5. Pode parecer normal checar o celular dezenas ou centenas de vezes ao dia, mas
esse comportamento dependente tem nome: “NOMOFOBIA”; é uma condição que
afeta quem é viciado em smartfones a ponto de não conseguir ficar longe da tela.
Um estudo publicado no International Journal of Environmental Research and Public
Health identificou uma relação entre o uso excessivo de celulares e problemas de
autoestima, controle emocional e solidão.
Os pesquisadores concluíram que altos níveis de NOMOFOBIA geram menos
autocontrole, deficiências em tarefas cognitivas e tempos de reação mais lentos. Em
contrapartida, níveis mais baixos de dependência de aparelhos celulares geram uma
melhor percepção de bem-estar e qualidade de vida, com menos procrastinação
e medo de exclusão.Além de passarem mais tempo em seus celulares, pessoas com
maior dependência apresentaram pior memória, tempo de reação visual, tempo de
reação a estímulos auditivos, capacidade de inibir a resposta motora e inibição
comportamental.
7. A ampla utilização das redes sociais e a multiplicação do acesso aos vários
aplicativos e jogos online direcionados às crianças e adolescentes prolongam
o tempo de utilização de equipamentos como celulares e tablets.
Um levantamento da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou
que os moradores das capitais brasileiras e do Distrito Federal aumentaram o
tempo gasto no lazer em celular, computador ou tablet de 1,7 para 2 horas
por dia, entre 2016 e 2021.
8. A coordenadora do Grupo de Saúde Digital da Sociedade Brasileira de
Pediatria (SBP), Evelyn Eisenstein, afirma que não existe uma idade ideal para
introduzir o uso desses aparelhos na vida de crianças, sendo recomendado o
estabelecimento de limites por pais e cuidadores.
“O problema é: o que essa criança está deixando de fazer para ficar sob a
tela? Sempre que possível, a criança tem de brincar, porque é por meio da
brincadeira que ela desenvolve suas habilidades psicomotoras. Quando a
criança deixa de fazer, por exemplo, o que chamamos de rotina de casa,
como tomar banho, pula refeições e quer ficar o tempo todo no celular, ela
vai criando uma patologia, doença mesmo, que é a dependência do mundo
digital”,diz Evelyn em comunicado.
9. Pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil, feita com crianças e
adolescentes sobre o acesso e uso da rede, revela que houve um
crescimento significativo na proporção de usuários da rede na faixa de 9 e
10 anos (92% em 2021, frente a 79% em 2019).
“De um lado, a gente fala que é bom, claro. Mas, como pediatra, tenho
que falar dos riscos. Existe o outro lado das telas, o dos riscos à saúde”,
afirma. A médica afirma que a dep endência digital é um processo que
torna a criança mais “acelerada”, porque provoca uma alternância de
humor, em que a criança fica mais irritada ou mais chorosa. “Isso está
relacionado à liberação de dopamina, um neurotransmissor cerebral que
deixa a criança reagindo assim”, detalha.
10. Além disso, o comportamento dos pais tem influência direta no consumo
digital dos filhos, explica a pediatra. “Estamos falando cada vez mais de os
pais desconectarem e caminharem com seus filhos. Aproveitar, por
exemplo, o fim de semana com um passeio ao ar livre. Os pais que estão
conectados o tempo todo servem como modelo referencial para a criança
e nem percebem o risco. Dessa maneira, vai se criando uma
codependência”, diz Evelyn.
11. De acordo com a SBP
, a dependência digital e o excesso da exposição aos
recursos tecnológicos podem levar a problemas como:
Danos à saúde mental: irritabilidade, ansiedade e depressão;
transtornos do déficit de atenção e hiperatividade;
distúrbiosdo sono;
transtornos de alimentação, como sobrepeso ou obesidade e anorexia ou
bulimia
sedentarismo e falta da prática de exercícios;
bullying e cyberbullying;
problemas visuais, miopia e síndrome visual do computador;
problemas auditivos, como perda auditiva induzida pelo ruído,
e transtornosposturais.
13. O uso excessivo de smartphones e das redes sociais está deixando as
pessoas mais infelizes, deprimidas e ansiosas, e é hora de a humanidade
reavaliar de maneira muito séria seu relacionamento com a tecnologia. É o
que afirma Anna Lembke, professora e chefe da clínica especializada em
vícios da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.
"Quando nos afastamos de nossos telefones, entramos em abstinência.
Sentimos ansiedade, irritabilidade, insônia. Então, em algum nível, somos
realmente viciadosem nossossmartphones", diz.
Autora de Nação dopamina: Por que o excesso de prazer está nos deixando
infelizes e o que podemos fazer para mudar, a pesquisadora americana alerta
para os perigos do "ciclo da dopamina", uma reação natural do corpo que
busca r
e balancear o excesso antinatural de dopamina injetado por
comportamentos ou drogas.
14. "Quando usamos uma droga que aumenta temporariamente o disparo de
dopamina bem acima da linha de partida natural, o nosso cérebro deseja
retornar à homeostase, o seu funcionamento normal. Por isso, ele regula a
balança novamente, limitando a liberação até um ponto muito baixo, onde
sentimos os sintomas de abstinência, como a ansiedade e depressão.
Portanto, esse é o estado de dor", afirma.
Lembke explica que a busca por sair dessa situação dolorosa de abstinência
cria uma forma de vício em que o uso se torna responsável apenas por fazer o
usuário parar de sentir tal desconforto.
15. Além disso, tal compulsão tem sido capitalizada por políticos extremistas,
afirma ela. "As redes também criaram uma droga muito potente por meio da
indignação e de uma espécie de tribalismo, em que as pessoas sinalizam seu
pertencimento expressando pontos de vista extremos. É assim que as
pessoas se conectam ou sinalizam que pertencem a uma tribo ou outra",
explica.
Levando em conta tudo isso, a pesquisadora defende que governos e a
sociedade civil pressionem por mudanças na regulação das tecnologias.
17. O resultado de uma pesquisa divulgado recentemente pela Max Spielmann
mostra que o momento vivido pelas câmeras digitais e profissionais está cada
vez menos popular entre os amantes da fotografia. Isso porque 92,5% das
fotos tiradas diariamente em todo o mundo são capturadas utilizando
smartphonesao invésde câmerasfotográficastradicionais.
O fenômeno não é visto por especialistas como uma tendência passageira,
mas um reflexo de como as mídias sociais conseguiram mudar
consideravelmente a maneira como as fotos são compartilhadas
atualmente. O impacto das redes sociais na indústria fotográfica é
significativo, com plataformas como Instagram e TikTok incentivando o
consumo e a criação de conteúdo visual.
19. Tudo isso é um processo químico, que ocorre dentro do nosso cérebro
através da dopamina. Estimulado por comentários e curtidas, o
neurotransmissor é liberado, provocando prazer e satisfação.
⚠️Alerta: Só que a dopamina vicia. Checar o celular o tempo todo, clicar em
notificações, ficar rolando infinitamente as timelines sem buscar algo
determinado, pode gerar um looping altamente perigoso para a saúde.
21. Mas como saber se sou dependente digital? De acordo com a psiquiatra
Julia Khoury, um dos principais sinais de quem abusa da tecnologia ou é
viciado nela é a síndrome de FOMO.
A palavra é uma sigla em inglês de "fear of missing out", que, traduzida para
o português, seria algo como "medo de ficar de fora".
O tempo todo que a pessoa recebe notificação é um convite para um ritual
de checagem regular, porque ela fica olhando para a tela, principalmente
quando recebe uma notificação, por medo de perder coisas importantes,
informações que ela considera importantes. — Julia Khoury, psiquiatra
22. A consequência é o desenvolvimento de sintomas de ansiedade e problemas
de atenção, o que pode evoluir para quadros mais graves, como a Síndrome
de Burnout, causada pelo esgotamento mental, ou o Transtorno de Déficit
de Atenção (TDA).
“A pessoa se sente o tempo todo com excesso de estímulo, não consegue
descansar”, explica a psiquiatra. “A gente tem visto uma prevalência cada
vez maior de pessoas com dificuldade de concentração”, afirma também.
24. Celulares, tablets e smartwatches serão amplamente banidos das salas de
aula na Holanda a partir de 1º de janeiro de 2024, disse o governo holandês
na terça-feira (4), em uma tentativa de limitar as distrações durante as aulas.
Os dispositivos só serão permitidos se forem especificamente necessários,
por exemplo, durante aulas de habilidades digitais, por motivos médicos ou
para pessoascom deficiência.
“Embora os telefones celulares estejam interligados com nossas vidas, eles
não pertencem à sala de aula”, disse o ministro da Educação, Robbert
Dijkgraaf, em um comunicado. A proibição é resultado de um acordo entre
o ministério, escolas e organizações relacionadas.
As escolas podem encontrar sua própria maneira de organizar a proibição,
disse Dijkgraaf, mas as regras legais seguirão se isso não produzir
resultados suficientes até o verão de 2024.
26. O Ministério da Educação da Itália publicou uma circular nesta terça-feira (20)
em que proíbe o uso de celulares e dispositivos eletrônicos análogos em salas
de aula de todo o país.
O documento não prevê punições e autoriza a utilização apenas com "fins
didáticos". Segundo a circular assinada pelo ministro Giuseppe Valditara, o
uso de celulares é "um elemento de distração própria e dos outros e uma
falta de respeito em relação ao corpo docente, ao qual é prioritário devolver
autoridade".
27. O documento ratifica decisões já adotadas em 1998, pelo Estatuto dos
Estudantes, e 2007, por outra circular ministerial.
"O interesse dos estudantes que nós precisamos proteger é ficar nas salas
para aprender e distrair-se com o celular não permite seguir as lições de
maneira profícua, além de falta de respeito com a figura do professor. O
interesse comum que quero seguir é o de uma escola séria, que coloque no
centro a aprendizagem e o compromisso", acrescentou o ministro.
29. A Prefeitura do Rio de Janeiro publicou um decreto proibindo o uso de
aparelhos celulares durante as aulas da rede municipal. A medida foi
publicada no Diário Oficial da cidade desta segunda-feira (7).
O texto também veda o uso de celular e outros dispositivos tecnológicos
fora da sala de aula nas escolas cariocas quando houver explanação do
professor durante a realização de trabalhosna escola.
30. Conforme diz o decreto, os aparelhos só poderão ser utilizados com
autorização dos professores para fins pedagógicos. Como exemplos, o
texto cita pesquisas, leituras, a plataforma de educação online Rioeduca.
Alunos com deficiência que dependam do celular para suprir suas
necessidades ou que precisem dele para monitorar sua saúde também
poderão usar o equipamento.
A Prefeitura orienta os alunos cariocas a guardaram os celulares na mochila
e deixá-los desligados ou em modo silencioso — inclusive durante o uso
autorizado pelo professor. O decreto autoriza os professores a “advertir o
aluno e/ou cercear o uso dos dispositivos eletrônicos em sala de aula, bem
como acionar a equipe gestora da Unidade Escolar”.
32. Tramita na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) um Projeto de
Lei (PL) que amplia a proibição do uso de celular dentro de escolas, teatros,
cinemas, igrejas, salas de aula e bibliotecas.
Em MG, conversar por telefone móvel nesses lugares já é proibido desde
2002. No entanto, o deputado estadual Alencar da Silveira Jr.
(PDT) entende que a regra deve valer não só para a conversação, mas para
o uso em geral, sobretudo em lugares de estudo.
No texto, o parlamentar defende que, além do veto à utilização dos
equipamentos, haja aplicação de multas para os locais que descumprirem a
medida. Os estabelecimentos também serão obrigados a fixar avisos sobre a
proibição, tanto na entrada quanto no interior. O PL 1136, de 2019, já
passou pelas comissões de Cultura; Educação, Ciência e Tecnologia; e
Constituição e Justiça. Agora, aguarda a votação em plenário, que ainda
não tem data definida.
34. Um em cada quatro países do mundo proíbe ou tem políticas sobre o uso do
celular em sala de aula, segundo estudo divulgado nesta quarta-feira, 26,
pela Unesco. Entre os que recentemente anunciaram a proibição
estão Finlândia e Holanda. Estudos mostram impactos do smartphone na
aprendizagem e na concentração dos estudantes, principalmente porque os
distrai durante a aula.
“As notificações recebidas ou a mera proximidade do celular podem ser uma
distração, fazendo com que os alunos percam a atenção da tarefa. O uso de
smartphones nas salas de aula leva os alunos a se envolverem em atividades
não relacionadas à escola, o que afeta a memória e a compreensão”, diz o
Relatório Global de Monitoramento da Educação 2023 da Unesco, intitulado
“A tecnologia na educação, uma ferramenta a serviço de quem?”
35. O documento, que reúne evidências de pesquisas do mundo todo, expõe os
benefícios da tecnologia na educação, mas faz também uma leitura crítica do
uso não regulado e não moderado por educadores. É a primeira vez que o
relatório anual da Unesco discute a tecnologia.
Segundo o texto, os smartphones foram banidos total ou parcialmente no
México, Portugal, Espanha, Suíça, Estados Unidos, Letônia, Escócia e em
províncias do Canadá. Na França, por exemplo, apesar da proibição, o
aparelho pode ser usado por certos grupos de alunos, como os com
deficiências, ou quando está claro o uso pedagógico. Países asiáticos e
africanos são os que mais têm leis sobre o assunto, como Uzbequistão,
Guiné e Burkina Faso. Em Bangladesh, nem os professores podem usar o
aparelho em sala.
36. No Brasil, não há lei que proíba o uso de celulares. Escolas particulares têm
regras próprias sobre o uso do aparelho, permitindo ou não de acordo com
o uso e a idade do aluno. Um projeto de 2015, ainda em análise na Câmara
dos Deputados, proíbe “o uso de aparelhos eletrônicos portáteis, como
celulares e tablets, nas salas de aula da educação básica e superior de todo
o País”.
De autoria do deputado Alceu Moreira (PMDB-RS), ele prevê que os
aparelhos só serão permitidos “se integrarem as atividades didático
pedagógicase forem autorizadospelosprofessores”.
37. O ministro da Educação, Camilo Santana, foi um dos 18 ministros que
participou do lançamento do relatório nesta quarta no Uruguai. Em sua fala,
ele disse que é preciso combater a desigualdade no acesso à conectividade
em escolas brasileiras e que o governo deve lançar um programa de banda
larga para todasas escolasdo País.
Segundo ele, também há “enorme preocupação” com relação ao controle
das plataformas digitais no Brasil. “São fundamentais leis nacionais que
possam regulamentar o uso das plataformas digitais, estamos
acompanhando no mundo todo experiências ruins do uso, antidemocráticas,
violentas, como aconteceu nas escolas no Brasil”, completou Camilo.
38. O ministro ainda defendeu uma disciplina de cidadania digital. “É preciso
compreender na escola e na vida que o acesso a meios tencológicos pode
ser bom, esse é um caminho que não tem mais retorno, mas também pode
ser muito ruim.”
Durante a apresentação do relatório, o responsável pelo documento na
Unesco, Manos Antoninis, disse que ao se usar a tecnologia na educação os
países precisam analisar ser ela é equitativa, escalável, sustentável e
apropriadada. “Devemos aprender a viver com e sem tecnologia, saber
quando é importante e quando não é necessária” , afirmou.
39. Alguns países que já baniram ou têm políticas sobre o uso de celular na escola
México
Finlândia
Holanda
Portugal
Espanha
Suíça
EstadosUnidos
Letônia
Escócia
Canadá
França
Uzbequistão
Guiné
Bangladesh
40. No texto de apresentação, a diretora geral da Unesco, Audrey Azoulay, diz
que a pandemia fez com se valorizasse uma tendência de “ver as soluções
tecnológicas como uma ferramenta universal, adequada para todas as
situações, uma forma inevitável de progresso”, mas que é preciso lembrar
dos desafios e dos riscos. “Vale reiterar o óbvio: nenhuma tela jamais
substituirá a humanidade de um professor. (...) A relação entre professores
e tecnologia deve ser de complementaridade – nunca de substituibilidade”,
afirma.
41. O relatório cita uma meta-análise de pesquisas sobre a relação entre o uso
de telefones celulares pelos alunos e os resultados educacionais, feito com
estudantes da pré-escola ao ensino superior em 14 países. O resultado foi
um efeito negativo, com maior impacto no nível universitário.
Outro estudo mostra que os alunos podem levar até 20 minutos para se
concentrar novamente no que estavam aprendendo depois de usarem o
celular para atividades não acadêmicas. Há ainda efeito negativo relatado
com o uso de computadores pessoais para atividades não relacionadas à
escola durante as aulas, como navegação na internet.
42. “Banir a tecnologia das escolas p ode ser legítimo se a integração não
melhorar o aprendizado ou piorar o bem-estar do aluno. No entanto,
trabalhar com tecnologia nas escolas e seus riscos pode exigir algo mais do
que o banimento”, diz uma das conclusões do relatório da Unesco. A
organização recomenda que as políticas devem ser claras a todos alunos e
professores e que as decisões devem ser apoiadas por evidências sólidas.
O texto ainda diz que “deve haver clareza sobre o papel que essas novas
tecnologias desempenham na aprendizagem e sobre seu uso responsável
pelas escolas” e que os alunos “precisam aprender os riscos e oportunidades
que vêm com a tecnologia, desenvolver habilidades críticas e entender como
viver com e sem tecnologia”.
43. Segundo a coordenadora de Educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, a
organização não recomenda o banimento dos celulares nas salas de aula e,
sim, mostra estudos que indicam impacto negativo. “O relatório não indica
proibição, ele diz que, se utilizado em excesso e para atividades não
pedagógicas pode trazer malefícios”, afirma ela, que também acompanhou
a divulgação no Uruguai.
44. Segundo o relatório, 16% dos países têm alguma legislação contra o
cyberbullying, que pode acontecer por meio de publicação de fotos ou
vídeos de indivíduos sem o consentimento, exclusão de grupos, violência
verbal, insultos e ameaças. Além do destaque para os ataques feitos por
jovens pela internet, a Unesco demonstra preocupação com uso prolongado
das telas pelas crianças, com consequências para a alimentação, o sono, a
saúde mental, curiosidade e saúde ocular.
O relatório cita estudos que mostram que, nos Estados Unidos, crianças de
11 a 14 anos passam nove horas por dia expostas a telas. “O uso da
tecnologia envolve períodos prolongados de tempo gasto no manuseio de
dispositivos e exposição às telas. A educação é particularmente vulnerável a
excessos em ambos os aspectos, o que agrava os riscos para a saúde e o
bem-estar geral”, diz o texto.
45. São citados também no relatório países que proíbem o uso de aplicativos
específicos em ambientes educacionais para proteger a privacidade dos
dados das crianças. A proteção de dados é um dos assuntos de destaque do
relatório, cujo texto demonstra preocupação sobre o uso das informações
dos alunos coletadas pelas empresas de tecnologia.
Na Dinamarca, algumas cidades baniram o uso do Google Workspace for
Education e dos Chromebooks. Na Alemanha, segundo a Unesco, produtos
da Microsoft foram proibidos em alguns Estados. E muitas escolas e
universidades nos Estados Unidos também passaram a colocar restrições ao
TikTok e outras plataformas.
47. Quais fatoresas escolaspodem considerar
A Base Nacional Comum Curricular, documento que estabelece as regras
para a educação no Brasil, não tem normas específicas sobre o uso de
celular ou não em sala de aula. O documento afirma, porém, que usar a
tecnologia é crucial para a formação dos estudantes. Estimular seu uso
capacita os estudantes para um futuro cada vez mais informatizado, segundo
o texto.
Esse é um caminho que as escolas podem seguir para definir como lidar com
o celular, segundo Almada. “Você pode desligar o celular durante as aulas e
autorizar o uso durante os intervalos”, disse. Apesar dos riscos associados
ao uso excessivo do aparelho, também é possível vê-lo como recurso
didático.
49. Uma pesquisa da Gallup, de 2022, revelou que 83% dos adultos dos Estados
Unidos dizem que mantêm o smartphone perto deles quase o tempo todo
durante as horas de vigília, e 64% admitem verificar o celular assim que
acordam pela manhã.
A mesma pesquisa da Gallup descobriu que 58% dos adultos acham que
passam muito tempo em seus smartphones; entre as pessoas na faixa etária
de 18 a 29 anos, esse número salta para 81%.
Existe até um dia dedicado a reduzir o uso do telefone: do pôr do sol do dia
3 de março até o pôr do sol de 4 de março, foi designado o Dia Global de
Desconexão, um período de 24 horas em que telefones e outras telas são
guardados e as pessoas são incentivadas a focar na vida real.
55. A utilização da tecnologia em salas de aula e em casa pode ser uma
distração, prejudicando a aprendizagem.
Os dados são do “Relatório Global de Monitoramento da Educação 2023",
divulgado nesta quarta-feira (26) pela Unesco, Organização da ONU para
Educação.
França, Itália, Finlândia, Holanda e Estados Unidos já proibiram o uso do
celular ou de redes sociais nas escolas. Segundo o levantamento, a simples
proximidade do aparelho é capaz de distrair os estudantes e provocar um
impacto negativo na aprendizagem.
Mais de um em cada três professores em sete países concordaram que o
celular atrapalha o ensino em sala de aula. A presidente do Instituto
Singularidades, Claudia Costin, comenta os prejuízosdo uso do aparelho.
56. Mas, segundo o relatório, o ensino online evitou o colapso da educação
durante o fechamento dasescolasna pandemia.
O ensino a distância registrou um alcance potencial de mais de 1 bilhão de
estudantes. Mas, ao mesmo tempo, não foi capaz de alcançar pelo menos
meio bilhão, ou 31% dos alunos em todo o mundo – e 72% entre os mais
pobres.
Durante a divulgação do relatório, o ministro da Educação, Camilo Santana,
anunciou que o governo vai lançar, nos próximos dias, um programa de
banda larga para conectar todas as 138 mil escolas públicas brasileiras.
A Unesco destaca ainda que os sistemas educacionais devem garantir os
melhores interesses dos estudantes. A tecnologia deve complementar a
interação com os professores.
58. De acordo com a escola de Santiago, os professores notaram que os
estudantes se mostraram mais concentrados nas atividades, participam mais
das discussões e apresentaram melhora no aprendizado sem o celular.
A diretora explica que os alunos de Ensino Médio foram convidados pelas
professoras a participar da confecção das caixas, com decoração e
desenhos. Entre os estudantes de Ensino Fundamental, houve maior
resistência à prática, mas não foram registrados problemas desde a adoção
da "caixa coletora".