Casamento antigo regime função econômica reprodução
1. Escola Secundária de Benavente Ano Letivo 2012/2013
A família e o casamento no antigo regime
no âmbito do PEST(projeto de educação sexual de turma
No antigo regime, o casamento tinha três funções essenciais – a
procriação, o seguimento da linhagem e o interesse económico. A
primeira destas funções encontra-se diretamente ligada às outras pela
necessidade de existência de um filho varão que tomasse posse das
responsabilidades económicas da família. Na sociedade do Antigo
Regime, o casamento era um contrato estabelecido pelos pais de ambos
os noivos, um acordo económico a fim de perpetuar os laços de sangue.
Sendo que, a sociedade estava dividida em três estados fortemente
hierarquizados, considera-se que – no mundo rural, ou seja, o
casamento no povo, tinha um propósito reprodutivo e produtivo de
filhos que seguissem o trabalho familiar. Para a burguesia, a união por
matrimónio servia de motor para a ascensão social e por fim, no topo da
pirâmide, para a nobreza, o casamento significava a construção ou
sustentação da linhagem. Ao contrário de hoje, o matrimónio nos
séculos XVII e XVIII, pouca ou nenhuma relação tinha com o amor; era
estritamente, uma relação económica ou de carácter reprodutivo. Nesta
altura, o casamento era precoce, sendo a idade autorizada para casar –
aos doze anos, as mulheres e aos catorze anos, os homens. Nas classes
sociais mais privilegiadas, a idade poderia ser ainda mais precoce.
Dentro do casamento, homem e mulher tinham posições
diferentes. O marido tinha autoridade completa sobre a mulher e
impunha-lhe todas as suas condições – o seu nome, o seu domicílio, a
sua condição social e tinha controlo absoluto sobre os bens familiares
exceto os pertencentes ao dote da mulher. Esta não tinha sequer poder
para reivindicar os seus direitos. Esta situação estendeu-se desde o
Antigo Regime até aos dias de hoje, onde continuamos a debater o
assunto do “sexo mais fraco”. O homem detinha toda a autoridade na
relação, ao passo que as tarefas eram repartidas. As tarefas
profissionais eram administradas ao homem enquanto as tarefas
domésticas, dadas à mulher. Dentro do casamento, a mulher tinha como
funções educar os filhos, preparar refeições, lavar a roupa e manter a
casa limpa. O dinheiro da casa era administrado também pelo homem.
Enquanto, para a religião católica, o matrimónio era um sacramento,
para Lutero e Calvino, não o era. Geralmente, o casamento era
Mariana Ramos (11ºE; nº11) 11 de Janeiro de 2013
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indissolúvel, no entanto, os Protestantes, chegaram mesmo a aceitar o
divórcio. O chefe da família era a figura central; a mulher obedecia ao
homem e em caso de alguma falha, este poderia ser o seu castigador – o
que nos remete para casos de violência doméstica e maus tratos,
presentes na sociedade da atualidade.
As taxas de mortalidade eram muito elevadas. O nascimento de
uma criança era motivo de celebração, no entanto, nos casos onde
todos os primogénitos morrem, procede-se à legitimação de bastardos
destinados a tomar o lugar dos filhos legítimos. A ligação das crianças
com os pais era distante pois, estas ainda recém-nascidas eram
entregues às amas-de-leite – mulheres de condição inferior que se
ocupavam das crianças enquanto bebés e em fase de aleitamento. No
caso de a criança ser do sexo masculino, era entregue a um aio que se
ocupava da sua educação. No caso de ser do sexo feminino, teria uma
relação mais estreita com a mãe sendo esta responsável pela sua
educação. Na alta sociedade, os rapazes aprendiam a ler e escrever (em
casa, num mosteiro ou num convento) e além da educação normal,
realizavam ainda várias atividades próprias da nobreza como montar a
cavalo, a caça e o serviço militar. As raparigas eram educadas em casa,
para serem futuras esposas e para saberem organizar festas. Para além
dessas obrigatoriedades, normalmente, aprendiam a ler, escrever, uma
língua estrangeira (o francês) e ainda a tocar piano. No meio rural, o
número de filhos era superior e as crianças tinham outro destino.
Enquanto as raparigas ficavam em casa a aprender as tarefas
domésticas, os rapazes partiam para o campo para trabalhar. Por volta
dos dezoito, dezanove anos, os rapazes eram recrutados para o serviço
militar. Tanto rapazes como raparigas eram analfabetos.
Hoje em dia, contamos com uma visão muito diferente do que é o
casamento. Na sociedade atual, o matrimónio visa a felicidade dos
cônjuges e só se realiza existindo amor e consentimento entre ambos.
Dentro do casamento, o homem e a mulher representam papéis de igual
peso e nenhum é soberano perante o outro. Também a família da
atualidade é diferente, onde as crianças têm ligações próximas com
ambos os pais e todas são educadas de igual forma.
A sociedade do antigo regime tinha por base a hierarquização. As
pessoas eram julgadas e rotuladas consoante o seu prestígio e riqueza,
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o que influenciava a sua maneira de pensar e as suas relações
interpessoais.
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