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Má qualidade do
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gerações
Estudos comprovam que a relação
entre poluição e saúde está cada vez mais
delicada e é preciso uma mudança de atitudes
Homem
saudável
Técnicas de autoconhecimento
podem transformar
pessoas e melhorar as
relações interpessoais no
ambiente de trabalho
Pedalada
verde
Contra a obesidade
e o sedentarismo e para
uma cidade menos poluída,
unidade da Amil em
São Paulo cria bicicletário
Visão
Brasil 2050
Empresas brasileiras
aderem aos desafios da
sustentabilidade e têm
38 anos para realizar
mudanças significativas
editorial
Se pensarmos na evolução da consciência como essencial
para alavancar as mudanças de que nosso planeta precisa,
temos que nos voltar ao homem. Um homem que, como
preconiza a Unesco em seu Relatório da Comissão
Internacional sobre Educação para o Século XXI, precisa
aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver
com os outros e aprender a ser.
Em nosso dia a dia, dedicamo-nos essencialmente
a aprender a conhecer e a aprender a fazer. Essas
aprendizagens são incompletas sem as outras duas.
Aprender a viver com os outros nos fala de atitudes e
valores. Já aprender a ser nos convoca para a formação
de indivíduos capazes de estabelecer relações, de
se comunicar, de evoluir e de intervir de forma
consciente na sociedade.
Todo conhecimento que nos possibilite melhorar
como seres humanos merece nossa atenção pessoal,
das organizações e da sociedade. Por isso, nesta edição
da Revista Gerações, você vai conhecer iniciativas e
pessoas que contribuem para aprendermos a ser e para
aprendermos a conviver.
Esperamos que você se inspire.
Odete Freitas
Diretora de Sustentabilidade
Consciênciaem evolução
Todo conhecimento nos traz a possibilidade de melhorar como seres humanos
acervoamil
sumário
4
5amilgerações
equilíbrio
Caminhos para a saúde
Empresa se une a representantes do governo
e do terceiro setor para discutir o modelo
de gestão do serviço de saúde brasileiro
6Projetos, prêmios e ações
Saiba mais sobre os projetos e ações
de sustentabilidade que a Amil vêm
desenvolvendo e os prêmios recebidos
bromeliário
Belezas tropicais
Amil ajuda a manter o bromeliário do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, santuário com
diversas espécies ameaçadas de extinção
Notas
14
28
NESTA
EDIÇÃO
expediente
2o
SEMestre 2012
Coordenação: Promarket, house-agency da Amilpar
Aprovação: Diretoria de Sustentabilidade
Realização:
FernandaLigabue
capa
Saúde e sustentabilidade: uma relação delicada
Qual o caminho para uma mudança sustentável e como ela passa
pela conscientização e por uma abordagem intersetorial da saúde
tratamento
Green kitcheninovação e tecnologia
olimpíadas
relações humanas
bicicletário
PINGUE-PONGUE
opinião
BOAS ideias
A revolução dos resíduos
Amil implanta programa de gestão de resíduos
e busca tecnologia para se tornar referência
nacional no tratamento de lixo hospitalar
Restaurante saudável
No Hospital e Maternidade Metropolitano,
colaboradores fazem refeições
equilibradas e com tempero local
Um futuro de visão
CEBDS constrói agenda para 2050
e engaja grandes empresas na
sustentabilidade eficiente para os negócios
Engajar e mobilizar
Ações criativas de sustentabilidade continuam
a ser realizadas pelos quatro cantos do país
por meio das Olimpíadas Amil Gerações
Autoconhecimento e equilíbrio
Gestão estimula colaboradores a
conhecer mais sobre si com programas
de meditação e técnicas de eneagrama
Sustentável em duas rodas
Amil Resgate Saúde Alphaville
inaugura bicicletário com bikes
produzidas com material reciclável
Mulheres que inspiram
Ana Paula Padrão fala sobre seu trabalho
com mulheres que fazem a diferença
Crise ambiental?
Convivendo com essa realidade por muitos
anos, fica impossível não questionar o modelo
de desenvolvimento econômico mundial
Rio+20
Veja a opinião de dois especialistas
sobre quais lições a Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável deixou para o futuro
50
32 56
38 60
64
68
70
18
42
notas por Andréia Brasil e ronaldo mendes
divulgação
divulgaçãodivulgaçãodivulgação
Criada em 2002, a Turma do Bem é uma
Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público (OSCIP) que atua na área da saúde bucal.
Seu principal projeto é O Dentista do Bem, no qual
dentistas voluntários atendem gratuitamente em
seus consultórios crianças e adolescentes, entre
11 e 17 anos, de baixa renda.
Em 2012, a instituição lançou o programa
Apolônias do Bem, que proporciona tratamento
odontológico gratuito para mulheres vítimas de
violência doméstica. O projeto pretende atender
200 mulheres acolhidas pela Casa de Isabel, centro
de apoio a mulheres, crianças e adolescentes em
situação de risco, localizado São Paulo (SP).
Para cumprir esse objetivo, a Turma do Bem
conta com o apoio da Amil. “A Amil conheceu
nosso trabalho e se interessou em desenvolver
um projeto conjunto. Foi a primeira empresa
do setor a nos apoiar, não só com o Apolônias
do Bem, mas também como mantenedora da
instituição, colaborando com todos os projetos”,
conta Caio Leão, coordenador de Comunicação
da instituição. “Graças à Amil, o atendimento
odontológico não será feito por voluntários.
As mulheres selecionadas são tratadas por
cirurgiões-dentistas da rede da operadora,
que assumiu todos os custos, enquanto nós
fazemos o acompanhamento.”
Segundo o diretor Comercial da Linha Dental,
Alfieri Casalecchi, participar dessa ação é muito
importante para a Amil. “A parceria é uma forma
de alertar a sociedade para a violência doméstica,
um problema sério e silencioso. Com os traumas,
elas perdem sua autoestima. Por isso, apoiar o
projeto é como se estivéssemos contribuindo
para que essas mulheres renasçam.”
Projetodo bem
Uma das principais ferramentas para
a sustentabilidade das empresas é o
marketing. Por isso, a Editora Referência
e a consultoria MadiaMundoMarketing
lançaram, em 2002, o prêmio Marketing Best
Sustentabilidade, que destaca e dissemina as
melhores práticas sustentáveis de empresas,
fundações, institutos e associações.
Neste ano, dois projetos da Amil foram
premiados: Paperless e Digitalização de
Exames de Imagem. Dentre os resultados
obtidos pela primeira iniciativa no ano passado,
estão a economia de mais de 34 mil m3
³ de
água e mais de 8 mil árvores que deixaram
de ser cortadas, equivalentes a quase 60%
do Parque Ibirapuera, em São Paulo (SP).
No segundo caso, o uso de películas para
a impressão de exames foi reduzido em 2,7
milhões de unidades e 360 quilos de prata, e
8,9 milhões de litros de água foram poupados.
Para o diretor de TI da Amilpar, Telmo Pereira,
os projetos estão em sintonia com o mundo
moderno. “Usufruímos das novas tecnologias
e ferramentas nos projetos de sustentabilidade
e tivemos resultados muito positivos”, explica.
“O prêmio reconhece que a Amil está sempre
alinhada com a responsabilidade socioambiental
e chancela o trabalho como um ícone de
sustentabilidade.” Alexandre Bulhões de Britto,
analista de Sustentabilidade, concorda: “A
premiação valoriza os esforços da empresa por
um mundo mais sustentável. É um atestado de
que nossos projetos são sérios e funcionam”.
O presidente da Editora Referência, Armando
Ferrentini, considera os projetos como autênticos
cases de responsabilidade social. “Faço questão
de afirmar que as premiações são decorrência
de um trabalho altamente qualificado. A
sociedade brasileira só tem a ganhar com cases
relevantes como os campeões da Amil.”
Ideias que dão certo
AlessandroMendes
divulgação
Organizado pelas Universidades Corporativas do Rio de Janeiro
(RJ) e de São Paulo (SP), o projeto Amil Jovem VIP reuniu 3.500
jovens de 13 a 18 anos nas duas capitais. Em São Paulo,
o evento aconteceu no dia 10 de agosto, na Via Funchal. No Rio,
o encontro foi no Centro de Convenções Sul América, no dia 13.
O projeto, criado há 25 anos pelo presidente-fundador
da Amilpar, Edson Bueno, contou com a presença de Nick
Vujicic, australiano que nasceu sem braços e pernas. O
convidado encantou a plateia, formada pelos filhos dos
colaboradores e por alunos de escolhas públicas e privadas.
“O objetivo do evento é falar sobre desafios, formas de
superar dificuldades como bullying na escola e preconceitos
em geral”, explica Andrea Giorgi, gerente de RH d Rio. Andrea
conta que os jovens se encantaram com as histórias e, ao
final, fizeram um planejamento que vai de 2012 a 2020.
Projeto Amil Jovem VIP
O dia 27 de julho foi muito especial para a Amil,
pois marcou a primeira reunião do Comitê
de Sustentabilidade. Ligado ao Conselho de
Administração, o objetivo do Comitê é avaliar,
priorizar, organizar e direcionar o trabalho
da Diretoria de Sustentabilidade.
A pauta desse primeiro encontro foi a revisão
do planejamento estratégico e a definição dos
projetos nacionais que serão implementados
nos próximos meses. O primeiro diz respeito à
criação do modelo conceitual de hospital verde,
com foco em duas unidades hospitalares: o
Hospital Vitória e o Hospital das Américas. O
Hospital das Américas está sendo construído
na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ). A obra
já recebeu o certificado Leadership in Energy
& Environmental Design (LEED), sistema de
certificação e orientação ambiental de edificações
criado pelo Green Building Council, atualmente
o selo de maior reconhecimento internacional
no setor de construção civil. O Hospital Vitória,
localizado no Tatuapé, em São Paulo (SP), já
conta com a certificação ambiental ISO 14000,
que estabelece as diretrizes básicas para o
desenvolvimento de um sistema que gerencie
a questão ambiental dentro da empresa.
Os outros projetos aprovados têm foco na
cadeia de suprimentos, atendimento e gestão por
indicadores de sustentabilidade, dada a relevância
desses aspectos do negócio para a criação de
novos valores para os fornecedores, clientes e
executivos da companhia.
Foco na sustentabilidade
8
9amilgeraçõesnotas
arquivopessoalarquivopessoal
Sensibilizados com a falta de água no sertão,
colaboradores da Amil em Recife (PE) se
mobilizaram para arrecadar água e mantimentos
e doá-los a famílias de duas comunidades em
São José do Belmonte (PE). Abastecidos de água
e cestas básicas, 22 colaboradores estiveram nos
povoados de Serrote e Santa Cruz.
A campanha foi organizada por Wagner
Vicente e Priscilla Albuquerque, com apoio
da área de Recursos Humanos. “Envolvemos
cada uma das pessoas, passando nos setores e
fazendo um trabalho de conscientização. A filial
inteira participou da ação!”, comemora Priscilla
Almeida, gerente do RH.
A atitude contou com o apoio de empresas
parceiras da Amil e de familiares. No total, foram
doados 5.750 litros de água mineral, 10 mil litros
de água potável e 100 cestas básicas. “É muito
Água para o sertão pernambucano
bom fazer o bem a quem necessita do básico,
como água e comida”, lembra Wagner, há dez
anos participando de iniciativas como essa.
amilgerações
10
11
Em 2002, a Câmara de Comércio França-Brasil
(CCFB), que promove o desenvolvimento das
relações entre os dois países, criou o Prêmio
LIF, baseado nos ideais Liberdade, Igualdade e
Fraternidade, grandes motivadores da Revolução
Francesa de 1789. A premiação pretende
estimular as empresas a adotarem práticas
responsáveis e uma gestão sustentável.
Este ano, as Olimpíadas Amil Gerações foram um
dos projetos premiados na categoria Público Interno.
Entre os resultados alcançados pela ação, que teve
como objetivo incorporar a sustentabilidade ao
dia a dia dos 25 mil colaboradores da empresa,
estão a redução de mais de 50% no consumo de
copos plásticos e mais de 530 doações de sangue.
“A ideia surgiu da necessidade de mostrar
a todos os colaboradores o que significa a
sustentabilidade e engajá-los nas ações. O
Prêmio LIF é um reconhecimento do trabalho
e da seriedade da Amil em buscar e praticar
cada vez mais a sustentabilidade. Mostra que
estamos no caminho certo e valoriza o esforço
de todas as pessoas em colocar as ações em
prática”, comemora Alexandre Bulhões de
Britto, analista de Sustentabilidade da Amil.
A diretora executiva da CCFB, Sueli Lartigue,
explica que a premiação aborda temas relevantes
e vinculados à realidade das empresas. “O projeto
da Amil se destaca por promover uma série de
atividades com o público interno. Aprendemos
com isso como é possível motivar e engajar
os colaboradores em prol de causas como a
doação de sangue e a preservação dos recursos
naturais. Isso contribui para atingirmos o objetivo
do Prêmio, inspirando mais e mais empresas a
seguirem pelo caminho da sustentabilidade.”
Olimpíadas premiadas
Lançada em meados de 2011, a Rede
Verde integra os colaboradores da Amil
para discutir ações e ampliar e fortalecer
o programa Amil Gerações, que busca
soluções sustentáveis para manter os
recursos naturais para as gerações
futuras. Segundo Alexandre Bulhões
de Britto, analista de Sustentabilidade, o
comprometimento das pessoas com esse
tema é cada vez maior. “Elas desenvolvem
suas próprias iniciativas, pensam em novas
possibilidades e as colocam em prática.
O papel da Rede Verde é apoiar, incentivar,
colaborar e divulgar essas propostas
para o resto da empresa, compartilhando
experiências, ideias e resultados.”
Em busca de mais governança,
qualificação e envolvimento, a Rede Verde
passou por um processo de renovação, com
o cadastramento de novos participantes,
atingindo 200 pessoas. “Como esse grupo
é difusor da bandeira da sustentabilidade
dentro da Amil, temos que contar com
pessoas que ajudem a disseminar os
conceitos e a pensar em novas ações
em suas unidades. Por isso, abrimos
as inscrições para que cada vez mais
colaboradores possam integrar a equipe”,
esclarece Alexandre. A intenção é, ao longo
dos anos, ter pelo menos um representante
de cada área da operadora e dos hospitais.
Uma Rede
cada vez maior
shutterstock
notas
divulgação
shutterstock
No dia 10 de maio, a Amil participou
do Sustentável 2012, organizado
pelo Conselho Empresarial Brasileiro
para o Desenvolvimento Sustentável
(CEBDS). O evento reuniu mais de
500 pessoas no Rio de Janeiro (RJ)
e antecipou a agenda da Rio+20.
  O objetivo dos debates foi a
busca por respostas para acelerar a
implementação da sustentabilidade
no Brasil, propondo metas para o
setor empresarial, políticas públicas
e mudanças no comportamento
dos consumidores. Para isso,
foram apresentadas cinco plenárias
que sintetizaram os nove pilares
do relatório Visão Brasil 2050 –
documento que aponta uma agenda
para o futuro e inspira o planejamento
estratégico de inúmeras empresas.
 A diretora de Sustentabilidade da Amil,
Odete Freitas, foi uma das convidadas
da plenária “Escolhas Inteligentes:
como o consumo altera o ambiente
que nos cerca”, que contou ainda com
a presença de Sérgio Besserman,
presidente do Grupo de Trabalho da
Prefeitura do Rio de Janeiro para a
Rio+20; Alice Freitas, fundadora da Rede
Asta; Márcia Muchagata, assessora da
Secretaria Executiva do Ministério do
Desenvolvimento Social; e Antônio Carlos
Guimarães, presidente da Syngenta.
De acordo com a presidente-executiva
do CEBDS, Marina Grossi, a assembleia
discutiu a forma de consumo atual.
“Os participantes concordaram que
a união do setor empresarial com o
governo e a sociedade é prioritária para
o desenvolvimento sustentável. E a
Amil trouxe para a plenária a dimensão
do consumo em uma questão central:
qualidade de vida. Além disso, a
educação como agente transformador
também foi posta em debate por Odete
Freitas, o que reforçou a importância
da inclusão das questões ambientais
e sociais no sistema de ensino.”
Uma publicação que informa aos colaboradores
da Amil sobre as ações de sustentabilidade
desenvolvidas nas filiais e redes assistenciais:
esse é o objetivo da Ciranda, newsletter criada
para difundir e compartilhar as iniciativas
sustentáveis realizadas na empresa.
A primeira edição foi lançada em 15 de julho e,
em princípio, sua frequência será bimestral. Ela é
enviada para os colaboradores via e-mail
e também está disponível na intranet
e na Amiltown. “O principal diferencial
da Ciranda é mostrar o que está sendo
feito em prol da sustentabilidade em
toda a empresa. As ações precisam
da participação de todos, e sentimos
que as pessoas acreditam que
podem fazer a diferença”, ressalta
Patrícia de Andrade, coordenadora de
Comunicação Corporativa da Amil.
Para Kelli Gonçalves, gerente de
Comunicação e Imprensa, uma das
seções mais interessantes é a Contaí,
na qual os colaboradores podem falar
sobre ações que desenvolvem fora da
empresa. “Isso mostra que é possível
ampliar o universo sustentável para
a vida pessoal. Podemos levar os
conceitos e ações aprendidos dentro
da Amil e aplicar fora do trabalho.”
Ela conta que os retornos sobre a
Ciranda têm sido bastante positivos.
“As pessoas gostaram da primeira
edição e muitas nos procuraram para
contar suas próprias experiências nas
próximas edições, e todas as áreas e
filiais terão espaço. Nossa vontade é
que o projeto cresça, que as pessoas
se envolvam, participem e conheçam
as ações desenvolvidas em toda a
empresa e também fora dela. Essa
ciranda vai girar cada vez mais”, finaliza.
Ciranda da sustentabilidade
Amil no
Sustentável 2012
notas
bromeliário amilgerações
14
15
Belezas de
clima tropical
bromeliário
Desde 2007, a Amil ajuda a manter o bromeliário do
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, um santuário que abriga
e pesquisa diversas espécies ameaçadas de extinção
por ronaldo mendes
A
falta de cuidado com o meio ambiente
vem causando cada vez mais danos
ao planeta. Um exemplo claro disso
é a entrada das bromélias para a lista das
espécies mais ameaçadas de extinção no país,
devido a degradação do ecossistema e a coleta
predatória. Segundo o Ministério do Meio
Ambiente, já são 38 variedades que correm o
risco de desaparecer das florestas.
Preocupada com a manutenção do
ecossistema, desde 2007 a Amil patrocina
o bromeliário do Jardim Botânico do Rio de
Janeiro (RJ). Com um dos maiores acervos do
país – 540 tipos, dentre eles 26 já ameaçados
de extinção –, o instituto se tornou referência no
estudo e conservação dessa espécie, e oferece
ao visitante a oportunidade de conhecer a
diversidade e a beleza dessas plantas.
Graças ao apoio da Amil, a coleção de
plantas duplicou, e o local se tornou um dos
mais visitados dentro do instituto – nos finais
de semana, chega a receber mais de duzentas
visitas e, em alta temporada, esse número chega
a triplicar. “Hoje, o bromeliário tem um potencial
e uma visibilidade muito grande, tanto para o
público em geral quanto para outras instituições
que buscam parceria de intercâmbio e estudo
da nossa coleção”, orgulha-se a bióloga Nara
Vasconcellos, curadora do bromeliário.
Trabalho de conservação
O bromeliário é formado por duas estufas, mas
apenas uma é aberta para visitação. É na outra
que Nara e sua equipe de biólogos especialistas
na família bromeliácea – Rafaela Forzza e Gustavo
Martinelli –, fazem o trabalho de conservação.
“Nosso grande objetivo é tirar as espécies da lista
de ameaçadas de extinção”, explica Nara.
Para isso, os biólogos vão a campo duas vezes
por ano a fim de coletar espécies na natureza.
O material normalmente é recolhido em flor,
para que seja feita a exsicata – quando a planta
é desidratada e armazenada nos armários em
temperatura adequada. Durante esse processo,
ela fica presa a um tipo de cartolina e é encapada
em papel craft. Depois, é prensada e levada para
uma estufa com iluminação natural.
Normalmente, essas plantas saem da estufa
em três ou quatro dias. Em seguida, todas as
informações coletadas vão para o banco de
dados do Jardim Botânico. “Antes, esses dados
não eram computadorizados. O que tínhamos
era um amontoado de vasos com um banco
de dados feito a mão, num caderno”, lembra
Ricardo Reis, diretor das Coleções Vivas do
Jardim Botânico do Rio de Janeiro. “Agora nós
temos uma coisa de primeiro mundo, inclusive
as pessoas que vêm aqui percebem que é algo
muito bem organizado.”
ISMARINGBER
referência no estudo
e conservação da
espécie, o bromeliário
é hoje um dos locais
mais visitados do
jardim botânico
bromeliário amilgerações
16
17
As bromélias
Espécie quase que exclusiva das Américas, a família das bromélias é constituída de 56 gêneros e mais
de 3 mil espécies. Com predileção pelos climas árido e úmido das regiões tropicais, elas são de fácil
adaptação aos solos e divididas por três hábitos: epífitas, que se apoiam em outras plantas; rupícolas,
desenvolvidas em pedras; e as terrestres. De grande importância na manutenção da biodiversidade,
a formação peculiar das folhas da bromélia forma um reservatório de água e matéria orgânica
responsável pela criação de hábitats para vários organismos.
Salto de qualidade
Segundo Ricardo, ao longo desses quase
seis anos de relacionamento com a Amil, o
bromeliário deu um salto de qualidade muito
grande. “Hoje, nossas plantas têm procedência
e são tratadas com tudo o que há de mais
moderno para coletas botânicas”, conta o diretor.
O convênio da Amil foi dividido em dois
momentos. Durante os primeiros 24 meses,
foram feitas as reformas completas das estufas.
Terminada essa fase, a Amil assumiu o papel
de mantenedora. “O patrocínio permite que
façamos pelo menos duas expedições por ano,
além da manutenção e a aquisição de novas
plantas e gastos com pesquisa”, explica Ricardo.
20 anos de dedicação
Há quase duas décadas, João Mourão, 68 anos,
desenvolve uma relação de carinho com as
bromélias. Jardineiro do local, o Sr. Mourão,
como é conhecido, fica feliz ao ver que suas
plantas estão recebendo mais visitas nos últimos
anos. “Nossa coleção cresceu bastante de uns
anos pra cá. Agora, o bromeliário chama a
O acervo do bromeliário é composto, em sua
maioria, por espécies genuinamente brasileiras. De
acordo com Nara, a ideia é justamente priorizar as
espécies nacionais, sobretudo as da Mata Atlântica.
“É uma maneira de apresentar ao público a
diversidade de bromélias existentes em nosso país.
Temos também espécies que não são daqui, mas
não é um número muito grande”, afirma a bióloga.
Para manter a conservação, ela diz que a
ideia é, num futuro próximo, fazer o cruzamento
das plantas. Ampliar o número de espécies na
coleção e a reprodução das plantas no ambiente
natural também estão entre os projetos. “Isso é
importante para que possamos um dia distribuir
as espécies para outros jardins botânicos”, avisa.
Serviço
O Bromeliário fica aberto diariamente, das 8h às 17h. Para agendar uma visita guiada, é preciso marcar com antecedência pelo
telefone (21) 3874-1808. Endereço: Rua Jardim Botânico, 1.008, Jardim Botânico – Rio de Janeiro (RJ)
atenção das pessoas e é o lugar mais visitado do
Jardim Botânico”, comemora.
Segundo ele, a variedade das plantas
brasileiras desperta a curiosidade dos turistas,
principalmente os estrangeiros. “Eles ficam
maravilhados, até me abraçam e dizem que meu
trabalho está sendo benfeito. Fico muito feliz com
isso, pois tenho orgulho do que faço”, diz.
da esq. para a dir.: o diretor das coleções vivas, ricardo reis, O jardineiro João Mourão e a bióloga nara vasconcellos
ISMARINGBER
fotos:ISMARINGBER
capa
18
19amilgerações
capa
A degradação ambiental provoca doenças e mortes, compromete a
saúde das gerações futuras e onera o setor de saúde. O caminho para
uma mudança sustentável passa pela conscientização dos atores sociais
e por uma abordagem intersetorial da saúde, dizem especialistas
Saúde e sustentabilidade:
uma relação delicada
por alice giraldi
H
á cerca de 40 anos, o médico patologista
Paulo Saldiva cumpre uma rotina diária:
sai de casa pela manhã com a sua
bicicleta e pedala cerca de seis quilômetros até o
trabalho. Nos dias de chuva ou frio, uma bicicleta
dobrável e um patinete de adulto permitem ao
médico associar esses meios alternativos de
locomoção com o uso do ônibus. Saldiva é
um ciclista convicto em São Paulo (SP), cidade
em que o automóvel reina soberano sobre
todos os meios de transporte. Sua opção é
bem fundamentada e tem um caráter militante.
Atuando como coordenador do Laboratório
de Poluição Atmosférica Experimental da
Universidade de São Paulo (USP) e renomado
l
shutterstock
pesquisador, o médico conhece como poucos
os efeitos nocivos dos poluentes liberados pelos
escapamentos dos veículos automotores – os
maiores vilões da poluição do ar nas cidades
– e faz a sua parte para reduzir as emissões.
Os resultados das pesquisas conduzidas por
Saldiva de fato impressionam. Somente na cidade
de São Paulo, a poluição atmosférica mata cerca
de 4 mil pessoas por ano – mais do que a aids,
responsável por mil mortes e a tuberculose,
que vitima 600 pessoas anualmente. Quando
se somam os dados de pessoas na faixa etária
de 40 anos das seis maiores capitais do país,
os números sobem para 11 mil mortes por ano
causadas pela má qualidade do ar. Em escala
capa
20
21amilgerações
FERNANDALIGABUE
mundial, segundo a Organização das Nações
Unidas (ONU), esses números atingem cifras
dramáticas: a cada ano, a poluição atmosférica
causa 6 milhões de mortes prematuras.
Diferentemente do que se poderia imaginar,
os efeitos deletérios da poluição à saúde não
se limitam somente a problemas respiratórios,
como asma, bronquite e enfisema pulmonar.
Um número crescente de pesquisas revela que
os poluentes estão relacionados a uma variada
gama de doenças, perfazendo uma longa lista que
inclui, entre outras, câncer, infertilidade, diabetes,
anemia, obesidade, neuropatias e cardiopatias.
Coração, raciocínio e memória
Dados da American Heart Association
(Sociedade Americana do Coração) mostram
que 10% dos infartos de miocárdio devem-se à
poluição gerada pelo tráfego de veículos. “Os
especialistas precisam levar mais em conta a
poluição atmosférica como um fator de risco
de doenças cardíacas”, alerta o cardiologista
Cláudio Domênico, da Clínica São Vicente (RJ),
membro da Sociedade Europeia de Cardiologia.
durante a gestação têm maiores chances de
vir a desenvolver diabetes tipo 2 e obesidade”,
informa Saldiva. De maneira geral, fetos com
maior contato com a poluição têm menor reserva
funcional, o que significa maior vulnerabilidade
a doenças ao longo da vida.
Ônus à saúde
Cálculos do Laboratório de Poluição Atmosférica
Experimental da USP evidenciam que os
custos das doenças causadas pelas emissões
de poluentes têm alto impacto no setor de
saúde. A estimativa é que cerca de 2 bilhões
de reais sejam dispendidos anualmente pelo
Sistema Público de Saúde (SUS) em tratamentos
de enfermidades associadas direta ou
indiretamente à poluição, consumindo recursos
que poderiam ser empregados na melhoria
da qualidade da saúde pública.
A própria área de saúde é alvo do olhar
de organizações ambientais. “Descobriu-
se que o setor vivia um enorme paradoxo,
emitindo substâncias cancerígenas para o
ambiente”, conta a bióloga argentina Verónica
Odriozola, coordenadora regional de Saúde
sem Dano, referindo-se ao episódio que, em
Ele cita um estudo realizado na Alemanha com
300 indivíduos infartados. Segundo o estudo,
aqueles que permaneciam por períodos maiores
dentro do carro, no trânsito, apresentavam três
vezes mais chances de infartar do que os menos
expostos à poluição.
O cardiologista destaca que a má qualidade do
ar também está associada a um maior risco de
declínio cognitivo em idosos. Foi o que mostrou
uma pesquisa divulgada em 2011 nos Estados
Unidos, que acompanhou 19 mil enfermeiras
entre 70 e 81 anos de idade por um período de
25 anos. Mulheres desse grupo que tiveram
contato permanente com níveis mais elevados
de poluição apresentaram maiores perdas
cognitivas, incluindo dificuldades de raciocínio
lógico, perda de memória e quadros de demência.
A mais grave associação entre poluição do ar e
problemas de saúde, entretanto, talvez esteja em
alterações da expressão genética em bebês que
ainda se encontram no útero materno, afetando a
qualidade de vida das gerações futuras. “Existem
evidências de que crianças que nascem com
baixo peso devido a exposição da mãe à poluição
Diferentemente do que se poderia
imaginar, os efeitos da poluição
não se limitam somente a problemas
respiratórios como asma,
bronquite e enfisema pulmonar
capa
22
23amilgerações
1996, motivou a criação dessa organização
não governamental nos Estados Unidos.
Ao realizar uma pesquisa sobre a presença
de dioxinas no ambiente – substâncias que são
subprodutos não intencionais de processos
industriais, altamente tóxicas e com comprovada
atividade cancerígena –, o governo americano
identificou que os incineradores de resíduos
hospitalares eram uma de suas principais fontes.
A partir de então, a ONG se dedicou a promover
alternativas à incineração e a buscar maneiras
de reduzir a quantidade de resíduos produzidos
pelos hospitais. Mais recentemente, a Saúde
sem Dano dirigiu o foco de suas atividades para
a eliminação do uso do mercúrio no setor de
saúde. O metal tem potente ação neurotóxica
e nefrotóxica e, como se sabe, é amplamente
utilizado em termômetros, medidores de
pressão arterial, antissépticos tópicos e material
odontológico. O empenho para eliminar o
mercúrio no setor de saúde conta com o apoio
da Organização Mundial de Saúde (OMS) e tem
obtido êxito. No Brasil, a venda de medicamentos
à base do metal foi proibida pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2001, e o
estado de São Paulo determinou a sua eliminação
da rede pública de saúde. Vários países baniram
o uso do mercúrio no setor de saúde e, em 2013,
espera-se que seja assinado um pacto global pela
sua eliminação no mundo todo.
Epidemias e ambiente
A degradação ambiental produzida pelo
desafio de produzir alimento para 6 bilhões
de pessoas no planeta também está nas raízes
de epidemias que ameaçam a humanidade,
afirmam especialistas como Stefan Cunha Ujvari,
infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
e autor do livro Meio ambiente e epidemias.
“Quanto mais desmatamos e invadimos as
áreas selvagens, mais aproximamos o homem
e suas comunidades da porta de entrada de
novos vírus”, diz Ujvari. Foi o que ocorreu com
a aids, explica ele. “Originalmente, o HIV era um
vírus de um chimpanzé que vivia nas florestas
da África, onde esse animal era capturado
para servir de alimento. A população entrou
em contato com as vísceras e o sangue desses
chimpanzés e se infectou.” Corrobora essa
visão o infectologista Marcos Vinícius da Silva,
que dirige a Divisão Científica do Instituto de
Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo (SP).
Para ele, muitos dos surtos epidêmicos estão
relacionados a desequilíbrios no ambiente.
É o caso da hantavirose, transmitida ao
homem por ratos silvestres, animais que têm
encontrado na degradação dos ecossistemas
originais condições ideais para se reproduzir.
“Em áreas de reflorestamento ou cultivo,
além de não encontrarem os predadores
naturais, como corujas e cobras, os ratos se
deparam com uma grande quantidade de
sementes, que representa alimentação farta
para esses animais”, explica o infectologista.
Dentro da complexidade que permeia as
relações entre ambiente e saúde, o caminho
em direção à sustentabilidade deverá
necessariamente trilhar uma abordagem
intersetorial, creem os especialistas. “É preciso
compreender que a saúde não cabe mais na
área de saúde: abrange também áreas como
planejamento urbano, mobilidade, utilização
de combustíveis, ocupação do solo, manejo
da vegetação e emissão de ruído”, diz Paulo
Saldiva. “A saúde precisa aprender a trabalhar
com temas transversais”, conclui o cientista.
EXPOSIÇÃO
CONTROLADA
Os especialistas concordam
que não há muito a ser
feito para se proteger da má
qualidade do ar das grandes
cidades. Algumas medidas,
no entanto, podem atenuar
os danos à saúde causados
pela poluição atmosférica:
•	 Ingerir muito líquido nos períodos de seca
•	 Incluir na dieta verduras e legumes ricos em
vitamina E e betacaroteno –  antioxidantes que,
segundo estudos, podem ajudar a combater os
efeitos deletérios da poluição no organismo
•	 Escolher o momento e o local ideais para a
prática de exercícios, evitando corredores
de tráfego intenso e horários de pico
•	 Evitar a exposição ao ar livre em dias mais
poluídos, particularmente indivíduos integrantes
de grupos mais vulneráveis, tais como tabagistas
e portadores de asma e enfisema pulmonar
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AGINDO
PARA MUDAR
soluções possíveis
Como cidadãos, somos agentes
de mudança e podemos
contribuir na construção
coletiva de um ambiente
mais saudável e sustentável.
A seguir, algumas ideias
para um plano de ação:
•	 Optar pelo transporte solidário
•	 Ampliar a utilização do transporte
coletivo e alternativo
•	 Reivindicar a construção de ciclofaixas nas cidades
•	 Cobrar o monitoramento diário dos
níveis de poluição nas cidades
•	 Buscar informações e orientação entre instituições
e profissionais de saúde sobre os fatores ambientais
associados ao desenvolvimento de doenças
•	 Atuar na conscientização permanente da
família, amigos e colegas sobre a relação entre
poluição, degradação ambiental e saúde
•	 Reciclar o lixo de forma criteriosa,
separando e destinando adequadamente
objetos perfurocortantes, materiais
tóxicos e substâncias contaminantes
Paulo Saldiva
felipegombossy
eduardoasta
Não há como abrir mais
espaço para os carros,
é preciso organizar as
coisas de maneira mais
eficiente. Investindo
na qualidade do
transporte coletivo,
é possível estimular os
moradores das cidades
a migrarem para esse
tipo de transporte
As cidades brasileiras
precisam investir
cada vez mais em
transporte cicloviário,
construindo
ciclofaixas e uma
estrutura viária
adequada ao ciclista
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27amilgerações
“O que temos hoje nas cidades brasileiras é uma
política equivocada de transporte, subsidiada com o
dinheiro, o tempo e a saúde dos cidadãos”, avalia o
especialista nos efeitos da poluição do ar sobre a saúde.
Na entrevista a seguir, ele expõe algumas de suas ideias
sobre alternativas de transporte no meio urbano.
Usar a bicicleta como meio de transporte em
cidades como São Paulo é uma atitude sustentável?
Sim. A maioria dos paulistanos mata um leão
por dia, não tem tempo de ir à academia. Então,
usar a bicicleta como meio de transporte para o
trabalho se transforma num bom negócio: além
de economizarem nos gastos com a condução,
as pessoas têm a oportunidade de se exercitar, o
que reduz o risco de desenvolver doenças como
obesidade, diabetes, osteoporose e depressão.
A economia também é revertida às empresas. O
funcionário que usa a bicicleta registra um número
menor de intercorrências de saúde, reduzindo seus
dias de licença e a utilização de seguro-saúde.
A vida do ciclista em São Paulo ainda é difícil.
Há cidades no Brasil mais amigáveis à bicicleta?
As cidades brasileiras que investiram a sério em
transporte cicloviário, construindo ciclofaixas e
estrutura viária adequada, foram bem-sucedidas.
Sorocaba, por exemplo, no interior de São Paulo, é
um caso de sucesso: 10% da população usa a bicicleta
para se locomover. Santos (SP) é outro exemplo,
os moradores elegeram a bicicleta como meio de
transporte. A ideia não é eliminar o carro das ruas, mas
ter um “plano B”, que inclua um maior uso das bicicletas.
Os níveis de poluição gerada por veículos
automotores no meio urbano estão crescendo?
Esses níveis vinham melhorando, mas começaram
a estacionar a partir de 2007. Até então,
acreditávamos no que chamo de “abordagem
Jetsons”, ou seja, que teríamos energia farta
e mobilidade infinita. Isso, obviamente, não
aconteceu. A produção de veículos menos
poluidores e a adoção da inspeção veicular
ajudaram a melhorar, mas o número de veículos
novos e principalmente o tempo que os carros ficam
parados no trânsito fizeram com que a tendência
positiva de redução atingisse um nível de saturação.
Hoje, nos movemos na cidade de São Paulo com
maior lentidão do que no tempo dos bandeirantes.
Em lombo de mula, Fernão Dias Pais conseguia
fazer uma média de 16 km/h. O paulistano,
hoje, no seu carro, faz uma média de 8 km/h.
Qual é a saída sustentável
para o tráfego nas cidades?
Não há como abrir mais espaço para os carros,
é preciso organizar as coisas de maneira mais
eficiente. Um ônibus tira mais ou menos 200 carros
da rua. Investindo na qualidade do transporte
coletivo, é possível fazer dele a melhor opção
para a população e estimular os moradores das
cidades a migrarem para esse tipo de transporte.
O (Enrique) Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá
[Colômbia], é quem tem a melhor frase sobre o
assunto: “Cidade rica não é aquela em que o pobre
vai trabalhar de carro, mas aquela em que o rico
usa o transporte público para ir ao trabalho”.
O insustentável
abuso do carro
Além de prejudicial ao ambiente e à saúde, o atual
modelo de locomoção urbana baseado no automóvel é
ineficiente. A melhor política é migrar para o transporte
alternativo e coletivo, afirma o médico Paulo Saldiva
o encontro foi
uma grande
oportunidade de
criar um debate
entre os setores
público, privado
e terceiro setor
amilgerações
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Caminhos para
o futuro da saúde
equilíbrio
por Andréia Brasil
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A
evolução do sistema de saúde do
Brasil é o grande objetivo comum
entre a Amil, o governo municipal
do Rio de Janeiro e a Associação Criança
Saúde, que trabalha para reestruturar e
promover a autossustentação de famílias
com crianças em risco social. Para discutir a
atual estrutura de gestão do setor e buscar
ideias e soluções para as próximas décadas,
as entidades se reuniram no dia 16 de junho,
no Rio de Janeiro (RJ), durante o painel “O
Futuro da Saúde”, no Fórum Corporativo de
Sustentabilidade, organizado pelo Pacto Global.
Realizado pela Amil, o evento fez parte
da agenda da Rio+20, conferência da
Organização das Nações Unidas (ONU) sobre
desenvolvimento sustentável. A mesa, mediada
pelo jornalista William Waack, contou com
a presença de Paulo Cesar Souza, membro
da diretoria técnica da Amil; Hans Dohman,
secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro,
Vera Cordeiro, criadora e gestora da Associação
Saúde Criança, e Luiz Fernando Bouzas,
diretor do Centro de Transplante de Medula
Óssea do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Para Paulo Cesar, o encontro foi uma
oportunidade ímpar de criar um debate entre
os setores público e privado e o terceiro setor,
segmentos que podem contribuir com a saúde.
“Essa conversa mostra olhares diferentes
sobre o sistema e busca ações conjuntas para
melhorá-lo para toda a população”, afirma.
O médico ressalta os diferentes desafios que o
país enfrenta nessa área, como a necessidade
de equilibrar os investimentos e acompanhar
a inovação tecnológica, além da defasagem
no acesso e atendimento. Apesar disso, ele
acredita que o setor vem se tornando mais
Amil se une a representantes do governo e do terceiro setor para
discutir o modelo de gestão do serviço de saúde brasileiro e pensar
estratégias que ajudem a transformar e melhorar o sistema
eficiente ao longo dos anos.“Temos questões e
deficiências para resolver, mas alguns indicativos
mostram avanços, como a expectativa de vida do
brasileiro, que hoje está em 73,4 anos. Isso é sinal
de que a saúde como um todo está melhor.”
Segundo ele, para evoluir cada vez mais, o
modelo de gestão e organização do sistema
deve ser revisado.“Os registros e históricos dos
pacientes devem ser informatizados e integrados.
Com um banco de dados eficiente e conectado
em toda a rede de saúde, poderemos melhorar o
atendimento, o diagnóstico e o tratamento”, afirma.
é preciso que
empresas e
governo se unam
a organizações
sociais sérias e
comprometidas
equilíbrio amilgerações
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Prevenção, o melhor remédio
Na capital fluminense, o setor vive um momento
de reestruturação, com planejamento público
voltado para o médio e longo prazos, e boa parte
do investimento está focada na atenção primária
e nas ações de prevenção e promoção de saúde.
De acordo com Hans Dohman, esses dois pontos
são prioritários para elevar o nível dos serviços
e ajudar a diminuir o número de internações.
Isso porque, conforme explica o secretário, a
população costuma procurar os hospitais para
todo tipo de queixa, de casos simples, como
conjuntivite e resfriado, até os mais graves,
a exemplo de infarto e derrame.
Para solucionar essa questão, a cidade vem
ampliando a cobertura do programa Saúde da
Família, que atua na prevenção, recuperação,
reabilitação de doenças e manutenção da
saúde nas comunidades. A medida reduziu as
internações por problemas cardiovasculares
e os casos de mortalidade materno-infantil
por doenças do coração e cerebrovasculares.
“Isso mostra que estamos no caminho certo”,
comemora Hans.
Paulo Cesar concorda que a prevenção deve
ser palavra de ordem para melhorar a qualidade
de vida das pessoas e também a rede de saúde.
“Ao trabalhar a promoção e a prevenção, levamos
mais saúde às pessoas e o sistema, que deixa de
ser sobrecarregado, pode atender melhor e mais
efetivamente”, analisa.
Outro fator que contribui para transformar
o setor é a atenção à saúde de forma integral.
A médica Vera Cordeiro recorda a definição
da Organização Mundial da Saúde (OMS), que
entende saúde como um estado de completo
bem-estar físico, mental e social. O sistema, no
entanto, sempre focou apenas o lado biológico,
devem trabalhar alinhados, fortalecendo a rede
e visando sempre o melhor para a população”.
Para Vera, o envolvimento dessas esferas
é uma semente que irá render bons frutos ao
sistema de saúde no futuro.“Toda a sociedade
ganhará com essa parceria. Embora sejam
muitos desafios, acredito que é possível mudar,
transformar e conquistar um novo cenário para a
realidade da saúde dos brasileiros. Só precisamos
nos dar as mãos e fazer com que o sonho de mais
saúde e qualidade de vida se realize”, finaliza.
mas a saúde é algo muito mais complexo, que
não existe se não houver direitos humanos e
condições dignas de sobrevivência.
Para ela, sem cuidados multidimensionais os
pacientes podem acabar voltando ao hospital.
“A OMS garante que um terço das mortes no mundo
acontece por doenças relacionadas à miséria,
por isso temas como moradia e emprego devem
fazer parte do plano para melhorar a saúde como
um todo”,enfatiza.Os resultados da Associação
Saúde Criança,que complementa a atuação médica
com apoio a famílias carentes nas áreas de saúde,
educação,moradia,renda e cidadania,mostram os
benefícios do atendimento completo: mais de 40
mil pessoas já receberam ajuda da instituição,que
possui 12 franquias no Brasil.Esse trabalho ainda
possibilitou a diminuição de 60% das reinternações
entre as crianças assistidas e o aumento de 35% da
renda das famílias.
União que fortalece
A fundadora da instituição acredita que a
metodologia já provou sua eficiência na
promoção da saúde e da inclusão social.
“Agora, está na hora de dar escala a esse tipo
de trabalho. Para isso, é preciso que empresas
privadas e governo se unam a organizações
sociais sérias e comprometidas. É assim, com
um esforço conjunto, que vamos conseguir
transformar o sistema de saúde e a sociedade”,
reforça Vera Cordeiro.
Na opinião de Paulo Cesar Souza, existem
iniciativas que integram os três setores, mas elas
se desenvolvem isoladamente. “Não há uma
política que fomente essa união. O debate da
Amil na Rio+20 foi importante porque dá fôlego
a essa conversa”, afirma. O secretário de saúde
Hans Dohman complementa: “Todos os setores
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inovação e tecnologia amilgerações
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Um futuro
de visão
inovação e tecnologia
CEBDS constrói agenda de sustentabilidade para 2050 e engaja
grandes empresas a trabalharem juntas com um objetivo
comum: transformar sustentabilidade em eficiência e negócios
Por ana clara costa
C
onvencer uma grande empresa
multinacional movida a bons resultados
a transformar seu modelo de produção e
consumo não é tarefa fácil. Tampouco é simples
fazer com que uma empresa de agronegócio
dobre sua produção agrícola sem aumentar
seu consumo de água ou de terras plantáveis.
Mas é justamente essa tarefa que as empresas
associadas ao Conselho Empresarial Brasileiro
para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS)
terão para os próximos 38 anos. Juntas,
deverão colocar em prática uma agenda
desafiadora para transformar seus negócios
em exemplo de sustentabilidade e eficiência.
Os nove pilares dessa agenda constam no
Visão Brasil 2050 – um estudo elaborado em
parceria entre o CEBDS e o setor privado para
contribuir para a sustentabilidade do país nas
próximas décadas. “Nove bilhões de pessoas
vivendo com qualidade dentro dos limites
do planeta, sem danos à biodiversidade,
ao clima e aos ecossistemas”, informa a
apresentação do projeto.
Não se trata de um programa de gestão
ou de um modelo pré-fabricado para agradar
organismos internacionais. O Visão, segundo
uma de suas idealizadoras, a vice-presidente
executiva do CEBDS, Mariana Meirelles, é uma
forma de dar novas diretrizes de sustentabilidade
para empresas e trazê-las para discutir, juntas e
constantemente, maneiras de transformar teoria
em ação. “O que propomos é uma mudança
profunda nos sistemas de produção. E não é
um trabalho que está no zero. Já temos avanços
consideráveis nisso”, explica Mariana.
O estudo partiu de um projeto similar que
já existia no exterior – o Visions 2050, criado
pelo World Business Council for Sustainable
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Development (WSBCD), o órgão que o CEBDS
representa no Brasil. A proposta internacional
– e também a brasileira – é construir uma
agenda com compromissos para guiar o
desenvolvimento sustentável. “Primeiro
traduzimos o documento internacional e depois
percebemos que tínhamos de adaptá-lo ao
Brasil. E as empresas nos ajudaram a fazer isso”,
conta a idealizadora. O Visão Brasil 2050 está
fundamentado em nove pilares: Valores das
Pessoas, Desenvolvimento Humano, Economia,
Agricultura, Biodiversidade, Energia, Edificações,
Mobilidade e Resíduos.
O documento foi oficialmente lançado
em junho deste ano, durante a Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável – a Rio+20. Segundo Mariana, o
evento foi o pontapé inicial de um projeto que
deverá orientar todas as ações do CEBDS no
que tange a sustentabilidade. “O trabalho do
Visão começa agora. Ele não é um documento
para ir às prateleiras, e sim uma plataforma
de engajamento de empresas”, afirma. Nesse
sentido, iniciativa privada, CEBDS e governo
têm trocado informações para aumentar a
abrangência do Visão. O próximo passo será
estimular debates e fóruns sobre o documento
em torno de cada pilar temático.
A Monsanto, uma das maiores multinacionais
de agronegócio do mundo, investe em tecnologia
e inovação para cumprir um dos pilares que a
empresa acredita ser da maior importância: o da
agricultura. Segundo a diretora global de Agenda
Sustentável da companhia, Gabriela Burian, o
desafio das empresas agrícolas será produzir,
nos próximos 50 anos, a mesma quantidade de
alimentos dos últimos mil anos, reduzindo, ao
mesmo tempo, o uso de recursos naturais.
inovação e tecnologia amilgerações
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“A visão da Monsanto vai nessa direção: a de
ajudar a produzir, até 2030, o dobro por unidade
de terra com um terço a menos do uso de
recursos naturais, como água, solo, energia e
CO2
. Assim, esperamos ajudar a melhorar vidas”,
diz Gabriela, que conta com a ajuda de parceiros,
como ONGs, agricultores e o próprio CEBDS.
A melhora da produtividade também é o foco
da Alcoa, uma das 53 empresas que participam
do CEBDS e ajudaram a criar o Visão 2050.
A companhia busca mostrar uma forma de
contribuição que, ao mesmo tempo em que
protege o meio ambiente, traz melhores resultados
para a empresa – que é a maior produtora de
alumínio do mundo. Segundo seu presidente para
o Brasil, Franklin Feder, a iniciativa de fazer mais
com menos pauta todas as atividades da empresa.
“Trabalhamos com a produção de alumínio, que é
uma atividade que consome muita energia elétrica.
Então, qualquer melhora na eficiência energética
nos ajuda a reduzir o consumo por tonelada de
alumínio produzido. E por isso investimos em
tecnologia, para buscar cada vez mais eficiência e
reduzir nosso consumo”, afirma.
O Brasil, apesar de estar muito atrás de nações
como Alemanha, Inglaterra e Japão na questão
da atividade sustentável, avança de maneira
expressiva para melhorar sua atuação. A energia
é, segundo Mariana Meirelles, o principal motor.
“Somos reconhecidos pelo mundo inteiro
como um país que usa energia limpa. Somos
referência nisso, apesar de ainda estarmos
aquém do esperado na questão do tratamento
de resíduos”, explica Mariana. Segundo ela, o
Brasil demorou a avançar em muitas questões
ligadas à preservação ambiental devido ao
problema da pobreza. “Na Europa, há exemplos
de sustentabilidade bem-sucedidos em todos os
setores. O problema é que o Brasil teve de lidar
com a pobreza e a busca por sustentabilidade ao
mesmo tempo. Já os europeus não tiveram que
se preocupar com a pobreza”, afirma.
Oportunidades
Além de contribuírem para um mundo mais justo,
as empresas envolvidas no Visão também buscam
a sustentabilidade de suas operações. Isso significa
investir em logística reversa, para que todos os
resíduos que produzam possam ser revertidos em
produtos ou ativos para elas próprias. Segundo
prevê o estudo, será possível potencializar de
4 a 10 vezes a utilização de recursos e materiais
renováveis em 2050. Além disso, a estimativa do
CEBDS é de que, em 2020, os negócios ligados à
sustentabilidade movimentem no mundo em torno
de 1,5 trilhão de dólares, podendo passar para até
10 trilhões de dólares em 2050. “Diante de tantas
oportunidades, temos percebido o crescimento
do interesse das empresas em negócios ligados à
sustentabilidade, sobretudo mobilidade urbana e
tratamento de resíduos”, afirma Mariana.
Perspectivas
A discussão sobre questões ambientais
se expandiu entre os diversos setores. As
empresas passaram a entender melhor suas
responsabilidades e interações com essa questão.
E, a partir desse entendimento, puderam integrá-
las à sua estratégia. Mas a tarefa de transformar
esse aprendizado em medidas eficazes não será
fácil. De acordo com o Visão, em 2050, 70% das
pessoas viverão em países em desenvolvimento
(como o Brasil), dois terços do Produto Interno
Bruto (PIB) mundial virão desses países e 6
bilhões de pessoas vão morar em áreas urbanas
– algo que exigirá avanços significativos em
infraestrutura, qualidade de vida e mobilidade.
Diante disso, a grande questão é: “Qual será o
papel das empresas no futuro?”. Segundo Gabriela
Burian, da Monsanto, a resposta é clara: “Produzir
mais, conservar mais e ajudar a melhorar vidas”.
O brasil avança de
forma expressiva
em sua atuação no
desenvolvimento
sustentável
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inovação e tecnologia amilgerações
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Os 9 pilares do Visão
2050 e seus dilemas
Valores das Pessoas
Como inverter os valores do consumo para
o coletivo, participativo e inclusivo?
Desenvolvimento Humano
Como atingir um padrão educacional
público compatível com os desafios
e ambições do país?
Economia
Quais são as variáveis que devemos
avaliar para o progresso do país?
Agricultura
Como promover um comércio justo
entre o setor produtivo agrícola e o
consumidor para reduzir a pobreza?
Biodiversidade
Como promover a inovação no uso da terra, aproveitando
as vocações das diferentes regiões do país?
Energia
Como tornar a produção industrial
mais eficiente energeticamente?
Edificações
Como inovar o setor
da construção civil com
foco em materiais e
produtos sustentáveis?
Resíduos
Como minimizar os impactos negativos
do descarte de resíduos sólidos?
Mobilidade
Como alinhar o planejamento urbano das cidades
brasileiras pensando no desenvolvimento
socioeconômico e na mobilidade?
amilgerações
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adrianomorenobarbosa
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por mila vanícola
E
m 2012, as Olimpíadas Amil Gerações
migraram para o mundo digital, ganharam
cinco temas principais e continuam a
engajar as unidades e os hospitais da Amil
espalhados pelo Brasil – mas, principalmente,
continuam a mobilizar seus profissionais sobre
a importância de praticar atitudes sustentáveis.
Os objetivos permanecem os mesmos: difundir
o programa Amil Gerações por toda a empresa
e gerar e compartilhar conhecimentos que
inspirem a prática da sustentabilidade.
Para reconhecer ações coletivas e individuais,
as Olimpíadas foram organizadas em duas
categorias: Unidade A+, que premiará a
unidade que tiver melhor desempenho nos
desafios corporativos; e Colaborador A+,
que reconhecerá os profissionais que mais
participarem das ações. Para os colaboradores,
a competição segue o formato de um “Jogo
da Vida”, em que cada tarefa realizada vale
um ponto e determina o avanço no jogo.
Os desafios estão alinhados ao tema do
bimestre e serão cinco ao longo de 2012 e início
de 2013: Consumo & Resíduos, Transporte
& Mobilidade, Saúde, Energia e Água. Tudo
acontece por meio da Amil Town, a cidade
virtual da Amil que reúne informações de
diversas áreas da empresa. A cada desafio,
os participantes acessam a área destinada às
Olimpíadas e postam depoimentos ou fotos
do cumprimento das tarefas. “É como se fosse
uma rede social. A cada bimestre, premiamos
quem mais postou ações”, explica Alexandre
Bulhões, da área de Sustentabilidade da Amil.
No primeiro desafio para a categoria Unidade
A+, a tarefa foi promover e gerar resultados em
relação à coleta seletiva. Para o Colaborador A+,
foram incentivadas tarefas de consumo consciente,
como a redução de embalagens descartáveis e
reuso de materiais. No final do primeiro bimestre,
60 colaboradores das filiais espalhadas pelo
Brasil foram premiados com uma ecobag por
conta das ações que publicaram na Amil Town.
Houve também o sorteio de um iPod Touch entre
os campeões e o ganhador foi o colaborador
Greycon Santos Luigi Batista, do Hospital Ipiranga
(SP). Em março de 2013, serão divulgados os
grandes campeões das duas categorias.
Bruna Costa, assistente administrativa da
Amil de Natal (RN), foi uma das reconhecidas
ao final dos desafios do primeiro tema. “Minha
casa estava em reforma, então, doamos alguns
eletrodomésticos, roupas e sapatos que não
utilizávamos e que ainda serviam para outras
pessoas. Além disso, comecei a reciclar o óleo
de cozinha. Fiquei surpresa quando ganhei.
Além de adquirir mais conhecimento, recebi
um certificado de agradecimento, um cupcake
personalizado e uma ecobag. É realmente um
incentivo para sermos cada vez mais conscientes.”
“Além de adquirir
mais conhecimento,
É realmente um
incentivo para
sermos cada vez
mais conscientes”
Bruna Costa
olimpíadas amilgerações
Engajar e mobilizar
Ações criativas de sustentabilidade continuam a ser realizadas
pelos quatro cantos do país por meio das Olimpíadas Amil Gerações
olimpíadas
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meio de parcerias a Amil conseguiu revitalizar
a horta e os muros da escola, além de criar
um ciclo de palestras intitulado Virada Cultural
Sustentável, cujos temas foram escolhidos
mediante pesquisa feita entre os pais dos alunos.
Na filial de Campinas, no interior de São
Paulo, está sendo colocada em prática
uma ação importante não só para a Amil,
mas também para a cidade. A unidade
decidiu restaurar um ginásio de 142 anos
completamente abandonado. A ideia é
valorizar o esporte e promover eventos. “O
local passará a se chamar Arena Amil. Ali,
faremos a gestão correta de todo o lixo que
for produzido, com a instalação de lixeiras
especiais e um trabalho de conscientização”,
conta Luiza Gadelha, da área de Marketing.
Sustentabilidade pelo Brasil
No Rio de Janeiro (RJ), o Hospital Pró-Cardíaco
promove em seu restaurante a campanha
Desperdício Zero. O intuito é educar e
conscientizar os profissionais a colocar no prato
o que realmente irão comer, evitando assim que a
comida vá para o lixo. Na ação, todo alimento não
desperdiçado é revertido como doação para uma
instituição beneficente. Iniciada em junho de 2012,
a campanha conseguiu reduzir 4% do alimento
que era descartado. São 366 kg de comida
que deixam de ir para o lixo todos os meses.
Em Curitiba (PR), a Escola Municipal Monteiro
Lobato foi adotada pela filial da Amil. O objetivo
é ir além dos muros da empresa e compartilhar
a sustentabilidade em locais do entorno. Além
de instalar lixeiras para separação do lixo, por
No Rio Grande do Norte, segundo
Dheuzayannes Campos, coordenadora de RH
na filial, a maioria das ações vem da iniciativa
dos próprios colaboradores. Neste ano, já
foram realizados um passeio no barco-escola
Chama-Maré, um mutirão de limpeza no Rio
Potengi (o principal do estado) e a orientação aos
Jovens Aprendizes. “Eles receberam incentivo
para ler um livro com dicas de como praticar
ações sustentáveis – A casa do telhado branco,
de Gilka da Mata – e fazer uma apresentação
sobre o que leram”, diz Dheuzayannes.
Outra ação de destaque foi o Cineasta
Verde, em que os colaboradores puderam
criar um vídeo que mostrasse ações voltadas
à preservação do meio ambiente. A ideia
No Rio Grande do Norte, a maioria das ações
vem da iniciativa dos próprios colaboradores.
foi do colaborador Guilherme Revorêdo.
“Sinto necessidade de fazer parte disso. Em
nossa filial, há uma preocupação enorme
em manter todos engajados. Então, temos
espaço para colaborar. O Cineasta Verde,
por exemplo, foi idealizado em parceria com
Milene Herculano, do SAC, para mobilizar e
ressaltar os cuidados com o meio ambiente.”
Os vídeos foram mandados para a diretoria de
Sustentabilidade, que escolheu o mais criativo.
Em São Paulo (SP), uma das ações de destaque
foi a criação de um bicicletário pelos profissionais
da unidade do Amil Resgate Saúde em Alphaville
(veja matéria nesta edição). A iniciativa foi inscrita
no segundo tema das Olimpíadas, Transporte
& Mobilidade, na categoria Unidade A+.
olimpíadas amilgerações
AçõES COM COLABORADORES, EM PASSEIO NO BARCO-ESCOLA, E COM JOVENS APRENDIZES, POR MEIO DA LEITURA, SãO
INICIATIVAS DO RIO GRANDE DO NORTE; CAMPANHA QUE ACONTECE NO RIO DE JANEIRO CONSCIENTIZA SOBRE DESPERDíCIO
OS DESAFIOS
DAS OLIMPíADAS
ACONTECEM por
meio da Amil
Town, a cidade
virtual da
Amil que reúne
informações de
diversas áreas
da empresa. é
Só CLICAR NO
íCONE "AMIL
GERAçõES" E O
COLABORADOR
ACESSA TODAS
AS ETAPAS DA
COMPETIçãO
SUSTENTáVEL
DA AMIL
reproduçãositeamil
divulgaçãodivulgação
divulgação
tratamento de resíduos amilgerações
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A revolução
dos resíduos
tratamento de resíduos
Amil implanta programa audacioso de gestão de resíduos e busca tecnologia
para se tornar referência nacional no tratamento de lixo hospitalar
Por ana clara costa
O
tratamento de resíduos ocupa
atualmente um espaço importante na
agenda brasileira para a preservação
do meio ambiente, e tem se tornado uma
atividade essencial para muitas empresas. Ao
lidar com resíduos hospitalares, a Amil possui
responsabilidade social e ambiental ainda
maiores – pois, em muitos casos, tratam-se dos
rejeitos de substâncias que representam um
risco elevado para a população.
o tratamento de
resíduos ocupa um
espaço importante
na agenda brasileira
para a preservação
do meio ambiente
shutterstock
tratamento de resíduos amilgerações
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Para certificar-se de que tais resíduos
tenham um destino correto e seguro, a Amil
ampliou seu Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Serviços de Saúde Simplificado
(PGRSSS) para além das exigências legais. O
programa consiste em um conjunto de ações
de gestão e treinamento de funcionários que
tem como objetivo trazer mais eficiência e
sustentabilidade não só para a companhia,
como também para seus colaboradores,
usuários e para a sociedade como um todo.
Com o objetivo de levar adiante o plano,
a Amil designou a engenheira sanitarista e
ambiental Graciela Canton, especializada em
gestão ambiental. Desde fevereiro de 2012, ela
vem elaborando um panorama detalhado do
Graciela Canton, coordenadora do Núcleo Ambiental da Diretoria de Sustentabilidade: foco na gestão de resíduos.
conheça os tipos de lixo hospitalar
Resíduo especial:
material radioativo,
farmacêutico
e químico.
Resíduo comum:
materiais provenientes
das áreas administrativas,
resíduos alimentares,
sucatas e embalagens
reaproveitáveis.
Resíduo infectante:
trata-se do resíduo formado em sua maioria por seringas,
agulhas, luvas, fraldas, sondas, cateteres e demais materiais
descartáveis. São perigosos para a saúde, pois podem estar
contaminados por micro-organismos causadores de doenças.
ISMARINGBER
ilustraçõesshutterstock
funcionamento da coleta seletiva e de como fazer
para transformar a Amil em referência nacional em
tratamento de resíduos. “Apesar de a empresa não
atuar diretamente na eliminação desses resíduos,
ela é corresponsável por tudo que acontece desde
que o lixo sai do hospital até seu tratamento e
disposição final em local apropriado”, explica.
Para minimizar riscos de uma empresa
terceirizada não dar um fim correto ao
material, o programa examina profundamente
a atuação de todos os agentes envolvidos
na cadeia de reciclagem, coleta, tratamento
e destino final. “A ideia é criar uma logística
que reduza ao máximo o contato com esses
resíduos, ou seja, que elimine etapas entre a
geração e o destino final”, aponta Graciela.
tratamento de resíduos amilgerações
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o descarte ideal
A atividade, contudo, é desafiadora. Segundo
a engenheira, colocar em prática um plano
de gestão como esse em um país onde a
preocupação com o tratamento de resíduos
ainda é recente exige um esforço importante
por parte de todos os envolvidos. Por essa
razão, a Amil realizou jornadas de ensino
sobre o tema para seus colaboradores – as
chamadas Learning Journeys. “O objetivo é
conhecer melhor os processos existentes, tanto
internos como externos, e promover a troca de
experiências entre as unidades”, conta Graciela.
Para colocar em prática o que foi aprendido,
a Amil organizou o 1o
Fórum de Meio Ambiente
– Tema: Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde.
O evento foi realizado dia 26 de setembro de
2012, com o objetivo de desenvolver um plano
de ações para o aperfeiçoamento contínuo
da gestão dos resíduos e oferecer mais
treinamento para os colaboradores. “Capacitar
os enfermeiros e técnicos de enfermagem é o
mais importante, pois são eles os responsáveis
diretos pelo descarte de resíduo”, afirma
Graciela. Esse manuseio se dá quando os
técnicos se desfazem dos materiais utilizados
em procedimentos hospitalares.
Desde que a Amil implantou o Programa
Amil Gerações, em outubro de 2010, a empresa
já recicla parte importante dos resíduos não
infectantes, como lâmpadas, papéis e papelão
de embalagem. Os eletrônicos são doados
ou enviados para fábricas que fazem seu
reaproveitamento. Contudo, o objetivo é fazer
com que todos os materiais com possibilidade
de reciclagem (como plásticos, vidros e resíduos
orgânicos) sejam separados corretamente.
Já o lixo hospitalar infectante – composto
por seringas, agulhas, luvas, fraldas, sondas
e demais materiais descartáveis – não pode
ser reaproveitado e deve ser levado para
incineração (pouco utilizada no Brasil devido
ao alto índice de emissão de gases tóxicos) ou
esterilização por autoclave. Esse procedimento,
altamente oneroso para hospitais, consiste
na exposição do resíduo ao vapor saturado
sob pressão, a uma temperatura média
de 150 °C, durante 30 minutos. A ação
combinada de todos esses processos faz
com que os micro-organismos presentes
no lixo sejam completamente destruídos.
Contudo, muitos hospitais Brasil afora
acabam não efetuando a coleta seletiva.
Simplesmente consideram todo o lixo hospitalar
como sendo infectante e enviam tudo para
o processo de tratamento e disposição final.
colocar em prática
um plano de gestão
em um país onde essa
preocupação ainda
é recente exige um
esforço de todos
os envolvidos
lídiaarrais
tratamento de resíduos amilgerações
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O Brasil produz atualmente 230 mil toneladas de lixo hospitalar por ano
ISMARINGBER
Dessa forma, materiais que poderiam ser
reaproveitados acabam sendo inutilizados.
“Muitos hospitais pensam que é melhor
prevenir do que remediar, e acabam tratando
tudo como resíduo biológico. Mas não deveria
ser assim. Se você aumenta o volume de
forma desnecessária, o perigo de transporte
dessa carga aumenta”, explica Carla Assad,
coordenadora de Limpeza Predial e Coleta
Hospitalar da Comlurb, a Companhia Municipal
de Limpeza Urbana da prefeitura do Rio de
Janeiro. Estima-se que apenas 10% dos resíduos
produzidos em hospitais possuam micro-
organismos capazes de transmitir doenças.
O Brasil produz atualmente 230 mil
toneladas de lixo hospitalar por ano. Cerca
de 60% desse total é depositado em locais
destinados ao lixo comum, sem qualquer tipo
de cuidado ou tratamento, segundo dados
da Associação Brasileira de Empresas de
Limpeza Pública (Abrelpe). Da parcela que é
coletada por municípios, apenas 14,5% são
destinados à esterilização por autoclave, ainda
segundo a associação. Tal situação deixa o
país em posição desfavorável em relação à
sustentabilidade, ainda que em outros temas,
como energia limpa, o Brasil apresente avanços
consistentes. Entre os principais motivos para
esse cenário, estão a escassez de empresas
qualificadas e especializadas no descarte de
materiais hospitalares e o alto custo desse
tipo de atividade. Estima-se que o valor pago
por um hospital para descartar corretamente
seu lixo infectante seja três vezes maior do
que o valor gasto com resíduos comuns.
Por essa razão, uma das frentes de trabalho
de responsabilidade ambiental da Amil é a
busca de novas tecnologias, no Brasil e no
Hoje, 100%
dos resíduos
infectantes
produzidos
pelas unidades
assistenciais da
Amilpar é tratado
corretamente
exterior, que ajudem a melhorar a eficiência da
empresa no tratamento de seus resíduos. “Nos
Estados Unidos e em alguns países da Europa,
a empresa que retira a seringa infectada de um
hospital é a mesma que faz o seu tratamento.
Isso reduz o contato e a possibilidade
de contaminação por microrganismos
que possam estar nos materiais”, explica
Graciela. No Brasil, esse processo envolve,
pelo menos, cinco agentes diferentes.
Hoje, 100% dos resíduos infectantes
produzidos pelas unidades assistenciais da
Amilpar é tratado corretamente. A expectativa
do programa de gestão de resíduos é
estabelecer metas de melhorias de processos e
inovações em tecnologia. Segundo Graciela, o
cenário perfeito seria se cada hospital pudesse
realizar a transformação (ou destruição) de
seus resíduos – e, a partir desse processo,
obter energia limpa e renovável.
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por Mila Vanícola
N
no mercado de trabalho, é comum ver
iniciativas corporativas com o intuito de
promover, entre os colaboradores, ações
alinhadas à superação de desafios e à obtenção
de resultados positivos para a empresa. Mas a
Amil decidiu ir além, e inova ao estimular entre
seus profissionais técnicas de autoconhecimento
para diminuir o estresse, melhorar a qualidade
de vida e as relações entre as pessoas.
Uma das ferramentas escolhidas foi o
eneagrama (vide quadro), um sistema que
descreve nove padrões de comportamento e
tem como objetivo desenvolver pessoas. “Eu
conheci o eneagrama em 1992 e, a partir daí,
não parei mais de estudar sobre o assunto.
É uma técnica usada para desenvolver
lideranças, melhorar o relacionamento
interpessoal e a comunicação”, diz Odete
Freitas, diretora de Sustentabilidade da Amil.
A meditação, técnica milenar que surgiu na Índia
e coloca a pessoa em contato com sua essência,
foi outra aposta. “Hoje, a meditação é reconhecida
pela medicina ocidental como uma poderosa
arma terapêutica. Um recurso disponível para
todos, que pode ser praticado por qualquer um
para diminuir o estresse e a tensão, estimular a
alegria e aumentar a criatividade”, comenta Odete.
A partir do conceito de que é preciso cuidar
da natureza humana de seus colaboradores, a
Amil convidou o padre Domingos Cunha para
ministrar cursos sobre as duas ferramentas.
O trabalho insere-se no processo já iniciado
na empresa, de que a sustentabilidade
começa nos cuidados com o ser humano.
relações humanas amilgerações
Autoconhecimento
e equilíbrio
De forma inovadora, a Amil estimula seus colaboradores
a conhecer mais sobre si mesmos para melhorar
a qualidade de vida e as relações interpessoais
relações humanas
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Mergulho no autoconhecimento
Com formação em Filosofia e Teologia, Padre
Domingos viu no eneagrama uma maneira
de se conhecer e ajudar outras pessoas.
“Trabalho com jovens, e eles sentiam de
forma profunda as inquietações que surgem
quando se busca entender os dramas internos.
Para mim, encontrar o eneagrama foi uma
chave de leitura muito clara e profunda.”
Na Amil, Padre Domingos teve facilidade
para apresentar o tema. “Foi interessante,
O eneagrama
O nome enneagram deriva de duas palavras
gregas: ennea que significa nove, e gram que
quer dizer desenho ou figura. Faz referência a
um desenho de nove pontos inscritos em um
círculo. O significado do símbolo, aliado aos
tipos de personalidades organizados ao redor
dos nove pontos, transmite um sistema de
conhecimento sobre nove diferentes,
mas inter-relacionadas,
personalidades ou modos de
ver e encarar o mundo.
Para Urânio
Paes, que estuda e
ministra cursos de
eneagrama há 16
anos, a ferramenta
é um mapa de
desenvolvimento
da consciência.
Tipo 1 internaliza a raiva e
se ressente. É perfeccionista e
obedece a padrões e normas. Quer
que todos sigam regras para que o
mundo funcione com perfeição.
Tipo 2 usa a energia
emocional querendo sentir o que
os outros necessitam. Reprime as
próprias necessidades e carências.
Faz tudo pelo outro, mas não
sabe receber, não pede ajuda.
Tipo 3 sente tudo o
tempo inteiro, muda conforme
o ambiente, mas na hora de
entrar em contato com as
próprias emoções, se bloqueia.
Sempre precisa ser o melhor
e reconhecido pelo que faz.
Tipo 4 sempre sente que lhe
falta algo. Possui uma tendência
de não se contentar com as
coisas. Fica preso nas emoções.
Tipo 5 se refugia na mente
para perder o contato com o corpo
e com o coração. Tem dificuldade
de manter a conexão emocional ou
mais instintiva. Busca privacidade
e se isola com frequência.
Tipo 6 seu tema central
é o medo. Está o tempo inteiro
pensando em algo de ruim que pode
acontecer e desenvolve técnicas
e estratégias para se preparar.
Atitude que traz muita ansiedade,
preocupação, tensão e falta de
confiança nele e nos outros.
Tipo 7 tenta ver o lado
positivo o tempo todo, buscando
sempre se divertir. Só que
faz isso racionalizando os
problemas, as dificuldades e
não entrando em contato com
dores, sofrimento e limitações.
Tipo 8 externaliza a raiva.
Sente uma injustiça, algo que
está errado, não se contenta,
fala, ataca, explode. É excessivo
e, às vezes, impulsivo.
Tipo 9 tem uma tendência
de sublimar a raiva. Para ele o
importante é manter a harmonia.
Foge dos conflitos e está o tempo
inteiro buscando manter uma
paz e se esquece de si mesmo.
O eneagrama é um
trabalho que serve
para o resto da
vida e influencia
na família e nos
relacionamentos
“É um sistema que descreve processos e mostra
padrões de como limitamos a nossa consciência
e como podemos voltar a desenvolvê-la.”
Urânio explica que, embora existam vários
testes, nenhum é preciso, por isso é importante o
contato com um estudioso do assunto. Também
é importante observar que todos possuem traços
dos nove tipos, mas cada pessoa tem
o seu. “Embora eu tenha as
nove emoções, apenas uma
se torna uma paixão
no sentido de tomar
conta, de me dominar.
No caminho de
crescimento, eu saio
da fixação do meu
ponto e começo
a me mesclar mais
com os outros tipos.”
porque a doutora Odete percebeu o potencial
que o eneagrama tem dentro da organização,
principalmente em uma empresa que trabalha
com saúde e que precisa ser saudável. Se
não cuidar dos profissionais, como é que eles
vão cuidar de outras pessoas?”, comenta.
Durante a apresentação da ferramenta,
são dados elementos sobre os nove tipos de
personalidade apontados pelo eneagrama,
para que cada pessoa faça sua descoberta
e identifique seu tipo. “Quando a pessoa
se identifica, passa a entender reações,
comportamentos, pontos fracos e fortes, o que
ajuda e o que atrapalha nos relacionamentos
e na vida profissional”, diz Domingos.
Na Amil, a experiência foi voltada ao ambiente
profissional, mas pode ser levada por cada
colaborador a qualquer lugar. “O eneagrama é
um trabalho muito pessoal, que serve para o
resto da vida. Isso vai ter influência na família e
nos relacionamentos. O foco não é o profissional,
é a transformação do ser humano”, explica.
9 personalidades
Os nove tipos podem ser divididos em três grupos de inteligência dominante: a emoção (tipos 2, 3 e 4),
o intelecto (tipos 5, 6 e 7) e o instinto (tipos 8, 9 e 1). Veja a seguir uma breve descrição de cada um:
relações humanas amilgerações
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2
3
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6
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8
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Alessandra Correa, que está há 16 anos na
Amil e hoje é gerente na área de Marketing,
participou do curso e sente os benefícios
no dia a dia. “Primeiro, a gente se entende,
compreende deficiências e virtudes. Depois,
consegue enxergar isso no outro, em quem
trabalha com a gente. É uma ferramenta muito
interessante para melhorar os relacionamentos.”
Foco em si mesmo
Foi após um curso de eneagrama, há 12 anos,
que Padre Domingos recebeu a dica para
conhecer a meditação. Durante o curso, ele
apresenta fundamentos da técnica, benefícios
e dá dicas sobre postura e respiração. “A
gente aprende a meditar meditando. No dia a
dia, isso tem um efeito profundo, sobretudo
na maneira de lidar com o estresse.”
Os benefícios da meditação, segundo
Domingos, têm sido comprovados por pesquisas
científicas. Em termos físicos, por exemplo,
diminui os batimentos cardíacos, a pressão, o
estresse, cardiopatias e corrige a postura. Do
lado emocional, permite um equilíbrio mais
permanente, libera fluxos e emoções reprimidas e
cria maior capacidade de sintonia com os outros.
No aspecto mental, diminui a frequência cerebral,
o que estimula a criatividade, o pensamento mais
profundo, melhora a memória e a inteligência.
Mas há quem tenha receio de meditar.
“Acredito que a grande dificuldade
está relacionada com o problema do
autoconhecimento e com o tempo. As
pessoas acham que não possuem dez ou
20 minutos para fazer isso.” As distrações
também tendem a afastar. “Cria-se o mito
de que meditar é ficar sem pensar em
nada, o que não é verdade. O objetivo é ir
reduces sympathetic activation and improves
the quality of life in elderly patients with
optimally treated heart failure: a prospective
randomizes study”) e hoje ministra um curso
de meditação para o alívio de sintomas.
Segundo ele, o objetivo não é substituir
tratamentos médicos, mas sim complementar,
agregar e potencializar seus efeitos. “O conjunto
de fundamentos da meditação proporciona
benefícios para o alívio rápido de vários
sintomas, agudos ou crônicos, físicos ou
emocionais, além de ser útil para a manutenção
da saúde e a prevenção de várias doenças. Na
segunda aula do curso, já ensino como praticar
a meditação voltada para aliviar sintomas.”
pensando menos, acolher os pensamentos
e as emoções que vêm e lidar com isso.”
No mundo corporativo de hoje, em que o
nível de competitividade é grande, Domingos
aponta como é importante a empresa
proporcionar essas experiências aos seus
profissionais. “Tem um pensamento da Grécia
Antiga que diz que quem pensa em curto
prazo cultiva cereais, quem pensa em médio
prazo planta árvores e quem pensa em longo
prazo investe em pessoas. É interessante
ver profissionais das várias áreas da Amil
que perceberam como isso pode fazer a
diferença na vida deles e na instituição.”
Mais equilíbrio, mais saúde
Abrão Cury, cardiologista e clínico geral do
Hospital do Coração (HCor), em São Paulo
(SP), afirma que o estresse deve ser visto
como um fator para ocorrência de doenças
coronarianas, gastrointestinais e hipertensão.
“Há o estresse normal, necessário para o
desempenho adequado em uma prova, por
exemplo. Mas, quando se torna excessivo,
atinge níveis patológicos e contribui para a
incidência de doenças. Uma das principais
consequências é a má qualidade do sono, que
faz com que a pessoa não reponha as energias.”
Há 32 anos, José Antonio Curiati, médico do
serviço de geriatria do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (FMUSP) e geriatra do núcleo
avançado de geriatria do Hospital Sírio-Libanês,
começou a praticar meditação e buscou
entender, como médico, os ganhos trazidos
pela prática. Com o que aprendeu, publicou um
estudo sobre os benefícios da meditação em
idosos com insuficiência cardíaca (“Meditation
a meditação traz
benefícios para o
alívio rápido de
vários sintomas,
agudos ou crônicos,
físicos ou emocionais
relações humanas amilgerações
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green kitchen amilgerações
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green kitchen
por ronaldo mendes
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felipegombossy
felipegombossy
U
ma cozinha onde é proibido usar
temperos artificiais, sopas e sucos
são feitos apenas com água filtrada,
os uniformes dos funcionários são 100% em
algodão e o sistema de exaustão é sustentável.
E tem mais: nada de frituras no cardápio, e o uso
de óleo não é permitido em nenhuma receita.
Assim é o Green Kitchen, projeto que certifica
as cozinhas dos restaurantes que mudam seus
hábitos baseadas em uma alimentação saudável,
na ambientação natural e em ideias sustentáveis.
Os colaboradores do Hospital e Maternidade
Metropolitano, na Lapa, em São Paulo (SP),
estão aprendendo na prática os benefícios
de uma cozinha verde. Desde fevereiro, o
restaurante da casa recebeu o selo verde –
destacado logo na porta do local – e oferece
somente refeições saudáveis a médicos,
colaboradores e também às mães da UTI infantil.
Para garantir a certificação, o ambiente passou
por algumas mudanças. A primeira delas foi a
inclusão, na parte externa do restaurante, de
uma horta com ervas variadas, todas usadas
no cardápio. Em cada uma há uma placa com
nome, valor nutricional e indicação culinária.
“Na verdade, o processo depende mais da
gente”, conta a nutricionista Carla Mariano,
coordenadora da Cozinha Verde. “O pessoal
do Green Kitchen vem aqui, faz uma pré-
auditoria e mostra como fazer para conseguir a
pontuação mínima para a certificação”, explica.
O restaurante, aberto diariamente para
almoço e jantar, serve cerca de 20 mil refeições
por mês. O cardápio é feito mensalmente,
mas com preparação diversificada todos os
dias. Há sempre opções de saladas, proteína,
guarnições, sobremesas e frutas. No lugar de
óleo, o restaurante incentiva o uso de azeite.
Uma vez por mês, é oferecida uma receita
totalmente sustentável. Os colaboradores
já experimentaram, por exemplo, um bolo
de banana em que até a casca da fruta é
Restaurante, sim.
Refeitório, não
Colaboradores do Hospital e Maternidade Metropolitano
fazem suas refeições diárias em um ambiente que oferece
pratos saudáveis com temperos que vêm da horta local
Carla Mariano, coordenadora da Cozinha Verde O restaurante serve cerca de 20 mil refeições por mês
green kitchen amilgerações
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O projeto Green Kitchen certifica
cozinhas que mudam seus hábitos
baseadas em uma alimentação
saudável, ambientação natural
e ideias sustentáveis
aproveitada. “Com isso, reduzimos o lixo
da cozinha e ainda agregamos maior valor
nutricional ao prato”, explica a nutricionista.
O local não é chamado de refeitório porque o
projeto foi idealizado para que os colaboradores
se sintam num ambiente diferente, como se
estivessem em um restaurante. No final do
ano, a empresa passará por nova auditoria,
e a casa espera aumentar sua pontuação.
Ações como incentivar o colaborador a ter
um consumo consciente e a redução de óleo
nas refeições em casa estão na pauta.
Mudança de hábito
De acordo com Carla, a recepção dos
colaboradores tem sido ótima. “Alguns até
começaram a pedir receitas e a nos contar que
mudaram o hábito em casa graças ao nosso
restaurante. Eles agora entendem melhor nosso
processo produtivo, que não leva óleo em nada”,
comemora. A nutricionista conta que, desde o início,
o objetivo era funcionar como um multiplicador
dos conceitos de saúde e sustentabilidade.
O serviço de nutrição é terceirizado, mas é
Carla quem coordena a cozinha, que descobriu
o projeto e o apresentou à administração
do hospital. Dentro do Green Kitchen, a
nutricionista já incorporou o Programa de
Qualidade de Vida. Trata-se de um projeto em
que o restaurante cuida dos colaboradores
com algum tipo de patologia. Quem é diabético
ou hipertenso, por exemplo, tem um cardápio
diferenciado e atendimento personalizado.
“Fico muito feliz que tenhamos superado a
expectativa. Hoje eu consigo mexer com essas
pessoas do ponto de vista da alimentação, que
é o grande legado de uma nutricionista. Se a
gente vier aqui apenas para fazer o cardápio,
não vale a pena. O legal é justamente modificar
o hábito alimentar delas”, afirma Carla.
o objetivo do projeto
É funcionar como um
multiplicador dos
conceitos de saúde
e sustentabilidade
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O objetivo é
fazer com que os
colaboradores
aproveitem melhor
a hora de almoço
ou jantar
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amilgerações
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Sustentabilidade
em duas rodas	
bicicletário
por ronaldo mendes
B
em-estar, melhoria do condicionamento
físico e queima de calorias estão
entre os vários benefícios de uma
simples pedalada. Preocupada com a saúde
de seus colaboradores, o Amil Resgate
Saúde implantou no início de agosto, na
unidade de Alphaville, um bicicletário que
inicialmente conta com quatro bikes.
As bicicletas ecológicas são desenvolvidas
com material reciclável e disponibilizadas
juntamente com um kit de proteção contendo
capacete, buzina, sinaleira, lanternas traseira e
dianteira, retrovisores e adesivos que brilham
no escuro. O bicicletário – que fica próximo
à entrada de emergência e não atrapalha
em caso de rota de fuga ou na entrada dos
pacientes – está instalado e sinalizado em local
totalmente coberto e próximo à Coordenação de
Resgate, responsável pelo controle das bikes.
A ideia do bicicletário surgiu após os
resultados divulgados no início do ano pelo
Programa Amil de Qualidade de Vida (PAQV),
que mostrou um número alto de colaboradores
obesos e sedentários. Em reunião durante o
Plano de Ação, funcionários que utilizam a
ciclovia de Alphaville sugeriram a criação de
um estacionamento de bicicletas. O projeto
inclusive foi inscrito na unidade A+ das
Olimpíadas de Sustentabilidade do Grupo Amil.
“O objetivo é fazer com que os colaboradores
aproveitem melhor a hora de almoço ou jantar.
Como é um plantão de 12 horas, quem tiver
interesse de pedalar à noite também pode
pegar as bicicletas, pois estão à disposição”,
avisa Roberta Rodrigues Xavier Ferreira,
analista de Recursos Humanos. “Além da
atividade física, queremos proporcionar
uma opção de meio de transporte.”
A ideia do bicicletário surgiu após a divulgação dos
resultados do Programa Amil de Qualidade de Vida
felipegombossy
Para combater o sedentarismo e ainda oferecer mobilidade
aos colaboradores, o Amil Resgate Saúde Alphaville inaugura
bicicletário com bikes produzidas com material reciclável
ações como essas
devem estimular
as boas práticas
não apenas na
empresa, mas
também fora dela
A aquisição das bicicletas ecológicas acompanha a proposta do desenvolvimento de ações sustentáveis
felipegombossy
felipegombossy
Para pegar a bicicleta, basta fazer um cadastro na coordenação
bicicletário amilgerações
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delas ocorreu justamente na inauguração do
local. A ideia é que essas pedaladas aconteçam
pelo menos uma vez por mês, já que o local
dispõe de espaço para mais bicicletas.
Para pegar a bicicleta, basta fazer um cadastro na
coordenação e, dependendo da disponibilidade,
sair pedalando na mesma hora. No hotsite da
unidade está disponível a legislação com as
normas do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
“Queremos que os nossos ciclistas saibam qual
é a sua parcela de responsabilidade com relação
ao trânsito. Não é somente dizer ‘vai, pedala’,
tem que educar também”, ressalta Francisco.
No documento há informações sobre preparo
físico e dicas para pessoas com diferentes graus
de experiência dessa prática esportiva.
Ações sustentáveis
A aquisição das bicicletas ecológicas acompanha
a proposta do desenvolvimento de ações
sustentáveis.Ainda para o segundo semestre,
os colaboradores contarão com um programa
de educação alimentar chamado Peso
Certo,que visa promover uma alimentação
saudável e saúde física adequada.
Francisco de Andrade Souto, gerente médico
do Amil Resgate, espera que ações como essas
estimulem as boas práticas não apenas na
empresa, mas também fora dela.“Fiquei muito feliz
com essa iniciativa, pois nós sempre incentivamos
projetos para acabar com o sedentarismo. Agora,
é difundir essa cultura com a organização de
pedaladas na comunidade”, conta. A primeira
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65amilgerações
por maíra termero
pingue-pongue
Jornalista Ana Paula Padrão promove sequência
de fóruns com histórias de mulheres que
fazem diferença em suas comunidades
Mulheres que inspiram
mudanças
“Quero compartilhar
o que tenho, minha
experiência, minha
história, minha voz,
fazendo o que sei:
contar histórias”
N
o dia 2 de julho, em um auditório
na cidade de São Paulo (SP), um
público de cerca de 500 pessoas
se emocionou com histórias reais de
mulheres comuns que se tornaram agentes
de mudanças positivas em seus países. O
1o
Fórum Mulheres Reais que Inspiram foi
promovido pela jornalista Ana Paula Padrão,
com patrocínio da Amil, e é parte do trabalho
realizado por ela no projeto Tempo de Mulher.
As histórias de vida que emocionaram
o público foram trazidas por três nomes
internacionais: Fawzia Koofi, candidata à
presidência do Afeganistão; Maman Marie
Nzoli, fundadora da ONG Coperma, que
ajuda vítimas da guerra do Congo desde
1983; e Mina Ahadi, ativista que, por meio
das redes sociais, mobiliza o mundo contra
o apedrejamento de mulheres no Irã.
Com 26 anos de carreira, Ana Paula
Padrão já foi correspondente internacional,
o que lhe permitiu realizar uma série de
reportagens no Afeganistão durante o regime
Talibã, registrando as mudanças históricas
e a condição feminina na região. Hoje,
além de âncora do Jornal da Record, Ana
Paula dedica-se ao Tempo de Mulher, uma
iniciativa que inclui eventos, pesquisas sobre
comportamento e tendências do consumo
feminino. A seguir, a jornalista conta como
se envolveu com esse tema e fala sobre
o novo papel da mulher na sociedade.
Como surgiu a ideia do Fórum?
O evento é a plataforma presencial do site Tempo
de Mulher. Primeiro, montamos o portal para
estabelecer um canal de comunicação direto com
essas mulheres e, em seguida, veio a plataforma
de pesquisa. Dessa forma, conseguimos ajudar
empresas que precisam se comunicar melhor
com a mulher, seja porque têm um contingente
de mão de obra feminina muito grande, seja
porque têm como público final a consumidora.
Com o andamento desse trabalho, sentimos
necessidade de ter uma plataforma presencial,
para inspirar a mulher brasileira com exemplos
de grandes expoentes nacionais e internacionais.
Quem é essa mulher brasileira?
Todo o projeto Tempo de Mulher é originário de
três anos de pesquisa sobre quem é, o que quer,
como pensa, como se comporta e quais são as
tendências de consumo da mulher brasileira.
Concluímos que, além do que existe nos portais
femininos hoje – moda, beleza, celebridades
–, esse público sentia falta de assuntos que
ainda não domina muito bem, como saúde,
por exemplo. Grande parte das mulheres no
país teve uma educação formal deficitária e
precisa de um repertório mais completo para
as novas tarefas que está executando. É aí que
nós entramos: com informações focadas nesse
universo e uma linguagem que torna tudo
mais simples e acessível para esse público.
Quais foram os objetivos do evento?
O fórum não teve nenhuma outra pretensão
a não ser inspirar e mostrar as mudanças que
estão acontecendo no Brasil e no mundo.
Trouxemos Maman Marie Nzoli, uma líder
comunitária e figura importantíssima no Congo
por sua forte atuação na área da vulnerabilidade
a estupros. A iraniana Mina Ahadi falou sobre o
trabalho fantástico que faz pelas redes sociais
para disseminar a luta do movimento contra
o apedrejamento de mulheres no Irã, o Stop
felipegombossy
pingue-pongue
66
67amilgerações
o projeto Tempo de Mulher é originário de três anos de pesquisa sobre quem é, o que quer,
como pensa, como se comporta e quais são as tendências de consumo da mulher brasileira
felipegombossy
Stoning Now. Trouxemos também Fawzia
Koofi, uma parlamentar do Afeganistão que
já se lançou como candidata à presidência
da República do país para 2014. É incrível
a coragem dessas mulheres e é inspirador
poder compartilhar essas experiências.
Como foi a seleção dessas histórias?
Durante toda minha vida estudei histórias de
mulheres. Parte da minha carreira como jornalista
teve como foco essas histórias. Claro que já cobri
política, economia, e gosto desses assuntos. Mas
sempre procurei me focar para o papel da mulher.
Gosto da cabeça feminina. Acho que, mais do que
o homem, temos traços comuns em diferentes
partes do planeta. É aquela característica de
ser a responsável, manter os laços afetivos,
ceder em prol do outro, ajeitar as coisas,
trabalhar alucinadamente, seja na manutenção
e organização da casa, seja com o filho nas
costas, na lavoura, em países mais pobres.
E de nunca perder isso, independentemente
da dificuldade que enfrentamos.
as mulheres são mais preocupadas
com o crescimento sustentável?
Definitivamente, são. Sustentabilidade é um
conceito concreto para a classe média. A filha ou
filho dessa mulher de classe média chega falando
da saúde do planeta, de reciclagem.
E a mãe precisa atender a essa expectativa.
Ao mesmo tempo, em quase todo bairro
de classe média existe uma cooperativa de
reciclagem ou uma iniciativa para reaproveitar
o lixo. Embora ela não saiba direito o que é
esse conceito de sustentabilidade, sabe que
manter a boca de lobo da rua limpa e separar
lixo é importante. Então, ela está aprendendo de
maneira concreta que isso é bom para o planeta,
para a educação dos filhos e para a família.
O que acontece quando essa mulher
que muda o mundo volta para casa?
Em termos de saúde, muda muito, porque ela
está começando a apresentar sintomas de
doenças que eram mais masculinas do que
femininas, pois está submetida a um estresse alto,
trabalhando muitas horas por dia, com muitas
responsabilidades, comendo pior, fumando mais,
bebendo mais. A casa inteira está se alimentando
um pouco pior. Embora ela se preocupe muito
com a alimentação, existem poucos produtos
simples, práticos e de boa qualidade para a saúde.
Por outro lado, no plano doméstico, ela ganhou
um poder que não tinha antes. Hoje, dentro da
nova classe média, a mulher é responsável por
42% da renda familiar. Se ela contribui com mais
dinheiro, tem mais poder de decisão dentro de
casa. Mas, mesmo que ela ganhe mais, tenha
mais poder, não precisa ficar falando isso o
tempo inteiro. Ela não desmoraliza o marido.
Essa nova classe média é mais conservadora.
Gosta do núcleo e da harmonia familiar.
Ao mesmo tempo, o divórcio para ela já é uma
coisa desmistificada. Ela é muito pragmática.
É uma cabeça diferente do passado e a relação
familiar mudou muito por causa disso.
Quem faz diferença, hoje, no Brasil?
Acho que várias mulheres abriram as portas para
o que está acontecendo hoje. Todas as mulheres
dos anos 1980, que tem entre 40 e 50 e poucos
anos, foram muito importantes. Porque no Brasil,
ao contrário da Europa e dos Estados Unidos,
a mulher entrou maciçamente no mercado de
trabalho nos anos 1980. Mas acho que, na nossa
busca incansável pelo equilíbrio, temos de olhar
para os pequenos exemplos à nossa volta. A
igualdade de gêneros está acontecendo mais
na classe média do que na AB. Uma das minhas
pesquisas mostra isso. Quando você pergunta
“o trabalho é a prioridade na sua vida?”, 71% das
mulheres respondem “não”. O trabalho é um
meio para elas, e não um fim. Trabalham para ter
conforto, para viajar, para ter uma casa melhor,
para dar uma educação melhor para os filhos,
para viver. E não para mostrar para o mundo que
é capaz, porque isso já passou, ficou para trás.
Que lições você tirou dessas histórias?
Todo dia muda alguma coisa. Eu tinha muita
necessidade de compartilhar coisas que eu
aprendi na minha vida e sempre quis fazer
isso com mulheres. Mas eu não tinha noção
do quanto isso poderia ser relevante. Quero
compartilhar o que tenho, minha experiência,
minha história, minha voz, fazendo o que eu sei
fazer, que é contar histórias. Quero usar minha
voz com o propósito de contar o maior número
possível de boas histórias, inspirando outras
mulheres a fazerem suas próprias mudanças.
opinião
Crise ambiental?
N
a década de 1990, participei da minha
primeira experiência em um Eye
Camp junto com a Prasad Foundation,
na Índia. Os Eye Camps eram organizados
naquela época para realizar cirurgias de
cataratas. Era alarmante o número de pessoas
que estavam perdendo a visão por essa
doença, cuja cura depende de uma simples
intervenção. As intervenções aconteciam
no meio de zonas rurais e muito pobres da
Índia. Centenas de médicos, enfermeiros
e jovens profissionais se reuniam dia após
dia para organizar e realizar milhares de
atendimentos e procedimentos cirúrgicos.
No início do dia, era impossível prever
que todos nós, cada um com a sua tarefa,
conseguiria dar conta de atender com qualidade
tantas pessoas – e, especialmente, com amor
e atenção. Pouquíssimos estrangeiros ali
presentes conseguiam se comunicar no dialeto
local. A língua oficial era a compaixão, alegria,
gratidão! Eu era apenas uma adolescente,
filha da elite brasileira, nascida em Ipanema
e moradora de um luxuoso condomínio na
Barra da Tijuca. No Tansa Valley, eu aprendi a
expandir as fronteiras do coração e me tornei
cidadã do mundo. Todas aquelas pessoas
passaram a fazer parte da minha família.
Convivendo com essa realidade por muitos
anos, ficou impossível não questionar o modelo
de desenvolvimento econômico mundial que
sentenciou a pobreza para milhões de nós.
Há sete anos, trabalho com grandes
empresas no desenvolvimento de programas
de Sustentabilidade Empresarial. Nos últimos
dois anos, apoio a Diretoria de Sustentabilidade
da Amil na construção de sua visão de
sustentabilidade e do seu compromisso com
essa agenda fundamental para o futuro da saúde.
Não há homem saudável em um planeta
doente, esse é o posicionamento de
comunicação da Amil para as suas diretrizes
e estratégia de sustentabilidade. E isso eu
pude ver desde cedo na Índia, na África,
nos Estados Unidos e no Brasil. Um sistema
doente não pode gerar saúde. Precisamos
nos questionar diariamente sobre o impacto
das escolhas que fazemos. Cada um de nós,
mesmo inconscientemente, está contribuindo
para a construção de um planeta doente.
Hoje, ainda sinto falta de estar em campo,
ainda dá uma saudade enorme. A distância
muitas vezes me faz esquecer que estar em
São Paulo e prestar consultoria para grandes
empresas é uma forma de engajamento
capaz de promover melhorias significativas
para a sociedade. As decisões de negócio
são fundamentais para promover o
desenvolvimento de um planeta de maneira
socioeconômica e ambiental, em grande escala.
A crise que estamos vivenciando como
sociedade está longe de ser uma crise ambiental.
E o sentimento de estar ligado ao próximo
pode ser um novo ponto de partida.
por denise chaer
denise chaer é consultora de sustentabilidade
shutterstock
boas ideias
Um importante destaque foi a participação dos
empreendimentos privados. Este acesso permitiu
que as empresas pudessem se manifestar sobre o
estágio atual de ações sustentáveis em andamento,
além dos seus resultados. O grande mérito
da participação das companhias é a dinâmica
da implantação de projetos sustentáveis, que
apresentaram ações que visam, por exemplo, a
redução de emissão de CO2
e de consumo de água,
uso racional de energia, redução de geração e
reprocessamento de resíduos sólidos, entre outros.
Ficou claro que as empresas complementam
as estratégias dos governos, já que estão em
sincronia com as políticas públicas endereçadas
por estes. Dessa forma, talvez seja possível que as
implantações das políticas de sustentabilidade sejam
agilizadas. Também é importante ressaltar que a
maior parte das empresas privadas hoje tem planos
de metas com indicadores de sustentabilidade
muito avançados em seus planos de negócios para
serem atingidos a longo prazo, até 2030 e 2050.
A divisão da realidade em economia, sociabilidade,
cultura e valores e meio ambiente é falsa. São
apenas janelas para olharmos o todo. A antiga
dicotomia entre desenvolvimento econômico e
combate à pobreza de um lado e preservação
ambiental de outro não faz sentido e é, na verdade,
uma bobagem. Quem tem um problema grave
não é a natureza do planeta, que é resiliente, e
sempre encontrará uma forma de se recuperar.
Quem tem um desafio gigantesco é a humanidade,
que está afetando a natureza de uma forma
tão inconsequente que os riscos associados à
capacidade do planeta continuar nos oferecendo
clima adequado, água, biodiversidade e outros
serviços indispensáveis já foram largamente
ultrapassados. Nos próximos anos a civilização
decidirá se é capaz de agir com consciência e, de
forma responsável, evitar custos e sofrimentos
enquanto há tempo, senão precisaremos aprender
da pior forma. Nossa geração será julgada pela
resposta que oferecermos a esse desafio.
Nilson Souza, Diretor de Sustentabilidade da
Alcoa para a América Latina
Sergio Besserman Vianna,
Economista e ambientalista
O que aprendemos
com a Rio+20?
planos e metas A história é uma só.
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável deixou
várias lições para o futuro e renovou nosso compromisso com o planeta.
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  • 1. P l a n e t a s a u d á v e l , p e s s o a s s a u d á v e i s | e d i ç ã o 2 | 2 o s e m 2 0 1 2 Má qualidade do ar, menos saúde gerações Estudos comprovam que a relação entre poluição e saúde está cada vez mais delicada e é preciso uma mudança de atitudes Homem saudável Técnicas de autoconhecimento podem transformar pessoas e melhorar as relações interpessoais no ambiente de trabalho Pedalada verde Contra a obesidade e o sedentarismo e para uma cidade menos poluída, unidade da Amil em São Paulo cria bicicletário Visão Brasil 2050 Empresas brasileiras aderem aos desafios da sustentabilidade e têm 38 anos para realizar mudanças significativas
  • 2. editorial Se pensarmos na evolução da consciência como essencial para alavancar as mudanças de que nosso planeta precisa, temos que nos voltar ao homem. Um homem que, como preconiza a Unesco em seu Relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, precisa aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a ser. Em nosso dia a dia, dedicamo-nos essencialmente a aprender a conhecer e a aprender a fazer. Essas aprendizagens são incompletas sem as outras duas. Aprender a viver com os outros nos fala de atitudes e valores. Já aprender a ser nos convoca para a formação de indivíduos capazes de estabelecer relações, de se comunicar, de evoluir e de intervir de forma consciente na sociedade. Todo conhecimento que nos possibilite melhorar como seres humanos merece nossa atenção pessoal, das organizações e da sociedade. Por isso, nesta edição da Revista Gerações, você vai conhecer iniciativas e pessoas que contribuem para aprendermos a ser e para aprendermos a conviver. Esperamos que você se inspire. Odete Freitas Diretora de Sustentabilidade Consciênciaem evolução Todo conhecimento nos traz a possibilidade de melhorar como seres humanos acervoamil
  • 3. sumário 4 5amilgerações equilíbrio Caminhos para a saúde Empresa se une a representantes do governo e do terceiro setor para discutir o modelo de gestão do serviço de saúde brasileiro 6Projetos, prêmios e ações Saiba mais sobre os projetos e ações de sustentabilidade que a Amil vêm desenvolvendo e os prêmios recebidos bromeliário Belezas tropicais Amil ajuda a manter o bromeliário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, santuário com diversas espécies ameaçadas de extinção Notas 14 28 NESTA EDIÇÃO expediente 2o SEMestre 2012 Coordenação: Promarket, house-agency da Amilpar Aprovação: Diretoria de Sustentabilidade Realização: FernandaLigabue capa Saúde e sustentabilidade: uma relação delicada Qual o caminho para uma mudança sustentável e como ela passa pela conscientização e por uma abordagem intersetorial da saúde tratamento Green kitcheninovação e tecnologia olimpíadas relações humanas bicicletário PINGUE-PONGUE opinião BOAS ideias A revolução dos resíduos Amil implanta programa de gestão de resíduos e busca tecnologia para se tornar referência nacional no tratamento de lixo hospitalar Restaurante saudável No Hospital e Maternidade Metropolitano, colaboradores fazem refeições equilibradas e com tempero local Um futuro de visão CEBDS constrói agenda para 2050 e engaja grandes empresas na sustentabilidade eficiente para os negócios Engajar e mobilizar Ações criativas de sustentabilidade continuam a ser realizadas pelos quatro cantos do país por meio das Olimpíadas Amil Gerações Autoconhecimento e equilíbrio Gestão estimula colaboradores a conhecer mais sobre si com programas de meditação e técnicas de eneagrama Sustentável em duas rodas Amil Resgate Saúde Alphaville inaugura bicicletário com bikes produzidas com material reciclável Mulheres que inspiram Ana Paula Padrão fala sobre seu trabalho com mulheres que fazem a diferença Crise ambiental? Convivendo com essa realidade por muitos anos, fica impossível não questionar o modelo de desenvolvimento econômico mundial Rio+20 Veja a opinião de dois especialistas sobre quais lições a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável deixou para o futuro 50 32 56 38 60 64 68 70 18 42
  • 4. notas por Andréia Brasil e ronaldo mendes divulgação divulgaçãodivulgaçãodivulgação Criada em 2002, a Turma do Bem é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) que atua na área da saúde bucal. Seu principal projeto é O Dentista do Bem, no qual dentistas voluntários atendem gratuitamente em seus consultórios crianças e adolescentes, entre 11 e 17 anos, de baixa renda. Em 2012, a instituição lançou o programa Apolônias do Bem, que proporciona tratamento odontológico gratuito para mulheres vítimas de violência doméstica. O projeto pretende atender 200 mulheres acolhidas pela Casa de Isabel, centro de apoio a mulheres, crianças e adolescentes em situação de risco, localizado São Paulo (SP). Para cumprir esse objetivo, a Turma do Bem conta com o apoio da Amil. “A Amil conheceu nosso trabalho e se interessou em desenvolver um projeto conjunto. Foi a primeira empresa do setor a nos apoiar, não só com o Apolônias do Bem, mas também como mantenedora da instituição, colaborando com todos os projetos”, conta Caio Leão, coordenador de Comunicação da instituição. “Graças à Amil, o atendimento odontológico não será feito por voluntários. As mulheres selecionadas são tratadas por cirurgiões-dentistas da rede da operadora, que assumiu todos os custos, enquanto nós fazemos o acompanhamento.” Segundo o diretor Comercial da Linha Dental, Alfieri Casalecchi, participar dessa ação é muito importante para a Amil. “A parceria é uma forma de alertar a sociedade para a violência doméstica, um problema sério e silencioso. Com os traumas, elas perdem sua autoestima. Por isso, apoiar o projeto é como se estivéssemos contribuindo para que essas mulheres renasçam.” Projetodo bem
  • 5. Uma das principais ferramentas para a sustentabilidade das empresas é o marketing. Por isso, a Editora Referência e a consultoria MadiaMundoMarketing lançaram, em 2002, o prêmio Marketing Best Sustentabilidade, que destaca e dissemina as melhores práticas sustentáveis de empresas, fundações, institutos e associações. Neste ano, dois projetos da Amil foram premiados: Paperless e Digitalização de Exames de Imagem. Dentre os resultados obtidos pela primeira iniciativa no ano passado, estão a economia de mais de 34 mil m3 ³ de água e mais de 8 mil árvores que deixaram de ser cortadas, equivalentes a quase 60% do Parque Ibirapuera, em São Paulo (SP). No segundo caso, o uso de películas para a impressão de exames foi reduzido em 2,7 milhões de unidades e 360 quilos de prata, e 8,9 milhões de litros de água foram poupados. Para o diretor de TI da Amilpar, Telmo Pereira, os projetos estão em sintonia com o mundo moderno. “Usufruímos das novas tecnologias e ferramentas nos projetos de sustentabilidade e tivemos resultados muito positivos”, explica. “O prêmio reconhece que a Amil está sempre alinhada com a responsabilidade socioambiental e chancela o trabalho como um ícone de sustentabilidade.” Alexandre Bulhões de Britto, analista de Sustentabilidade, concorda: “A premiação valoriza os esforços da empresa por um mundo mais sustentável. É um atestado de que nossos projetos são sérios e funcionam”. O presidente da Editora Referência, Armando Ferrentini, considera os projetos como autênticos cases de responsabilidade social. “Faço questão de afirmar que as premiações são decorrência de um trabalho altamente qualificado. A sociedade brasileira só tem a ganhar com cases relevantes como os campeões da Amil.” Ideias que dão certo AlessandroMendes divulgação Organizado pelas Universidades Corporativas do Rio de Janeiro (RJ) e de São Paulo (SP), o projeto Amil Jovem VIP reuniu 3.500 jovens de 13 a 18 anos nas duas capitais. Em São Paulo, o evento aconteceu no dia 10 de agosto, na Via Funchal. No Rio, o encontro foi no Centro de Convenções Sul América, no dia 13. O projeto, criado há 25 anos pelo presidente-fundador da Amilpar, Edson Bueno, contou com a presença de Nick Vujicic, australiano que nasceu sem braços e pernas. O convidado encantou a plateia, formada pelos filhos dos colaboradores e por alunos de escolhas públicas e privadas. “O objetivo do evento é falar sobre desafios, formas de superar dificuldades como bullying na escola e preconceitos em geral”, explica Andrea Giorgi, gerente de RH d Rio. Andrea conta que os jovens se encantaram com as histórias e, ao final, fizeram um planejamento que vai de 2012 a 2020. Projeto Amil Jovem VIP O dia 27 de julho foi muito especial para a Amil, pois marcou a primeira reunião do Comitê de Sustentabilidade. Ligado ao Conselho de Administração, o objetivo do Comitê é avaliar, priorizar, organizar e direcionar o trabalho da Diretoria de Sustentabilidade. A pauta desse primeiro encontro foi a revisão do planejamento estratégico e a definição dos projetos nacionais que serão implementados nos próximos meses. O primeiro diz respeito à criação do modelo conceitual de hospital verde, com foco em duas unidades hospitalares: o Hospital Vitória e o Hospital das Américas. O Hospital das Américas está sendo construído na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ). A obra já recebeu o certificado Leadership in Energy & Environmental Design (LEED), sistema de certificação e orientação ambiental de edificações criado pelo Green Building Council, atualmente o selo de maior reconhecimento internacional no setor de construção civil. O Hospital Vitória, localizado no Tatuapé, em São Paulo (SP), já conta com a certificação ambiental ISO 14000, que estabelece as diretrizes básicas para o desenvolvimento de um sistema que gerencie a questão ambiental dentro da empresa. Os outros projetos aprovados têm foco na cadeia de suprimentos, atendimento e gestão por indicadores de sustentabilidade, dada a relevância desses aspectos do negócio para a criação de novos valores para os fornecedores, clientes e executivos da companhia. Foco na sustentabilidade 8 9amilgeraçõesnotas
  • 6. arquivopessoalarquivopessoal Sensibilizados com a falta de água no sertão, colaboradores da Amil em Recife (PE) se mobilizaram para arrecadar água e mantimentos e doá-los a famílias de duas comunidades em São José do Belmonte (PE). Abastecidos de água e cestas básicas, 22 colaboradores estiveram nos povoados de Serrote e Santa Cruz. A campanha foi organizada por Wagner Vicente e Priscilla Albuquerque, com apoio da área de Recursos Humanos. “Envolvemos cada uma das pessoas, passando nos setores e fazendo um trabalho de conscientização. A filial inteira participou da ação!”, comemora Priscilla Almeida, gerente do RH. A atitude contou com o apoio de empresas parceiras da Amil e de familiares. No total, foram doados 5.750 litros de água mineral, 10 mil litros de água potável e 100 cestas básicas. “É muito Água para o sertão pernambucano bom fazer o bem a quem necessita do básico, como água e comida”, lembra Wagner, há dez anos participando de iniciativas como essa. amilgerações 10 11 Em 2002, a Câmara de Comércio França-Brasil (CCFB), que promove o desenvolvimento das relações entre os dois países, criou o Prêmio LIF, baseado nos ideais Liberdade, Igualdade e Fraternidade, grandes motivadores da Revolução Francesa de 1789. A premiação pretende estimular as empresas a adotarem práticas responsáveis e uma gestão sustentável. Este ano, as Olimpíadas Amil Gerações foram um dos projetos premiados na categoria Público Interno. Entre os resultados alcançados pela ação, que teve como objetivo incorporar a sustentabilidade ao dia a dia dos 25 mil colaboradores da empresa, estão a redução de mais de 50% no consumo de copos plásticos e mais de 530 doações de sangue. “A ideia surgiu da necessidade de mostrar a todos os colaboradores o que significa a sustentabilidade e engajá-los nas ações. O Prêmio LIF é um reconhecimento do trabalho e da seriedade da Amil em buscar e praticar cada vez mais a sustentabilidade. Mostra que estamos no caminho certo e valoriza o esforço de todas as pessoas em colocar as ações em prática”, comemora Alexandre Bulhões de Britto, analista de Sustentabilidade da Amil. A diretora executiva da CCFB, Sueli Lartigue, explica que a premiação aborda temas relevantes e vinculados à realidade das empresas. “O projeto da Amil se destaca por promover uma série de atividades com o público interno. Aprendemos com isso como é possível motivar e engajar os colaboradores em prol de causas como a doação de sangue e a preservação dos recursos naturais. Isso contribui para atingirmos o objetivo do Prêmio, inspirando mais e mais empresas a seguirem pelo caminho da sustentabilidade.” Olimpíadas premiadas Lançada em meados de 2011, a Rede Verde integra os colaboradores da Amil para discutir ações e ampliar e fortalecer o programa Amil Gerações, que busca soluções sustentáveis para manter os recursos naturais para as gerações futuras. Segundo Alexandre Bulhões de Britto, analista de Sustentabilidade, o comprometimento das pessoas com esse tema é cada vez maior. “Elas desenvolvem suas próprias iniciativas, pensam em novas possibilidades e as colocam em prática. O papel da Rede Verde é apoiar, incentivar, colaborar e divulgar essas propostas para o resto da empresa, compartilhando experiências, ideias e resultados.” Em busca de mais governança, qualificação e envolvimento, a Rede Verde passou por um processo de renovação, com o cadastramento de novos participantes, atingindo 200 pessoas. “Como esse grupo é difusor da bandeira da sustentabilidade dentro da Amil, temos que contar com pessoas que ajudem a disseminar os conceitos e a pensar em novas ações em suas unidades. Por isso, abrimos as inscrições para que cada vez mais colaboradores possam integrar a equipe”, esclarece Alexandre. A intenção é, ao longo dos anos, ter pelo menos um representante de cada área da operadora e dos hospitais. Uma Rede cada vez maior shutterstock notas
  • 7. divulgação shutterstock No dia 10 de maio, a Amil participou do Sustentável 2012, organizado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). O evento reuniu mais de 500 pessoas no Rio de Janeiro (RJ) e antecipou a agenda da Rio+20.   O objetivo dos debates foi a busca por respostas para acelerar a implementação da sustentabilidade no Brasil, propondo metas para o setor empresarial, políticas públicas e mudanças no comportamento dos consumidores. Para isso, foram apresentadas cinco plenárias que sintetizaram os nove pilares do relatório Visão Brasil 2050 – documento que aponta uma agenda para o futuro e inspira o planejamento estratégico de inúmeras empresas.  A diretora de Sustentabilidade da Amil, Odete Freitas, foi uma das convidadas da plenária “Escolhas Inteligentes: como o consumo altera o ambiente que nos cerca”, que contou ainda com a presença de Sérgio Besserman, presidente do Grupo de Trabalho da Prefeitura do Rio de Janeiro para a Rio+20; Alice Freitas, fundadora da Rede Asta; Márcia Muchagata, assessora da Secretaria Executiva do Ministério do Desenvolvimento Social; e Antônio Carlos Guimarães, presidente da Syngenta. De acordo com a presidente-executiva do CEBDS, Marina Grossi, a assembleia discutiu a forma de consumo atual. “Os participantes concordaram que a união do setor empresarial com o governo e a sociedade é prioritária para o desenvolvimento sustentável. E a Amil trouxe para a plenária a dimensão do consumo em uma questão central: qualidade de vida. Além disso, a educação como agente transformador também foi posta em debate por Odete Freitas, o que reforçou a importância da inclusão das questões ambientais e sociais no sistema de ensino.” Uma publicação que informa aos colaboradores da Amil sobre as ações de sustentabilidade desenvolvidas nas filiais e redes assistenciais: esse é o objetivo da Ciranda, newsletter criada para difundir e compartilhar as iniciativas sustentáveis realizadas na empresa. A primeira edição foi lançada em 15 de julho e, em princípio, sua frequência será bimestral. Ela é enviada para os colaboradores via e-mail e também está disponível na intranet e na Amiltown. “O principal diferencial da Ciranda é mostrar o que está sendo feito em prol da sustentabilidade em toda a empresa. As ações precisam da participação de todos, e sentimos que as pessoas acreditam que podem fazer a diferença”, ressalta Patrícia de Andrade, coordenadora de Comunicação Corporativa da Amil. Para Kelli Gonçalves, gerente de Comunicação e Imprensa, uma das seções mais interessantes é a Contaí, na qual os colaboradores podem falar sobre ações que desenvolvem fora da empresa. “Isso mostra que é possível ampliar o universo sustentável para a vida pessoal. Podemos levar os conceitos e ações aprendidos dentro da Amil e aplicar fora do trabalho.” Ela conta que os retornos sobre a Ciranda têm sido bastante positivos. “As pessoas gostaram da primeira edição e muitas nos procuraram para contar suas próprias experiências nas próximas edições, e todas as áreas e filiais terão espaço. Nossa vontade é que o projeto cresça, que as pessoas se envolvam, participem e conheçam as ações desenvolvidas em toda a empresa e também fora dela. Essa ciranda vai girar cada vez mais”, finaliza. Ciranda da sustentabilidade Amil no Sustentável 2012 notas
  • 8. bromeliário amilgerações 14 15 Belezas de clima tropical bromeliário Desde 2007, a Amil ajuda a manter o bromeliário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, um santuário que abriga e pesquisa diversas espécies ameaçadas de extinção por ronaldo mendes A falta de cuidado com o meio ambiente vem causando cada vez mais danos ao planeta. Um exemplo claro disso é a entrada das bromélias para a lista das espécies mais ameaçadas de extinção no país, devido a degradação do ecossistema e a coleta predatória. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, já são 38 variedades que correm o risco de desaparecer das florestas. Preocupada com a manutenção do ecossistema, desde 2007 a Amil patrocina o bromeliário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RJ). Com um dos maiores acervos do país – 540 tipos, dentre eles 26 já ameaçados de extinção –, o instituto se tornou referência no estudo e conservação dessa espécie, e oferece ao visitante a oportunidade de conhecer a diversidade e a beleza dessas plantas. Graças ao apoio da Amil, a coleção de plantas duplicou, e o local se tornou um dos mais visitados dentro do instituto – nos finais de semana, chega a receber mais de duzentas visitas e, em alta temporada, esse número chega a triplicar. “Hoje, o bromeliário tem um potencial e uma visibilidade muito grande, tanto para o público em geral quanto para outras instituições que buscam parceria de intercâmbio e estudo da nossa coleção”, orgulha-se a bióloga Nara Vasconcellos, curadora do bromeliário. Trabalho de conservação O bromeliário é formado por duas estufas, mas apenas uma é aberta para visitação. É na outra que Nara e sua equipe de biólogos especialistas na família bromeliácea – Rafaela Forzza e Gustavo Martinelli –, fazem o trabalho de conservação. “Nosso grande objetivo é tirar as espécies da lista de ameaçadas de extinção”, explica Nara. Para isso, os biólogos vão a campo duas vezes por ano a fim de coletar espécies na natureza. O material normalmente é recolhido em flor, para que seja feita a exsicata – quando a planta é desidratada e armazenada nos armários em temperatura adequada. Durante esse processo, ela fica presa a um tipo de cartolina e é encapada em papel craft. Depois, é prensada e levada para uma estufa com iluminação natural. Normalmente, essas plantas saem da estufa em três ou quatro dias. Em seguida, todas as informações coletadas vão para o banco de dados do Jardim Botânico. “Antes, esses dados não eram computadorizados. O que tínhamos era um amontoado de vasos com um banco de dados feito a mão, num caderno”, lembra Ricardo Reis, diretor das Coleções Vivas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. “Agora nós temos uma coisa de primeiro mundo, inclusive as pessoas que vêm aqui percebem que é algo muito bem organizado.” ISMARINGBER referência no estudo e conservação da espécie, o bromeliário é hoje um dos locais mais visitados do jardim botânico
  • 9. bromeliário amilgerações 16 17 As bromélias Espécie quase que exclusiva das Américas, a família das bromélias é constituída de 56 gêneros e mais de 3 mil espécies. Com predileção pelos climas árido e úmido das regiões tropicais, elas são de fácil adaptação aos solos e divididas por três hábitos: epífitas, que se apoiam em outras plantas; rupícolas, desenvolvidas em pedras; e as terrestres. De grande importância na manutenção da biodiversidade, a formação peculiar das folhas da bromélia forma um reservatório de água e matéria orgânica responsável pela criação de hábitats para vários organismos. Salto de qualidade Segundo Ricardo, ao longo desses quase seis anos de relacionamento com a Amil, o bromeliário deu um salto de qualidade muito grande. “Hoje, nossas plantas têm procedência e são tratadas com tudo o que há de mais moderno para coletas botânicas”, conta o diretor. O convênio da Amil foi dividido em dois momentos. Durante os primeiros 24 meses, foram feitas as reformas completas das estufas. Terminada essa fase, a Amil assumiu o papel de mantenedora. “O patrocínio permite que façamos pelo menos duas expedições por ano, além da manutenção e a aquisição de novas plantas e gastos com pesquisa”, explica Ricardo. 20 anos de dedicação Há quase duas décadas, João Mourão, 68 anos, desenvolve uma relação de carinho com as bromélias. Jardineiro do local, o Sr. Mourão, como é conhecido, fica feliz ao ver que suas plantas estão recebendo mais visitas nos últimos anos. “Nossa coleção cresceu bastante de uns anos pra cá. Agora, o bromeliário chama a O acervo do bromeliário é composto, em sua maioria, por espécies genuinamente brasileiras. De acordo com Nara, a ideia é justamente priorizar as espécies nacionais, sobretudo as da Mata Atlântica. “É uma maneira de apresentar ao público a diversidade de bromélias existentes em nosso país. Temos também espécies que não são daqui, mas não é um número muito grande”, afirma a bióloga. Para manter a conservação, ela diz que a ideia é, num futuro próximo, fazer o cruzamento das plantas. Ampliar o número de espécies na coleção e a reprodução das plantas no ambiente natural também estão entre os projetos. “Isso é importante para que possamos um dia distribuir as espécies para outros jardins botânicos”, avisa. Serviço O Bromeliário fica aberto diariamente, das 8h às 17h. Para agendar uma visita guiada, é preciso marcar com antecedência pelo telefone (21) 3874-1808. Endereço: Rua Jardim Botânico, 1.008, Jardim Botânico – Rio de Janeiro (RJ) atenção das pessoas e é o lugar mais visitado do Jardim Botânico”, comemora. Segundo ele, a variedade das plantas brasileiras desperta a curiosidade dos turistas, principalmente os estrangeiros. “Eles ficam maravilhados, até me abraçam e dizem que meu trabalho está sendo benfeito. Fico muito feliz com isso, pois tenho orgulho do que faço”, diz. da esq. para a dir.: o diretor das coleções vivas, ricardo reis, O jardineiro João Mourão e a bióloga nara vasconcellos ISMARINGBER fotos:ISMARINGBER
  • 10. capa 18 19amilgerações capa A degradação ambiental provoca doenças e mortes, compromete a saúde das gerações futuras e onera o setor de saúde. O caminho para uma mudança sustentável passa pela conscientização dos atores sociais e por uma abordagem intersetorial da saúde, dizem especialistas Saúde e sustentabilidade: uma relação delicada por alice giraldi H á cerca de 40 anos, o médico patologista Paulo Saldiva cumpre uma rotina diária: sai de casa pela manhã com a sua bicicleta e pedala cerca de seis quilômetros até o trabalho. Nos dias de chuva ou frio, uma bicicleta dobrável e um patinete de adulto permitem ao médico associar esses meios alternativos de locomoção com o uso do ônibus. Saldiva é um ciclista convicto em São Paulo (SP), cidade em que o automóvel reina soberano sobre todos os meios de transporte. Sua opção é bem fundamentada e tem um caráter militante. Atuando como coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Universidade de São Paulo (USP) e renomado l shutterstock pesquisador, o médico conhece como poucos os efeitos nocivos dos poluentes liberados pelos escapamentos dos veículos automotores – os maiores vilões da poluição do ar nas cidades – e faz a sua parte para reduzir as emissões. Os resultados das pesquisas conduzidas por Saldiva de fato impressionam. Somente na cidade de São Paulo, a poluição atmosférica mata cerca de 4 mil pessoas por ano – mais do que a aids, responsável por mil mortes e a tuberculose, que vitima 600 pessoas anualmente. Quando se somam os dados de pessoas na faixa etária de 40 anos das seis maiores capitais do país, os números sobem para 11 mil mortes por ano causadas pela má qualidade do ar. Em escala
  • 11. capa 20 21amilgerações FERNANDALIGABUE mundial, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), esses números atingem cifras dramáticas: a cada ano, a poluição atmosférica causa 6 milhões de mortes prematuras. Diferentemente do que se poderia imaginar, os efeitos deletérios da poluição à saúde não se limitam somente a problemas respiratórios, como asma, bronquite e enfisema pulmonar. Um número crescente de pesquisas revela que os poluentes estão relacionados a uma variada gama de doenças, perfazendo uma longa lista que inclui, entre outras, câncer, infertilidade, diabetes, anemia, obesidade, neuropatias e cardiopatias. Coração, raciocínio e memória Dados da American Heart Association (Sociedade Americana do Coração) mostram que 10% dos infartos de miocárdio devem-se à poluição gerada pelo tráfego de veículos. “Os especialistas precisam levar mais em conta a poluição atmosférica como um fator de risco de doenças cardíacas”, alerta o cardiologista Cláudio Domênico, da Clínica São Vicente (RJ), membro da Sociedade Europeia de Cardiologia. durante a gestação têm maiores chances de vir a desenvolver diabetes tipo 2 e obesidade”, informa Saldiva. De maneira geral, fetos com maior contato com a poluição têm menor reserva funcional, o que significa maior vulnerabilidade a doenças ao longo da vida. Ônus à saúde Cálculos do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP evidenciam que os custos das doenças causadas pelas emissões de poluentes têm alto impacto no setor de saúde. A estimativa é que cerca de 2 bilhões de reais sejam dispendidos anualmente pelo Sistema Público de Saúde (SUS) em tratamentos de enfermidades associadas direta ou indiretamente à poluição, consumindo recursos que poderiam ser empregados na melhoria da qualidade da saúde pública. A própria área de saúde é alvo do olhar de organizações ambientais. “Descobriu- se que o setor vivia um enorme paradoxo, emitindo substâncias cancerígenas para o ambiente”, conta a bióloga argentina Verónica Odriozola, coordenadora regional de Saúde sem Dano, referindo-se ao episódio que, em Ele cita um estudo realizado na Alemanha com 300 indivíduos infartados. Segundo o estudo, aqueles que permaneciam por períodos maiores dentro do carro, no trânsito, apresentavam três vezes mais chances de infartar do que os menos expostos à poluição. O cardiologista destaca que a má qualidade do ar também está associada a um maior risco de declínio cognitivo em idosos. Foi o que mostrou uma pesquisa divulgada em 2011 nos Estados Unidos, que acompanhou 19 mil enfermeiras entre 70 e 81 anos de idade por um período de 25 anos. Mulheres desse grupo que tiveram contato permanente com níveis mais elevados de poluição apresentaram maiores perdas cognitivas, incluindo dificuldades de raciocínio lógico, perda de memória e quadros de demência. A mais grave associação entre poluição do ar e problemas de saúde, entretanto, talvez esteja em alterações da expressão genética em bebês que ainda se encontram no útero materno, afetando a qualidade de vida das gerações futuras. “Existem evidências de que crianças que nascem com baixo peso devido a exposição da mãe à poluição Diferentemente do que se poderia imaginar, os efeitos da poluição não se limitam somente a problemas respiratórios como asma, bronquite e enfisema pulmonar
  • 12. capa 22 23amilgerações 1996, motivou a criação dessa organização não governamental nos Estados Unidos. Ao realizar uma pesquisa sobre a presença de dioxinas no ambiente – substâncias que são subprodutos não intencionais de processos industriais, altamente tóxicas e com comprovada atividade cancerígena –, o governo americano identificou que os incineradores de resíduos hospitalares eram uma de suas principais fontes. A partir de então, a ONG se dedicou a promover alternativas à incineração e a buscar maneiras de reduzir a quantidade de resíduos produzidos pelos hospitais. Mais recentemente, a Saúde sem Dano dirigiu o foco de suas atividades para a eliminação do uso do mercúrio no setor de saúde. O metal tem potente ação neurotóxica e nefrotóxica e, como se sabe, é amplamente utilizado em termômetros, medidores de pressão arterial, antissépticos tópicos e material odontológico. O empenho para eliminar o mercúrio no setor de saúde conta com o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS) e tem obtido êxito. No Brasil, a venda de medicamentos à base do metal foi proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2001, e o estado de São Paulo determinou a sua eliminação da rede pública de saúde. Vários países baniram o uso do mercúrio no setor de saúde e, em 2013, espera-se que seja assinado um pacto global pela sua eliminação no mundo todo. Epidemias e ambiente A degradação ambiental produzida pelo desafio de produzir alimento para 6 bilhões de pessoas no planeta também está nas raízes de epidemias que ameaçam a humanidade, afirmam especialistas como Stefan Cunha Ujvari, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e autor do livro Meio ambiente e epidemias. “Quanto mais desmatamos e invadimos as áreas selvagens, mais aproximamos o homem e suas comunidades da porta de entrada de novos vírus”, diz Ujvari. Foi o que ocorreu com a aids, explica ele. “Originalmente, o HIV era um vírus de um chimpanzé que vivia nas florestas da África, onde esse animal era capturado para servir de alimento. A população entrou em contato com as vísceras e o sangue desses chimpanzés e se infectou.” Corrobora essa visão o infectologista Marcos Vinícius da Silva, que dirige a Divisão Científica do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo (SP). Para ele, muitos dos surtos epidêmicos estão relacionados a desequilíbrios no ambiente. É o caso da hantavirose, transmitida ao homem por ratos silvestres, animais que têm encontrado na degradação dos ecossistemas originais condições ideais para se reproduzir. “Em áreas de reflorestamento ou cultivo, além de não encontrarem os predadores naturais, como corujas e cobras, os ratos se deparam com uma grande quantidade de sementes, que representa alimentação farta para esses animais”, explica o infectologista. Dentro da complexidade que permeia as relações entre ambiente e saúde, o caminho em direção à sustentabilidade deverá necessariamente trilhar uma abordagem intersetorial, creem os especialistas. “É preciso compreender que a saúde não cabe mais na área de saúde: abrange também áreas como planejamento urbano, mobilidade, utilização de combustíveis, ocupação do solo, manejo da vegetação e emissão de ruído”, diz Paulo Saldiva. “A saúde precisa aprender a trabalhar com temas transversais”, conclui o cientista. EXPOSIÇÃO CONTROLADA Os especialistas concordam que não há muito a ser feito para se proteger da má qualidade do ar das grandes cidades. Algumas medidas, no entanto, podem atenuar os danos à saúde causados pela poluição atmosférica: • Ingerir muito líquido nos períodos de seca • Incluir na dieta verduras e legumes ricos em vitamina E e betacaroteno – antioxidantes que, segundo estudos, podem ajudar a combater os efeitos deletérios da poluição no organismo • Escolher o momento e o local ideais para a prática de exercícios, evitando corredores de tráfego intenso e horários de pico • Evitar a exposição ao ar livre em dias mais poluídos, particularmente indivíduos integrantes de grupos mais vulneráveis, tais como tabagistas e portadores de asma e enfisema pulmonar shutterstock
  • 13. capa 24 25amilgerações AGINDO PARA MUDAR soluções possíveis Como cidadãos, somos agentes de mudança e podemos contribuir na construção coletiva de um ambiente mais saudável e sustentável. A seguir, algumas ideias para um plano de ação: • Optar pelo transporte solidário • Ampliar a utilização do transporte coletivo e alternativo • Reivindicar a construção de ciclofaixas nas cidades • Cobrar o monitoramento diário dos níveis de poluição nas cidades • Buscar informações e orientação entre instituições e profissionais de saúde sobre os fatores ambientais associados ao desenvolvimento de doenças • Atuar na conscientização permanente da família, amigos e colegas sobre a relação entre poluição, degradação ambiental e saúde • Reciclar o lixo de forma criteriosa, separando e destinando adequadamente objetos perfurocortantes, materiais tóxicos e substâncias contaminantes Paulo Saldiva felipegombossy eduardoasta Não há como abrir mais espaço para os carros, é preciso organizar as coisas de maneira mais eficiente. Investindo na qualidade do transporte coletivo, é possível estimular os moradores das cidades a migrarem para esse tipo de transporte As cidades brasileiras precisam investir cada vez mais em transporte cicloviário, construindo ciclofaixas e uma estrutura viária adequada ao ciclista
  • 14. capa 26 27amilgerações “O que temos hoje nas cidades brasileiras é uma política equivocada de transporte, subsidiada com o dinheiro, o tempo e a saúde dos cidadãos”, avalia o especialista nos efeitos da poluição do ar sobre a saúde. Na entrevista a seguir, ele expõe algumas de suas ideias sobre alternativas de transporte no meio urbano. Usar a bicicleta como meio de transporte em cidades como São Paulo é uma atitude sustentável? Sim. A maioria dos paulistanos mata um leão por dia, não tem tempo de ir à academia. Então, usar a bicicleta como meio de transporte para o trabalho se transforma num bom negócio: além de economizarem nos gastos com a condução, as pessoas têm a oportunidade de se exercitar, o que reduz o risco de desenvolver doenças como obesidade, diabetes, osteoporose e depressão. A economia também é revertida às empresas. O funcionário que usa a bicicleta registra um número menor de intercorrências de saúde, reduzindo seus dias de licença e a utilização de seguro-saúde. A vida do ciclista em São Paulo ainda é difícil. Há cidades no Brasil mais amigáveis à bicicleta? As cidades brasileiras que investiram a sério em transporte cicloviário, construindo ciclofaixas e estrutura viária adequada, foram bem-sucedidas. Sorocaba, por exemplo, no interior de São Paulo, é um caso de sucesso: 10% da população usa a bicicleta para se locomover. Santos (SP) é outro exemplo, os moradores elegeram a bicicleta como meio de transporte. A ideia não é eliminar o carro das ruas, mas ter um “plano B”, que inclua um maior uso das bicicletas. Os níveis de poluição gerada por veículos automotores no meio urbano estão crescendo? Esses níveis vinham melhorando, mas começaram a estacionar a partir de 2007. Até então, acreditávamos no que chamo de “abordagem Jetsons”, ou seja, que teríamos energia farta e mobilidade infinita. Isso, obviamente, não aconteceu. A produção de veículos menos poluidores e a adoção da inspeção veicular ajudaram a melhorar, mas o número de veículos novos e principalmente o tempo que os carros ficam parados no trânsito fizeram com que a tendência positiva de redução atingisse um nível de saturação. Hoje, nos movemos na cidade de São Paulo com maior lentidão do que no tempo dos bandeirantes. Em lombo de mula, Fernão Dias Pais conseguia fazer uma média de 16 km/h. O paulistano, hoje, no seu carro, faz uma média de 8 km/h. Qual é a saída sustentável para o tráfego nas cidades? Não há como abrir mais espaço para os carros, é preciso organizar as coisas de maneira mais eficiente. Um ônibus tira mais ou menos 200 carros da rua. Investindo na qualidade do transporte coletivo, é possível fazer dele a melhor opção para a população e estimular os moradores das cidades a migrarem para esse tipo de transporte. O (Enrique) Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá [Colômbia], é quem tem a melhor frase sobre o assunto: “Cidade rica não é aquela em que o pobre vai trabalhar de carro, mas aquela em que o rico usa o transporte público para ir ao trabalho”. O insustentável abuso do carro Além de prejudicial ao ambiente e à saúde, o atual modelo de locomoção urbana baseado no automóvel é ineficiente. A melhor política é migrar para o transporte alternativo e coletivo, afirma o médico Paulo Saldiva
  • 15. o encontro foi uma grande oportunidade de criar um debate entre os setores público, privado e terceiro setor amilgerações 28 29 Caminhos para o futuro da saúde equilíbrio por Andréia Brasil shutterstock A evolução do sistema de saúde do Brasil é o grande objetivo comum entre a Amil, o governo municipal do Rio de Janeiro e a Associação Criança Saúde, que trabalha para reestruturar e promover a autossustentação de famílias com crianças em risco social. Para discutir a atual estrutura de gestão do setor e buscar ideias e soluções para as próximas décadas, as entidades se reuniram no dia 16 de junho, no Rio de Janeiro (RJ), durante o painel “O Futuro da Saúde”, no Fórum Corporativo de Sustentabilidade, organizado pelo Pacto Global. Realizado pela Amil, o evento fez parte da agenda da Rio+20, conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre desenvolvimento sustentável. A mesa, mediada pelo jornalista William Waack, contou com a presença de Paulo Cesar Souza, membro da diretoria técnica da Amil; Hans Dohman, secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Vera Cordeiro, criadora e gestora da Associação Saúde Criança, e Luiz Fernando Bouzas, diretor do Centro de Transplante de Medula Óssea do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Para Paulo Cesar, o encontro foi uma oportunidade ímpar de criar um debate entre os setores público e privado e o terceiro setor, segmentos que podem contribuir com a saúde. “Essa conversa mostra olhares diferentes sobre o sistema e busca ações conjuntas para melhorá-lo para toda a população”, afirma. O médico ressalta os diferentes desafios que o país enfrenta nessa área, como a necessidade de equilibrar os investimentos e acompanhar a inovação tecnológica, além da defasagem no acesso e atendimento. Apesar disso, ele acredita que o setor vem se tornando mais Amil se une a representantes do governo e do terceiro setor para discutir o modelo de gestão do serviço de saúde brasileiro e pensar estratégias que ajudem a transformar e melhorar o sistema eficiente ao longo dos anos.“Temos questões e deficiências para resolver, mas alguns indicativos mostram avanços, como a expectativa de vida do brasileiro, que hoje está em 73,4 anos. Isso é sinal de que a saúde como um todo está melhor.” Segundo ele, para evoluir cada vez mais, o modelo de gestão e organização do sistema deve ser revisado.“Os registros e históricos dos pacientes devem ser informatizados e integrados. Com um banco de dados eficiente e conectado em toda a rede de saúde, poderemos melhorar o atendimento, o diagnóstico e o tratamento”, afirma.
  • 16. é preciso que empresas e governo se unam a organizações sociais sérias e comprometidas equilíbrio amilgerações 30 31 Prevenção, o melhor remédio Na capital fluminense, o setor vive um momento de reestruturação, com planejamento público voltado para o médio e longo prazos, e boa parte do investimento está focada na atenção primária e nas ações de prevenção e promoção de saúde. De acordo com Hans Dohman, esses dois pontos são prioritários para elevar o nível dos serviços e ajudar a diminuir o número de internações. Isso porque, conforme explica o secretário, a população costuma procurar os hospitais para todo tipo de queixa, de casos simples, como conjuntivite e resfriado, até os mais graves, a exemplo de infarto e derrame. Para solucionar essa questão, a cidade vem ampliando a cobertura do programa Saúde da Família, que atua na prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e manutenção da saúde nas comunidades. A medida reduziu as internações por problemas cardiovasculares e os casos de mortalidade materno-infantil por doenças do coração e cerebrovasculares. “Isso mostra que estamos no caminho certo”, comemora Hans. Paulo Cesar concorda que a prevenção deve ser palavra de ordem para melhorar a qualidade de vida das pessoas e também a rede de saúde. “Ao trabalhar a promoção e a prevenção, levamos mais saúde às pessoas e o sistema, que deixa de ser sobrecarregado, pode atender melhor e mais efetivamente”, analisa. Outro fator que contribui para transformar o setor é a atenção à saúde de forma integral. A médica Vera Cordeiro recorda a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), que entende saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social. O sistema, no entanto, sempre focou apenas o lado biológico, devem trabalhar alinhados, fortalecendo a rede e visando sempre o melhor para a população”. Para Vera, o envolvimento dessas esferas é uma semente que irá render bons frutos ao sistema de saúde no futuro.“Toda a sociedade ganhará com essa parceria. Embora sejam muitos desafios, acredito que é possível mudar, transformar e conquistar um novo cenário para a realidade da saúde dos brasileiros. Só precisamos nos dar as mãos e fazer com que o sonho de mais saúde e qualidade de vida se realize”, finaliza. mas a saúde é algo muito mais complexo, que não existe se não houver direitos humanos e condições dignas de sobrevivência. Para ela, sem cuidados multidimensionais os pacientes podem acabar voltando ao hospital. “A OMS garante que um terço das mortes no mundo acontece por doenças relacionadas à miséria, por isso temas como moradia e emprego devem fazer parte do plano para melhorar a saúde como um todo”,enfatiza.Os resultados da Associação Saúde Criança,que complementa a atuação médica com apoio a famílias carentes nas áreas de saúde, educação,moradia,renda e cidadania,mostram os benefícios do atendimento completo: mais de 40 mil pessoas já receberam ajuda da instituição,que possui 12 franquias no Brasil.Esse trabalho ainda possibilitou a diminuição de 60% das reinternações entre as crianças assistidas e o aumento de 35% da renda das famílias. União que fortalece A fundadora da instituição acredita que a metodologia já provou sua eficiência na promoção da saúde e da inclusão social. “Agora, está na hora de dar escala a esse tipo de trabalho. Para isso, é preciso que empresas privadas e governo se unam a organizações sociais sérias e comprometidas. É assim, com um esforço conjunto, que vamos conseguir transformar o sistema de saúde e a sociedade”, reforça Vera Cordeiro. Na opinião de Paulo Cesar Souza, existem iniciativas que integram os três setores, mas elas se desenvolvem isoladamente. “Não há uma política que fomente essa união. O debate da Amil na Rio+20 foi importante porque dá fôlego a essa conversa”, afirma. O secretário de saúde Hans Dohman complementa: “Todos os setores shutterstock shutterstock
  • 17. inovação e tecnologia amilgerações 32 33 Um futuro de visão inovação e tecnologia CEBDS constrói agenda de sustentabilidade para 2050 e engaja grandes empresas a trabalharem juntas com um objetivo comum: transformar sustentabilidade em eficiência e negócios Por ana clara costa C onvencer uma grande empresa multinacional movida a bons resultados a transformar seu modelo de produção e consumo não é tarefa fácil. Tampouco é simples fazer com que uma empresa de agronegócio dobre sua produção agrícola sem aumentar seu consumo de água ou de terras plantáveis. Mas é justamente essa tarefa que as empresas associadas ao Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) terão para os próximos 38 anos. Juntas, deverão colocar em prática uma agenda desafiadora para transformar seus negócios em exemplo de sustentabilidade e eficiência. Os nove pilares dessa agenda constam no Visão Brasil 2050 – um estudo elaborado em parceria entre o CEBDS e o setor privado para contribuir para a sustentabilidade do país nas próximas décadas. “Nove bilhões de pessoas vivendo com qualidade dentro dos limites do planeta, sem danos à biodiversidade, ao clima e aos ecossistemas”, informa a apresentação do projeto. Não se trata de um programa de gestão ou de um modelo pré-fabricado para agradar organismos internacionais. O Visão, segundo uma de suas idealizadoras, a vice-presidente executiva do CEBDS, Mariana Meirelles, é uma forma de dar novas diretrizes de sustentabilidade para empresas e trazê-las para discutir, juntas e constantemente, maneiras de transformar teoria em ação. “O que propomos é uma mudança profunda nos sistemas de produção. E não é um trabalho que está no zero. Já temos avanços consideráveis nisso”, explica Mariana. O estudo partiu de um projeto similar que já existia no exterior – o Visions 2050, criado pelo World Business Council for Sustainable shutterstock Development (WSBCD), o órgão que o CEBDS representa no Brasil. A proposta internacional – e também a brasileira – é construir uma agenda com compromissos para guiar o desenvolvimento sustentável. “Primeiro traduzimos o documento internacional e depois percebemos que tínhamos de adaptá-lo ao Brasil. E as empresas nos ajudaram a fazer isso”, conta a idealizadora. O Visão Brasil 2050 está fundamentado em nove pilares: Valores das Pessoas, Desenvolvimento Humano, Economia, Agricultura, Biodiversidade, Energia, Edificações, Mobilidade e Resíduos. O documento foi oficialmente lançado em junho deste ano, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – a Rio+20. Segundo Mariana, o evento foi o pontapé inicial de um projeto que deverá orientar todas as ações do CEBDS no que tange a sustentabilidade. “O trabalho do Visão começa agora. Ele não é um documento para ir às prateleiras, e sim uma plataforma de engajamento de empresas”, afirma. Nesse sentido, iniciativa privada, CEBDS e governo têm trocado informações para aumentar a abrangência do Visão. O próximo passo será estimular debates e fóruns sobre o documento em torno de cada pilar temático. A Monsanto, uma das maiores multinacionais de agronegócio do mundo, investe em tecnologia e inovação para cumprir um dos pilares que a empresa acredita ser da maior importância: o da agricultura. Segundo a diretora global de Agenda Sustentável da companhia, Gabriela Burian, o desafio das empresas agrícolas será produzir, nos próximos 50 anos, a mesma quantidade de alimentos dos últimos mil anos, reduzindo, ao mesmo tempo, o uso de recursos naturais.
  • 18. inovação e tecnologia amilgerações 34 35 “A visão da Monsanto vai nessa direção: a de ajudar a produzir, até 2030, o dobro por unidade de terra com um terço a menos do uso de recursos naturais, como água, solo, energia e CO2 . Assim, esperamos ajudar a melhorar vidas”, diz Gabriela, que conta com a ajuda de parceiros, como ONGs, agricultores e o próprio CEBDS. A melhora da produtividade também é o foco da Alcoa, uma das 53 empresas que participam do CEBDS e ajudaram a criar o Visão 2050. A companhia busca mostrar uma forma de contribuição que, ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente, traz melhores resultados para a empresa – que é a maior produtora de alumínio do mundo. Segundo seu presidente para o Brasil, Franklin Feder, a iniciativa de fazer mais com menos pauta todas as atividades da empresa. “Trabalhamos com a produção de alumínio, que é uma atividade que consome muita energia elétrica. Então, qualquer melhora na eficiência energética nos ajuda a reduzir o consumo por tonelada de alumínio produzido. E por isso investimos em tecnologia, para buscar cada vez mais eficiência e reduzir nosso consumo”, afirma. O Brasil, apesar de estar muito atrás de nações como Alemanha, Inglaterra e Japão na questão da atividade sustentável, avança de maneira expressiva para melhorar sua atuação. A energia é, segundo Mariana Meirelles, o principal motor. “Somos reconhecidos pelo mundo inteiro como um país que usa energia limpa. Somos referência nisso, apesar de ainda estarmos aquém do esperado na questão do tratamento de resíduos”, explica Mariana. Segundo ela, o Brasil demorou a avançar em muitas questões ligadas à preservação ambiental devido ao problema da pobreza. “Na Europa, há exemplos de sustentabilidade bem-sucedidos em todos os setores. O problema é que o Brasil teve de lidar com a pobreza e a busca por sustentabilidade ao mesmo tempo. Já os europeus não tiveram que se preocupar com a pobreza”, afirma. Oportunidades Além de contribuírem para um mundo mais justo, as empresas envolvidas no Visão também buscam a sustentabilidade de suas operações. Isso significa investir em logística reversa, para que todos os resíduos que produzam possam ser revertidos em produtos ou ativos para elas próprias. Segundo prevê o estudo, será possível potencializar de 4 a 10 vezes a utilização de recursos e materiais renováveis em 2050. Além disso, a estimativa do CEBDS é de que, em 2020, os negócios ligados à sustentabilidade movimentem no mundo em torno de 1,5 trilhão de dólares, podendo passar para até 10 trilhões de dólares em 2050. “Diante de tantas oportunidades, temos percebido o crescimento do interesse das empresas em negócios ligados à sustentabilidade, sobretudo mobilidade urbana e tratamento de resíduos”, afirma Mariana. Perspectivas A discussão sobre questões ambientais se expandiu entre os diversos setores. As empresas passaram a entender melhor suas responsabilidades e interações com essa questão. E, a partir desse entendimento, puderam integrá- las à sua estratégia. Mas a tarefa de transformar esse aprendizado em medidas eficazes não será fácil. De acordo com o Visão, em 2050, 70% das pessoas viverão em países em desenvolvimento (como o Brasil), dois terços do Produto Interno Bruto (PIB) mundial virão desses países e 6 bilhões de pessoas vão morar em áreas urbanas – algo que exigirá avanços significativos em infraestrutura, qualidade de vida e mobilidade. Diante disso, a grande questão é: “Qual será o papel das empresas no futuro?”. Segundo Gabriela Burian, da Monsanto, a resposta é clara: “Produzir mais, conservar mais e ajudar a melhorar vidas”. O brasil avança de forma expressiva em sua atuação no desenvolvimento sustentável shutterstock shutterstock
  • 19. inovação e tecnologia amilgerações 36 37 Os 9 pilares do Visão 2050 e seus dilemas Valores das Pessoas Como inverter os valores do consumo para o coletivo, participativo e inclusivo? Desenvolvimento Humano Como atingir um padrão educacional público compatível com os desafios e ambições do país? Economia Quais são as variáveis que devemos avaliar para o progresso do país? Agricultura Como promover um comércio justo entre o setor produtivo agrícola e o consumidor para reduzir a pobreza? Biodiversidade Como promover a inovação no uso da terra, aproveitando as vocações das diferentes regiões do país? Energia Como tornar a produção industrial mais eficiente energeticamente? Edificações Como inovar o setor da construção civil com foco em materiais e produtos sustentáveis? Resíduos Como minimizar os impactos negativos do descarte de resíduos sólidos? Mobilidade Como alinhar o planejamento urbano das cidades brasileiras pensando no desenvolvimento socioeconômico e na mobilidade? amilgerações 36 37 adrianomorenobarbosa
  • 20. 38 39 por mila vanícola E m 2012, as Olimpíadas Amil Gerações migraram para o mundo digital, ganharam cinco temas principais e continuam a engajar as unidades e os hospitais da Amil espalhados pelo Brasil – mas, principalmente, continuam a mobilizar seus profissionais sobre a importância de praticar atitudes sustentáveis. Os objetivos permanecem os mesmos: difundir o programa Amil Gerações por toda a empresa e gerar e compartilhar conhecimentos que inspirem a prática da sustentabilidade. Para reconhecer ações coletivas e individuais, as Olimpíadas foram organizadas em duas categorias: Unidade A+, que premiará a unidade que tiver melhor desempenho nos desafios corporativos; e Colaborador A+, que reconhecerá os profissionais que mais participarem das ações. Para os colaboradores, a competição segue o formato de um “Jogo da Vida”, em que cada tarefa realizada vale um ponto e determina o avanço no jogo. Os desafios estão alinhados ao tema do bimestre e serão cinco ao longo de 2012 e início de 2013: Consumo & Resíduos, Transporte & Mobilidade, Saúde, Energia e Água. Tudo acontece por meio da Amil Town, a cidade virtual da Amil que reúne informações de diversas áreas da empresa. A cada desafio, os participantes acessam a área destinada às Olimpíadas e postam depoimentos ou fotos do cumprimento das tarefas. “É como se fosse uma rede social. A cada bimestre, premiamos quem mais postou ações”, explica Alexandre Bulhões, da área de Sustentabilidade da Amil. No primeiro desafio para a categoria Unidade A+, a tarefa foi promover e gerar resultados em relação à coleta seletiva. Para o Colaborador A+, foram incentivadas tarefas de consumo consciente, como a redução de embalagens descartáveis e reuso de materiais. No final do primeiro bimestre, 60 colaboradores das filiais espalhadas pelo Brasil foram premiados com uma ecobag por conta das ações que publicaram na Amil Town. Houve também o sorteio de um iPod Touch entre os campeões e o ganhador foi o colaborador Greycon Santos Luigi Batista, do Hospital Ipiranga (SP). Em março de 2013, serão divulgados os grandes campeões das duas categorias. Bruna Costa, assistente administrativa da Amil de Natal (RN), foi uma das reconhecidas ao final dos desafios do primeiro tema. “Minha casa estava em reforma, então, doamos alguns eletrodomésticos, roupas e sapatos que não utilizávamos e que ainda serviam para outras pessoas. Além disso, comecei a reciclar o óleo de cozinha. Fiquei surpresa quando ganhei. Além de adquirir mais conhecimento, recebi um certificado de agradecimento, um cupcake personalizado e uma ecobag. É realmente um incentivo para sermos cada vez mais conscientes.” “Além de adquirir mais conhecimento, É realmente um incentivo para sermos cada vez mais conscientes” Bruna Costa olimpíadas amilgerações Engajar e mobilizar Ações criativas de sustentabilidade continuam a ser realizadas pelos quatro cantos do país por meio das Olimpíadas Amil Gerações olimpíadas ShutterStock
  • 21. 40 41 meio de parcerias a Amil conseguiu revitalizar a horta e os muros da escola, além de criar um ciclo de palestras intitulado Virada Cultural Sustentável, cujos temas foram escolhidos mediante pesquisa feita entre os pais dos alunos. Na filial de Campinas, no interior de São Paulo, está sendo colocada em prática uma ação importante não só para a Amil, mas também para a cidade. A unidade decidiu restaurar um ginásio de 142 anos completamente abandonado. A ideia é valorizar o esporte e promover eventos. “O local passará a se chamar Arena Amil. Ali, faremos a gestão correta de todo o lixo que for produzido, com a instalação de lixeiras especiais e um trabalho de conscientização”, conta Luiza Gadelha, da área de Marketing. Sustentabilidade pelo Brasil No Rio de Janeiro (RJ), o Hospital Pró-Cardíaco promove em seu restaurante a campanha Desperdício Zero. O intuito é educar e conscientizar os profissionais a colocar no prato o que realmente irão comer, evitando assim que a comida vá para o lixo. Na ação, todo alimento não desperdiçado é revertido como doação para uma instituição beneficente. Iniciada em junho de 2012, a campanha conseguiu reduzir 4% do alimento que era descartado. São 366 kg de comida que deixam de ir para o lixo todos os meses. Em Curitiba (PR), a Escola Municipal Monteiro Lobato foi adotada pela filial da Amil. O objetivo é ir além dos muros da empresa e compartilhar a sustentabilidade em locais do entorno. Além de instalar lixeiras para separação do lixo, por No Rio Grande do Norte, segundo Dheuzayannes Campos, coordenadora de RH na filial, a maioria das ações vem da iniciativa dos próprios colaboradores. Neste ano, já foram realizados um passeio no barco-escola Chama-Maré, um mutirão de limpeza no Rio Potengi (o principal do estado) e a orientação aos Jovens Aprendizes. “Eles receberam incentivo para ler um livro com dicas de como praticar ações sustentáveis – A casa do telhado branco, de Gilka da Mata – e fazer uma apresentação sobre o que leram”, diz Dheuzayannes. Outra ação de destaque foi o Cineasta Verde, em que os colaboradores puderam criar um vídeo que mostrasse ações voltadas à preservação do meio ambiente. A ideia No Rio Grande do Norte, a maioria das ações vem da iniciativa dos próprios colaboradores. foi do colaborador Guilherme Revorêdo. “Sinto necessidade de fazer parte disso. Em nossa filial, há uma preocupação enorme em manter todos engajados. Então, temos espaço para colaborar. O Cineasta Verde, por exemplo, foi idealizado em parceria com Milene Herculano, do SAC, para mobilizar e ressaltar os cuidados com o meio ambiente.” Os vídeos foram mandados para a diretoria de Sustentabilidade, que escolheu o mais criativo. Em São Paulo (SP), uma das ações de destaque foi a criação de um bicicletário pelos profissionais da unidade do Amil Resgate Saúde em Alphaville (veja matéria nesta edição). A iniciativa foi inscrita no segundo tema das Olimpíadas, Transporte & Mobilidade, na categoria Unidade A+. olimpíadas amilgerações AçõES COM COLABORADORES, EM PASSEIO NO BARCO-ESCOLA, E COM JOVENS APRENDIZES, POR MEIO DA LEITURA, SãO INICIATIVAS DO RIO GRANDE DO NORTE; CAMPANHA QUE ACONTECE NO RIO DE JANEIRO CONSCIENTIZA SOBRE DESPERDíCIO OS DESAFIOS DAS OLIMPíADAS ACONTECEM por meio da Amil Town, a cidade virtual da Amil que reúne informações de diversas áreas da empresa. é Só CLICAR NO íCONE "AMIL GERAçõES" E O COLABORADOR ACESSA TODAS AS ETAPAS DA COMPETIçãO SUSTENTáVEL DA AMIL reproduçãositeamil divulgaçãodivulgação divulgação
  • 22. tratamento de resíduos amilgerações 42 43 A revolução dos resíduos tratamento de resíduos Amil implanta programa audacioso de gestão de resíduos e busca tecnologia para se tornar referência nacional no tratamento de lixo hospitalar Por ana clara costa O tratamento de resíduos ocupa atualmente um espaço importante na agenda brasileira para a preservação do meio ambiente, e tem se tornado uma atividade essencial para muitas empresas. Ao lidar com resíduos hospitalares, a Amil possui responsabilidade social e ambiental ainda maiores – pois, em muitos casos, tratam-se dos rejeitos de substâncias que representam um risco elevado para a população. o tratamento de resíduos ocupa um espaço importante na agenda brasileira para a preservação do meio ambiente shutterstock
  • 23. tratamento de resíduos amilgerações 44 45 Para certificar-se de que tais resíduos tenham um destino correto e seguro, a Amil ampliou seu Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde Simplificado (PGRSSS) para além das exigências legais. O programa consiste em um conjunto de ações de gestão e treinamento de funcionários que tem como objetivo trazer mais eficiência e sustentabilidade não só para a companhia, como também para seus colaboradores, usuários e para a sociedade como um todo. Com o objetivo de levar adiante o plano, a Amil designou a engenheira sanitarista e ambiental Graciela Canton, especializada em gestão ambiental. Desde fevereiro de 2012, ela vem elaborando um panorama detalhado do Graciela Canton, coordenadora do Núcleo Ambiental da Diretoria de Sustentabilidade: foco na gestão de resíduos. conheça os tipos de lixo hospitalar Resíduo especial: material radioativo, farmacêutico e químico. Resíduo comum: materiais provenientes das áreas administrativas, resíduos alimentares, sucatas e embalagens reaproveitáveis. Resíduo infectante: trata-se do resíduo formado em sua maioria por seringas, agulhas, luvas, fraldas, sondas, cateteres e demais materiais descartáveis. São perigosos para a saúde, pois podem estar contaminados por micro-organismos causadores de doenças. ISMARINGBER ilustraçõesshutterstock funcionamento da coleta seletiva e de como fazer para transformar a Amil em referência nacional em tratamento de resíduos. “Apesar de a empresa não atuar diretamente na eliminação desses resíduos, ela é corresponsável por tudo que acontece desde que o lixo sai do hospital até seu tratamento e disposição final em local apropriado”, explica. Para minimizar riscos de uma empresa terceirizada não dar um fim correto ao material, o programa examina profundamente a atuação de todos os agentes envolvidos na cadeia de reciclagem, coleta, tratamento e destino final. “A ideia é criar uma logística que reduza ao máximo o contato com esses resíduos, ou seja, que elimine etapas entre a geração e o destino final”, aponta Graciela.
  • 24. tratamento de resíduos amilgerações 46 47 o descarte ideal A atividade, contudo, é desafiadora. Segundo a engenheira, colocar em prática um plano de gestão como esse em um país onde a preocupação com o tratamento de resíduos ainda é recente exige um esforço importante por parte de todos os envolvidos. Por essa razão, a Amil realizou jornadas de ensino sobre o tema para seus colaboradores – as chamadas Learning Journeys. “O objetivo é conhecer melhor os processos existentes, tanto internos como externos, e promover a troca de experiências entre as unidades”, conta Graciela. Para colocar em prática o que foi aprendido, a Amil organizou o 1o Fórum de Meio Ambiente – Tema: Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde. O evento foi realizado dia 26 de setembro de 2012, com o objetivo de desenvolver um plano de ações para o aperfeiçoamento contínuo da gestão dos resíduos e oferecer mais treinamento para os colaboradores. “Capacitar os enfermeiros e técnicos de enfermagem é o mais importante, pois são eles os responsáveis diretos pelo descarte de resíduo”, afirma Graciela. Esse manuseio se dá quando os técnicos se desfazem dos materiais utilizados em procedimentos hospitalares. Desde que a Amil implantou o Programa Amil Gerações, em outubro de 2010, a empresa já recicla parte importante dos resíduos não infectantes, como lâmpadas, papéis e papelão de embalagem. Os eletrônicos são doados ou enviados para fábricas que fazem seu reaproveitamento. Contudo, o objetivo é fazer com que todos os materiais com possibilidade de reciclagem (como plásticos, vidros e resíduos orgânicos) sejam separados corretamente. Já o lixo hospitalar infectante – composto por seringas, agulhas, luvas, fraldas, sondas e demais materiais descartáveis – não pode ser reaproveitado e deve ser levado para incineração (pouco utilizada no Brasil devido ao alto índice de emissão de gases tóxicos) ou esterilização por autoclave. Esse procedimento, altamente oneroso para hospitais, consiste na exposição do resíduo ao vapor saturado sob pressão, a uma temperatura média de 150 °C, durante 30 minutos. A ação combinada de todos esses processos faz com que os micro-organismos presentes no lixo sejam completamente destruídos. Contudo, muitos hospitais Brasil afora acabam não efetuando a coleta seletiva. Simplesmente consideram todo o lixo hospitalar como sendo infectante e enviam tudo para o processo de tratamento e disposição final. colocar em prática um plano de gestão em um país onde essa preocupação ainda é recente exige um esforço de todos os envolvidos lídiaarrais
  • 25. tratamento de resíduos amilgerações 48 49 O Brasil produz atualmente 230 mil toneladas de lixo hospitalar por ano ISMARINGBER Dessa forma, materiais que poderiam ser reaproveitados acabam sendo inutilizados. “Muitos hospitais pensam que é melhor prevenir do que remediar, e acabam tratando tudo como resíduo biológico. Mas não deveria ser assim. Se você aumenta o volume de forma desnecessária, o perigo de transporte dessa carga aumenta”, explica Carla Assad, coordenadora de Limpeza Predial e Coleta Hospitalar da Comlurb, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana da prefeitura do Rio de Janeiro. Estima-se que apenas 10% dos resíduos produzidos em hospitais possuam micro- organismos capazes de transmitir doenças. O Brasil produz atualmente 230 mil toneladas de lixo hospitalar por ano. Cerca de 60% desse total é depositado em locais destinados ao lixo comum, sem qualquer tipo de cuidado ou tratamento, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe). Da parcela que é coletada por municípios, apenas 14,5% são destinados à esterilização por autoclave, ainda segundo a associação. Tal situação deixa o país em posição desfavorável em relação à sustentabilidade, ainda que em outros temas, como energia limpa, o Brasil apresente avanços consistentes. Entre os principais motivos para esse cenário, estão a escassez de empresas qualificadas e especializadas no descarte de materiais hospitalares e o alto custo desse tipo de atividade. Estima-se que o valor pago por um hospital para descartar corretamente seu lixo infectante seja três vezes maior do que o valor gasto com resíduos comuns. Por essa razão, uma das frentes de trabalho de responsabilidade ambiental da Amil é a busca de novas tecnologias, no Brasil e no Hoje, 100% dos resíduos infectantes produzidos pelas unidades assistenciais da Amilpar é tratado corretamente exterior, que ajudem a melhorar a eficiência da empresa no tratamento de seus resíduos. “Nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, a empresa que retira a seringa infectada de um hospital é a mesma que faz o seu tratamento. Isso reduz o contato e a possibilidade de contaminação por microrganismos que possam estar nos materiais”, explica Graciela. No Brasil, esse processo envolve, pelo menos, cinco agentes diferentes. Hoje, 100% dos resíduos infectantes produzidos pelas unidades assistenciais da Amilpar é tratado corretamente. A expectativa do programa de gestão de resíduos é estabelecer metas de melhorias de processos e inovações em tecnologia. Segundo Graciela, o cenário perfeito seria se cada hospital pudesse realizar a transformação (ou destruição) de seus resíduos – e, a partir desse processo, obter energia limpa e renovável.
  • 26. 50 51 por Mila Vanícola N no mercado de trabalho, é comum ver iniciativas corporativas com o intuito de promover, entre os colaboradores, ações alinhadas à superação de desafios e à obtenção de resultados positivos para a empresa. Mas a Amil decidiu ir além, e inova ao estimular entre seus profissionais técnicas de autoconhecimento para diminuir o estresse, melhorar a qualidade de vida e as relações entre as pessoas. Uma das ferramentas escolhidas foi o eneagrama (vide quadro), um sistema que descreve nove padrões de comportamento e tem como objetivo desenvolver pessoas. “Eu conheci o eneagrama em 1992 e, a partir daí, não parei mais de estudar sobre o assunto. É uma técnica usada para desenvolver lideranças, melhorar o relacionamento interpessoal e a comunicação”, diz Odete Freitas, diretora de Sustentabilidade da Amil. A meditação, técnica milenar que surgiu na Índia e coloca a pessoa em contato com sua essência, foi outra aposta. “Hoje, a meditação é reconhecida pela medicina ocidental como uma poderosa arma terapêutica. Um recurso disponível para todos, que pode ser praticado por qualquer um para diminuir o estresse e a tensão, estimular a alegria e aumentar a criatividade”, comenta Odete. A partir do conceito de que é preciso cuidar da natureza humana de seus colaboradores, a Amil convidou o padre Domingos Cunha para ministrar cursos sobre as duas ferramentas. O trabalho insere-se no processo já iniciado na empresa, de que a sustentabilidade começa nos cuidados com o ser humano. relações humanas amilgerações Autoconhecimento e equilíbrio De forma inovadora, a Amil estimula seus colaboradores a conhecer mais sobre si mesmos para melhorar a qualidade de vida e as relações interpessoais relações humanas ShutterStock
  • 27. 52 53 Mergulho no autoconhecimento Com formação em Filosofia e Teologia, Padre Domingos viu no eneagrama uma maneira de se conhecer e ajudar outras pessoas. “Trabalho com jovens, e eles sentiam de forma profunda as inquietações que surgem quando se busca entender os dramas internos. Para mim, encontrar o eneagrama foi uma chave de leitura muito clara e profunda.” Na Amil, Padre Domingos teve facilidade para apresentar o tema. “Foi interessante, O eneagrama O nome enneagram deriva de duas palavras gregas: ennea que significa nove, e gram que quer dizer desenho ou figura. Faz referência a um desenho de nove pontos inscritos em um círculo. O significado do símbolo, aliado aos tipos de personalidades organizados ao redor dos nove pontos, transmite um sistema de conhecimento sobre nove diferentes, mas inter-relacionadas, personalidades ou modos de ver e encarar o mundo. Para Urânio Paes, que estuda e ministra cursos de eneagrama há 16 anos, a ferramenta é um mapa de desenvolvimento da consciência. Tipo 1 internaliza a raiva e se ressente. É perfeccionista e obedece a padrões e normas. Quer que todos sigam regras para que o mundo funcione com perfeição. Tipo 2 usa a energia emocional querendo sentir o que os outros necessitam. Reprime as próprias necessidades e carências. Faz tudo pelo outro, mas não sabe receber, não pede ajuda. Tipo 3 sente tudo o tempo inteiro, muda conforme o ambiente, mas na hora de entrar em contato com as próprias emoções, se bloqueia. Sempre precisa ser o melhor e reconhecido pelo que faz. Tipo 4 sempre sente que lhe falta algo. Possui uma tendência de não se contentar com as coisas. Fica preso nas emoções. Tipo 5 se refugia na mente para perder o contato com o corpo e com o coração. Tem dificuldade de manter a conexão emocional ou mais instintiva. Busca privacidade e se isola com frequência. Tipo 6 seu tema central é o medo. Está o tempo inteiro pensando em algo de ruim que pode acontecer e desenvolve técnicas e estratégias para se preparar. Atitude que traz muita ansiedade, preocupação, tensão e falta de confiança nele e nos outros. Tipo 7 tenta ver o lado positivo o tempo todo, buscando sempre se divertir. Só que faz isso racionalizando os problemas, as dificuldades e não entrando em contato com dores, sofrimento e limitações. Tipo 8 externaliza a raiva. Sente uma injustiça, algo que está errado, não se contenta, fala, ataca, explode. É excessivo e, às vezes, impulsivo. Tipo 9 tem uma tendência de sublimar a raiva. Para ele o importante é manter a harmonia. Foge dos conflitos e está o tempo inteiro buscando manter uma paz e se esquece de si mesmo. O eneagrama é um trabalho que serve para o resto da vida e influencia na família e nos relacionamentos “É um sistema que descreve processos e mostra padrões de como limitamos a nossa consciência e como podemos voltar a desenvolvê-la.” Urânio explica que, embora existam vários testes, nenhum é preciso, por isso é importante o contato com um estudioso do assunto. Também é importante observar que todos possuem traços dos nove tipos, mas cada pessoa tem o seu. “Embora eu tenha as nove emoções, apenas uma se torna uma paixão no sentido de tomar conta, de me dominar. No caminho de crescimento, eu saio da fixação do meu ponto e começo a me mesclar mais com os outros tipos.” porque a doutora Odete percebeu o potencial que o eneagrama tem dentro da organização, principalmente em uma empresa que trabalha com saúde e que precisa ser saudável. Se não cuidar dos profissionais, como é que eles vão cuidar de outras pessoas?”, comenta. Durante a apresentação da ferramenta, são dados elementos sobre os nove tipos de personalidade apontados pelo eneagrama, para que cada pessoa faça sua descoberta e identifique seu tipo. “Quando a pessoa se identifica, passa a entender reações, comportamentos, pontos fracos e fortes, o que ajuda e o que atrapalha nos relacionamentos e na vida profissional”, diz Domingos. Na Amil, a experiência foi voltada ao ambiente profissional, mas pode ser levada por cada colaborador a qualquer lugar. “O eneagrama é um trabalho muito pessoal, que serve para o resto da vida. Isso vai ter influência na família e nos relacionamentos. O foco não é o profissional, é a transformação do ser humano”, explica. 9 personalidades Os nove tipos podem ser divididos em três grupos de inteligência dominante: a emoção (tipos 2, 3 e 4), o intelecto (tipos 5, 6 e 7) e o instinto (tipos 8, 9 e 1). Veja a seguir uma breve descrição de cada um: relações humanas amilgerações 9 1 2 3 45 6 7 8
  • 28. 54 55 Alessandra Correa, que está há 16 anos na Amil e hoje é gerente na área de Marketing, participou do curso e sente os benefícios no dia a dia. “Primeiro, a gente se entende, compreende deficiências e virtudes. Depois, consegue enxergar isso no outro, em quem trabalha com a gente. É uma ferramenta muito interessante para melhorar os relacionamentos.” Foco em si mesmo Foi após um curso de eneagrama, há 12 anos, que Padre Domingos recebeu a dica para conhecer a meditação. Durante o curso, ele apresenta fundamentos da técnica, benefícios e dá dicas sobre postura e respiração. “A gente aprende a meditar meditando. No dia a dia, isso tem um efeito profundo, sobretudo na maneira de lidar com o estresse.” Os benefícios da meditação, segundo Domingos, têm sido comprovados por pesquisas científicas. Em termos físicos, por exemplo, diminui os batimentos cardíacos, a pressão, o estresse, cardiopatias e corrige a postura. Do lado emocional, permite um equilíbrio mais permanente, libera fluxos e emoções reprimidas e cria maior capacidade de sintonia com os outros. No aspecto mental, diminui a frequência cerebral, o que estimula a criatividade, o pensamento mais profundo, melhora a memória e a inteligência. Mas há quem tenha receio de meditar. “Acredito que a grande dificuldade está relacionada com o problema do autoconhecimento e com o tempo. As pessoas acham que não possuem dez ou 20 minutos para fazer isso.” As distrações também tendem a afastar. “Cria-se o mito de que meditar é ficar sem pensar em nada, o que não é verdade. O objetivo é ir reduces sympathetic activation and improves the quality of life in elderly patients with optimally treated heart failure: a prospective randomizes study”) e hoje ministra um curso de meditação para o alívio de sintomas. Segundo ele, o objetivo não é substituir tratamentos médicos, mas sim complementar, agregar e potencializar seus efeitos. “O conjunto de fundamentos da meditação proporciona benefícios para o alívio rápido de vários sintomas, agudos ou crônicos, físicos ou emocionais, além de ser útil para a manutenção da saúde e a prevenção de várias doenças. Na segunda aula do curso, já ensino como praticar a meditação voltada para aliviar sintomas.” pensando menos, acolher os pensamentos e as emoções que vêm e lidar com isso.” No mundo corporativo de hoje, em que o nível de competitividade é grande, Domingos aponta como é importante a empresa proporcionar essas experiências aos seus profissionais. “Tem um pensamento da Grécia Antiga que diz que quem pensa em curto prazo cultiva cereais, quem pensa em médio prazo planta árvores e quem pensa em longo prazo investe em pessoas. É interessante ver profissionais das várias áreas da Amil que perceberam como isso pode fazer a diferença na vida deles e na instituição.” Mais equilíbrio, mais saúde Abrão Cury, cardiologista e clínico geral do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo (SP), afirma que o estresse deve ser visto como um fator para ocorrência de doenças coronarianas, gastrointestinais e hipertensão. “Há o estresse normal, necessário para o desempenho adequado em uma prova, por exemplo. Mas, quando se torna excessivo, atinge níveis patológicos e contribui para a incidência de doenças. Uma das principais consequências é a má qualidade do sono, que faz com que a pessoa não reponha as energias.” Há 32 anos, José Antonio Curiati, médico do serviço de geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e geriatra do núcleo avançado de geriatria do Hospital Sírio-Libanês, começou a praticar meditação e buscou entender, como médico, os ganhos trazidos pela prática. Com o que aprendeu, publicou um estudo sobre os benefícios da meditação em idosos com insuficiência cardíaca (“Meditation a meditação traz benefícios para o alívio rápido de vários sintomas, agudos ou crônicos, físicos ou emocionais relações humanas amilgerações ShutterStock
  • 29. green kitchen amilgerações 56 57 green kitchen por ronaldo mendes SHUTTERSTOCK felipegombossy felipegombossy U ma cozinha onde é proibido usar temperos artificiais, sopas e sucos são feitos apenas com água filtrada, os uniformes dos funcionários são 100% em algodão e o sistema de exaustão é sustentável. E tem mais: nada de frituras no cardápio, e o uso de óleo não é permitido em nenhuma receita. Assim é o Green Kitchen, projeto que certifica as cozinhas dos restaurantes que mudam seus hábitos baseadas em uma alimentação saudável, na ambientação natural e em ideias sustentáveis. Os colaboradores do Hospital e Maternidade Metropolitano, na Lapa, em São Paulo (SP), estão aprendendo na prática os benefícios de uma cozinha verde. Desde fevereiro, o restaurante da casa recebeu o selo verde – destacado logo na porta do local – e oferece somente refeições saudáveis a médicos, colaboradores e também às mães da UTI infantil. Para garantir a certificação, o ambiente passou por algumas mudanças. A primeira delas foi a inclusão, na parte externa do restaurante, de uma horta com ervas variadas, todas usadas no cardápio. Em cada uma há uma placa com nome, valor nutricional e indicação culinária. “Na verdade, o processo depende mais da gente”, conta a nutricionista Carla Mariano, coordenadora da Cozinha Verde. “O pessoal do Green Kitchen vem aqui, faz uma pré- auditoria e mostra como fazer para conseguir a pontuação mínima para a certificação”, explica. O restaurante, aberto diariamente para almoço e jantar, serve cerca de 20 mil refeições por mês. O cardápio é feito mensalmente, mas com preparação diversificada todos os dias. Há sempre opções de saladas, proteína, guarnições, sobremesas e frutas. No lugar de óleo, o restaurante incentiva o uso de azeite. Uma vez por mês, é oferecida uma receita totalmente sustentável. Os colaboradores já experimentaram, por exemplo, um bolo de banana em que até a casca da fruta é Restaurante, sim. Refeitório, não Colaboradores do Hospital e Maternidade Metropolitano fazem suas refeições diárias em um ambiente que oferece pratos saudáveis com temperos que vêm da horta local Carla Mariano, coordenadora da Cozinha Verde O restaurante serve cerca de 20 mil refeições por mês
  • 30. green kitchen amilgerações 58 59 O projeto Green Kitchen certifica cozinhas que mudam seus hábitos baseadas em uma alimentação saudável, ambientação natural e ideias sustentáveis aproveitada. “Com isso, reduzimos o lixo da cozinha e ainda agregamos maior valor nutricional ao prato”, explica a nutricionista. O local não é chamado de refeitório porque o projeto foi idealizado para que os colaboradores se sintam num ambiente diferente, como se estivessem em um restaurante. No final do ano, a empresa passará por nova auditoria, e a casa espera aumentar sua pontuação. Ações como incentivar o colaborador a ter um consumo consciente e a redução de óleo nas refeições em casa estão na pauta. Mudança de hábito De acordo com Carla, a recepção dos colaboradores tem sido ótima. “Alguns até começaram a pedir receitas e a nos contar que mudaram o hábito em casa graças ao nosso restaurante. Eles agora entendem melhor nosso processo produtivo, que não leva óleo em nada”, comemora. A nutricionista conta que, desde o início, o objetivo era funcionar como um multiplicador dos conceitos de saúde e sustentabilidade. O serviço de nutrição é terceirizado, mas é Carla quem coordena a cozinha, que descobriu o projeto e o apresentou à administração do hospital. Dentro do Green Kitchen, a nutricionista já incorporou o Programa de Qualidade de Vida. Trata-se de um projeto em que o restaurante cuida dos colaboradores com algum tipo de patologia. Quem é diabético ou hipertenso, por exemplo, tem um cardápio diferenciado e atendimento personalizado. “Fico muito feliz que tenhamos superado a expectativa. Hoje eu consigo mexer com essas pessoas do ponto de vista da alimentação, que é o grande legado de uma nutricionista. Se a gente vier aqui apenas para fazer o cardápio, não vale a pena. O legal é justamente modificar o hábito alimentar delas”, afirma Carla. o objetivo do projeto É funcionar como um multiplicador dos conceitos de saúde e sustentabilidade felipegombossy
  • 31. O objetivo é fazer com que os colaboradores aproveitem melhor a hora de almoço ou jantar felipegombossy amilgerações 60 61 Sustentabilidade em duas rodas bicicletário por ronaldo mendes B em-estar, melhoria do condicionamento físico e queima de calorias estão entre os vários benefícios de uma simples pedalada. Preocupada com a saúde de seus colaboradores, o Amil Resgate Saúde implantou no início de agosto, na unidade de Alphaville, um bicicletário que inicialmente conta com quatro bikes. As bicicletas ecológicas são desenvolvidas com material reciclável e disponibilizadas juntamente com um kit de proteção contendo capacete, buzina, sinaleira, lanternas traseira e dianteira, retrovisores e adesivos que brilham no escuro. O bicicletário – que fica próximo à entrada de emergência e não atrapalha em caso de rota de fuga ou na entrada dos pacientes – está instalado e sinalizado em local totalmente coberto e próximo à Coordenação de Resgate, responsável pelo controle das bikes. A ideia do bicicletário surgiu após os resultados divulgados no início do ano pelo Programa Amil de Qualidade de Vida (PAQV), que mostrou um número alto de colaboradores obesos e sedentários. Em reunião durante o Plano de Ação, funcionários que utilizam a ciclovia de Alphaville sugeriram a criação de um estacionamento de bicicletas. O projeto inclusive foi inscrito na unidade A+ das Olimpíadas de Sustentabilidade do Grupo Amil. “O objetivo é fazer com que os colaboradores aproveitem melhor a hora de almoço ou jantar. Como é um plantão de 12 horas, quem tiver interesse de pedalar à noite também pode pegar as bicicletas, pois estão à disposição”, avisa Roberta Rodrigues Xavier Ferreira, analista de Recursos Humanos. “Além da atividade física, queremos proporcionar uma opção de meio de transporte.” A ideia do bicicletário surgiu após a divulgação dos resultados do Programa Amil de Qualidade de Vida felipegombossy Para combater o sedentarismo e ainda oferecer mobilidade aos colaboradores, o Amil Resgate Saúde Alphaville inaugura bicicletário com bikes produzidas com material reciclável
  • 32. ações como essas devem estimular as boas práticas não apenas na empresa, mas também fora dela A aquisição das bicicletas ecológicas acompanha a proposta do desenvolvimento de ações sustentáveis felipegombossy felipegombossy Para pegar a bicicleta, basta fazer um cadastro na coordenação bicicletário amilgerações 62 63 delas ocorreu justamente na inauguração do local. A ideia é que essas pedaladas aconteçam pelo menos uma vez por mês, já que o local dispõe de espaço para mais bicicletas. Para pegar a bicicleta, basta fazer um cadastro na coordenação e, dependendo da disponibilidade, sair pedalando na mesma hora. No hotsite da unidade está disponível a legislação com as normas do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). “Queremos que os nossos ciclistas saibam qual é a sua parcela de responsabilidade com relação ao trânsito. Não é somente dizer ‘vai, pedala’, tem que educar também”, ressalta Francisco. No documento há informações sobre preparo físico e dicas para pessoas com diferentes graus de experiência dessa prática esportiva. Ações sustentáveis A aquisição das bicicletas ecológicas acompanha a proposta do desenvolvimento de ações sustentáveis.Ainda para o segundo semestre, os colaboradores contarão com um programa de educação alimentar chamado Peso Certo,que visa promover uma alimentação saudável e saúde física adequada. Francisco de Andrade Souto, gerente médico do Amil Resgate, espera que ações como essas estimulem as boas práticas não apenas na empresa, mas também fora dela.“Fiquei muito feliz com essa iniciativa, pois nós sempre incentivamos projetos para acabar com o sedentarismo. Agora, é difundir essa cultura com a organização de pedaladas na comunidade”, conta. A primeira
  • 33. 64 65amilgerações por maíra termero pingue-pongue Jornalista Ana Paula Padrão promove sequência de fóruns com histórias de mulheres que fazem diferença em suas comunidades Mulheres que inspiram mudanças “Quero compartilhar o que tenho, minha experiência, minha história, minha voz, fazendo o que sei: contar histórias” N o dia 2 de julho, em um auditório na cidade de São Paulo (SP), um público de cerca de 500 pessoas se emocionou com histórias reais de mulheres comuns que se tornaram agentes de mudanças positivas em seus países. O 1o Fórum Mulheres Reais que Inspiram foi promovido pela jornalista Ana Paula Padrão, com patrocínio da Amil, e é parte do trabalho realizado por ela no projeto Tempo de Mulher. As histórias de vida que emocionaram o público foram trazidas por três nomes internacionais: Fawzia Koofi, candidata à presidência do Afeganistão; Maman Marie Nzoli, fundadora da ONG Coperma, que ajuda vítimas da guerra do Congo desde 1983; e Mina Ahadi, ativista que, por meio das redes sociais, mobiliza o mundo contra o apedrejamento de mulheres no Irã. Com 26 anos de carreira, Ana Paula Padrão já foi correspondente internacional, o que lhe permitiu realizar uma série de reportagens no Afeganistão durante o regime Talibã, registrando as mudanças históricas e a condição feminina na região. Hoje, além de âncora do Jornal da Record, Ana Paula dedica-se ao Tempo de Mulher, uma iniciativa que inclui eventos, pesquisas sobre comportamento e tendências do consumo feminino. A seguir, a jornalista conta como se envolveu com esse tema e fala sobre o novo papel da mulher na sociedade. Como surgiu a ideia do Fórum? O evento é a plataforma presencial do site Tempo de Mulher. Primeiro, montamos o portal para estabelecer um canal de comunicação direto com essas mulheres e, em seguida, veio a plataforma de pesquisa. Dessa forma, conseguimos ajudar empresas que precisam se comunicar melhor com a mulher, seja porque têm um contingente de mão de obra feminina muito grande, seja porque têm como público final a consumidora. Com o andamento desse trabalho, sentimos necessidade de ter uma plataforma presencial, para inspirar a mulher brasileira com exemplos de grandes expoentes nacionais e internacionais. Quem é essa mulher brasileira? Todo o projeto Tempo de Mulher é originário de três anos de pesquisa sobre quem é, o que quer, como pensa, como se comporta e quais são as tendências de consumo da mulher brasileira. Concluímos que, além do que existe nos portais femininos hoje – moda, beleza, celebridades –, esse público sentia falta de assuntos que ainda não domina muito bem, como saúde, por exemplo. Grande parte das mulheres no país teve uma educação formal deficitária e precisa de um repertório mais completo para as novas tarefas que está executando. É aí que nós entramos: com informações focadas nesse universo e uma linguagem que torna tudo mais simples e acessível para esse público. Quais foram os objetivos do evento? O fórum não teve nenhuma outra pretensão a não ser inspirar e mostrar as mudanças que estão acontecendo no Brasil e no mundo. Trouxemos Maman Marie Nzoli, uma líder comunitária e figura importantíssima no Congo por sua forte atuação na área da vulnerabilidade a estupros. A iraniana Mina Ahadi falou sobre o trabalho fantástico que faz pelas redes sociais para disseminar a luta do movimento contra o apedrejamento de mulheres no Irã, o Stop felipegombossy
  • 34. pingue-pongue 66 67amilgerações o projeto Tempo de Mulher é originário de três anos de pesquisa sobre quem é, o que quer, como pensa, como se comporta e quais são as tendências de consumo da mulher brasileira felipegombossy Stoning Now. Trouxemos também Fawzia Koofi, uma parlamentar do Afeganistão que já se lançou como candidata à presidência da República do país para 2014. É incrível a coragem dessas mulheres e é inspirador poder compartilhar essas experiências. Como foi a seleção dessas histórias? Durante toda minha vida estudei histórias de mulheres. Parte da minha carreira como jornalista teve como foco essas histórias. Claro que já cobri política, economia, e gosto desses assuntos. Mas sempre procurei me focar para o papel da mulher. Gosto da cabeça feminina. Acho que, mais do que o homem, temos traços comuns em diferentes partes do planeta. É aquela característica de ser a responsável, manter os laços afetivos, ceder em prol do outro, ajeitar as coisas, trabalhar alucinadamente, seja na manutenção e organização da casa, seja com o filho nas costas, na lavoura, em países mais pobres. E de nunca perder isso, independentemente da dificuldade que enfrentamos. as mulheres são mais preocupadas com o crescimento sustentável? Definitivamente, são. Sustentabilidade é um conceito concreto para a classe média. A filha ou filho dessa mulher de classe média chega falando da saúde do planeta, de reciclagem. E a mãe precisa atender a essa expectativa. Ao mesmo tempo, em quase todo bairro de classe média existe uma cooperativa de reciclagem ou uma iniciativa para reaproveitar o lixo. Embora ela não saiba direito o que é esse conceito de sustentabilidade, sabe que manter a boca de lobo da rua limpa e separar lixo é importante. Então, ela está aprendendo de maneira concreta que isso é bom para o planeta, para a educação dos filhos e para a família. O que acontece quando essa mulher que muda o mundo volta para casa? Em termos de saúde, muda muito, porque ela está começando a apresentar sintomas de doenças que eram mais masculinas do que femininas, pois está submetida a um estresse alto, trabalhando muitas horas por dia, com muitas responsabilidades, comendo pior, fumando mais, bebendo mais. A casa inteira está se alimentando um pouco pior. Embora ela se preocupe muito com a alimentação, existem poucos produtos simples, práticos e de boa qualidade para a saúde. Por outro lado, no plano doméstico, ela ganhou um poder que não tinha antes. Hoje, dentro da nova classe média, a mulher é responsável por 42% da renda familiar. Se ela contribui com mais dinheiro, tem mais poder de decisão dentro de casa. Mas, mesmo que ela ganhe mais, tenha mais poder, não precisa ficar falando isso o tempo inteiro. Ela não desmoraliza o marido. Essa nova classe média é mais conservadora. Gosta do núcleo e da harmonia familiar. Ao mesmo tempo, o divórcio para ela já é uma coisa desmistificada. Ela é muito pragmática. É uma cabeça diferente do passado e a relação familiar mudou muito por causa disso. Quem faz diferença, hoje, no Brasil? Acho que várias mulheres abriram as portas para o que está acontecendo hoje. Todas as mulheres dos anos 1980, que tem entre 40 e 50 e poucos anos, foram muito importantes. Porque no Brasil, ao contrário da Europa e dos Estados Unidos, a mulher entrou maciçamente no mercado de trabalho nos anos 1980. Mas acho que, na nossa busca incansável pelo equilíbrio, temos de olhar para os pequenos exemplos à nossa volta. A igualdade de gêneros está acontecendo mais na classe média do que na AB. Uma das minhas pesquisas mostra isso. Quando você pergunta “o trabalho é a prioridade na sua vida?”, 71% das mulheres respondem “não”. O trabalho é um meio para elas, e não um fim. Trabalham para ter conforto, para viajar, para ter uma casa melhor, para dar uma educação melhor para os filhos, para viver. E não para mostrar para o mundo que é capaz, porque isso já passou, ficou para trás. Que lições você tirou dessas histórias? Todo dia muda alguma coisa. Eu tinha muita necessidade de compartilhar coisas que eu aprendi na minha vida e sempre quis fazer isso com mulheres. Mas eu não tinha noção do quanto isso poderia ser relevante. Quero compartilhar o que tenho, minha experiência, minha história, minha voz, fazendo o que eu sei fazer, que é contar histórias. Quero usar minha voz com o propósito de contar o maior número possível de boas histórias, inspirando outras mulheres a fazerem suas próprias mudanças.
  • 35. opinião Crise ambiental? N a década de 1990, participei da minha primeira experiência em um Eye Camp junto com a Prasad Foundation, na Índia. Os Eye Camps eram organizados naquela época para realizar cirurgias de cataratas. Era alarmante o número de pessoas que estavam perdendo a visão por essa doença, cuja cura depende de uma simples intervenção. As intervenções aconteciam no meio de zonas rurais e muito pobres da Índia. Centenas de médicos, enfermeiros e jovens profissionais se reuniam dia após dia para organizar e realizar milhares de atendimentos e procedimentos cirúrgicos. No início do dia, era impossível prever que todos nós, cada um com a sua tarefa, conseguiria dar conta de atender com qualidade tantas pessoas – e, especialmente, com amor e atenção. Pouquíssimos estrangeiros ali presentes conseguiam se comunicar no dialeto local. A língua oficial era a compaixão, alegria, gratidão! Eu era apenas uma adolescente, filha da elite brasileira, nascida em Ipanema e moradora de um luxuoso condomínio na Barra da Tijuca. No Tansa Valley, eu aprendi a expandir as fronteiras do coração e me tornei cidadã do mundo. Todas aquelas pessoas passaram a fazer parte da minha família. Convivendo com essa realidade por muitos anos, ficou impossível não questionar o modelo de desenvolvimento econômico mundial que sentenciou a pobreza para milhões de nós. Há sete anos, trabalho com grandes empresas no desenvolvimento de programas de Sustentabilidade Empresarial. Nos últimos dois anos, apoio a Diretoria de Sustentabilidade da Amil na construção de sua visão de sustentabilidade e do seu compromisso com essa agenda fundamental para o futuro da saúde. Não há homem saudável em um planeta doente, esse é o posicionamento de comunicação da Amil para as suas diretrizes e estratégia de sustentabilidade. E isso eu pude ver desde cedo na Índia, na África, nos Estados Unidos e no Brasil. Um sistema doente não pode gerar saúde. Precisamos nos questionar diariamente sobre o impacto das escolhas que fazemos. Cada um de nós, mesmo inconscientemente, está contribuindo para a construção de um planeta doente. Hoje, ainda sinto falta de estar em campo, ainda dá uma saudade enorme. A distância muitas vezes me faz esquecer que estar em São Paulo e prestar consultoria para grandes empresas é uma forma de engajamento capaz de promover melhorias significativas para a sociedade. As decisões de negócio são fundamentais para promover o desenvolvimento de um planeta de maneira socioeconômica e ambiental, em grande escala. A crise que estamos vivenciando como sociedade está longe de ser uma crise ambiental. E o sentimento de estar ligado ao próximo pode ser um novo ponto de partida. por denise chaer denise chaer é consultora de sustentabilidade shutterstock
  • 36. boas ideias Um importante destaque foi a participação dos empreendimentos privados. Este acesso permitiu que as empresas pudessem se manifestar sobre o estágio atual de ações sustentáveis em andamento, além dos seus resultados. O grande mérito da participação das companhias é a dinâmica da implantação de projetos sustentáveis, que apresentaram ações que visam, por exemplo, a redução de emissão de CO2 e de consumo de água, uso racional de energia, redução de geração e reprocessamento de resíduos sólidos, entre outros. Ficou claro que as empresas complementam as estratégias dos governos, já que estão em sincronia com as políticas públicas endereçadas por estes. Dessa forma, talvez seja possível que as implantações das políticas de sustentabilidade sejam agilizadas. Também é importante ressaltar que a maior parte das empresas privadas hoje tem planos de metas com indicadores de sustentabilidade muito avançados em seus planos de negócios para serem atingidos a longo prazo, até 2030 e 2050. A divisão da realidade em economia, sociabilidade, cultura e valores e meio ambiente é falsa. São apenas janelas para olharmos o todo. A antiga dicotomia entre desenvolvimento econômico e combate à pobreza de um lado e preservação ambiental de outro não faz sentido e é, na verdade, uma bobagem. Quem tem um problema grave não é a natureza do planeta, que é resiliente, e sempre encontrará uma forma de se recuperar. Quem tem um desafio gigantesco é a humanidade, que está afetando a natureza de uma forma tão inconsequente que os riscos associados à capacidade do planeta continuar nos oferecendo clima adequado, água, biodiversidade e outros serviços indispensáveis já foram largamente ultrapassados. Nos próximos anos a civilização decidirá se é capaz de agir com consciência e, de forma responsável, evitar custos e sofrimentos enquanto há tempo, senão precisaremos aprender da pior forma. Nossa geração será julgada pela resposta que oferecermos a esse desafio. Nilson Souza, Diretor de Sustentabilidade da Alcoa para a América Latina Sergio Besserman Vianna, Economista e ambientalista O que aprendemos com a Rio+20? planos e metas A história é uma só. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável deixou várias lições para o futuro e renovou nosso compromisso com o planeta.