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Que é o Existencialismo?
Sartre
Que significa aqui o fato de a existência preceder a essência? Significa que o
homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo e que só depois
se define.
O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque
primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si
próprio se fizer. Assim, não há natureza, visto que não há Deus para a
conceber.
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ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso
para a existência, o homem não é mais do que o que ele faz de si mesmo.
Tal é o princípio do existencialismo. É também a isto que chamamos
subjetividade e pelo que somos censurados sob o mesmo nome. Mas que
queremos dizer com isso, não que o homem tem uma dignidade maior do
que uma pedra ou uma mesa? Pois o que nós queremos dizer é que o
homem primeiro existe, ou seja, que o homem, antes de mais nada, se
lança para um futuro, e que é consciente de se projetar no futuro.
O homem é, antes de mais nada, um projeto vivido subjetivamente, ao
invés de ser um creme, qualquer coisa podre ou uma couve-flor; nada existe
anteriormente a este projeto; nada há no céu inteligível, e o homem será
antes de tudo o que ele houver projetado ser. Não o que ele quiser ser. Pois
o que vulgarmente entendemos por querer, é uma decisão consciente que,
para a maior parte de nós é posterior ao que alguém fez de si mesmo. Posso
querer aderir a um partido, escrever um livro, casar-me; tudo isso não é
mais do que a manifestação duma escolha mais original, mais espontânea
daquilo que se chama vontade.
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Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é
responsável por aquilo que é. Assim, o primeiro esforço do existencialismo é
o de por todo homem de posse do que ele é e atribuir-lhe a responsabilidade
total por sua existência. E, quando dizemos que o homem é responsável por
si próprio, não queremos dizer que o homem é responsável por sua estrita
individualidade, mas que é responsável por todos os homens. Há dois
sentidos para a palavra subjetivismo, e é com isso que jogam nossos
adversários. Subjetivismo quer dizer, de um lado, escolha do sujeito
individual por si próprio; e, por outro, impossibilidade do homem em superar
a subjetividade humana. O segundo é que é o sentido profundo do
existencialismo.
Quando dizemos que o homem se escolhe, queremos dizer que cada um de
nós se escolhe; mas, com isso, também, queremos dizer que, ao se
escolher, ele escolhe todos os homens. Com efeito, não existe um ato nosso
que, ao criar o homem que desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma
imagem do homem como julgamos que deve ser. Escolher ser isto ou aquilo
é afirmar ao mesmo tempo o valor do que escolhemos, pois nunca podemos
escolher o mal; o que escolhemos é sempre o bem e nada pode ser bom
para nós sem que o seja para todos.
Se a existência, por outro lado, precede a essência e se quisermos existir,
ao mesmo tempo em que construímos a nossa imagem, esta imagem é
válida para todos e para toda a nossa época. Assim, nossa responsabilidade
é muito maior do que poderíamos supor, porque ela envolve a humanidade.
Texto extraído de O EXISTENCIALISMO É UM HUMANISMO, de Jean Paul Sarte. In: VERGEZ,
André e HUISMAN, Denis. História dos Filósofos. Rio de Janeiro : Freitas Bastos, 1976.

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Que e o_existencialismo_sartre

  • 1. www.portalgens.com.br/filosofia Que é o Existencialismo? Sartre Que significa aqui o fato de a existência preceder a essência? Significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo e que só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. Assim, não há natureza, visto que não há Deus para a conceber. O homem é, não só como ele se concebe, mas como ele quer ser; e como ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para a existência, o homem não é mais do que o que ele faz de si mesmo. Tal é o princípio do existencialismo. É também a isto que chamamos subjetividade e pelo que somos censurados sob o mesmo nome. Mas que queremos dizer com isso, não que o homem tem uma dignidade maior do que uma pedra ou uma mesa? Pois o que nós queremos dizer é que o homem primeiro existe, ou seja, que o homem, antes de mais nada, se lança para um futuro, e que é consciente de se projetar no futuro. O homem é, antes de mais nada, um projeto vivido subjetivamente, ao invés de ser um creme, qualquer coisa podre ou uma couve-flor; nada existe anteriormente a este projeto; nada há no céu inteligível, e o homem será antes de tudo o que ele houver projetado ser. Não o que ele quiser ser. Pois o que vulgarmente entendemos por querer, é uma decisão consciente que, para a maior parte de nós é posterior ao que alguém fez de si mesmo. Posso querer aderir a um partido, escrever um livro, casar-me; tudo isso não é mais do que a manifestação duma escolha mais original, mais espontânea daquilo que se chama vontade.
  • 2. www.portalgens.com.br/filosofia Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que é. Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de por todo homem de posse do que ele é e atribuir-lhe a responsabilidade total por sua existência. E, quando dizemos que o homem é responsável por si próprio, não queremos dizer que o homem é responsável por sua estrita individualidade, mas que é responsável por todos os homens. Há dois sentidos para a palavra subjetivismo, e é com isso que jogam nossos adversários. Subjetivismo quer dizer, de um lado, escolha do sujeito individual por si próprio; e, por outro, impossibilidade do homem em superar a subjetividade humana. O segundo é que é o sentido profundo do existencialismo. Quando dizemos que o homem se escolhe, queremos dizer que cada um de nós se escolhe; mas, com isso, também, queremos dizer que, ao se escolher, ele escolhe todos os homens. Com efeito, não existe um ato nosso que, ao criar o homem que desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do homem como julgamos que deve ser. Escolher ser isto ou aquilo é afirmar ao mesmo tempo o valor do que escolhemos, pois nunca podemos escolher o mal; o que escolhemos é sempre o bem e nada pode ser bom para nós sem que o seja para todos. Se a existência, por outro lado, precede a essência e se quisermos existir, ao mesmo tempo em que construímos a nossa imagem, esta imagem é válida para todos e para toda a nossa época. Assim, nossa responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, porque ela envolve a humanidade. Texto extraído de O EXISTENCIALISMO É UM HUMANISMO, de Jean Paul Sarte. In: VERGEZ, André e HUISMAN, Denis. História dos Filósofos. Rio de Janeiro : Freitas Bastos, 1976.