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IV - CISALHAMENTO
1 - ESTADO DE TENSÃO
1.1 - GENERALIDADES
Nos capítulos anteriores, se analisou o comportamento de vigas de concreto armado submetida
a solicitações normais. As tensões internas provenientes da flexão foram calculadas imaginando-se
que o momento fletor agisse isoladamente na seção. Isto pôde ser feito porque a existência de força
cortante na seção não altera os valores, nem a distribuição, das tensões normais. A metodologia
empregada na análise resultava bastante simples: aplicava-se as equações de equilíbrio
(isoladamente ou em conjunto com as equações de compatibilidade de deformações) sobre as
solicitações, internas e externas, atuantes em uma determinada seção (normalmente a seção mais
solicitada).
Já o comportamento de peças de concreto armado quando atuam esforços transversais
(esforço cortante e momento torçor) é bastante complexo.
No cisalhamento, quando o esforço cortante atua isoladamente na seção, as tensões de
cisalhamento que aparecem para equilibrar a solicitação externa têm distribuição uniforme; atuando
também a solicitação momento fletor na seção, as tensões de cisalhamento distribuir-se-ão de forma
totalmente diferente, apesar de sua resultante continuar sendo a mesma. Por este motivo, para o
estudo do cisalhamento, não se pode considerar o esforço cortante agindo isoladamente, mas sim
simultaneamente com o momento fletor.
Além disto, existem outros fatores que influem sobre a capacidade resistente à força cortante
de uma viga: forma da seção transversal; variação da seção transversal ao longo da peça; esbeltez;
disposição das armaduras; aderência aço/concreto; tipo de cargas e apoios ...
Portanto, na análise de vigas de concreto armado submetidas a esforços cortantes, se faz
necessário tratar a peça como um todo, já que os mecanismos resistentes que se formam são
geralmente tridimensionais. Formular uma teoria simples e prática, que leve em consideração todos
estes fatores, e que dê resultados exatos é uma tarefa bastante difícil.
1.2 - ESTÁDIO I
No estádio Ia (concreto intacto, sem fissuras), o comportamento das peças de concreto armado
é elástico linear (obedece a Lei de Hooke) e as tensões tangenciais podem ser calculadas através das
equações da resistência dos materiais.
Se está agindo somente o esforço cortante, a distribuição das tensões internas é uniforme, e
pode ser determinada pela expressão:
→
A
V
=τ → distribuiçâo uniforme
Se, na mesma seção, estão agindo o esforço cortante e o momento fletor simultaneamente, a
distribuição de tensões internas não é mais uniforme, mas varia de forma parabólica com a distância à
linha neutra, e pode ser determinada pela expressão:
→
Ib
SV
=τ → distribuição parabólica
onde:
τ: tensão tangencial
V: esforço cortante
A: área da seção transversal
I: momento de inércia da seção transversal em relação à linha neutra - constante para a seção
S: momento estático em relação à linha neutra - varia com a distância à LN
O valor máximo da tensão tangencial de cisalhamento é obtido no ponto onde o momento
estático é máximo, isto é, na linha neutra.
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τmax →
zb
V
=oτ
sendo:
S/I = 1/z
z: distância entre os centros de gravidade das zonas comprimida e tracionada
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1.3 - ESTÁDIOS II E III
Nos estádios II e III, o concreto está fissurado na zona tracionada, mas na zona comprimida
ainda está intacto. Assim, na zona comprimida, intacta, a distribuição de tensões continua igual ao
estádio I. Já na zona tracionada, fissurada, o concreto não resiste mais e as tensões tangenciais são
provenientes da força transmitida pela armadura ao concreto por aderência, na zona entre fissuras.
Desta forma, a tensão se mantém constante (o momento estático não varia pois não se considera a
resistência do concreto) até encontrar a armadura, quando cai bruscamente à zero.
A distribuição de tensões tangenciais ao longo da altura da viga no estádio II e III é dada pela
figura a seguir, sendo seu valor máximo igual ao valor da tensão na linha neutra no estádio I:
zb
V
=τ = τo (estádio I)
área comprimida (resistente)
τ0 : valor máximo
área tracionada (desprezada) LN constante pois S não varia
cai à zero quando encontra As
1.4 - TENSÕES PRINCIPAIS
O princípio básico de funcionamento do material concreto armado é o de posicionar a armadura
de tal forma que ela seja capaz de absorver integralmente os esforços de tração que aparecem na
estrutura. Em uma viga, quando solicitada por esforço cortante, surgem tensões internas de
cisalhamento (tensões tangenciais), para equilibrar a carga externa. A pergunta que se faz neste
instante é: onde se deve colocar as armaduras? Para responder esta pergunta, se faz necessário
determinar a direção dos esforços de tração e compressão correspondentes à tensão de
cisalhamento. Com este intuito, calcula-se as tensões e as direções principais, que, para o estado
plano de tensões, são obtidas pelas expressões:
→ 2
2
2,1
42
τ+
σ
±
σ
=σ
Linha neutra → σ = 0 → σ1 = -σ2 = τ → α = 450
Bordas → τ = 0 → σ1 = 0 , σ2 = -σ (comp.)
σ1 = σ , σ2 = 0 (tração)
1.5 - CISALHAMENTO COMBINADO COM FLEXÃO EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO
A metodologia que se utilizará no dimensionamento ao cisalhamento de vigas de concreto
armado será válida tanto para as vigas de seção transversal retangular como T, visto que na seção T
se admitirá a Linha Neutra localizada na alma. Portanto, a largura a ser utilizada nas duas situações
será a largura da alma. Assim, a tensão de cisalhamento máxima da seção acontece na linha
neutra e é determinada por:
Como o valor de z (distância entre o centro de gravidade da zona comprimida e a armadura)
em geral não é conhecido, define-se uma tensão tangencial convencional, em função do valor d
(conhecido).
Estudos experimentais constataram que d ≅ 1,15z e, portanto,
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zb
V
w
0 =τ
db
V
w
w =τ
P σσ
τ
τ
LN
LN
τo = 1,15τw .
2 - ANALOGIA DA TRELIÇA
RITTER (1899) e MÖRSCH (1903) idealizaram, como aspecto estrutural de uma viga de
concreto armado, uma treliça fictícia capaz de resistir simultaneamente aos esforços de flexão e de
cisalhamento no estádio ΙΙΙ. Considerando a viga da figura,
Mörsch admitiu, após a fissuração, seu funcionamento segundo uma treliça, com: o banzo superior
comprimido constituído pelo concreto (e/ou concreto + armadura comprimida); o banzo tracionado pela
armadura inferior; as diagonais tracionadas por armaduras colocados com inclinação α (450
a 900
); e,
as diagonais comprimidas à 450
, constituídas pelo concreto (tendo sido adotada como inclinação
àquela da trajetótia das tensões principais, ao nível da linha neutra).
Quando os montantes forem constituídos por estribos verticais (utilizado na prática), a
geometria da treliça resulta:
Os esforços que surgem nos banzos tracionado e comprimido na treliça são equivalentes aos
esforços obtidos quando da aplicação das equações de equilíbrio no dimensionamento à flexão pura.
Ou seja, o fato de existir o esforço cortante praticamente não altera o dimensionamento da flexão.
Assim, o dimensionamento dos banzos comprimido e tracionado não precisa ser refeito.
Resta analisar os esforços que surgem nas bielas (diagonais comprimidas) e nos montantes
(diagonais tracionadas), ou seja, os esforços oriundos do cisalhamento e que agem na alma da viga.
2.1 - EQUILÍBRIO DAS FORÇAS
Os valores dos esforços normais que surgem nas bielas (compressão - Ncc) e nos montantes
(tração - Nst) são obtidos pela resolução da treliça. Chega-se aos seguintes valores:
- força de compressão na biela de concreto → Ncc = V (2)1/2
- força de tração no montante (estribo) → Nst = V
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banzo com prim ido
c o n c r e t o
z
y: zona
com prim ida
h d
a = z
45o
banzo tracionado
A s
m ontantes : diagonais tracionadas
e s t r ib o s
bielas : diagonais com prim idas
c o n c r e t o
z
V
a = z
45o
Até agora, imaginou-se a viga formada apenas por uma treliça, cujas barras resistiriam às
forças mencionadas. Na realidade, temos na alma da viga um conjunto de treliças separadas por uma
distância "s", que é o espaçamento entre as armaduras transversais (estribos). Assim, a resultante das
forças no trecho “s”, entre duas treliças consecutivas, é dada por:
Fc = Ncc s/a - bielas comprimidas
Ft = Nst s/a - estribos
2.2 - TENSÕES
As forças na alma da viga produzem, respectivamente:
- Tensão de compressão na biela de concreto → σcc = Fc/Acw = 2 τo
- Tensão de tração na armadura transversal (estribos) → σ τ
ρst
o
w
=
F
A
=t
sw
Acw = b s sen45
→
área do segmento plano compreendido entre duas bielas consecutivas e
perpendicular a elas
Asw → soma das áreas das barras de uma armadura transversal que cortam o
plano neutro
Atw = b s
→
área do segmento do plano compreendido entre dois estribos consecutivos
e perpendicular a elas
ρ w
sw
t w
A
A
= → taxa de armadura transversal
Uma longa série de ensaios experimentais mostrou que, nas vigas armadas seguindo
rigorosamente a teoria da treliça de Mörsch, verifica-se que as tensões nos estribos são inferiores e
nas bielas superiores àquelas calculadas pela treliça fictícia. A explicação para tal constatação é dada
pela possibilidade das diagonais comprimidas funcionarem com inclinações menores que 450
com o
eixo horizontal.
A NBR6118 permite o cálculo dos estribos pela treliça fictícia considerando-se uma tensão de
cisalhamento limite:
τd = τod - τc = 1,15 τwd - τc ≥ 0.
τc não deve ser interpretada como uma resistência à tração do concreto, mas sim como a
contribuição das partes comprimidas da treliça (bielas) na resistência aos esforços de cisalhamento, o
que vem aliviar a armadura transversal.
Em relação à tensão nas bielas comprimidas, a NBR6118 recomenda uma limitação no valor
último da tensão σcc em σcc < σccu = 0,6 fcd o que resulta
τwd < τwu = 0,3 fcd para estribos verticais.
Assim, para peças de concreto armado dimensionadas no estado limite último:
a) as máximas tensões de cisalhamento ocorrem na região fissurada e seu valor é constante e igual a:
wd
ww
od 1,15
db
1,4V
1,15
zb
1,4V
ττ === sendo
db
1,4V
w
wd =τ
τwd não tem qualquer significado físico e é denominado de tensão convencional de cisalhamento.
Constitui um parâmetro através do qual se verificará estar ou não havendo esmagamento da biela
comprimida que se forma na viga em seu funcionamento à flexão combinada com cisalhamento.
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b) o dimensionamento ao esforço cortante envolverá duas etapas:
- verificação do não esmagamento do concreto, para as diagonais comprimidas da treliça que se forma
em seu interior
- determinação das áreas de aço necessárias para absorver as trações que surgem na referida treliça,
oriundas do esforço cortante
2.3 - ARMADURA TRANSVERSAL →
s
Asw
A área de aço necessária para a armadura transversal (estribos) é determinada para que a
tensão no aço não ultrapasse o valor limite → σstd ≤ fyd. Substituindo os valores vistos anteriormente,
w
o
st =
ρ
τσ sendo
sb
Asw
w =ρ Norma → τd = τod - τc = 1,15 τwd - τc ≥ 0.
limitef
-15,1
= yd
w
c
std
wd
→=
ρ
τ
σ
τ
b
f
-15,1
=
s
A
sb
A
f
-15,1
=
yd
cswsw
yd
c
w
wdwd
ττ ττ
→=ρ
A falta ou pouca armadura transversal diminui a resistência da viga transversalmente, podendo
ocorrer uma ruptura sem aviso. Como prevenção a norma brasileira exige que seja colocada uma
quantidade mínima de armadura transversal. A exigência de uma armadura transversal mínima resulta
da necessidade que se tem (visando um funcionamento satisfatório no que se refere aos estados
limites de formação de fissuras) de armaduras capazes de suportar os esforços de tração liberados
pelo concreto no momento da formação de fissuras inclinadas devidas ao esforço cortante. Por este
motivo, especifica-se, partindo de resultados experimentais, a necessidade da existência de uma
porcentagem volumétrica mínima, que, para os aços CA-50 e CA-60 vale ρmin = 0,14%.
3 - ROTEIRO DE CÁLCULO DA ARMADURA TRANSVERSAL - (segundo a NBR-6118/80)
1- Verificação da seção de concreto - (item 5.3.1.2.b)
db
1,4V
wu
w
max
wd ττ ≤=
Vmax = esforço cortante máximo
τwu = 0,30 fcd ≤ 4,5 MPa = 0,45 KN/cm2
2- Cálculo de τc - (item 4.1.4.2)
(MPa)fck1c ϕτ = ϕ1 = 0,15 (flexão)
3- Determinação de Vmin → força cortante correspondente a armadura mínima
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( )db
1,151,4
1
V w
cefd
min
ττ+
=
f,00140f= ydydwminefd =ρτ CA-50, CA-60 → fyd ≤ 435 MPa
4- Comparação do esforço cortante
- se V < Vmin → Asw min em todo tramo
b0,14b/100=
s
A
wwwmin
minsw
=ρ - Aço CA-50 e CA-60
- se V > Vmin → Redução do esforço cortante → V’
5- Redução do esforço cortante nos apoios → V’
Norma item 4.1.4.3 → pode-se fazer a redução do esforço cortante junto aos apoios quando a carga e
a reação de apoio forem aplicadas em faces opostas da peça.
V' = V - redução da carga distribuída - redução da carga concentrada
- carga distribuída: p
2
h+c
redução 





=
c: largura do apoio
h: altura da viga
p: carga distribuída da viga
- carga concentrada → a ≤ 2h:
2h
a
-1
l
a-l
Predução




















=
P: carga concentrada
l: vão da viga
a: distância da carga ao centro do apoio
h: altura da viga
6- Determinação de Asw - (item 4.1.4.2)
-15,1 cwdd ττ′τ′ = sendo
db
V1,4
w
wd
′
=τ′
b100
f
=
s
A
w
yd
dsw τ′
sendo fyd ≤ 435 MPa
7- Determinação do comprimento onde vai Asw
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8- Norma (item 6.3.1.2)
-
60-CA50,-CAb0,14
25-CAb25,0
s
A
w
wminsw




=
-
b121
5mm
w


≤
≥
φ
- espaçamento ≤ 0,5 d ou 30 cm
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A sw m i nA sw A A sw B
P
p
V A V B
V A
V’ A
V B
Vm in V’B
p
V-V
x
min
=
x

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Cisalhamento

  • 1. IV - CISALHAMENTO 1 - ESTADO DE TENSÃO 1.1 - GENERALIDADES Nos capítulos anteriores, se analisou o comportamento de vigas de concreto armado submetida a solicitações normais. As tensões internas provenientes da flexão foram calculadas imaginando-se que o momento fletor agisse isoladamente na seção. Isto pôde ser feito porque a existência de força cortante na seção não altera os valores, nem a distribuição, das tensões normais. A metodologia empregada na análise resultava bastante simples: aplicava-se as equações de equilíbrio (isoladamente ou em conjunto com as equações de compatibilidade de deformações) sobre as solicitações, internas e externas, atuantes em uma determinada seção (normalmente a seção mais solicitada). Já o comportamento de peças de concreto armado quando atuam esforços transversais (esforço cortante e momento torçor) é bastante complexo. No cisalhamento, quando o esforço cortante atua isoladamente na seção, as tensões de cisalhamento que aparecem para equilibrar a solicitação externa têm distribuição uniforme; atuando também a solicitação momento fletor na seção, as tensões de cisalhamento distribuir-se-ão de forma totalmente diferente, apesar de sua resultante continuar sendo a mesma. Por este motivo, para o estudo do cisalhamento, não se pode considerar o esforço cortante agindo isoladamente, mas sim simultaneamente com o momento fletor. Além disto, existem outros fatores que influem sobre a capacidade resistente à força cortante de uma viga: forma da seção transversal; variação da seção transversal ao longo da peça; esbeltez; disposição das armaduras; aderência aço/concreto; tipo de cargas e apoios ... Portanto, na análise de vigas de concreto armado submetidas a esforços cortantes, se faz necessário tratar a peça como um todo, já que os mecanismos resistentes que se formam são geralmente tridimensionais. Formular uma teoria simples e prática, que leve em consideração todos estes fatores, e que dê resultados exatos é uma tarefa bastante difícil. 1.2 - ESTÁDIO I No estádio Ia (concreto intacto, sem fissuras), o comportamento das peças de concreto armado é elástico linear (obedece a Lei de Hooke) e as tensões tangenciais podem ser calculadas através das equações da resistência dos materiais. Se está agindo somente o esforço cortante, a distribuição das tensões internas é uniforme, e pode ser determinada pela expressão: → A V =τ → distribuiçâo uniforme Se, na mesma seção, estão agindo o esforço cortante e o momento fletor simultaneamente, a distribuição de tensões internas não é mais uniforme, mas varia de forma parabólica com a distância à linha neutra, e pode ser determinada pela expressão: → Ib SV =τ → distribuição parabólica onde: τ: tensão tangencial V: esforço cortante A: área da seção transversal I: momento de inércia da seção transversal em relação à linha neutra - constante para a seção S: momento estático em relação à linha neutra - varia com a distância à LN O valor máximo da tensão tangencial de cisalhamento é obtido no ponto onde o momento estático é máximo, isto é, na linha neutra. ENG 01 1 1 1 - ESTRUTURAS DE CON CRET O ARMADO I- Prof. Vir g í n i a Mari a Rosi t o d'Avil a - Sal a 3 0 7 d - En g . No v a - UFRGS - DECIV
  • 2. τmax → zb V =oτ sendo: S/I = 1/z z: distância entre os centros de gravidade das zonas comprimida e tracionada ENG 01 1 1 1 - ESTRUTURAS DE CON CRET O ARMADO I- Prof. Vir g í n i a Mari a Rosi t o d'Avil a - Sal a 3 0 7 d - En g . No v a - UFRGS - DECIV
  • 3. 1.3 - ESTÁDIOS II E III Nos estádios II e III, o concreto está fissurado na zona tracionada, mas na zona comprimida ainda está intacto. Assim, na zona comprimida, intacta, a distribuição de tensões continua igual ao estádio I. Já na zona tracionada, fissurada, o concreto não resiste mais e as tensões tangenciais são provenientes da força transmitida pela armadura ao concreto por aderência, na zona entre fissuras. Desta forma, a tensão se mantém constante (o momento estático não varia pois não se considera a resistência do concreto) até encontrar a armadura, quando cai bruscamente à zero. A distribuição de tensões tangenciais ao longo da altura da viga no estádio II e III é dada pela figura a seguir, sendo seu valor máximo igual ao valor da tensão na linha neutra no estádio I: zb V =τ = τo (estádio I) área comprimida (resistente) τ0 : valor máximo área tracionada (desprezada) LN constante pois S não varia cai à zero quando encontra As 1.4 - TENSÕES PRINCIPAIS O princípio básico de funcionamento do material concreto armado é o de posicionar a armadura de tal forma que ela seja capaz de absorver integralmente os esforços de tração que aparecem na estrutura. Em uma viga, quando solicitada por esforço cortante, surgem tensões internas de cisalhamento (tensões tangenciais), para equilibrar a carga externa. A pergunta que se faz neste instante é: onde se deve colocar as armaduras? Para responder esta pergunta, se faz necessário determinar a direção dos esforços de tração e compressão correspondentes à tensão de cisalhamento. Com este intuito, calcula-se as tensões e as direções principais, que, para o estado plano de tensões, são obtidas pelas expressões: → 2 2 2,1 42 τ+ σ ± σ =σ Linha neutra → σ = 0 → σ1 = -σ2 = τ → α = 450 Bordas → τ = 0 → σ1 = 0 , σ2 = -σ (comp.) σ1 = σ , σ2 = 0 (tração) 1.5 - CISALHAMENTO COMBINADO COM FLEXÃO EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO A metodologia que se utilizará no dimensionamento ao cisalhamento de vigas de concreto armado será válida tanto para as vigas de seção transversal retangular como T, visto que na seção T se admitirá a Linha Neutra localizada na alma. Portanto, a largura a ser utilizada nas duas situações será a largura da alma. Assim, a tensão de cisalhamento máxima da seção acontece na linha neutra e é determinada por: Como o valor de z (distância entre o centro de gravidade da zona comprimida e a armadura) em geral não é conhecido, define-se uma tensão tangencial convencional, em função do valor d (conhecido). Estudos experimentais constataram que d ≅ 1,15z e, portanto, ENG 01 1 1 1 - ESTRUTURAS DE CON CRET O ARMADO I- Prof. Vir g í n i a Mari a Rosi t o d'Avil a - Sal a 3 0 7 d - En g . No v a - UFRGS - DECIV zb V w 0 =τ db V w w =τ P σσ τ τ LN LN
  • 4. τo = 1,15τw . 2 - ANALOGIA DA TRELIÇA RITTER (1899) e MÖRSCH (1903) idealizaram, como aspecto estrutural de uma viga de concreto armado, uma treliça fictícia capaz de resistir simultaneamente aos esforços de flexão e de cisalhamento no estádio ΙΙΙ. Considerando a viga da figura, Mörsch admitiu, após a fissuração, seu funcionamento segundo uma treliça, com: o banzo superior comprimido constituído pelo concreto (e/ou concreto + armadura comprimida); o banzo tracionado pela armadura inferior; as diagonais tracionadas por armaduras colocados com inclinação α (450 a 900 ); e, as diagonais comprimidas à 450 , constituídas pelo concreto (tendo sido adotada como inclinação àquela da trajetótia das tensões principais, ao nível da linha neutra). Quando os montantes forem constituídos por estribos verticais (utilizado na prática), a geometria da treliça resulta: Os esforços que surgem nos banzos tracionado e comprimido na treliça são equivalentes aos esforços obtidos quando da aplicação das equações de equilíbrio no dimensionamento à flexão pura. Ou seja, o fato de existir o esforço cortante praticamente não altera o dimensionamento da flexão. Assim, o dimensionamento dos banzos comprimido e tracionado não precisa ser refeito. Resta analisar os esforços que surgem nas bielas (diagonais comprimidas) e nos montantes (diagonais tracionadas), ou seja, os esforços oriundos do cisalhamento e que agem na alma da viga. 2.1 - EQUILÍBRIO DAS FORÇAS Os valores dos esforços normais que surgem nas bielas (compressão - Ncc) e nos montantes (tração - Nst) são obtidos pela resolução da treliça. Chega-se aos seguintes valores: - força de compressão na biela de concreto → Ncc = V (2)1/2 - força de tração no montante (estribo) → Nst = V ENG 01 1 1 1 - ESTRUTURAS DE CON CRET O ARMADO I- Prof. Vir g í n i a Mari a Rosi t o d'Avil a - Sal a 3 0 7 d - En g . No v a - UFRGS - DECIV banzo com prim ido c o n c r e t o z y: zona com prim ida h d a = z 45o banzo tracionado A s m ontantes : diagonais tracionadas e s t r ib o s bielas : diagonais com prim idas c o n c r e t o z V a = z 45o
  • 5. Até agora, imaginou-se a viga formada apenas por uma treliça, cujas barras resistiriam às forças mencionadas. Na realidade, temos na alma da viga um conjunto de treliças separadas por uma distância "s", que é o espaçamento entre as armaduras transversais (estribos). Assim, a resultante das forças no trecho “s”, entre duas treliças consecutivas, é dada por: Fc = Ncc s/a - bielas comprimidas Ft = Nst s/a - estribos 2.2 - TENSÕES As forças na alma da viga produzem, respectivamente: - Tensão de compressão na biela de concreto → σcc = Fc/Acw = 2 τo - Tensão de tração na armadura transversal (estribos) → σ τ ρst o w = F A =t sw Acw = b s sen45 → área do segmento plano compreendido entre duas bielas consecutivas e perpendicular a elas Asw → soma das áreas das barras de uma armadura transversal que cortam o plano neutro Atw = b s → área do segmento do plano compreendido entre dois estribos consecutivos e perpendicular a elas ρ w sw t w A A = → taxa de armadura transversal Uma longa série de ensaios experimentais mostrou que, nas vigas armadas seguindo rigorosamente a teoria da treliça de Mörsch, verifica-se que as tensões nos estribos são inferiores e nas bielas superiores àquelas calculadas pela treliça fictícia. A explicação para tal constatação é dada pela possibilidade das diagonais comprimidas funcionarem com inclinações menores que 450 com o eixo horizontal. A NBR6118 permite o cálculo dos estribos pela treliça fictícia considerando-se uma tensão de cisalhamento limite: τd = τod - τc = 1,15 τwd - τc ≥ 0. τc não deve ser interpretada como uma resistência à tração do concreto, mas sim como a contribuição das partes comprimidas da treliça (bielas) na resistência aos esforços de cisalhamento, o que vem aliviar a armadura transversal. Em relação à tensão nas bielas comprimidas, a NBR6118 recomenda uma limitação no valor último da tensão σcc em σcc < σccu = 0,6 fcd o que resulta τwd < τwu = 0,3 fcd para estribos verticais. Assim, para peças de concreto armado dimensionadas no estado limite último: a) as máximas tensões de cisalhamento ocorrem na região fissurada e seu valor é constante e igual a: wd ww od 1,15 db 1,4V 1,15 zb 1,4V ττ === sendo db 1,4V w wd =τ τwd não tem qualquer significado físico e é denominado de tensão convencional de cisalhamento. Constitui um parâmetro através do qual se verificará estar ou não havendo esmagamento da biela comprimida que se forma na viga em seu funcionamento à flexão combinada com cisalhamento. ENG 01 1 1 1 - ESTRUTURAS DE CON CRET O ARMADO I- Prof. Vir g í n i a Mari a Rosi t o d'Avil a - Sal a 3 0 7 d - En g . No v a - UFRGS - DECIV
  • 6. b) o dimensionamento ao esforço cortante envolverá duas etapas: - verificação do não esmagamento do concreto, para as diagonais comprimidas da treliça que se forma em seu interior - determinação das áreas de aço necessárias para absorver as trações que surgem na referida treliça, oriundas do esforço cortante 2.3 - ARMADURA TRANSVERSAL → s Asw A área de aço necessária para a armadura transversal (estribos) é determinada para que a tensão no aço não ultrapasse o valor limite → σstd ≤ fyd. Substituindo os valores vistos anteriormente, w o st = ρ τσ sendo sb Asw w =ρ Norma → τd = τod - τc = 1,15 τwd - τc ≥ 0. limitef -15,1 = yd w c std wd →= ρ τ σ τ b f -15,1 = s A sb A f -15,1 = yd cswsw yd c w wdwd ττ ττ →=ρ A falta ou pouca armadura transversal diminui a resistência da viga transversalmente, podendo ocorrer uma ruptura sem aviso. Como prevenção a norma brasileira exige que seja colocada uma quantidade mínima de armadura transversal. A exigência de uma armadura transversal mínima resulta da necessidade que se tem (visando um funcionamento satisfatório no que se refere aos estados limites de formação de fissuras) de armaduras capazes de suportar os esforços de tração liberados pelo concreto no momento da formação de fissuras inclinadas devidas ao esforço cortante. Por este motivo, especifica-se, partindo de resultados experimentais, a necessidade da existência de uma porcentagem volumétrica mínima, que, para os aços CA-50 e CA-60 vale ρmin = 0,14%. 3 - ROTEIRO DE CÁLCULO DA ARMADURA TRANSVERSAL - (segundo a NBR-6118/80) 1- Verificação da seção de concreto - (item 5.3.1.2.b) db 1,4V wu w max wd ττ ≤= Vmax = esforço cortante máximo τwu = 0,30 fcd ≤ 4,5 MPa = 0,45 KN/cm2 2- Cálculo de τc - (item 4.1.4.2) (MPa)fck1c ϕτ = ϕ1 = 0,15 (flexão) 3- Determinação de Vmin → força cortante correspondente a armadura mínima ENG 01 1 1 1 - ESTRUTURAS DE CON CRET O ARMADO I- Prof. Vir g í n i a Mari a Rosi t o d'Avil a - Sal a 3 0 7 d - En g . No v a - UFRGS - DECIV
  • 7. ( )db 1,151,4 1 V w cefd min ττ+ = f,00140f= ydydwminefd =ρτ CA-50, CA-60 → fyd ≤ 435 MPa 4- Comparação do esforço cortante - se V < Vmin → Asw min em todo tramo b0,14b/100= s A wwwmin minsw =ρ - Aço CA-50 e CA-60 - se V > Vmin → Redução do esforço cortante → V’ 5- Redução do esforço cortante nos apoios → V’ Norma item 4.1.4.3 → pode-se fazer a redução do esforço cortante junto aos apoios quando a carga e a reação de apoio forem aplicadas em faces opostas da peça. V' = V - redução da carga distribuída - redução da carga concentrada - carga distribuída: p 2 h+c redução       = c: largura do apoio h: altura da viga p: carga distribuída da viga - carga concentrada → a ≤ 2h: 2h a -1 l a-l Predução                     = P: carga concentrada l: vão da viga a: distância da carga ao centro do apoio h: altura da viga 6- Determinação de Asw - (item 4.1.4.2) -15,1 cwdd ττ′τ′ = sendo db V1,4 w wd ′ =τ′ b100 f = s A w yd dsw τ′ sendo fyd ≤ 435 MPa 7- Determinação do comprimento onde vai Asw ENG 01 1 1 1 - ESTRUTURAS DE CON CRET O ARMADO I- Prof. Vir g í n i a Mari a Rosi t o d'Avil a - Sal a 3 0 7 d - En g . No v a - UFRGS - DECIV
  • 8. 8- Norma (item 6.3.1.2) - 60-CA50,-CAb0,14 25-CAb25,0 s A w wminsw     = - b121 5mm w   ≤ ≥ φ - espaçamento ≤ 0,5 d ou 30 cm ENG 01 1 1 1 - ESTRUTURAS DE CON CRET O ARMADO I- Prof. Vir g í n i a Mari a Rosi t o d'Avil a - Sal a 3 0 7 d - En g . No v a - UFRGS - DECIV A sw m i nA sw A A sw B P p V A V B V A V’ A V B Vm in V’B p V-V x min = x