dos tocos pelos pinhais e soitos, que haviam de arder no meio do Adro da Igreja para, segundo reza a tradição, aquecer o Menino. Em tempos que já lá vão, o transporte desses tocos era, normalmente, efectuado manualmente, com a ajuda de cordas, para o arrastamento dos mesmos, cujos rastos ficavam bem marcados nas estradas, caminhos e ruas por onde passavam. Outras vezes, o transporte era efectuado em zorras triangulares, feitas com troncos de pinheiros. Actualmente o transporte dos tocos ou madeiros, processa-se por meio de transporte de camionetas, sendo hoje em dia utilizados madeiros e troncos dos pinheiros, que pouco têm a ver com os tradicionais "tocos" velhos que em tempos passados se usavam, e, que se encontravam um pouco pelos pinhais e soitos, deitados abaixo pelos ventos fortes que se faziam sentir durante o ano. Após a Missa do "Galo" e durante a noite da consoada, são muitos os que se juntam no Adro, em redor da Fogueira do Natal, cantando hinos de louvor e de saudação pelo nascimento do Menino Jesus. Em tempos passados, chegaram mesmo a serem efectuadas duas fogueiras do Natal, em Loriga, a do Adro e uma outra no local chamado "Carreira", tudo isso fomentado por uma certa rivalidade que levava os moradores do "cimo" da vila a quererem também uma fogueira só para eles. Nos tempos que correm, apesar de esta tradição não juntar tantas pessoas junto à fogueira como nos tempos passados, a Fogueira do Natal de Loriga, continua, no entanto, a ter uma presença bem real e ser uma chama bem acesa de recordações no coração dos loriguenses.
  • 14. O "Cambeiro" em Loriga Há mais que uma forma para definir o "Cambeiro". Originalmente, o Cambeiro era um tronco de pinheiro alto e esguio que, em certas noites festivas, se fixava num lugar, atando-lhe ramos que se incendiavam para iluminar o local. No entanto, em Loriga, trata-se de um mastro alto em madeira ornamentado com pendurais em ferro e que faz parte de uma tradição antiga em honra de São Sebastião. O "Cambeiro" sai em Janeiro, para as ruas da vila, sendo transportado em cortejo, e é anunciado à população através de uma campainha levada pela pessoa que inicia o cortejo. Principia no adro vazio e ali regressa depois de dar a volta às ruas já completamente recheado dos donativos ali colocados. Ao longo do seu percurso as pessoas vão colocando nos respectivos pendurais do "Cambeiro" as suas ofertas:- Línguas de porco ou vaca, rabos e pés de porco, carne de porco, chouriços de carne, farinheiras, morcelas, bacalhau, presunto, broa de milho e trigo. Neste peditório para São Sebastião, são ainda oferecidos outros artigos comestíveis, tais como, feijão, grão, milho, queijos, garrafas etc., que os mordomos vão transportando à parte, assim como, também são oferecidos donativos em dinheiro. É certo que hoje em dia já não tem a dimensão de outras eras, no entanto, continua a manter-se bem viva a mesma originalidade deste peditório e, o "Cambeiro" lá vai percorrendo as ruas recebendo as ofertas dos artigos comestíveis, que apesar de tudo, mesmo hoje em dia continua a fazer a diferença de outros peditórios. De regresso ao adro, dá-se início ao leilão de todas essas ofertas, que revertem para o culto e Festa anual de São Sebastião, que actualmente se festeja no mês de Julho.