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1  sur  72
Leite
REVISTA




   Integral
   Revista Técnica da Bovinocultura de Leite - Número 25 - Ano 4 | Dezembro/Janeiro | 2009/2010




                                                                                                         MANEJO
                                                                                                  Recomendações para a
                                                                                                    produção de silagem
                                                                                                       de alta qualidade

                                                                                                       sANidAdE
    ESTRESSE CALÓRICO                                                                               Mastite em novilhas:
                                                                                                           prevalência e
    Efeitos do estresse                                                                              fontes de infecção
    calórico na reprodução                                                                                            7
Antibiótico bom é assim:
                        cura rápido e de primeira
Por dentro da notícia




      Fácil de Aplicar e Rápida Recuperação dos Animais
                                                   mais
                                                          Jun/09




6
                                  www.kinetomax.com.br
Terminamos 2009 com grandes novidades para os nossos leitores! A primeira, é o Pôster Escore
                             Corporal de Bovinos Leiteiros, que está sendo distribuído a todos os assinantes. Trata-se de um
                             trabalho inédito, pois apresenta a avaliação de vacas F1 HolandêsXGir, permitindo a compara-
                             ção com o Holandês puro. Nossa sugestão é que ele seja afixado em local de fácil visualização
                             para observação constante.
editorial
                             Outra novidade é a mudança no nosso projeto gráfico, elaborado nos moldes mais modernos
                             de diagramação, visando tornar a sua leitura ainda mais agradável e proveitosa. Esperamos
                             que gostem!

                             Chega de saudade! Em 2010 queremos estar ainda mais próximos de nossos leitores. Para isso,
                             preparamos uma programação mensal, alternando a revista com cadernos especiais.
                             Aguardem...

                             E, para fechar o ano com chave de ouro, apresentamos essa edição, feita, como sempre, com
                             todo o nosso carinho e dedicação.

                                                                                                                         Boas festas e uma ótima leitura!


                                                                                                                                              Flávia Fontes
                                                                                                                                                 Editora Chefe

                                               Mensagem de Natal
                                              “Quem teve a idéia de cortar o tempo                             Desejo todas as cores desta vida,
                                             em fatias, a que se deu o nome de ano,                           Todas as alegrias que puder sorrir,
                                foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança                        Todas as músicas que puder emocionar,
                                 fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze                                  Para você, neste novo ano,
                                 meses dão para qualquer ser humano se cansar e                          Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
                               entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação                            Que sua família esteja mais unida,
                               e tudo começa outra vez com outro número e outra                               Que sua vida seja mais bem vivida.
                               vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser                     Na verdade, gostaria de lhe dizer tantas coisas,
                                                    diferente.”                                                 Mas nada seria suficiente para
                                                                                                           Repassar o que realmente desejo a você.
                                        Para você, desejo o sonho realizado,                         Então, desejo apenas que você tenha muitos sonhos,
                                                 O amor esperado,                                             Sonhos grandes, que eles possam
                                              A esperança renovada.                                                te mover a cada minuto,
                                                     Para você,                                                    rumo a sua FELICIDADE.



                   expediente
Editora Chefe
Flávia Adriana Pereira Vieira Fontes
                                                    Ana Luíza da Costa Cruz Borges - UFMG
                                                    Angela Maria Quintão Lana - UFMG
                                                                                                            Contato Publicitário
                                                                                                            Mônica Cotta                                       siGA-NOs
DSc. Ciência Animal - CRMV-MG 5741                  Antônio Último de Carvalho - UFMG                       (31) 3281-5862
                                                    Elias Jorge Facury Filho - UFMG                         monica@revistaleiteintegral.com.br
Editora Técnica                                     José Luiz Vasconcelos - UNESP/Botucatu
Nadja Gomes Alves                                   Marcos Neves Pereira - UFLA                             Diagramação
Profa. Adjunta do Departamento de Zootecnia,        Mônica M. O. Pinho Cerqueira - UFMG                     Alessandra Alves
Universidade Federal de Lavras                      Norberto Mário Rodriguez - UFMG
                                                    Ronaldo Braga Reis - UFMG                               Assinatura Anual (6 edições)                   twitter.com/LEiTE_iNTEGRAL
Coordenadora Comercial e de Marketing               Sandra Gesteira Coelho - UFMG                           Brasil - R$ 65,00
Mônica Cotta                                                                                                Exterior - R$ 115,00
                                                    Capa                                                    www.revistaleiteintegral.com.br
Jornalista Responsável                              Cristine - Grande Campeã
Alessandra Alves - MTB 14.298/MG                    Fêmea Jovem Nacional 2008
                                                    Fazendas Reunidas HD - Coronel Pacheco/MG               As idéias contidas nos artigos assinados não
Consultoria Técnica                                 Proprietário: Horácio Moreira Dias                      expressam, necessariamente, a opinião da revista milkpoint.com.br/mypoint/
Adriana de Souza Coutinho - UFLA                    Fotógrafo: Márcio Brigato                               e são de inteira responsabilidade de seus autores. revistaleiteintegral
Álan Maia Borges - UFMG                             Foto gentilmente cedida por Eduardo Lopes

                                                                   Administração / Redação
                                       Av. Getúlio Vargas, 874 - sala 607 | Funcionários 30112-020 | Belo Horizonte/MG
                                                             Horário de atendimento: 9h às 17h30
                                                                     Telefax: (31) 3281-5862
06
     resolva, se puder               entrevista




46
     manejo
                                                   10

                                  nossa história




48
     aconteceu




54
                                       nutrição
                                                   14




     você sabia?                          capa




60
                                                   22




                                      sanidade
                                                   32




     especial




62
     opinião                          mercado
                                                   38




70
                         índice
edições 2009
   Artigos publicados, separados por revista e assunto:

   GESTÃO
   nº19   O papel da assistência técnica e/ou consultoria em momentos de crise
   nº20   Novos conceitos de empreendedorismo - Parte I
   nº20   Novos conceitos de empreendedorismo - Parte II

   INSTALAÇÕES E AMBIÊNCIA
   nº21   Efeitos do conforto na qualidade do leite, produtividade e comportamento de vacas
   nº23   Metodologia de avaliação do conforto animal em instalações do tipo free-stall

   REPRODUÇÃO E MELHORAMENTO GENÉTICO
   nº19   Manejo reprodutivo em gado leiteiro – Parte 1
   nº19   Aborto em bovinos: causas e diagnóstico diferencial
   nº20   Manejo reprodutivo em gado leiteiro – Parte 2 - Índices de eficiência reprodutiva
   nº21   Mapeamento do genoma bovino e suas aplicações na pecuária leiteira
   nº21   Marcadores moleculares na pecuária leiteira
   nº21   Efeito da utilização de gordura como fonte energética sobre o desempenho reprodutivo
   nº22   Benefícios e estratégias da utilização de BST em rebanhos leiteiros – Parte I
   nº23   Estratégias para incrementar a detecção de cios
   nº23   Benefícios e estratégias da utilização de BST em rebanhos leiteiros – Parte II

   NUTRIÇÃO E PASTAGENS
   nº19   Repensando a utilização de fósforo nas dietas de vaca leiteiras
   nº20   Prioridades de utilização de nutrientes em vacas leiteiras no pós-parto imediato
   nº20   Aditivos alternativos para a alimentação de ruminantes
   nº20   Silagem de grãos úmidos na alimentação de bovinos leiteiros
   nº20   Adubação nitrogenada em pastagens: eficiência no processo
   nº20   Recuperação de pastagens degradadas – Parte I - Fatores condicionantes
   nº22   Silagem de grãos úmidos na alimentação de bovinos leiteiros – Parte II
   nº22   Recuperação de pastagens degradadas - Parte II – Formação da pastagem
   nº23   Recuperação de pastagens degradadas - Parte III – Recuperação e Renovação
   nº23   Manejo racional de pastagens: desafios de um “novo” sistema de produção

   QUALIDADE DO LEITE
   nº22   Influência do equipamento de ordenha no controle da mastite e qualidade do leite – Parte I
   nº23   Influência do equipamento de ordenha no controle da mastite e qualidade do leite – Parte II

   SANIDADE
   nº19   Aborto em bovinos: causas e diagnóstico diferencial
   nº20   Aspectos relacionados à etiologia do deslocamento de abomaso à esquerda
   nº21   Monitoramento de parâmetros metabólicos sanguíneos durante o período de transição
   nº22   Coleta e envio de amostras para análises laboratoriais - Parte I – Sangue, Fezes, Urina e Secreções
   nº22   Enfermidades causadas pelo Vírus da Diarréia Bovina
   nº23   Falha na transferência de imunidade passiva

   ESPECIAL
   nº22   Coleta e envio de amostras para análises laboratoriais – Parte 1 – Sangue, fezes, urina e secreções
   nº23   Coleta e envio de amostras para análises laboratoriais – Parte 2 – Análise de solo e alimentos
Entrevista




                                                                                  CRAiG BELL
                                                                          O diretor executivo e um dos só-
                                                                          cios da Leitíssimo, Craig Bell (ex-
                                                                          Gerente Geral da Fonterra Brasil),
                                                                          fala sobre a Fazenda Leite Verde,
                                                                          e sobre o que atraiu produtores
                                                                          da Nova Zelândia a investirem no
                                                                          nordeste brasileiro.

                                                                                               Entrevista concedida ao Milkpoint.




                    Fazenda Leite Verde – Maior fazenda produtora de leite sem confinamento no Brasil


                    A Fazenda Leite Verde utiliza práticas e           da, as vacas são livres de brucelose e tuberculose
                 princípios do sistema de pastoreio, desenvolvidos     (a fazenda está em processo de certificação junto
                 na Nova Zelândia. O leite é engarrafado na própria    à ADAB na Bahia para receber a certificação oficial
                 fazenda - inicialmente a fábrica produzirá aproxi-    ao abrigo do PNCEBT- Programa Nacional de Con-
                 madamente 20.000 litros/dia (40% da sua capaci-       trole e Erradicação da Tuberculose e Brucelose) e
                 dade). No entanto, foi projetada para permitir ex-    se alimentam de pasto. O leite, livre de resíduos de
                 pansão até 150.000 litros/dia.                        antibióticos e carrapaticidas, segundo dados da em-
                    O Leitíssimo Longa Vida UHT, que será vendido      presa, possui menos de 30.000 UFC/ml (Unidades
                 em garrafas plásticas (PET) recicláveis, é produzi-   Formadoras de Colônias) e menos de 300.000 CCS/
                 do a partir de matéria-prima de um único rebanho      ml (contagem de células somáticas).
                 (rastreabilidade total). Segundo os donos da fazen-      O rebanho, desenvolvido na própria fazenda ao

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Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010




longo de sete anos, conta hoje       cedente de
com 3.000 vacas, das quais cerca     leite.    Além       Podemos     produzir    três
de 1.300 estão neste momento         disso, o Su-         vezes mais leite por hectare
em lactação. As vacas são prove-     doeste      de       do que a Nova Zelândia.
nientes de cruzamentos de raças      Bahia     tem
selecionadas, com ênfase no de-      possivel-                              tos durante o inverno. O custo
senvolvimento de Kiwicross (jer-     mente o melhor clima no Brasil         de produção é similar ao da Nova
sey com holandês), tendo como        para produção de leite em pasto.       Zelândia, mas essas vantagens fa-
objetivo a máxima adaptação ao                                              zem a diferença para nós.
pasto, com baixo fornecimento        A Leite Verde sempre se man-
de concentrado. Todo o sêmen         teve distante da imprensa e            O sudoeste da Bahia pode se
utilizado para reprodução provém     mesmo de técnicos e produ-             transformar em um novo pólo
de touros da Nova Zelândia.          tores que desejavam visitá-la.         de produção de leite, inclusive
   A Fazenda utiliza 224 hec-        Por que agora a propriedade            com potencial para exporta-
tares em sistema de pastejo          foi aberta à visitação?                ção?
rotacionado com grama Tifton
irrigada. Segundo informe da as-        Optamos por manter uma                   Existe na nossa região, Jabo-
sessoria de imprensa da empresa,     posição distante durante este          randi e Cocos, uma grande opor-
atualmente a fazenda é a maior       período, pois queríamos ter dados      tunidade para produzir leite com
produtora de leite sem confina-      reais do potencial de produção da      um custo baixo devido ao clima
mento do Brasil, e conta com 50      nossa região antes de divulgar re-     e à abundância e qualidade de
funcionários.                        sultados. Agora temos dados con-       água. Esta região possui todas as
                                     fiáveis e já recebemos vários téc-     condições para transformar-se
O projeto de industrialização        nicos na fazenda, principalmente       em um novo pólo de produção de
sempre existiu ou representa         da DPA.                                leite no Brasil. Quanto à exporta-
uma mudança na estratégia da                                                ção temos dúvidas, pois estamos
empresa? Por que essa decisão,       Quando se diz que as condições         a 1.200 km da costa e o custo de
considerando    que    na     Nova   são ainda melhores do que na           logística é alto.
Zelândia, por exemplo, a verti-      Nova Zelândia, o senhor se
calização não é uma realidade?       refere aos custos de produção?         A partir do sucesso desse em-
                                                                            preendimento, o senhor acre-
   Quando começamos o pro-              Podemos produzir três vezes         dita que outros produtores da
jeto, notamos que o Nordeste do      mais leite por hectare do que a        Nova Zelândia irão se estabe-
Brasil é uma região deficitária em   Nova Zelândia, com um perfil           lecer no Brasil?
leite, e acreditamos que é me-       regular de produção durante o
lhor ter uma fazenda perto da de-    ano, sem a necessidade de fazer             Já existem outros fazendeiros
manda do que em uma região ex-       silagem ou usar outros suplemen-       da Nova Zelândia no Brasil, em

                                                                                                                                  7
Entrevista



                 outras regiões, e acho que pro-     não precisa preocupar-se com es-   desafio,    pensando       em    siste-
                 vavelmente chegarão mais.           tes detalhes.                      mas de produção em pasto, é a
                                                                                        qualidade genética. Encontramos
                 Quais foram as grandes                                                            uma grande diferença
                 dificuldades enfrenta-                                                            de conversão de pasto
                 das por um produtor
                                                 se o Brasil deseja aumentar                       em leite entre as vacas
                 neozelandês que, há 7
                                                 seu volume de exportações,                        da Nova Zelândia e as
                 anos, decidiu se esta-
                                                 a qualidade de leite precisa                      brasileiras,    mas   acho
                 belecer em uma região
                                                 melhorar muito, eliminando                        que é possível desen-
                 sem tradição na ativi-
                                                 resíduos de carrapaticidas                        volver   esse    potencial
                 dade leiteira e com
                                                 e antibióticos, e reduzindo                       para as condições lo-
                 pouca infra-estrutura?
                                                 a contagem bacteriana no                          cais. Além disso, se o
                                                 leite cru.                                        Brasil deseja aumentar
                     Tivemos que criar                                                             seu volume de expor-
                 quase toda a infra-es-                                                            tações, a qualidade do
                 trutura, investindo em 25 Km de     Em sua opinião, quais são os       leite precisa melhorar muito,
                 linhas de energia elétrica, 75 Km   grandes desafios do setor lác-     eliminando resíduos de carrapati-
                 de estradas, uma escola, e mui-     teo tem do Brasil, se compara-     cidas e antibióticos, e reduzindo
                 tas casas, além de desenvolver      do, por exemplo à Nova Zelân-      a contagem bacteriana no leite
                 diversas habilidades para ma-       dia?                               cru, que é hoje de proximada-
                 nutenção e operação do projeto.                                        mente 1.000.000 UFC/ml, para
                 Um fazendeiro na Nova Zelândia         Em minha opinião, o maior       menos que 50.000 UFC/ml. •




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                               O MAIOR EVENTO
                           DO SETOR NAS AMÉRICAS
                           Venha participar do 11º Congresso Pan-Americano do Leite, o evento que vai debater e
                           planejar os rumos da cadeia produtiva do leite, reunindo os maiores especialistas da área.
                           Além disso, serão realizadas diversas atividades simultâneas, com destaque para a Exposição
                           Industrial e Comercial. Faça sua inscrição e construa um setor cada vez mais forte e saudável.


                                    22 a 25 de março de 2010                     Belo Horizonte MG
                                                                                 Minascentro


                                                        Inscrições www.congressofepale.com
              REALIZAÇÃO




                                                                    PATROCÍNIO




                                                                                                                PATROCÍNIO
                                                                    MASTER




                                                                                                                PLATINA
ORGANIZAÇÃO




                                                                                                                                             9
                            APOIO
Nossa História




                                     TORNEiO LEiTEiRO:
                                      onde a paixão e a técnica
                                      caminham de mãos dadas




                                                                                                  Eduardo Valias Vargas
                                                                                                         Médico Veterinário
                                                                                                          Nutron Alimentos



                     Nascido e criado em tradicional bacia leiteira, tenho na memória até o frio que sentia “rodeando” as
                  vacas nos torneios leiteiros nas fazendas. Disputa amigável, mas acirrada, entre os melhores rebanhos da
                  minha querida São Gonçalo do Sapucaí, aqui no sul de Minas.
                     Minha família participou poucas vezes. A primeira, talvez em 1945, muito antes do meu nascimento.
                  E não fez feio, assim como nas poucas vezes que assisti a nossa participação.
                     Depois, já crescido, os torneios “minguaram”, mas agora felizmente eles retomam força, com o pro-
                  fissionalismo atual mesclado à paixão tradicional. E esta nova realidade encontrou-me formado, traba-
                  lhando justamente com nutrição de vacas leiteiras. Esta gratificante lida proporcionou-me a oportuni-
                  dade de conviver e me tornar amigo de grandes “torneieiros”, como o Gilberto e o Fernando Vilela, de Boa
                  Esperança, ambos com laços de parentesco comigo, embora tenham sido os torneios leiteiros que fizeram
                  com que nossos caminhos se cruzassem.
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Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010




   Conversando com Gilberto, na      Genética, Nutrição e Manejo             volumoso”. Uma dieta adequada
fazenda Campo Redondo, onde                                                  em volumoso, concentrado, mi-
ele cria excelentes animais da          Se estes são os três pilares         nerais, vitaminas e aditivos é
raça Holandês, fica fácil de en-     da produção de leite, é no tor-         realmente importante para se
tender a paixão. E a história é a    neio leiteiro que se expressam          vencer um torneio ou para que
mesma. “Desde moleque acom-          com intensidade máxima. Inclu-          qualquer vaca produza tanto leite
panhava meu pai nos torneios.        sive, acho que esta é a grande          quanto sua genética e o manejo
Assistia e o ajudava a tratar das    contribuição do torneio para os         permitam. Gilberto comenta a-
vacas”, conta.                       técnicos. Ali sim, são validadas as     inda sobre os tamponantes, leve-
   Gilberto se formou em Zoo-        técnicas e tecnologias disponíveis      duras      e    protetores         hepáticos
tecnia pela Universidade Federal     no mercado.                             como importantes aditivos em
de Lavras, então ESAL, em 1987,         Segundo Gilberto, a genética         uma dieta desafiadora, para altas
e hoje é realmente uma referên-      é muito importante, pois em tor-        produções, mas com a preserva-
cia em torneios leiteiros. Só em     neios vencem as vacas de alto po-       ção da saúde da vaca.
2009 participou de 10, com vacas     tencial genético. “Enquanto al-               É no torneio leiteiro que se
próprias ou conduzindo os tra-       gumas vacas atingem seu limite e        conhece, na prática, o poten-
balhos em animais de terceiros,      param de aumentar a produção,           cial dos alimentos. Qualidade
além dos muitos outros “por tele-    em outras eu jamais descobri o          da fibra, perfil de aminoácidos,
fone”. Aliás, esta é uma caracter-   limite, até porque nunca matei          biodisponibilidade de minerais,
ística marcante no Gilberto: ele     uma vaca, graças a Deus. Termina        eficiência de vitaminas e aditivos
não “esconde leite!” Para ele, o     o torneio e a vaca continua a pro-      são     constantemente              avaliados
torneio leiteiro é um local para     duzir e reproduzir.”                    pela vaca, e o “torneieiro” sabe
troca de experiências, ajuda mú-        Ainda sobre a genética, Gil-         receber e interpretar o feedback
tua e grandes amizades. “A dis-      berto sempre comenta da im-             que ela transmite.
puta é saudável”.                    portância de se utilizar sêmen                A água é outro nutriente es-
   Destes    certames,     trouxe    de touros provados. Criador de          sencial na rotina de trabalho de
prêmios importantes, como a          Holandês, ressalta a grande im-         um torneio leiteiro. Nesse ponto
Campeã Novilha da Megaleite e        portância dessa raça para o in-         da conversa, já contamos com a
a Campeã Vaca na Agroleite, em       cremento da produção de leite           presença do Dr. Fernando Vilela,
Castro, Paraná, onde a vaca Sel-     no mundo, inclusive por meio dos        que fala da importância da tem-
vaverde Maaike 2142, de Teunis e     cruzamentos.                            peratura da água, completando o
John Groenwold produziu 326,78          No quesito nutrição, ressalta        Gilberto, que frisa a importância
Kg de leite em 11 ordenhas, com      com clareza a importância do            da qualidade e disponibilidade
média de 89,122 Kg de leite por      volumoso na dieta. “Às vezes,           constante da mesma. Ponto em
dia.                                 algumas vacas pifam pela falta          comum: a água do torneio deve
                                     de um balanceamento adequado            ser a mesma que a vaca está be-
                                     de volumoso na dieta. A base é o        bendo na fazenda.

                                                                                                                                   11
12
                                                                                                  Nossa História
     Resultados do Torneio Leiteiro I Exposição Agropecuaria e Industrial de São Gonçalo do Sapucaí, 1945.
Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010




   Em manejo, o foco deve ser o     Geralmente, os torneios vão de             mais e mais tecnologia, informa-
conforto e a alimentação, já que    março a outubro, e este ano já             ções, validações e produtos que
outras variantes, como a sani-      houve, em Minas Gerais, eventos            possam atender a este público
dade, por exemplo, obrigatoria-     chancelados pela Associação Mi-            exigente em resultados desafia-
mente deverão estar em dia. Mais    neira do Holandês, como o tor-             dores, com segurança para a vida
uma vez, toda a técnica disponí-    neio da Megaleite, que também              da vaca e do ser humano, que é
vel está sob constante observa-     traz o Torneio Nacional do Giro-           a principal razão de ser de todo o
ção. É necessário monitorar o       lando. Para o ano que vem estão            setor produtivo.
conforto térmico e da cama, a in-   programados
gestão de matéria seca, o núme-     vários     even-
ro de tratos por dia, o número de   tos,     aguar-
mastigações, o tempo de rumina-     dados       com
ção, a consistência das fezes, o    ansiedade     e
aspecto da urina, dentre outros.    expectativa.
Trata-se de um verdadeiro trata-    Além dos prê-
do de manejo de vacas leiteiras     mios,       que
entrando em ação, muitas vezes,     hoje     podem
sem que o próprio tratador saiba    chegar a um
os fundamentos técnicos do que      carro zero km,
está fazendo, e fazendo bem         e que são um
feito. Todos sabem que, sem isso,   forte estímulo
normalmente não se vence o tor-     ao retorno do
neio.                               investimento,
   “Conduzir uma vaca em tor-       há que se le-      Da esquerda para a direita Fernando, Eduardo e Gilberto com a vaca Selvaverde Maaike
                                                       2142 no Torneio Leiteiro da Agroleite 2009, em Castro/PR.
neio é como pajear um neném”,       var em conta
diz Gilberto. E quem o conhece      a valorização e o comércio de                   É gratificante ver uma vaca
sabe que está falando de zelo,      animais de alto potencial. Não dá          campeã de torneio voltar para a
atenção, amor e respeito à vaca.    para esquecer também a magia               fazenda e ainda produzir muito
   Bom mesmo é ver que os tor-      do tradicional banho de leite, or-         leite e muitas filhas, assim como
neios estão aí, agitando e emo-     gulho geralmente eternizado em             é gratificante conhecer o Sr. Ênio,
cionando o interior do Brasil,      fotos que passam de geração em             que ensinou o Gilberto, que está
desafiando todas as raças de        geração.                                   ensinando o André e o Diego a
aptidão leiteira e prestando um        Aos bons e éticos “torneiei-            “conhecer as vacas e cuidar delas
grande serviço à pecuária nacio-    ros” do Brasil, o nosso respeito e         como se estivessem pajeando um
nal, mesmo que esta não seja a      admiração. Vocês fazem com que             neném”. •
declarada intenção dos eventos.     nós, que trabalhamos na indústria
   A temporada 2010 promete.        de nutrição animal, busquemos

                                                                                                                                       13
Nutrição




                 UTiLiZAçãO DE iONóFOROS EM
                  DiETAS DE VACAS LEiTEiRAS
                      PARTE i – MECANiSMOS DE AçãO E EFEiTOS NA FERMENTAçãO RUMiNAL




            Ricardo Andrade Reis
            Professor do Departamento de Zootecnia, FCAV/UNESP, Pesquisador do CNPq
            Jucileia A. da silva Morais
            Zootecnista, Doutoranda em Produção Animal - Nutrição de Ruminantes
            Gustavo Resende siqueira
            Zootecnista, Doutorando em Produção Animal - Nutrição de Ruminantes




            Introdução                                                            tida, outros produtos da fermentação, como calor,
                                                                                  metano e amônia, representam perdas de energia e
                No ecossistema anaeróbio do rúmen os microor-                     proteína do alimento para o ambiente.
            ganismos fermentam carboidratos e proteínas para                          De 2 a 12% da energia consumida pelos rumi-
            obterem nutrientes necessários para seu crescimen-                    nantes pode ser perdida na forma de metano, um
            to. Muitos dos produtos finais dessa fermentação,                     gás produzido no rúmen durante o processo de fer-
            como os ácidos graxos voláteis e a proteína micro-                    mentação dos carboidratos. No rúmen, o hidrogênio
            biana, são as principais fontes de nutrientes (ener-                  é produzido durante a fermentação anaeróbia dos
            gia e nitrogênio) para o ruminante. Em contrapar-                     carboidratos e pode ser usado durante a síntese dos
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ácidos graxos voláteis e da ma-       respondem pela produção de 22%         do ecossistema, acidificação e
téria orgânica microbiana. O ex-      desse gás e, conseqüentemente,         eutroficação (processo de enve-
cesso de hidrogênio é eliminado,      3,3% do aquecimento global.            lhecimento dos lagos pelo exces-
principalmente    pela     formação      Em relação aos compostos            so de nutrientes) do ambiente.
de metano. O balanço estequio-        nitrogenados, pesquisas consi-         Da mesma forma, o óxido nitroso
métrico dos ácidos graxos volá-       deram que, em rebanhos lei-            é um potente gás de efeito es-
teis, CO2 e metano indica que na      teiros, de 20 a 30% do nitrogênio      tufa, contribuindo para o aqueci-
produção de acetato e butirato,       (N) consumido diariamente é            mento global.
ocorre a síntese de metano, en-       convertido em proteína do leite             A redução na eliminação des-
quanto a formação de propionato       e muscular, sendo o restante ex-       ses produtos tem concentrado
retira hidrogênio do meio, redu-      cretado nas fezes e urina.             os esforços dos pesquisadores
zindo assim a sua formação. A in-        A máxima eficiência possí-          mundiais, propiciando além do
tensidade da emissão de metano        vel varia com a espécie animal,        aumento na eficiência de con-
proveniente da fermentação ru-        idade, estágio de lactação, etc,       versão dos nutrientes consumidos
minal depende, principalmente,        sendo o limite teórico de aproxi-      em produtos consumíveis (carne
do tipo de animal, do consumo         madamente     50%.   Essa    baixa     e leite), redução no impacto dos
de alimento e do grau de diges-       eficiência de conversão do N da        sistemas de produção no ambi-
tibilidade da massa ingerida. Al-     dieta em proteína do leite e do        ente. A manipulação ruminal, por
terações da dieta ou dos níveis de    músculo pode ser resultado da          meio de substâncias introduzidas
ingestão de alimentos afetam a        extensa degradação da proteína         na ração, ou naturalmente pre-
quantidade de metano produzido        no rúmen, com altas taxas de           sentes nos alimentos, tem ofe-
no rúmen e os fatores envolvidos      produção e absorção de amônia;         recido alternativas para aumen-
incluem ingestão de alimento,         da interação do N com a fonte          tar a eficiência de utilização das
tipo e quantidade de carboidrato      de carboidrato, para um ótimo          dietas consumidas pelos rumi-
na dieta, processamento da for-       crescimento microbiano, e do           nantes.
ragem, adição de lipídios e ma-       metabolismo    pós-absortivo   do           Em termos simplificados, os
nipulação da microflora ruminal.      animal.                                principais objetivos da manipu-
   O metano além de ser direta-          O N perdido pode ser lixiviado      lação ruminal seriam: (1) me-
mente relacionado com a eficiên-      para lençóis freáticos, ou emi-        lhorar os processos benéficos,
cia da fermentação ruminal e,         tido para a atmosfera na forma         (2) minimizar, eliminar ou alterar
conseqüente com a perda de e-         de compostos voláteis. Deve-se         os processos ineficientes, (3)
nergia nos sistemas de produção,      considerar que concentrações su-       minimizar, eliminar ou alterar os
se caracteriza como um impor-         periores a 50mg de nitrato/L nos       processos prejudiciais ao animal
tante gás de efeito estufa, con-      lençóis freáticos são potencial-       hospedeiro. Exemplos de proces-
tribuindo com cerca de 15% do         mente nocivas à saúde humana. A        sos cuja maximização seria válida
aquecimento      global.    Deve-se   emissão de amônia para a atmos-        em todas as circunstâncias são
considerar que os ruminantes          fera contribui para a fertilização     a degradação da fibra, fermen-

                                                                                                                                   15
Nutrição



            tação do lactato e conversão de     ou que fermentam ácido lácti-        uma vez que a maioria dos ionó-
            compostos nitrogenados não pro-     co, e inibindo as gram-positivas     foros não passa através da mem-
            téicos em proteína microbiana.      produtoras de ácidos acético,        brana celular, tornando as célu-
            Por outro lado, a produção de       butírico, láctico e H2.              las da bactérias gram-negativas
            metano, degradação da proteína         Em função da característica       impermeáveis a esses compos-
            e absorção de amônia são proces-    de ação dos ionóforos sobre a        tos. Por outro lado, as bactérias
            sos que deveriam ser minimiza-      população microbiana, os benefí-     gram-positivas possuem apenas
            dos.                                cios de sua ação biológica podem     uma membrana porosa que não
               Os resultados dessas pesquisas   ser classificados em 3 áreas:        impede a ação da monensina.
            evidenciam que há uma grande                                                O mecanismo de ação dos
            variedade de aditivos alimenta-     1) aumento da eficiência do me-      ionóforos sobre as bactérias está
            res com potencial para influen-     tabolismo da energia das bac-        relacionado com um processo
            ciar alguns componentes do me-      térias ruminais e/ou do animal,      chamado bomba iônica, que re-
            tabolismo do rúmen.                 alterando a proporção dos ácidos     gula o balanço químico entre o
                                                graxos voláteis produzidos no rú-    meio interno e externo da célu-
            Ionóforos                           men e diminuindo a produção de       la. Os ionóforos ao se ligarem à
                                                metano;                              membrana celular das bactérias
               Os ionóforos, principalmente                                          e protozoários e, provavelmente
            a monensina, são provavelmente      2) melhoria do metabolismo do        a dos fungos ruminais, facilitam
            os aditivos mais pesquisados em     N pelas bactérias ruminais e/ou      o movimento dos cátions através
            dietas de ruminantes.               do animal, diminuindo a absorção     da membrana celular. Essas rea-
               Atualmente, são conhecidos       de amônia e aumentando a quan-       ções culminam em uma reduzida
            mais de 120 tipos de ionóforos      tidade de proteína de origem         concentração intracelular de K+,
            resultantes da fermentação de       alimentar que chega ao intestino     baixo pH e maior concentração
            vários tipos de actinomicetos,      delgado;                             intracelular de Na+. Nesse caso,
            produzidos principalmente por                                            as bactérias gram-positivas são
            bactérias do gênero Streptomy-      3) diminuição das desordens re-      forçadas a utilizar os sistemas
            ces, mas somente a monensina,       sultantes da fermentação anor-       de transporte celular para dissi-
            lasalocida, salinomicina e lai-     mal no rúmen, como acidose,          par o H+ e o Na+ intracelular na
            dlomicina propionato são aprova-    timpanismo e coccidiose.             tentativa de manter o equilíbrio
            dos para uso em dietas de rumi-                                          na célula, com o gasto de 1 ATP
            nantes.                             Mecanismo de ação dos                por próton mobilizado. Esse pro-
               A ação dos ionóforos no rú-      ionóforos                            cesso, juntamente com a baixa
            men ocorre pelas mudanças na                                             concentração de K+ intracelular,
            população microbiana, selecio-         As bactérias ruminais gram-       reduz as reservas energéticas e a
            nando as bactérias gram-negati-     negativas são mais resistentes aos   taxa de síntese de proteína com
            vas produtoras de ácido succínico   ionóforos que as gram-positivas,     conseqüente menor capacidade

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Nutrição



            de divisão celular. Como con-            ruminais parecem ser sensíveis       afetada, mas se observa signifi-
            seqüência, a bomba iônica não            aos ionóforos, com a magnitude       cativa alteração nas proporções
            opera   eficientemente,        provo-    dependente da espécie do orga-       relativas. Enquanto as concentra-
            cando um desequilíbrio. Devido           nismo testado. Resultados de es-     ções de ácido acético e butírico
            a uma maior concentração de              tudo in vivo, evidenciam que es-     diminuem ou se mantém estáveis,
            cátions dentro da célula, ocorre         pécies e cepas também diferem        aquelas de ácido propiônico au-
            aumento da pressão osmótica, a           em sensibilidade aos ionóforos e     mentam significativamente em
            água penetra em excesso e com            que os protozoários são sensíveis    resposta ao aditivo (Tabela 1).
            isso a célula “incha”, tendendo a        à monensina, embora o grau de           A intensidade desses efeitos é
            romper-se. Desse modo, as bac-           sensibilidade varie com a espé-      dependente do tipo de dieta e do
            térias acabam morrendo ou as-            cie.                                 nível de suplementação com mo-
            sumem um nicho microbiano sem                                                 nensina. Vários estudos (Tabela
            expressão ruminal.                       Efeito dos ionóforos na              1) têm demonstrado que a suple-
               Como dito anteriormente, a            fermentação ruminal                  mentação com monensina provo-
            resistência das bactérias gram-                                               ca maior mudança na proporção
            negativas aos ionóforos parece              Bactérias que produzem ácido      de ácidos graxos voláteis, prin-
            estar relacionada à presença de          lático, acético, butírico, fór-      cipalmente do ácido propiônico,
            uma segunda membrana que é im-           mico e hidrogênio, como princi-      no rúmen de animais alimentados
            permeável a grandes partículas.          pal produto final, são suscetíveis   com dietas mais ricas em con-
            No entanto, os ionóforos podem           aos ionóforos, enquanto que as       centrados do que naquelas com
            aumentar o fluxo de íons em al-          produtoras de ácido succínico e      maior proporção de volumosos.
            gumas bactérias gram-negativas           propiônico, e aquelas que fer-       Isso pode ser explicado pela dife-
            que se comportam como gram-              mentam lactato, são resistentes.     rença na população microbiana
            positivas,     principalmente     em        Como resultado da alteração       predominante no rúmen. O rú-
            altas concentrações de ionóforos.        na população microbiana, em          men de animais alimentados com
            Como exemplo, a gram-negativa            função da utilização de ionóforos,   feno ou rações à base de volu-
            Fibrobacter succinogenes, uma            ocorre uma mudança também nos        mosos apresenta predominância
            bactéria que degrada a celulose          produtos finais da fermentação,      de organismos gram-negativos,
            é mais sensível aos ionóforos do         em geral, com uma menor relação      enquanto que em animais ali-
            que outras gram-negativas. Além          acetato:propionato. Rogers et al.    mentados com dietas a base de
            disso, com o passar do tempo,            (1997) observaram que a relação      grãos observa-se maior proporção
            bactérias      originalmente    resis-   acetato:propionato diminuiu em       dos gram-positivos. Dessa forma,
            tentes aos ionóforos podem tor-          média 65 a 72%. Após a retirada      espera-se maior efeito em dietas
            nar-se sensíveis e algumas das di-       da monensina a relação retornou      com maior participação de con-
            tas sensíveis podem desenvolver          aos valores pré-adição.              centrados do que em dietas com
            resistência.                                Em geral, a produção total de     mais volumosos, uma vez que os
               Em culturas puras, os fungos          ácidos graxos voláteis é pouco       ionóforos atuam principalmente

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Tabela 1. Efeito da monensina na produção de ácidos graxos voláteis (AGV) no rúmen.

                                                                            Proporção molar de AGV                                             AGV
                                   Número de                                      (% do total)                                                Totais
 dose de monensina                  estudos
                                                                                                                                              (mM/l)
                                                              Acético                    Propiônico               Butírico
 Amostra de bovinos fistulados alimentados com dieta com alto concentrado
 0 mg/animal/d                            55                     60,8                       25,9                     13,4                      79,3
 50 mg/an/d                               23                     63,5                    29,91 (+153)            6,5 (-51)
                                                                                                                      2
                                                                                                                                           66,22 (-16)
 100 mg/an/d                              31                    51,62                    40,42 (+55)             8,0 (-40)
                                                                                                                      2
                                                                                                                                           90,41 (+14)
 200 mg/an/d                               8                    52,92                    39,82 (+54)             7,32 (-45)                    76,9
 Amostra de bovinos fistulados alimentados com pasto
 0 mg/an/d                                 8                     66,8                       20,7                      9,7                      128,2
 50 mg/an/d                                8                     63,3                       22,3                     10,6                      129,4
 200 mg/an/d                               8                    59,71                       28,1                      8,8                      136,2
 Amostra de bovinos confinados alimentados com alto concentrado
 0 mg/an/d                                60                     56,0                       31,9                      7,1                      81,4
 100 mg/an/d                              32                    49,31                    41,01 (+28)             5,31 (-25)                    80,0
 500 mg/an/d                              31                    47,81                    43,51 (+36)             4,81 (-32)                    88,3
 Amostra de bovinos alimentados com pastagem ou forragem verde picada
 0 mg/an/d                                94                     70,2                       19,2                      9,7                      53,2
 100 mg/an/d                              65                    68,02                    22,32 (+16)              8,92 (-8)                    49,1
 200 mg/an/d                              96                    66,92                    23,72 (+23)             8,52 (-12)                    49,7
 Amostra de bovinos consumindo dieta de confinamento
 0 ppm na dieta                           94                     50,3                       36,9                      8,5                      83,8
 11 ppm na dieta                          91                     48,5                       39,6                 7,41 (-13)                    75,92
 22 ppm na dieta                          94                     49,0                       39,9                 7,02 (-18)                    77,01
 33 ppm na dieta                          44                     48,2                    41,1 (+11)
                                                                                             2
                                                                                                                 7,0 (-18)
                                                                                                                      2
                                                                                                                                               76,02

Dados adaptados de Richardson et al. (1976); Potter et al. (1976); Raun et al. (1976)
1 Significativamente diferente do controle (P<0,05)
2 Significativamente diferente do controle (P<0,01)
3 Valor entre parênteses representa a mudança (%) em relação ao controle sem monensina




sobre os microrganismos gram-                         de 55% dessa redução é atribuída                    aumentou a retenção de energia
positivos.                                            ao menor consumo de alimento,                       em 15% em ovinos e em 19% em
    Experimentos in vitro e in                        sendo os restantes 45%, devidos                     bovinos, como demonstrado na
vivo indicam que a monensina                          a efeitos específicos na fermenta-                  Tabela 2.
diminui a produção de metano.                         ção ruminal. Em função da menor                          A diminuição na produção de
Resultados médios de seis estu-                       produção de metano, menor per-                      metano, observada na presença
dos indicaram 25% de redução,                         da de energia nas fezes e na urina                  de ionóforo, também pode estar
com variação de 4 a 31%.Cerca                         (apenas em ovinos), a monensina                     associada à inibição no cresci-
                                                                                                                                                                19
Nutrição



            Tabela 2. Partição da energia e do nitrogênio em animais suplementados com monensina.


                       Parâmetro                                    Retenção em relação ao controle não suplementado (%)


             Espécie animal                                       Ovino1                     Ovino1                      Bovino1
             Dose de monensina                            10 ppm na dieta              20 ppm na dieta                 3 mg/kg0,75PV
             Dieta                                              50% grão                   50% grão                      80% grão
             Energia
             Fezes                                                   98                        93                            90
             Urina                                                   92                        84                            99
             Metano                                                  74                        69                            74
             Calor                                                  102                       105                            104
             Retida                                                 111                       115                            119
             Nitrogênio
             Fezes                                                   97                        98                            88
             Urina                                                   92                        87                            99
             Retido                                                 127                       138                            120
            Adaptado de 1Joyner et al. (1979) e 2 Wedegaertner & Johnson (1983)



            mento de protozoários, que co-                       mente monensina e observou-se         da suplementação com monen-
            nhecidamente produzem H2 e são                       pequenos efeitos na produção de       sina. Por outro lado, após 54 dias
            colonizados por bactérias que                        metano. Esse mesmo comporta-          de suplementação, bezerros ali-
            produzem metano. No entanto,                         mento foi observado na produção       mentados com feno de alfafa ad
            esse efeito tem sido apenas tem-                     de leite, consumo de alimento,        libitum, apresentaram produção
            porário. Com a suplementação                         gordura do leite, relação dos áci-    de metano 25,6% menor do que
            contínua de ionóforos observa-se                     dos graxos voláteis e composição      aqueles não suplementados, su-
            retorno aos níveis pré-suplemen-                     dos ácidos graxos do leite. Os au-    gerindo menor adaptação dos mi-
            tação, sugerindo seleção da po-                      tores relacionam esses resultados     crorganismos quando a monensi-
            pulação resistente.                                  a possíveis mudanças adaptativas      na foi fornecida em dietas a base
                De acordo com Sauer et al.                       da microflora ruminal à monen-        de forragem.
            (1998), vacas em lactação, que                       sina.                                      O uso de monensina também
            nunca haviam sido suplementa-                             A adaptação dos microrganis-     provoca alterações no metabo-
            das com monensina, apresen-                          mos ruminais pode estar relacio-      lismo do N. Em geral, observa-
            taram redução de 10% a 21% na                        nada ao tipo de dieta. Quando os      se    redução    na    concentração
            produção de metano ao longo de                       animais foram alimentados com         de amônia ruminal. Pesquisas
            65 dias de suplementação. Após                       dietas à base de concentrado, a       visando caracterizar o efeito da
            161 dias sem suplementação, os                       produção de metano retornou ao        monensina no metabolismo do N
            mesmos animais receberam nova-                       nível inicial 16 dias após o início   mostraram que a degradação da


20
Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010




proteína, o acúmulo de amônia e        Como mencionado anterior-        monstraram resistência a mo-
o N microbiano foram reduzidos      mente, a monensina parece ter       nensina após longos períodos de
em incubações in vitro com mo-      efeito negativo sobre a popula-     suplementação.
nensina. Duas espécies de bac-      ção de protozoários do rúmen.            Estudos in vivo têm mostrado
térias identificadas pela grande    Esse fato tem implicação direta     que a digestão ruminal da ma-
capacidade de produção de amô-      sobre a população de bactérias,     téria orgânica e da celulose não
nia ruminal, apesar de gram-ne-     uma vez que os protozoários são     é afetada pela monensina. Por
gativas, mostraram-se sensíveis     importantes predadores. Assim,      outro lado, relata-se que a mo-
a monensina. Nesses estudos         diminuindo a atividade proto-       nensina pode provocar efeitos
constatou-se também que uma         zoária, possivelmente, ocorrerá     negativos na digestibilidade de
maior proporção da proteína ver-    aumento na população de bacté-      dietas de baixa qualidade, devido
dadeira da dieta pode escapar       rias, aumento na atividade fer-     ao efeito letal na população de
do rúmen quando a monensina é       mentativa e aumento no fluxo de     fungos e protozoários do rúmen,
adicionada à dieta, com aumento     proteína bacteriana para o duo-     os quais possuem importante fun-
na digestibilidade total e na re-   deno (apesar de ter sido obser-     ção na degradação de alimentos
tenção do N. Resultados seme-       vado redução no N microbiano).      altamente fibrosos. •
lhantes podem ser observados na     No entanto, deve-se considerar
Tabela 2.                           que os protozoários também de-
Capa




          EFEITOS DO ESTRESSE
        CALÓRICO NA REPRODUÇÃO




        Robson Vilela sá Fortes
        MSc. Medicina Veterinária
        Equipe Rehagro

        Maria Alexandra Torres Artunduaga
        DSc. Ciência Animal

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Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010




Introdução                            ral do seu estado de repouso, in-     qual a taxa de produção de ca-
                                      terferindo no desempenho produ-       lor de um animal homeotermo,
   A queda no desempenho re-          tivo e reprodutivo.                   em repouso, deverá aumentar
produtivo de vacas leiteiras, du-                                           com o objetivo de manter o ba-
rante o período de verão, está        Zona de Termoneutralidade             lanço térmico. Em vacas leiteiras
associada com a redução na ca-                                              esta temperatura é considerada
pacidade de termo-regulação dos            Para manter as condições         5ºC (Kadzere et al., 2002). Já a
animais devida, em grande parte,      homeotérmicas, o animal deverá        temperatura máxima crítica é
à intensa seleção genética para       estar em equilíbrio com o seu         definida como a temperatura do
alta produção de leite. A popu-       ambiente, incluindo a radiação,       ar na qual o animal aumenta a
lação mundial está crescendo          a temperatura, o movimento do         produção de calor como conse-
em ritmo acelerado nas regiões        ar e a umidade. Com o objetivo        qüência do aumento na tempera-
tropicais e subtropicais e é lógi-    de atingir este equilíbrio o ani-     tura corporal que, por sua vez, é
co pensar que grande proporção        mal deverá permanecer na zona         o resultado da inadequada perda
dos animais domésticos, cujos         de    termo-neutralidade   (TNZ),     de calor por evaporação (Kadzere
produtos são destinados ao con-       que é definida como a zona de         et al., 2002). A temperatura
sumo humano, estará localizada        menor produção de calor em            máxima crítica em vacas leiteiras
nas regiões mais quentes, como        temperaturas retais normais (a        esta entre 25 e 26ºC (Berman et
vem acontecendo. Esse fato, as-       elevação da temperatura retal é       al., 1985).
sociado ao efeito do aquecimento      considerada como um indicador              Desta forma, entre os limites
global, que tem afetado cada dia      de estresse térmico). Dentro da       de temperatura mínima e máxi-
mais as condições climáticas das      TNZ são observadas menores de-        ma críticos, os animais podem
diferentes regiões, faz com que       mandas fisiológicas assim como        manter a temperatura corporal
o quadro de estresse calórico         a produção máxima (Figura 1).         estável. Acima da temperatura
seja mais crônico e tenha reper-      A TNZ depende da idade, espé-         máxima crítica o aumento da
cussões fisiológicas e econômicas     cie, raça, ingestão de alimento,      temperatura corporal influencia
graves.                               composição da dieta, produção,        negativamente o desempenho do
   Yousef (1985) definiu o estres-    instalações, isolamento de teci-      animal, reduzindo a produção e
se como a magnitude das forças        dos (gordura corporal, pele),         alterando a composição do leite.
externas ao corpo e que tendem        isolamento externo (pêlo) e com-      Acima de 26ºC o animal não tem
a deslocar os sistemas fisiológicos   portamento do animal.                 capacidade de se resfriar adequa-
do seu estado de repouso. Assim,           A TNZ é determinada por duas     damente, entrando em quadro de
o estresse calórico nas vacas lei-    escalas - a temperatura mínima        estresse calórico.
teiras pode ser definido como a       crítica e a temperatura máxima
soma das forças externas ao ani-      crítica. A temperatura mínima         Produção de calor metabólico
mal homeotérmico, que atuam           crítica é definida como a tem-
deslocando a temperatura corpo-       peratura do ambiente abaixo da             A produção de calor metabóli-

                                                                                                                                  23
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        Figura 1. Relação entre temperatura basal do animal, produção de calor e temperatura ambiente




                                                                                          Fonte: Adaptado de Kadzere et al. (2002)


        co é responsável por aproxima-          calórico é a soma do calor acu-          de leite acentuam os efeitos do
        damente 31% do gasto energético         mulado do ambiente e a falha             estresse calórico nas vacas em
        de uma vaca de 600 kg de peso           para dissipar o calor proveniente        lactação.
        vivo, produzindo 40 kg de leite,        de processos metabólicos.                    West et al. (1990), reporta-
        contendo 4% de gordura (Cop-                As vacas em lactação têm             ram que a temperatura do leite
        pock, 1985). A atividade física         maior quantidade de calor para           era mais alta em vacas que rece-
        aumenta a quantidade de calor           dissipar do que as vacas não lac-        biam tratamento com bST, quan-
        produzido pela musculatura es-          tantes. Purwanto et al. (1990),          do compradas com vacas controle
        quelética e pelos tecidos corpo-        observaram que vacas de alta             em climas úmidos e quentes. No
        rais. Em temperaturas acima da          produção (31,6 kg/dia) gera-             mesmo experimento, as vacas
        TNZ (35ºC), o gasto para man-           ram 48% a mais de calor quando           que receberam bST apresenta-
        tença aumenta 20% em relação a          comparadas às não lactantes. No          ram-se com maior produção de
        condições termo-neutras, incre-         mesmo estudo, as vacas de baixa          calor, tanto em ambientes termo-
        mentando o gasto energético da          produção (18,5 kg/dia) geraram           neutros, quanto em ambientes
        vaca (NRC, 1981).                       25% a mais de calor quando com-          quentes. Cole e Hansen (1993)
           A carga de calor acumulada           paradas com as não lactantes.            observaram que a aplicação de
        pelo animal submetido a estresse        Isso sugere que as altas produções       bST em vacas lactantes e não

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lactantes em climas quentes e       ças anatômicas, fisiológicas e de      respiração rápida e a sudoração
úmidos (Florida, USA), resulta-     comportamento com o objetivo           aumentam na medida em que a
ram em aumento na tempera-          de manter o equilíbrio térmico.        dependência do organismo pelo
tura corporal assim como na taxa       Durante o período de estres-        resfriamento por evaporação au-
respiratória, sugerindo que o au-   se calórico os animais apresen-        menta. A respiração rápida au-
mento na produção de calor não      tam: diminuição na ingestão de         menta de maneira aguda a perda
é devido somente à produção de      alimentos, redução na atividade        de CO2 por meio da ventilação
leite. Os mesmos autores sugeri-    física, procura constante por          pulmonar, reduzindo as concen-
ram que o uso do bST em regiões     sombra e vento, aumento da taxa        trações sanguíneas de ácido car-
quentes deverá ser acompanhado      respiratória, assim como da cir-       bônico (HCO3), alterando o ba-
por estratégias de manejo que       culação sanguínea periférica e da      lanço entre CO2 e bicarbonato,
reduzam o estresse calórico du-     sudoração. Todas estas respostas       que é necessário na manutenção
rante o verão.                      têm efeitos prejudiciais no status     do pH sanguíneo, e resultando
                                    fisiológico do animal assim como       em um quadro de alcalose respi-
Mudanças fisiológicas relacio-      na produção.                           ratória. Como mecanismo com-
nadas ao estresse calórico             Segundo McGuire et al. (1989),      pensatório, observa-se aumento
                                    os efeitos negativos do estresse       da excreção de bicarbonato pela
   As mudanças fisiológicas no      calórico na produção de leite          urina, com conseqüente redução
animal   submetido   a   estresse   poderiam ser explicados pela di-       na concentração sanguínea de
calórico ocorrem no sistema di-     minuição na ingestão de alimen-        bicarbonato no sangue, resul-
gestivo, no balanço ácido-básico    tos, assim como, pela redução          tando em um quadro de acidose
e no perfil hormonal. As respos-    na absorção de nutrientes pela         metabólica.
tas observadas nos diferentes       veia porta. Os mesmos autores               A redução nas concentrações
sistemas estão relacionadas com     demonstraram que durante o es-         de HCO3 compromete a capaci-
a menor ingestão de alimentos       tresse calórico ocorrem mudan-         dade de tamponamento do siste-
observada durante períodos de       ças na circulação sanguínea que        ma bicarbonato, o que pode ser
estresse calórico. Entretanto, a    favorecem os tecidos periféricos,      crítico durante o verão, já que
maior parte das mudanças ocorre     com o objetivo de resfriar o ani-      neste período os produtores cos-
como resultado dos danos ocasio-    mal, alterando o metabolismo de        tumam fornecer dietas ricas em
nados pelo estresse térmico no      nutrientes, o que contribui para a     grãos, com o objetivo de aumen-
organismo. Os neurônios termo-      diminuição na produção de leite.       tar a densidade energética das
sensíveis estão localizados por        Animais em estresse calórico        mesmas.
todo o corpo do animal e sina-      apresentam alterações no equilí-
lizam ao hipotálamo alterações      brio acido-básico como resultado       Estresse calórico e efeitos na
na condição de termo-neutra-        da evaporação, que é o principal       expressão e detecção de estro
lidade, fazendo com que sejam       mecanismo de dissipação de ca-
iniciadas uma série de mudan-       lor durante o estresse térmico. A           O estresse calórico reduz a

                                                                                                                                 25
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        duração e intensidade do estro.     demonstrou que a exposição de           estágio de desenvolvimento foli-
        Nebel et al. (1997) observaram      vacas leiteiras a temperaturas e-       cular mais susceptível ao estresse
        que vacas Holandês, em estro        levadas altera a dinâmica folicu-       térmico não está precisamente
        durante o verão, montaram 4,5       lar. Dentre os efeitos imediatos do     definido, mas existem evidências
        vezes por estro contra 8,5 mon-     estresse calórico estão a redução       de que os folículos antrais de 0.5
        tas observadas durante o in-        no tamanho da primeira e segun-         – 1.0 mm de diâmetro sejam sen-
        verno. Uma das possíveis causas     da onda folicular dominante e o         síveis.
        para esta alteração pode ser a      aumento do número de folículos             As mudanças endocrinológi-
        secreção de cortisol que tem sido   maiores, indicando atenuação do         cas envolvidas na alteração da
        reconhecido como inibidor do        processo de dominância folicular.       dinâmica folicular e na depressão
        comportamento sexual induzido          O estresse calórico prejudica        da dominância não estão bem
        pelo estradiol.                     o crescimento de folículos de ta-       esclarecidas, mas existem evi-
           Gwazdauskas et al. (1981),       manho médio (6 – 9 mm) devido           dências que indicam que mudan-
        mostraram que o estresse calóri-    à emergência precoce e desapa-          ças nos padrões de liberação de
        co está diretamente relacionado     recimento retardado da segunda          gonadotrofinas, bem como nas
        com a diminuição nas concen-        onda folicular, fazendo com que         concentrações de inibina e es-
        trações de estradiol. A principal   a emergência do folículo pré-           teróides, poderiam estar relacio-
        causa para diminuição na mani-      ovulatório aconteça mais cedo           nadas ao processo.
        festação de estro é a letargia      e aumentando a duração da                  O aumento do número de
        física produzida pelo estresse      dominância folicular. Estes dois        folículos maiores, observado du-
        calórico, que é um mecanismo de     últimos eventos estão negativa-         rante o estresse calórico, está
        adaptação que limita a produção     mente relacionados com a taxa           associado com a elevação nas
        de calor metabólico.                de concepção.                           concentrações de hormônio folí-
           Diversas estratégias de mane-       Um estudo recente desen-             culo estimulante (FSH) e redução
        jo têm sido desenvolvidas para      volvido com cabras indicou que          nas concentrações plasmáticas
        diminuir os efeitos negativos do    folículos     expostos   a   estresse   de inibina. A inibina e o estradiol
        estresse calórico na manifestação   calórico durante o processo de          afetam, de maneira sinérgica, a
        de estro, dentre as quais podem     recrutamento regrediram e não           secreção de FSH. Desta forma, o
        ser citadas o uso de programas de   se desenvolveram em folículos           estresse calórico afeta a função
        inseminação artificial em tempo     maiores ou ovulatórios (Ozawa et        das células da granulosa, princi-
        fixo (IATF) durante o verão.        al., 2005).                             pal fonte de estradiol e inibina,
                                               Além de afetar os folículos          levando ao aumento nas concen-
        Estresse calórico e efeitos na      em emergência da onda folicular,        trações plasmáticas de FSH. De
        dinâmica folicular                  o estresse calórico afeta tam-          maneira geral, o estresse calóri-
                                            bém o pool de folículos antrais,        co não suprime o padrão de on-
           O aumento do uso da ultra-       resultando em efeitos residuais         das foliculares em bovinos, mas
        sonografia nas últimas décadas      negativos na função folicular. O        inibe o processo de dominância,

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        ocasionando mudanças no cresci-       (Ozawa et al., 2005). Embora ex-       (1998), não observou mudanças
        mento folicular que estariam as-      istam evidências dos mecanismos        na concentração de progesterona
        sociadas com a síndrome de baixa      celulares que afetam a ester-          plasmática em vacas em lactação
        fertilidade em vacas leiteiras.       oideogênese em períodos de es-         expostas à radiação solar direta
                                              tresse calórico, maior quantidade      durante o verão. Jonsson et al.
        Estresse calórico e efeitos na        de estudos sobre aspectos mo-          (1997), observaram menores con-
        capacidade esteroideogênica           leculares deverão ser conduzidos       centrações plasmáticas de pro-
                                              para um melhor entendimento de         gesterona durante o período de
           Estudos   realizados   durante     seus efeitos.                          verão quando comparadas com as
        épocas de calor reportam baixa             A redução nas concentrações       observadas no inverno. Esta res-
        concentração de esteróides no         de estradiol durante a fase foli-      posta não apresentou associação
        fluido folicular, o que estaria as-   cular afeta o pico pré-ovulatório      com a ingestão de matéria seca,
        sociado com a redução da viabi-       de LH, alterando os eventos de-        condição corporal ou produção de
        lidade das células da granulosa,      sencadeados por este hormônio          leite, o que indica que a redução
        bem como com a redução na             e inibindo a ovulação. Esse fato       nas concentrações de proges-
        atividade da aromatase. Bridges       é demonstrado pela baixa ampli-        terona, observada neste estudo,
        et al. (2005), reportaram que         tude do pico de LH induzido pelo       apresentou relação direta com o
        folículos de vacas submetidas         hormônio liberador de gonado-          aumento de temperatura, e não
        a estresse calórico secretaram        trofinas (GnRH) em vacas com           com as mudanças metabólicas e
        menores concentrações de an-          estresse calórico e com baixas         nutricionais induzidas pelo es-
        drostenediona e estradiol após a      concentrações de estradiol.            tresse calórico.
        estimulação com gonadotrofinas.                                                   As concentrações plasmáti-
        De maneira similar, Wolfenson         Estresse calórico e efeitos na         cas de progesterona diminuem
        et al. (1995) demonstraram que        concentração de progesterona           em vacas submetidas a estresse
        células da teca incubadas em                                                 calórico crônico, condição típica
        altas temperaturas ou coletadas            Os efeitos do estresse calórico   durante o verão. Por outro lado,
        de vacas submetidas a estresse        na função do corpo lúteo (CL)          as       concentrações   aumentam
        calórico produziram menos an-         têm sido avaliados por meio            em vacas submetidas a estresse
        drostenediona quando estimu-          da dosagem das concentrações           calórico agudo, como no caso de
        ladas por hormônio luteinizante       plasmáticas     de   progesterona.     exposição direta a radiação solar
        (LH), sugerindo então uma alte-       A exposição de vacas e novilhas        ou ao calor em câmaras respiro-
        ração na função de seus recep-        ao estresse calórico, na segunda       métricas (condições experimen-
        tores devido ao estresse calórico.    metade do ciclo estral, resulta-       tais).
        Estudo recente em cabras demon-       ram em aumento nas concentra-               De maneira geral, a exposição
        strou a diminuição na expressão       ções plasmáticas de progesterona       crônica ao estresse calórico su-
        dos receptores de LH em folículos     as    quais   estariam   associadas    prime a produção de proges-
        submetidos a estresse calórico        com o atraso na luteólise. Roth        terona. Esse fato foi confirmado

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por meio de estudos in vitro nos    Estresse calórico e efeitos na          de hidrogênio (H2O2) podem in-
quais a produção de progeste-       qualidade do oócito                     duzir a interrupção no ciclo mei-
rona, a partir de células luteais                                           ótico nas células, bem como mu-
de vacas durante o período de          Estudos in vitro e in vivo           danças morfológicas em oócitos
verão, foi menor quando com-        demonstram que o oócito é sus-          imaturos. As espécies reativas
parada com aquelas obtidas no       ceptível   ao   estresse   calórico     ao oxigênio (ROS) são essenciais
inverno (Wolfenson et al., 2000).   em várias etapas do desenvolvi-         para o oócito já que atuam como
As concentrações inadequadas de     mento folicular. Assim, qualquer        sinalizadores para a retomada do
progesterona podem alterar o de-    alteração fisiológica no ambiente       processo meiótico, embora a pre-
senvolvimento folicular, levando    folicular induz a produção de           sença excessiva de ROS no folí-
a anormalidades na maturação        oócito com capacidade reduzida          culo esteja associada com defei-
do oócito e maior predisposição     para fertilização e posterior de-       tos citoplasmáticos e segregação
a perda embrionária precoce. As     senvolvimento. Oócitos bovinos,         cromossômica anormal.
baixas concentrações de proges-     coletados durante o verão, apre-              Devido à importância do sta-
terona também afetam o proces-      sentaram menor habilidade para          tus oxidativo do oócito, e sa-
so de esteroideogênese no folí-     se desenvolver até o estágio de         bendo que os oóocitos de bovinos
culo dominante e no subseqüente     blastocisto, depois da fertiliza-       apresentam           altas      quantidades
corpo lúteo, bem como provocam      ção in vitro (Rocha et al., 1998).      de ácidos graxos, a composição
alterações na morfologia e fun-        O estresse calórico induz ao         de ácidos graxos da membra-
ção endometrial no próximo ciclo    estresse oxidativo no oócito. As-       na é considerada como um fa-
estral.                             sim, oxidantes como o peróxido          tor     determinante            no     destino
Capa



        (qualidade) do oócito. A variação    verno para 20% durante o verão,     de concepção durante o verão
        no perfil de ácidos graxos no flu-   variando entre 23 e 29% no outo-
        ido folicular durante as diferen-    no (Wolfenson et al., 2000). Isso
        tes épocas do ano está associada     indica que existem efeitos pro-
        com a redução no desenvolvi-         longados do estresse calórico na
        mento do oócito. Pesquisadores       fertilidade.
        demonstraram que, durante o             A dinâmica folicular de vacas
        verão, as proporções de ácidos       lactantes submetidas a estresse
        graxos saturados no oócito e         calórico mostra que, durante a
        nas células da granulosa foram       primeira onda folicular do ci-
        maiores do que as proporções de      clo estral seguinte, houve desen-
        mono e poliinsaturados, indican-     volvimento de menor quantidade
        do redução do status oxidativo do    de folículos de tamanho médio.
        oócito. Desta forma, os autores         Wolfenson et al. (1997), ob-
        recomendam     a   administração     servaram que no fluido folicu-
        de antioxidantes com o objetivo      lar de folículos dominantes da
        de reduzir a oxidação de ácidos      primeira onda, e que foram co-
        graxos e estabilizar a membra-       letados durante o outono no dia
        na do oócito durante o estresse      7 do ciclo estral, as concentra-
        calórico. A utilização de gordura    ções de estradiol foram menores,
        suplementar seria uma boa alter-     quando comparadas com as con-
        nativa, já que mudanças na com-      centrações no inverno. A baixa
        posição de ácidos graxos no oóci-    concentração do hormônio nesta
        to poderiam contribuir com a sua     época do ano foi resultado da
        capacidade de desenvolvimento.       intensa redução na produção de
                                             androstenediona pelas células da    (Roth, 2008). De maneira similar,
        Efeitos prolongados do estresse      teca, que serve como substrato      quando as vacas foram resfriadas
        calórico sobre a reprodução          para a síntese de estradiol nas     42 dias antes da coleta de oóci-
                                             células da granulosa.               tos, a proporção de estruturas
           Os índices de fertilidade no         Como já foi mencionado, tem-     que se desenvolveram em blasto-
        outono são mais baixos, quando       peraturas elevadas estão associa-   cistos não aumentou (Al-Katanani
        comparados com os índices do         das com redução na fertilidade.     et al., 2002). Essas observações
        inverno, mesmo tendo finalizado      Experimentos em que os animais      indicam que os oócitos poderiam
        o período de estresse calórico.      foram resfriados de maneira in-     estar alterados mesmo depois da
        Em Israel, por exemplo, as taxas     tensa um dia antes do estro e       eliminação do efeito do estresse
        de concepção de vacas de alta        oito dias após a inseminação ar-    calórico. Roth et al. (2001), em
        produção caíram de 45% no in-        tificial, não melhoraram a taxa     estudo realizado durante o final

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do verão e começo do inverno,                       indicaram que é necessário um                          no desenvolvimento folicular, de-
                                                                          período       de,      pelo      pressão do processo de dominân-
                                                                          menos, dois ou três              cia folicular, e alterações na es-
                                                                          ciclos estrais para              teroideogênese             folicular,       bem
                                                                          a recuperação dos                como na secreção de gonadotro-
                                                                          danos      ocasionados           finas. A soma de todas estas alte-
                                                                          pelo estresse calóri-            rações faz com que a qualidade
                                                                          co. Só depois deste              do oócito seja alterada, compro-
                                                                          período foram ob-                metendo a viabilidade do em-
                                                                          servados          oócitos        brião e, conseqüentemente, a
                                                                          com          habilidade          eficiência reprodutiva. Diferen-
                                                                          para      desenvolvim-           tes práticas de manejo e nutri-
                                                                          ento e fertilização.             cionais devem ser adotadas com
                                                                                                           o objetivo de aliviar os efeitos
                                                                          Conclusões                       do estresse calórico sobre a re-
                                                                                                           produção. •
                                                                             O             estresse
                                                                          calórico tem vários
                                                                          efeitos        negativos
                                                                          sobre a fertilidade
                                                                          de vacas leiteiras,
                                                                          dentre os quais se
                                                                          incluem: alterações



                                                        REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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                                                                                Journal of Dairy Science, v.81, p.2132-2138, 1998.
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                                                                                                                                                                 31
Sanidade




                                   MASTiTE EM NOViLHAS
                     PARTE i: PREVALêNCiA, FONTES DE iNFECçãO
                             E FORMAS DE iDENTiFiCAçãO
            Mônica Maria Oliveira Pinho Cerqueira1; Renison Teles Vargas2; Adriano França da Cunha3;
            Arianna Drumond Lage3; Leorges Moraes da Fonseca1; Ronon Rodrigues1; Mônica de Oliveira
            Leite1; Cláudia Freire de Andrade Morais Penna1; Marcelo Resende de Souza1
            1
              Professores da Escola de Veterinária – UFMG
            2
              Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica-Bambuí
            3
              Estudante do Curso de Pós-Graduação da Escola de Veterinária – UFMG.




            Introdução                                                               se que algumas “janelas” permanecem abertas.
                                                                                     No caso em que esse raciocínio se aplica, como
            Segundo a literatura científica nacional e interna-                      por exemplo, no que se refere à mastite em novi-
            cional, a mastite continua sendo uma das principais                      lhas, o problema ocorre. Parece que os indicadores
            causas de perdas econômicas à atividade leiteira.                        publicados em periódicos científicos e observados
            Isso é curioso, quando se analisam as ferramentas                        pontualmente por alguns produtores e médicos ve-
            disponíveis para o seu monitoramento e controle e                        terinários demonstram a necessidade de uma re-
            ainda todo o conhecimento sobre os aspectos epi-                         visão urgente dessas ferramentas e das estratégias
            demiológicos envolvidos no processo saúde-doença.                        empregadas. Não se pode esperar o animal iniciar
            Parece um paradoxo quando se analisam o desen-                           a lactação para se implantar as medidas preven-
            volvimento do conhecimento científico, as formas                         tivas para o controle da mastite. A contaminação
            gerenciais de monitoramento dessa doença e os ín-                        pode já ter ocorrido em um momento anterior ao
            dices de mastite subclínica e clínica nos diferentes                     de “produção propriamente dito” e, dependendo
            sistemas de produção.                                                    da situação, as lesões podem já ser irreversíveis e
                Nesse sentido, refletir é necessário. Será que                       o controle da doença estar muito comprometido.
            o controle está sendo realizado no momento e da                             Como para a maioria dos produtores as novilhas
            forma corretos? Será que as estratégias utilizadas,                      são animais sadios, a presença da mastite não é
            que se baseiam principalmente na aplicação de                            notada até o início da produção de leite ou até o
            ferramentas como o Programa de Seis Pontos, são                          primeiro episódio clínico na lactação. Com isso, um
            suficientes? Será que o momento em que as “primo-                        animal pode ser portador de uma infecção intra-
            infecções” ocorrem está sendo considerado? Bem,                          mamária por um ano ou mais, sem que a mesma
            analisando-se a situação observada pontualmente                          seja diagnosticada. Por outro lado, sabendo-se que
            por diferentes autores em todo o mundo, percebe-                         o maior desenvolvimento do tecido secretor de

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 leite ocorre na primeira gesta-             Prevalência de infecções intra-            natureza da mastite em novilhas,
 ção, o fato dos animais apresen-            mamárias em novilhas                       derrubando o dogma de que as
 tarem mastite antes do parto,                                                          novilhas são livres dessa doença.
 pode significar sérios prejuízos ao              Até    pouco       tempo   atrás,          Pesquisadores               americanos
 produtor.                                   acreditava-se que as taxas de              têm sugerido que a mastite em
     Considerando a falta de infor-          infecções intramamárias em no-             novilhas durante o período pré-
 mações da ocorrência de mastite             vilhas vazias e gestantes eram             parto      ocorre       freqüentemente,
 em novilhas, torna-se necessário            baixas. Entretanto, vários estu-           com taxas de infecção e tipos de
 alertar produtores e técnicos               dos têm demonstrado que uma                patógenos variados. Em alguns es-
 sobre alguns aspectos relaciona-            alta porcentagem de glândulas              tudos, as bactérias causadoras de
 dos a essa enfermidade em ani-              mamárias de novilhas gestan-               mastite subclínica têm sido isola-
 mais que representam o futuro               tes está infectada por patógenos           das em mais de 50% de quartos
 estoque de produção de leite na             causadores de mastite durante a            infectados. Em outras pesquisas,
 fazenda. Desconsiderar esses as-            gestação, no momento do parto              os resultados têm demonstrado
 pectos pode significar perdas na            e/ou no início da lactação.                que mais de 90% das novilhas em
 produtividade e rentabilidade da                 Nos últimos 20 anos, várias in-       idade reprodutiva ou na primeira
 atividade leiteira.                         vestigações têm sido conduzidas            gestação podem estar infectadas.
                                             com o objetivo de descrever a                   Comparando-se a freqüência




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Vacas mais sauDáVeis No pré e pós-parto
Geralmente as três últimas semanas de gestação e as três                Para se evitar problemas como estes, utilize Nutron Drench logo
primeiras semanas após o parto são o período mais crítico do            após o parto.
ciclo de produção da vaca leiteira. Isto ocorre por conta de uma        Nutron Drench:
queda vertiginosa no consumo, o que pode resultar em complica-          - hidrata o animal;
ções de diferentes tipos para o animal, tais como cetose, desloca-      - repõem eletrólitos perdidos no momento do parto;
mento de abomaso, retenção de placenta, metrite, etc.                   - fornece energia (propilenoglicol).




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Revista de Leite e Produção de Silagem de Alta Qualidade
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  • 1. Leite REVISTA Integral Revista Técnica da Bovinocultura de Leite - Número 25 - Ano 4 | Dezembro/Janeiro | 2009/2010 MANEJO Recomendações para a produção de silagem de alta qualidade sANidAdE ESTRESSE CALÓRICO Mastite em novilhas: prevalência e Efeitos do estresse fontes de infecção calórico na reprodução 7
  • 2. Antibiótico bom é assim: cura rápido e de primeira Por dentro da notícia Fácil de Aplicar e Rápida Recuperação dos Animais mais Jun/09 6 www.kinetomax.com.br
  • 3. Terminamos 2009 com grandes novidades para os nossos leitores! A primeira, é o Pôster Escore Corporal de Bovinos Leiteiros, que está sendo distribuído a todos os assinantes. Trata-se de um trabalho inédito, pois apresenta a avaliação de vacas F1 HolandêsXGir, permitindo a compara- ção com o Holandês puro. Nossa sugestão é que ele seja afixado em local de fácil visualização para observação constante. editorial Outra novidade é a mudança no nosso projeto gráfico, elaborado nos moldes mais modernos de diagramação, visando tornar a sua leitura ainda mais agradável e proveitosa. Esperamos que gostem! Chega de saudade! Em 2010 queremos estar ainda mais próximos de nossos leitores. Para isso, preparamos uma programação mensal, alternando a revista com cadernos especiais. Aguardem... E, para fechar o ano com chave de ouro, apresentamos essa edição, feita, como sempre, com todo o nosso carinho e dedicação. Boas festas e uma ótima leitura! Flávia Fontes Editora Chefe Mensagem de Natal “Quem teve a idéia de cortar o tempo Desejo todas as cores desta vida, em fatias, a que se deu o nome de ano, Todas as alegrias que puder sorrir, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança Todas as músicas que puder emocionar, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze Para você, neste novo ano, meses dão para qualquer ser humano se cansar e Desejo que os amigos sejam mais cúmplices, entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação Que sua família esteja mais unida, e tudo começa outra vez com outro número e outra Que sua vida seja mais bem vivida. vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser Na verdade, gostaria de lhe dizer tantas coisas, diferente.” Mas nada seria suficiente para Repassar o que realmente desejo a você. Para você, desejo o sonho realizado, Então, desejo apenas que você tenha muitos sonhos, O amor esperado, Sonhos grandes, que eles possam A esperança renovada. te mover a cada minuto, Para você, rumo a sua FELICIDADE. expediente Editora Chefe Flávia Adriana Pereira Vieira Fontes Ana Luíza da Costa Cruz Borges - UFMG Angela Maria Quintão Lana - UFMG Contato Publicitário Mônica Cotta siGA-NOs DSc. Ciência Animal - CRMV-MG 5741 Antônio Último de Carvalho - UFMG (31) 3281-5862 Elias Jorge Facury Filho - UFMG monica@revistaleiteintegral.com.br Editora Técnica José Luiz Vasconcelos - UNESP/Botucatu Nadja Gomes Alves Marcos Neves Pereira - UFLA Diagramação Profa. Adjunta do Departamento de Zootecnia, Mônica M. O. Pinho Cerqueira - UFMG Alessandra Alves Universidade Federal de Lavras Norberto Mário Rodriguez - UFMG Ronaldo Braga Reis - UFMG Assinatura Anual (6 edições) twitter.com/LEiTE_iNTEGRAL Coordenadora Comercial e de Marketing Sandra Gesteira Coelho - UFMG Brasil - R$ 65,00 Mônica Cotta Exterior - R$ 115,00 Capa www.revistaleiteintegral.com.br Jornalista Responsável Cristine - Grande Campeã Alessandra Alves - MTB 14.298/MG Fêmea Jovem Nacional 2008 Fazendas Reunidas HD - Coronel Pacheco/MG As idéias contidas nos artigos assinados não Consultoria Técnica Proprietário: Horácio Moreira Dias expressam, necessariamente, a opinião da revista milkpoint.com.br/mypoint/ Adriana de Souza Coutinho - UFLA Fotógrafo: Márcio Brigato e são de inteira responsabilidade de seus autores. revistaleiteintegral Álan Maia Borges - UFMG Foto gentilmente cedida por Eduardo Lopes Administração / Redação Av. Getúlio Vargas, 874 - sala 607 | Funcionários 30112-020 | Belo Horizonte/MG Horário de atendimento: 9h às 17h30 Telefax: (31) 3281-5862
  • 4. 06 resolva, se puder entrevista 46 manejo 10 nossa história 48 aconteceu 54 nutrição 14 você sabia? capa 60 22 sanidade 32 especial 62 opinião mercado 38 70 índice
  • 5. edições 2009 Artigos publicados, separados por revista e assunto: GESTÃO nº19 O papel da assistência técnica e/ou consultoria em momentos de crise nº20 Novos conceitos de empreendedorismo - Parte I nº20 Novos conceitos de empreendedorismo - Parte II INSTALAÇÕES E AMBIÊNCIA nº21 Efeitos do conforto na qualidade do leite, produtividade e comportamento de vacas nº23 Metodologia de avaliação do conforto animal em instalações do tipo free-stall REPRODUÇÃO E MELHORAMENTO GENÉTICO nº19 Manejo reprodutivo em gado leiteiro – Parte 1 nº19 Aborto em bovinos: causas e diagnóstico diferencial nº20 Manejo reprodutivo em gado leiteiro – Parte 2 - Índices de eficiência reprodutiva nº21 Mapeamento do genoma bovino e suas aplicações na pecuária leiteira nº21 Marcadores moleculares na pecuária leiteira nº21 Efeito da utilização de gordura como fonte energética sobre o desempenho reprodutivo nº22 Benefícios e estratégias da utilização de BST em rebanhos leiteiros – Parte I nº23 Estratégias para incrementar a detecção de cios nº23 Benefícios e estratégias da utilização de BST em rebanhos leiteiros – Parte II NUTRIÇÃO E PASTAGENS nº19 Repensando a utilização de fósforo nas dietas de vaca leiteiras nº20 Prioridades de utilização de nutrientes em vacas leiteiras no pós-parto imediato nº20 Aditivos alternativos para a alimentação de ruminantes nº20 Silagem de grãos úmidos na alimentação de bovinos leiteiros nº20 Adubação nitrogenada em pastagens: eficiência no processo nº20 Recuperação de pastagens degradadas – Parte I - Fatores condicionantes nº22 Silagem de grãos úmidos na alimentação de bovinos leiteiros – Parte II nº22 Recuperação de pastagens degradadas - Parte II – Formação da pastagem nº23 Recuperação de pastagens degradadas - Parte III – Recuperação e Renovação nº23 Manejo racional de pastagens: desafios de um “novo” sistema de produção QUALIDADE DO LEITE nº22 Influência do equipamento de ordenha no controle da mastite e qualidade do leite – Parte I nº23 Influência do equipamento de ordenha no controle da mastite e qualidade do leite – Parte II SANIDADE nº19 Aborto em bovinos: causas e diagnóstico diferencial nº20 Aspectos relacionados à etiologia do deslocamento de abomaso à esquerda nº21 Monitoramento de parâmetros metabólicos sanguíneos durante o período de transição nº22 Coleta e envio de amostras para análises laboratoriais - Parte I – Sangue, Fezes, Urina e Secreções nº22 Enfermidades causadas pelo Vírus da Diarréia Bovina nº23 Falha na transferência de imunidade passiva ESPECIAL nº22 Coleta e envio de amostras para análises laboratoriais – Parte 1 – Sangue, fezes, urina e secreções nº23 Coleta e envio de amostras para análises laboratoriais – Parte 2 – Análise de solo e alimentos
  • 6. Entrevista CRAiG BELL O diretor executivo e um dos só- cios da Leitíssimo, Craig Bell (ex- Gerente Geral da Fonterra Brasil), fala sobre a Fazenda Leite Verde, e sobre o que atraiu produtores da Nova Zelândia a investirem no nordeste brasileiro. Entrevista concedida ao Milkpoint. Fazenda Leite Verde – Maior fazenda produtora de leite sem confinamento no Brasil A Fazenda Leite Verde utiliza práticas e da, as vacas são livres de brucelose e tuberculose princípios do sistema de pastoreio, desenvolvidos (a fazenda está em processo de certificação junto na Nova Zelândia. O leite é engarrafado na própria à ADAB na Bahia para receber a certificação oficial fazenda - inicialmente a fábrica produzirá aproxi- ao abrigo do PNCEBT- Programa Nacional de Con- madamente 20.000 litros/dia (40% da sua capaci- trole e Erradicação da Tuberculose e Brucelose) e dade). No entanto, foi projetada para permitir ex- se alimentam de pasto. O leite, livre de resíduos de pansão até 150.000 litros/dia. antibióticos e carrapaticidas, segundo dados da em- O Leitíssimo Longa Vida UHT, que será vendido presa, possui menos de 30.000 UFC/ml (Unidades em garrafas plásticas (PET) recicláveis, é produzi- Formadoras de Colônias) e menos de 300.000 CCS/ do a partir de matéria-prima de um único rebanho ml (contagem de células somáticas). (rastreabilidade total). Segundo os donos da fazen- O rebanho, desenvolvido na própria fazenda ao 6
  • 7. Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010 longo de sete anos, conta hoje cedente de com 3.000 vacas, das quais cerca leite. Além Podemos produzir três de 1.300 estão neste momento disso, o Su- vezes mais leite por hectare em lactação. As vacas são prove- doeste de do que a Nova Zelândia. nientes de cruzamentos de raças Bahia tem selecionadas, com ênfase no de- possivel- tos durante o inverno. O custo senvolvimento de Kiwicross (jer- mente o melhor clima no Brasil de produção é similar ao da Nova sey com holandês), tendo como para produção de leite em pasto. Zelândia, mas essas vantagens fa- objetivo a máxima adaptação ao zem a diferença para nós. pasto, com baixo fornecimento A Leite Verde sempre se man- de concentrado. Todo o sêmen teve distante da imprensa e O sudoeste da Bahia pode se utilizado para reprodução provém mesmo de técnicos e produ- transformar em um novo pólo de touros da Nova Zelândia. tores que desejavam visitá-la. de produção de leite, inclusive A Fazenda utiliza 224 hec- Por que agora a propriedade com potencial para exporta- tares em sistema de pastejo foi aberta à visitação? ção? rotacionado com grama Tifton irrigada. Segundo informe da as- Optamos por manter uma Existe na nossa região, Jabo- sessoria de imprensa da empresa, posição distante durante este randi e Cocos, uma grande opor- atualmente a fazenda é a maior período, pois queríamos ter dados tunidade para produzir leite com produtora de leite sem confina- reais do potencial de produção da um custo baixo devido ao clima mento do Brasil, e conta com 50 nossa região antes de divulgar re- e à abundância e qualidade de funcionários. sultados. Agora temos dados con- água. Esta região possui todas as fiáveis e já recebemos vários téc- condições para transformar-se O projeto de industrialização nicos na fazenda, principalmente em um novo pólo de produção de sempre existiu ou representa da DPA. leite no Brasil. Quanto à exporta- uma mudança na estratégia da ção temos dúvidas, pois estamos empresa? Por que essa decisão, Quando se diz que as condições a 1.200 km da costa e o custo de considerando que na Nova são ainda melhores do que na logística é alto. Zelândia, por exemplo, a verti- Nova Zelândia, o senhor se calização não é uma realidade? refere aos custos de produção? A partir do sucesso desse em- preendimento, o senhor acre- Quando começamos o pro- Podemos produzir três vezes dita que outros produtores da jeto, notamos que o Nordeste do mais leite por hectare do que a Nova Zelândia irão se estabe- Brasil é uma região deficitária em Nova Zelândia, com um perfil lecer no Brasil? leite, e acreditamos que é me- regular de produção durante o lhor ter uma fazenda perto da de- ano, sem a necessidade de fazer Já existem outros fazendeiros manda do que em uma região ex- silagem ou usar outros suplemen- da Nova Zelândia no Brasil, em 7
  • 8. Entrevista outras regiões, e acho que pro- não precisa preocupar-se com es- desafio, pensando em siste- vavelmente chegarão mais. tes detalhes. mas de produção em pasto, é a qualidade genética. Encontramos Quais foram as grandes uma grande diferença dificuldades enfrenta- de conversão de pasto das por um produtor se o Brasil deseja aumentar em leite entre as vacas neozelandês que, há 7 seu volume de exportações, da Nova Zelândia e as anos, decidiu se esta- a qualidade de leite precisa brasileiras, mas acho belecer em uma região melhorar muito, eliminando que é possível desen- sem tradição na ativi- resíduos de carrapaticidas volver esse potencial dade leiteira e com e antibióticos, e reduzindo para as condições lo- pouca infra-estrutura? a contagem bacteriana no cais. Além disso, se o leite cru. Brasil deseja aumentar Tivemos que criar seu volume de expor- quase toda a infra-es- tações, a qualidade do trutura, investindo em 25 Km de Em sua opinião, quais são os leite precisa melhorar muito, linhas de energia elétrica, 75 Km grandes desafios do setor lác- eliminando resíduos de carrapati- de estradas, uma escola, e mui- teo tem do Brasil, se compara- cidas e antibióticos, e reduzindo tas casas, além de desenvolver do, por exemplo à Nova Zelân- a contagem bacteriana no leite diversas habilidades para ma- dia? cru, que é hoje de proximada- nutenção e operação do projeto. mente 1.000.000 UFC/ml, para Um fazendeiro na Nova Zelândia Em minha opinião, o maior menos que 50.000 UFC/ml. • 8
  • 9. Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010 O MAIOR EVENTO DO SETOR NAS AMÉRICAS Venha participar do 11º Congresso Pan-Americano do Leite, o evento que vai debater e planejar os rumos da cadeia produtiva do leite, reunindo os maiores especialistas da área. Além disso, serão realizadas diversas atividades simultâneas, com destaque para a Exposição Industrial e Comercial. Faça sua inscrição e construa um setor cada vez mais forte e saudável. 22 a 25 de março de 2010 Belo Horizonte MG Minascentro Inscrições www.congressofepale.com REALIZAÇÃO PATROCÍNIO PATROCÍNIO MASTER PLATINA ORGANIZAÇÃO 9 APOIO
  • 10. Nossa História TORNEiO LEiTEiRO: onde a paixão e a técnica caminham de mãos dadas Eduardo Valias Vargas Médico Veterinário Nutron Alimentos Nascido e criado em tradicional bacia leiteira, tenho na memória até o frio que sentia “rodeando” as vacas nos torneios leiteiros nas fazendas. Disputa amigável, mas acirrada, entre os melhores rebanhos da minha querida São Gonçalo do Sapucaí, aqui no sul de Minas. Minha família participou poucas vezes. A primeira, talvez em 1945, muito antes do meu nascimento. E não fez feio, assim como nas poucas vezes que assisti a nossa participação. Depois, já crescido, os torneios “minguaram”, mas agora felizmente eles retomam força, com o pro- fissionalismo atual mesclado à paixão tradicional. E esta nova realidade encontrou-me formado, traba- lhando justamente com nutrição de vacas leiteiras. Esta gratificante lida proporcionou-me a oportuni- dade de conviver e me tornar amigo de grandes “torneieiros”, como o Gilberto e o Fernando Vilela, de Boa Esperança, ambos com laços de parentesco comigo, embora tenham sido os torneios leiteiros que fizeram com que nossos caminhos se cruzassem. 10
  • 11. Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010 Conversando com Gilberto, na Genética, Nutrição e Manejo volumoso”. Uma dieta adequada fazenda Campo Redondo, onde em volumoso, concentrado, mi- ele cria excelentes animais da Se estes são os três pilares nerais, vitaminas e aditivos é raça Holandês, fica fácil de en- da produção de leite, é no tor- realmente importante para se tender a paixão. E a história é a neio leiteiro que se expressam vencer um torneio ou para que mesma. “Desde moleque acom- com intensidade máxima. Inclu- qualquer vaca produza tanto leite panhava meu pai nos torneios. sive, acho que esta é a grande quanto sua genética e o manejo Assistia e o ajudava a tratar das contribuição do torneio para os permitam. Gilberto comenta a- vacas”, conta. técnicos. Ali sim, são validadas as inda sobre os tamponantes, leve- Gilberto se formou em Zoo- técnicas e tecnologias disponíveis duras e protetores hepáticos tecnia pela Universidade Federal no mercado. como importantes aditivos em de Lavras, então ESAL, em 1987, Segundo Gilberto, a genética uma dieta desafiadora, para altas e hoje é realmente uma referên- é muito importante, pois em tor- produções, mas com a preserva- cia em torneios leiteiros. Só em neios vencem as vacas de alto po- ção da saúde da vaca. 2009 participou de 10, com vacas tencial genético. “Enquanto al- É no torneio leiteiro que se próprias ou conduzindo os tra- gumas vacas atingem seu limite e conhece, na prática, o poten- balhos em animais de terceiros, param de aumentar a produção, cial dos alimentos. Qualidade além dos muitos outros “por tele- em outras eu jamais descobri o da fibra, perfil de aminoácidos, fone”. Aliás, esta é uma caracter- limite, até porque nunca matei biodisponibilidade de minerais, ística marcante no Gilberto: ele uma vaca, graças a Deus. Termina eficiência de vitaminas e aditivos não “esconde leite!” Para ele, o o torneio e a vaca continua a pro- são constantemente avaliados torneio leiteiro é um local para duzir e reproduzir.” pela vaca, e o “torneieiro” sabe troca de experiências, ajuda mú- Ainda sobre a genética, Gil- receber e interpretar o feedback tua e grandes amizades. “A dis- berto sempre comenta da im- que ela transmite. puta é saudável”. portância de se utilizar sêmen A água é outro nutriente es- Destes certames, trouxe de touros provados. Criador de sencial na rotina de trabalho de prêmios importantes, como a Holandês, ressalta a grande im- um torneio leiteiro. Nesse ponto Campeã Novilha da Megaleite e portância dessa raça para o in- da conversa, já contamos com a a Campeã Vaca na Agroleite, em cremento da produção de leite presença do Dr. Fernando Vilela, Castro, Paraná, onde a vaca Sel- no mundo, inclusive por meio dos que fala da importância da tem- vaverde Maaike 2142, de Teunis e cruzamentos. peratura da água, completando o John Groenwold produziu 326,78 No quesito nutrição, ressalta Gilberto, que frisa a importância Kg de leite em 11 ordenhas, com com clareza a importância do da qualidade e disponibilidade média de 89,122 Kg de leite por volumoso na dieta. “Às vezes, constante da mesma. Ponto em dia. algumas vacas pifam pela falta comum: a água do torneio deve de um balanceamento adequado ser a mesma que a vaca está be- de volumoso na dieta. A base é o bendo na fazenda. 11
  • 12. 12 Nossa História Resultados do Torneio Leiteiro I Exposição Agropecuaria e Industrial de São Gonçalo do Sapucaí, 1945.
  • 13. Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010 Em manejo, o foco deve ser o Geralmente, os torneios vão de mais e mais tecnologia, informa- conforto e a alimentação, já que março a outubro, e este ano já ções, validações e produtos que outras variantes, como a sani- houve, em Minas Gerais, eventos possam atender a este público dade, por exemplo, obrigatoria- chancelados pela Associação Mi- exigente em resultados desafia- mente deverão estar em dia. Mais neira do Holandês, como o tor- dores, com segurança para a vida uma vez, toda a técnica disponí- neio da Megaleite, que também da vaca e do ser humano, que é vel está sob constante observa- traz o Torneio Nacional do Giro- a principal razão de ser de todo o ção. É necessário monitorar o lando. Para o ano que vem estão setor produtivo. conforto térmico e da cama, a in- programados gestão de matéria seca, o núme- vários even- ro de tratos por dia, o número de tos, aguar- mastigações, o tempo de rumina- dados com ção, a consistência das fezes, o ansiedade e aspecto da urina, dentre outros. expectativa. Trata-se de um verdadeiro trata- Além dos prê- do de manejo de vacas leiteiras mios, que entrando em ação, muitas vezes, hoje podem sem que o próprio tratador saiba chegar a um os fundamentos técnicos do que carro zero km, está fazendo, e fazendo bem e que são um feito. Todos sabem que, sem isso, forte estímulo normalmente não se vence o tor- ao retorno do neio. investimento, “Conduzir uma vaca em tor- há que se le- Da esquerda para a direita Fernando, Eduardo e Gilberto com a vaca Selvaverde Maaike 2142 no Torneio Leiteiro da Agroleite 2009, em Castro/PR. neio é como pajear um neném”, var em conta diz Gilberto. E quem o conhece a valorização e o comércio de É gratificante ver uma vaca sabe que está falando de zelo, animais de alto potencial. Não dá campeã de torneio voltar para a atenção, amor e respeito à vaca. para esquecer também a magia fazenda e ainda produzir muito Bom mesmo é ver que os tor- do tradicional banho de leite, or- leite e muitas filhas, assim como neios estão aí, agitando e emo- gulho geralmente eternizado em é gratificante conhecer o Sr. Ênio, cionando o interior do Brasil, fotos que passam de geração em que ensinou o Gilberto, que está desafiando todas as raças de geração. ensinando o André e o Diego a aptidão leiteira e prestando um Aos bons e éticos “torneiei- “conhecer as vacas e cuidar delas grande serviço à pecuária nacio- ros” do Brasil, o nosso respeito e como se estivessem pajeando um nal, mesmo que esta não seja a admiração. Vocês fazem com que neném”. • declarada intenção dos eventos. nós, que trabalhamos na indústria A temporada 2010 promete. de nutrição animal, busquemos 13
  • 14. Nutrição UTiLiZAçãO DE iONóFOROS EM DiETAS DE VACAS LEiTEiRAS PARTE i – MECANiSMOS DE AçãO E EFEiTOS NA FERMENTAçãO RUMiNAL Ricardo Andrade Reis Professor do Departamento de Zootecnia, FCAV/UNESP, Pesquisador do CNPq Jucileia A. da silva Morais Zootecnista, Doutoranda em Produção Animal - Nutrição de Ruminantes Gustavo Resende siqueira Zootecnista, Doutorando em Produção Animal - Nutrição de Ruminantes Introdução tida, outros produtos da fermentação, como calor, metano e amônia, representam perdas de energia e No ecossistema anaeróbio do rúmen os microor- proteína do alimento para o ambiente. ganismos fermentam carboidratos e proteínas para De 2 a 12% da energia consumida pelos rumi- obterem nutrientes necessários para seu crescimen- nantes pode ser perdida na forma de metano, um to. Muitos dos produtos finais dessa fermentação, gás produzido no rúmen durante o processo de fer- como os ácidos graxos voláteis e a proteína micro- mentação dos carboidratos. No rúmen, o hidrogênio biana, são as principais fontes de nutrientes (ener- é produzido durante a fermentação anaeróbia dos gia e nitrogênio) para o ruminante. Em contrapar- carboidratos e pode ser usado durante a síntese dos 14
  • 15. Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010 ácidos graxos voláteis e da ma- respondem pela produção de 22% do ecossistema, acidificação e téria orgânica microbiana. O ex- desse gás e, conseqüentemente, eutroficação (processo de enve- cesso de hidrogênio é eliminado, 3,3% do aquecimento global. lhecimento dos lagos pelo exces- principalmente pela formação Em relação aos compostos so de nutrientes) do ambiente. de metano. O balanço estequio- nitrogenados, pesquisas consi- Da mesma forma, o óxido nitroso métrico dos ácidos graxos volá- deram que, em rebanhos lei- é um potente gás de efeito es- teis, CO2 e metano indica que na teiros, de 20 a 30% do nitrogênio tufa, contribuindo para o aqueci- produção de acetato e butirato, (N) consumido diariamente é mento global. ocorre a síntese de metano, en- convertido em proteína do leite A redução na eliminação des- quanto a formação de propionato e muscular, sendo o restante ex- ses produtos tem concentrado retira hidrogênio do meio, redu- cretado nas fezes e urina. os esforços dos pesquisadores zindo assim a sua formação. A in- A máxima eficiência possí- mundiais, propiciando além do tensidade da emissão de metano vel varia com a espécie animal, aumento na eficiência de con- proveniente da fermentação ru- idade, estágio de lactação, etc, versão dos nutrientes consumidos minal depende, principalmente, sendo o limite teórico de aproxi- em produtos consumíveis (carne do tipo de animal, do consumo madamente 50%. Essa baixa e leite), redução no impacto dos de alimento e do grau de diges- eficiência de conversão do N da sistemas de produção no ambi- tibilidade da massa ingerida. Al- dieta em proteína do leite e do ente. A manipulação ruminal, por terações da dieta ou dos níveis de músculo pode ser resultado da meio de substâncias introduzidas ingestão de alimentos afetam a extensa degradação da proteína na ração, ou naturalmente pre- quantidade de metano produzido no rúmen, com altas taxas de sentes nos alimentos, tem ofe- no rúmen e os fatores envolvidos produção e absorção de amônia; recido alternativas para aumen- incluem ingestão de alimento, da interação do N com a fonte tar a eficiência de utilização das tipo e quantidade de carboidrato de carboidrato, para um ótimo dietas consumidas pelos rumi- na dieta, processamento da for- crescimento microbiano, e do nantes. ragem, adição de lipídios e ma- metabolismo pós-absortivo do Em termos simplificados, os nipulação da microflora ruminal. animal. principais objetivos da manipu- O metano além de ser direta- O N perdido pode ser lixiviado lação ruminal seriam: (1) me- mente relacionado com a eficiên- para lençóis freáticos, ou emi- lhorar os processos benéficos, cia da fermentação ruminal e, tido para a atmosfera na forma (2) minimizar, eliminar ou alterar conseqüente com a perda de e- de compostos voláteis. Deve-se os processos ineficientes, (3) nergia nos sistemas de produção, considerar que concentrações su- minimizar, eliminar ou alterar os se caracteriza como um impor- periores a 50mg de nitrato/L nos processos prejudiciais ao animal tante gás de efeito estufa, con- lençóis freáticos são potencial- hospedeiro. Exemplos de proces- tribuindo com cerca de 15% do mente nocivas à saúde humana. A sos cuja maximização seria válida aquecimento global. Deve-se emissão de amônia para a atmos- em todas as circunstâncias são considerar que os ruminantes fera contribui para a fertilização a degradação da fibra, fermen- 15
  • 16. Nutrição tação do lactato e conversão de ou que fermentam ácido lácti- uma vez que a maioria dos ionó- compostos nitrogenados não pro- co, e inibindo as gram-positivas foros não passa através da mem- téicos em proteína microbiana. produtoras de ácidos acético, brana celular, tornando as célu- Por outro lado, a produção de butírico, láctico e H2. las da bactérias gram-negativas metano, degradação da proteína Em função da característica impermeáveis a esses compos- e absorção de amônia são proces- de ação dos ionóforos sobre a tos. Por outro lado, as bactérias sos que deveriam ser minimiza- população microbiana, os benefí- gram-positivas possuem apenas dos. cios de sua ação biológica podem uma membrana porosa que não Os resultados dessas pesquisas ser classificados em 3 áreas: impede a ação da monensina. evidenciam que há uma grande O mecanismo de ação dos variedade de aditivos alimenta- 1) aumento da eficiência do me- ionóforos sobre as bactérias está res com potencial para influen- tabolismo da energia das bac- relacionado com um processo ciar alguns componentes do me- térias ruminais e/ou do animal, chamado bomba iônica, que re- tabolismo do rúmen. alterando a proporção dos ácidos gula o balanço químico entre o graxos voláteis produzidos no rú- meio interno e externo da célu- Ionóforos men e diminuindo a produção de la. Os ionóforos ao se ligarem à metano; membrana celular das bactérias Os ionóforos, principalmente e protozoários e, provavelmente a monensina, são provavelmente 2) melhoria do metabolismo do a dos fungos ruminais, facilitam os aditivos mais pesquisados em N pelas bactérias ruminais e/ou o movimento dos cátions através dietas de ruminantes. do animal, diminuindo a absorção da membrana celular. Essas rea- Atualmente, são conhecidos de amônia e aumentando a quan- ções culminam em uma reduzida mais de 120 tipos de ionóforos tidade de proteína de origem concentração intracelular de K+, resultantes da fermentação de alimentar que chega ao intestino baixo pH e maior concentração vários tipos de actinomicetos, delgado; intracelular de Na+. Nesse caso, produzidos principalmente por as bactérias gram-positivas são bactérias do gênero Streptomy- 3) diminuição das desordens re- forçadas a utilizar os sistemas ces, mas somente a monensina, sultantes da fermentação anor- de transporte celular para dissi- lasalocida, salinomicina e lai- mal no rúmen, como acidose, par o H+ e o Na+ intracelular na dlomicina propionato são aprova- timpanismo e coccidiose. tentativa de manter o equilíbrio dos para uso em dietas de rumi- na célula, com o gasto de 1 ATP nantes. Mecanismo de ação dos por próton mobilizado. Esse pro- A ação dos ionóforos no rú- ionóforos cesso, juntamente com a baixa men ocorre pelas mudanças na concentração de K+ intracelular, população microbiana, selecio- As bactérias ruminais gram- reduz as reservas energéticas e a nando as bactérias gram-negati- negativas são mais resistentes aos taxa de síntese de proteína com vas produtoras de ácido succínico ionóforos que as gram-positivas, conseqüente menor capacidade 16
  • 17. Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010 7
  • 18. Nutrição de divisão celular. Como con- ruminais parecem ser sensíveis afetada, mas se observa signifi- seqüência, a bomba iônica não aos ionóforos, com a magnitude cativa alteração nas proporções opera eficientemente, provo- dependente da espécie do orga- relativas. Enquanto as concentra- cando um desequilíbrio. Devido nismo testado. Resultados de es- ções de ácido acético e butírico a uma maior concentração de tudo in vivo, evidenciam que es- diminuem ou se mantém estáveis, cátions dentro da célula, ocorre pécies e cepas também diferem aquelas de ácido propiônico au- aumento da pressão osmótica, a em sensibilidade aos ionóforos e mentam significativamente em água penetra em excesso e com que os protozoários são sensíveis resposta ao aditivo (Tabela 1). isso a célula “incha”, tendendo a à monensina, embora o grau de A intensidade desses efeitos é romper-se. Desse modo, as bac- sensibilidade varie com a espé- dependente do tipo de dieta e do térias acabam morrendo ou as- cie. nível de suplementação com mo- sumem um nicho microbiano sem nensina. Vários estudos (Tabela expressão ruminal. Efeito dos ionóforos na 1) têm demonstrado que a suple- Como dito anteriormente, a fermentação ruminal mentação com monensina provo- resistência das bactérias gram- ca maior mudança na proporção negativas aos ionóforos parece Bactérias que produzem ácido de ácidos graxos voláteis, prin- estar relacionada à presença de lático, acético, butírico, fór- cipalmente do ácido propiônico, uma segunda membrana que é im- mico e hidrogênio, como princi- no rúmen de animais alimentados permeável a grandes partículas. pal produto final, são suscetíveis com dietas mais ricas em con- No entanto, os ionóforos podem aos ionóforos, enquanto que as centrados do que naquelas com aumentar o fluxo de íons em al- produtoras de ácido succínico e maior proporção de volumosos. gumas bactérias gram-negativas propiônico, e aquelas que fer- Isso pode ser explicado pela dife- que se comportam como gram- mentam lactato, são resistentes. rença na população microbiana positivas, principalmente em Como resultado da alteração predominante no rúmen. O rú- altas concentrações de ionóforos. na população microbiana, em men de animais alimentados com Como exemplo, a gram-negativa função da utilização de ionóforos, feno ou rações à base de volu- Fibrobacter succinogenes, uma ocorre uma mudança também nos mosos apresenta predominância bactéria que degrada a celulose produtos finais da fermentação, de organismos gram-negativos, é mais sensível aos ionóforos do em geral, com uma menor relação enquanto que em animais ali- que outras gram-negativas. Além acetato:propionato. Rogers et al. mentados com dietas a base de disso, com o passar do tempo, (1997) observaram que a relação grãos observa-se maior proporção bactérias originalmente resis- acetato:propionato diminuiu em dos gram-positivos. Dessa forma, tentes aos ionóforos podem tor- média 65 a 72%. Após a retirada espera-se maior efeito em dietas nar-se sensíveis e algumas das di- da monensina a relação retornou com maior participação de con- tas sensíveis podem desenvolver aos valores pré-adição. centrados do que em dietas com resistência. Em geral, a produção total de mais volumosos, uma vez que os Em culturas puras, os fungos ácidos graxos voláteis é pouco ionóforos atuam principalmente 18
  • 19. Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010 Tabela 1. Efeito da monensina na produção de ácidos graxos voláteis (AGV) no rúmen. Proporção molar de AGV AGV Número de (% do total) Totais dose de monensina estudos (mM/l) Acético Propiônico Butírico Amostra de bovinos fistulados alimentados com dieta com alto concentrado 0 mg/animal/d 55 60,8 25,9 13,4 79,3 50 mg/an/d 23 63,5 29,91 (+153) 6,5 (-51) 2 66,22 (-16) 100 mg/an/d 31 51,62 40,42 (+55) 8,0 (-40) 2 90,41 (+14) 200 mg/an/d 8 52,92 39,82 (+54) 7,32 (-45) 76,9 Amostra de bovinos fistulados alimentados com pasto 0 mg/an/d 8 66,8 20,7 9,7 128,2 50 mg/an/d 8 63,3 22,3 10,6 129,4 200 mg/an/d 8 59,71 28,1 8,8 136,2 Amostra de bovinos confinados alimentados com alto concentrado 0 mg/an/d 60 56,0 31,9 7,1 81,4 100 mg/an/d 32 49,31 41,01 (+28) 5,31 (-25) 80,0 500 mg/an/d 31 47,81 43,51 (+36) 4,81 (-32) 88,3 Amostra de bovinos alimentados com pastagem ou forragem verde picada 0 mg/an/d 94 70,2 19,2 9,7 53,2 100 mg/an/d 65 68,02 22,32 (+16) 8,92 (-8) 49,1 200 mg/an/d 96 66,92 23,72 (+23) 8,52 (-12) 49,7 Amostra de bovinos consumindo dieta de confinamento 0 ppm na dieta 94 50,3 36,9 8,5 83,8 11 ppm na dieta 91 48,5 39,6 7,41 (-13) 75,92 22 ppm na dieta 94 49,0 39,9 7,02 (-18) 77,01 33 ppm na dieta 44 48,2 41,1 (+11) 2 7,0 (-18) 2 76,02 Dados adaptados de Richardson et al. (1976); Potter et al. (1976); Raun et al. (1976) 1 Significativamente diferente do controle (P<0,05) 2 Significativamente diferente do controle (P<0,01) 3 Valor entre parênteses representa a mudança (%) em relação ao controle sem monensina sobre os microrganismos gram- de 55% dessa redução é atribuída aumentou a retenção de energia positivos. ao menor consumo de alimento, em 15% em ovinos e em 19% em Experimentos in vitro e in sendo os restantes 45%, devidos bovinos, como demonstrado na vivo indicam que a monensina a efeitos específicos na fermenta- Tabela 2. diminui a produção de metano. ção ruminal. Em função da menor A diminuição na produção de Resultados médios de seis estu- produção de metano, menor per- metano, observada na presença dos indicaram 25% de redução, da de energia nas fezes e na urina de ionóforo, também pode estar com variação de 4 a 31%.Cerca (apenas em ovinos), a monensina associada à inibição no cresci- 19
  • 20. Nutrição Tabela 2. Partição da energia e do nitrogênio em animais suplementados com monensina. Parâmetro Retenção em relação ao controle não suplementado (%) Espécie animal Ovino1 Ovino1 Bovino1 Dose de monensina 10 ppm na dieta 20 ppm na dieta 3 mg/kg0,75PV Dieta 50% grão 50% grão 80% grão Energia Fezes 98 93 90 Urina 92 84 99 Metano 74 69 74 Calor 102 105 104 Retida 111 115 119 Nitrogênio Fezes 97 98 88 Urina 92 87 99 Retido 127 138 120 Adaptado de 1Joyner et al. (1979) e 2 Wedegaertner & Johnson (1983) mento de protozoários, que co- mente monensina e observou-se da suplementação com monen- nhecidamente produzem H2 e são pequenos efeitos na produção de sina. Por outro lado, após 54 dias colonizados por bactérias que metano. Esse mesmo comporta- de suplementação, bezerros ali- produzem metano. No entanto, mento foi observado na produção mentados com feno de alfafa ad esse efeito tem sido apenas tem- de leite, consumo de alimento, libitum, apresentaram produção porário. Com a suplementação gordura do leite, relação dos áci- de metano 25,6% menor do que contínua de ionóforos observa-se dos graxos voláteis e composição aqueles não suplementados, su- retorno aos níveis pré-suplemen- dos ácidos graxos do leite. Os au- gerindo menor adaptação dos mi- tação, sugerindo seleção da po- tores relacionam esses resultados crorganismos quando a monensi- pulação resistente. a possíveis mudanças adaptativas na foi fornecida em dietas a base De acordo com Sauer et al. da microflora ruminal à monen- de forragem. (1998), vacas em lactação, que sina. O uso de monensina também nunca haviam sido suplementa- A adaptação dos microrganis- provoca alterações no metabo- das com monensina, apresen- mos ruminais pode estar relacio- lismo do N. Em geral, observa- taram redução de 10% a 21% na nada ao tipo de dieta. Quando os se redução na concentração produção de metano ao longo de animais foram alimentados com de amônia ruminal. Pesquisas 65 dias de suplementação. Após dietas à base de concentrado, a visando caracterizar o efeito da 161 dias sem suplementação, os produção de metano retornou ao monensina no metabolismo do N mesmos animais receberam nova- nível inicial 16 dias após o início mostraram que a degradação da 20
  • 21. Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010 proteína, o acúmulo de amônia e Como mencionado anterior- monstraram resistência a mo- o N microbiano foram reduzidos mente, a monensina parece ter nensina após longos períodos de em incubações in vitro com mo- efeito negativo sobre a popula- suplementação. nensina. Duas espécies de bac- ção de protozoários do rúmen. Estudos in vivo têm mostrado térias identificadas pela grande Esse fato tem implicação direta que a digestão ruminal da ma- capacidade de produção de amô- sobre a população de bactérias, téria orgânica e da celulose não nia ruminal, apesar de gram-ne- uma vez que os protozoários são é afetada pela monensina. Por gativas, mostraram-se sensíveis importantes predadores. Assim, outro lado, relata-se que a mo- a monensina. Nesses estudos diminuindo a atividade proto- nensina pode provocar efeitos constatou-se também que uma zoária, possivelmente, ocorrerá negativos na digestibilidade de maior proporção da proteína ver- aumento na população de bacté- dietas de baixa qualidade, devido dadeira da dieta pode escapar rias, aumento na atividade fer- ao efeito letal na população de do rúmen quando a monensina é mentativa e aumento no fluxo de fungos e protozoários do rúmen, adicionada à dieta, com aumento proteína bacteriana para o duo- os quais possuem importante fun- na digestibilidade total e na re- deno (apesar de ter sido obser- ção na degradação de alimentos tenção do N. Resultados seme- vado redução no N microbiano). altamente fibrosos. • lhantes podem ser observados na No entanto, deve-se considerar Tabela 2. que os protozoários também de-
  • 22. Capa EFEITOS DO ESTRESSE CALÓRICO NA REPRODUÇÃO Robson Vilela sá Fortes MSc. Medicina Veterinária Equipe Rehagro Maria Alexandra Torres Artunduaga DSc. Ciência Animal 22
  • 23. Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010 Introdução ral do seu estado de repouso, in- qual a taxa de produção de ca- terferindo no desempenho produ- lor de um animal homeotermo, A queda no desempenho re- tivo e reprodutivo. em repouso, deverá aumentar produtivo de vacas leiteiras, du- com o objetivo de manter o ba- rante o período de verão, está Zona de Termoneutralidade lanço térmico. Em vacas leiteiras associada com a redução na ca- esta temperatura é considerada pacidade de termo-regulação dos Para manter as condições 5ºC (Kadzere et al., 2002). Já a animais devida, em grande parte, homeotérmicas, o animal deverá temperatura máxima crítica é à intensa seleção genética para estar em equilíbrio com o seu definida como a temperatura do alta produção de leite. A popu- ambiente, incluindo a radiação, ar na qual o animal aumenta a lação mundial está crescendo a temperatura, o movimento do produção de calor como conse- em ritmo acelerado nas regiões ar e a umidade. Com o objetivo qüência do aumento na tempera- tropicais e subtropicais e é lógi- de atingir este equilíbrio o ani- tura corporal que, por sua vez, é co pensar que grande proporção mal deverá permanecer na zona o resultado da inadequada perda dos animais domésticos, cujos de termo-neutralidade (TNZ), de calor por evaporação (Kadzere produtos são destinados ao con- que é definida como a zona de et al., 2002). A temperatura sumo humano, estará localizada menor produção de calor em máxima crítica em vacas leiteiras nas regiões mais quentes, como temperaturas retais normais (a esta entre 25 e 26ºC (Berman et vem acontecendo. Esse fato, as- elevação da temperatura retal é al., 1985). sociado ao efeito do aquecimento considerada como um indicador Desta forma, entre os limites global, que tem afetado cada dia de estresse térmico). Dentro da de temperatura mínima e máxi- mais as condições climáticas das TNZ são observadas menores de- ma críticos, os animais podem diferentes regiões, faz com que mandas fisiológicas assim como manter a temperatura corporal o quadro de estresse calórico a produção máxima (Figura 1). estável. Acima da temperatura seja mais crônico e tenha reper- A TNZ depende da idade, espé- máxima crítica o aumento da cussões fisiológicas e econômicas cie, raça, ingestão de alimento, temperatura corporal influencia graves. composição da dieta, produção, negativamente o desempenho do Yousef (1985) definiu o estres- instalações, isolamento de teci- animal, reduzindo a produção e se como a magnitude das forças dos (gordura corporal, pele), alterando a composição do leite. externas ao corpo e que tendem isolamento externo (pêlo) e com- Acima de 26ºC o animal não tem a deslocar os sistemas fisiológicos portamento do animal. capacidade de se resfriar adequa- do seu estado de repouso. Assim, A TNZ é determinada por duas damente, entrando em quadro de o estresse calórico nas vacas lei- escalas - a temperatura mínima estresse calórico. teiras pode ser definido como a crítica e a temperatura máxima soma das forças externas ao ani- crítica. A temperatura mínima Produção de calor metabólico mal homeotérmico, que atuam crítica é definida como a tem- deslocando a temperatura corpo- peratura do ambiente abaixo da A produção de calor metabóli- 23
  • 24. Capa Figura 1. Relação entre temperatura basal do animal, produção de calor e temperatura ambiente Fonte: Adaptado de Kadzere et al. (2002) co é responsável por aproxima- calórico é a soma do calor acu- de leite acentuam os efeitos do damente 31% do gasto energético mulado do ambiente e a falha estresse calórico nas vacas em de uma vaca de 600 kg de peso para dissipar o calor proveniente lactação. vivo, produzindo 40 kg de leite, de processos metabólicos. West et al. (1990), reporta- contendo 4% de gordura (Cop- As vacas em lactação têm ram que a temperatura do leite pock, 1985). A atividade física maior quantidade de calor para era mais alta em vacas que rece- aumenta a quantidade de calor dissipar do que as vacas não lac- biam tratamento com bST, quan- produzido pela musculatura es- tantes. Purwanto et al. (1990), do compradas com vacas controle quelética e pelos tecidos corpo- observaram que vacas de alta em climas úmidos e quentes. No rais. Em temperaturas acima da produção (31,6 kg/dia) gera- mesmo experimento, as vacas TNZ (35ºC), o gasto para man- ram 48% a mais de calor quando que receberam bST apresenta- tença aumenta 20% em relação a comparadas às não lactantes. No ram-se com maior produção de condições termo-neutras, incre- mesmo estudo, as vacas de baixa calor, tanto em ambientes termo- mentando o gasto energético da produção (18,5 kg/dia) geraram neutros, quanto em ambientes vaca (NRC, 1981). 25% a mais de calor quando com- quentes. Cole e Hansen (1993) A carga de calor acumulada paradas com as não lactantes. observaram que a aplicação de pelo animal submetido a estresse Isso sugere que as altas produções bST em vacas lactantes e não 24
  • 25. Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010 lactantes em climas quentes e ças anatômicas, fisiológicas e de respiração rápida e a sudoração úmidos (Florida, USA), resulta- comportamento com o objetivo aumentam na medida em que a ram em aumento na tempera- de manter o equilíbrio térmico. dependência do organismo pelo tura corporal assim como na taxa Durante o período de estres- resfriamento por evaporação au- respiratória, sugerindo que o au- se calórico os animais apresen- menta. A respiração rápida au- mento na produção de calor não tam: diminuição na ingestão de menta de maneira aguda a perda é devido somente à produção de alimentos, redução na atividade de CO2 por meio da ventilação leite. Os mesmos autores sugeri- física, procura constante por pulmonar, reduzindo as concen- ram que o uso do bST em regiões sombra e vento, aumento da taxa trações sanguíneas de ácido car- quentes deverá ser acompanhado respiratória, assim como da cir- bônico (HCO3), alterando o ba- por estratégias de manejo que culação sanguínea periférica e da lanço entre CO2 e bicarbonato, reduzam o estresse calórico du- sudoração. Todas estas respostas que é necessário na manutenção rante o verão. têm efeitos prejudiciais no status do pH sanguíneo, e resultando fisiológico do animal assim como em um quadro de alcalose respi- Mudanças fisiológicas relacio- na produção. ratória. Como mecanismo com- nadas ao estresse calórico Segundo McGuire et al. (1989), pensatório, observa-se aumento os efeitos negativos do estresse da excreção de bicarbonato pela As mudanças fisiológicas no calórico na produção de leite urina, com conseqüente redução animal submetido a estresse poderiam ser explicados pela di- na concentração sanguínea de calórico ocorrem no sistema di- minuição na ingestão de alimen- bicarbonato no sangue, resul- gestivo, no balanço ácido-básico tos, assim como, pela redução tando em um quadro de acidose e no perfil hormonal. As respos- na absorção de nutrientes pela metabólica. tas observadas nos diferentes veia porta. Os mesmos autores A redução nas concentrações sistemas estão relacionadas com demonstraram que durante o es- de HCO3 compromete a capaci- a menor ingestão de alimentos tresse calórico ocorrem mudan- dade de tamponamento do siste- observada durante períodos de ças na circulação sanguínea que ma bicarbonato, o que pode ser estresse calórico. Entretanto, a favorecem os tecidos periféricos, crítico durante o verão, já que maior parte das mudanças ocorre com o objetivo de resfriar o ani- neste período os produtores cos- como resultado dos danos ocasio- mal, alterando o metabolismo de tumam fornecer dietas ricas em nados pelo estresse térmico no nutrientes, o que contribui para a grãos, com o objetivo de aumen- organismo. Os neurônios termo- diminuição na produção de leite. tar a densidade energética das sensíveis estão localizados por Animais em estresse calórico mesmas. todo o corpo do animal e sina- apresentam alterações no equilí- lizam ao hipotálamo alterações brio acido-básico como resultado Estresse calórico e efeitos na na condição de termo-neutra- da evaporação, que é o principal expressão e detecção de estro lidade, fazendo com que sejam mecanismo de dissipação de ca- iniciadas uma série de mudan- lor durante o estresse térmico. A O estresse calórico reduz a 25
  • 26. Capa duração e intensidade do estro. demonstrou que a exposição de estágio de desenvolvimento foli- Nebel et al. (1997) observaram vacas leiteiras a temperaturas e- cular mais susceptível ao estresse que vacas Holandês, em estro levadas altera a dinâmica folicu- térmico não está precisamente durante o verão, montaram 4,5 lar. Dentre os efeitos imediatos do definido, mas existem evidências vezes por estro contra 8,5 mon- estresse calórico estão a redução de que os folículos antrais de 0.5 tas observadas durante o in- no tamanho da primeira e segun- – 1.0 mm de diâmetro sejam sen- verno. Uma das possíveis causas da onda folicular dominante e o síveis. para esta alteração pode ser a aumento do número de folículos As mudanças endocrinológi- secreção de cortisol que tem sido maiores, indicando atenuação do cas envolvidas na alteração da reconhecido como inibidor do processo de dominância folicular. dinâmica folicular e na depressão comportamento sexual induzido O estresse calórico prejudica da dominância não estão bem pelo estradiol. o crescimento de folículos de ta- esclarecidas, mas existem evi- Gwazdauskas et al. (1981), manho médio (6 – 9 mm) devido dências que indicam que mudan- mostraram que o estresse calóri- à emergência precoce e desapa- ças nos padrões de liberação de co está diretamente relacionado recimento retardado da segunda gonadotrofinas, bem como nas com a diminuição nas concen- onda folicular, fazendo com que concentrações de inibina e es- trações de estradiol. A principal a emergência do folículo pré- teróides, poderiam estar relacio- causa para diminuição na mani- ovulatório aconteça mais cedo nadas ao processo. festação de estro é a letargia e aumentando a duração da O aumento do número de física produzida pelo estresse dominância folicular. Estes dois folículos maiores, observado du- calórico, que é um mecanismo de últimos eventos estão negativa- rante o estresse calórico, está adaptação que limita a produção mente relacionados com a taxa associado com a elevação nas de calor metabólico. de concepção. concentrações de hormônio folí- Diversas estratégias de mane- Um estudo recente desen- culo estimulante (FSH) e redução jo têm sido desenvolvidas para volvido com cabras indicou que nas concentrações plasmáticas diminuir os efeitos negativos do folículos expostos a estresse de inibina. A inibina e o estradiol estresse calórico na manifestação calórico durante o processo de afetam, de maneira sinérgica, a de estro, dentre as quais podem recrutamento regrediram e não secreção de FSH. Desta forma, o ser citadas o uso de programas de se desenvolveram em folículos estresse calórico afeta a função inseminação artificial em tempo maiores ou ovulatórios (Ozawa et das células da granulosa, princi- fixo (IATF) durante o verão. al., 2005). pal fonte de estradiol e inibina, Além de afetar os folículos levando ao aumento nas concen- Estresse calórico e efeitos na em emergência da onda folicular, trações plasmáticas de FSH. De dinâmica folicular o estresse calórico afeta tam- maneira geral, o estresse calóri- bém o pool de folículos antrais, co não suprime o padrão de on- O aumento do uso da ultra- resultando em efeitos residuais das foliculares em bovinos, mas sonografia nas últimas décadas negativos na função folicular. O inibe o processo de dominância, 26
  • 27. Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010
  • 28. Capa ocasionando mudanças no cresci- (Ozawa et al., 2005). Embora ex- (1998), não observou mudanças mento folicular que estariam as- istam evidências dos mecanismos na concentração de progesterona sociadas com a síndrome de baixa celulares que afetam a ester- plasmática em vacas em lactação fertilidade em vacas leiteiras. oideogênese em períodos de es- expostas à radiação solar direta tresse calórico, maior quantidade durante o verão. Jonsson et al. Estresse calórico e efeitos na de estudos sobre aspectos mo- (1997), observaram menores con- capacidade esteroideogênica leculares deverão ser conduzidos centrações plasmáticas de pro- para um melhor entendimento de gesterona durante o período de Estudos realizados durante seus efeitos. verão quando comparadas com as épocas de calor reportam baixa A redução nas concentrações observadas no inverno. Esta res- concentração de esteróides no de estradiol durante a fase foli- posta não apresentou associação fluido folicular, o que estaria as- cular afeta o pico pré-ovulatório com a ingestão de matéria seca, sociado com a redução da viabi- de LH, alterando os eventos de- condição corporal ou produção de lidade das células da granulosa, sencadeados por este hormônio leite, o que indica que a redução bem como com a redução na e inibindo a ovulação. Esse fato nas concentrações de proges- atividade da aromatase. Bridges é demonstrado pela baixa ampli- terona, observada neste estudo, et al. (2005), reportaram que tude do pico de LH induzido pelo apresentou relação direta com o folículos de vacas submetidas hormônio liberador de gonado- aumento de temperatura, e não a estresse calórico secretaram trofinas (GnRH) em vacas com com as mudanças metabólicas e menores concentrações de an- estresse calórico e com baixas nutricionais induzidas pelo es- drostenediona e estradiol após a concentrações de estradiol. tresse calórico. estimulação com gonadotrofinas. As concentrações plasmáti- De maneira similar, Wolfenson Estresse calórico e efeitos na cas de progesterona diminuem et al. (1995) demonstraram que concentração de progesterona em vacas submetidas a estresse células da teca incubadas em calórico crônico, condição típica altas temperaturas ou coletadas Os efeitos do estresse calórico durante o verão. Por outro lado, de vacas submetidas a estresse na função do corpo lúteo (CL) as concentrações aumentam calórico produziram menos an- têm sido avaliados por meio em vacas submetidas a estresse drostenediona quando estimu- da dosagem das concentrações calórico agudo, como no caso de ladas por hormônio luteinizante plasmáticas de progesterona. exposição direta a radiação solar (LH), sugerindo então uma alte- A exposição de vacas e novilhas ou ao calor em câmaras respiro- ração na função de seus recep- ao estresse calórico, na segunda métricas (condições experimen- tores devido ao estresse calórico. metade do ciclo estral, resulta- tais). Estudo recente em cabras demon- ram em aumento nas concentra- De maneira geral, a exposição strou a diminuição na expressão ções plasmáticas de progesterona crônica ao estresse calórico su- dos receptores de LH em folículos as quais estariam associadas prime a produção de proges- submetidos a estresse calórico com o atraso na luteólise. Roth terona. Esse fato foi confirmado 28
  • 29. Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010 por meio de estudos in vitro nos Estresse calórico e efeitos na de hidrogênio (H2O2) podem in- quais a produção de progeste- qualidade do oócito duzir a interrupção no ciclo mei- rona, a partir de células luteais ótico nas células, bem como mu- de vacas durante o período de Estudos in vitro e in vivo danças morfológicas em oócitos verão, foi menor quando com- demonstram que o oócito é sus- imaturos. As espécies reativas parada com aquelas obtidas no ceptível ao estresse calórico ao oxigênio (ROS) são essenciais inverno (Wolfenson et al., 2000). em várias etapas do desenvolvi- para o oócito já que atuam como As concentrações inadequadas de mento folicular. Assim, qualquer sinalizadores para a retomada do progesterona podem alterar o de- alteração fisiológica no ambiente processo meiótico, embora a pre- senvolvimento folicular, levando folicular induz a produção de sença excessiva de ROS no folí- a anormalidades na maturação oócito com capacidade reduzida culo esteja associada com defei- do oócito e maior predisposição para fertilização e posterior de- tos citoplasmáticos e segregação a perda embrionária precoce. As senvolvimento. Oócitos bovinos, cromossômica anormal. baixas concentrações de proges- coletados durante o verão, apre- Devido à importância do sta- terona também afetam o proces- sentaram menor habilidade para tus oxidativo do oócito, e sa- so de esteroideogênese no folí- se desenvolver até o estágio de bendo que os oóocitos de bovinos culo dominante e no subseqüente blastocisto, depois da fertiliza- apresentam altas quantidades corpo lúteo, bem como provocam ção in vitro (Rocha et al., 1998). de ácidos graxos, a composição alterações na morfologia e fun- O estresse calórico induz ao de ácidos graxos da membra- ção endometrial no próximo ciclo estresse oxidativo no oócito. As- na é considerada como um fa- estral. sim, oxidantes como o peróxido tor determinante no destino
  • 30. Capa (qualidade) do oócito. A variação verno para 20% durante o verão, de concepção durante o verão no perfil de ácidos graxos no flu- variando entre 23 e 29% no outo- ido folicular durante as diferen- no (Wolfenson et al., 2000). Isso tes épocas do ano está associada indica que existem efeitos pro- com a redução no desenvolvi- longados do estresse calórico na mento do oócito. Pesquisadores fertilidade. demonstraram que, durante o A dinâmica folicular de vacas verão, as proporções de ácidos lactantes submetidas a estresse graxos saturados no oócito e calórico mostra que, durante a nas células da granulosa foram primeira onda folicular do ci- maiores do que as proporções de clo estral seguinte, houve desen- mono e poliinsaturados, indican- volvimento de menor quantidade do redução do status oxidativo do de folículos de tamanho médio. oócito. Desta forma, os autores Wolfenson et al. (1997), ob- recomendam a administração servaram que no fluido folicu- de antioxidantes com o objetivo lar de folículos dominantes da de reduzir a oxidação de ácidos primeira onda, e que foram co- graxos e estabilizar a membra- letados durante o outono no dia na do oócito durante o estresse 7 do ciclo estral, as concentra- calórico. A utilização de gordura ções de estradiol foram menores, suplementar seria uma boa alter- quando comparadas com as con- nativa, já que mudanças na com- centrações no inverno. A baixa posição de ácidos graxos no oóci- concentração do hormônio nesta to poderiam contribuir com a sua época do ano foi resultado da capacidade de desenvolvimento. intensa redução na produção de androstenediona pelas células da (Roth, 2008). De maneira similar, Efeitos prolongados do estresse teca, que serve como substrato quando as vacas foram resfriadas calórico sobre a reprodução para a síntese de estradiol nas 42 dias antes da coleta de oóci- células da granulosa. tos, a proporção de estruturas Os índices de fertilidade no Como já foi mencionado, tem- que se desenvolveram em blasto- outono são mais baixos, quando peraturas elevadas estão associa- cistos não aumentou (Al-Katanani comparados com os índices do das com redução na fertilidade. et al., 2002). Essas observações inverno, mesmo tendo finalizado Experimentos em que os animais indicam que os oócitos poderiam o período de estresse calórico. foram resfriados de maneira in- estar alterados mesmo depois da Em Israel, por exemplo, as taxas tensa um dia antes do estro e eliminação do efeito do estresse de concepção de vacas de alta oito dias após a inseminação ar- calórico. Roth et al. (2001), em produção caíram de 45% no in- tificial, não melhoraram a taxa estudo realizado durante o final 30
  • 31. Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010 do verão e começo do inverno, indicaram que é necessário um no desenvolvimento folicular, de- período de, pelo pressão do processo de dominân- menos, dois ou três cia folicular, e alterações na es- ciclos estrais para teroideogênese folicular, bem a recuperação dos como na secreção de gonadotro- danos ocasionados finas. A soma de todas estas alte- pelo estresse calóri- rações faz com que a qualidade co. Só depois deste do oócito seja alterada, compro- período foram ob- metendo a viabilidade do em- servados oócitos brião e, conseqüentemente, a com habilidade eficiência reprodutiva. Diferen- para desenvolvim- tes práticas de manejo e nutri- ento e fertilização. cionais devem ser adotadas com o objetivo de aliviar os efeitos Conclusões do estresse calórico sobre a re- produção. • O estresse calórico tem vários efeitos negativos sobre a fertilidade de vacas leiteiras, dentre os quais se incluem: alterações REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GILAD, E.; MEIDAN, R.; BERMAN, A.; et al. Effect of heat stress on nisms and potential strategies to improve fertility in dairy cows. tonic and GnRH induced gonadotrophin secretion in relation to con- Reproduction in Domestic Animals, v.43 (Suppl.2), p.238-244, 2008. centration of oestradiol in plasma of cyclic cows. Journal of Reproduc- tion and Fertility, v.99, p.315-321, 1993. WEST, J.W. Effects of heat stress on production in dairy cattle. Journal of Dairy Science, v.86, p.2131-2144, 2003. HANSEN, P.J.; ARECHIGA, C.F. Strategies for managing reproduction in the heat stressed dairy cow. Journal of Animal Science, v.77 (Suppl. WILSON, S.J.; KIRBY, C.J.; KOENIGSFELD, A.T.; et al. Effects of 2), p.36-49, 1999. controlled heata stress on ovarian function of dairy cattle. 2. Heifers. Journal of Dairy Science, v.81, p.2132-2138, 1998. HAWKINS, D.E.; NISWENDER, K.D.; OSS, G.M.; et al. An increase in serum lipids increases luteal lipid content and alters the disappear- WOLFENSON, D.; THATCHER, W.W.; BADINGA, L.; et al. Effect of heat ance rate of progesterone in cows. Journal of Animal Science, v.73, stress on follicular development during the estrous cycle in lactating p.541-545, 1995. dairy cows. Biology of Reproduction, v.52, p.1106-1113, 1995. KADZERE, C.T.; MURPHY, M.R.; SILANIKOVE, N.; et al. Heat stress in WOLFENSON, D.; ROTH, Z.; MEIDAN, R. Impaired reproduction in heat lactating dairy cows: a review. Livestock Production Science, v.77, stressed cattle: Basic and applied concepts. A review. Animal Repro- p.59-91, 2002. duction Science, v.61, p.535-547, 2000. OZAWA, M.; TABAYASHI, D.; LATIEF, T.A.; et al. Alterations in follicular ZERON, Y.; OCHERETNY, A.; KEDAR,O.; et al. Seasonal changes im dynamics and steroidogenic abilities induced by heat stress Turing fol- bovine fertility: relation to developmental competente of oocytes, licular recruitment in goats. Reproduction, v.129, p.621-639, 2005. membrane properties and fatty acid composition of follicles. Repro- duction, v.121, p.447-454, 2001. ROTH, Z. Heat stress, the follicle, and its enclosed oocyte: Mecha- 31
  • 32. Sanidade MASTiTE EM NOViLHAS PARTE i: PREVALêNCiA, FONTES DE iNFECçãO E FORMAS DE iDENTiFiCAçãO Mônica Maria Oliveira Pinho Cerqueira1; Renison Teles Vargas2; Adriano França da Cunha3; Arianna Drumond Lage3; Leorges Moraes da Fonseca1; Ronon Rodrigues1; Mônica de Oliveira Leite1; Cláudia Freire de Andrade Morais Penna1; Marcelo Resende de Souza1 1 Professores da Escola de Veterinária – UFMG 2 Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica-Bambuí 3 Estudante do Curso de Pós-Graduação da Escola de Veterinária – UFMG. Introdução se que algumas “janelas” permanecem abertas. No caso em que esse raciocínio se aplica, como Segundo a literatura científica nacional e interna- por exemplo, no que se refere à mastite em novi- cional, a mastite continua sendo uma das principais lhas, o problema ocorre. Parece que os indicadores causas de perdas econômicas à atividade leiteira. publicados em periódicos científicos e observados Isso é curioso, quando se analisam as ferramentas pontualmente por alguns produtores e médicos ve- disponíveis para o seu monitoramento e controle e terinários demonstram a necessidade de uma re- ainda todo o conhecimento sobre os aspectos epi- visão urgente dessas ferramentas e das estratégias demiológicos envolvidos no processo saúde-doença. empregadas. Não se pode esperar o animal iniciar Parece um paradoxo quando se analisam o desen- a lactação para se implantar as medidas preven- volvimento do conhecimento científico, as formas tivas para o controle da mastite. A contaminação gerenciais de monitoramento dessa doença e os ín- pode já ter ocorrido em um momento anterior ao dices de mastite subclínica e clínica nos diferentes de “produção propriamente dito” e, dependendo sistemas de produção. da situação, as lesões podem já ser irreversíveis e Nesse sentido, refletir é necessário. Será que o controle da doença estar muito comprometido. o controle está sendo realizado no momento e da Como para a maioria dos produtores as novilhas forma corretos? Será que as estratégias utilizadas, são animais sadios, a presença da mastite não é que se baseiam principalmente na aplicação de notada até o início da produção de leite ou até o ferramentas como o Programa de Seis Pontos, são primeiro episódio clínico na lactação. Com isso, um suficientes? Será que o momento em que as “primo- animal pode ser portador de uma infecção intra- infecções” ocorrem está sendo considerado? Bem, mamária por um ano ou mais, sem que a mesma analisando-se a situação observada pontualmente seja diagnosticada. Por outro lado, sabendo-se que por diferentes autores em todo o mundo, percebe- o maior desenvolvimento do tecido secretor de 32
  • 33. Revista Leite Integral - Dezembro/Janeiro - 2009/2010 leite ocorre na primeira gesta- Prevalência de infecções intra- natureza da mastite em novilhas, ção, o fato dos animais apresen- mamárias em novilhas derrubando o dogma de que as tarem mastite antes do parto, novilhas são livres dessa doença. pode significar sérios prejuízos ao Até pouco tempo atrás, Pesquisadores americanos produtor. acreditava-se que as taxas de têm sugerido que a mastite em Considerando a falta de infor- infecções intramamárias em no- novilhas durante o período pré- mações da ocorrência de mastite vilhas vazias e gestantes eram parto ocorre freqüentemente, em novilhas, torna-se necessário baixas. Entretanto, vários estu- com taxas de infecção e tipos de alertar produtores e técnicos dos têm demonstrado que uma patógenos variados. Em alguns es- sobre alguns aspectos relaciona- alta porcentagem de glândulas tudos, as bactérias causadoras de dos a essa enfermidade em ani- mamárias de novilhas gestan- mastite subclínica têm sido isola- mais que representam o futuro tes está infectada por patógenos das em mais de 50% de quartos estoque de produção de leite na causadores de mastite durante a infectados. Em outras pesquisas, fazenda. Desconsiderar esses as- gestação, no momento do parto os resultados têm demonstrado pectos pode significar perdas na e/ou no início da lactação. que mais de 90% das novilhas em produtividade e rentabilidade da Nos últimos 20 anos, várias in- idade reprodutiva ou na primeira atividade leiteira. vestigações têm sido conduzidas gestação podem estar infectadas. com o objetivo de descrever a Comparando-se a freqüência NutroN DreNch Vacas mais sauDáVeis No pré e pós-parto Geralmente as três últimas semanas de gestação e as três Para se evitar problemas como estes, utilize Nutron Drench logo primeiras semanas após o parto são o período mais crítico do após o parto. ciclo de produção da vaca leiteira. Isto ocorre por conta de uma Nutron Drench: queda vertiginosa no consumo, o que pode resultar em complica- - hidrata o animal; ções de diferentes tipos para o animal, tais como cetose, desloca- - repõem eletrólitos perdidos no momento do parto; mento de abomaso, retenção de placenta, metrite, etc. - fornece energia (propilenoglicol). www.nutron.com.br SAC: 0800 979 9994