A ressonância magnética nuclear é uma modalidade de imagem não invasiva que usa campos magnéticos e pulsos de radiofrequência para produzir imagens de diferentes seções do corpo humano. Ela é útil na odontologia para diagnosticar distúrbios na articulação temporomandibular, avaliar tumores ósseos e de partes moles, e estudar a anatomia normal. Um exemplo importante é o diagnóstico de adenoma pleomórfico através de cortes seccionais multiplanares sem mudar a posição do paciente.
1. Faculdade Leão Sampaio
Curso: Odontologia
Disciplina: Imagenologia
Professor: Thiago França
Aluna: Lorem Krsna de Morais Sousa
Turma: 106.4
Ressonância Magnética Nuclear
Juazeiro do Norte - 04 de outubro de 2012
2. Ressonância Magnética Nuclear
Definição
Ressonância Magnética Nuclear (RMN) é uma modalidade de diagnóstico
através de imagem, não invasiva, que diferentemente de outras modalidades de
diagnóstico radiológicas não se utiliza de radiação ionizante para a obtenção de
imagens, mas sim a interação dos átomos de hidrogênio presentes no corpo humano
com um campo magnético de alta energia e pulsos de radiofrequência, sendo capaz de
produzir imagens de diferentes secções do corpo humano, em qualquer plano, seja este
axial, coronal ou sagital.
Os aparelhos responsáveis pela obtenção da imagem em RMN são compostos
por um magneto principal, bobinas de gradiente, bobinas receptoras e transmissores de
radiofrequência associados ainda a um sistema de computadores e processadores de
imagens. Em relação à característica do campo magnético estes equipamentos são
divididos em três tipos: Campo fechado (magneto envolvendo todo o paciente), Campo
aberto (magneto envolvendo parte do paciente) e Extremidades (utilizado apenas para
exames de extremidades).
Como é feita a aquisição da imagem
A ressonância magnética utiliza-se da técnica de interação dos núcleos com um
campo magnético com a finalidade de determinar a concentração dos diferentes átomos
e a sua distribuição dentro do corpo humano. Basicamente, a aquisição da imagem
consiste no mapeamento dos núcleos de hidrogênio no interior do corpo, o hidrogênio
sendo escolhido por determinadas características que incluem conter um único próton,
ter um campo magnético poderoso (advindo do giro, ou spin ao redor do próprio eixo) e
mais sensível RMN, as características de RMN se diferem bastante entre o hidrogênio
presente no tecido normal e no tecido patológico e por sua abundância no organismo
(cerca de 10% do peso corporal se deve ao hidrogênio).
Normalmente estes átomos de hidrogênio estão orientados ao acaso nos tecidos,
mas quando entram em contato com o magneto provindo da ressonância seus prótons se
alinham em direção ao campo magnético, uma parte no eixo paralelo e outra no eixo
3. antiparalelo, resultando em uma magnetização longitudinal. Isto cria um movimento
denominado movimento de precessão, sendo sua frequência proporcional à intensidade
do campo magnético. Há então a necessidade de uma mudança de orientação no interior
do campo, para o plano transversal, que ocorre por meio da aplicação de um pulso de
radiofrequência que fazem com que os prótons “saltem” para o eixo de maior energia,
diminuindo o vetor de magnetização longitudinal. Os prótons passam então a
precessionar em fase surgindo outra resultante magnética, a magnetização transversal.
Quando os pulsos de Radiofreqüência são interrompidos os prótons voltam para
sua posição inicial, movimento chamado de relaxação, e é neste momento que o sinal é
coletado como sinal pela bobina receptora e enviado ao computador, sendo processado e
convertido em imagem. Diferentes tipos de tecidos enviam diferentes tipos de sinais.
A relaxação ocorre em duas formas: T1 e T2
T1 é o tempo constante para a magnetização longitudinal de amostra tecidual
retornar ao equilíbrio após aplicação de um pulso de Radiofrequência de 90 graus, é
onde se observa melhor a anatomia fisiológica do tecido.
T2 é o tempo gasto para a magnetização transversal voltar ao estado de menor
energia após a aplicação de um pulso de 180 graus, e é chamado de imagem patológica,
por se tratar da relação próton/ próton dentro dos tecidos.
Há ainda a Densidade de prótons (PD), um intermediário ente T1 e T2, que é
uma imagem que se caracteriza pela densidade dos prótons presentes nos núcleos dos
átomos. PD é especialmente utilizada para observação do disco articular.
A sequência spin-eco é uma das mais utilizadas para aquisição de imagem e
consiste na utilização de T1 e T2, o primeiro em solo produzindo um sinal muito fraco e
o segundo sendo responsável por aumentar a intensidade deste sinal.
A intensidade deste sinal é o classifica as imagens e hipointenso ou hipossinal
(imagem escura) e hiperintenso ou hipersinal (imagem clara), esta diferenciação
ocorrendo de acordo com a estrutura estudada e o tempo de relaxação escolhido.
4. Vantagens
o Ausência de radiação ionizante.
o Aquisição de imagens multiplanares (axial, sagital e/ou coronal)
o Detecção de lesões não-visíveis pelos raios X.
o Realização de estudos dinâmicos.
o Não-invasivo.
o Alta resolução na avaliação de tecidos moles.
o Definição mais precisa de medula óssea, conferindo informações sobre a
fisiologia do tecido ósseo.
o Observação direta das estruturas das ATMs, incluindo disco articular.
Desvantagens
o Alto custo do equipamento
o Alto custo do exame
o Diagnóstico inconclusivo de perfuração de disco articular.
o Longo tempo de duração do exame em relação a outras modalidades.
o Necessidade de sedação em pacientes com claustrofobia.
o Grande barulho produzido pelo equipamento.
o Equipamentos ortopédicos (pinos, placas, articulações artificiais) na área do
exame podem causar graves distorções nas imagens, estas distorções são
conhecidas como “artefatos de imagens.”
o Requer experiência do profissional.
Apesar do caráter não invasivo nas RMNs, há o relato de efeitos biológicos
relacionados aos pulsos de Radiofrequência, pela indução de correntes elétricas no
corpo, resultando na geração de calor, calor este que deve ser dissipado pelo
metabolismo corporal, sendo necessário para tanto o registro do peso do paciente para
garantir sua taxa de absorção específica.
5. Aplicação na odontologia
o Estudos de disfunções na Articulação Têmporomandibular
(ATM)
Diagnóstico de alterações internas, principalmente deslocamento
do disco articular, fundamentado no exame clínico.
Tratamento de disfunções têmporomandibulares sintomáticas
Pesquisa de doenças infamatórias com envolvimento capsular e/
ou do ligamento posterior.
Diagnóstico e tratamento de artrites (infecciosa, reumatoide ou
degenerativa.)
História de trauma na região do côndilo mandibular
(deslocamento, fratura ou anquilose.)
Estadiamento local de neoplasias.
o Avaliação de tumores ósseos e em partes moles.
o Estudo das cavidades paranasais.
o Estudo de glândulas salivares.
o Estudo da anatomia normal e suas variações.
Exemplos de aplicação na odontologia
A principal aplicação da ressonância magnética na odontologia é relacionada â
distúrbios articulares, através da aquisição de imagens nos planos sagital e coronal nas
posições de intercuspidação e abertura máxima. O disco articular é especialmente
visível em PD, embora também se utilize as sequências T1 e T2.
A ressonância magnética nuclear também é relatada na literatura como uma
importante aliada no diagnóstico de Adenoma Pleomórfico (neoplasia benigna do tecido
glandular), por seu alto contraste dos tecidos moles em cortes seccionais multiplanares
sem mudar o paciente de posição, caráter não invasivo biologicamente e fornecimento
de informações anatômicas e fisiológicas minuciosas, caracterizando melhor os aspectos
mistos da neoplasia e sua relação com espaços e estruturas anatômicas.
6. REFERÊNCIAS
1. DUTRA, V. D.; FONTIURA, H. E. S.; FONTANELLA, V. R. C.; A
utilização da ressonância magnética Nuclear em odontologia: revisão de
literatura e relato de caso. R.Fac. Odontol. Porto Alegre. V.36,n.2, P.20-23,
dez. 1995.
2. RIBEIRO-ROTTA, R. F.; CRUZ, M. L.; PAIVA, R. R.; MENDONÇA, E.
F.; SPINI, T. H.; MENDONÇA, A. R. O papel da ressonância magnética no
diagnóstico do adenoma Pleomórfico: revisão da literatura e relato de casos.
Rev Bras Otorrinolaringol. V.69, n.5, 699-707, set./out. 2003.
3. Radiografia odontológica e imaginologia, Fundamentos de Odontologia;
Jurandir Panella; Guanabara Koogan; 2006.