2. O que é conhecimento
• Esforço psicológico pelo qual procuramos
nos apropriar intelectualmente dos
objetos;
• Quando falamos em conhecimento,
podemos nos referir ao ato de conhecer
ou ao produto do conhecimento;
3. O que é conhecimento
Ato de Conhecer:
• Diz respeito à relação que se estabelece
entre a consciência que conhece e o
objeto a ser conhecido;
Produto do Conhecimento:
• É o que resulta do ato de conhecer, ou
seja, o conjunto de saberes acumulados e
recebidos pela tradição.
4.
5. O que é conhecimento
• Por enquanto nos ocuparemos com o ato
de conhecer, ou seja:
• O que é conhecer? Como conhecemos?
O que é possível conhecer? O que é a
verdade do conhecimento? Qual é o
critério da verdade?
6. O que é conhecimento
• É importante frisar, entretanto, que o que
se entende por conhecimento e verdade
tem assumido formas diferentes,
dependendo da maneira pela qual os
filósofos explicam como se dá nosso
contato com as coisas que nos cercam
para tentar compreendê-las. Isso significa
que a razão é histórica.
7. O que é conhecimento
1. FORMAS POSSÍVEIS DE CONHECER:
Intuição e Conhecimento discursivo.
1.1. Intuição:
• Nós conhecemos não apenas pela
razão, pelo discurso capaz de encadear
juízos e chegar a uma conclusão mas,
apreendemos também o real pela
intuição;
8. O que é conhecimento
• A intuição é uma forma de conhecimento
imediato;
• Como a própria palavra indica (tueri em
latim significa “ver”), intuição é uma visão
súbita. Enquanto o raciocínio é discursivo
e se faz por meio da palavra, a intuição é
inefável, inexprimível;
9. O que é conhecimento
• A intuição é o ponto de partida do
conhecimento, a possibilidade da
invenção, da descoberta, dos grandes
saltos do saber humano;
10. O que é conhecimento
A Intuição pode ser de vários tipos:
a) Intuição Sensível: é o conhecimento
imediato dado pelos órgãos dos
sentidos: sentimos calor; vemos a blusa
azul; ouvimos os sons; percebemos o
paladar das frutas.
11. O que é conhecimento
b) Intuição Inventiva: é a intuição do sábio,
do artista, do cientista, quando criam
novas hipóteses; também na vida diária,
enfrentamos situações que exigem
soluções criativas, verdadeiras
invenções súbitas.
12. O que é conhecimento
c) Intuição Intelectual: é a que se esforça
por captar diretamente a essência do
objeto; por exemplo, a descoberta de
Descartes do cogito (eu pensante), como
primeira verdade indubitável.
13. O que é conhecimento
1.2. Conhecimento Discursivo:
• Para compreender o mundo, não “entrar
no caos” a razão supera as informações
concretas e imediatas que recebe,
organizando-as em conceitos e idéias
gerais que, articulados, podem levar à
demonstração e a conclusões
consideradas válidas.
14. O que é conhecimento
• Chamamos conhecimento discursivo ao
conhecimento mediato, isto é, aquele que
se dá por meio de conceitos.
• Esse tipo de pensamento opera por
etapas, por encadeamento de idéias,
juízos e raciocínios que levam a
determinada conclusão.
15. O que é conhecimento
• Para tanto, a razão precisa realizar abstrações.
Abstrair significa “isolar”, “separar de”.
• Ex.: quando vemos um cinzeiro de forma
hexagonal e de cristal, ao abstrairmos, isolamos
essas características por serem secundárias, e
consideramos apenas o “ser cinzeiro”,
representação intelectual do objeto. Se refere a
qualquer objeto que sirva para recolher cinzas.
16. O que é conhecimento
• O matemático reduz as coisas que têm peso,
dureza e cor à pura quantidade. Quando
dizemos 2, consideramos apenas o número,
sem nos importarmos se são duas pessoas ou
duas frutas.
• A lei científica também é abstrata. Quando
concluímos que o calor dilata os corpos,
abstraímos as características que distinguem
cada corpo.
17. O que é conhecimento
• Quanto mais abstrato um conceito, mais nos
distanciamos da realidade concreta. No entanto,
toda vez que a razão se distancia do vivido, o
conhecimento se empobrece, sob algum
aspecto.
• Da mesma maneira, permanecer no nível do
vivido e da intuição impede o distanciamento
fecundo da razão que interpreta e critica.
18. O que é conhecimento
• Assim, o conhecimento se faz pela
relação contínua entre intuição e razão,
entre vivência e teoria, entre concreto e
abstrato.
19. O que é conhecimento
2. A VERDADE:
• Todo conhecimento coloca o problema
da verdade, quando nos perguntamos se
o que está sendo enunciado
corresponde ou não à realidade.
20. O que é conhecimento
Verdade x Realidade:
• No cotidiano os dois conceitos tendem a
se confundir;
• Se dizemos que um determinado colar é
falso, devemos reconhecer que o “falso”
colar é uma verdadeira bijuteria;
21. O que é conhecimento
• O falso e o verdadeiro não estão na coisa mesma, mas
no juízo, e portanto no valor da afirmação;
• Há verdade ou não, dependendo de como a coisa
aparece para o sujeito que conhece;
• Algo é verdadeiro quando é o que parece ser;
• A verdade ou falsidade existe apenas no juízo no qual
se estabelece o vínculo entre sujeito e objeto, típico do
processo do conhecimento.
22. O que é conhecimento
2.1 O critério da verdade:
• Qual o sinal que permite reconhecer a
verdade e distingui-la do erro? A resposta
a essa pergunta tem variado no tempo;
• Para os gregos a verdade é o que se
desvela, o que é visto, o que é evidente;
23.
24. O que é conhecimento
• Os escolásticos, filósofos medievais,
seguindo a tradição aristotélica, repetem
que “a verdade é a adequação do nosso
pensamento às coisas”;
• Ou seja, o juízo seria verdadeiro quando a
representação é cópia fiel do objeto
representado.
25. O que é conhecimento
• Na Idade Moderna a questão do
conhecimento passa a ser mais complexa:
como saber se a definição de verdade é
verdadeira?;
• Os filósofos da modernidade questionam
a possibilidade mesma de conhecimento
do real;
26. O que é conhecimento
• Para Descartes (século XVII), o critério de
verdade é também a evidência. Para ele
trata-se de uma evidência resultante da
intuição intelectual;
• No século XIX há uma crítica a esses
critérios puramente intelectuais e teóricos;
27. O que é conhecimento
• Para Nietzsche, é verdadeiro o que
contribui para fomentar a vida da espécie
e falso tudo o que é obstáculo ao seu
desenvolvimento;
• Para o pragmatismo norte-americano, a
prática é o critério da verdade. Ou seja, a
verdade de uma proposição se estabelece
a partir de seus efeitos;
28. O que é conhecimento
• No pensamento contemporâneo, a filosofia
analítica se volta para os estudos da linguagem
e da lógica e buscam o critério da verdade na
coerência interna do argumento;
• Seria válido o raciocínio que não encerra
contradições e é coerente com um sistema de
princípios estabelecidos;
• A verdade pode ainda ser entendida como
resultado do consenso, como conjunto de
crenças aceitas pelos indivíduos em
determinado tempo e lugar e que os ajuda a
compreender o real e agir sobre ele;
29. O que é conhecimento
3. Ceticismo e dogmatismo:
Tendências do conhecimento humano para
atingir a certeza.
• Dogmatikós em grego, significa “o que se
funda em princípios”;
• Do ponto de vista religioso, dogma é a
verdade fundamental;
30. O que é conhecimento
• Na religião cristã, por exemplo, segundo o
dogma da Santíssima Trindade, as três
pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo) são
apenas um, Deus;
• Não importa se a razão não consegue
entender, porque esse princípio deve ser
aceito pela fé e o seu fundamento é a
revelação divina.
31. O que é conhecimento
• Quando a idéia de dogma é transposta para o
campo não-religioso, ela passa a designar as
verdades não-questionadas e inquestionáveis;
• A pessoa fixa-se nela e abdica de continuar a
busca;
• Nietzsche disse que “as convicções são
prisões”. Resistindo ao diálogo, o dogmático
teme o novo e não raro torna-se intransigente e
prepotente.
32. O que é conhecimento
• São também dogmáticos os seguidores de
escolas e tendências quando se recusam a
discutir suas verdades, permanecendo
refratários às críticas;
• Quando o dogmatismo atinge a política, assume
um caráter ideológico que nega o pluralismo e
abre caminho para a imposição da doutrina
oficial do Estado ou do partido único.
Conseqüência: censura e repressão;
33. O que é conhecimento
• Ceticismo vem do grego sképsis, que
significa “investigação”, “procura”: a
sabedoria não consiste em alcançar a
verdade, mas somente em procurá-la;
• O cético tanto observa e tanto considera
que conclui, nos casos mais radicais, pela
impossibilidade do conhecimento.
34. O que é conhecimento
4. A crítica do conceito tradicional de verdade:
• Diz-se que o conhecimento resulta da relação
entre sujeito e objeto, pela qual alcançaríamos a
verdade das coisas;
• Embora o critério da evidência tenha sofrido
variações, por muito tempo permaneceu a
convicção – excetuando-se os céticos – de que
o sujeito teria a capacidade de conhecer a
verdade.
35. O que é conhecimento
• A partir do positivismo, no século XIX, admitiu-
se que a ciência é por excelência o modelo do
saber. As ciências da natureza nos levam a
conclusões seguras, objetivas;
• Entretanto esse racionalismo exacerbado pelo
qual haveria um mundo “objetivo” a ser
desvendado pela razão, começa a sofrer críticas
a partir do século XIX.
36. O que é conhecimento
• Para Nietzsche, por exemplo, não há fatos mas
apenas interpretações;
• Marx procede a uma crítica da razão ao
denunciar a ideologia como um discurso ilusório
a serviço da dominação;
• Freud mostra que a consciência não está no
centro do sujeito, descobrindo nos sintomas as
determinações do inconsciente;
37. O que é conhecimento
• Assim, não há discurso neutro, uma vez que o
mesmo é um lugar onde se exprimem de modo
disfarçado interesses inconscientes - de tal
modo que esse discurso deveria ser por sua vez
interpretado e assim sucessivamente, até ao
infinito;
• Consequentemente, nunca haverá verdade
última que esteja absolutamente certa;
38. O que é conhecimento
Conclusão:
• Vimos que, no correr da história humana,
existiram várias formas de compreender a
verdade;
• O importante é não sucumbir ao ceticismo
radical – que em última instância recusa a
filosofia - nem ao dogmatismo – que se aloja na
comodidade das verdades absolutas;
39. O que é conhecimento
• Deve-se aceitar o movimento contínuo
entre certeza e incerteza. O que não
significa renunciar à busca do
conhecimento, porque conhecer é dar
sentido ao mundo e interpretar a
realidade, é descobrir formas para nela
poder agir.
40. A busca pela verdade
• Os filósofos modernos tinham uma
enorme preocupação em achar um
método que viabilizasse o conhecimento.
• Entre eles estão: Locke, Descartes e
Kant.
41. Descartes
• Buscava encontrar uma fonte segura para a
construção do conhecimento, baseando-se na
razão em detrimento dos sentidos, que para ele
era uma fonte de engano.
• Descartes acreditava que existiam ideias e
característica que já nascem com o ser humano
(inatismo cartesiano).
• Seu objetivo era encontrar uma verdade
incontestável da qual as demais derivavam.
Para isso criou o método do Cogito, que
consistia em duvidar de tudo a sua volta.
42. Método Cartesiano
• Para evitar o erro e ter certeza do
conhecimento verdadeiro, sem se deixar
enganar pelos sentidos, Descartes cria
um sistema universal de regras, baseado
na Matemática, que busca evitar enganos
e produzir resultados práticos: o Método
Cartesiano.
43. Fundamentos do Método
Cartesiano
• Evidência – estabelece que jamais se deve admitir
algo como verdadeiro, se este não se mostrar fora
de qualquer possibilidade de dúvida.
• Análise – divide-se o problema em várias partes a
fim de torná-lo compreensível.
• Síntese – organiza-se o pensamento reordenando-
o do mais simples ao mais complexo.
• Revisão – verifica-se todas as etapas do processo
de conhecimento para que não fique nada de fora.
44. John Locke e o Empirismo
• Enquanto Descartes a razão em primeiro plano,
Locke privilegiou a experiência, ou seja, os dados
obtidos da percepção sensorial, principal fonte de
apreensão da realidade, contrariando o inatismo
cartesiano.
• Para Locke a mente humana é como um papel em
branco sem nenhuma ideia escrita. Só passamos a
preenchê-la com dados e informações a partir da
experiência dos sentidos.
• A reflexão nasce da troca e da combinação de
sensações com as pessoas e coisas a nossa volta.
45. Apriorismo de Kant
• Para Kant existem dois tipos de conhecimento:
• Conhecimento a priori (puro) – vinculado ao
racionalismo de Descartes (conhecimento
anterior à experiência). Ex: uma fórmula
matemática como o Teorema de Pitágoras
(soma dos catetos igual ao quadrado da
hipotenusa).
• Conhecimento a posteriori (empírico) – remete a
Locke e ao conhecimento derivado dos
sentidos, posterior a experiência. Ex: quando
dizemos “o vento está gelado”.
46. Formas de juízos em Kant
• A verdade e o conhecimento se dão nas
afirmações, que ele chama de juízos.
• Um juízo é um julgamento sobre algo ou
alguém. Para Kant existem dois tipos de
juízos: juízo analítico e juízo sintético.
47. Juízo analítico e Juízo sintético
• Analítico - é aquele que numa preposição,
o predicado apenas esclarece algo que já
está contido no sujeito. Ex: “o triângulo
tem três lados”.
• Sintético – é aquele que numa preposição
o predicado esclarece ou acrescenta algo
novo ao sujeito. Ex: “a água aumenta de
volume ao se solidificar”.
48. Juízo analítico e Juízo sintético
• Kant chegou as seguintes constatações:
• 1º - os juízos analíticos são conhecimentos a
priori, enquanto os sintéticos são
conhecimentos a posteriori.
• 2º - os juízos analíticos são universais e
pertencem ao racionalismo (de Descartes),
enquanto os juízos sintéticos trazem o novo por
meio da experiência sensível (de Locke).
49. Juízos sintéticos a priori
• Kant então concluiu que ambos os juízos não
contribuem isoladamente para a construção do
verdadeiro conhecimento.
• O analítico, por ser a priori, afirma mas não
agrega conhecimento.
• O sintético, por ser a posteriori, agrega
conhecimento mas não explica.
• Mas se combinarmos ambos na forma de juízos
sintéticos a priori, ampliaremos o conhecimento,
ao apurar seus fundamentos e validade (como os
juízos sintéticos a posteriori), ao mesmo tempo que
se tornam necessários e universais (como os juízos
analíticos a priori).
50. Idealismo transcendental
• Kant conclui então que o conhecimento deve
conter juízos necessários e universais (a priori)
e, ao mesmo tempo, começar com a
experiência sensível (a posteriori). Ou seja, o
conhecimento é o resultado de um elemento
externo com um elemento interno à mente.
• De nada adiantaria a experiência sensível se
não fosse organizada pela razão, da mesma
forma que de nada adiantaria a pura razão sem
a experiência.
51. Dogmatismo e Ceticismo
• São correntes teóricas que não se
preocupam tanto com o modo como o
conhecimento ocorre ou com a busca pela
verdade. Nem se é a priori ou a
posteriori. Mas se o conhecimento é ou
não possível, se a verdade pode ou não
ser atingida.
52. Dogmatismo
• Para o dogmatismo, o conhecimento é possível e a
certeza pode ser alcançada. As crenças derivadas
dai são consideradas absolutas e verdadeiras. Seus
adeptos acreditam que existe uma realidade
exterior já dada e que pode ser conhecida pela
religião ou pela ciência.
• Baseado em suas crenças, o dogmático que impor
suas verdades e despreza o diálogo.
• O dogmatismo pode ser observado na religião
(Igreja católica na Idade Média), na política (regimes
totalitários: nazismo e socialismo soviético) e no
comportamento cotidiano (futebol, partidarismo
politico, crença religiosa)
53. Ceticismo
• O ceticismo duvida da possibilidade de se chegar
ao conhecimento verdadeiro e nega a capacidade
de se atingir a verdade. Para o cético, mais
importante do que encontrar a verdade é procurá-la.
• O ceticismo costuma ser dividido segundo o grau da
crença na impossibilidade do conhecimento: para
os radicais, a verdade é inalcançável, para os
moderados ela é relativa pois depende da
perspectiva que se adota.
• Na antiguidade, o ceticismo começou com os
sofistas. Na era moderna, o francês Michel de
Montaigne a retomou para criticar os dogmas
cristãos.