2. A sociedade sob uma perspectiva
histórica
Uma das diferenças existentes entre o positivismo e o idealismo é a
importância que o segundo dá a história.
Weber, figura dominante na sociologia alemã, com formação
histórica consistente, se oporá ao positivismo. Para ele, a pesquisa
histórica é essencial para compreensão das sociedades. Essa
pesquisa, baseada na coleta de documentos e no esforço
interpretativo das fontes, permite o entendimento das diferenças
sociais, que seriam, para Weber, de gênese e formação, e não de
estágios de evolução.
3. CONTEXTO DA OBRA
Duas correntes de pensamento nas ciências sociais nascentes:
Positivistas: abordagem dos fenômenos humanos como nas
ciências naturais, busca da explicação (tradição empirista inglesa
e utilitaristas do século XIX). Bacon (1561-1626). Hume (1711-
1776), Comte (1798-1857) e Durkheim (1858-1917).
Idealistas: afirmavam a peculiaridade dos fenômenos
humanos, busca da compreensão, sentido e não da relação causa
e efeito. Para eles a ciência natural (relação sujeito/objeto) difere
das ciências humanas (relação sujeito/sujeito). Tradição no
idealismo filosófico alemão: Hegel (1770-1831), Windelband (1848-
1915), Dilthey (1833-1911), Weber (1864- 1920)
4. Objetivo da sociologia para weber
Diferentemente da sociologia de Durkheim, não consiste em
explicar os fatos sociais.
A sociologia de Weber tem como objetivo captar as conexões de
sentido da ação humana (compreender).
Conhecer um fenômeno social seria extrair dele o conteúdo
simbólico da ação ou das ações que o configuram. (Pergunta
chave: qual o sentido [importância] que o ator dá a sua conduta?
O foco deixa de ser a causa estrutural, para ser o sentido)
5. “[...] se agora sou sociólogo, então é
essencialmente para pôr um fim nesse negócio de
trabalhar com conceitos coletivos. Em outras
palavras: também a Sociologia somente poder ser
implementada tomando-se como ponto de partida
a ação do indivíduo ou de um número maior ou
menor de indivíduos, portanto de modo estritamente
individualista quanto ao método” (Weber em uma
carta ao economista Robert Liefmann em 1920).
6. Sociologia e história
Weber, entretanto, não achava que uma sucessão
de fatos históricos fizesse sentido por si mesma. Para
ele, todo historiador trabalha com dados esparsos e
fragmentários. Por isso, propunha para esse
trabalho o método compreensivo, isto é, um
esforço interpretativo do passado e de sua
repercussão nas características peculiares das
sociedades contemporâneas. Essa atitude de
compreensão é que permite ao cientista atribuir
aos fatos esparsos um sentido social e histórico.
7. Ação social: uma ação com
sentido
O ponto de partida da sociologia de Max Weber não estava nas
entidades coletivas, grupos ou instituições.
Seu objeto de investigação é a ação social, a conduta humana
dotada de sentido, isto é, de uma justificativa subjetivamente
elaborada.
Assim, o homem passou a ter, enquanto indivíduo, na teoria
weberiana, significado e especificidade. É ele que dá sentido `a
sua ação social: estabelece a conexão entre motivo da ação, a
ação propriamente dita e seus efeitos.
8. Ação social em weber
as normas sociais só se tornam concretas
quando se manifestam em cada indivíduo
sob forma de motivação. Cada sujeito
age levado por um motivo que é dado
pela tradição, por interesses racionais ou
pela emotividade
A tarefa do cientista social é descobrir os
possíveis sentidos das ações humanas
presentes na realidade social que lhe
interessa estudar. O sentido, por um
lado, é expressão da motivação
individual, formulado expressamente pelo
agente ou implícito em sua conduta.
9. Ação social
Para Weber, o sociólogo deve compreender o sentido das
denominadas “ações sociais”, investigado a sociedade a procura
de características comum entre os indivíduos para compreender
comportamentos sociais.
Todavia, a uma infinidade de informações que para ser
analisadas, devem-se construir ideias, que não existem, mas que irá
nortear a referida análise.
São os chamados “tipos ideais”
10. Tipos de ação social
Ações racionais
Ação social racional com relação a fins – sendo a ação, racional.
Ou seja, ter a escolha de melhores meios utilizando-se da
racionalidade para que se realize um fim.
Ação social racional com relação a valores – na qual, não é o fim
que orienta a ação, mas a o valor (ético, político, estético e
religioso), pois há inúmeras coisas que fazem com que as pessoas
sigam tais preceitos.
Ações irracionais
Ação social afetiva – a conduta e movida por sentimentalismo (
vingança, orgulho, loucura, medo, inveja, paixão...).
Ação tradicional – tem como fonte motivadora os hábitos e os
costumes enraizados.
11. Outros exemplos
---> Racional com respeito aos fins - alunos que estudam para passar
de ano, trabalhar horas extras para ser promovido.
---> Racional com respeito aos valores - alguém que dá tudo o que
tem a uma instituição de caridade, sem se preocupar com o fato de
que agindo assim, possa cair na pobreza.
---> Afetiva - essa ação envolve emoções, como na família, ou na
relação entre a multidão e um ídolo (seja ele um cantor de rock ou um
líder religioso).
---> Tradicional - quando o indivído age de determinada forma porque
seus pais ou avós agiam da mesma maneira.
13. O Tipo ideal
O tipo ideal de Max Weber corresponde ao que
Florestan Fernandes definiu como conceitos
sociológicos construídos interpretativamente
como instrumentos de ordenação da realidade.
O conceito, ou tipo ideal, é previamente
construído e testado, depois aplicado a
diferentes situações em que dado fenômeno
possa ter ocorrido.
À medida que o fenômeno se aproxima ou se
afasta de sua manifestação típica, o sociólogo
pode identificar e selecionar aspectos que
tenham interesse à explicação como, por
exemplo os fenômenos típicos “capitalismo” e
“feudalismo”.
14. A sociologia Weberiana e o estudo
da sociedade moderna
Weber faz um contraponto à visão marxista, segundo a qual o
capitalismo surge na Europa apenas por conseqüência de
condições eminentemente econômicas.
Para ele, o que faz emergir o capitalismo é uma mudança de
valores (ética) que ocorre no final da Idade Média (secularização).
O capitalismo traz em si uma ética particular por meio da qual
ganhar dinheiro passa a ser uma expressão da virtude. Mais tarde
essa transição dará margem ao fenômeno da racionalização do
mundo.
15. A sociologia Weberiana e o estudo
da sociedade moderna
Weber veicula o capitalismo à ética protestante, mostrando que
essa nova forma de pensar e agir trazida pela Reforma será
essencial para criar as condições necessárias ao advento do
capitalismo.
A ética racional do lucro torna-se legítima e, mais do que isso,
passa a regular as várias esferas da vida (quebra da magia,
desencantamento do mundo).