1. TRATAMENTO HOMEOPÁTICO DE PÊNFIGO
FOLIÁCEO EM CÃO DOMÉSTICO
Maria Leonora Veras de Mello – Fac. de Med. Vet. da UNIFESO, Teresópolis, RJ
Denise de Mello Bobany - Fac. de Med. Vet. da UNIFESO, Teresópolis, RJ
Ruth Pereira Dias Saraiva – Médica Veterinária autônoma
Figura 1A - Março/2009. Primeiras lesões descamativas na região do focinho.
Figura 1B - Agosto/2009. Corpo do animal exibindo agravamento dos
sintomas evidenciando áreas de alopecia e presença de crostas.
Figura 2 – (A) Microfotografia da pele mostrando a acantólise
. (B) Microfotografia da pele mostrando células acantolíticas
Figura 4 - Lion em excelente estado geral dezembro de 2014
Figuras 3 C e D- aparência do Lion, um mês após iniciado o tratamento homeopático.
INTRODUÇÃO:
O pênfigo ou penfigóide, faz parte de um grupo raro de doenças, de origem
geralmente idiopática, caracterizada pela produção de auto-anticorpos1. As lesões
primárias são pústulas superficiais, crostas, escamas, colaretes epidérmicos e
alopecia. São localizadasmais comumente na cabeça, no plano nasal, pavilhão
auricular e coxim plantar, além de despigmentação na ponte nasal, ao redor dos
olhos e no pavilhão auricular com prurido variável 3. O objetivo deste trabalho foi
relatar o caso de um canino doméstico com pênfigo foliáceo. O tratamento
convencional à base de corticosteróides e antibióticos não resultou em melhora da
enfermidade. Foi então introduzido um novo tratamento, através de um complexo
homeopático e um nosódio, junto com baixa dosagem de metilprednisolona. O
tratamento iniciou-se no ano de dois mil e nove (2009) e com ele houve a remissão
sintomática do pênfigo com persistência desde então do bem estar e qualidade de
vida.
MATERIAL E MÉTODOS:
Em março de 2009 foi atendido na Clínica Escola de Medicina Veterinária do
UNIFESO, situada Teresópolis, Estado do Rio de Janeiro, um canino da raça
Dachshund com 5 anos. O motivo da consulta foi o fato de o animal vir
apresentando há poucos dias, lesões descamativas no focinho (fig. 1A). O quadro se
agravou com mais lesões no focinho, hiperceratose em coxins, e apresentou
prostração e desidratação. Foi realizada biópsia com o laudo de acantose focal
compatível com pênfigo foliáceo folicular2 (fig. 2 A e B). Diante desse resultado, foi
estipulado o tratamento com crescentes doses de metilprednisolona até 40 mg ao
dia4, que não aliviou e desenvolveu efeitos colaterais.Optou-se pelo tratamento
homeopático, segundo informações de Barbosa, del Nero & Ambrosio5,
concomitante à redução da corticoterapia, sendo utilizado um composto com Hura
brasiliensis 6CH, Kali sulphuricum 6CH, Mezereum 6CH, Mulungu 12DH, Oleander
5CH, Rhus tox 3CH, Ranunculus Sceleratus 3CH em tabletes de lactose
administrados na dose de 2 tabletes três vezes ao dia. Para complementar o
tratamento foram prescritos oito papéis de Bacillinum 30CH, um por semana.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após um mês de uso da homeopatia, iniciou-se a redução gradual e lenta do
corticóide, com sucesso (fig. 3 C e D). O animal continua em uso continuo da
homeopatia, dois tabletes diários do mesmo composto original, e com
metilprednisolona 7,5 mg 3 vezes por semana, junto com a recomendação de não
ficar exposto ao sol, mantendo bom estado geral, e sem a sintomatologia da
enfermidade nem efeitos colaterais dos corticosteroides (fig.4)..
O tratamento tradicional apresentou uma resposta terapêutica insuficiente, seguida
de muitos e deletérios efeitos colaterais. A introdução da terapêutica homeopática
melhorou o estado geral do animal e permitiu a diminuição das doses de
glicocorticóides, minimizando seus efeitos colaterais e acrescentando qualidade de
vida ao paciente. Clinicamente o paciente vem levando uma vida normal e
saudável, a partir da utilização dos medicamentos homeopáticos dentro de
escolhas que se coadunam com o pensamento do Dr. Hahnemann, isto é ainda é
portador de uma doença crônica, mas alcançou a homeostasia suficiente para uma
vida normal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1. BARBOSA MVF, FUKAHORI FLP, DIAS MBMC, LIMA ER. Patofisiologia do Pênfigo Foliáceo em cães: revisão de literatura. Medicina Veterinária 2012; 6(3):26-31.
2. MACHADO LHA, FABRIS VE, TORRES NETO R, RODRIGUES JC, OLIVEIRA FC. Histopathology in veterinary dermatology: Historical records of thirty years of diagnosis at the Department of Pathology of Botucatu Medical School, UNESP (1977-2007). Vet. e Zootec.
2012;19(2):222-235.
3. MENDLEAU L, HNILICA KA. Dermatologia de pequenos animais: atlas colorido e guia terapêutico. 2ª ed. São Paulo – SP: Editora Roca; 2009.
4. RHODES KH. Doenças Imunomediadas Sistêmicas. In: BICHARD SJ, SHERDING RG. Manual Saunders: Clínica de Pequenos Animais. 3ª ed. São Paulo – SP: Roca; 2008. p. 501- 82.
5. BARBOSA AS, Del NERO B, AMBROSIO CE.Terapia Homeopática em Dermatopatias em Gatos – Revisão de Literatura. Acta Veterinaria Brasilica,2013; 7 (1): 29-37.