Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas." "se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo argüidos pela lei como transgressores." (Tiago 2:1, 9)
10. Introdução.
A discriminação contra as pessoas de classe social inferior
é vergonhosa e ultrajante, principalmente, quando
praticada no âmbito de uma igreja local. Nesta lição
estudaremos sobre a fé que não faz acepção de pessoas.
Veremos que erramos - e muito - quando julgamos as
pessoas sob perspectivas subjetivas tais como a aparência
física, posição social, status, a bagagem intelectual, etc.
Isso porque tais características não determinam o caráter
(Lc 12.15). Assim, a lição dessa semana tem o objetivo de
mostrar, pelas Escrituras, que a verdadeira fé e a acepção
de pessoas são atitudes incompatíveis entre si e,
justamente por isso, não podem coexistir na vida de quem
aceitou ao Evangelho (Dt 10.17; Rm 2.11).
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13. 1. Em Cristo a fé é imparcial.
O primeiro conselho de Tiago para a igreja é o de não termos
uma fé que faz acepção de pessoas (v.1). Mas é possível haver
favoritismo social onde as pessoas dizem-se geradas pela
Palavra da Verdade? As Escrituras mostram que sim.
Aconteceu na igreja de Corinto quando da celebração da Ceia
do Senhor (1 Co 11.17-34). Hoje, não são poucos os relatos de
pessoas discriminadas devido a sua condição social na igreja.
Ora, recebemos uma nova natureza em Cristo (Cl 3.10), pois
Ele derrubou o muro que fazia a separação entre os homens
(Ef 2.14,15) tornando possível a igualdade entre eles, ou seja,
estando em Jesus, "não há grego nem judeu, circuncisão nem
incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo
em todos" (Cl 3.11). É, portanto, inaceitável e inadmissível que
exista tal comportamento discriminatório e preconceituoso
entre nós.
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16. 2. O amor de Deus tem de ser manifesto na igreja
local. Havia na congregação, do tempo de Tiago, a
acepção de pessoas. Segundo as condições
econômicas, "um homem com anel de ouro no dedo,
com trajes preciosos" era convidado a assentar-se em
lugar de honra, enquanto o "pobre com sórdido traje"
era recebido com indiferença, ficando em pé, abaixo
do púlpito (vv.2,3). Tudo isso acontecia num culto
solene a Deus! A Igreja de Cristo tem como princípio
eterno produzir um ambiente regado de amor e
acolhimento, e para isto "não há judeu nem grego;
não há servo nem livre; não há macho nem fêmea;
porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gl 3.28).
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20. 3. Não sejamos perversos (v.4).
A expressão "juízes de maus pensamentos"
aplicada no texto bíblico para qualificar os que
discriminavam o pobre nas reuniões solenes, não
se refere às autoridades judiciais, mas aos
membros da igreja que, de acordo com a condição
social, se faziam julgadores dos próprios irmãos. O
símbolo da justiça é uma mulher de olhos
vendados, tendo no braço esquerdo a balança e,
no braço direito, a espada. Tal imagem simboliza a
imparcialidade da justiça em relação a quem está
sendo julgado. Portanto, a exemplo do símbolo da
justiça, não fomos chamados a ser perversos
"juízes", mas pessoas que vivam segundo a
verdade do Evangelho. Este nos desafia a amar o
próximo como a nós mesmos (Mc 12.31).
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25. 1. A soberana escolha de Deus.
É bem verdade que muitas pessoas ricas têm sido alcançadas
pelo Evangelho. Mas ouçamos com clareza o que a Bíblia diz
acerca dos pobres. Deus é soberano em suas escolhas. E de
acordo com a sua soberana vontade Ele escolheu os pobres
deste mundo. De maneira retórica, Tiago afirma: "Porventura
não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos
na fé, e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam?"
(v.5). É possível que as igrejas às quais Tiago dirigiu a Epístola
talvez tivessem se esquecido de que é pecado fazer acepção
de pessoas. Ainda hoje não podemos negligenciar esse
ensino! O Senhor Jesus falou dos pobres nos Evangelhos (Lc
4.18; Mt 11.4,5) e, mais tarde, no Sermão da Montanha
repetiu: "Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o
reino de Deus" (Lc 6.20).
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30. 2. A principal razão para não desonrar o pobre (v.6). Apesar de
Deus ter escolhido os pobres, a igreja do tempo de Tiago fez
a opção contrária. Entretanto, o meio-irmão do Senhor traz à
memória da igreja que quem a oprimia era justamente os
ricos. Estes os arrastaram aos tribunais. Como podiam eles
desonrar os pobres, escolhidos por Deus, e favorecer os ricos
que os oprimiam? É triste quando escolhemos o contrário da
escolha de Deus. As Palavras de Jesus ainda continuam a falar
hoje: "O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu
para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os
quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a
dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a
anunciar o ano aceitável do Senhor" (Lc 4.18,19). Somos os
seus discípulos? Então para sermos coerentes com o
Evangelho temos de encarnar a missão de Jesus. Desonrar o
pobre é pecado!
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34. 3. Desonraram o Senhor.
Após lembrar a igreja da escolha de Deus em
relação aos pobres deste mundo, Tiago exorta os
irmãos a reconhecerem o favoritismo que há dentro
da COMUNIDADE CRISTÃ: "Mas vós desonrastes o
pobre" (v.6). Já os ricos, são recebidos com toda a
pompa. No versículo 7, o meio-irmão do Senhor
pergunta: "Porventura, não blasfemam eles [os
ricos] o bom nome que sobre vós foi invocado?"
(v.7). Estamos frente a algo reprovável diante de
Deus: a discriminação social na igreja. Por isso é que
o favoritismo, a parcialidade e quaisquer tipos de
discriminação devem ser combatidos com rigor na
igreja local, principalmente pela liderança. Esta deve
dar o maior dos exemplos. Quem discrimina não
compreendeu o que é o Evangelho!
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39. 1. A Lei Real.
A lei real é esta: "Amarás o teu próximo como a ti
mesmo" (v.8). Essa é a conclamação de Tiago a que os
crentes obedeçam a verdadeira lei. O termo "real", no
versículo 8, refere-se aquilo que é o mais importante da
lei, a sua própria essência. Portanto, quem faz acepção
de pessoas está quebrando a essência da lei. O amor ao
próximo é o coração de toda lei: "A ninguém devais
coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns
aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei.
[...] O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o
cumprimento da lei é o amor" (Rm 13.8,10). Só o amor
é capaz de impedir quaisquer tipos de discriminação.
Quem ama, não precisa da lei (Gl 5.23).
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42. 2. A Lei Mosaica.
Na época em que a Epístola de Tiago foi escrita os judeus faziam
distinção entre as leis religiosas mais importantes e as menos
importantes, segundo os critérios estabelecidos por eles mesmos.
Os judeus julgavam que o não cumprimento de um só
mandamento acarretaria a culpa somente daquele mandamento
desobedecido. Mas quando a Bíblia afirma "Porque aquele que
disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás", está
asseverando o aspecto coletivo da lei. Isto é, quem desobedece
um único preceito, quebra, ao mesmo tempo, toda a lei. Embora
os crentes da igreja não adulterassem, faziam acepção de pessoas.
Eles não atendiam a necessidade dos órfãos e das viúvas e, por
isso, tornaram-se "transgressores de toda a lei". No Sermão da
Montanha, nosso Senhor ensinou sobre a necessidade de se
cumprir toda a lei (Mt 5.17-19; cf. Gl 5.23; Tg 2.10).
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45. 3. A Lei da Liberdade.
A Lei da Liberdade é o Evangelho. Por ele o homem
torna-se livre. Liberto do pecado, dos preconceitos e
da maneira mundana de pensar (Rm 6.18). Quem é
verdadeiramente discípulo de Jesus desfruta,
abundantemente, de tal liberdade (Jo 8.36; Gl 5.1,13).
Entretanto, como orienta Tiago, tal liberdade deve
vir acompanhada da coerência: "Assim falai, e assim
procedei" (v.12). O crente pode falar, pode ensinar e
até escrever sobre o pecado de fazer acepção de
pessoas. Mas na verdade, é a sua conduta em
relação aos irmãos que demonstrará se ele é, de
fato, um liberto em Cristo ou um escravo deste
pecado.
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53. Conclusão.
O segundo capítulo da Epístola de Tiago é uma voz
do Evangelho a ecoar através dos tempos. Ele rotula
a acepção de pessoas como pecado lembrando-nos
de que Deus escolheu os "pobres deste mundo para
serem ricos na fé e herdeiros do Reino que
prometeu aos que o amam". Assim, se a nossa
vontade estiver de acordo com a vontade de Deus,
amaremos os pobres como a nós mesmos. E
conscientizar-nos-emos de que esse amor exige de
nós ações verdadeiras, sinceras, e não apenas de vãs
palavras religiosas que até mesmo o vento se
encarrega de levar (cf. Tg 2.15-17).