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PROFESSOR JOSÉ RICARDO LIMA 
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Recife, 
23 de agosto de 1912 
— 
Rio de Janeiro, 
21 de dezembro de 1980
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“Sou um menino que vê 
o amor pelo buraco da 
fechadura. Nunca fui 
outra coisa. Nasci meni-no, 
hei de morrer meni-no. 
E o buraco da fecha-dura 
é, realmente, a mi-nha 
ótica de ficcionista. 
Sou (e sempre fui) um 
anjo pornográfico.”
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PRINCIPAIS OBRAS 
Tragédias Cariocas 
 Perdoa-me por me traíres 
 Os sete gatinhos 
 O beijo no asfalto 
 Bonitinha, mas Ordinária 
 Toda Nudez Será Castigada 
Peças psicológicas 
 Vestido de noiva 
 Viúva, porém honesta 
Peças míticas 
 Álbum de família 
 Anjo negro
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TEORIZANDO
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O GÊNERO LITERÁRIO 
“... pertencerá à Lírica todo poema de extensão 
menor, na medida em que se não cristalizem 
personagens nítidos e em que, ao contrário, uma voz 
central — quase sempre um “Eu” — nele exprimir seu 
próprio estado de alma. Fará parte da Épica toda obra 
— poema ou não — de extensão maior, em que um 
narrador apresentar personagens envolvidos em 
situações e eventos. Pertencerá à Dramática toda 
obra dialogada em que atuarem os próprios 
personagens sem serem, em geral, apresentados por 
um narrador”. 
(ROSENFELD, Anatol. O teatro épico)
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O GÊNERO LITERÁRIO 
 Realiza-se com o objetivo de mostrar ações que se 
desenrolam diante dos espectadores. Sua principal 
característica é, pois, a representação. 
 Nele não se observa a sucessão numerosa de 
acontecimentos para serem narrados (como no 
gênero narrativo) nem a profusão de sentimentos 
íntimos e pessoais (como no lírico).
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ELEMENTOS INDICATIVOS DO GÊNERO 
(Distrito Policial, corresponde à praça da Bandeira. Sala 
do delegado Cunha. Este, em mangas de camisa, os 
suspensórios arriados, com um escandaloso revólver na 
cintura. Entra o detetive Aruba.) 
ARUBA (sôfrego e exultante) — O Amado Ribeiro 
está lá embaixo! 
(Cunha, que estava sentado, dá um pulo. Faz a volta da 
mesa.) 
CUNHA — Lá embaixo? 
RUBRICA: Indicação escrita de como deve ser executado um trecho musical, uma 
mudança de cenário, um movimento cênico, uma fala, um gesto do ator, etc.
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O GÊNERO LITERÁRIO 
 TRAGÉDIA: representa, de modo catastrófico, 
acontecimentos que causam no público não só terror, 
mas também compaixão. 
CATARSE: O efeito moral e purificador da tragédia 
clássica, conceituado por Aristóteles, cujas situações 
dramáticas, de extrema intensidade e violência, 
trazem à tona os sentimentos de terror e piedade dos 
espectadores, proporcionando-lhes o alívio, ou 
purgação, desses sentimentos.
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O TEATRO DE NELSON RODRIGUES 
“Somente a partir de 1943 é que se pode falar da existência 
de uma dramaturgia moderna do país, com a encenação de 
Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues. Construindo um 
universo dramático absolutamente original e irrepetível, 
coube a ele apontar caminhos de vanguarda para o teatro 
brasileiro. Com efeito, as peças de Nelson Rodrigues são uma 
verdadeira suma de novidades: elas mostram brutalmente a 
realidade familiar, seja sob a forma naturalista, seja sob a 
forma expressionista, desvendam de forma quase 
psicanalítica a interioridade mais profunda dos personagens, 
apresentam os enredos mediante sofisticados jogos 
temporais e possibilitam encenações de grande ousadia”.
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AS TRAGÉDIAS CARIOCAS 
 É o cotidiano que se oferece como 
matéria-prima para o drama — e temos uma 
tragédia carioca, portanto, uma tragédia 
cotidiana, mas onde não se trata de mostrar, 
de ilustrar esse cotidiano, pois este não é, em 
última instância, o assunto desta tragédia.
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AS TRAGÉDIAS CARIOCAS 
 Um dos fortes elemen-tos 
que remontam ao 
cotidiano carioca em O 
beijo no asfalto é o jornal 
sensacionalista Última 
hora.
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AS DIVISÕES DA PEÇA 
 ATO: subdivisão da ação de uma peça, que em 
geral compreende uma unidade temporal e 
desenvolve um estágio, ou fase, do conflito e da 
trama entre os personagens. 
 QUADRO: designa um cenário fixo em tempo 
contínuo que pode prevalecer durante várias 
cenas. Ao se mudar o cenário ou o tempo de 
representação (aurora para o crepúsculo, por 
exemplo) muda-se o quadro. 
 A peça tem 3 atos, divididos em 13 quadros.
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ENREDO
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O FATO (Não faz parte da ação da peça) 
 Rio de Janeiro, Praça da Bandiera, 1961. 
 O repórter Amado Ribeiro assiste a uma cena 
inusitada na rua: um rapaz (Arandir) corre até um 
homem caído junto ao meio-fio e beija-o na boca. 
 Amado vê aí a oportunidade de um artigo 
sensacionalista para o seu jornal.
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A partir de agora serão utilizadas, como ilustração para os eslaides, imagens da 
adaptação de O beijo no asfalto para os quadrinhos, publicada pela Editora Nova 
Fronteira em versão grafic novel, com desenhos de Arnaldo Branco e Gabriel Góes.
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1º ATO, 1º QUADRO — Delegacia 
 Dirige-se à delegacia e com-vence 
o delegado a interrogar 
o autor do beijo. 
 Ele pretende transformar o 
episódio em algo que venda 
seu jornal. Aliado ao chefe de 
polícia, força o rapaz a um 
interrogatório e publica foto e 
noticiário escandaloso sobre 
ele.
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1º ATO, 2º QUADRO — Casa de Selminha e Arandir 
 Aprígio, sogro de Arandir, que também havia 
assistido à cena, vai até a casa da filha Selminha 
avisá-la de que seu marido chegará mais tarde, pois 
está prestando depoimento à polícia sobre o 
acontecido. 
 No diálogo com o pai, Selminha constata — mais 
uma vez — que Aprígio não pronuncia o nome de 
Arandir.
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1º ATO, 2º QUADRO — Casa de Selminha e Arandir 
 Dália, a irmã adolescente de Selminha, mora na 
casa dos cunhados desde que eles voltaram da lua de 
mel. 
 Aprígio suspeita da masculinidade de Arandir, mas 
Selminha o defende. 
 Ao pedir a Dália que confirme a felicidade do casal, 
Selminha acaba revelando ao pai uma coisa que a 
irmã havia lhe dito tempos antes.
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1º ATO, 2º QUADRO — Casa de 
Selminha e Arandir 
 Selminha afirma ser a 
pessoa mais feliz do mun-do, 
ao lado de Arandir. 
Aprígio vai embora.
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1º ATO, 3º QUADRO — 
Delegacia 
 Arandir é interrogado de 
maneira humilhante e 
violenta pelo delegado 
Cunha. Participam da cena 
o repórter Amado Ribeiro, 
o comissário Barros, o 
detetive Aruba e um 
fotógrafo.
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1º ATO, 4º QUADRO — Casa de Selminha e Arandir 
 Selminha e Dália conversam sobre o pai, e Aprígio. 
Dália tem uma suspeita para o motivo de o pai não 
pronunciar o nome de Arandir.
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1º ATO, 4º QUADRO — Casa de Selminha e Arandir 
 Arandir chega em casa. Conta o fato e o depoimento 
para a esposa e a cunhada.
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2º ATO, 1º QUADRO — Casa de 
Selminha e Arandir 
 Dona Matilde, a vizinha, 
mostra a Selminha e Dália o 
jornal, com a reportagem 
sobre Arandir. 
 No texto, havia uma acu-sação 
importante.
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2º ATO, 2º QUADRO — Escritório 
da firma onde trabalha Arandir 
 Arandir é humilhado no 
serviço. Nenhum colega o 
defende. 
 Dona Judith, a datilógrafa, 
acha que um dia um homem 
parecido com o atropelado 
foi até o jornal e transforma 
sua dúvida em certeza 
absoluta.
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2º ATO, 3º QUADRO — Casa de Selminha e Arandir 
 Nunca conversa com Aprígio, Selminha mais uma 
vez defende Arandir. Diz que confia absolutamente 
nele. Que se o marido tivesse um caso com outro 
homem, ele diria a ela. 
 Conta-lhe sobre o dia em que Arandir, 
acidentalmente, flagrou Dália nua, tomando banho. 
No mesmo instante, foi até a esposa e relatou o 
acontecido.
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2º ATO, 3º QUADRO — Casa de Selminha e Arandir 
 Selminha pergunta ao pai se ele já amou de 
verdade, pois acredita que faria tudo para defender 
Arandir. A resposta de Aprígio é reveladora.
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2º ATO — Velório do atropelado 
 No velório do atropelado, o repórter Amado Ribeiro 
retarda o enterro para chantagear a viúva. Ameaça a 
mulher dizendo que sabe tudo sobre o amante dela. 
 Depois de vê-la, apavorada, jurar inocência, Amado 
induz o depoimento da mulher: "Seu marido tinha um 
amigo, chamado Arandir, amigo esse que a senhora 
está reconhecendo pela fotografia". 
A nosso ver, este trecho da peça poderia ser classificado como outro quadro, 
pois houve mudança de cenário. Mas o texto de Nelson Rodrigues não faz essa 
divisão e não o relaciona na lista das partes constitutivas do 2º ato.
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2º ATO, 4º QUADRO — Quarto de Selminha e Arandir 
 Arandir conta à esposa as humilhações que sofreu 
no trabalho. Pediu demissão. 
 Ela lhe fala sobre os trotes que recebeu, sobre os 
olhares acusadores dos vizinhos. 
 Selminha mostra-se desconfiada do marido e recusa 
seus beijos. 
 Dália chega e logo em seguida ouve-se um barulho 
no portão. É a polícia.
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3º ATO, 1º QUADRO — Casa da Boca do Mato 
 O delegado Cunha, o repórter Amado e o inspetor 
Aruba haviam “sequestrado” Selminha e a estão 
interrogando, em casa “de um amigo”, num lugar 
chamado Boca do Mato. Arandir havia fugido. 
 A viúva do atropelado é colocada diante de 
Selminha e, forçada pelos policiais, diz que seu marido 
e Arandir eram amantes, que havia os flagrado 
tomando um banho juntos. A viúva sai. 
 Selminha faz revelações importantes.
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3º ATO, 1º QUADRO — Casa da Boca do Mato
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3º ATO, 1º QUADRO — Casa da Boca 
do Mato 
 Selminha xinga os policiais, 
acusa-os de serem criminosos. 
Tenta defender Arandir, dizendo 
que ele é homem. 
 Os policiais acusam Arandir de 
ser bissexual e violentam Selmi-nha.
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3º ATO, 2º QUADRO — Casa de 
Selminha e Arandir 
 Aprígio chega, perguntando 
por Selminha. Dália afirma que a 
irmã foi presa. 
 Aprígio e Dália discutem por 
causa de Arandir. 
 No meio da discussão, uma 
acusação importante.
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3º ATO, 3º QUADRO — Quarto do 
repórter Amado Ribeiro 
 Conversa entre Amado e 
Aprígio sobre o casamento de 
Arandir e Selminha. 
 O jornalista afirma que a filha 
de Aprígio não é mulher para 
Arandir e deixa escapar uma 
sugestão cheia de maldade, que 
será fundamental para o 
desfecho da trama.
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3º ATO, 4º QUADRO — Casa de Selminha e Arandir 
 Arandir liga para a casa e, através de Dália, pede 
que Selminha o encontre no hotel. Ela exita.
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3º ATO, 5º QUADRO — Quarto de hotel 
 Dália vai ao hotel onde está Arandir e se declara ao 
cunhado. Diz que sempre o amou e que morreria com 
ele, caso fosse necessário.
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3º ATO, 5º QUADRO — Quarto de hotel 
 Arandir expulsa a cunhada do quarto de hotel. 
 Aprígio chega. Arandir acusa o sogro de nunca 
apoiar seu casamento com Selminha. Diz que vai 
buscar sua esposa. 
 Aprígio diz a Arandir que o perdoaria por tudo, 
menos pelo beijo no asfalto, declara seu amor a 
Arandir e assassina o genro com um tiro. 
 Aprígio aproxima-se do cadáver e finalmente 
pronuncia o nome de seu amado: Arandir!
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3º ATO, 5º QUADRO — Quarto de hotel
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ANÁLISE
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O NÚCLEO FAMILIAR 
APRÍGIO 
R ARANDIR 
SELMINHA DÁLIA 
DESEJO SEXUAL
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• “Uma figura jovem, de uma sofrida 
simpatia que faz pensar num coração 
atormentado e puro.” (pág. 22) 
ARANDIR 
• “Essa é a imagem fina de uma moça, 
de uma intensa feminilidade.” (pág. 
15) 
SELMINHA 
• “Adolescente cuja graça leve parece 
esconder uma alma profunda.” (pág. 
16) 
DÁLIA
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APRÍGIO 
Aprígio é mais uma personagem frustrada 
da galeria interminável do autor. 
Homossexual enrustido, ele fez a filha 
acreditar nas notícias do jornal para poder 
ficar para sempre com o genro. Quando 
percebe que a paixão sentida por Dália é 
ainda maior que a de Selminha, mente 
para a caçula que o atropelado já estava 
morto quando foi beijado.
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APRÍGIO 
Ou seja, Arandir não beijou para satisfazer o 
último desejo de um agonizante e sim para 
satisfazer seu próprio desejo homossexual. 
Aprígio garante ainda que os dois eram 
amantes. Para completar, atira em Arandir, 
objeto de seu amor, por causa da 
impossibilidade de assumir seu sentimento.
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APRÍGIO 
Mediante um mundo tão preconceituoso, o 
covarde Aprígio vê no crime a única 
possibilidade de libertação e paz interior.
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O NÚCLEO DOS “VILÕES” 
AMADO 
• Repórter: presencia o beijo na boca entre os dois 
homens e transforma a história do último desejo 
de um agonizante em manchete principal. 
CUNHA 
• Delegado: violento, corrupto, espancou uma 
mulher grávida e esta perdeu o filho. Vê na 
reportagem de Amado uma forma de 
esquecerem sua história. 
ARUBA 
• Investigador: compactua com Amado e Cunha, 
na tentativa de incriminar Arandir pelo “beijo no 
asfalto”.
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Na estreia de O beijo no asfalto, 
Fernanda Montenegro (Selminha) 
contracena com Maria Esmeralda 
(Dália) e Zilka Salaberry (D. 
Matilde).
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O NÚCLEO DOS “VILÕES” 
REPÓRTER AMADO RIBEIRO 
DELEGADO CUNHA 
INVESTIGADOR ARUBA 
COMISSÁRIO BARROS 
FOTÓGRAFO 
Todos eles, de alguma 
forma, ajudam a contar 
a mentira que Arandir ti-nha 
um caso homoafeti-vo 
com o morto. Com 
exceção do FOTÓGRA-FO, 
que apenas cumpre 
as ordens dos demais, 
todos são violentos, au-toritários 
e, de alguma 
forma, corruptos.
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COLEGAS DE ARANDIR 
WERNECK 
SODRÉ 
PIMENTEL 
DONA JUDITH 
Todos eles acreditam na 
reportagem do jornal e, 
de alguma forma, de-monstram 
o seu precon-ceito 
contra Arandir. 
Mesmo conhecendo o 
rapaz “de perto”, nin-guém 
o defende, o 
apoia ou dão crédito a 
ele.
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A “REDE DE INTRIGAS”
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Dona Judith, a datilógrafa, acha que um dia um 
homem parecido com o atropelado foi até o jornal e 
transforma sua dúvida em certeza absoluta. 
Werneck, colega de escritório, lidera o coro dos 
detratores e começa a constranger Arandir no dia 
seguinte à manchete do Última Hora. 
Dona Matilde, vizinha, simboliza o coro dos 
fofoqueiros, típicas figuras que adoram bisbilhotar a 
tragédia alheia. 
A viúva, com medo de ver publicado no jornal o fato 
de ter um amante, testemunha contra Arandir, 
forjando um banho dele junto com seu ex-marido. 
DONA 
JUDITH 
WERNECK 
DONA 
MATILDE 
A 
VIÚVA
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AMADO 
 A pior de todas as personagens é, sem dúvida, o 
repórter corrupto Amado Ribeiro, resumido por 
Nelson Rodrigues como um "cafajeste dionisíaco". 
 Cruel, maligno, inescrupuloso e sensacionalista, ele 
compensa seu vazio interior com abuso de poder. 
 Compra provas, inventa testemunhas, se aproveita 
de situações e ingenuidades, planta informações, 
enfim, é uma escola sobre como o Jornalismo não 
deve ser exercido.
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SELMINHA 
 No meio desta confusão, a única pessoa que 
poderia lutar contra os fatos e acreditar em Arandir é 
sua mulher, Selminha. 
 Frágil e bastante feminina, ela ama Arandir desde 
garotinha e sempre confiou muito nele. 
 Porém sua fragilidade acaba se mostrando fraqueza 
e já na primeira notícia ela acaba duvidando da 
heterossexualidade do marido.
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SELMINHA 
 Recusa beijos e, quando 
inevitável, limpa a boca com 
as costas da mão. 
 Não aceita visitar o marido 
no hotel e defende a 
hipótese de que ele é 
"gilete" (bissexual).
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DÁLIA 
 Ama Arandir? 
 Apenas deseja Arandir? 
 Quer simplesmente dispu-tá- 
lo com a irmã?
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ARANDIR 
 Arandir condenou-se à morte no momento em que 
desejou penhorar a aliança para ter em mãos o 
dinheiro que permitiria à mulher praticar o aborto. 
 Envolveu-se ele numa trama, de que resultou ser 
assassinado. 
 Ironicamente, novo ciclo deve iniciar-se, quando 
Selminha der à luz o filho de Arandir. O nascimento 
responde à morte. (MAGALDI 1992: 79)
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TEMPO 
 Numa história de ação linear, o tempo é 
cronológico. 
 Diante do espectador desenrolam-se as ações 
decorrentes do gesto de Arandir, que se vão tornando 
cada vez mais tensas, até culminar com seu 
assassinato.
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A LINGUAGEM 
 Os diálogos são curtos, reticentes. Proliferam as 
frases incompletas, próprias da comunicação 
coloquial. O discurso é direto, como convém à obra 
dramática moderna. 
Apesar de, às vezes, violenta, mais pela ação do que 
pelos termos empregados, não é escatológica, não há 
palavrões.
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A LINGUAGEM 
 O máximo que se encontra vem do delegado Cunha, 
quando diz: “ Ai, meu cacete! ...” 
 Já as frases curtas, entrecortadas, emprestam 
velocidade e ação ao texto. Uma ou outra vez, algum 
clichê, ao que parece usado de forma irônica e 
consciente.
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TEMÁTICAS
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CORRUPÇÃO POLICIAL 
 Na peça temos dois representantes da polícia: o 
delegado Cunha e o detetive Arruba. 
 Esses, através da sua imposição autoritária e por 
vezes violenta, conseguem forjar depoimentos e 
conseguir testemunhas para reforçar a irreal história 
de intimidade entre o atropelado e Arandir.
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JORNALISMO MARROM 
 O repórter Amado Ribeiro, enxerga nesse acidente, 
uma possibilidade de promover a si próprio e ao 
jornal no qual trabalha. 
 E por isso, conta com a cumplicidade de Cunha para 
tramar a história que transformará o destino de todos 
os personagens da peça.
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O MORALISMO VELADO 
 A imprensa e polícia aproveitando do ato generoso 
de Arandir, se unem para divulgar uma história 
inverídica e demasiada rentável. 
 Ao invés de divulgarem o altruísmo o 
desprendimento do ato, que pode ser visto como 
uma extrema-unção àquele que agonizava, foi 
preferível engendrar um romance homossexual.
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O MORALISMO VELADO 
 A virilidade de Arandir é questionada por diversas 
vezes (por colegas do trabalho, vizinhos e até esposa), 
mas ele talvez seja o único homem que seja, de 
fato, heterossexual. 
 O delegado Cunha, demonstrando sempre seu lado 
viril, menciona em um dado momento que ele 
prefere “as magrinhas”, “as ossudas”, ou seja, 
podemos entender que gosta daquelas sem curvas, 
sem atributos.
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O MORALISMO VELADO 
 Lembrando que o mesmo bate em mulheres e é 
extremamente ríspido com as mesmas. Isso pode 
ser lido muito mais do que desvio de caráter.
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HOMOSSEXUALIDADE 
 Existe, ainda, um alerta contra o preconceito, 
especialmente de ordem sexual: o burguês não 
aceita a homossexualidade, mesmo quando, no 
íntimo, deseja-a (Aprígio). 
 Pode ser visto também como um libelo contra as 
arbitrariedades cometidas pelas autoridades — 
arrogantes, prepotentes, amorais e imorais. 
 Não seria demasiado afirmar que um dos temas 
centrais é o sexo ou a sexualidade conduzindo as 
ações humanas, pois o comportamento de todos os
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SEXUALIDADE CONDUZINDO AS AÇÕES HUMANAS 
 Não seria demasiado afirmar que um dos temas 
centrais é o sexo ou a sexualidade conduzindo as 
ações humanas, pois o comportamento de todos os 
personagens está ligado a ele: do repórter, do 
delegado, de Aprígio, de Dália...
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O escândalo do beijo no asfalto

  • 1. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br PROFESSOR JOSÉ RICARDO LIMA www.literaturaeshow.com.br
  • 2. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br Recife, 23 de agosto de 1912 — Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1980
  • 3. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br “Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci meni-no, hei de morrer meni-no. E o buraco da fecha-dura é, realmente, a mi-nha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico.”
  • 4. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br PRINCIPAIS OBRAS Tragédias Cariocas  Perdoa-me por me traíres  Os sete gatinhos  O beijo no asfalto  Bonitinha, mas Ordinária  Toda Nudez Será Castigada Peças psicológicas  Vestido de noiva  Viúva, porém honesta Peças míticas  Álbum de família  Anjo negro
  • 5. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br TEORIZANDO
  • 6. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br O GÊNERO LITERÁRIO “... pertencerá à Lírica todo poema de extensão menor, na medida em que se não cristalizem personagens nítidos e em que, ao contrário, uma voz central — quase sempre um “Eu” — nele exprimir seu próprio estado de alma. Fará parte da Épica toda obra — poema ou não — de extensão maior, em que um narrador apresentar personagens envolvidos em situações e eventos. Pertencerá à Dramática toda obra dialogada em que atuarem os próprios personagens sem serem, em geral, apresentados por um narrador”. (ROSENFELD, Anatol. O teatro épico)
  • 7. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br O GÊNERO LITERÁRIO  Realiza-se com o objetivo de mostrar ações que se desenrolam diante dos espectadores. Sua principal característica é, pois, a representação.  Nele não se observa a sucessão numerosa de acontecimentos para serem narrados (como no gênero narrativo) nem a profusão de sentimentos íntimos e pessoais (como no lírico).
  • 8. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br ELEMENTOS INDICATIVOS DO GÊNERO (Distrito Policial, corresponde à praça da Bandeira. Sala do delegado Cunha. Este, em mangas de camisa, os suspensórios arriados, com um escandaloso revólver na cintura. Entra o detetive Aruba.) ARUBA (sôfrego e exultante) — O Amado Ribeiro está lá embaixo! (Cunha, que estava sentado, dá um pulo. Faz a volta da mesa.) CUNHA — Lá embaixo? RUBRICA: Indicação escrita de como deve ser executado um trecho musical, uma mudança de cenário, um movimento cênico, uma fala, um gesto do ator, etc.
  • 9. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br O GÊNERO LITERÁRIO  TRAGÉDIA: representa, de modo catastrófico, acontecimentos que causam no público não só terror, mas também compaixão. CATARSE: O efeito moral e purificador da tragédia clássica, conceituado por Aristóteles, cujas situações dramáticas, de extrema intensidade e violência, trazem à tona os sentimentos de terror e piedade dos espectadores, proporcionando-lhes o alívio, ou purgação, desses sentimentos.
  • 10. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br O TEATRO DE NELSON RODRIGUES “Somente a partir de 1943 é que se pode falar da existência de uma dramaturgia moderna do país, com a encenação de Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues. Construindo um universo dramático absolutamente original e irrepetível, coube a ele apontar caminhos de vanguarda para o teatro brasileiro. Com efeito, as peças de Nelson Rodrigues são uma verdadeira suma de novidades: elas mostram brutalmente a realidade familiar, seja sob a forma naturalista, seja sob a forma expressionista, desvendam de forma quase psicanalítica a interioridade mais profunda dos personagens, apresentam os enredos mediante sofisticados jogos temporais e possibilitam encenações de grande ousadia”.
  • 11. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br AS TRAGÉDIAS CARIOCAS  É o cotidiano que se oferece como matéria-prima para o drama — e temos uma tragédia carioca, portanto, uma tragédia cotidiana, mas onde não se trata de mostrar, de ilustrar esse cotidiano, pois este não é, em última instância, o assunto desta tragédia.
  • 12. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br AS TRAGÉDIAS CARIOCAS  Um dos fortes elemen-tos que remontam ao cotidiano carioca em O beijo no asfalto é o jornal sensacionalista Última hora.
  • 13. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br AS DIVISÕES DA PEÇA  ATO: subdivisão da ação de uma peça, que em geral compreende uma unidade temporal e desenvolve um estágio, ou fase, do conflito e da trama entre os personagens.  QUADRO: designa um cenário fixo em tempo contínuo que pode prevalecer durante várias cenas. Ao se mudar o cenário ou o tempo de representação (aurora para o crepúsculo, por exemplo) muda-se o quadro.  A peça tem 3 atos, divididos em 13 quadros.
  • 14. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br ENREDO
  • 15. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br O FATO (Não faz parte da ação da peça)  Rio de Janeiro, Praça da Bandiera, 1961.  O repórter Amado Ribeiro assiste a uma cena inusitada na rua: um rapaz (Arandir) corre até um homem caído junto ao meio-fio e beija-o na boca.  Amado vê aí a oportunidade de um artigo sensacionalista para o seu jornal.
  • 16. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br A partir de agora serão utilizadas, como ilustração para os eslaides, imagens da adaptação de O beijo no asfalto para os quadrinhos, publicada pela Editora Nova Fronteira em versão grafic novel, com desenhos de Arnaldo Branco e Gabriel Góes.
  • 17. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 1º ATO, 1º QUADRO — Delegacia  Dirige-se à delegacia e com-vence o delegado a interrogar o autor do beijo.  Ele pretende transformar o episódio em algo que venda seu jornal. Aliado ao chefe de polícia, força o rapaz a um interrogatório e publica foto e noticiário escandaloso sobre ele.
  • 18. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 1º ATO, 2º QUADRO — Casa de Selminha e Arandir  Aprígio, sogro de Arandir, que também havia assistido à cena, vai até a casa da filha Selminha avisá-la de que seu marido chegará mais tarde, pois está prestando depoimento à polícia sobre o acontecido.  No diálogo com o pai, Selminha constata — mais uma vez — que Aprígio não pronuncia o nome de Arandir.
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  • 20. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 1º ATO, 2º QUADRO — Casa de Selminha e Arandir  Dália, a irmã adolescente de Selminha, mora na casa dos cunhados desde que eles voltaram da lua de mel.  Aprígio suspeita da masculinidade de Arandir, mas Selminha o defende.  Ao pedir a Dália que confirme a felicidade do casal, Selminha acaba revelando ao pai uma coisa que a irmã havia lhe dito tempos antes.
  • 21. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br
  • 22. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 1º ATO, 2º QUADRO — Casa de Selminha e Arandir  Selminha afirma ser a pessoa mais feliz do mun-do, ao lado de Arandir. Aprígio vai embora.
  • 23. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 1º ATO, 3º QUADRO — Delegacia  Arandir é interrogado de maneira humilhante e violenta pelo delegado Cunha. Participam da cena o repórter Amado Ribeiro, o comissário Barros, o detetive Aruba e um fotógrafo.
  • 24. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 1º ATO, 4º QUADRO — Casa de Selminha e Arandir  Selminha e Dália conversam sobre o pai, e Aprígio. Dália tem uma suspeita para o motivo de o pai não pronunciar o nome de Arandir.
  • 25. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 1º ATO, 4º QUADRO — Casa de Selminha e Arandir  Arandir chega em casa. Conta o fato e o depoimento para a esposa e a cunhada.
  • 26. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 2º ATO, 1º QUADRO — Casa de Selminha e Arandir  Dona Matilde, a vizinha, mostra a Selminha e Dália o jornal, com a reportagem sobre Arandir.  No texto, havia uma acu-sação importante.
  • 27. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 2º ATO, 2º QUADRO — Escritório da firma onde trabalha Arandir  Arandir é humilhado no serviço. Nenhum colega o defende.  Dona Judith, a datilógrafa, acha que um dia um homem parecido com o atropelado foi até o jornal e transforma sua dúvida em certeza absoluta.
  • 28. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 2º ATO, 3º QUADRO — Casa de Selminha e Arandir  Nunca conversa com Aprígio, Selminha mais uma vez defende Arandir. Diz que confia absolutamente nele. Que se o marido tivesse um caso com outro homem, ele diria a ela.  Conta-lhe sobre o dia em que Arandir, acidentalmente, flagrou Dália nua, tomando banho. No mesmo instante, foi até a esposa e relatou o acontecido.
  • 29. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br
  • 30. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 2º ATO, 3º QUADRO — Casa de Selminha e Arandir  Selminha pergunta ao pai se ele já amou de verdade, pois acredita que faria tudo para defender Arandir. A resposta de Aprígio é reveladora.
  • 31. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 2º ATO — Velório do atropelado  No velório do atropelado, o repórter Amado Ribeiro retarda o enterro para chantagear a viúva. Ameaça a mulher dizendo que sabe tudo sobre o amante dela.  Depois de vê-la, apavorada, jurar inocência, Amado induz o depoimento da mulher: "Seu marido tinha um amigo, chamado Arandir, amigo esse que a senhora está reconhecendo pela fotografia". A nosso ver, este trecho da peça poderia ser classificado como outro quadro, pois houve mudança de cenário. Mas o texto de Nelson Rodrigues não faz essa divisão e não o relaciona na lista das partes constitutivas do 2º ato.
  • 32. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 2º ATO, 4º QUADRO — Quarto de Selminha e Arandir  Arandir conta à esposa as humilhações que sofreu no trabalho. Pediu demissão.  Ela lhe fala sobre os trotes que recebeu, sobre os olhares acusadores dos vizinhos.  Selminha mostra-se desconfiada do marido e recusa seus beijos.  Dália chega e logo em seguida ouve-se um barulho no portão. É a polícia.
  • 33. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 3º ATO, 1º QUADRO — Casa da Boca do Mato  O delegado Cunha, o repórter Amado e o inspetor Aruba haviam “sequestrado” Selminha e a estão interrogando, em casa “de um amigo”, num lugar chamado Boca do Mato. Arandir havia fugido.  A viúva do atropelado é colocada diante de Selminha e, forçada pelos policiais, diz que seu marido e Arandir eram amantes, que havia os flagrado tomando um banho juntos. A viúva sai.  Selminha faz revelações importantes.
  • 34. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 3º ATO, 1º QUADRO — Casa da Boca do Mato
  • 35. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 3º ATO, 1º QUADRO — Casa da Boca do Mato  Selminha xinga os policiais, acusa-os de serem criminosos. Tenta defender Arandir, dizendo que ele é homem.  Os policiais acusam Arandir de ser bissexual e violentam Selmi-nha.
  • 36. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 3º ATO, 2º QUADRO — Casa de Selminha e Arandir  Aprígio chega, perguntando por Selminha. Dália afirma que a irmã foi presa.  Aprígio e Dália discutem por causa de Arandir.  No meio da discussão, uma acusação importante.
  • 37. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 3º ATO, 3º QUADRO — Quarto do repórter Amado Ribeiro  Conversa entre Amado e Aprígio sobre o casamento de Arandir e Selminha.  O jornalista afirma que a filha de Aprígio não é mulher para Arandir e deixa escapar uma sugestão cheia de maldade, que será fundamental para o desfecho da trama.
  • 38. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 3º ATO, 4º QUADRO — Casa de Selminha e Arandir  Arandir liga para a casa e, através de Dália, pede que Selminha o encontre no hotel. Ela exita.
  • 39. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 3º ATO, 5º QUADRO — Quarto de hotel  Dália vai ao hotel onde está Arandir e se declara ao cunhado. Diz que sempre o amou e que morreria com ele, caso fosse necessário.
  • 40. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 3º ATO, 5º QUADRO — Quarto de hotel  Arandir expulsa a cunhada do quarto de hotel.  Aprígio chega. Arandir acusa o sogro de nunca apoiar seu casamento com Selminha. Diz que vai buscar sua esposa.  Aprígio diz a Arandir que o perdoaria por tudo, menos pelo beijo no asfalto, declara seu amor a Arandir e assassina o genro com um tiro.  Aprígio aproxima-se do cadáver e finalmente pronuncia o nome de seu amado: Arandir!
  • 41. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br 3º ATO, 5º QUADRO — Quarto de hotel
  • 42. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br ANÁLISE
  • 43. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br O NÚCLEO FAMILIAR APRÍGIO R ARANDIR SELMINHA DÁLIA DESEJO SEXUAL
  • 44. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br • “Uma figura jovem, de uma sofrida simpatia que faz pensar num coração atormentado e puro.” (pág. 22) ARANDIR • “Essa é a imagem fina de uma moça, de uma intensa feminilidade.” (pág. 15) SELMINHA • “Adolescente cuja graça leve parece esconder uma alma profunda.” (pág. 16) DÁLIA
  • 45. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br APRÍGIO Aprígio é mais uma personagem frustrada da galeria interminável do autor. Homossexual enrustido, ele fez a filha acreditar nas notícias do jornal para poder ficar para sempre com o genro. Quando percebe que a paixão sentida por Dália é ainda maior que a de Selminha, mente para a caçula que o atropelado já estava morto quando foi beijado.
  • 46. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br APRÍGIO Ou seja, Arandir não beijou para satisfazer o último desejo de um agonizante e sim para satisfazer seu próprio desejo homossexual. Aprígio garante ainda que os dois eram amantes. Para completar, atira em Arandir, objeto de seu amor, por causa da impossibilidade de assumir seu sentimento.
  • 47. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br APRÍGIO Mediante um mundo tão preconceituoso, o covarde Aprígio vê no crime a única possibilidade de libertação e paz interior.
  • 48. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br O NÚCLEO DOS “VILÕES” AMADO • Repórter: presencia o beijo na boca entre os dois homens e transforma a história do último desejo de um agonizante em manchete principal. CUNHA • Delegado: violento, corrupto, espancou uma mulher grávida e esta perdeu o filho. Vê na reportagem de Amado uma forma de esquecerem sua história. ARUBA • Investigador: compactua com Amado e Cunha, na tentativa de incriminar Arandir pelo “beijo no asfalto”.
  • 49. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br Na estreia de O beijo no asfalto, Fernanda Montenegro (Selminha) contracena com Maria Esmeralda (Dália) e Zilka Salaberry (D. Matilde).
  • 50. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br O NÚCLEO DOS “VILÕES” REPÓRTER AMADO RIBEIRO DELEGADO CUNHA INVESTIGADOR ARUBA COMISSÁRIO BARROS FOTÓGRAFO Todos eles, de alguma forma, ajudam a contar a mentira que Arandir ti-nha um caso homoafeti-vo com o morto. Com exceção do FOTÓGRA-FO, que apenas cumpre as ordens dos demais, todos são violentos, au-toritários e, de alguma forma, corruptos.
  • 51. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br COLEGAS DE ARANDIR WERNECK SODRÉ PIMENTEL DONA JUDITH Todos eles acreditam na reportagem do jornal e, de alguma forma, de-monstram o seu precon-ceito contra Arandir. Mesmo conhecendo o rapaz “de perto”, nin-guém o defende, o apoia ou dão crédito a ele.
  • 52. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br A “REDE DE INTRIGAS”
  • 53. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br Dona Judith, a datilógrafa, acha que um dia um homem parecido com o atropelado foi até o jornal e transforma sua dúvida em certeza absoluta. Werneck, colega de escritório, lidera o coro dos detratores e começa a constranger Arandir no dia seguinte à manchete do Última Hora. Dona Matilde, vizinha, simboliza o coro dos fofoqueiros, típicas figuras que adoram bisbilhotar a tragédia alheia. A viúva, com medo de ver publicado no jornal o fato de ter um amante, testemunha contra Arandir, forjando um banho dele junto com seu ex-marido. DONA JUDITH WERNECK DONA MATILDE A VIÚVA
  • 54. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br AMADO  A pior de todas as personagens é, sem dúvida, o repórter corrupto Amado Ribeiro, resumido por Nelson Rodrigues como um "cafajeste dionisíaco".  Cruel, maligno, inescrupuloso e sensacionalista, ele compensa seu vazio interior com abuso de poder.  Compra provas, inventa testemunhas, se aproveita de situações e ingenuidades, planta informações, enfim, é uma escola sobre como o Jornalismo não deve ser exercido.
  • 55. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br SELMINHA  No meio desta confusão, a única pessoa que poderia lutar contra os fatos e acreditar em Arandir é sua mulher, Selminha.  Frágil e bastante feminina, ela ama Arandir desde garotinha e sempre confiou muito nele.  Porém sua fragilidade acaba se mostrando fraqueza e já na primeira notícia ela acaba duvidando da heterossexualidade do marido.
  • 56. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br SELMINHA  Recusa beijos e, quando inevitável, limpa a boca com as costas da mão.  Não aceita visitar o marido no hotel e defende a hipótese de que ele é "gilete" (bissexual).
  • 57. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br DÁLIA  Ama Arandir?  Apenas deseja Arandir?  Quer simplesmente dispu-tá- lo com a irmã?
  • 58. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br ARANDIR  Arandir condenou-se à morte no momento em que desejou penhorar a aliança para ter em mãos o dinheiro que permitiria à mulher praticar o aborto.  Envolveu-se ele numa trama, de que resultou ser assassinado.  Ironicamente, novo ciclo deve iniciar-se, quando Selminha der à luz o filho de Arandir. O nascimento responde à morte. (MAGALDI 1992: 79)
  • 59. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br TEMPO  Numa história de ação linear, o tempo é cronológico.  Diante do espectador desenrolam-se as ações decorrentes do gesto de Arandir, que se vão tornando cada vez mais tensas, até culminar com seu assassinato.
  • 60. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br A LINGUAGEM  Os diálogos são curtos, reticentes. Proliferam as frases incompletas, próprias da comunicação coloquial. O discurso é direto, como convém à obra dramática moderna. Apesar de, às vezes, violenta, mais pela ação do que pelos termos empregados, não é escatológica, não há palavrões.
  • 61. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br A LINGUAGEM  O máximo que se encontra vem do delegado Cunha, quando diz: “ Ai, meu cacete! ...”  Já as frases curtas, entrecortadas, emprestam velocidade e ação ao texto. Uma ou outra vez, algum clichê, ao que parece usado de forma irônica e consciente.
  • 62. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br TEMÁTICAS
  • 63. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br CORRUPÇÃO POLICIAL  Na peça temos dois representantes da polícia: o delegado Cunha e o detetive Arruba.  Esses, através da sua imposição autoritária e por vezes violenta, conseguem forjar depoimentos e conseguir testemunhas para reforçar a irreal história de intimidade entre o atropelado e Arandir.
  • 64. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br JORNALISMO MARROM  O repórter Amado Ribeiro, enxerga nesse acidente, uma possibilidade de promover a si próprio e ao jornal no qual trabalha.  E por isso, conta com a cumplicidade de Cunha para tramar a história que transformará o destino de todos os personagens da peça.
  • 65. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br O MORALISMO VELADO  A imprensa e polícia aproveitando do ato generoso de Arandir, se unem para divulgar uma história inverídica e demasiada rentável.  Ao invés de divulgarem o altruísmo o desprendimento do ato, que pode ser visto como uma extrema-unção àquele que agonizava, foi preferível engendrar um romance homossexual.
  • 66. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br O MORALISMO VELADO  A virilidade de Arandir é questionada por diversas vezes (por colegas do trabalho, vizinhos e até esposa), mas ele talvez seja o único homem que seja, de fato, heterossexual.  O delegado Cunha, demonstrando sempre seu lado viril, menciona em um dado momento que ele prefere “as magrinhas”, “as ossudas”, ou seja, podemos entender que gosta daquelas sem curvas, sem atributos.
  • 67. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br O MORALISMO VELADO  Lembrando que o mesmo bate em mulheres e é extremamente ríspido com as mesmas. Isso pode ser lido muito mais do que desvio de caráter.
  • 68. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br HOMOSSEXUALIDADE  Existe, ainda, um alerta contra o preconceito, especialmente de ordem sexual: o burguês não aceita a homossexualidade, mesmo quando, no íntimo, deseja-a (Aprígio).  Pode ser visto também como um libelo contra as arbitrariedades cometidas pelas autoridades — arrogantes, prepotentes, amorais e imorais.  Não seria demasiado afirmar que um dos temas centrais é o sexo ou a sexualidade conduzindo as ações humanas, pois o comportamento de todos os
  • 69. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br SEXUALIDADE CONDUZINDO AS AÇÕES HUMANAS  Não seria demasiado afirmar que um dos temas centrais é o sexo ou a sexualidade conduzindo as ações humanas, pois o comportamento de todos os personagens está ligado a ele: do repórter, do delegado, de Aprígio, de Dália...
  • 70. o beijo no asfalto www.literaturaeshow.com.br