O documento apresenta sete propostas práticas de exercícios de desenho focados em explorar diferentes elementos gráficos como linhas, formas, texturas e ritmos através da interação entre o gesto, a mão e o instrumento de desenho. Os exercícios visam desenvolver a percepção e a capacidade de construir espaços e relações visuais no papel.
2. 1ª Proposta
Simplesmente rabiscar, preenchendo e
ocupando o campo do papel de diferentes
maneiras. A mão conduz o movimento,
sugerindo ritmo, intensidade, pulsação e
indicando o tempo de duração do movimento
do lápis no papel. Não se preocupar em
figurar ou representar
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4. Comentário
Observe as diferentes soluções de colocação
dos rabiscos no campo do papel: ora as linhas
se aglutinam, ora se diluem, ora se espalham
igualmente pelo campo, ora elegem vários
pontos de atenção. É importante agilizar a
relação da mão com o instrumento, criando
com isso uma correspondência entre o
cérebro, o olho, o gesto e a solução gráfica
resultante.
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6. 2ª Proposta
Vamos considerar a linha como projeção do gesto
no espaço do papel. Existe uma estreita relação
entre o resultado gráfico da linha e a interação
mão/gesto/instrumento.
Realizaremos uma pequena pesquisa gestual,
observando a correspondência entre o gesto
impulsionando um registro gráfico no papel e o
tipo de linha resultante
7. Observaremos:
• Gestos ligados as sensações: gesto doce, azedo,
duro, mole, quente, frio, ríspido, suave, amargo,
áspero...
• Gestos ligados ao tempo e espaço: gesto curvo,
alto, pequeno, apertado, amplo, fechado, rápido,
lento, transparente...
• Gestos ligados a atitudes: gesto simpático,
carinhoso, agressivo, autoritário, comunicativo,
caprichoso, engraçado, tenso...
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9. Comentário
Os resultados demonstram um leque de possibilidades quanto ao
uso da linha. Perceba seus vários componentes constituitivos: a
espessura (da mais grossa a mais fina) a intensidade (da mais clara a
mais escura), a tipologia (linha curva, orgânica, reta, recortada,
angulosa, arrendondada, denteada, alongada), a medida
(comprimento, duração) e a direção. Estas variações de alternância
podem causar noções de ritmo, textura e espaço;
• As vezes, os mesmos resultados gráficos são originados por
intenções diferentes; ou a mesma intenção resulta em grafismos
distintos. Este exercicio provoca uma relação entre a intenção e sua
execução, estabelecendo correspondencias entre o sujeito que
desenha, a intenção, a realização propriamente dita e a
interpretação do objeto, no caso de uma sensação evocada.
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11. 3ªproposta
• A linhaé um
personagemquepasseiacontinuamentepeloes
paço do papel. Num primeiromomento,
semtirar a mão do papel,
experimentardireçõesdistintasevariações de
tempo: ora a linhacaminharapidamente,
oracaminha lentamente pelopapel, ora a
linhacaminhanasuperficie, oracaminha
“dentro” do papel
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13. Comentários
• Observe a espacializaçãoque a linhaprovoca no campo
do papel. A linha, emseusdesdobramentos,
podeconstruir um espaçoemprofundidade,
causadoporlinhasque se sobrepõem,
variandosuaespessuraesuaintensidade. Poroutrolado,
pode-se construirumespaçomaischapadoquando a
linha se justapõe. Quantomaioroseurepertóriográfico,
maioresserãosuaspossibilidades de construirespaços.
Através de umalinha, de um conjunto de linhas, de
pontos, de formasque a linhacria, espaçoscomeçam a
ser construidoseinventados.
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15. 4ªproposta
• Pesquisarmovimentoscircularesdalinhaou de
um conjunto de linhas, através de formas,
pontosemassas. Relacionaroselementos no
papel: oracontentando-os, ora se sobreponto,
ora se justapondo,
oravariandosuasdimensões.
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17. Comentários
• Ficaclara a utilização de mecanismos de
construção do espaçoatravés de operações,
taiscomo: a sobreposição, a justaposição,
explicitandorelaçõescomodentro/fora,
figura/fundo, parte/todo
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19. 5ªproposta
• Pesquisarformas,
inventandoformasabertasoufechadas, simples
oucomplexas. Formasque se contêm,
formasque se equilibram, formasque se
relacionamcompondo um todofeito de partes.
Repetiralgumas das formas,
observandosuasalteraçõesformais.
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21. Comentários
• Observe as
váriasorganizaçõeseconstruçõesespaciaisque as
formasgeram entre si: ora se
agrupandoporsuassemelhanças,
oracriandocontrastesporsuasdiferenças. As
formasgeramrelações de vizinhança, de territórios, de
planos. As formasnãosãoresultantesapenas de
umalinhaque se fecha, mastambém de um conjunto de
linhas, de texturas, de massasindefinidas, de
pontosque se aglutinam. Observe queobranco do
papelquesobrecomofundoparececomo forma que se
relacionainteiramente com as
formasinventadasedesenhadas no papel.
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23. 6ª proposta
Estaéumapesquisa de ritmoetexturaconsideiradoque:
• A texturaécriadapor um agrupamento de linhas,
tecendotramasgráficas.
• O ritmo se dápelarepetiçãoealternância de
determinadoselementosgráficos, revelandoumaordem.
Inventarescritasfictícias, ondeoritmocadencie a
velocidadee a pulsação do gesto determine
texturasgráficasevisualmenteritmicas. Escreverna
horizontal, na vertical, enfim, aleatóriamente.
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25. Comentários
• Um conjunto de linhascria a tramagráfica, quepode ser
umatramachapadaeuniformeouumatramaquerevelaluze
volume.
Fundamentalmenteissovaidependerdautilizaçãodalinhaenq
uantointensidadeeespessura. O
ritmovsualtamb[emvaiestarsubordinadoàquantidade de
variações de tipos, intensidadeseespessuras das linhas,
etambém de formasepontos, quevão se alternandoe se
repetindo.
• Pelofato de ser uma “escritura”,
odesenhoacabaresgatandosignosvisuaisquelembramletras.
A letratambémédesenho, tambémé forma,
escrevertambéméritmoepulsação.
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27. 7ª proposta
• Elaborarestruturaslineares,
quetantopodemestarcontidas no
papelcomopodemabrangertodooseu campo,
visandoconfiguraçõeseorganizaçõesgeométric
asouorgânicas. Ocupar as partes, as
formasresultantes com texturasgráficas,
objetivando um
conjuntounoevisualmenterítmico
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29. Comentários
• Os elementosquecompôem a linguagemgráfica: linha, ponto, textura,
forma, volume, luz, articulam-se para a construção dos espaçosgráficos:
geométricos, orgânicos, abertos, vazados, fechados, compatimentados,
unos… Háumainfinidade de
espaçosqueestabelecemumarelaçãofiguraefundoourelaçõesmaiscomplexa
satravés de planosque se sucedem. Passam a existir, no desenho de cada
um, princípiosecritériosqueregemumaorganização. Estes
princípiosediferençasorganizacionaissurgem do proprioato de desenhar:
odesenhosugerealgumassoluções, excluioutras, indicandoumacomunhão
entre um pensare um fazer, entre umaintençãoe a suarealização, entre
osujeitoquedesenha, oobjetodesenhadoe a interpretaçãoque se faze se
refaz, incessantemente, do sujeitoemrelaçãoaoobjeto. O desenhoé um
fenômenoperceptivo, equandoháexisteumaagilização entre umaintençãoe
um resultado, entre a mãoeoinstrumento entre impulsoeresultadográfico,
a percepçãopassa a ser um elementoatuanteepresente no ato de
desenhar