1) O documento descreve a história do livro desde as suas formas mais antigas de transmissão oral de conhecimento até à invenção da imprensa de movéis no século 15.
2) Inicialmente, a narrativa oral era a principal forma de comunicação, seguida por outros métodos como pinturas rupestres, quipus e cinturões bordados.
3) A invenção da escrita levou ao desenvolvimento de novos suportes como tabelas de argila e papiros, que eventualmente deram origem ao livro no format
2. Carlos Pinheiro, 2010
Anterior à invenção da escrita ( e
mesmo convivendo com ela) a
narrativa oral é a forma mais
antiga de comunicação.
Imagem do filme A Guerra do Fogo
Como antigamente o livro e a leitura não chegava à
maioria da população, o livro oral era o sistema de
conservação e transmissão de culturas, tradições e
histórias que de outra forma não teriam chegado até
nós.
Necessitava pelo menos de duas pessoas e estava
sujeito a erros e omissões (dependia da memória do
narrador).
3. Carlos Pinheiro, 2010
Uma das formas mais antigas de
conservação e comunicação da
informação.
PinturasrupestresdeLascaux,França
4. Carlos Pinheiro, 2010
• Instrumento
mnemotécnico, formado
por cordas com nós, de
diferentes espessuras e
cores, unidas a uma
outra (corda principal)
da qual pendiam.
• Servia para realizar
cálculos numéricos e
para registar
acontecimentos
importantes.
Quipu
5. Carlos Pinheiro, 2010
• Cinturão de tecido bordado, com conchas
e contas de vidro colorido.
• Servia para registar contratos e acordos e
para transmitir mensagens.
6. Carlos Pinheiro, 2010
• O primeiro suporte resultante
da invenção da escrita na
Suméria (escrita cuneiforme).
• Escrevia-se com um estilete
de metal, marfim ou madeira.
• As mais antigas remontam ao
século IV a. C. http://keidahl.terranhost.com/Summer/WOH1012/Images/CuneiformTablet.jpg
7. Carlos Pinheiro, 2010
• Variam entre os 2 cm e
os 30 cm.
• Géneros literários:
textos religiosos, épicos,
históricos, diplomáticos,
epistolares, jurídicos,
sobre matemática,
astronomia, etc.
http://www.yale.edu/terc/democracy/may1text/images/Cuneiform%20tablet.jpg
8. Carlos Pinheiro, 2010
• Usadas intensamente no império romano.
• Cobertas de cera, sobre a qual se
escrevia com o stilus, podiam ser
reutilizadas aquecendo a cera.
• O stilus era um estilete de metal, marfim
ou osso, afiado numa das extremidades
(para escrever) e na outra em forma de
espátula, para apagar,
• Duas juntas placas juntas chamavam-se
díptico, três, tríptico, e mais de três,
políptico.
• Eram unidas entre si por laços de nervo
de boi ou charneira metálica.
Placa de madeira encerada e stilus.
9. Carlos Pinheiro, 2010
Em papiro e, mais
tarde, em pergaminho,
tinha este nome
porque o suporte se
enrolava (volvere) à
volta de uma vareta
cilíndrica de madeira
ou metal chamada
umbilicus.
http://www.olny.nl/Research_Recherche/Media_Studies/papyrus.jpg
10. Carlos Pinheiro, 2010
Cada rolo costumava ter um
máximo de 40 cm de largura e
entre 6 m a 10 m de
comprimento (embora alguns
pudessem chegar aos 100 m).
O rolo era etiquetado com uma
pequena tabuinha de madeira
ou pedaço de pergaminho, que
ficava pendurado, sendo o rolo
guardado numa caixa e
colocado ao alto ou na
horizontal.
http://www.exchange3d.com/images/uploads/aff1911/N3.jpg
11. Carlos Pinheiro, 2010
Escrevia-se (e lia-se) sobretudo da
direita para a esquerda, com um junco
(mais tarde uma cana, calamus) afiado,
mergulhado em tinta (formada por
carvão vegetal, água e goma).
Alguns textos têm linhas alternadas em
direcções opostas – um método
chamado boustrophedo («como um boi
puxando um arado», em grego antigo).
Não existiam maiúsculas e o texto não
estava separado em palavras e frases.
12. Carlos Pinheiro, 2010
O rolo começou a cair em
desuso a partir do séc. I d. C.,
com o aparecimento do códice
ou livro encadernado, quadrado
ou rectangular, invenção
atribuída ao ateniense Filácio.
Pequena biblioteca de rolos
13. Carlos Pinheiro, 2010
• Começa paulatinamente a
substituir o rolo a partir do
século I d. C. (o mais antigo
que se conserva, De Bellis
Macedonici, data do ano 100)
• Podia ser em pergaminho
(códice pergamináceo) ou em
papiro (códice papiráceo) e
destina-se inicialmente a
edições mais baratas ou
menos prestigiantes.
Fragmento de De Bellis Macedonici
14. Carlos Pinheiro, 2010
• Foi ganhando popularidade por
ser de consulta, transporte e
armazenamento mais fácil e
cómodo, ter maior capacidade
de escritura e, graças à sua
encadernação com tábuas de
madeira (por vezes revestidas
de couro), ser mais durável que
o rolo.
• O título do códice, à semelhança
dos rolos, era colocado no final
(apenas no século V se
começou a colocá-lo no início do
livro).
15. Carlos Pinheiro, 2010
• O pergaminho começou a ser
preferido em relação ao papiro,
pois permitia escrever dos dois
lados.
• O pergaminho é pele de um
animal, geralmente cabra,
carneiro, cordeiro ou ovelha,
preparada para nela se escrever.
O seu nome deriva da cidade
grega de Pérgamo, na Ásia
Menor.
• Para uma Bíblia medieval de
tamanho regular eram
necessárias as peles 200 a 255
animais.
Preparando o pergaminho
16. Carlos Pinheiro, 2010
• Na Alta Idade Média, os códices
eram produzidos no scriptorium
dos mosteiros, por monges
copistas, que copiavam os livros.
• A cópia era feita obra a obra ou
então havia um monge que ditava
(dictator) aos notatores ou
scriptores o texto que estes
escreviam cuidadosamente, sendo
produzidos simultaneamente
tantos exemplares quantos os
copistas.
• Os copistas deixavam espaços em
branco no texto, que eram
preenchidos pelos iluminadores
(ilustradores).
Monges copistas no Scriptorium
17. Carlos Pinheiro, 2010
• O livro foi durante toda a
Idade Média um objecto
extraordinariamente caro e
raro.
• Por volta dos séculos VIII a
X, devido à falta de
pergaminho, começaram a
reutilizar-se livros: raspava-
se o pergaminho e escrevia-
se de novo: eram os
chamados palimpsestos
(palavra que significa
«raspado de novo»).
• Esta prática levou ao
desaparecimento de muitas
obras da antiguidade.
Exemplo de um palimpsesto.
O texto anterior ainda é visível no documento
18. Carlos Pinheiro, 2010
A leitura dos livros era sempre feita em
voz alta. Apenas no final século IV se
regista o primeiro testemunho de leitura
silenciosa, atribuída a Santo Ambrósio:
«Quando ele lia, os seus olhos
esquadrinhavam o página e o seu
coração procurava o sentido, mas a sua
voz mantinha-se em silêncio e a sua
língua não se movia.»
Santo Agostinho sobre Santo Ambrósio
Santo Ambrósio, mosáico na Basílica
de Sant'Ambrogio em Milão
19. Carlos Pinheiro, 2010
O livro antigo ou medieval
costumava ser
profusamente ilustrado, as
chamadas iluminuras.
Utilizava-se profusamente
o ouro, aplicado com
pincel ou em folha, e que
reflecte a luz, derivando
daí o nome de iluminura.
.
20. Carlos Pinheiro, 2010
• Começaram por ser
iluminadas apenas as letras
iniciais, mas em breve se
passou a ilustrações que
podiam ocupar toda a
página, como costuma
acontecer nos chamados
«livros de horas».
• Além do ouro, as cores
utilizadas eram sobretudo o
vermelho, e mais tarde o
azul.
21. Carlos Pinheiro, 2010
• Os livros de horas estão
entre os manuscritos
medievais mais belos e
ricamente ilustrados.
• Cada livro de horas
contém um conjunto de
textos, orações e salmos,
acompanhado de
ilustrações apropriadas, e
servia de leitura litúrgica
para determinadas horas
do dia.
Página do livro de horas Les Très Riches Heures
du duc de Berry, Musée Condé, Chantilly.
22. Carlos Pinheiro, 2010
• A xilografia foi inventada na
China no ano 594 a. C. e
consistia numa placa de madeira
onde eram gravadas as letras ou
figuras.
• A placa era de coberta de tinta,
sobre ela era colocado o suporte
(papel), que recebia depois a
pressão de uma prensa plana.
23. Carlos Pinheiro, 2010
O livro xilográfico mais antigo que se conhece é a Sutra do
Diamante, impresso na China em 11 de Maio de 868.
Sutra do Diamante
24. Carlos Pinheiro, 2010
O primeiro livro xilográfico
europeu tinha o título de Biblia
Pauperum (bíblia dos pobres)
e foi impresso em 1430.
25. Carlos Pinheiro, 2010
• A imprensa de caracteres
móveis em madeira foi
usada pela primeira vez
na China no século X.
• A sua invenção na Europa
deve-se a Gutenberg, em
Mogúncia (Alemanha), por
volta de 1439.
Gutenberg
26. Carlos Pinheiro, 2010
A obra mais famosa de
Gutenberg é a chamada Bíblia de
42 linhas (assim chamada por ter
42 linhas por coluna). Data de
1452.
Bíblia de 42 linhas
27. Carlos Pinheiro, 2010
• Uma cópia completa desta
Bíblia possui 1282 páginas,
com texto em duas colunas; a
maioria era encadernada em
dois volumes.
• Acredita-se que foram
produzidas180 cópias, 45 em
pergaminho e 135 em papel.
Elas foram impressas,
rubricadas e iluminadas à mão
num período de três anos.
Bíblia de 42 linhas
28. Carlos Pinheiro, 2010
• Em Portugal, a imprensa foi
introduzida no reinado de D. João II.
• O primeiro livro impresso em
Portugal saiu das oficinas
tipográficas de Samuel Gacon, um
judeu de Faro escrito em caracteres
hebraicos.
• O Pentateuco de Gacon foi concluído
em 30 de Junho de 1487. Trata-se
de uma impressão em 110 fólios,
com composição de 30-32 linhas.
• O único exemplar conhecido está
guardado na British Library em
Londres. Foi roubado em Portugal,
aquando do saque à cidade, pelos
ingleses, em 1596. Primeiro livro impresso em Portugal
29. Carlos Pinheiro, 2010
O primeiro livro tipográfico em língua
portuguesa é o Tratado de Confissom,
impresso em Chaves em Agosto de
1489. É uma obra de cariz pastoral de
que se desconhece o autor, talvez pelo
facto de ao único exemplar existente
(Biblioteca Nacional de Lisboa) lhe
faltar a página de rosto. A presença de
diversos castelhanismos no texto faz
suspeitar que seja uma tradução de
uma obra castelhana até ao momento
não identificada. Tratado de Confissom
30. Carlos Pinheiro, 2010
O segundo livro «em
lingoagem» português
foi o Vita Christi,
impresso em Lisboa em
1495, por ordem e a
expensas do rei D. João
II e de D. Leonor, e é o
primeiro livro ilustrado
impresso em Portugal. O
tipógrafo alemão que se
identifica como Valentim
de Morávia, e que se
associou a Nicolao de Saxonia para empreender esta edição,
veio a ser conhecido como Valentim Fernandes e exerceu a sua
indústria em Portugal, até 1516.
31. Carlos Pinheiro, 2010
O grande sucesso da imprensa de
caracteres móveis deveu-se à divulgação
de um novo suporte, mais barato e versátil
que o pergaminho: o papel (inventado na
China no ano 105 a. C).
A península Ibérica foi a primeira região
ocidental a registar o seu uso e a fabricá-
lo, na sequência da ocupação árabe.
Em França, no século XV, um volume de
200 páginas em pergaminho custava 200
francos, e apenas 10 francos em papel.
.
Fabrico do papel na China
32. Carlos Pinheiro, 2010
Antes da utilização da celulose em
1840, por um alemão chamado
Keller, o papel era fabricado a partir
de algodão, linho e cânhamo. Era
também comum usaram-se trapos
(roupas velhas).
Actualmente, utiliza-se sobretudo
as fibras de eucalipto para obter
celulose.
Fabrico do papel na Europa
33. Carlos Pinheiro, 2010
Em 1462, após a invasão e incêndio
de Mogúncia, muitos impressores
abandonaram a cidade e tornaram-
se impressores ambulantes.
Em apenas 10 anos, estes
impressores ambulantes
percorreram as principais cidades
europeias e divulgaram a nova
técnica por todo o continente.
Impressores numa oficia de impressão
34. Carlos Pinheiro, 2010
• Dá-se o nome de
incunábulos aos livros
produzidos entre a data
da invenção da imprensa
e 1500.
• A sua origem vem da
expressão latina in cuna
(no berço), referindo-se
assim ao berço da
tipografia.
35. Carlos Pinheiro, 2010
São conhecidos cerca de
vinte e oito mil títulos, a
maioria usando letras
góticas. Estudiosos
costumam classificar os
incunábulos pelas
características da letra,
que remetem para o
tipógrafo e sua localização
geográfica.
36. Carlos Pinheiro, 2010
Características dos incunábulos:
• Não têm capa nem página de título.
• As capitulares não eram impressas,
mas sim desenhadas pelos
iluminadores.
• Não se utilizava a divisão por
capítulos.
• Usava-se a numeração por folha,
não por página.
• Usavam muitas abreviaturas e
quase nenhuma pontuação, por
economia de espaço.
• O papel era geralmente de fraca
qualidade.
37. Carlos Pinheiro, 2010
• Com a proliferação do livro graças
à imprensa, multiplicaram-se os
mecanismos de controlo da
produção escrita, tanto civis como
religiosos.
• Um dos mais conhecidos é o
Índice de Livros Proibidos (Index
librorum prohibitorum), cuja
primeira edição foi promulgada
pelo papa Paulo IV em 1559, e
que conheceu mais de 40 edições
até 1948.
38. Carlos Pinheiro, 2010
Alguns autores que viram o seu nome no Index:
• Rabelais
• Montaigne
• Descartes
• La Fontaine
• Pascal
• Montesquieu
• Voltaire
• J.-J. Rousseau
• Denis Diderot
• Casanova
• Sade Mme De Stael)
• Stendhal
• Balzac
• Victor Hugo
• Gustave Flaubert
• Alexandre Dumas
• Emile Zola
• Maeterlinck
• Pierre Larousse
• Anatole France
• Andre Gide
• Jean Paul Sartre
39. Carlos Pinheiro, 2010
As queimas de livros e a punição dos seus autores tornaram-
se uma prática corrente na Europa até ao século XX.
40. Carlos Pinheiro, 2010
• Aparecimento da imprensa
mecânica.
• O livro torna-se muito mais
barato e conhece uma
difusão sem precedentes.
• Aparecem as grandes
bibliotecas universitária e as
primeiras bibliotecas
públicas.
• 1876 – Dewey inventa o
sistema de Classificação
Decimal.
Biblioteca Nacional de Madrid
41. Carlos Pinheiro, 2010
• Aparecimento do livro digital
• 1971 - Projecto Gutenberg: Michael
Hart, da Universidade de Illinois,
disponibiliza uma biblioteca gratuita
de livros digitais com uma colecção
de mais de dois mil exemplares
entre os quis se encontra um grande
número de obras clássicas.
42. Carlos Pinheiro, 2010
1981 – Primeiro livro electrónico:
Surge no mercado o primeiro livro
electrónico com objectivos comerciais, um
dicionário editado pela Random House.
43. Carlos Pinheiro, 2010
1996 – Primeiros leitores
portáteis com ecrã retro-
iluminado – Rocket:
• ecrã a preto e branco.
• memória interna de 16 MB
na versão mais avançada.
• preço: c. 250 dólares
45. Carlos Pinheiro, 2010
• 1999 – Softbook (300 a 600 dólares.
Conteúdos a 20 dólares, descarregados
por internet.
• 1999 – Librius’ Millennium Ebook e
Everybook.
1500 dólares
46. Carlos Pinheiro, 2010
• 2001– Riding Bullet
Stephen King disponibiliza on-
line uma das suas obras –
Riding Bullet: vendeu meio
milhão de exemplares em 2 dias,
a 2,25 dólares.
47. Carlos Pinheiro, 2010
• 2006: Sony lança o leitor Sony Reader
Tecnologia da tinta electrónica
PRS-300
Ecrã: 5 polegadas.
Resolução: 600 x 800 pixels
Dimensões: 159x108x10 mm
Peso 220g
8 níveis de cinzento
Memória interna: 512MB, 440MB
Font Size: 3 tamanhos ajustáveis
Bateria: Até duas semanas
Preço: 199 dólares
48. Carlos Pinheiro, 2010
• 2007: AAmazon lança o Kindle
– 6 polegadas
– 4 níveis de cinzento
– Memória interna de 250 MB
– Acesso à Amazon
• 2008: Sony lança o Sony
Reader PRS-505
50. Carlos Pinheiro, 2010
• 2009: myebook.com
Plataforma de criação e publicação de ebooks on-line
51. Carlos Pinheiro, 2010
• 2009: Bookeen lança o Cybook Opus
– Apenas 150 gramas
– Mais de 1000 livros
– Bateria para 8 mil páginas
52. Carlos Pinheiro, 2010
• 2009: Amazon lança o Kindle 2
– Design mais fino
– Memória interna de 2 Gb
– Ecrã com 16 tons de cinza
– Maior velocidade na transição
entre páginas
– Bateria com maior duração
(até 5 dias)
– Leitura de jornais