2. Espaço
• Por ESPAÇO PLÁSTICO, entende-se os
elementos como a superfície da imagem, a
gama de valores – luminosidade – , a gama de
cores e a matéria da própria imagem, com os
quais o espectador se defronta.
• Espaço Concreto (real) X Espaço Abstrato
(imaginário)
3. Espaço da representação
• A representação do espaço é uma modelização do real. No caso da
fotografia, devemos estar conscientes que a imagem obtida é
sempre o resultado de uma operação de recorte do continuum
espacial, uma seleção que, consciente ou inconscientemente,
responde sempre aos interesses do fotógrafo. É no espaço da
representação, enquanto dimensão coadjuvante e estrutural, que
tem lugar o desdobramento dos elementos plásticos e as técnicas
compositivas que examinámos até ao momento.
• A inclusão de um sub-tópico dedicado ao exame do espaço da
representação deve-nos ajudar a definir como é o espaço que
constrói a fotografia que analisamos, desde as suas variáveis mais
materiais até às suas implicações mais filosóficas.
4. Espaço da representação
• No campo da fotografia, o controlo do parâmetro técnico
da abertura do diafragma e a objetiva eleita pelo fotógrafo
possibilitam a construção da dimensão espacial da imagem.
– Campo/Fora de campo
– Aberto/Fechado
– Interior/Exterior
– Concreto/Abstrato
– Profundo/Plano
– Habitabilidade
– Encenação
– Outros
– Comentários
5. Todo o ato fotográfico implica “uma tomada de
vista ou olhar na imagem”, quer dizer, um
gesto de corte.
Philippe Dubois
6. Campo/Fora de campo
• O campo fotográfico define-se como o espaço
representado na materialidade da imagem, e que
constitui a expressão plena do espaço da
representação fotográfica. Mas a compreensão e
interpretação do campo visual pressupõe sempre a
existência de um fora de campo, que se lhe supõe
contíguo e que o sustenta.
• Sem dúvida, o fora de campo e a ausência são
elementos estruturais de uma interpretação ou leitura
da representação fotográfica, como sucede no terreno
da representação fílmica.
7. Campo/Fora de campo
• As formas de representação do fora de campo em fotografia e as
suas significações podem ser muito variadas. A representação
fotográfica dominante, que poderíamos relacionar com o
paradigma de representação clássico, caracteriza-se por oferecer
um campo visual fragmentário, mas que oculta, ao mesmo tempo,
a sua natureza descontínua, mediante um apagamento das marcas
enunciativas para que o espectador não perceba a natureza
artificial da construção visual. O paradigma clássico baseia-se na
construção de uma impressão de realidade, mais acentuada ainda
que noutros meios audiovisuais como o cinema e o vídeo.
• Independentemente de outras reflexões, torna-se evidente que os
objetos ou personagens no campo podem “apontar” para o fora de
campo, com o que se obtém uma complicação de ambos por
contiguidade; mas, sobretudo, espelhos, sombras, etc. são
elementos que inscrevem diretamente o fora de campo no campo.
10. Aberto/Fechado
• Este par de conceitos não se refere somente à
dimensão física ou material da representação.
A representação de um espaço aberto tem
uma série de implicações no que respeita às
determinações que este contém
relativamente ao sujeito ou objeto
fotografado, e também com o tipo de relação
de fruição que a imagem promove no
espectador. O mesmo sucede com os espaços
fechados.
13. Interior/Exterior
• Este par de conceitos não se refere somente à
dimensão física ou material da representação.
A representação de um espaço interior tem
uma série de implicações no que respeita às
determinações que este contém
relativamente ao sujeito ou objeto
fotografado, e também com o tipo de relação
de fruição que a imagem promove no
espectador. O mesmo sucede com os espaços
exteriores.
16. Concreto/Abstracto
• Este par de conceitos não se refere somente à
dimensão física ou material da representação. A
representação de um espaço concreto tem uma
série de implicações no que respeita às
determinações que este contém relativamente
ao sujeito ou objeto fotografado, e também com
o tipo de relação de fruição que a imagem
promove no espectador. O mesmo sucede com
os espaços abstratos. Os efeitos metafóricos que
a representação de um ou outro tipo de espaço
supõe.
19. Profundo/Plano
• No estudo do sistema compositivo temos feito
referência à importância da perspectiva e da
profundidade de campo na construção do
espaço da representação. Neste nível de
análise, trata-se de avaliar em que medida a
representação plana do espaço corresponde a
um olhar mais estandardizado ou normalizado
como o classicismo, em confronto com a
representação em profundidade, mais
próxima da configuração plástica barroca.
22. Habitabilidade/Simbólico
• Segundo o grau de abstração da imagem, torna-se mais ou menos fácil que o espaço
possa ser habitável pelo espectador. A habitabilidade faz referência ao tipo de
implicação que a representação fotográfica promove na operação de leitura da
imagem. Deste modo, a habitabilidade em função da identificação ou distanciamento,
atua como forças centrípeta e centrifuga, que o espaço sugira ao espectador.
• A caracterização de um espaço como espaço simbólico produz-se quando a
representação fotográfica se afasta da vocação indicial da fotografia, enquanto marca
do real.
• Se em alguns fotógrafos David Kinsey ou Timothy O’Sullivan a fotografia de paisagem
tem um valor testemunhal, em Ansel Adams todo o trabalho parece dirigir-se para “a
construção de uma visão substancialmente estética do mundo e das coisas”. Em
Adams, a poética indicialista é substituída por “um trabalhado jogo luminoso que
estende pontes entre a cascata, o rio e o arco-íris criando uma emotiva sensibilidade
dramática ante a luz” (p. 152).
• De facto, o espaço simbólico de que vimos falando poderia considerar-se como um
espaço subjectivo, em termos estritamente semânticos. O reconhecimento de uma
poética simbólica é algo que dependerá do sujeito que realize a análise, já que na
operação de leitura o que irrompe é também a própria experiência subjectiva do
intérprete.
25. Encenação
• O dispositivo fotográfico não pode ser
entendido como uma mero agente
reprodutor, mas antes como um meio
desenhado para produzir determinados
efeitos, isto é, a impressão de realidade, entre
outros. Neste sentido, a imagem fotográfica
não é estranha a uma ação deliberada de
enunciação textual, a uma encenação que
transporta uma ideologia concreta e que
qualquer análise não pode ignorar.