1. Exemplar avulso
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ISSN 1679-0243
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Setembro 2010 | No 9 | Ano 93
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Vida com Deus Em foco Meditação
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3. Ao leitor
A dupla cidadania Nesta edição
O mês de setembro registra a data da proclamação da Indepen-
dência do Brasil, que é motivo de orgulho para todos os cidadãos bra- Vida com Deus 06
sileiros. Ter uma Pátria livre, onde, em tese, cada um tem a liberdade
de decidir a sua vida pessoal, familiar, religiosa, política, profissional, Em foco 07
etc. é uma grande bênção. Claro, partimos do pressuposto de que as
leis sejam justas e que valem para todos; de que os valores comuns e Adoração e louvor 08
as instituições organizadas para a boa ordem social são reconhecidas e
protegidas; de que os direitos, assim como os deveres, são respeitados Capa 10
e cumpridos por todos.
Neste contexto social, político, cultural, religioso, de sonhos e Meditação 14
realidades distintas, de conquistas e desafios permanentes, somos
chamados novamente ao exercício especial da cidadania terrena, Educação Teológica 16
para (através do voto em outubro) escolhermos novos governantes,
federais e estaduais, nos poderes executivo e legislativo. Testemunhos 22
Como cristãos, a partir da fé, so-
mos portadores de duas cidadanias: Divulgação 23
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escolhas, em todos os setores da vida, buscando sempre
o melhor para todos.
A cidadania celestial, recebemos pelo renascimento no santo
09
Batismo. Nela, viveremos em plenitude só lá na pátria celeste. No Música na igreja
entanto, desde agora ela influencia e direciona as nossas escolhas O dom da música
de cada dia. Pois, enquanto estamos aqui no mundo, caminhamos
com os olhos voltados para o alto, porém, com os pés no chão. Em
outras palavras: estamos no mundo, mas dele não somos, aqui nós
vivemos distantes do lar; a nossa morada de paz se reveste, a pátria
celeste é o nosso lugar!
Enquanto isso não acontece, vivemos em oração e ação, em
13
louvor e serviço, a Deus e ao próximo. Pensemos nisso enquanto Vida Cristã
fazemos as nossas escolhas para a próxima eleição. Castelo Forte,
devoções diárias
Gratidão especial a todas as pessoas que nos envia-
ram mensagens de felicitações pelos 87 anos da Editora
Concórdia, completados em 13 de agosto de 2010. m
21
Perguntas
Dons espirituais
Nilo Wachholz
Editor-Redator
editor@editoraconcordia.com.br
Mensageiro Luterano | Setembro 2010 | Nº 9 | ANo 93 3
4. Divulgação
ISSN 1679-0243
Órgão Oficial da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB)
de periodicidade mensal (exceto janeiro e fevereiro - edição
única). Registrado sob nº 249, livro M, nº 1, em dezembro de
AESI realiza Fórum de Ação Social
1935, no Registro de Títulos e Documentos do Rio de Janeiro, No fim de semana dos dias 25 e 26 de setembro, a AESI
conforme o Decreto-Lei de Imprensa nº 24776 de 14/07/1934.
– Associação das Entidades de Assistência Social da IELB –
Projeto e Produção Gráfica
Editora Concórdia Ltda.
promove o 2º Fórum de Ação Social, em Toledo, PR. Tendo
Redação: mensageiro@editoraconcordia.com.br como meta despertar, orientar, fortalecer e motivar para ações
Editor concretas de amor e serviço ao próximo, a entidade quer reu-
Nilo Wachholz - Reg. Prof. MTb: 42140/SP
Assistente Editorial nir representantes das entidades sociais filiadas ou não a AESI,
Daiene Bauer Kühl - Reg. Prof. MTb: 14623/RS Coordenadores Distritais da Área Social e membros da IELB interessados no assunto.
Revisão
Aline Lorentz Sabka A AESI se propõe a auxiliar a Igreja para conscientizar, motivar e orientar cada congregação, a
Diagramação
Leandro da Rosa Camaratta fim de que se torne um(a) Agente/Agência de Serviço e Ação Social, ali onde estiver inserida.
Estagiário de Design O Fórum é uma grande oportunidade para o crescimento e reflexão sobre esta área na
Christian Schünke
Colaboradores fixos IELB. Assim, todos juntos poderão testemunhar e viver o amor de Cristo.
Bruno Ries, Luisivan Vellar Strelow
Marcos Schmidt, Mona Liza Fuhrmann, Contato: Pelo e-mail dorcastoledo@uol.com.br, com Rejane.
Rosemarie K. Lange, Vitor Radünz, Waldyr Hoffmann
Assinaturas Mais informações no site www.editoraconcordia.com.br.
Lianete Schneider de Souza
Logística PALESTRAS
Marcelo Azambuja
25 de setembro (sábado)
Assinatura no Brasil
Semestral R$ 29,00; Anual R$ 46,00; Bianual R$ 86,00
1. Perspectiva Bíblica da Ação Social – Olhar de compaixão, Pastor Gerhard Grasel,
Assinatura para outros países ULBRA, Canoas, RS
Anual US$ 52,00; Bianual US$ 100,00
2. Perspectiva Prática – Direitos sociais e humanização dos serviços, Assistente Social
Tiragem desta edição: 9 mil exemplares
Rejane L. Neumann, Centro Comunitário e Social Dorcas, Toledo, PR
A Redação reserva-se o direito de publicar ou não o material a
enviado, bem como editá-lo para fins de publicação. Matérias 3. Perspectiva Legal - Legislação atual e um olhar gerencial, Assistente Social Simone
assinadas não expressam necessariamente a opinião da Redação
ou da Administração Nacional da IELB. O conteúdo do Mensa- Beatriz Ferrari, Prefeitura Municipal de Toledo, PR
geiro pode ser reproduzido, mencionados o autor e a fonte.
26 de setembro (domingo)
Editora 4. Perspectiva Missionária – Compartilhando experiências da vida com Deus, Pastor José
Concórdia Daniel Steimetz, Associação Ev. Luterana de Caridade, AELCA, Porto Alegre, RS
Av. São Pedro, 633 – Bairro São Geraldo 5. Relato da AESI e Desafios no Planejamento da IELB, Pastores Nelson Kissler e Tealmo
CEP 90230-120 – Porto Alegre – RS
Fone/Fax: (51) 3272 3456 Percheron (presidente e vice presidente da AESI), Geraldo Schüller (vice-presidente da
www.editoraconcordia.com.br
twitter.com/edconcordia IELB) e Mario Lehenbauer (Assessor de Ação Social e Coordenador de Projetos da IELB)
Editora: editora@editoraconcordia.com.br 6. Atividade em grupo – Propostas para a Ação Social da IELB
Livraria: comercial@editoraconcordia.com.br
Diretoria Executiva
Henry J. Rheinheimer (presidente),
Clóvis J. Prunzel, Nilo Wachholz,
Nilson Krick e Rubens José Ogg
Do leitor
Gerente
Nilson Krick
nilson@editoraconcordia.com.br Estimado Editor,
Depto Financeiro Recebi, com satisfação, o exemplar de agos-
Joel Weber Que o Salvador Jesus der-
Editor to, da revista Mensageiro Luterano, que aborda
rame sempre as ricas bençãos
Nilo Wachholz com muita propriedade o assunto Música Sacra.
editor@editoraconcordia.com.br sobre a sua vida e a toda equipe
Comissão Editorial Da bem cuidada reportagem assinada por Paulo
Rubens José Ogg, Célia M. Bündchen, do Mensageiro Luterano. Quero
Clóvis J. Prunzel, Nilo Wachholz, Udo Kunstmann, deduz-se que a Igreja Luterana
Adilson Schünke e Nilson Krick aproveitar para parabenizá-los
tem cultivado, desde a Reforma, não só a Música
por todas as matérias publicadas,
Sacra Litúrgica, mas a Música Sacra Clássica
IGREJA EVANGÉLICA LUTERANA DO BRASIL e dizer que é muito gratificante
– privilégio que nem todas as Igrejas sabem
Rua Cel. Lucas de Oliveira, 894 ler o Mensageiro e receber infor-
Bairro Mont’Serrat - CEP 90440-010 aproveitar. Este é, sem dúvida, o grande legado
mações e notícias que acontecem
Porto Alegre/RS – Brasil de Lutero. Que esse esforço seja abençoado.
Fone: (51) 3332 2111 / Fax: (51) 3332 8145
Talita de Almeida Montenegro na nossa querida IELB.
e-mail: ielb@ielb.org.br
Igreja Presbiteriana do Riachuelo Jonas Hoffmann
Diretoria Nacional 2010/2014
Rio de Janeiro, RJ Presidente da CEL Castelo Forte,
Presidente
Egon Kopereck Nova Venécia, ES
1º Vice-presidente
Arnildo Schneider
2º Vice-presidente
Geraldo Walmir Schüler
Secretário
ERRATAS
Rubens José Ogg
Tesoureiro
* Na página 34, da edição de agosto, os nomes
Renato Bauermann * A data do falecimento do pastor Emilio do missionário e do pastor que trabalharam na
Frederico Augusto Krieser, publicada no região de Passo Fundo, RS, estão incorretos. O
A IELB crê, confessa e ensina que os livros canônicos das
Escrituras Sagradas, do Antigo e do Novo Testamento, são a texto Ainda o Dia do Pastor, na edição de missionário é John Busch, formado em feverei-
Palavra infalível revelada por Deus e aceita, como exposição
correta dessa Palavra, os livros simbólicos da Igreja Evangélica agosto de 2010, está incorreta. A data certa ro de 1911, em Saint Louis, EUA; e o pastor é
Luterana, reunidos no Livro de Concórdia do ano 1580. é 6 de novembro de 1980. Daltro Kautzmann.
4 Mensageiro Luterano | Setembro 2010 | Nº 9 | ANo 93
5. Mensagem do presidente
A vida da Igreja
o lançamento dos novos devocionários
Foto: Rodrigo Abreu/ Arquivo
Castelo Forte e Cinco Minutos Com Jesus.
Que bênção termos a nossa disposição um
material tão rico, tão acessível e de tão
grande valor para alimentar a nossa fé! O
grande pregador Spurgeon disse: “O altar
da família é uma das melhores e mais anti-
gas instituições no mundo, e abençoada é a
família onde ele existe”. Não deixemos de
adquirir o nosso devocionário, e, por que
não pensar em dar de presente aos nossos
vizinhos, amigos, colegas de trabalho e
amigo secreto (oculto) de final de ano?!
Um devocionário é um excelente meio de
testemunhar nossa fé. Pensemos nisto!
Eleições
E, por fim, não poderia deixar de trazer
uma palavra também sobre o importante
Q
pleito que está diante de nós. Não deixe-
ueridos irmãos e irmãs em Cristo! Os ERPEDs têm acontecido por todas as mos de fazer a nossa parte. Devemos ter
Setembro é o mês da ESCOLA regiões do nosso Brasil, e fico feliz, quan- muito cuidado e critério ao escolher os
DOMINICAL. Em Pv 22.6, o sábio do ouço o nosso Coordenador do PEM, nossos candidatos – eles estarão a nossa
Salomão diz: “Ensina a criança no caminho pastor Adilson Schünke, falar com alegria frente nos próximos quatro anos. Coloque-
em que deve andar, e, ainda quando for e entusiasmo da participação crescente mos nas mãos de Deus a decisão do nosso
velho, não se desviará dele”. É na infân- dos professores nestes eventos. Quando povo. Depois de eleitos, aceitemos a deci-
cia que aprendemos a maior parte das a Congregação/Paróquia/Distrito paga são tomada e incluamos, constantemente,
coisas. Se perdermos essa fase, deixando as despesas dos nossos professores, para os nossos governantes em nossas orações.
de inculcar nelas os valores essenciais, é eles participarem dos cursos de aperfeiço- Por vezes, somos muito rápidos em criticar,
difícil mudar mais tarde. Por isso, a Esco- amento, e lhes oferece apoio e as melho- mas esquecemos de pedir e buscar a ajuda
la Dominical deve receber uma atenção res condições para desenvolverem o seu e benção de Deus sobre eles.
e um cuidado bem especial em nossas trabalho, não estamos gastando dinheiro, Aos candidatos, ligados a nossa Igreja,
congregações. Felizes as Comunidades mas investindo no nosso próprio futuro desejamos as mais ricas bênçãos de Deus,
que têm zelado por este trabalho com como Igreja. e rogamos para que do alto obtenham sa-
as crianças em seu meio, incentivando Deus abençoe nossos professores e bedoria, coragem, discernimento e muita
professores e professoras, providenciando professoras. Deus conceda sempre ânimo, fé, para desempenharem com responsabi-
material, oferecendo um lugar adequado coragem, alegria e força para esta sublime lidade o seu dever. Também aqui é grande
para o trabalho, enfim, colocando entre missão. e profunda a verdade: “Feliz a nação cujo
as prioridades do seu planejamento o Deus abençoe as crianças. Participem, Deus é o Senhor” (Sl 33.12). m
atendimento aos pequeninos, pois, assim, venham e tragam com vocês os vossos pais
podem sonhar com um futuro promissor para os cultos. ERRATA: Diferente do que foi publicado neste espaço, na
em suas Comunidades. Deus abençoe a todos os pais, que de edição de agosto, Maripá pertence ao Distrito Sete Quedas.
Queridos membros da Igreja, cuidem forma responsável, consciente e amorosa
bem das crianças; invistam na preparação trazem seus filhos para a igreja, para a Es-
dos professores! A Comissão da Escola cola Dominical, depois para a Juventude,
Dominical da IELB tem se preocupado enfim, para dentro da vida da Igreja. Egon Kopereck
em oferecer sempre, a cada ano, material Pastor, presidente da IELB
de qualidade, bem como em ajudar na Vida devocional presidente@ielb.org.br
formação e preparação dos professores. Também no mês de setembro, acontece
Mensageiro Luterano | Setembro 2010 | Nº 9 | ANo 93 5
6. Vida com Deus
Sara, modelo de fé na
terceira
“Pela fé, até a própria Sara
Fotos: Arquivo Editora Concórdia
recebeu a virtude de conceber
um filho, mesmo fora da idade,
porquanto teve por fiel aquele
idade
que lho havia prometido.”
Hebreus 11.11
já idosa, tornou-se mãe. O riso de
dúvida de Sara se transformou em riso
de alegria: Deus me deu motivo de
riso; e todo aquele que ouvir isso vai
A
pergunta de Sara, “será ver- rir-se juntamente comigo (Gn 18.12;
dade que darei ainda à luz, 21.6,7). No Evangelho de João, a
sendo velha?” (Gn 18.13), declaração de Sara aparece, outra
aparece, de forma inversa, na per- vez invertida, quando Jesus declara:
gunta de Nicodemos: Como pode um Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver
homem nascer, sendo velho? Pode, o meu dia, viu-o e regozijou-se (Jo
porventura, voltar ao ventre materno 8.56). No riso de Abrão e Sara pelo
e nascer segunda vez? (Jo 3.4). O que nascimento de Isaque estava incluída
é mais difícil: gerar filhos quando se a alegria da salvação (Sl 51.12), a
é idoso(a) ou ser gerado de novo? A alegria pela vinda do Salvador Jesus
resposta é a mesma: para Deus não ao mundo.
haverá impossíveis em todas as suas A idosa matriarca da fé derramou,
promessas (Lc 1.37). Sara confiava sem dúvida, muitas lágrimas em sua
que, mesmo em sua idade avançada, vida de espera pelo cumprimento da
Deus era poderoso para cumprir o que promessa divina, mas no fim preva-
prometera (Rm 4.21). leceu o riso de alegria, porque Deus
A idade traz consigo provações à é fiel e poderoso para cumprir todas
fé, desconhecidas dos mais jovens. O as suas promessas. Muitas vezes, Sara
envelhecimento poderá mesmo ser deve ter dito em seu coração: será ver-
acompanhado pela graça de Deus? Não dade que darei ainda à luz, sendo ve-
seria contraditório crer na ressurreição lha? Mas encontrava conforto na Pa-
para a vida eterna diante dos sinais do lavra de Deus: acaso, para o SENHOR
envelhecimento? As perguntas de Sara há coisa demasiadamente difícil? (Gn
e de Nicodemos são típicas da terceira 18.13,14). A cruz e as lágrimas são por
idade, quando se confia nas promessas breve tempo, enquanto peregrinamos
de Deus: como é possível conciliar a e envelhecemos, mas a glória e a
promessa de novo nascimento e de alegria serão eternas (1 Pe 1.6). Sara
nova vida com os sinais irreversíveis comprovou, pela fé, a fidelidade de
do envelhecimento? Assim, como gerar “Como é possível conciliar a Deus e a verdade da sua Palavra: os
que com lágrimas semeiam com júbilo
filhos e nascer de novo, como podemos promessa de novo nascimento e de
crer na promessa de ressurreição para a ceifarão (Sl 126.5).
nova vida com os sinais irreversíveis Na terceira idade, cristãos en-
vida eterna se envelhecemos continua-
do envelhecimento? Assim, como contram conforto nas promessas do
mente? A resposta é a que Sara recebeu,
e à qual se apegou com verdadeira fé: gerar filhos e nascer de novo, como Senhor que faz nascer e faz viver para
acaso, para o SENHOR há coisa dema- podemos crer na promessa de a eternidade. m
siadamente difícil? (Gn 18.14). ressurreição para a vida eterna se
O que parecia impossível tornou-se Luisivan Vellar Strelow, colaborador do ML
envelhecemos continuamente?” e mestre em Teologia (STM)
realidade pelo poder de Deus – Sara,
6 Mensageiro Luterano | Setembro 2010 | Nº 9 | ANo 93
7. Em foco
Solução para “Não se enganem; não
sejam apenas ouvintes dessa
mensagem, mas ponham em
o hino difícil
prática o que ela manda. Porque
aquele que ouve a mensagem
e não a pratica é como um
homem que olha no espelho e
“ Já podeis, da Pátria filhos, ver con-
tente a mãe gentil...”. A maioria dos
brasileiros não sabe cantar o resto do
Hino da Independência, o que não signi-
aquilo que vimos no Fantástico (da Rede
Globo) do dia 8 de agosto vereadores
corruptos, flagrados, gastando dinheiro
público em turismo. E assim, o perigo de
vê como ele é. Dá uma olhada,
depois vai embora e logo se
esquece de sua aparência”
fica falta de patriotismo. Pode ser uma suspirar pela desafinada e velha canção da
questão cultural; ou porque é complicado ditadura, e rejeitar a sinfonia da liberdade
mesmo, assim como o próprio Hino Nacio- regida pela batuta dos direitos e deveres 1.22-24). Ou seja, se esquece de que, ele
nal – todos com um vocabulário parecido da democracia – uma orquestra em que o próprio, foi eleito e agora vive a mordomia
com “os grilhões que nos forjava da perfí- maestro é o próprio povo. – e não “na mordomia”.
dia astuto ardil”. Um problema que acontece também na “Os grilhões que nos forjava da perfídia
Penso que esses hinos são a própria cara Igreja. O cristão, eleito para os propósitos astuto ardil, houve mão mais poderosa,
da política brasileira. Muito interessante de Deus (1 Pedro 1.2), cidadão dos céus zombou deles o Brasil”. Alguém entendeu?
no papel, nos gabinetes, mas distante das (Filipenses 3.20), que recebeu de Cristo Vamos então ao dicionário para descobrir
ruas, da compreensão popular. A gente até a independência da morte (1 Coríntios que é isso que acontece com o “hino difí-
sabe assobiar a melodia, mas, na hora de 15.57), pode facilmente enredar-se na cil” na política e na Igreja, e é disto que
cantar, se enrola nas palavras, tem lapso desafinada e herética canção “deixa a precisamos nos libertar. Em linguagem
de memória, se perde no significado. Por vida me levar, vida leva eu”. Pode tapar popular, “diante da desleal sabedoria do
exemplo: Quem foi o meu candidato na os ouvidos ao aviso: “Não vivam como jeitinho que nos moldava na ignorância,
última eleição? Qual a função do Senador? vivem as pessoas do mundo, mas deixem agora tem uma mão mais forte que dá o
O que faz um Deputado? Quais os com- que Deus os transforme” (Romanos 12.2). troco”. Esta mão é o entendimento, seja
promissos do Presidente da República? Uma acomodação melódica, tradicional, na cidadania deste mundo e da celestial.
Para onde vai todo o dinheiro arrecadado enfadonha, presente apenas nos bancos Ou como diz o texto sagrado: “Então não
nos impostos? perfilados da igreja, mas distante do seremos mais como crianças, arrastados
Mesmo assim, ninguém duvida que verdadeiro culto lá fora, do oferecer-se pelas ondas e empurrados por qualquer
a democracia, igual aos hinos cívicos, é completamente a Deus num sacrifício vivo vento de ensinamentos de pessoas falsas”
preciosa e interessante. Quem sabe a so- (Romanos 12.1). Por isso, o recado: “Não (Efésios 4.14). m
lução seja uma “nova tradução”. Não na se enganem; não sejam apenas ouvintes
letra dos hinos, porque isto geraria a maior dessa mensagem, mas ponham em prática
confusão, mas uma “nova tradução na o que ela manda. Porque aquele que ouve
linguagem de hoje” na cultura de um povo a mensagem e não a pratica é como um Marcos Schmidt
que só lembra do Hino Nacional quando homem que olha no espelho e vê como Pastor da IELB em Novo Hamburgo, RS
Colaborador do ML
tem Copa do Mundo, que só vibra quando ele é. Dá uma olhada, depois vai embora marsch@terra.com.br
tem campanha política. E daí acontece e logo se esquece de sua aparência” (Tiago
Mensageiro Luterano | Setembro 2010 | Nº 9 | ANo 93 7
8. Adoração e louvor
A bênção do culto
David Karnopp “O Senhor te abençoe nal de concordância, de aprovação. Quando
e te guarde. O Senhor faça os filhos pedem alguma coisa para os pais,
nem sempre os pais precisam responder
E
m cada final de culto, você vê o pas-
resplandecer o seu rosto com palavras. Às vezes, por um simples
tor levantar as mãos e pronunciar a sobre ti e tenha misericórdia sorriso, os filhos já sabem que a resposta é
bênção: “O Senhor te abençoe e te de ti. O Senhor sobre ti levante afirmativa. E o sorriso de Deus para o seu
guarde. O Senhor faça resplandecer o seu o seu rosto e te dê a paz.” povo é a certeza da sua misericórdia.
rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti. O Vale lembrar que ele não quer ser
Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê imaginado como um juiz severo, mas, sim,
a paz”. Desde a infância conhecemos esta tenha misericórdia; o Senhor levante o rosto como um Deus gracioso. E a misericórdia
bênção. Apesar disso, e muitas vezes pela e dê a paz. A primeira parte de cada frase de Deus tem a dimensão da obra de Cristo
pressa do culto terminar logo, a grandeza invoca o nome de Deus, e a segunda a sua em favor de nós. Ele veio ao mundo, se co-
e profundidade dela nos passam desperce- ação sobre o seu povo e em favor dele. Ve- locou em nosso lugar, deu a vida por nós,
bidas. Qual é a importância desta bênção jam que elas não são palavras quaisquer. para que nós, pela fé nele, pudéssemos
para a vida da Igreja? Além disso, a palavra bênção tem o receber, de graça, a salvação.
Primeiro, não são palavras humanas; sentido de dar algo bom, de dar o melhor, Levantar o rosto tem o sentido de estar
tampouco são palavras para simplesmente de fazer feliz, de suprir nossas necessida- atento. Aquele que está cabisbaixo, geral-
sinalizar que o culto está terminando. São des, tanto materiais quanto espirituais. E mente, está desatento ao que se passa ao
palavras que Deus mandou o sacerdote só Deus pode nos dar o melhor e nos fazer seu redor. Porém, Deus está atento a tudo
Araão dizer ao povo de Israel, quando este feliz, pois os que estão sob a bênção de Deus o que acontece com seu povo, e o seu olhar
peregrinava pelo deserto (Nm 6.22-27). Por estão bem guardados e protegidos, inclu- é olhar da paz. Esta paz de Deus é tudo o
isso, é chamada de bênção araônica. Para sive do poder do diabo. Deus não somente que Deus tem de bom para os seus filhos,
o povo de Israel, esta bênção era a certeza nos dá coisas boas, mas afasta de nós tudo principalmente o perdão obtido por Cristo
da companhia de Deus na dura caminhada o que causa mal, tanto para o corpo como na cruz. Aliás, é só através de Cristo que
pelo deserto. E na nossa dura caminhada para a alma. Lembrando que a bênção de podemos ver o rosto gracioso de Deus.
de hoje, as palavras desta bênção, são de Deus não pode ser retirada ou modificada Ouvir a bênção ao final de cada culto
grande valor. Além dela, outras formas de por ninguém, mas, infelizmente, nós (por é maravilhoso, pois ela é a certeza de que
bênçãos também são usadas no culto. descrença) podemos nos desviar dela. Deus está conosco. Assim, fortalecidos pela
Segundo, estas palavras são uma prova A expressão resplandecer o rosto traz a Palavra e pelos Sacramentos, podemos
da bondade e misericórdia de Deus. Esta ideia de rosto sorridente, e o sorriso é um si- voltar aos nossos lares e trabalhos com
bênção é formada por a certeza de que não
três frases, e, em cada estamos sós. Em tudo,
uma delas, o nome do a bênção de Deus nos
Senhor é repetido três acompanha. Além de
vezes. Isso lembra que que sob a bênção de
as bênçãos vêm do Deus podemos repar-
Pai, do Filho e do Espí- tir a paz com o nosso
rito Santo. A repetição próximo, dando alegre
também é uma ênfase testemunho da miseri-
de que o Senhor é córdia divina.
a fonte de todas as Que Deus, em bon-
bênçãos. Cada uma dade, nos mantenha
das três frases tem o debaixo dela! m
Senhor como sujeito e
é sempre seguido por
dois verbos: O Senhor
David Karnopp, pastor em
abençoe e guarde; o Vacaria, RS. Membro da
Senhor resplandeça e Comissão de Culto da IELB
8 Mensageiro Luterano | Setembro 2010 | Nº 9 | ANo 93
Foto: Rodrigo Abreu/ Arquivo
9. Música na igreja
Foto: Arquivo Editora Concórdia
“O dom musical, a
musicalidade, deveria ser uma
enorme preocupação para a
O dom da música
Igreja: como bem conduzir os
especialmente dotados, os
intensamente agraciados pelo
dom da música? Ou será à toa
que a Bíblia os menciona? Qual
é, então, a responsabilidade
Paulo Brum Como não se pode ter certeza do completo
da Igreja para com a força
conhecimento de toda a herança trazida por
alguém, presupõe-se que, se uma pessoa é poderosa deste dom?”
A
Bíblia menciona alguns dons es- dotada musicalmente ou não, este assunto
peciais. Entre eles está o “dom da está absolutamente sujeito a enganos.
música”. Em termos de pedagogia específica: padecem de potencialidades
musical, este se denomina musicalidade Descobrindo os dons em outras áreas. Casos de musicalidade
e é definido como o interesse e a aptidão Assim sendo, é irrelevante cogitar ou extrema são lamentavelmente danosos se
de alguém para fazer música. discutir, em aulas de música, se o aluno forem mal conduzidos.
tem ou não talento. O mais prudente e O comum das pessoas é possuir uma
A musicalidade é inata o mais sábio, portanto, é supor que em musicalidade média variável, e o interes-
ou adquirida? todos os seres humanos existam todos os sante é que lhes seja oferecido contato com
Muito se tem discutido se a musicalida- dons, e, assim, proporcionar situações a linguagem musical desde cedo, ainda
de é um fator hereditário ou ambiental. É favoráveis à sua manifestação produtiva na infância.
preciso considerar hereditariedade como e positiva. Tradicionalmente, as igrejas cristãs têm
sendo a gama de todas as possibilidades Sabemos que nem todas as pessoas proporcionado a seus membros, e pessoas
humanas passíveis de serem convertidas são igualmente dotadas, nem qualitativa, próximas a suas comunidades, um des-
em faculdades ativas. A constrangedora nem quantitativamente. Há aquelas que, contraído e intrínseco ambiente musical,
afirmação de que o talento musical é herda- mesmo em situações altamente favorá- propício à descoberta e à valorização dos
do e inato tem embasado muitas injustiças veis, não demonstram a menor tendência dons musicais. Entretanto, têm falhado,
e graves erros educacionais. Muitos pais a determinada área. Ocorre, porém que, no que se refere ao aprimoramento deles,
insistem na genialidade de seus filhos e os em termos musicais, raríssimos são os principalmente na atualidade.
obrigam a penosas e mal ministradas “lições casos de incapacidade total. E mesmo A preocupação com a música tem sido
de música” pelo simples motivo de acreditar dentre os que são absolutamente inca- muito mais utilitária do que reflexiva, bem
que isso é “o forte da família”. pazes de produzir música, compondo ou mais com as aparências de seus espetáculos
Por outro lado, as pessoas costumam interpretando, existem aqueles que são do que com o seu real significado.
considerar que lhes é impossível possuir sensíveis apreciadores. Pensemos... m
certas tendências naturais apenas por não Possuir ou não o dom da música não
poder verificá-las em seus ascendentes justifica nem superioridade, nem infe-
conhecidos e próximos. Apenas essa convic- rioridade de um sobre o outro. Pessoas Paulo Brum, capelão de música da ULBRA,
ção de que lhes falta alguma coisa faz com extremamente musicais, habitualmente, pastor da CELSP, Canoas, RS
que lhes atrofie o talento correspondente. padecem dos prejuízos da genialidade Integrante da Comissão de Culto da IELB
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10. Capa Montagem sobre fotos Arquivo Editora Concórdia
“... por meio de você eu abençoarei todos os povos do mundo” (Gn 12.3)
Desfigurar a criação divina remonta a tempos bem antigos. Pela queda em pecado, o ser humano pichou a
criação e a sua comunhão com Deus, ainda no Jardim do Éden. As consequências foram desastrosas. O medo
de Deus e o desespero diante da morte e da condenação eterna tomaram conta de todas as pessoas. Porém,
Deus mudou essa história quando decidiu que “a salvação será conhecida por todos!”
10 Mensageiro Luterano | Setembro 2010 | Nº 9 | ANo 93
11. Picharam o Cristo Redentor de seminômades do Antigo Oriente Próximo,
O Rio de Janeiro se prepara para receber que conhecemos bem a partir de descobertas
as Olimpíadas. Monumentos estão sendo res- arqueológicas.
taurados e dentre eles está a estátua do Cristo Aparentemente Abrão era um homem nobre
Redentor. Enquanto os andaimes ainda cercavam e rico. “Abrão, sai da tua terra [...] eu te aben-
o monumento, um grupo de vândalos conseguiu çoarei”, diz Deus. Ele é um Deus desconhecido,
subir, às escondidas, e pichou a estátua nos falando a um Abrão pagão, idólatra, numa lin-
braços, no peito e no rosto com inscrições de guagem que este nunca havia ouvido. A escolha
protesto – o Cristo Redentor ficou pichado e de Abrão mostra que a missão de Deus é sur-
desfigurado. preendente. Foge aos padrões humanos daquela
Pichar Deus e a sua obra não é coisa nova. época e de hoje – a escolha não é por obras, mas
Desfigurar a criação divina remonta a tempos pela graça.
bem antigos. Os capítulos iniciais de Gênesis (1 E você vai perguntar: é razoável o que Deus
a 11) demonstram isso. Pela queda em pecado, pede a Abrão? Um homem de 75 anos deixar
o ser humano pichou a criação e a comunhão a família do pai e viajar para o desconhecido?
“
com Deus; no dilúvio, a humanidade desdenhou Que garantias Deus lhe dá? Humanamente,
o próprio Deus por 120 anos; na construção da nenhuma. Apenas promessas _ um candelabro
Torre de Babel, no capítulo 11, os seres humanos de sete promessas.
tentaram destronar Deus e colocar no topo mais É assim que Deus trata conosco; trata conos-
alto do mundo uma grande placa, um grande Abraão não é nome co como tratou com Abrão. Não em termos de
outdoor luminoso com seus próprios nomes para exigência, de ordem, mas, acima de tudo, em ter-
se engrandecerem e se tornarem famosos. de perfume ou de mos de promessa. Esperando contra a esperança
Para não exterminar a humanidade rebelde, uma grife, mas Abrão _ um sheik da fé _ faz da sua caminhada
Deus confunde as linguagens de maneira que um uma peregrinação baseada em promessas, contra
não entendia a linguagem do outro. E quando é um nome que o mundo e para conquistar o mundo.
você não entende a linguagem do outro, você se
encolhe, se isola, se desespera e sente a morte confessa um Deus A ação de Deus
latejar em seu coração. que quer ser “Pai de Esta é a maneira que Deus coloca em ação
seus personagens de fé. Os heróis e heroínas de
Em Abrão, um novo começo multidões”. Já não é Deus não transitam em um espaço de sucesso ou
Em Gênesis 11, Deus parece fechar o envelope
e entregar a humanidade ao seu próprio desti-
Abraão quem vive, de fogueira de vaidades. Eles atuam em contextos
de oposição: podem estar sozinhos contra o
no. Porém, em Gênesis 12.1-3, Deus abre um mas Cristo vive em mundo; podem sair da segurança em que estão
novo envelope. É um novo começo, uma nova para arriscar tudo, inclusive a vida diante do
oportunidade de salvação para o mundo. De Abraão. É por isso chamado de Deus.
certa forma, Deus faz uma nova criação – nesse
novo envelope não está a humanidade, mas um
que nele e em nós, Para o mundo, a Igreja parece anêmica, fraca
e arcaica. E muitas vezes Deus permite que assim
indivíduo: o patriarca Abrão. serão benditas todas aconteça. A nossa situação parece fútil, nossa
Por que Deus escolhe Abrão? Havia alguma obra inócua; nos sentimos isolados e desolados.
qualidade em Abrão que o habilitasse para tal? as famílias da terra. Como Abrão, parece que estamos sozinhos
Na verdade, na questão da eleição, assim como Não por causa contra o mundo e, entretanto em meio a essa
do sacrifício na cruz, temos um exemplo de como fragilidade, Deus age para fazer de nós uma
a sabedoria de Deus e o seu pensamento diferem do nosso nome, bênção para o mundo. E à medida que somos
da nossa sabedoria e dos nossos pensamentos. chamados a ser uma bênção para o mundo, nos
A sabedoria de Deus está em absoluto contraste
mas por causa do colocamos na linhagem de Abrão, não por sermos
com toda e qualquer sabedoria do mundo, como nome daquele por nobres, ricos, mas unicamente porque confiamos
diz Paulo aos Coríntios: “Deus escolheu as coisas nas promessas de Deus. Estão certas as crianças
fracas do mundo para envergonhar as fortes”, quem vivemos e da nossa Escola Dominical quando cantam: “Pai
para que ninguém se vanglorie.
somos peregrinos no Abraão tem muitos filhos, muitos filhos ele tem:
eu sou um deles, você também”.
A razão da escolha mundo.
A pergunta surge em nós: Por que Deus esco- O foco de Deus
lheu a você e a mim? Há lógica nesta escolha? Deste candelabro de promessas que Deus dá
Abrão possivelmente fazia parte de um grupo a Abrão, uma se pode destacar: “engrandecerei
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12. Fotos: Arquivo Editora Concórdia
Capa
o teu nome”, diz o SENHOR. Esta é uma cador em Bagdá que um dia mandou seu
bênção estranha. servo ao mercado. Não demorou muito e
Engrandecer o teu nome? Quem não o servo voltou, pálido e trêmulo, e muito
gostaria de ter o seu nome engrandecido? nervoso disse ao seu senhor: “Mestre, lá
Mas não seria isso abrir de novo o antigo no mercado eu fui empurrado por uma se-
envelope? Voltar a Gênesis 11, com mais nhora na multidão e quando me virei vi que
uma Torre de Babel e nela colocar uma nova quem me havia empurrado era a morte. Ela
placa, um novo outdoor, agora com apenas olhou para mim e fez um gesto ameaçador.
um nome: Abraão? Aliás, um novo nome: Mestre, por favor, me empresta o seu cavalo
de Abrão para Abraão. Seria isso o que porque tenho que correr para escapar dela.
Deus está dizendo? Claro, Abraão é chama-
do no texto bíblico de amigo de Deus, pai
dos crentes, o ancestral do Messias.
Vou fugir para Samarra e lá vou me escon-
der – e a morte não vai me encontrar.” O
mercador emprestou seu cavalo e o servo
Anastácio
Porém, nos parece que o texto quer
dizer muito mais do que isso. O foco não
fugiu a galope para Samarra.
Mais tarde, o Mestre foi ao mercado e recebe
é Abraão, o foco não somos nós! “En- viu a morte em pé no meio da multidão. Foi
grandecerei o teu nome ou engrandecerei
o nome que representas.”
até ela e perguntou: “porque você assustou
o meu servo esta manhã com um gesto
voluntários
Abraão fora chamado por Deus, batizado ameaçador?” “Aquele não foi um gesto ame-
por Deus, é uma nova criatura, Abraão não é açador”, disse a Morte, “foi apenas um gesto A Congregação Luterana Indígena,
nome de perfume ou de uma grife, mas é um de surpresa. Eu fiquei admirada por vê-lo em de Anastácio, MS, desenvolve em seu
nome que confessa um Deus que quer ser “Pai Bagdá, porque eu tenho um encontro marca- meio um projeto chamado Projeto Sa-
de multidões”. Já não é Abraão quem vive, do com ele esta noite em Samarra”. maritano. Trata-se de uma ação social
mas Cristo vive em Abraão. É por isso que nele médica, onde recebem uma equipe
e em nós serão benditas todas as famílias da O encontro com o Redentor de voluntários norte-americanos lu-
terra. Não por causa do nosso nome, mas por Todos têm um encontro com a morte em teranos da área da saúde. Médicos,
causa do nome daquele por quem vivemos e Samarra. Os da queda, do dilúvio, da Torre dentistas, enfermeiras, bioquímicos,
somos peregrinos no mundo. de Babel, os cananeus, nós todos. Contudo, oftalmologistas, técnicos da saúde,
isto é motivo de alegria e não de medo, por- farmacêuticos, assistentes sociais,
A resposta de Abraão que Deus abriu novo envelope em Abraão professores de Escola Bíblica, vo-
“Partiu, pois, Abraão como lhe dissera e no Messias que dele descende. Deus en- luntários em geral, todos devida-
o SENHOR”, diz o versículo 4. O que velopou em barro, com cada um de nós, o mente documentados, se reúnem
aconteceria se Deus não tivesse tido esse seu próprio Filho que, ao morrer e ressuscitar, para juntos prestarem atendimento
diálogo com Abraão? E mais, o que acon- abriu o envelope da sepultura para que nós médico-odontológico às comunidades
teceria se Abrão não tivesse partido? Onde pudéssemos viver e o medo da morte não indígenas da tribo Terena. Este ano,
estaríamos nós e bilhões de cristãos hoje mais latejasse em nossos corações. o atendimento será realizado nas
espalhados pelo mundo? Tudo o que Abraão Pela língua como de fogo do Espírito aldeias dos municípios de Miranda
precisou fazer, ele fez. Ele disse “Amém” ao Santo, todas as linguagens estranhas se e Nioaque, e tem data prevista para
que Deus havia lhe prometido. unem no Pentecostes de Deus para ouvir os dias 4 a 14 de outubro. A equipe
A Escritura chama isso de fé. Fé é a cer- a doce linguagem do Evangelho – o Evan- ainda não está totalmente definida.
teza de coisas que se esperam e a convicção gelho que anuncia o Cristo que nasceu, Logo, se você deseja usar seus dons
de fatos que se não veem. A confiança de morreu e ressuscitou. Esta é a linguagem na área da saúde, como intérprete,
Abraão não repousa sobre algo tênue como que acolhe, que perdoa, que salva. Este ou simplesmente participar desta ação
“a espuma da cerveja”, como diz Lutero, é o Cristo que a Escritura revela, e que missionária diferenciada, entre em
mas estava fincada sobre algo firme, ou nós, como suas cartas vivas, queremos contato com o pastor Mario Lehen-
seja, as promessas de Deus. descrever e pintar na nossa vida e nosso bauer (mario@ielb.org), Assessor de
É com esta promessa que Abraão en- ministério para o mundo. Este Cristo Ação Social da IELB, ou com o pastor
frenta o mundo da sua época. Enfrenta os Redentor ninguém jamais poderá pichar Paulino Ratund (paulusratus@hot-
cananeus, ferezeus, girgazeus, todos aque- ou desfigurar. m
mail.com). Ou mande um e-mail para
les povos que numa linguagem estranha cong.luterana.indigena@gmail.com,
haviam feito aliança com a morte. coordenadores desta ação no Brasil.
Rev. Dr. Acir Raymann, é professor de Teologia
Esta é uma excelente oportunidade
O encontro em Samarra Exegética do Antigo Testamento.
Devoção proferida na 60ª Convenção Nacional da de servir ao Senhor Jesus e de teste-
Uma antiga lenda nos fala de um mer- munhar a sua fé.
IELB, em Foz do Iguaçu, abril 2010.
12 Mensageiro Luterano | Setembro 2010 | Nº 9 | ANo 93
13. Vida cristã
Castelo Forte,
devoções diárias
Quantas pessoas recebem o benefício da
leitura da Palavra e da devoção do Castelo
Forte diariamente? Nos lares, nos escritórios,
nas salas de aula, nas prisões, nos hospitais,
milhares de pessoas estão lendo conosco
experiências com a leitura família, juntando as mãos em oração, cul-
do Castelo Forte... tuando o nosso Deus Pai, Filho e Espírito
Santo, e sendo orientados e desafiados
em nossos amigos, em sua vida cristã. Cada escritor tem o
brasileiros aqui em Nairóbi. Dis- privilégio e a responsabilidade de pregar
tribuí 10 exemplares no começo do para uma audiência muito maior do que
ano e deixei um na sala de recepção da qualquer templo pode suportar. – A título
Embaixada Brasileira. Dois amigos me de informação, em 2010, foram vendidos
garantiram que leem regularmente, os 85 mil exemplares!
outros, espero que estejam lendo de vez
em quando. Um casal ficou especialmente Naqueles que deixam o Castelo
Carlos Walter Winterle feliz em receber o exemplar de presente, Forte na estanteou na cabeceira
pois nos contaram que, quando moravam da cama, mas não o leem. Estão
no Rio de Janeiro há uns 20 anos, recebe- com um prato delicioso à sua disposição,
Q
uando minha esposa e eu lemos ram um exemplar do seu pastor e, depois mas não degustam a comida. Seja no
a devoção do Castelo Forte, a de lido, conservam este exemplar na sua início do dia, como muitos fazem; seja
cada noite após a janta, fico biblioteca até hoje! É um belo presente a no final do dia, a palavra bíblica diária e
pensando: ser dado no final do ano, e não custa mui- a correspondente reflexão são um alento
to mais do que um elaborado cartão de e um descanso em meio aos nossos com-
em nossos filhos, que estão longe, no Natal. Tente colocar na sala de recepção promissos diários.
Brasil e na Alemanha, e que se irmanam do seu dentista, do seu médico... Mesmo Está na hora de comprar o CASTELO
conosco na leitura do Castelo Forte. De que alguém leve para casa, a semente FORTE 2011! Não pense só em si; com-
vez em quando, comentamos uma ou está plantada. pre um ou mais exemplares para dar de
outra devoção que causa mais impacto presente. Sei que muitos já fazem isto, mas
em cada família. Nosso filho mais velho Nas milhares de pessoas que se todos os leitores adotarem esta prática,
relatou estes dias que estava caminhan- adquirem o Castelo Forte a cada poderemos dobrar o número de exem-
do com a esposa e comentando sobre os ano. Quantas pessoas recebem o benefí- plares publicados a cada ano, levando
planos futuros, o que estava pela frente, cio da leitura da Palavra e da devoção do assim a Palavra de Jesus a mais corações,
etc... À noite, quando leram a devoção, Castelo Forte diariamente? Nos lares, nos aquecendo-os com o amor de Cristo. m
encontraram a resposta para as suas escritórios, nas salas de aula, nas prisões,
indagações (devoção do dia 16/05/10). nos hospitais, milhares de pessoas estão
E assim, compartilhamos diversas outras lendo conosco. É como que numa grande Carlos Walter Winterle, Nairóbi, Quênia.
Mensageiro Luterano | Setembro 2010 | Nº 9 | ANo 93 13
14. Meditação
Fotos: Arquivo Editora Concórdia
Eu,
Jesus...
Orlando Eller que fosse a nossa comida, ela estava lá, no assoalho de tábua de jequitibá e na
sempre quentinha, com ingredientes de cumeeira sombria, para deter o diabo lá
quem ganhou, de novo, algo de inigua- fora e apascentar a todos em sono leve,
D
lável sabor. a fim de que houvesse o melhor repouso
esculpe-me, Jesus, mas eu acho Ah, você se lembra, claro. Eu gostava entre todos na face da Terra.
que estaria bem mais feliz hoje da sopa de inhame chinês que mamãe E eu nem sabia então que a Terra era
se ainda fosse aquele menino preparava pra nós dois e para os outros, é redonda… Porém, eu tinha certeza de que
descalço, de pés em frieira no tempo frio óbvio, que à mesa se assentavam conosco. era tua, por criação e cuidado. E que lá,
de chuva, que à mesa orava na imensidão E você nos ajudava, depois de lavada a desde a eternidade, estava você, no Natal,
de uma fé convencida: “Jesus, sei unser louça, afinando a voz, a aprender a can- na Páscoa, no Ano Novo, na festa da Con-
Gast” (Jesus seja nosso convidado). E, tar um louvor… louvor de gente simples firmação, no culto do domingo, na igreji-
depois de me fartar com toda a simpli- da roça, louvor de quem já era da nação nha do Dez de Mutum, esta tão distante
cidade, em mim pulsava a gratidão ao santa e do povo exclusivo. lá de casa que nos custava duas horas a
dizer: “Gott, dier sei Dank für Speise um E quando mamãe, no pé, pelo caminho,
Drank” (Nós te agradecemos, ó Deus, pela seu bronco jeito de ser,
“Era tudo muito bonito, como nas trilhas em mata
comida e bebida). mas hábil de ensinar, aberta. Contudo, a
Ah, Jesus, faz muito tempo que eu ensaiava seu peque-
era inusitado e bom saber que caminhada nunca
não mais o convido à mesa; nem que seja no coral pra cantar em havia um céu à vista.” virou cansaço.
pra dizer depois, de cabeça baixa e olhos qualquer lugar, e até Você se lembra
cerrados, que eu me sinto (e nem sei mais na igrejinha que fosse, a gente se sentia das aulas de catecismo do pastor Klich?
se sou!) imensamente grato pelo quanto arrebatada e, não raro, tinha a sensação Sim, aquele mesmo, o estagiário que você
ganhei de novo, como a cada dia ocorre, de que um anjo, feliz com a fidelidade decidiu levar tão cedo para o céu por
para o almoço ou para o jantar à mesa do canto, abraçava a gente em gloriosa causa de uma dor de dente? Pois ele ex-
que seja simples, mas plena. sensação de quem, seguro, flutua no ar, plicava, explicava, explicava... e mandava
Eu quero lhe dizer que então a minha com imenso e absoluto prazer. decorar versículo por versículo, manda-
vida era melhor, porque eu estava mais Depois, quando papai apagava a única mentos, artigos, enfim, o que lhe parecia
perto de você. Você almoçava e jantava lamparina, para economizar querosene, direito seu e vontade dele. E hoje, Jesus,
lá em casa, comigo, com meus pais, você ficava lá, em algum canto, na mi- o que se aprende com tanto querer?
com meus irmãos. E, por mais simples nha cabeça, na mente dos meus irmãos, A gente aprendeu muito, às vezes mais
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