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VENDA PROIBIDA                      ANO XXXV — REMESSA ESPECIAL PARA O MÊS DA BÍBLIA — SETEMBRO DE 2012 — Nº 4




                                         APROFUNDAMENTO I
                                       endemoninhados
   “Ao entardecer, quando o sol se pôs, trouxeram-lhe        •	 “Mestre, eu te trouxe meu filho, que tem um
todos os que estavam enfermos e endemoninhados.                 espírito mudo” (Mc 9,17).
E a cidade inteira aglomerou-se à porta. E ele curou         •	 “Mestre, vimos alguém que não nos segue expul-
muitos doentes de diversas enfermidades e expulsou              sando demônios em teu nome” (Mc 9,38).
muitos demônios” (Mc 1,32-34). Havia muitos ende-
moninhados naquele tempo? Jesus expulsou muitos              Nos evangelhos, a menção sobre os espíritos res-
demônios? Como entender os vários nomes utilizados        ponsáveis pelos males é vasta e frequente. Era difusa,
para nomear o mal na Bíblia? Se o demônio existe,         no tempo de Jesus, a certeza de que os seres humanos
onde ele atua hoje?                                       viviam cercados por espíritos: anjos e demônios. E
   A lista de perguntas levantadas em encontros e         a causa de doenças, desgraças e provações na vida
cursos bíblicos é longa. Há muitas dúvidas e curiosi-     humana era atribuída aos demônios. Por isso, havia
dades. É surpreendente o fato de que a realidade do       muitos doentes e endemoninhados na época.
tempo de Jesus, de dois mil anos atrás, não seja levada      A exigência de pagamento dos impostos aos
em consideração para compreender esse mundo ha-           romanos e dos impostos religiosos provocou um
bitado por espíritos. Naquele tempo, os recursos da       acelerado empobrecimento dos camponeses na
ciência e da medicina eram muito precários. De modo       Galileia. Pobreza e miséria vinham acompanhadas
geral, a causa dos males como a doença era atribuída      com doença. A cegueira era comum, podendo ter
a espíritos. A presença de curandeiros e exorcistas era   causa hereditária ou ser consequência da falta de
comum e difundida na época. Hoje, a psicologia e a        higiene ou má alimentação. A lepra era o fantas-
psiquiatria, por exemplo, conseguem ajudar a resolver     ma que assustava a população. Qualquer doença
problemas de muitas “pessoas possuídas por espírito       de pele, contagiosa ou não, era classificada como
mau”. Isso mesmo: o mundo de Jesus, curandeiro e          lepra. Havia muitas pessoas aleijadas, epilépticas
milagreiro, era um mundo diferente.                       ou hidrópicas. Todos esses males mentais e físicos
1. Um mundo habitado por espíritos                        estavam associados com o demônio. A necessidade
                                                          de expulsar os demônios era grande e comum na
   No evangelho de Marcos, há vários textos referen-      vida cotidiana das aldeias: “Eles expulsavam muitos
tes à presença de espíritos impuros e de exorcismos:      demônios, e curavam muitos enfermos, ungindo-os
  •	 “Os espíritos impuros, assim que o viam, caíam       com óleo” (Mc 6,12). Por ser possuído por demônios,
     a seus pés” (Mc 3,11).                               o doente era também condenado e excluído pela
  •	 “E constituiu Doze, para que ficassem com ele,       religião oficial da época.
     para enviá-los a pregar, e terem autoridade para     2.	Os endemoninhados afastados
     expulsar os demônios” (Mc 3,14).
                                                          	 do convívio social
  •	 “Ele está possuído por um espírito impuro” (Mc
     3,30).                                                  A religião judaica oficial considerava a pobreza, a
  •	 “Chamou a si os Doze e começou a enviá-los dois      doença e a deficiência física e mental como conse-
     a dois. E deu-lhes autoridade sobre os espíritos     quência da presença de maus espíritos que tinham
     impuros” (Mc 6,7).                                   tomado posse da pessoa (Mc 9,14-29). Uma pessoa
  •	 “Uma mulher cuja filha tinha um espírito impuro”     doente era vista como pecadora. A doença era con-
     (Mc 7,25).                                           siderada castigo de Deus. O doente era alguém que

                                                                                                       PÁG.   1
estava pagando por algum mal cometido, como, por            a)	 A religião oficial da sinagoga
exemplo, a desobediência às leis do puro e do impuro.       	 “Na ocasião, estava na sinagoga deles um homem
Leis estabelecidas por sacerdotes e escribas desde              possuído por um espírito impuro, que gritava, di-
o século V a.C. A interpretação da comunidade de                zendo: ‘Que queres de nós, Jesus Nazareno? Viestes
Marcos sobre o conflito de Jesus com os doutores da             para arruinar-nos? Sei quem tu és: o Santo de Deus’.
Lei evidencia essa teologia oficial:                            Jesus, porém, o conjurou severamente: ‘Cale-te
                                                                e sai dele’. Então o espírito impuro, sacudindo-o
  Jesus, vendo sua fé, disse ao paralítico: “Filho,
                                                                violentamente e soltando grande grito, deixou-o”
  teus pecados estão perdoados”. Ora, alguns dos
                                                                (Mc 1,23-26).
  escribas que lá estavam sentados refletiam em
  seu coração: “Por que está falando assim? Ele                A sinagoga, que existia quase em cada cidade na
  blasfema! Quem pode perdoar pecados a não ser             Palestina, era o local de encontro para o culto e o es-
  Deus?”. Jesus imediatamente percebeu em seu               tudo da lei. Era o local essencial para a instrução em
  espírito o que pensavam em seu íntimo, e disse:           vista da unidade judaica na fé, no culto, na tradição e
  “Por que pensais assim em vossos corações? Que            na ordem sociorreligiosa. Havia o chefe da sinagoga,
  é mais fácil dizer ao paralítico: ‘Os teus pecados        o archisynagôgos, encarregado do funcionamento
  estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te, toma o teu       do culto, com a função de coordenar a leitura das
  leito e anda?’” (Mc 2,5-9).                               Escrituras, instruções e orações. Segundo Mc 1, 23, a
                                                            expressão “a sinagoga deles” indica o local organizado
   O doente, como endemoninhado e pecador, era
                                                            pelos escribas. Eles instruíam o povo no código de
afastado do convívio com outras pessoas para evitar a
                                                            pureza e na teologia da retribuição: as leis do puro
contaminação de toda a comunidade (cf. Mc 5,25-34).
                                                            e do impuro, com a imagem de Deus poderoso e
A única forma de poder ser puro e voltar a participar
                                                            castigador. Pobres e doentes estavam excluídos do
da vida social e do templo era por meio dos ritos de
                                                            convívio social.
purificação, que consistiam em sacrifícios de expia-
                                                               A comunidade de Marcos descreve, em seu relato
ção pelo pecado. O código de pureza apresentava
                                                            sobre o ensinamento de Jesus, as pessoas amarradas
vários rituais de purificação, que exigiam a entrega
                                                            pelas leis ensinadas na sinagoga como “um homem
de ofertas e a realização do sacrifício no templo (cf. Lv
                                                            possuído de um espírito impuro” (Mc 1,23). Esse espí-
15,1-33). O objetivo das autoridades religiosas era ar-
                                                            rito entra em conflito com Jesus, e é expulso por seu
recadar mais produtos para favorecer seus interesses.
                                                            ensinamento: “Todos então se admiraram, perguntan-
   O código da pureza era sustentado pela teologia
                                                            do uns aos outros: ‘Que é isto? Um novo ensinamento
oficial da retribuição. Nessa visão, a pessoa justa era
                                                            com autoridade! Até mesmo aos espíritos impuros dá
quem observava a lei do puro e do impuro. Essa teo­
                                                            ordens, e eles lhe obedecem!’” (Mc 1,27).
logia afirmava que Deus abençoava a pessoa justa
                                                               O ensinamento de Jesus nasce de sua prática li-
com riqueza, saúde, vida longa e descendência, mas
                                                            bertadora: ele continuamente acolhe e convive com
castigava a pessoa injusta com pobreza, doença e
                                                            o povo sofrido e machucado. Jesus está em contato
sofrimento. Na teologia da retribuição, os que tinham
                                                            com os endemoninhados e excluídos da sociedade:
condições de observar as leis, pagando os dízimos
                                                            pobres, doentes, cegos, coxos, crianças, mulheres.
exigidos e oferecendo sacrifícios, eram abençoados
                                                            Experimenta, na sua pele, a dureza da vida cotidiana
por Deus, enquanto os pobres eram amaldiçoados.
                                                            do seu povo: “uma grande multidão e ficou tomado
Os pobres doentes sofriam duplamente.
                                                            de compaixão por eles” (Mc 6,34).
3.	Jesus e as comunidades cristãs combatem 		                  Então, Jesus, com sua prática acolhedora, trans-
	 os espíritos destruidores                                 gride e rejeita a lei da pureza para devolver a vida
   Por um lado, os escribas acusam Jesus de estar pos-      às pessoas impuras: “Aproximando-se, Jesus tomou
suído por um “espírito impuro”: “Está possuído por Beel­    pela mão a sogra de Pedro que estava de cama com
zebu”; ou:“É pelo príncipe dos demônios que expulsa os      febre e a fez levantar-se” (Mc 1,30-31; cf. 2,15; 7,2.33;
demônios”’ (Mc 3,22), acusando Jesus de ser destruidor      8,23). Jesus se coloca claramente em oposição aos
da religião oficial baseada na lei do puro e do impuro.     escribas e sua lei da pureza, por esta excluir e opri-
Por outro lado, Jesus e seus seguidores e seguidoras        mir as “pessoas impuras”. Para ele, os escribas e seus
também acusam os escribas, suas sinagogas, o templo         ensinamentos são o verdadeiro “espírito impuro”,
e o império romano de estarem possuídos por espíritos       entendido como demônio, por ameaçar e destruir
destruidores.                                               a vida do povo.

 PÁG.   2
b)	O império romano                                           a força esmagadora do império romano que dominava
	 “Chegaram do outro lado do mar à região dos gera-           a Palestina.
   senos. Logo que Jesus desceu do barco, caminhou               O evangelho de Marcos descreveu essa força do
   ao seu encontro, vindo dos túmulos, um homem               exército romano como espírito impuro: “O homem
   possuído por um espírito impuro (…) E, sem descan-         possuído pelo espírito impuro habitava no meio das
   so, noite e dia, perambulava pelas tumbas e pelas          tumbas e ninguém podia dominá-lo, nem mesmo
   montanhas, dando gritos e ferindo-se com pedras. Ao        com correntes. Muitas vezes já o haviam prendido
   ver Jesus, de longe, correu e prostrou-se diante dele,     com grilhões e algemas, mas ele arrebentava os
   clamando em alta voz: ‘Que queres de mim, Jesus,           grilhões e estraçalhava as correntes, e ninguém
   filho do Deus altíssimo? Conjuro-te por Deus que não       conseguia subjugá-lo” (Mc 5,3-4). O espírito impuro,
   me atormentes!’. Com efeito, Jesus lhe disse: ‘Sai deste   descrito como monstro violento, possuía e investia
   homem, espírito impuro!’. E perguntou-lhe: ‘Qual é o       contra a vida humana.
   teu nome?’. Respondeu: ‘Legião é meu nome, porque             Pela prática de Jesus, a legião foi expulsa para os
   somos muitos’” (Mc 5,1-9).                                 porcos, que se lançaram e se afogaram no mar, como
   O exército romano era uma verdadeira máquina               foram afundados os carros e os cavaleiros do Faraó,
de dominação que servia para aumentar os territórios          na saída do Egito (Ex 14,28). O homem foi libertado,
nas guerras, adquirir os escravos, expandir o tributo e       “sentado, vestido e em são juízo” (Mc 5,15). Jesus li-
o comércio, sugando a riqueza das terras conquista-           berta, restaura e desaliena as pessoas possuídas pelo
das. No livro de Apocalipse, lemos o efeito devastador        “espírito impuro”.
do exército romano: “Vi aparecer um cavalo esver-
deado. Seu montador chamava-se ‘morte’ e o Hades
o acompanhava. Foi-lhe dado poder sobre a quarta
                                                                O CENTRO BÍBLICO VERBO é um centro de estudo que
parte da terra, para que exterminasse pela espada,
                                                                está a serviço do povo de Deus, desenvolvendo uma
pela fome, pela peste e pelas feras da terra” (Ap 6,8).         leitura exegética, comunitária, ecumênica e popular
   No tempo de Jesus, o Império, que contava 350 mil            da Bíblia. O Centro Bíblico oferece cursos regulares
soldados, deslocou 8% do seu exército para a Palestina,         de formação bíblica em diferentes modalidades e
que representava apenas 1% do seu território. Espe-             presta assessorias às dioceses, paróquias, comuni-
cialmente na Galileia, terra de exploração e de muitas          dades, colégios e congregações religiosas. Maiores
                                                                informações pelo tel. (11) 5181-7450. Nossa página:
revoltas, havia uma legião, a maior divisão do exército         www.cbiblicoverbo.com.br.
romano, que abrangia de 6 a 10 mil homens. A legião era




                                            APROFUNDAMENTO II
                catecismo sobre o seguimento de jesus

   “Tome a sua cruz e siga-me”. O seguimento de Je-           introduzidas pelo segundo (Mc 9,30-32) e terceiro
sus é o caminho da cruz, que está na contramão da             anúncios (Mc 10,32-34):
sociedade dominada pelo império romano e seus                 1)	“E chegaram a Cafarnaum. Em casa, ele lhes
colaboradores. É uma sociedade organizada pelas                  perguntou: ‘Sobre que discutíeis no caminho?’.
relações humanas de ganho, poder e privilégio. A                 Ficaram em silêncio, porque pelo caminho vi-
comunidade cristã de Marcos, que professa Jesus                  nham discutindo sobre qual era o maior. Então
de Nazaré como “Cristo”, não deve reproduzir as re-              ele sentou, chamou os Doze e disse: ‘Se alguém
lações de poder na vida cotidiana, mas estabelecer               quiser ser o primeiro, seja o último de todos e o
as relações de serviço e de comunhão.                            servo de todos’” (Mc 9,33-35). Quem é o maior?
   Após o primeiro anúncio da paixão, a comunida-                Os discípulos ainda idealizam uma sociedade de
de de Marcos descreve, em seu Evangelho, as ins-                 poder, de riqueza e de privilégio, que produz a
truções sobre as relações internas da comunidade,                segregação social. O caminho da cruz deve ser
                                                                                                             PÁG.      3
reproduzido nas relações humanas da comuni-                       5)	“Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram até ele e dis-
   dade, baseada na vida de serviço sem interesse.                      seram-lhe: ‘Mestre, queremos que nos faças o que
2)	“Disse-lhe João: ‘Mestre, vimos alguém que não                       te pedimos’. Ele perguntou: ‘Que quereis que vos
   nos segue expulsando demônios em teu nome, e                         faça?’. Disseram: ‘Concede-nos, na tua glória, que
   o impedimos porque não nos seguia’. Jesus, porém,                    sentemo-nos um à tua direita, outro à tua esquerda’
   disse: ‘Não o impeçais, pois não há ninguém que                      [...]. Ouvindo isso, os dez começaram a indignar-se
   faça milagre em meu nome e logo depois possa                         contra Tiago e João. Chamando-os, Jesus lhes disse:
   falar mal de mim. Porque quem não é contra nós é                     ‘Sabeis que aqueles que vemos governar as nações
   por nós’” (Mc 9,38-40). Mais uma vez, deparamo-nos                   as dominam, e os seus grandes as tiranizam. Entre
                                                                        vós não será assim: ao contrário, aquele que dentre
   com a concepção dos discípulos de uma sociedade
                                                                        vós quiser ser grande, seja o vosso servidor, e aquele
   segregacionista de poder. Eles não estão dispostos
                                                                        que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o servo de
   a partilhar o poder e o privilégio. Querem o mo-
                                                                        todos’” (Mc 10,35-44). O projeto de Jesus não é ser
   nopólio e exclusividade no mistério da salvação.                     servido, mas servir ao próximo. Assim, é rejeitada,
   Hoje se compreende que a prática missionária não                     definitivamente, a aspiração dos discípulos ao reino
   é condenatória nem marcada por sectarismo. O                         messiânico davídico, no qual Jesus seria ungido
   cerne da missão é a promoção da justiça, liberdade                   como rei e assumiria o poder em Jerusalém. Essa
   e vida em todos os povos.                                            rejeição é também da comunidade de Marcos por
3)	“Traziam-lhe crianças para que as tocasse, mas os                    volta do ano 70 d.C. Ela rejeita juntar-se às revoltas
   discípulos as repreendiam. Vendo isso, Jesus ficou                   armadas dos vários líderes messiânicos e suas lutas
   indignado e disse: ‘Deixai as crianças virem a mim.                  por poder e privilégios.
   Não as impeçais, pois delas é o reino de Deus. Em                    O evangelho de Marcos registra três anúncios da
   verdade vos digo: aquele que não receber o reino                  paixão com o catecismo sobre o seguimento de Jesus
   de Deus como uma criança, não entrará nele’. En-                  na vida cotidiana da comunidade. Ao anunciar o cate-
   tão, abraçando-as, abençoou-as, impondo as mãos                   cismo do “caminho da cruz”, Jesus combate e corrige os
   sobre elas” (Mc 10,13-16). No mundo greco-romano                  discípulos que aspiram a poder e privilégio. É corrigida
   de produção e de ganho, a criança e o ancião são                  a aspiração messiânico-davídica ao poder de alguns
   considerados inúteis (cf. Sb 2,5-11) e representam                membros da comunidade de Marcos. No caminho
   o grupo marginalizado. Mas o Reino, do ponto de                   do seguimento de Jesus, ela deve empenhar-se em
   vista de Jesus de Nazaré, é gratuidade de Deus, e                 examinar sempre a natureza de sua missão no mundo.
   nele as pessoas marginalizadas, que não são con-                     A comunidade, como o cego Bartimeu (10,46-52),
   sideradas, são acolhidas.                                         deve abrir os olhos, deixar o manto do “Filho de Davi”,
4)	“Então Jesus, olhando em torno, disse a seus discí-               messias como rei poderoso, e seguir o caminho da
   pulos: ‘Como é difícil a quem tem riquezas entrar                 cruz do Jesus servo sofredor. Deve despojar-se de
                                                                     tudo o que o mundo de ambição ao poder, riqueza
   no reino de Deus!’. Os discípulos ficaram admirados
                                                                     e fama, prega e busca: “Pois o Filho do Homem não
   com essas palavras. Jesus, porém, continuou a di-
                                                                     veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida
   zer: ‘Filhos, como é difícil entrar no reino de Deus!
                                                                     em resgate por muitos” (10,45).
   É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma
   agulha do que um rico entrar no reino de Deus!”
   (Mc 10,23-25). A riqueza no império romano é fru-                    O CENTRO BÍBLICO VERBO é um centro de estudo que
                                                                        está a serviço do povo de Deus, desenvolvendo uma
   to da acumulação de bens por meio da injustiça:
                                                                        leitura exegética, comunitária, ecumênica e popular
   fraudação, espoliação e violência (Ap 13; 18). Ao                    da Bíblia. O Centro Bíblico oferece cursos regulares
   entrar no reino de Deus, a comunhão com o Deus                       de formação bíblica em diferentes modalidades e
   da vida, é preciso sair e combater essa sociedade                    presta assessorias às dioceses, paróquias, comuni-
   de ambição e injustiça, que explora o próximo e a                    dades, colégios e congregações religiosas. Maiores
                                                                        informações pelo tel. (11) 5181-7450. Nossa página:
   natureza. É necessário entrar no caminho da cruz,                    www.cbiblicoverbo.com.br.
   de servir e de partilhar a vida.

            Editora: Pia Sociedade de São Paulo - PAULUS (Paulinos) — Diretor: José Dias Goulart — Endereço: Rua Francisco
            Cruz, 229 - Vila Mariana - 04117-091 - São Paulo - SP - Tel. (11) 5087-3700 - Fax (11) 5579-3627 - editorial@paulus.com.
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A vida sob os espíritos na época de Jesus

  • 1. VENDA PROIBIDA ANO XXXV — REMESSA ESPECIAL PARA O MÊS DA BÍBLIA — SETEMBRO DE 2012 — Nº 4 APROFUNDAMENTO I endemoninhados “Ao entardecer, quando o sol se pôs, trouxeram-lhe • “Mestre, eu te trouxe meu filho, que tem um todos os que estavam enfermos e endemoninhados. espírito mudo” (Mc 9,17). E a cidade inteira aglomerou-se à porta. E ele curou • “Mestre, vimos alguém que não nos segue expul- muitos doentes de diversas enfermidades e expulsou sando demônios em teu nome” (Mc 9,38). muitos demônios” (Mc 1,32-34). Havia muitos ende- moninhados naquele tempo? Jesus expulsou muitos Nos evangelhos, a menção sobre os espíritos res- demônios? Como entender os vários nomes utilizados ponsáveis pelos males é vasta e frequente. Era difusa, para nomear o mal na Bíblia? Se o demônio existe, no tempo de Jesus, a certeza de que os seres humanos onde ele atua hoje? viviam cercados por espíritos: anjos e demônios. E A lista de perguntas levantadas em encontros e a causa de doenças, desgraças e provações na vida cursos bíblicos é longa. Há muitas dúvidas e curiosi- humana era atribuída aos demônios. Por isso, havia dades. É surpreendente o fato de que a realidade do muitos doentes e endemoninhados na época. tempo de Jesus, de dois mil anos atrás, não seja levada A exigência de pagamento dos impostos aos em consideração para compreender esse mundo ha- romanos e dos impostos religiosos provocou um bitado por espíritos. Naquele tempo, os recursos da acelerado empobrecimento dos camponeses na ciência e da medicina eram muito precários. De modo Galileia. Pobreza e miséria vinham acompanhadas geral, a causa dos males como a doença era atribuída com doença. A cegueira era comum, podendo ter a espíritos. A presença de curandeiros e exorcistas era causa hereditária ou ser consequência da falta de comum e difundida na época. Hoje, a psicologia e a higiene ou má alimentação. A lepra era o fantas- psiquiatria, por exemplo, conseguem ajudar a resolver ma que assustava a população. Qualquer doença problemas de muitas “pessoas possuídas por espírito de pele, contagiosa ou não, era classificada como mau”. Isso mesmo: o mundo de Jesus, curandeiro e lepra. Havia muitas pessoas aleijadas, epilépticas milagreiro, era um mundo diferente. ou hidrópicas. Todos esses males mentais e físicos 1. Um mundo habitado por espíritos estavam associados com o demônio. A necessidade de expulsar os demônios era grande e comum na No evangelho de Marcos, há vários textos referen- vida cotidiana das aldeias: “Eles expulsavam muitos tes à presença de espíritos impuros e de exorcismos: demônios, e curavam muitos enfermos, ungindo-os • “Os espíritos impuros, assim que o viam, caíam com óleo” (Mc 6,12). Por ser possuído por demônios, a seus pés” (Mc 3,11). o doente era também condenado e excluído pela • “E constituiu Doze, para que ficassem com ele, religião oficial da época. para enviá-los a pregar, e terem autoridade para 2. Os endemoninhados afastados expulsar os demônios” (Mc 3,14). do convívio social • “Ele está possuído por um espírito impuro” (Mc 3,30). A religião judaica oficial considerava a pobreza, a • “Chamou a si os Doze e começou a enviá-los dois doença e a deficiência física e mental como conse- a dois. E deu-lhes autoridade sobre os espíritos quência da presença de maus espíritos que tinham impuros” (Mc 6,7). tomado posse da pessoa (Mc 9,14-29). Uma pessoa • “Uma mulher cuja filha tinha um espírito impuro” doente era vista como pecadora. A doença era con- (Mc 7,25). siderada castigo de Deus. O doente era alguém que PÁG. 1
  • 2. estava pagando por algum mal cometido, como, por a) A religião oficial da sinagoga exemplo, a desobediência às leis do puro e do impuro. “Na ocasião, estava na sinagoga deles um homem Leis estabelecidas por sacerdotes e escribas desde possuído por um espírito impuro, que gritava, di- o século V a.C. A interpretação da comunidade de zendo: ‘Que queres de nós, Jesus Nazareno? Viestes Marcos sobre o conflito de Jesus com os doutores da para arruinar-nos? Sei quem tu és: o Santo de Deus’. Lei evidencia essa teologia oficial: Jesus, porém, o conjurou severamente: ‘Cale-te e sai dele’. Então o espírito impuro, sacudindo-o Jesus, vendo sua fé, disse ao paralítico: “Filho, violentamente e soltando grande grito, deixou-o” teus pecados estão perdoados”. Ora, alguns dos (Mc 1,23-26). escribas que lá estavam sentados refletiam em seu coração: “Por que está falando assim? Ele A sinagoga, que existia quase em cada cidade na blasfema! Quem pode perdoar pecados a não ser Palestina, era o local de encontro para o culto e o es- Deus?”. Jesus imediatamente percebeu em seu tudo da lei. Era o local essencial para a instrução em espírito o que pensavam em seu íntimo, e disse: vista da unidade judaica na fé, no culto, na tradição e “Por que pensais assim em vossos corações? Que na ordem sociorreligiosa. Havia o chefe da sinagoga, é mais fácil dizer ao paralítico: ‘Os teus pecados o archisynagôgos, encarregado do funcionamento estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te, toma o teu do culto, com a função de coordenar a leitura das leito e anda?’” (Mc 2,5-9). Escrituras, instruções e orações. Segundo Mc 1, 23, a expressão “a sinagoga deles” indica o local organizado O doente, como endemoninhado e pecador, era pelos escribas. Eles instruíam o povo no código de afastado do convívio com outras pessoas para evitar a pureza e na teologia da retribuição: as leis do puro contaminação de toda a comunidade (cf. Mc 5,25-34). e do impuro, com a imagem de Deus poderoso e A única forma de poder ser puro e voltar a participar castigador. Pobres e doentes estavam excluídos do da vida social e do templo era por meio dos ritos de convívio social. purificação, que consistiam em sacrifícios de expia- A comunidade de Marcos descreve, em seu relato ção pelo pecado. O código de pureza apresentava sobre o ensinamento de Jesus, as pessoas amarradas vários rituais de purificação, que exigiam a entrega pelas leis ensinadas na sinagoga como “um homem de ofertas e a realização do sacrifício no templo (cf. Lv possuído de um espírito impuro” (Mc 1,23). Esse espí- 15,1-33). O objetivo das autoridades religiosas era ar- rito entra em conflito com Jesus, e é expulso por seu recadar mais produtos para favorecer seus interesses. ensinamento: “Todos então se admiraram, perguntan- O código da pureza era sustentado pela teologia do uns aos outros: ‘Que é isto? Um novo ensinamento oficial da retribuição. Nessa visão, a pessoa justa era com autoridade! Até mesmo aos espíritos impuros dá quem observava a lei do puro e do impuro. Essa teo­ ordens, e eles lhe obedecem!’” (Mc 1,27). logia afirmava que Deus abençoava a pessoa justa O ensinamento de Jesus nasce de sua prática li- com riqueza, saúde, vida longa e descendência, mas bertadora: ele continuamente acolhe e convive com castigava a pessoa injusta com pobreza, doença e o povo sofrido e machucado. Jesus está em contato sofrimento. Na teologia da retribuição, os que tinham com os endemoninhados e excluídos da sociedade: condições de observar as leis, pagando os dízimos pobres, doentes, cegos, coxos, crianças, mulheres. exigidos e oferecendo sacrifícios, eram abençoados Experimenta, na sua pele, a dureza da vida cotidiana por Deus, enquanto os pobres eram amaldiçoados. do seu povo: “uma grande multidão e ficou tomado Os pobres doentes sofriam duplamente. de compaixão por eles” (Mc 6,34). 3. Jesus e as comunidades cristãs combatem Então, Jesus, com sua prática acolhedora, trans- os espíritos destruidores gride e rejeita a lei da pureza para devolver a vida Por um lado, os escribas acusam Jesus de estar pos- às pessoas impuras: “Aproximando-se, Jesus tomou suído por um “espírito impuro”: “Está possuído por Beel­ pela mão a sogra de Pedro que estava de cama com zebu”; ou:“É pelo príncipe dos demônios que expulsa os febre e a fez levantar-se” (Mc 1,30-31; cf. 2,15; 7,2.33; demônios”’ (Mc 3,22), acusando Jesus de ser destruidor 8,23). Jesus se coloca claramente em oposição aos da religião oficial baseada na lei do puro e do impuro. escribas e sua lei da pureza, por esta excluir e opri- Por outro lado, Jesus e seus seguidores e seguidoras mir as “pessoas impuras”. Para ele, os escribas e seus também acusam os escribas, suas sinagogas, o templo ensinamentos são o verdadeiro “espírito impuro”, e o império romano de estarem possuídos por espíritos entendido como demônio, por ameaçar e destruir destruidores. a vida do povo. PÁG. 2
  • 3. b) O império romano a força esmagadora do império romano que dominava “Chegaram do outro lado do mar à região dos gera- a Palestina. senos. Logo que Jesus desceu do barco, caminhou O evangelho de Marcos descreveu essa força do ao seu encontro, vindo dos túmulos, um homem exército romano como espírito impuro: “O homem possuído por um espírito impuro (…) E, sem descan- possuído pelo espírito impuro habitava no meio das so, noite e dia, perambulava pelas tumbas e pelas tumbas e ninguém podia dominá-lo, nem mesmo montanhas, dando gritos e ferindo-se com pedras. Ao com correntes. Muitas vezes já o haviam prendido ver Jesus, de longe, correu e prostrou-se diante dele, com grilhões e algemas, mas ele arrebentava os clamando em alta voz: ‘Que queres de mim, Jesus, grilhões e estraçalhava as correntes, e ninguém filho do Deus altíssimo? Conjuro-te por Deus que não conseguia subjugá-lo” (Mc 5,3-4). O espírito impuro, me atormentes!’. Com efeito, Jesus lhe disse: ‘Sai deste descrito como monstro violento, possuía e investia homem, espírito impuro!’. E perguntou-lhe: ‘Qual é o contra a vida humana. teu nome?’. Respondeu: ‘Legião é meu nome, porque Pela prática de Jesus, a legião foi expulsa para os somos muitos’” (Mc 5,1-9). porcos, que se lançaram e se afogaram no mar, como O exército romano era uma verdadeira máquina foram afundados os carros e os cavaleiros do Faraó, de dominação que servia para aumentar os territórios na saída do Egito (Ex 14,28). O homem foi libertado, nas guerras, adquirir os escravos, expandir o tributo e “sentado, vestido e em são juízo” (Mc 5,15). Jesus li- o comércio, sugando a riqueza das terras conquista- berta, restaura e desaliena as pessoas possuídas pelo das. No livro de Apocalipse, lemos o efeito devastador “espírito impuro”. do exército romano: “Vi aparecer um cavalo esver- deado. Seu montador chamava-se ‘morte’ e o Hades o acompanhava. Foi-lhe dado poder sobre a quarta O CENTRO BÍBLICO VERBO é um centro de estudo que parte da terra, para que exterminasse pela espada, está a serviço do povo de Deus, desenvolvendo uma pela fome, pela peste e pelas feras da terra” (Ap 6,8). leitura exegética, comunitária, ecumênica e popular No tempo de Jesus, o Império, que contava 350 mil da Bíblia. O Centro Bíblico oferece cursos regulares soldados, deslocou 8% do seu exército para a Palestina, de formação bíblica em diferentes modalidades e que representava apenas 1% do seu território. Espe- presta assessorias às dioceses, paróquias, comuni- cialmente na Galileia, terra de exploração e de muitas dades, colégios e congregações religiosas. Maiores informações pelo tel. (11) 5181-7450. Nossa página: revoltas, havia uma legião, a maior divisão do exército www.cbiblicoverbo.com.br. romano, que abrangia de 6 a 10 mil homens. A legião era APROFUNDAMENTO II catecismo sobre o seguimento de jesus “Tome a sua cruz e siga-me”. O seguimento de Je- introduzidas pelo segundo (Mc 9,30-32) e terceiro sus é o caminho da cruz, que está na contramão da anúncios (Mc 10,32-34): sociedade dominada pelo império romano e seus 1) “E chegaram a Cafarnaum. Em casa, ele lhes colaboradores. É uma sociedade organizada pelas perguntou: ‘Sobre que discutíeis no caminho?’. relações humanas de ganho, poder e privilégio. A Ficaram em silêncio, porque pelo caminho vi- comunidade cristã de Marcos, que professa Jesus nham discutindo sobre qual era o maior. Então de Nazaré como “Cristo”, não deve reproduzir as re- ele sentou, chamou os Doze e disse: ‘Se alguém lações de poder na vida cotidiana, mas estabelecer quiser ser o primeiro, seja o último de todos e o as relações de serviço e de comunhão. servo de todos’” (Mc 9,33-35). Quem é o maior? Após o primeiro anúncio da paixão, a comunida- Os discípulos ainda idealizam uma sociedade de de de Marcos descreve, em seu Evangelho, as ins- poder, de riqueza e de privilégio, que produz a truções sobre as relações internas da comunidade, segregação social. O caminho da cruz deve ser PÁG. 3
  • 4. reproduzido nas relações humanas da comuni- 5) “Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram até ele e dis- dade, baseada na vida de serviço sem interesse. seram-lhe: ‘Mestre, queremos que nos faças o que 2) “Disse-lhe João: ‘Mestre, vimos alguém que não te pedimos’. Ele perguntou: ‘Que quereis que vos nos segue expulsando demônios em teu nome, e faça?’. Disseram: ‘Concede-nos, na tua glória, que o impedimos porque não nos seguia’. Jesus, porém, sentemo-nos um à tua direita, outro à tua esquerda’ disse: ‘Não o impeçais, pois não há ninguém que [...]. Ouvindo isso, os dez começaram a indignar-se faça milagre em meu nome e logo depois possa contra Tiago e João. Chamando-os, Jesus lhes disse: falar mal de mim. Porque quem não é contra nós é ‘Sabeis que aqueles que vemos governar as nações por nós’” (Mc 9,38-40). Mais uma vez, deparamo-nos as dominam, e os seus grandes as tiranizam. Entre vós não será assim: ao contrário, aquele que dentre com a concepção dos discípulos de uma sociedade vós quiser ser grande, seja o vosso servidor, e aquele segregacionista de poder. Eles não estão dispostos que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o servo de a partilhar o poder e o privilégio. Querem o mo- todos’” (Mc 10,35-44). O projeto de Jesus não é ser nopólio e exclusividade no mistério da salvação. servido, mas servir ao próximo. Assim, é rejeitada, Hoje se compreende que a prática missionária não definitivamente, a aspiração dos discípulos ao reino é condenatória nem marcada por sectarismo. O messiânico davídico, no qual Jesus seria ungido cerne da missão é a promoção da justiça, liberdade como rei e assumiria o poder em Jerusalém. Essa e vida em todos os povos. rejeição é também da comunidade de Marcos por 3) “Traziam-lhe crianças para que as tocasse, mas os volta do ano 70 d.C. Ela rejeita juntar-se às revoltas discípulos as repreendiam. Vendo isso, Jesus ficou armadas dos vários líderes messiânicos e suas lutas indignado e disse: ‘Deixai as crianças virem a mim. por poder e privilégios. Não as impeçais, pois delas é o reino de Deus. Em O evangelho de Marcos registra três anúncios da verdade vos digo: aquele que não receber o reino paixão com o catecismo sobre o seguimento de Jesus de Deus como uma criança, não entrará nele’. En- na vida cotidiana da comunidade. Ao anunciar o cate- tão, abraçando-as, abençoou-as, impondo as mãos cismo do “caminho da cruz”, Jesus combate e corrige os sobre elas” (Mc 10,13-16). No mundo greco-romano discípulos que aspiram a poder e privilégio. É corrigida de produção e de ganho, a criança e o ancião são a aspiração messiânico-davídica ao poder de alguns considerados inúteis (cf. Sb 2,5-11) e representam membros da comunidade de Marcos. No caminho o grupo marginalizado. Mas o Reino, do ponto de do seguimento de Jesus, ela deve empenhar-se em vista de Jesus de Nazaré, é gratuidade de Deus, e examinar sempre a natureza de sua missão no mundo. nele as pessoas marginalizadas, que não são con- A comunidade, como o cego Bartimeu (10,46-52), sideradas, são acolhidas. deve abrir os olhos, deixar o manto do “Filho de Davi”, 4) “Então Jesus, olhando em torno, disse a seus discí- messias como rei poderoso, e seguir o caminho da pulos: ‘Como é difícil a quem tem riquezas entrar cruz do Jesus servo sofredor. Deve despojar-se de tudo o que o mundo de ambição ao poder, riqueza no reino de Deus!’. Os discípulos ficaram admirados e fama, prega e busca: “Pois o Filho do Homem não com essas palavras. Jesus, porém, continuou a di- veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida zer: ‘Filhos, como é difícil entrar no reino de Deus! em resgate por muitos” (10,45). É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus!” (Mc 10,23-25). A riqueza no império romano é fru- O CENTRO BÍBLICO VERBO é um centro de estudo que está a serviço do povo de Deus, desenvolvendo uma to da acumulação de bens por meio da injustiça: leitura exegética, comunitária, ecumênica e popular fraudação, espoliação e violência (Ap 13; 18). Ao da Bíblia. O Centro Bíblico oferece cursos regulares entrar no reino de Deus, a comunhão com o Deus de formação bíblica em diferentes modalidades e da vida, é preciso sair e combater essa sociedade presta assessorias às dioceses, paróquias, comuni- de ambição e injustiça, que explora o próximo e a dades, colégios e congregações religiosas. Maiores informações pelo tel. (11) 5181-7450. Nossa página: natureza. É necessário entrar no caminho da cruz, www.cbiblicoverbo.com.br. de servir e de partilhar a vida. Editora: Pia Sociedade de São Paulo - PAULUS (Paulinos) — Diretor: José Dias Goulart — Endereço: Rua Francisco Cruz, 229 - Vila Mariana - 04117-091 - São Paulo - SP - Tel. (11) 5087-3700 - Fax (11) 5579-3627 - editorial@paulus.com. br - www.paulus.com.br — Esta remessa de Bíblia-Gente é uma gentileza da PAULUS e não pode ser vendida. PÁG. 4