1) O documento apresenta um quadro que interpreta a estrutura narrativa do romance "Os Maias" de Eça de Queirós.
2) O quadro tem duas molduras horizontais que correspondem ao título e subtítulo do romance, traçando a história de uma família ao longo de gerações e mostrando a sociedade lisboeta do século XIX.
3) A intriga desdobra-se em duas histórias passionais representadas por colunas dedicadas ao casamento de Pedro e Maria Monforte e à relação entre Carlos e Maria Eduarda.
Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 35-36
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 109-110
1.
2. Há semelhanças na caracterização
das duas mulheres sobre que os poemas
se debruçam, a «libidinosa Marta» de
«Lúbrica» e a «mulher fatal» do texto de
Vasco Graça Moura. Ambas contrariam
um perfil de mulher frágil mais comum no
lirismo e evidenciam sensualidade,
irreverência, desinibição.
3. No entanto, enquanto, nas oito
quadras de Cesário, a mulher é o
destinatário, o «tu» a quem se dirige o
sujeito poético, no outro texto é mesmo
a figura feminina que assume a 1.ª
pessoa. Talvez por isso, a última
quintilha de «Fado da mulher fatal»
mostra um momento de inflexão, de
recuo, de súbita tristeza: «Sou a mulher
fatal [...] deixaria porém de sê-lo se
houvesse quem de amor me desse um
sinal».
4.
5. décadas do passado de Afonso da Maia
e da formação e vida de Pedro
dois capítulos (I-II)
6. vários anos
uma única frase («Mas esse ano passou,
outros anos passaram» [l. 61 da p. 249
do nosso manual]) no início do cap. III
7. um dia de abril em Santa Olávia
um capítulo (III)
8. dois anos da vida de Carlos
catorze capítulos (IV-XVII)
9. vários anos (viagem de Carlos e Ega;
regresso de Ega a Lisboa)
três páginas iniciais do capítulo XVIII
(cfr. elipse nas ll. 1-2 da p. 241 do texto B
do manual)
10. algumas horas de Carlos regressado a
Lisboa
quase todo um capítulo (XVIII)
13. Isocronia — duração do tempo do
discurso igual à do tempo da história.
Anisocronia — desproporção entre tempo
do discurso e da história (sumários,
elipses).
Anacronia — alteração na ordem
cronológica (analepses, prolepses).
cfr. pp. 281-283
14. a A ação d'Os Maias
2 não se distribui, ao nível do discurso,
de modo ordenado nem uniforme.
15. b A longa analepse que relata o tempo
vivido pelos antecessores de Carlos da
Maia
5 serve fundamentalmente para explicar
o seu aparecimento em Lisboa, em 1875.
16. c O ritmo narrativo assumido pelo
discurso
6 relaciona-se com a valorização a que
sujeita a história contada: consoante os
factos rela-tados o sejam de forma mais
ou menos demorada, assim serão,
respetivamente, mais destacados ou
menos realçados.
17. d Através das elipses,
4 são omitidos, no discurso, períodos
mais ou menos longos da história, assim
desva-lorizados.
18. e A analepse processada por Maria
Eduarda
1 tem como função reconstituir a
existência já vivida por uma personagem
essencial para o desenrolar da intriga.
19. f O uso da isocronia
7 procura conferir ao tempo do discurso
uma duração idêntica à da história,
destacando acontecimentos dotados de
grande impacto na sequência da história.
20. g Com o recurso à técnica narrativa do
sumário, os eventos narrados
3 são comprimidos e referidos, no
discurso, de modo abreviado.
21. h A velocidade narrativa
8 abranda a partir de 1875, para
possibilitar a valorização dos episódios
vividos por Carlos em Lisboa.
22.
23. O quadro, que procura interpretar a
estrutura global de Os Maias, tem duas
molduras horizontais («Os Maias — História
da família», em cima, e «Sociedade Lisboeta
— “Episódios da vida romântica”», em
baixo) que correspondem ao título e ao
subtítulo do romance (Os Maias; «Episódios
da vida romântica»). Com efeito, são esses
os dois objetivos enquadradores do livro:
traçar a história de uma família ao longo de
várias gerações; mostrar como era a
sociedade lisboeta à entrada no último
quartel do século XIX.
24. A intriga desdobra-se em duas
histórias passionais, a que o esquema
reserva colunas específicas: a intitulada
«novela» (dedicada às peripécias do
casamento de Pedro e Maria Monforte); e,
sob o título «romance», a que diz respeito
à relação de Carlos e Maria Eduarda.
25. Afonso é a personagem que aglutina
estes dois enredos amorosos, a que
assiste (mais do que os vive). Quanto a
Carlos, surge como a personagem que
permite a ligação aos diversos episódios
de crónica social (entre outros: jantar no
Hotel Central, corrida no hipódromo,
sarau da Trindade).