O editorial defende a suspensão de novos projetos de exploração no pré-sal brasileiro até que sejam realizadas avaliações ambientais estratégicas das bacias e sejam aprimoradas as normas de segurança, citando os problemas de falta de informações sobre segurança e riscos de vazamentos comprometerem áreas ecologicamente sensíveis.
Unicamp 3 vestibular 2012 gênero editorial - prática de redação - tema pré-sal
1. A PROVA DE REDAÇÃO DA
UNICAMP
VERSÃO VESTIBULAR
A PARTIR DE 2011
A partir do Vestibular 2011 a prova
de redação irá cobrar a produção de
três gêneros textuais de cunho social,
isto é, os gêneros textuais cobrados
não deverão ter contextos acadêmicos.
Desta forma, para a produção escrita
poderá ser cobrado à construção dos
gêneros discursivos:
2. 02 allencar Rodriguez
EDITORIAL
Texto argumentativo:
◊argumentação, expressão de opiniões
Intencionalidade comunicativa:
◊fortalecer, confirmar, comprovar a posição o ponto de
vista do autor do editorial
Componentes lingüísticos:
◊pontuação – período composto por coordenação – período
composto por subordinação – conjunção
A característica desse texto é de ser veemente opinativo.
Semelhante ao artigo de opinião a credibilidade do editorial
se dá pela argumentação concreta, factual e crítica à
opinião embasada. Isso, seguido de citações que
corroboram o ponto de vista e argumentação do autor do
editorial. Então a objetividade e imparcialidade não são
características dessa tipologia textual. Logo, as opiniões e
os argumentos são relatados sob a subjetividade do autor
do editorial ou do grupo que está por trás do texto
comunicativo, pois os editoriais não são assinados por
ninguém. Esse gênero textual faz uso do tipo textual
dissertativo, uma vez que fundamento numa idéia central
constrói-se opiniões e argumentos (opar).
nota: de forma geral editoriais de revistas são nominais e
alguns textos trazem a foto do autor.
3. estudo aplicado redação 03
Para produzir um editorial siga as orientações abaixo:
a) Faça um projeto de texto de acordo com o propósito
pedido. Crie argumentos contundentes de acordo com o
propósito pedido fundamentados em assuntos factuais
presentes em jornais, revistas e sites da internet.
b) Justifique que o assunto é preponderante. Coloque uma
citação concreta que comprove sua justificativa.
A estrutura textual:
1º parágrafo:
Apresente o tema ao leitor enfatizando o seu
posicionamento de forma contundente e crítica. Não deixe
impressões pessoais posicionadas no ―lugar comum‖. Isso
não estimula interesse no leitor.
2º parágrafo:
Use os contextos do item (a) do seu Projeto de Texto.
3º parágrafo:
Use o contexto do item (b) do seu Projeto de Texto.
4º parágrafo:
A conclusão deve ter um posicionamento crítico e
enfático procurando impressionar o leitor articulando
opiniões e argumentos relacionados ao tema.
Nota: O texto editorial exige também um título. Na
questão da linguagem um jornal de grande circulação exige
uma linguagem formal.
4. 04 allencar Rodriguez
Do Código Florestal à água da torneira
SUZANA M. PAULA, CLAUDIO PADUA, EDUARDO DITT e THOMAZ ALMEIDA
O desmatamento, se permitido pelas mudanças no Código Florestal, pode ameaçar a
quantidade e a qualidade de água disponível em São Paulo
Para muita gente pode ser difícil perceber que as perdas de florestas decorrentes da
mudança no Código Florestal vão afetar nosso bem-estar. Estamos falando de perdas
fundamentais, como a água.
Desmatamento em nascentes, cursos d’água e reservatórios afetarão a disponibilidade da
água, e a tendência é que isso aconteça exponencialmente se o código sofrer as mudanças
em discussão.
Vamos usar um exemplo que conhecemos amiúde. O reservatório do rio Atibainha,
localizado em Nazaré Paulista, São Paulo, é uma das represas que compõem o sistema
Cantareira. Construído entre as décadas de 1960 e 1970, o sistema visava atender à
demanda crescente por água decorrente do aumento da população da Grande São Paulo.
Hoje, o sistema fornece mais de 50% da água de São Paulo, 95% da água de Campinas e
quase a totalidade das cidades da região, com mais de 9 milhões de habitantes-
consumidores.
Aproximadamente 50% das terras no entorno do Atibainha são ocupadas por
remanescentes de mata atlântica. Uma proporção extraordinária. É essa riqueza ambiental
que torna a região uma verdadeira produtora de águas. As matas garantem a proteção das
nascentes dos rios, a qualidade dos cursos d’água e sua produção, e o reservatório funciona
como uma grande caixa d’água.
O desmatamento, se permitido legalmente pelas mudanças propostas no Código Florestal,
causará um efeito direto que pode ameaçar a quantidade e a qualidade de água disponível
em um dos maiores conglomerados humanos do país. Estudos do IPÊ (Instituto de
Pesquisas Ecológicas) quantificam o efeito dos usos do solo.
Uma área de 7.000 hectares ao redor do reservatório tem sedimentação quase inexistente
se ocupada por floresta nativa. Se substituída por pastagem, nosso cálculo é que seja como
um carregamento de 1.470 toneladas de sedimentos entrando na represa por ano -
equivalente a 270 caminhões de terra-, o que o encherá até não haver espaço para a água,
comprometendo sua disponibilidade para consumo.
Desde que o reservatório Atibainha foi construído, as pressões têm aumentado, como em
outras regiões do país. É um exemplo de local com riqueza natural e desafios sociais, o que
pode dar a impressão de que para ter progresso é preciso destruir a natureza.
Mas o mundo mudou, e os valores precisam ser atualizados para que haja chance de um
futuro de bem-estar para todos. A natureza não deveria mais ser computada como um
―presente‖, sem valor nas equações econômicas.
O IPÊ há mais de 15 anos vem tornando a região um laboratório de pesquisa e ação,
desenvolvendo metodologias de reflorestamento e restauração da paisagem. Melhorias
sociais, no entanto, podem levar mais tempo.
Se o Código Florestal for alterado, os desmatamentos serão permitidos por lei e trarão
impactos que incluem a água produzida na região do Atibainha, que sai nas torneiras de
milhares de pessoas.
Folha de S. Paulo, 15 de agosto de 2011
5. estudo aplicado redação 05
PRÁTICA DE REDAÇÃO
TEXTO 1
Coloque-se na posição de um jornalista que com base na leitura da reportagem
abaixo, deverá escrever um editorial, isto é, um artigo jornalístico opinativo, para
um importante jornal do país, discutindo a questão da exploração de petróleo e
gás natural em águas profundas no Brasil. Seu texto deverá, necessariamente:
a) Abordar dois (2) problemas sustentem uma suspensão de projetos de
exploração da camada pré-sal.
e
b) Fortalecer seu ponto de vista com 2 (dois) argumentos presentes no texto
que vão ao encontro da idéia de suspensão de projetos.
O Brasil na contramão do mundo
Produção no pré-sal do Espírito Santo começa. EUA e Europa limitam projetos
Danielle Nogueira e Ramona Ordoñez
BRUXELAS, RIO e VITÓRIA
O comissário de Energia da União Europeia (UE), Guenther Oettinger, propôs ontem uma
suspensão temporária de novos projetos de exploração de petróleo e gás em águas
profundas nos mares do Norte, Negro e Mediterrâneo.
A recomendação segue a proibição determinada pelo governo dos Estados Unidos, em
resposta ao vazamento iniciado em 20 de abril no poço do Golfo do México, operado pela
BP. O desastre ambiental já é considerado o maior da indústria petrolífera mundial. Na
contramão, o Brasil acelera seus projetos em águas profundas.
— A indústria deve testar três vezes suas práticas, programas de treinamento e tecnologias.
As empresas precisarão convencer os órgãos reguladores de que fizeram as verificações
necessárias e reforçaram a segurança — disse Oettinger após encontro com representantes
de 22 companhias petrolíferas em Bruxelas.
A Noruega, maior produtor europeu e que não integra o bloco da UE, também proibiu a
exploração em águas profundas no Mar do Norte.
A suspensão proposta pelo comissário da UE vigoraria enquanto os órgãos reguladores
americanos e europeus examinam o que causou o acidente da BP. A decisão, porém, cabe a
cada um dos 27 Estados do bloco.
Já o comissário de Meio Ambiente da UE, Janez Potocnik, reconheceu que uma análise das
regras ambientais do bloco revelou falhas.
6. 06 allencar Rodriguez
Analistas divergem sobre suspensão
A proposta de paralisação temporária da exploração em águas profundas provoca
divergência entre os especialistas no Brasil. Há cerca de 15 dias, problemas operacionais
durante a perfuração do segundo poço no pré-sal, na Bacia de Santos, levaram a seu
fechamento.
O professor do Instituto de Economia da UFRJ Hélder Queiroz criticou a falta de mais
informações sobre as regras de segurança por parte da Agência Nacional do Petróleo (ANP)
e do Ministério de Minas e Energia.
Já a procuradora federal Telma Malheiros, responsável pela criação do escritório de
licenciamento das atividades de petróleo e nuclear do Ibama — atual Coordenação de
Petróleo e Gás do instituto —, defende que o Brasil altere seu modelo de gestão das bacias
petrolíferas, de modo a incorporar a avaliação ambiental dessas bacias.
— O Brasil não deveria autorizar novos projetos de exploração em águas profundas
enquanto não tiver uma avaliação estratégica ambiental de suas bacias. Só assim teremos
um mapeamento com áreas onde a atividade petrolífera não pode ser conduzida pelo
elevado risco que um vazamento poderia provocar. E essa exigência deve ser imposta pelo
governo.
Já Edmar de Almeida, do Grupo de Energia do Instituto de Economia da UFRJ, reconhece
que houve falhas graves da BP, mas afirma que o Brasil deve manter seu programa no pré-
sal.
— Risco sempre tem. Mas uma moratória é uma resposta política à pressão popular. Além
disso, a produção nas bacias brasileiras não está caindo como na Europa. Estamos apenas
no início da festa. Portanto, o Brasil não tem que entrar nessa onda. O que deve ser feito é
investir em tecnologia para mitigar riscos — afirmou.
O diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, garantiu que as normas de segurança adotadas no
Brasil estão entre as melhores do mundo e não vê motivos para a suspensão de futuros
projetos em águas profundas no país.
— A nossa legislação de segurança operacional é considerada uma das mais modernas do
mundo. Soubemos dessa notícia pela imprensa (suspensão em outros países) e, por
enquanto, não temos a intenção de adotar medida semelhante — afirmou Lima,
completando que o acidente da BP ajudará a aperfeiçoar a legislação.
Radicalmente contrário à exploração do pré-sal, o diretor de campanhas do Greenpeace,
Sergio Leitão, frisa que o Brasil vai na contramão dos esforços mundiais para reduzir as
emissões de CO2. Para ele, os bilhões que serão investidos no pré-sal deveriam ser
aplicados em pesquisas para desenvolver energias alternativas.
Na Bolsa de Nova York, as ações da BP fecharam em queda de 1,90% ontem.
COLABOROU Bruno Dalvi, com agências internacionais
O Globo, 15/07/10