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PROJETO CASA RESPONSÁVEL 
Michel Habib Ghattas 
1. O PROJETO 
O projeto da casa responsável foi idealizado e está sendo executado com base nas 
premissas da bioarquitetura, utilizando conceitos e sistemas construtivos ecologicamente 
corretos, culturalmente ricos e com atitudes socialmente justas. 
O cliente é um casal jovem com uma criança de 11 anos e planos para mais um filho, 
junto com seus animais de estimação (dois gatos, dois cachorros e uma tartaruga). O 
programa de necessidades proposto contempla uma residência térrea, com 02 suítes, 01 
banheiro para atender a 02 quartos, 01 lavabo, sala de estar, sala de jantar, home theater, 
área de serviço, despensa, cozinha integrada, varanda gourmet, mezanino, Home Office e 
garagem para 02 carros. 
O casal deu total liberdade ao profissional para a implantação de sistemas 
construtivos não convencionais. O partido arquitetônico propõe combinar o estilo caipira das 
fazendas da região com novas técnicas e tecnologias disponíveis atualmente. Como é 
cultural na região, as residências eram construídas em sua maioria de taipa de pilão, taipa 
de mão e ou adobes, coberta com telhado de madeira coberto com telhas cerâmicas. 
Somado a esses elementos, foram contemplados novos elementos que utilizam tecnologias 
atuais como sistemas de energia fotovoltaica, sistemas de tratamento das águas servidas, 
captação e reuso de águas pluviais, caixilhos de PVC e madeiras com certificação. 
2. O TERRENO 
O terreno de 512,00m² (16,00m x 32,00m), localizado em um loteamento urbano rico 
em áreas verdes, no município de Atibaia, foi mapeado em sua topografia, insolação e 
riquezas naturais. Foi identificada uma moita de bambu (Dendrocalamus giganteus), como 
riqueza natural à ser utilizada no sistema construtivo da casa e como elemento paisagístico. 
Fig. 01 - Planta do pavimento térreo
Na implantação da residência, aproveitou-se o desnível transversal de dois metros 
do terreno para incluir o pavimento inferior que abriga um depósito e o reservatório de 
captação e reuso das águas pluviais e águas cinzas. No pavimento térreo foram distribuídos 
todos os cômodos, restando apenas no pavimento superior um mezanino com acesso à laje 
jardim (fig. 01). 
2 
3. SISTEMAS CONSTRUTIVOS 
O sistema construtivo que melhor atenderia esse projeto seria aquele que 
aproveitasse os recursos naturais locais ou aqueles de menor impacto ambiental, portanto, 
foram estipuladas técnicas de construção com terra para as alvenarias, laje pré moldada de 
cimento produzida in loco para a execução de jardins suspensos, estruturas e telhados de 
madeira, sistemas integrados de saneamento, entre outros sistemas para a conservação ou 
geração de recursos como a implantação do sistema fotovoltaico e sistemas cíclicos que 
reduzam o consumo de recursos, como exemplo os sistema aplicados para as águas 
servidas, pluviais e produtivo com o jardim funcional comestível para subsistência (fig. 02). 
Sempre que um projeto de bioarquitetura é discutido, certos questionamentos 
sempre vêm à tona: economia de recursos financeiros, extenso tempo de execução e 
durabilidade da construção. Para responder a essas questões, estão sendo traçados 
durante o período de construção, perfis comparativos entre os sistemas utilizados e os 
sistemas tradicionais a serem concluídos ao final da construção. 
Fig. 02 - Sistemas ecológicos e materiais adotados 
3.1. Fundação 
Para segurança e qualidade da construção, após analise de sondagem a fundação 
determinada foi bloco sobre estaca escavada e viga baldrame. As estacas foram escavadas 
mecanicamente com profundidades de 5,00 a 7,00 metros e diâmetro de 25 cm, os blocos 
de distribuição de carga foram dimensionados 50x50x50cm e os baldrames foram com 
35x40cm para suportar a carga das alvenarias de taipa de pilão e 20x40cm para as 
alvenarias executadas em adobe e técnica mista. O dimensionamento estrutural foi feito por 
engenheiro capacitado.
O baldrame e o embasamento foram executados acima do nível do solo e 
impermeabilizados com hidroasfalto a base d´água. O enchimento de base foi feito com 
material proveniente dos aterros de resíduos sólidos do município. O subproduto gerado é 
separado em agregados cimentícios de maior granulometria que são utilizados em correção 
de ruas não pavimentadas e agregados cerâmicos de menor granulometria como cacos de 
azulejo, telhas e tijolos maciços cerâmicos que desagregados adquirem plasticidade quando 
entram em contato com água, tornando-se inapropriada para o uso em correção de 
pavimentações e sem uso para a prefeitura, mas de grande valia para o isolamento de base 
da construção, pois após compactado e curado se mostrou um material coeso e de baixa 
absorção capilar, fato esse observado nas poças de água estaqueadas após as chuvas. 
Para esse serviço foram utilizados 90,00m³ desse material. 
3 
3.2. Alvenarias 
Com o intuito de resgatar a cultura local e suas técnicas construtivas, os 
trabalhadores foram capacitados, aprendendo a caracterizar e estabilizar o barro disponível 
para a execução das misturas a serem utilizadas na taipa de pilão, adobes e tapa de mão. 
Por cima de todas as alvenarias, foi executada uma cinta de amarração de concreto 
armado de 15 cm para melhoras a distribuição das cargas das coberturas nas alvenarias. 
3.2.1. Taipa de pilão 
O taipal foi executado todo em madeira, utilizando chapas de madeirite plastificado 
de 16 mm com travamento executado com madeiras reaproveitadas das caixarias dos 
baldrames e outras recuperadas em caçambas. 
Após calcular o volume necessário, a terra recebida foi submetida a ensaios 
empíricos de caracterização do solo para definir um traço padrão à ser utilizado. O solo 
apresentou uma característica argilo-arenosa, porém com proporções equilibradas de 60% 
argila e 40% areia. Para a 
estabilização desse solo, foi 
adicionado areia, cimento e 
cal em proporções variadas 
para trabalhar principal-mente 
a coloração da terra. 
Como ponto de partida, 
estabilizou-se fisicamente a 
terra com adição de areia, 
atingindo uma proporção de 
65% areia e 35% argila, 
essa mistura foi homoge-neizada 
e estocada para ser 
utilizada até o final do 
processo de execução da 
alvenaria. Os aglomerantes 
minerais, cal e cimento, 
foram adicionados em 
proporção de 10% ao traço 
inicialmente adotado, com o 
intuito de ser misturados e 
homogeneizados no momento da hidratação e compactação do traço final (fig. 03). 
Fig. 03 - Taipal de madeira e estabilização do solo. 
Seguindo esse mesmo procedimento, foram executadas três alvenarias, que formam 
a espinha estrutural para apoio do telhado central e laje, somando 16,00m de taipa de pilão 
com 2,70m de altura.
4 
3.2.2. Adobe 
O barro utilizado na confecção dos adobes foi um solo estabilizado com areia e 
esterco de cavalo, atingindo uma proporção granulométrica de 70% areia e 30% argila, 
somando 1/4 do seu volume em esterco. Essa mistura foi hidratada e descansou por cinco 
dias para melhor homogeneização de seus componentes. 
Os adobes foram utilizados em alvenarias de fechamento e foram executados em 
dois formatos, trapezoidais 10x20x20x14cm (base menor, base maior, altura e espessura) e 
prismáticos 28x14x11 (comprimento x largura x altura). Para essas alvenarias, foram feitos 
300 adobes trapezoidais e 500 prismáticos (fig. 04). 
Fig. 04 - Alvenarias de adobe e taipa de pilão 
As alvenarias estão localizadas em pontos estratégicos da casa, servindo como 
empena decorativa para a sala de estar, sendo executada com acabamento de adobe 
aparente sem reboco. 
3.2.3. Taipa de mão 
Fig. 05 - Barro processado mecanicamente.
O processo construtivo da técnica mista foi adotado principalmente pela abundancia 
e disponibilidade do material local para executar do entramado. As estruturas dos pórticos 
foram executadas com a madeira peroba do norte (Goupia glabra) proveniente de 
reflorestamento em bitolas de 5x11cm verticalmente nas esquinas e caibros de pinus (Pinus 
elliotti) na bitola 6x6cm verticalmente a cada 1,00m. Com o manejo da moita de bambu 
(Dendrocalamus giganteus), as 85 varas foram cortadas, estocadas e utilizadas depois de 
seca em todo o ripamento de suporte para a aplicação do barro. 
Para o barreado dos 240,00m² dessa técnica, foram calculados 20,00m³ de barro já 
processado, equivalendo a 45,00m² de material bruto processados mecanicamente em uma 
pipa de olaria, entregue na obra no ponto de aplicação. Essa mescla foi mantida hidratada 
por dois meses até ser consumida totalmente (fig. 05). 
No momento do preparo desse 
barro, o solo foi caracterizado argilo-arenoso, 
portanto foi estabilizado, na 
proporção 3:5:2 (areia:terra:esterco), 
visando uma mistura areno-argilosa. 
Nesse momento, foi ensaiado o mesmo 
traço sem o uso do esterco, mas foi 
adotado seu uso em função da visível 
melhora na plasticidade da mistura. 
No preenchimento do 
entramado, o barro foi misturado com 
palha seca, que trouxe grande melhora 
no processo de retração do barro, uma 
vez que a superfície não apresentou 
rachaduras após sua secagem. Para 
acertar o prumo e regularizar a 
superfície da parede, foi aplicada uma 
capa de barro arenoso sarrafeado. As 
fissuras provenientes da secagem e 
retração foram fechadas e 
regularizadas com uma capa de reboco 
de 3:1 (areia e cal), não necessitando 
pintura (fig. 05). 
5 
Fig. 05 - Processos de execução da taipa de mão. 
3.3. Coberturas 
A residência dispõe de dois sistemas de cobertura, lajes pré-moldadas de argamassa 
armada de cimento e areia e telhados com telhas cerâmicas sobre estrutura de madeira. 
Ambas estão apoiadas sobre uma viga de concreto armado com quinze centímetros de 
altura para melhor distribuição das cargas nas alvenarias de terra. 
3.3.1. Laje jardim 
O sistema construtivo adotado para as lajes foram painéis pré-moldados de 
argamassa armada de cimento e areia. Esses painéis foram produzidos na obra e foram 
adotados pelo seu baixo consumo de material (cimento e ferro). Essa laje foi dimensionada 
para suportar a carga de uma lamina de 15 cm de terra para o plantio de espécies rasteiras. 
Após o apoio dos painéis, foi feito um recheio de argila expandida para dar o 
caimento necessário para a drenagem do teto jardim e posteriormente aplicada uma 
camada de concreto de 4 cm armada com tela eletrossoldada Q61 da Gerdau.
6 
3.3.2. Telhado sobre estrutura de madeira 
O telhado foi todo 
executado sobre estrutura de 
eucalipto (Corymbia citriodora) 
tratado autoclavado. Sua 
execução conta com todos os 
itens necessários para uma boa 
execução e conforto térmico 
como forro e manta de 
subcobertura. O forro foi 
executado com chapas de OSB 
(Oriented Strand Board) 
aparente por cima dos caibros, 
essa decisão se deu por 
estética e por demonstrar a 
melhor opção custo beneficio 
(fig. 06). As telhas cerâmicas 
utilizadas são provenientes da 
demolição de uma residência 
dos anos 80. 
4. TECNICAS ECOLÓGICAS 
Fig. 06 - Vista da estrutura de madeira e alvenarias em terra. 
Em paralelo aos sistemas construtivos adotados, foram aplicadas outras técnicas, 
alinhadas ao pensamento ecológico, visando sistemas de baixo impacto ambiental como a 
reutilização de resíduos sólidos como o exemplo dos muros de arrimo executado com 700 
pneus resgatados no município, preenchidos com terra e compactados, sistemas de 
saneamento com o tratamento rizosférico das águas servidas, captação, armazenamento e 
reutilização das águas pluviais, sistemas passivos insolação e ventilação para controle e 
conforto térmico, sistema de aquecimento solar da água e de geração de energia 
fotovoltaica, além de práticas agroecológicas com jardins comestíveis. 
Finalizando, em sintonia com o tripé da bioarquitetura, em todos os sistemas 
relacionados, sempre foram levadas em consideração questões sociais de resgate da 
cultura local, capacitação da mão de obra desqualificada e valorização do oficio. 
8. CONCLUSÃO 
Em resumo, essa residência esta sendo de grande valia para todos os envolvidos, 
atuando como um diminuidor de impacto com a absorção de resíduos sólidos do município, 
canteiro experimental de técnicas pouco utilizadas na construção civil atual, centro de 
capacitação de mão de obra em técnicas construtivas vernaculares e de baixo impacto 
ambiental, ponto de referência para novos empreendimentos que buscam a bioarquitetura 
como nicho de mercado e por fim, uma moradia saudável para seus usuários que viverão 
em harmonia e de forma responsável e integrados à natureza. 
9. CURRICULO DO AUTOR 
Michel Habib Ghattas, arquiteto graduado pela FAAP e Bioarquiteto pelo Instituto 
TIBÁ, atua profissionalmente na área da bioarquitetura e ecologia como transferidor do 
conhecimento teórico e prático em cursos, workshops e palestras para estudantes e 
profissionais, difundindo técnicas e sistemas de baixo impacto ambiental. Atualmente 
desenvolve projetos e atividades em parceria com universidades, institutos e empresas.

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Terra Brasil 2014 - Artigo - Michel Habib Ghattas

  • 1. 1 PROJETO CASA RESPONSÁVEL Michel Habib Ghattas 1. O PROJETO O projeto da casa responsável foi idealizado e está sendo executado com base nas premissas da bioarquitetura, utilizando conceitos e sistemas construtivos ecologicamente corretos, culturalmente ricos e com atitudes socialmente justas. O cliente é um casal jovem com uma criança de 11 anos e planos para mais um filho, junto com seus animais de estimação (dois gatos, dois cachorros e uma tartaruga). O programa de necessidades proposto contempla uma residência térrea, com 02 suítes, 01 banheiro para atender a 02 quartos, 01 lavabo, sala de estar, sala de jantar, home theater, área de serviço, despensa, cozinha integrada, varanda gourmet, mezanino, Home Office e garagem para 02 carros. O casal deu total liberdade ao profissional para a implantação de sistemas construtivos não convencionais. O partido arquitetônico propõe combinar o estilo caipira das fazendas da região com novas técnicas e tecnologias disponíveis atualmente. Como é cultural na região, as residências eram construídas em sua maioria de taipa de pilão, taipa de mão e ou adobes, coberta com telhado de madeira coberto com telhas cerâmicas. Somado a esses elementos, foram contemplados novos elementos que utilizam tecnologias atuais como sistemas de energia fotovoltaica, sistemas de tratamento das águas servidas, captação e reuso de águas pluviais, caixilhos de PVC e madeiras com certificação. 2. O TERRENO O terreno de 512,00m² (16,00m x 32,00m), localizado em um loteamento urbano rico em áreas verdes, no município de Atibaia, foi mapeado em sua topografia, insolação e riquezas naturais. Foi identificada uma moita de bambu (Dendrocalamus giganteus), como riqueza natural à ser utilizada no sistema construtivo da casa e como elemento paisagístico. Fig. 01 - Planta do pavimento térreo
  • 2. Na implantação da residência, aproveitou-se o desnível transversal de dois metros do terreno para incluir o pavimento inferior que abriga um depósito e o reservatório de captação e reuso das águas pluviais e águas cinzas. No pavimento térreo foram distribuídos todos os cômodos, restando apenas no pavimento superior um mezanino com acesso à laje jardim (fig. 01). 2 3. SISTEMAS CONSTRUTIVOS O sistema construtivo que melhor atenderia esse projeto seria aquele que aproveitasse os recursos naturais locais ou aqueles de menor impacto ambiental, portanto, foram estipuladas técnicas de construção com terra para as alvenarias, laje pré moldada de cimento produzida in loco para a execução de jardins suspensos, estruturas e telhados de madeira, sistemas integrados de saneamento, entre outros sistemas para a conservação ou geração de recursos como a implantação do sistema fotovoltaico e sistemas cíclicos que reduzam o consumo de recursos, como exemplo os sistema aplicados para as águas servidas, pluviais e produtivo com o jardim funcional comestível para subsistência (fig. 02). Sempre que um projeto de bioarquitetura é discutido, certos questionamentos sempre vêm à tona: economia de recursos financeiros, extenso tempo de execução e durabilidade da construção. Para responder a essas questões, estão sendo traçados durante o período de construção, perfis comparativos entre os sistemas utilizados e os sistemas tradicionais a serem concluídos ao final da construção. Fig. 02 - Sistemas ecológicos e materiais adotados 3.1. Fundação Para segurança e qualidade da construção, após analise de sondagem a fundação determinada foi bloco sobre estaca escavada e viga baldrame. As estacas foram escavadas mecanicamente com profundidades de 5,00 a 7,00 metros e diâmetro de 25 cm, os blocos de distribuição de carga foram dimensionados 50x50x50cm e os baldrames foram com 35x40cm para suportar a carga das alvenarias de taipa de pilão e 20x40cm para as alvenarias executadas em adobe e técnica mista. O dimensionamento estrutural foi feito por engenheiro capacitado.
  • 3. O baldrame e o embasamento foram executados acima do nível do solo e impermeabilizados com hidroasfalto a base d´água. O enchimento de base foi feito com material proveniente dos aterros de resíduos sólidos do município. O subproduto gerado é separado em agregados cimentícios de maior granulometria que são utilizados em correção de ruas não pavimentadas e agregados cerâmicos de menor granulometria como cacos de azulejo, telhas e tijolos maciços cerâmicos que desagregados adquirem plasticidade quando entram em contato com água, tornando-se inapropriada para o uso em correção de pavimentações e sem uso para a prefeitura, mas de grande valia para o isolamento de base da construção, pois após compactado e curado se mostrou um material coeso e de baixa absorção capilar, fato esse observado nas poças de água estaqueadas após as chuvas. Para esse serviço foram utilizados 90,00m³ desse material. 3 3.2. Alvenarias Com o intuito de resgatar a cultura local e suas técnicas construtivas, os trabalhadores foram capacitados, aprendendo a caracterizar e estabilizar o barro disponível para a execução das misturas a serem utilizadas na taipa de pilão, adobes e tapa de mão. Por cima de todas as alvenarias, foi executada uma cinta de amarração de concreto armado de 15 cm para melhoras a distribuição das cargas das coberturas nas alvenarias. 3.2.1. Taipa de pilão O taipal foi executado todo em madeira, utilizando chapas de madeirite plastificado de 16 mm com travamento executado com madeiras reaproveitadas das caixarias dos baldrames e outras recuperadas em caçambas. Após calcular o volume necessário, a terra recebida foi submetida a ensaios empíricos de caracterização do solo para definir um traço padrão à ser utilizado. O solo apresentou uma característica argilo-arenosa, porém com proporções equilibradas de 60% argila e 40% areia. Para a estabilização desse solo, foi adicionado areia, cimento e cal em proporções variadas para trabalhar principal-mente a coloração da terra. Como ponto de partida, estabilizou-se fisicamente a terra com adição de areia, atingindo uma proporção de 65% areia e 35% argila, essa mistura foi homoge-neizada e estocada para ser utilizada até o final do processo de execução da alvenaria. Os aglomerantes minerais, cal e cimento, foram adicionados em proporção de 10% ao traço inicialmente adotado, com o intuito de ser misturados e homogeneizados no momento da hidratação e compactação do traço final (fig. 03). Fig. 03 - Taipal de madeira e estabilização do solo. Seguindo esse mesmo procedimento, foram executadas três alvenarias, que formam a espinha estrutural para apoio do telhado central e laje, somando 16,00m de taipa de pilão com 2,70m de altura.
  • 4. 4 3.2.2. Adobe O barro utilizado na confecção dos adobes foi um solo estabilizado com areia e esterco de cavalo, atingindo uma proporção granulométrica de 70% areia e 30% argila, somando 1/4 do seu volume em esterco. Essa mistura foi hidratada e descansou por cinco dias para melhor homogeneização de seus componentes. Os adobes foram utilizados em alvenarias de fechamento e foram executados em dois formatos, trapezoidais 10x20x20x14cm (base menor, base maior, altura e espessura) e prismáticos 28x14x11 (comprimento x largura x altura). Para essas alvenarias, foram feitos 300 adobes trapezoidais e 500 prismáticos (fig. 04). Fig. 04 - Alvenarias de adobe e taipa de pilão As alvenarias estão localizadas em pontos estratégicos da casa, servindo como empena decorativa para a sala de estar, sendo executada com acabamento de adobe aparente sem reboco. 3.2.3. Taipa de mão Fig. 05 - Barro processado mecanicamente.
  • 5. O processo construtivo da técnica mista foi adotado principalmente pela abundancia e disponibilidade do material local para executar do entramado. As estruturas dos pórticos foram executadas com a madeira peroba do norte (Goupia glabra) proveniente de reflorestamento em bitolas de 5x11cm verticalmente nas esquinas e caibros de pinus (Pinus elliotti) na bitola 6x6cm verticalmente a cada 1,00m. Com o manejo da moita de bambu (Dendrocalamus giganteus), as 85 varas foram cortadas, estocadas e utilizadas depois de seca em todo o ripamento de suporte para a aplicação do barro. Para o barreado dos 240,00m² dessa técnica, foram calculados 20,00m³ de barro já processado, equivalendo a 45,00m² de material bruto processados mecanicamente em uma pipa de olaria, entregue na obra no ponto de aplicação. Essa mescla foi mantida hidratada por dois meses até ser consumida totalmente (fig. 05). No momento do preparo desse barro, o solo foi caracterizado argilo-arenoso, portanto foi estabilizado, na proporção 3:5:2 (areia:terra:esterco), visando uma mistura areno-argilosa. Nesse momento, foi ensaiado o mesmo traço sem o uso do esterco, mas foi adotado seu uso em função da visível melhora na plasticidade da mistura. No preenchimento do entramado, o barro foi misturado com palha seca, que trouxe grande melhora no processo de retração do barro, uma vez que a superfície não apresentou rachaduras após sua secagem. Para acertar o prumo e regularizar a superfície da parede, foi aplicada uma capa de barro arenoso sarrafeado. As fissuras provenientes da secagem e retração foram fechadas e regularizadas com uma capa de reboco de 3:1 (areia e cal), não necessitando pintura (fig. 05). 5 Fig. 05 - Processos de execução da taipa de mão. 3.3. Coberturas A residência dispõe de dois sistemas de cobertura, lajes pré-moldadas de argamassa armada de cimento e areia e telhados com telhas cerâmicas sobre estrutura de madeira. Ambas estão apoiadas sobre uma viga de concreto armado com quinze centímetros de altura para melhor distribuição das cargas nas alvenarias de terra. 3.3.1. Laje jardim O sistema construtivo adotado para as lajes foram painéis pré-moldados de argamassa armada de cimento e areia. Esses painéis foram produzidos na obra e foram adotados pelo seu baixo consumo de material (cimento e ferro). Essa laje foi dimensionada para suportar a carga de uma lamina de 15 cm de terra para o plantio de espécies rasteiras. Após o apoio dos painéis, foi feito um recheio de argila expandida para dar o caimento necessário para a drenagem do teto jardim e posteriormente aplicada uma camada de concreto de 4 cm armada com tela eletrossoldada Q61 da Gerdau.
  • 6. 6 3.3.2. Telhado sobre estrutura de madeira O telhado foi todo executado sobre estrutura de eucalipto (Corymbia citriodora) tratado autoclavado. Sua execução conta com todos os itens necessários para uma boa execução e conforto térmico como forro e manta de subcobertura. O forro foi executado com chapas de OSB (Oriented Strand Board) aparente por cima dos caibros, essa decisão se deu por estética e por demonstrar a melhor opção custo beneficio (fig. 06). As telhas cerâmicas utilizadas são provenientes da demolição de uma residência dos anos 80. 4. TECNICAS ECOLÓGICAS Fig. 06 - Vista da estrutura de madeira e alvenarias em terra. Em paralelo aos sistemas construtivos adotados, foram aplicadas outras técnicas, alinhadas ao pensamento ecológico, visando sistemas de baixo impacto ambiental como a reutilização de resíduos sólidos como o exemplo dos muros de arrimo executado com 700 pneus resgatados no município, preenchidos com terra e compactados, sistemas de saneamento com o tratamento rizosférico das águas servidas, captação, armazenamento e reutilização das águas pluviais, sistemas passivos insolação e ventilação para controle e conforto térmico, sistema de aquecimento solar da água e de geração de energia fotovoltaica, além de práticas agroecológicas com jardins comestíveis. Finalizando, em sintonia com o tripé da bioarquitetura, em todos os sistemas relacionados, sempre foram levadas em consideração questões sociais de resgate da cultura local, capacitação da mão de obra desqualificada e valorização do oficio. 8. CONCLUSÃO Em resumo, essa residência esta sendo de grande valia para todos os envolvidos, atuando como um diminuidor de impacto com a absorção de resíduos sólidos do município, canteiro experimental de técnicas pouco utilizadas na construção civil atual, centro de capacitação de mão de obra em técnicas construtivas vernaculares e de baixo impacto ambiental, ponto de referência para novos empreendimentos que buscam a bioarquitetura como nicho de mercado e por fim, uma moradia saudável para seus usuários que viverão em harmonia e de forma responsável e integrados à natureza. 9. CURRICULO DO AUTOR Michel Habib Ghattas, arquiteto graduado pela FAAP e Bioarquiteto pelo Instituto TIBÁ, atua profissionalmente na área da bioarquitetura e ecologia como transferidor do conhecimento teórico e prático em cursos, workshops e palestras para estudantes e profissionais, difundindo técnicas e sistemas de baixo impacto ambiental. Atualmente desenvolve projetos e atividades em parceria com universidades, institutos e empresas.