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O BRINCAR EM DOIS ATOS: O LÚDICO E A CRIAÇÃO

    Laura Nicele Kreutz1, Lívia Benedetti Pereira2, Mariani da Silva3, Melissa Schneider Scherer4,
                              Patrícia Dickel5 e Maria Elisabete Bersch6


RESUMO: O artigo tem como objetivo apresentar o projeto “Sala Azul: organizando um espaço lúdico para a aprendizagem”,
desenvolvido em uma escola de educação básica do município de Lajeado/RS, como ação do Programa Institucional
de Bolsistas de Iniciação a Docência (PIBID). É voltado para a importância do brincar no desenvolvimento integral da
criança, fazendo uma ponte para apropriação da alfabetização na primeira etapa da educação. O projeto tem como objetivo
potencializar o ambiente lúdico existente na escola, ampliando o acervo de recursos com jogos e brinquedos confeccionados
com o auxílio de alunos do educandário. Espera-se, desta forma, oportunizar às crianças envolvidas situações diferenciadas
de aprendizagem, contribuindo para o desenvolvimento da criatividade, responsabilidade e cidadania.
PALAVRAS-CHAVE: Criança. Brincar. Ambiente lúdico. Aprendizagem.


1 INTRODUÇÃO
       O presente artigo tem como foco o brincar como uma ferramenta lúdica para a aprendizagem.
A partir deste tema, foi elaborado um projeto que tem como norte a alfabetização por meio da
ludicidade e que vem sendo desenvolvido em uma escola ciclada do município de Lajeado/RS,
pelos bolsistas do Programa Institucional de Bolsistas de Iniciação à Docência (PIBID)7, subprojeto
de Pedagogia, levado a efeito por meio do Centro Universitário Univates.
       O projeto decorre de um processo de estudos que compreendeu as seguintes etapas:
análise do Projeto Político Pedagógico e do Regimento da escola parceira; visitas para conhecer
a realidade escolar e conversa com a professora supervisora do PIBID na escola e com a equipe
diretiva; aprofundamento teórico referente aos temas alfabetização e a importância do brincar para
a aprendizagem e elaboração da proposta de ação.
       Considerando as observações realizadas na escola bem como as manifestações dos
profissionais que nela atuam, foi identificada a necessidade de um trabalho efetivo na “Sala Azul”,
um ambiente lúdico utilizado pelas crianças para as aulas de educação física. Este ambiente pode


1 Estudante do curso de Pedagogia, bolsista do PIBID-Univates. laurakreutz@gmail.com

2 Estudante do curso de Pedagogia, bolsista do PIBID-Univates. liviabenedetti@hotmail.com

3 Estudante do curso de Pedagogia, bolsista do PIBID-Univates. iannidasilva@gmail.com

4 Estudante do curso de Pedagogia, bolsista do PIBID-Univates. melissas@universo.univates.br

5 Estudante do curso de Pedagogia, bolsista do PIBID-Univates. patriciadickel1@yahoo.com.br

6 Professora do Curso de Pedagogia do Centro Universitário UNIVATES. Mestre em Educação. Orientadora do Subprojeto
  de Pedagogia e deste artigo. bete@univates.br

7 Programa oferecido pela CAPES, tendo como objetivo a qualificação da formação de professores mediante a concessão
  de bolsas de iniciação à docência para estudantes de cursos de licenciatura.

                                                       - 107 -
REVISTA DESTAQUES ACADÊMICOS, ANO 3, N. 2, 2011 - CCHJ/UNIVATES

ser potencializado, para que favoreça o desenvolvimento integral da criança, propicie interações
espontâneas e contribua com o processo de alfabetização, levando em conta o jogo simbólico e a
ludicidade.
       O projeto envolve alunos do 1º e 2º ciclo, que corresponde à infância (6 a 9 anos) e pré-
adolescência (faixa etária de 9 a 12 anos), na confecção de jogos e brinquedos para o ambiente.
Paralelamente são realizados momentos de atividades dirigidas para exploração destes recursos.
       No primeiro semestre de 2011 deu-se início à primeira fase do projeto, que consistiu na
seleção, confecção e aplicação de recursos pedagógicos, e posterior organização, em conjunto com
alunos da escola, do espaço lúdico.
       Este artigo está organizado em três seções: a primeira apresenta o referencial teórico que
sustenta a proposta; na segunda, apresenta-se o projeto, e na terceira, são tecidas algumas reflexões
sobre os resultados parciais do presente estudo.

2 O BRINCAR E A APRENDIZAGEM

                                                                                             Como já dizia Toquinho:
                                                                                                   “É bom ser criança...
                                                                                          Só brincar, brincar, brincar...
                                                                               Bem que isso podia nunca mais ter fim...”

       Brincar sempre foi e sempre será uma atividade espontânea e prazerosa, acessível a todo
ser humano de qualquer faixa etária, classe social ou condição econômica. Não é mais concebido
como um mero passatempo, como em tempos atrás. Diferentes autores consideram que o brincar
é comunicação e expressão que associa pensamento e ação; um ato instintivo, voluntário; uma
atividade exploratória que proporciona desenvolvimento físico, mental, emocional e social da
criança; é um meio de aprender a viver.
        De acordo com alguns pensadores, o ato de brincar realizado pelas crianças permite que elas
se desenvolvam, favorecendo a aquisição e/ou o aprimoramento de habilidades como a linguagem
oral e escrita, a motricidade, a atenção e o raciocínio lógico. Um dos papéis da escola no mundo
contemporâneo é ser potencializadora destas habilidades, fazendo uso do ato de brincar como
facilitador da aprendizagem, promovendo, desta forma, a qualificação da educação em nosso país e
redução da evasão escolar.
       Conforme Campos (2001), o jogo é a mais importante das atividades da infância, pois a criança
necessita brincar, jogar, criar e inventar para manter seu equilíbrio com o mundo. A importância da
inserção e utilização dos brinquedos, jogos e brincadeiras na prática pedagógica é uma realidade
que se impõe ao professor. Brinquedos não devem ser explorados só para lazer, mas também como
elementos enriquecedores dos processos de ensino e de aprendizagem.
       O ato de brincar, ao caracterizar-se como atividade lúdica que não incide em um determinado
produto final decorrente, favorece a criatividade e a exploração de múltiplas possibilidades para
o alcance dos objetivos aos quais os sujeitos envolvidos se propõem. Como destaca Riley (apud
BONAMIGO; KUDE, 1991, p. 17):

                 Brincar, antes de mais nada, é um processo e não um produto e talvez seja esta diferença fundamental
                 entre brinquedo e trabalho. Brincar não é um fim de uma atividade ou o resultado de uma experiência;
                 é a própria atividade e experiência e envolve a participação total do individuo no processo.

      De acordo com Piaget (1994), a atividade lúdica é todo e qualquer movimento que tem
como objetivo produzir prazer desde sua execução, ou seja, divertir o praticante, e é por meio de

                                                   - 108 -
REVISTA DESTAQUES ACADÊMICOS, ANO 3, N. 2, 2011 - CCHJ/UNIVATES

atividades interessantes que se desperta a curiosidade e o prazer em construir conhecimentos a
partir da interação com o meio físico e social.
        Para Erickson (1950), o brincar é atividade básica, em que a criança está fazendo um pouco
de tudo, encontrando alegria em investir e conquistar o ambiente. É necessário oportunizar tempo
para ela expressar ludicamente pensamentos e emoções de forma espontânea. Neste sentido, cabe
ressaltar que a expressão e organização do pensamento e o desenvolvimento da linguagem oral,
oportunizados no ato de brincar, são imprescindíveis para a aquisição da linguagem escrita. Além
disso, ao explorar de forma concreta o ambiente em que vivem, as crianças procedem a leitura do
mundo e da imagem, estabelecendo os fundamentos para o pensamento abstrato.
       O ato de brincar pode ocorrer das mais diversas formas: individual ou, coletivamente,
dirigida ou livre. Todas elas trazem algum benefício para as crianças. Ao interagirem com o outro
ou com um brinquedo, os pequenos desenvolvem, por exemplo, a socialização, compreendendo
que no mundo há mais pessoas, além daquelas do seu convívio familiar, aprendendo a arte do
relacionamento interpessoal. Essas experiências são fundamentais para eles, pois brincando são
desenvolvidas muitas habilidades e competências necessárias para a vida adulta e para a convivência
do ser humano na sociedade.
                                                                                  8
        Para Papalia, Olds e Feldman (2006), a teoria sociocultural proposta por Vygostky trata
do envolvimento ativo das crianças com seu ambiente e observa um crescimento cooperativo, em
que a aprendizagem ocorre por meio da interação social. As crianças desenvolvem habilidades
cognitivas, emocionais e sociais relacionadas a um modo de vida. Desenvolvem a linguagem, que
gradativamente passa a ser compreendida em suas funções de representar o mundo e as relações
sociais e sobre eles agir, como mecanismo de expressão e comunicação intra e interpessoal. Dessa
maneira, a atividade lúdica fornece às crianças um melhor desenvolvimento, seja ele cognitivo,
motor, social ou afetivo. Além disso, ao brincar, as crianças estão estimulando a criatividade,
a autoconfiança, a autonomia e a própria curiosidade pelas brincadeiras e jogos, garantindo o
desenvolvimento de novos conhecimentos.
    A importância social do ato de brincar também é enfatizada por De Gáspari (apud BARBOSA;
CAMPAGNA, 2009, p 149-150), ao afirmar que:

                    Brincar, um direito legalmente assegurado ao ser humano, é o caminho para edificação de uma
                    sociedade autônoma, justa, cooperativa, solidária, humana, igualitária, por ser uma manifestação de
                    liberdade individual e uma possibilidade de tornar livre toda uma geração. É pelo fato de todo o ser
                    humano precisar brincar para humanizar-se que a brincadeira existe.

     É no ato de brincar que as crianças entendem o mundo e aos poucos internalizam o sentido
do mundo real; é com ele que potencializam as suas emoções, sentimentos, interesses.
       O direito e a necessidade de brincar das crianças não são anuais e tampouco mensais. Como a
maioria das atividades realizadas pelos adultos, na vida não existe somente o trabalho, mas também
momentos de lazer e de diversão. De acordo com Lopes (2005, p. 35), “o jogo para a criança é o
raciocínio, é a preparação para vida adulta. A criança aprende brincando, é o exercício que a faz
desenvolver suas potencialidades”.
      Na atual organização social, a escola é um dos locais mais frequentados pelas crianças, que
passam, muitas vezes, mais tempo com os professores do que com os próprios pais. Sendo assim, a




8 Essa teoria trata da relação do desenvolvimento cognitivo com a interação social do individuo. O conhecimento se dá
  através das interações dos sujeitos com o meio e com os outros indivíduos.

                                                      - 109 -
REVISTA DESTAQUES ACADÊMICOS, ANO 3, N. 2, 2011 - CCHJ/UNIVATES

escola precisa estar atenta à necessidade da criança de brincar, trazendo, cada vez mais, o mundo
infantil para dentro da sala de aula.
       Quando ingressam nos anos iniciais ou no primeiro ciclo9 do ensino fundamental, fase
em que o processo de alfabetização é trabalhado de forma mais sistematizada, algumas crianças
sofrem um grande impacto, pois, em muitos contextos educacionais, chegou a “hora de estudar”,
permanecendo o brincar em segundo plano. Antes, na educação infantil a prioridade era brincar,
brincar muito de várias maneiras e do jeito que a criança quisesse. Agora à escrita e ao registro são
dados maior importância. Nem sempre o espaço para o ato de brincar nesta fase escolar é mantido. É
imprescindível que, na transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, o ato de brincar
seja mantido, possibilitando que o processo de alfabetização e de construção de conhecimento nas
diferentes áreas ocorra num ambiente rico em recursos e estratégias que oportunizem a exploração
e o aprimoramento da linguagem.
       Concorda-se com Maluf (2003), quando salienta que o lúdico precisa estar ao lado do
professor, acompanhando-o no desenvolvimento das aulas em virtude dos muitos benefícios que
traz para a aprendizagem, possibilitando um ambiente mais contextualizado e englobando todas as
percepções infantis no processo de aprendizagem.
      Na medida em que o brincar oportuniza a construção de conhecimento, promovendo
aprendizagem significativa, também é fundamental para o desenvolvimento da linguagem e o
aprendizado da língua escrita, no processo de alfabetização.

3 AS PRIMEIRAS AÇÕES DO PROJETO “SALA AZUL: ORGANIZANDO UM ESPAÇO
LÚDICO PARA A APRENDIZAGEM”
       O projeto “Sala Azul: organizando um espaço lúdico para a aprendizagem” foi elaborado
a partir da análise contextual de uma escola pública do município de Lajeado/RS. A primeira
aproximação da realidade do educandário foi realizada por meio da análise do Projeto Político
Pedagógico e do Regimento do educandário. Este estudo requereu uma imersão na teoria, com o
objetivo de compreender melhor a proposta educacional da escola. Paralelamente, foram realizadas
algumas visitas à instituição parceira, oportunizando conhecer melhor a realidade local mediante
a observação do cotidiano e de entrevistas com profissionais e alunos que integram a comunidade
escolar.
       Ao longo deste processo inicial, foi identificada a necessidade e o desejo da escola em
potencializar um ambiente escolar como espaço lúdico de aprendizagem, favorecendo a organização
de atividades que valorizem o brincar no processo de aprendizagem e, especialmente, na
alfabetização. O espaço sugerido pelo educandário consiste numa sala anexa ao ginásio desportivo
da escola, atualmente utilizada, em alguns momentos, para a prática de educação física, apelidada
pelos alunos, de Sala Azul.
        A escola encontra-se organizada em regime de ciclos. As turmas são divididas conforme as
fases: infância, pré-adolescência e adolescência, sendo que o primeiro ciclo corresponde à infância
(5 anos e 7 meses a 9 anos), o segundo se refere à pré-adolescência (9 a 12 anos), e o último à
adolescência (12 a 15 anos). A opção da escola pelo regime ciclado encontra-se amparada pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB n° 9394/96, cujo art. 23 regulamenta que as escolas
têm a liberdade de escolher a forma de organização.
      Como apresentado anteriormente, observando a necessidade das crianças em brincar, bem
como o desejo manifestado pela comunidade escolar, sugeriu-se a revitalização da “Sala Azul”,


9 Conforme organização de cada educandário - organização curricular por série/ano ou por ciclos.

                                                     - 110 -
REVISTA DESTAQUES ACADÊMICOS, ANO 3, N. 2, 2011 - CCHJ/UNIVATES

com o objetivo de criar um espaço lúdico de convivência que propicie interações espontâneas,
e contribuir com o processo de alfabetização, levando em conta o jogo simbólico e a ludicidade.
O projeto prevê as seguintes fases: confecção de materiais pedagógicos diversos, exploração dos
mesmos e organização do espaço oportunizando a construção de conhecimento. Todas as fases
foram planejadas para envolver ativamente alunos do educandário.
       Durante a primeira fase, atualmente em desenvolvimento, alunos do segundo ciclo, no turno
oposto ao da aula regular, auxiliados pelos bolsistas do PIBID-Univates, reúnem-se periodicamente
para confeccionar jogos e brinquedos que comporão o acervo da Azuldoteca - como passou a ser
chamada carinhosamente a sala após o início do projeto. Como o número de crianças interessadas
em participar do projeto foi grande, as mesmas foram organizadas em três grupos que se alternam
em períodos quinzenais: dois pela tarde e um pela manhã.
       As atividades de confecção de materiais pedagógicos diversos iniciaram-se no mês de março
de 2011, com a realização de um levantamento com o grupo sobre brinquedos e jogos pedagógicos
que gostariam de criar e da apresentação de sugestões por parte dos bolsistas. Da mesma forma,
as regras de cada jogo estão sendo organizadas pelos participantes. Buscando, ainda, promover a
consciência ambiental, é dada preferência para a reutilização ou reciclagem de sucatas recolhidas
pela própria comunidade escolar. As imagens abaixo apresentam alguns jogos e brinquedos
desenvolvidos no projeto.
FIGURA 1 - Imagens de brinquedos e jogos confeccionados no projeto.




Fonte: Arquivos do projeto.


                                               - 111 -
REVISTA DESTAQUES ACADÊMICOS, ANO 3, N. 2, 2011 - CCHJ/UNIVATES

       Como pode ser conferido no QUADRO 1, todo o processo, desde a seleção até a criação dos
jogos e brinquedos, envolve a participação ativa dos alunos envolvidos no projeto. Esta é também
a orientação para a fase seguinte, atendendo a uma proposta de ação colaborativa entre o PIBID-
Univates e a escola.
QUADRO 1: Detalhamento do cronograma da primeira fase do projeto

                          Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho
         Etapas
                           2010     2010     2010     2011    2011    2011 2011 2011 2011 2011
Observação na escola         x       x
Elaboração do projeto                   x
Pesquisa bibliográfica                  x           x
Pesquisa com os alunos
                                                    x
e professores da escola
Escolha de brinquedos
e jogos que deverão ser                             x          x         x
elaborados
Definir com a escola os
jogos e brinquedos a                                                     x
serem produzidos
Elaboração dos
brinquedos e jogos                                                                x         x   x
junto com as crianças
Organização da sala                                                                                 x
Inauguração do
                                                                                                        x
ambiente
Avaliação das
atividades                                                                                  x   x   x   x
desenvolvidas
Planejamento da
                                                                                                    x   x
segunda fase
Fonte: Das autoras do projeto Sala Azul: organizando um espaço lúdico para a aprendizagem


        Na medida em que os recursos didáticos estão sendo confeccionados constata-se a necessidade
iniciar a sua exploração, buscando maior envolvimento da comunidade escolar. A proposta foi
readequada, e os bolsistas começaram a organização de momentos que possibilitassem a utilização
dos jogos, nas turmas do educandário. Até o momento, foi realizada uma sessão de aplicação
destes jogos e brinquedos nas turmas da primeira e segunda etapa do segundo ciclo. Ao longo
das atividades, foi possível perceber a importância desses jogos no processo de aprendizagem. Na
turma da segunda etapa do primeiro ciclo, por exemplo, por meio dos jogos, foi possível identificar
as fases da alfabetização em que cada criança se encontra. Esta intervenção possibilitou realizar
uma avaliação dos jogos elaborados em relação às necessidades de aprendizagem dos alunos deste
educandário. Na segunda fase do projeto, prevista para o segundo semestre de 2011, propõe-se que
os alunos do segundo ciclo, que participaram da confecção dos brinquedos e da organização do
espaço, orientados pelos bolsistas do projeto, promovam momentos de brincar com os alunos do
primeiro ciclo.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
       O projeto encontra-se ainda em fase inicial. O primeiro contato com as crianças ocorreu
a partir da sondagem realizada junto aos alunos, das preferências dos mesmos para a criação
deste novo ambiente. A proposta foi bem acolhida pelos alunos do segundo ciclo, o que pode ser

                                                    - 112 -
REVISTA DESTAQUES ACADÊMICOS, ANO 3, N. 2, 2011 - CCHJ/UNIVATES

constatado pelo número de crianças que se interessou em participar das atividades. O grupo tem
colaborado para garantir o recolhimento de materiais que possam ser transformados em brinquedos
e, até o momento, já foram confeccionados alguns como bonecos e bilboquês, jogos como trilhas e
jogos de memória.
       Além de promover a aquisição e/ou qualificação de habilidades necessárias para a criação
de cada jogo ou brinquedo, os encontros configuram-se como momentos ricos de socialização,
promovendo o desenvolvimento do senso crítico e de responsabilidade, do respeito mútuo,
do trabalho colaborativo e do espírito de equipe, fundamentais para a promoção da cidadania
responsável.
       No decorrer de 2011, poderão ser visualizados os impactos do projeto para o processo de
ensino e aprendizagem, tanto dos alunos envolvidos com a organização do espaço, quanto daqueles
que estarão explorando, posteriormente, o novo ambiente lúdico.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Felipe Soligo; CAMPAGNA, Jossett. A animação sociocultural e o segmento idoso: reflexões e
sugestões. In: Nelson Carvalho Marcellino (Org.). Lazer e recreação: repertório de atividades por fases da
vida. Campinas, São Paulo: Papirus, 2009.

BONAMIGO, Euza Maria de R.; KUDE, Vera Maria M. Brincar: brincadeira ou coisa séria? Porto Alegre:
Educação e Realidade, 1991.

BRASIL. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em: 09 set. 2010.

CAMPOS, Maria Célia Rabello Malta. A importância do jogo na aprendizagem. São Paulo: USP, 2001.

CHEMIN, Beatris F. Manual da Univates para trabalhos acadêmicos: planejamento, elaboração e
apresentação. Lajeado: Univates, 2010. E-book. Disponível em: <www.univates.br>. Acesso em: 10 jan. 2011.

COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR. Projeto PIBID.
Disponível em: <http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid>. Acesso em: 28 mar. 2011.

ERIKSON, Erik. Infância e da sociedade. New York: Norton, 1950.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra,
1996 (Coleção Leitura).

FREITAS, Luiz Carlos de. Ciclos, seriação e avaliação: confrontos de lógicas. São Paulo: Moderna, 2003.

LOPES, Maria da Gloria. Jogos na educação: criar, fazer jogos. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2005.

MALUF, Ângela C. Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally W.; FELDMAN, Ruth D. Desenvolvimento humano. Porto Alegre,
Artmed, 2006.




                                                  - 113 -
O brincar e a criação

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  • 1. O BRINCAR EM DOIS ATOS: O LÚDICO E A CRIAÇÃO Laura Nicele Kreutz1, Lívia Benedetti Pereira2, Mariani da Silva3, Melissa Schneider Scherer4, Patrícia Dickel5 e Maria Elisabete Bersch6 RESUMO: O artigo tem como objetivo apresentar o projeto “Sala Azul: organizando um espaço lúdico para a aprendizagem”, desenvolvido em uma escola de educação básica do município de Lajeado/RS, como ação do Programa Institucional de Bolsistas de Iniciação a Docência (PIBID). É voltado para a importância do brincar no desenvolvimento integral da criança, fazendo uma ponte para apropriação da alfabetização na primeira etapa da educação. O projeto tem como objetivo potencializar o ambiente lúdico existente na escola, ampliando o acervo de recursos com jogos e brinquedos confeccionados com o auxílio de alunos do educandário. Espera-se, desta forma, oportunizar às crianças envolvidas situações diferenciadas de aprendizagem, contribuindo para o desenvolvimento da criatividade, responsabilidade e cidadania. PALAVRAS-CHAVE: Criança. Brincar. Ambiente lúdico. Aprendizagem. 1 INTRODUÇÃO O presente artigo tem como foco o brincar como uma ferramenta lúdica para a aprendizagem. A partir deste tema, foi elaborado um projeto que tem como norte a alfabetização por meio da ludicidade e que vem sendo desenvolvido em uma escola ciclada do município de Lajeado/RS, pelos bolsistas do Programa Institucional de Bolsistas de Iniciação à Docência (PIBID)7, subprojeto de Pedagogia, levado a efeito por meio do Centro Universitário Univates. O projeto decorre de um processo de estudos que compreendeu as seguintes etapas: análise do Projeto Político Pedagógico e do Regimento da escola parceira; visitas para conhecer a realidade escolar e conversa com a professora supervisora do PIBID na escola e com a equipe diretiva; aprofundamento teórico referente aos temas alfabetização e a importância do brincar para a aprendizagem e elaboração da proposta de ação. Considerando as observações realizadas na escola bem como as manifestações dos profissionais que nela atuam, foi identificada a necessidade de um trabalho efetivo na “Sala Azul”, um ambiente lúdico utilizado pelas crianças para as aulas de educação física. Este ambiente pode 1 Estudante do curso de Pedagogia, bolsista do PIBID-Univates. laurakreutz@gmail.com 2 Estudante do curso de Pedagogia, bolsista do PIBID-Univates. liviabenedetti@hotmail.com 3 Estudante do curso de Pedagogia, bolsista do PIBID-Univates. iannidasilva@gmail.com 4 Estudante do curso de Pedagogia, bolsista do PIBID-Univates. melissas@universo.univates.br 5 Estudante do curso de Pedagogia, bolsista do PIBID-Univates. patriciadickel1@yahoo.com.br 6 Professora do Curso de Pedagogia do Centro Universitário UNIVATES. Mestre em Educação. Orientadora do Subprojeto de Pedagogia e deste artigo. bete@univates.br 7 Programa oferecido pela CAPES, tendo como objetivo a qualificação da formação de professores mediante a concessão de bolsas de iniciação à docência para estudantes de cursos de licenciatura. - 107 -
  • 2. REVISTA DESTAQUES ACADÊMICOS, ANO 3, N. 2, 2011 - CCHJ/UNIVATES ser potencializado, para que favoreça o desenvolvimento integral da criança, propicie interações espontâneas e contribua com o processo de alfabetização, levando em conta o jogo simbólico e a ludicidade. O projeto envolve alunos do 1º e 2º ciclo, que corresponde à infância (6 a 9 anos) e pré- adolescência (faixa etária de 9 a 12 anos), na confecção de jogos e brinquedos para o ambiente. Paralelamente são realizados momentos de atividades dirigidas para exploração destes recursos. No primeiro semestre de 2011 deu-se início à primeira fase do projeto, que consistiu na seleção, confecção e aplicação de recursos pedagógicos, e posterior organização, em conjunto com alunos da escola, do espaço lúdico. Este artigo está organizado em três seções: a primeira apresenta o referencial teórico que sustenta a proposta; na segunda, apresenta-se o projeto, e na terceira, são tecidas algumas reflexões sobre os resultados parciais do presente estudo. 2 O BRINCAR E A APRENDIZAGEM Como já dizia Toquinho: “É bom ser criança... Só brincar, brincar, brincar... Bem que isso podia nunca mais ter fim...” Brincar sempre foi e sempre será uma atividade espontânea e prazerosa, acessível a todo ser humano de qualquer faixa etária, classe social ou condição econômica. Não é mais concebido como um mero passatempo, como em tempos atrás. Diferentes autores consideram que o brincar é comunicação e expressão que associa pensamento e ação; um ato instintivo, voluntário; uma atividade exploratória que proporciona desenvolvimento físico, mental, emocional e social da criança; é um meio de aprender a viver. De acordo com alguns pensadores, o ato de brincar realizado pelas crianças permite que elas se desenvolvam, favorecendo a aquisição e/ou o aprimoramento de habilidades como a linguagem oral e escrita, a motricidade, a atenção e o raciocínio lógico. Um dos papéis da escola no mundo contemporâneo é ser potencializadora destas habilidades, fazendo uso do ato de brincar como facilitador da aprendizagem, promovendo, desta forma, a qualificação da educação em nosso país e redução da evasão escolar. Conforme Campos (2001), o jogo é a mais importante das atividades da infância, pois a criança necessita brincar, jogar, criar e inventar para manter seu equilíbrio com o mundo. A importância da inserção e utilização dos brinquedos, jogos e brincadeiras na prática pedagógica é uma realidade que se impõe ao professor. Brinquedos não devem ser explorados só para lazer, mas também como elementos enriquecedores dos processos de ensino e de aprendizagem. O ato de brincar, ao caracterizar-se como atividade lúdica que não incide em um determinado produto final decorrente, favorece a criatividade e a exploração de múltiplas possibilidades para o alcance dos objetivos aos quais os sujeitos envolvidos se propõem. Como destaca Riley (apud BONAMIGO; KUDE, 1991, p. 17): Brincar, antes de mais nada, é um processo e não um produto e talvez seja esta diferença fundamental entre brinquedo e trabalho. Brincar não é um fim de uma atividade ou o resultado de uma experiência; é a própria atividade e experiência e envolve a participação total do individuo no processo. De acordo com Piaget (1994), a atividade lúdica é todo e qualquer movimento que tem como objetivo produzir prazer desde sua execução, ou seja, divertir o praticante, e é por meio de - 108 -
  • 3. REVISTA DESTAQUES ACADÊMICOS, ANO 3, N. 2, 2011 - CCHJ/UNIVATES atividades interessantes que se desperta a curiosidade e o prazer em construir conhecimentos a partir da interação com o meio físico e social. Para Erickson (1950), o brincar é atividade básica, em que a criança está fazendo um pouco de tudo, encontrando alegria em investir e conquistar o ambiente. É necessário oportunizar tempo para ela expressar ludicamente pensamentos e emoções de forma espontânea. Neste sentido, cabe ressaltar que a expressão e organização do pensamento e o desenvolvimento da linguagem oral, oportunizados no ato de brincar, são imprescindíveis para a aquisição da linguagem escrita. Além disso, ao explorar de forma concreta o ambiente em que vivem, as crianças procedem a leitura do mundo e da imagem, estabelecendo os fundamentos para o pensamento abstrato. O ato de brincar pode ocorrer das mais diversas formas: individual ou, coletivamente, dirigida ou livre. Todas elas trazem algum benefício para as crianças. Ao interagirem com o outro ou com um brinquedo, os pequenos desenvolvem, por exemplo, a socialização, compreendendo que no mundo há mais pessoas, além daquelas do seu convívio familiar, aprendendo a arte do relacionamento interpessoal. Essas experiências são fundamentais para eles, pois brincando são desenvolvidas muitas habilidades e competências necessárias para a vida adulta e para a convivência do ser humano na sociedade. 8 Para Papalia, Olds e Feldman (2006), a teoria sociocultural proposta por Vygostky trata do envolvimento ativo das crianças com seu ambiente e observa um crescimento cooperativo, em que a aprendizagem ocorre por meio da interação social. As crianças desenvolvem habilidades cognitivas, emocionais e sociais relacionadas a um modo de vida. Desenvolvem a linguagem, que gradativamente passa a ser compreendida em suas funções de representar o mundo e as relações sociais e sobre eles agir, como mecanismo de expressão e comunicação intra e interpessoal. Dessa maneira, a atividade lúdica fornece às crianças um melhor desenvolvimento, seja ele cognitivo, motor, social ou afetivo. Além disso, ao brincar, as crianças estão estimulando a criatividade, a autoconfiança, a autonomia e a própria curiosidade pelas brincadeiras e jogos, garantindo o desenvolvimento de novos conhecimentos. A importância social do ato de brincar também é enfatizada por De Gáspari (apud BARBOSA; CAMPAGNA, 2009, p 149-150), ao afirmar que: Brincar, um direito legalmente assegurado ao ser humano, é o caminho para edificação de uma sociedade autônoma, justa, cooperativa, solidária, humana, igualitária, por ser uma manifestação de liberdade individual e uma possibilidade de tornar livre toda uma geração. É pelo fato de todo o ser humano precisar brincar para humanizar-se que a brincadeira existe. É no ato de brincar que as crianças entendem o mundo e aos poucos internalizam o sentido do mundo real; é com ele que potencializam as suas emoções, sentimentos, interesses. O direito e a necessidade de brincar das crianças não são anuais e tampouco mensais. Como a maioria das atividades realizadas pelos adultos, na vida não existe somente o trabalho, mas também momentos de lazer e de diversão. De acordo com Lopes (2005, p. 35), “o jogo para a criança é o raciocínio, é a preparação para vida adulta. A criança aprende brincando, é o exercício que a faz desenvolver suas potencialidades”. Na atual organização social, a escola é um dos locais mais frequentados pelas crianças, que passam, muitas vezes, mais tempo com os professores do que com os próprios pais. Sendo assim, a 8 Essa teoria trata da relação do desenvolvimento cognitivo com a interação social do individuo. O conhecimento se dá através das interações dos sujeitos com o meio e com os outros indivíduos. - 109 -
  • 4. REVISTA DESTAQUES ACADÊMICOS, ANO 3, N. 2, 2011 - CCHJ/UNIVATES escola precisa estar atenta à necessidade da criança de brincar, trazendo, cada vez mais, o mundo infantil para dentro da sala de aula. Quando ingressam nos anos iniciais ou no primeiro ciclo9 do ensino fundamental, fase em que o processo de alfabetização é trabalhado de forma mais sistematizada, algumas crianças sofrem um grande impacto, pois, em muitos contextos educacionais, chegou a “hora de estudar”, permanecendo o brincar em segundo plano. Antes, na educação infantil a prioridade era brincar, brincar muito de várias maneiras e do jeito que a criança quisesse. Agora à escrita e ao registro são dados maior importância. Nem sempre o espaço para o ato de brincar nesta fase escolar é mantido. É imprescindível que, na transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, o ato de brincar seja mantido, possibilitando que o processo de alfabetização e de construção de conhecimento nas diferentes áreas ocorra num ambiente rico em recursos e estratégias que oportunizem a exploração e o aprimoramento da linguagem. Concorda-se com Maluf (2003), quando salienta que o lúdico precisa estar ao lado do professor, acompanhando-o no desenvolvimento das aulas em virtude dos muitos benefícios que traz para a aprendizagem, possibilitando um ambiente mais contextualizado e englobando todas as percepções infantis no processo de aprendizagem. Na medida em que o brincar oportuniza a construção de conhecimento, promovendo aprendizagem significativa, também é fundamental para o desenvolvimento da linguagem e o aprendizado da língua escrita, no processo de alfabetização. 3 AS PRIMEIRAS AÇÕES DO PROJETO “SALA AZUL: ORGANIZANDO UM ESPAÇO LÚDICO PARA A APRENDIZAGEM” O projeto “Sala Azul: organizando um espaço lúdico para a aprendizagem” foi elaborado a partir da análise contextual de uma escola pública do município de Lajeado/RS. A primeira aproximação da realidade do educandário foi realizada por meio da análise do Projeto Político Pedagógico e do Regimento do educandário. Este estudo requereu uma imersão na teoria, com o objetivo de compreender melhor a proposta educacional da escola. Paralelamente, foram realizadas algumas visitas à instituição parceira, oportunizando conhecer melhor a realidade local mediante a observação do cotidiano e de entrevistas com profissionais e alunos que integram a comunidade escolar. Ao longo deste processo inicial, foi identificada a necessidade e o desejo da escola em potencializar um ambiente escolar como espaço lúdico de aprendizagem, favorecendo a organização de atividades que valorizem o brincar no processo de aprendizagem e, especialmente, na alfabetização. O espaço sugerido pelo educandário consiste numa sala anexa ao ginásio desportivo da escola, atualmente utilizada, em alguns momentos, para a prática de educação física, apelidada pelos alunos, de Sala Azul. A escola encontra-se organizada em regime de ciclos. As turmas são divididas conforme as fases: infância, pré-adolescência e adolescência, sendo que o primeiro ciclo corresponde à infância (5 anos e 7 meses a 9 anos), o segundo se refere à pré-adolescência (9 a 12 anos), e o último à adolescência (12 a 15 anos). A opção da escola pelo regime ciclado encontra-se amparada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB n° 9394/96, cujo art. 23 regulamenta que as escolas têm a liberdade de escolher a forma de organização. Como apresentado anteriormente, observando a necessidade das crianças em brincar, bem como o desejo manifestado pela comunidade escolar, sugeriu-se a revitalização da “Sala Azul”, 9 Conforme organização de cada educandário - organização curricular por série/ano ou por ciclos. - 110 -
  • 5. REVISTA DESTAQUES ACADÊMICOS, ANO 3, N. 2, 2011 - CCHJ/UNIVATES com o objetivo de criar um espaço lúdico de convivência que propicie interações espontâneas, e contribuir com o processo de alfabetização, levando em conta o jogo simbólico e a ludicidade. O projeto prevê as seguintes fases: confecção de materiais pedagógicos diversos, exploração dos mesmos e organização do espaço oportunizando a construção de conhecimento. Todas as fases foram planejadas para envolver ativamente alunos do educandário. Durante a primeira fase, atualmente em desenvolvimento, alunos do segundo ciclo, no turno oposto ao da aula regular, auxiliados pelos bolsistas do PIBID-Univates, reúnem-se periodicamente para confeccionar jogos e brinquedos que comporão o acervo da Azuldoteca - como passou a ser chamada carinhosamente a sala após o início do projeto. Como o número de crianças interessadas em participar do projeto foi grande, as mesmas foram organizadas em três grupos que se alternam em períodos quinzenais: dois pela tarde e um pela manhã. As atividades de confecção de materiais pedagógicos diversos iniciaram-se no mês de março de 2011, com a realização de um levantamento com o grupo sobre brinquedos e jogos pedagógicos que gostariam de criar e da apresentação de sugestões por parte dos bolsistas. Da mesma forma, as regras de cada jogo estão sendo organizadas pelos participantes. Buscando, ainda, promover a consciência ambiental, é dada preferência para a reutilização ou reciclagem de sucatas recolhidas pela própria comunidade escolar. As imagens abaixo apresentam alguns jogos e brinquedos desenvolvidos no projeto. FIGURA 1 - Imagens de brinquedos e jogos confeccionados no projeto. Fonte: Arquivos do projeto. - 111 -
  • 6. REVISTA DESTAQUES ACADÊMICOS, ANO 3, N. 2, 2011 - CCHJ/UNIVATES Como pode ser conferido no QUADRO 1, todo o processo, desde a seleção até a criação dos jogos e brinquedos, envolve a participação ativa dos alunos envolvidos no projeto. Esta é também a orientação para a fase seguinte, atendendo a uma proposta de ação colaborativa entre o PIBID- Univates e a escola. QUADRO 1: Detalhamento do cronograma da primeira fase do projeto Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Etapas 2010 2010 2010 2011 2011 2011 2011 2011 2011 2011 Observação na escola x x Elaboração do projeto x Pesquisa bibliográfica x x Pesquisa com os alunos x e professores da escola Escolha de brinquedos e jogos que deverão ser x x x elaborados Definir com a escola os jogos e brinquedos a x serem produzidos Elaboração dos brinquedos e jogos x x x junto com as crianças Organização da sala x Inauguração do x ambiente Avaliação das atividades x x x x desenvolvidas Planejamento da x x segunda fase Fonte: Das autoras do projeto Sala Azul: organizando um espaço lúdico para a aprendizagem Na medida em que os recursos didáticos estão sendo confeccionados constata-se a necessidade iniciar a sua exploração, buscando maior envolvimento da comunidade escolar. A proposta foi readequada, e os bolsistas começaram a organização de momentos que possibilitassem a utilização dos jogos, nas turmas do educandário. Até o momento, foi realizada uma sessão de aplicação destes jogos e brinquedos nas turmas da primeira e segunda etapa do segundo ciclo. Ao longo das atividades, foi possível perceber a importância desses jogos no processo de aprendizagem. Na turma da segunda etapa do primeiro ciclo, por exemplo, por meio dos jogos, foi possível identificar as fases da alfabetização em que cada criança se encontra. Esta intervenção possibilitou realizar uma avaliação dos jogos elaborados em relação às necessidades de aprendizagem dos alunos deste educandário. Na segunda fase do projeto, prevista para o segundo semestre de 2011, propõe-se que os alunos do segundo ciclo, que participaram da confecção dos brinquedos e da organização do espaço, orientados pelos bolsistas do projeto, promovam momentos de brincar com os alunos do primeiro ciclo. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto encontra-se ainda em fase inicial. O primeiro contato com as crianças ocorreu a partir da sondagem realizada junto aos alunos, das preferências dos mesmos para a criação deste novo ambiente. A proposta foi bem acolhida pelos alunos do segundo ciclo, o que pode ser - 112 -
  • 7. REVISTA DESTAQUES ACADÊMICOS, ANO 3, N. 2, 2011 - CCHJ/UNIVATES constatado pelo número de crianças que se interessou em participar das atividades. O grupo tem colaborado para garantir o recolhimento de materiais que possam ser transformados em brinquedos e, até o momento, já foram confeccionados alguns como bonecos e bilboquês, jogos como trilhas e jogos de memória. Além de promover a aquisição e/ou qualificação de habilidades necessárias para a criação de cada jogo ou brinquedo, os encontros configuram-se como momentos ricos de socialização, promovendo o desenvolvimento do senso crítico e de responsabilidade, do respeito mútuo, do trabalho colaborativo e do espírito de equipe, fundamentais para a promoção da cidadania responsável. No decorrer de 2011, poderão ser visualizados os impactos do projeto para o processo de ensino e aprendizagem, tanto dos alunos envolvidos com a organização do espaço, quanto daqueles que estarão explorando, posteriormente, o novo ambiente lúdico. REFERÊNCIAS BARBOSA, Felipe Soligo; CAMPAGNA, Jossett. A animação sociocultural e o segmento idoso: reflexões e sugestões. In: Nelson Carvalho Marcellino (Org.). Lazer e recreação: repertório de atividades por fases da vida. Campinas, São Paulo: Papirus, 2009. BONAMIGO, Euza Maria de R.; KUDE, Vera Maria M. Brincar: brincadeira ou coisa séria? Porto Alegre: Educação e Realidade, 1991. BRASIL. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em: 09 set. 2010. CAMPOS, Maria Célia Rabello Malta. A importância do jogo na aprendizagem. São Paulo: USP, 2001. CHEMIN, Beatris F. Manual da Univates para trabalhos acadêmicos: planejamento, elaboração e apresentação. Lajeado: Univates, 2010. E-book. Disponível em: <www.univates.br>. Acesso em: 10 jan. 2011. COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR. Projeto PIBID. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid>. Acesso em: 28 mar. 2011. ERIKSON, Erik. Infância e da sociedade. New York: Norton, 1950. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura). FREITAS, Luiz Carlos de. Ciclos, seriação e avaliação: confrontos de lógicas. São Paulo: Moderna, 2003. LOPES, Maria da Gloria. Jogos na educação: criar, fazer jogos. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2005. MALUF, Ângela C. Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally W.; FELDMAN, Ruth D. Desenvolvimento humano. Porto Alegre, Artmed, 2006. - 113 -